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Capitulo 3 Tendéncias pedagogicas na pratica escolar’ Nos capitulos anteriores, fizemos um esforgo para compreender a re- lagi existente entre Pedagogia e Filosofia, mostrando, de um lado, que pedagogia sé delineia a partir de uma posigdo filosdfica definida; e, de outro lado, compreender as perspectivas das relagGes entre educagao e& sociedade. Verilicamos que sfo trés as tendéncias que interpretam 0 papel da educagao na sociedade: educagao como redengdo, educagdo como re- producdo ¢ educagdo como transformagdo da sociedade. Neste capitulo, vamos tratar das concepgGes pedagdgicas propriamente ditas, ou seja, vamos abordar as diversas tendéncias tedricas que preten- deram dar conta da compreensao e da orientagao da pratica educacional em diversos momentos e¢ circunstancias da histéria humana. Desse modo, estaremos aprofundando a compreensio da articulagéo entre filosofia € educagéio, que, aqui, alinge o nivel da concepgao filos6fica da educagao, que se sedimenta em uma pedagogia. Gencricamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se traduz pelas pedagogias liberais e a perspectiva transformadora pelas pedagogias progressistas. Essa discussio tem uma importancia pratica da maior relevanci permite a cada professor situar-se teoricamente sobre suas opgdes, lando-se e autodefinindo-se. pois articu- 1 O presente capitulo de autoria de José Carlos Libaneo € a reproducdo do capitulo 1 — “Tendéncias Pedagégicas na Pritica Escolar” — do liveo Democratizacdo da escola publica: pedagogiacritico-savial dos contetidos, Sao Paulo, Loyola, 1985, autorizada pela Editora ¢ pelo autor, sos quais agradecemos. Foram introduzidas modificagbes na Introducdo do capitulo para articuld-lo com 0 contedido deste livro. wy 3 Para desenvolver a abordagem das tendéncias pedagdgicas utilizamos como critério a posigao que cada tendéncia adota em relagao as finalidades sociais da escola. Assim vamos organizar 0 conjunto das pedagogias em dois grupos, conforme aparece a seguir: 1. Pedagogia liberal 1.1 tradicional 1.2 renovada progressivista 1.3 renovada nao-diretiva 1.4 tecnicista 2. Pedagogia progressista 2.1 libertadora 2.2 liberté 2.3 critico-social dos contetdos ia E evidente que tanto as tendéncias quanto suas manifestagdes nao sio puras nem mutuamente exclusivas 0 que, alids, 6 a limitagao principal de qualquer tentativa de classificagio. Em alguns casos as tendéncias se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo, a classificagao € sua descrigao poderao funcionar como um instrumento de andlise para © professor avaliar a sua pratica de sala de aula. A exposigado das tendéncias pedagdgicas compGe-se de uma caracte- tizagao geral das tendéncias liberal e progressista, seguidas da apresentagio das pedagogias que as traduzem e que se manifestam na pratica docente, 1. Pedagogia liberal Otermo liberal nao tem o sentido de “avangado”, “democratico”, to”, como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificagao do sistema capitalista que, ao defender a predominancia da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de organi- Gao social baseada na propriedade privada dos meios de produgao, tam- 2ém denominada sociedade de classes. A pedagogia liberal, portanto, € ma manifestagao prépria desse tipo de sociedade. A educago brasileira, pelo menos nos tiltimos cingtienta anos, tem sido marcada pelas tendéncias liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada. Evidentemente tais tendéncias se manifestam, concretamen- *. nas praticas escolares e no idedrio pedagdgico de muitos professores, da que estes ndo se déem conta dessa influéncia. 54 A pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem por fungao preparar Os individuos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidGes individuais, por isso os individuos precisam aprender a se adaptar aos valores e 4s normas vigentes na sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual. A énfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferengas de classes, pois, embora difunda a idéia de igualdade de oportunidades, nao leva em conta a desigualdade de con- ge Historicamente, a cducagao liberal iniciou-se com a pedagogia tra- dicional e, por razGes de recomposigao da hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também denominada escola nova ou ativa), 0 que nao significou a substituigao de uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na pratica escolar. Na tendéncia tradicional, a pedagogia liberal se caracteriza por acen- tuar 0 ensino humanistico, de cultura geral, no qual o aluno é educado pata atingir, pelo préprio esforgo, sua plena realizagéio como pessoa. Os conteddos, os procedimentos didaticos, a relago professor-aluno nao tém nenhuma relagao com o cotidiano do aluno. ¢ muito menos com as reali- dades sociais. E a predominancia da palavra do professor, das regras im- postas, do cullivo exclusivamente intelectual. A tendéncia liberal renovada acentua, igualmente, 0 sentido da cultura como desenvolvimento das aptiddes individuais. Mas a educagdo é um pro- cesso interno, n4o externo; ela parte das necessidades ¢ interesses indivi- duais necessdrios para a adaptagio ao meio. A cducagao é a vida‘presente, €a parte da prdpria experiéncia humana. A escola renovada propde um ensino que valorize 4 auto-educagao (o aluno como sujeito do conheci- mento), a experiéncia direta sobre o meio pela atividade; um ensino cen- trado no aluno e€ no grupo. A tendéncia liberal renovada apresent entre nds, em duas verses distintas: a renovada progressivista?, ow prag- matista, principalmente na forma difundida pelos pioneiros da educagio nova, entre os quais se destaca Anjsio Teixeira (deve-se destacar, também, a influéncia de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); a renovada ndo-diretiva, orientada para os objetivos de auto-realizagio (desenvolvi- mento pessoal) e para as relagdes interpessoais, na formulagdo do psicdlogo norte-americano Carl Rogers. A tendéncia liberal tecnicista subordina a educagao a sociedade, tendo como fung&o a preparagao de “recursos humanos” (mio-de-obra pura a 2 A designayio “progressivista” vem de “educagao progressiva”, termo usado por Anisio Teixeira para indicar a fungao da educagao numa civilizagao em mudanga, decorrente do desenvolvimento cientitica (idéia equivalente a “evolugio" em biologia). Esta tendéncia inspira-se no fildsofo ¢ aducador Rorte-americana John Dewey. Cf. Anisio Teixeira, Eduucagda progressiva 55 indiistria). A sociedade industrial e tecnolégica estabelece (cientificamente) as metas econdmicas, sociais € politicas, a educag&o treina (também cien- tificamente) nos alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas, No tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas priprias leis, bastando aos homens descobri-las e aplicd-las. Dessa forma, © essencial nao € 0 contetido da realidade, mas as técnicas (forma) de descoberta e aplicagao. A tecnologia (aproveitamento ordenado de recursos, com base no conhecimento cientifico) € 0 meio eficaz de obter a maximizagao da produgao e garantir um dtimo funcionamento da sociedade; a educagao é um recurso tecnolégico por exceléncia. Ela “€ encarada como um instru- mento capaz de promover, sem contradigéo, o desenvolvimento econdémico pela qualificagéo da mao-de-obra, pela redistribuigio da renda, pela ma- ximizagao da produgao e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘cons- ciéncia politica’ indispensdvel 4 manutengao do Estado autoritério”.3 Uti- liza-se basicamente do enfoque sistémico, da tecnologia educacional ¢ da anilise experimental do comportamento. 1.1 Tendéncia liberal tradicional Papel da escola = A atuagao da escola consiste na preparagao inte- lectual © moral dos alunos para assumir sua posigo na sociedade. O com- promisso da escola € com a cultura, os problemas sociais pertencem a sociedade. O caminho cultural em diregao ao saber é 0 mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades ¢ conquistar seu lugar junto aos mais capazes. Caso nao consigam, devem procurar 0 ensino mais profissionalizante. Contetidos de ensino — Sao os conhecimentos e valores sociais acu- mulados pelas geracSes adultas e repassados ao aluno como yerdades. As matérias de estudo visam preparat 0 aluno para a vida, sio determinadas pela sociedade e ordenadas na legislagio. Os contetidos sao separados da experiéncia do aluno ¢ das realicades sociais, valendo pelo valor intelectual, tazio pela qual a pedagogia tradicional é criticada como intelectualista 6 as vezes, como enciclopédica. Métodos — Basciam-se na exposigio verbal da matétia e/ou demons- {ragdo. Tanto a exposigéo quanto a anilise sio feitas pelo professor, ob- servados os seguintes passos: a) preparagio do aluno (definigdo do trabalho, 3 Kuenzer, Acdcia A. e Machado, Lucia R.S, “Peda Escola nova, tecnicismo e educagdo comipensatéria, gia tecnicis Sio Paulo, Mello, Guiomar N. de (org), . Loyola, [1988]. p.34. 56 recordagao da matéria anterior, despertar interesse); b) apresentagao (real- ce de pontos-chaves, demonstragéo); c) associagao (combinagao do conhe- cimento novo com o ja conhecido por comparagao e abstragao); d) gene- ralizagao (dos aspectos particulares chega-se ao conceito geral, é a expo- sigao sistematizada), ©) aplicagaéo (explicagdo de. fatos adicionais e/ou re- solugdes de exercicios). A énfase nos exercicios, na repetigéo de conceitos ou f6rmulas na memorizagao visa disciplinar a mente e formar habitos. Relacionamento professor-aluno — Predomina a autoridade do pro- fessor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comuni- cagao entre eles no decorrer da aula. O professor transmite 0 contetido na forma de verdade a ser absorvida; em conseqiiéncia, a disciplina imposta éo meio mais eficaz para assegurar a atengao € 0 siléncio. Pressupostos de aprendizagem — A idéia de que 0 ensino consiste em repassar Os conhecimentos para o espirito da crianga 6 acompanhada de uma outra: a de que a capacidade de assimilago da crianga & idéntica a do adulto, apenas menos desenvolvida. Os programas, entéo, devem ser dados numa progressao légica, estabelecida pelo adulto, sem levar em conta as caracteristicas proprias de cada idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecanica, para o que se recorre freqiientemente a coagao. A retengao do material ensinado é garantida pela tepeticao de exercicios sistematicos e recapitulagéo da matéria. A transferéncia da aprendizagem depende do treino; € indispensavel a retengao, a fim de que o aluno possa responder as situag6es novas de forma semelhante As Tespostas dadas em situagdes anteriores. A avaliagio se da por verificagGes de curto prazo (interroga- trios orais, exercicio de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, trabalhos de casa), O esforgo é, em geral, negativo (punigdo, notas baixas, apelos aos pais); as vezes, é positivo (emulagio, classiticagdes). Manifestagées na pratica escolar — A pedagogia liberal tradicional é viva e atuante em nossas escolas. Na descrigo apresentada aqui incluem-se as escolas religiosas ou leigas que adotam uma Orientagao classice-huma- nista ou uma orientagao humano-cientifica, sendo que esta se aproxima mais do modelo de escola predominante em nossa hist6 educacional. 1.2 Tendéncia liberal renovada progressivista _ __ Papel da escola — A finalidade da escola é adequar as necessidade. individuais ao meio social c, para isso, ela deve se organizar de forma ¢ Tetratar, © quanto possivel, a vida, Todo ser dispde dentro de si mesmo de mecanismos de adaptagao progressiva ao meio e de uma conseqiiente s7 integracao dessas formas de adaptagao no comportamento. Tal integragio se dé por meio de experiéncias que devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno € as exigéncias sociais. A escola cabe suprir as ex. periéncias que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de cons- trugiio e reconstrugao do objeto, numa interag’o entre estruturas cognitivas do individuo e estruturas do ambiente. Contetidos de ensino — Como o conhecinento resulta da ago a partir dos interesses € necessidades, os contetidos de ensino sio estabelecidos em fungio de experiéncias que o sujeito vivencia frente a desafios cognitivos e situagdes problematicas. Da-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais ¢ habilidades cognitivas do que a contetidos organizados racional- mente. Trata-se de “aprender a aprender”, ou seja, é mais importante o pracesso de aquisi¢io do saber do que o saber propriamente dito. Método de ensino — A idéia de “aprender fazendo” esta sempre pre- sente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, 0 método de solugao de problemas, Embora os métodos variem, as escolas ativas‘ou novas (Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet e outros) partem sempre de atividades adequadas & na- tureza do aluno e is etapas do seu desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importancia do trabalho em grupo nao apenas como técnica, mas como condi¢ao basica do desenvolvimento mental. Os passos basicos do método ativo sao: a) colocar o aluno numa situagéo de experiéncia que tenha um interesse por si mesma; b) 0 problema deve ser desafiante, como estimulo 4 reflexao; c) o aluno deve dispor de informag6es e instrugdes que lhe permitam pesquisar a descoberta de solugGes; d) solugGes provi- sdrias devem ser incentivadas e ordenadas, com a ajuda discreta do pro- fessor; e) deve-se garantir a oportunidade de colocar as solugdes & prova, a fim de determinar sua utilidade para a vida. Relacionamento professor-aluno — Nao ha lugar privilegiado para o professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento livre e espontanco da crianga; se intervém, é para dar forma ao raciocfnio dela. A disciplina surge de uma tomada de consciéncia dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é aquele que é solidario, participante, respeitador das regras do grupo. Para se garantir um clima harmonioso dentro da sala de aula é indispensavel um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma forma de instaurar a “vivéncia democratica” tal qual deve ser a vida em sociedade. Pressupostos de aprendizagem — A motivagio depende da forga de estimulagio do problema e das disposig6es internas e interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma auto-apren- 58 dizagem, sendo 0 ambiente apenas o meio estimulador. E retido 0 que se incorpora a atividade do aluno pela descoberta pessoal; o que € incorporado a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em novas situa- A avaliagao € fluida e tenta ser eficaz 4 medida que os esforgos ¢ os éxitos s40 pronta e explicitamente reconhecidos pelo professor. Manifestagoes na praiica escolar — Os prineipios da pedagogia pro- sivista vem sendo difundidos, em larga escala, nos cursos de licenciatura, muitos professores sofrem sua influéncia. Entretanto, sua aplicagio é reduzidissima, nao somente por falta de condigGes objetivas como também porque se choca com uma pritica pedagdgica basicamente tradicional. Al- guns métodos sao adotados em escolas particulares, como o método Mon- tessori, o método dos centros de interesse de Decroly, o método de projetos de Dewey. O ensino bascado na psicologia genética de Piaget tem larga aceitagao ‘na educacao pré-escolar. Pertencem, também, a tendéncia pro- gr ivista muitas das escolas denominadas “experimentais”, as “escolas co- munitarias” ¢ mais remotamente (década de 60) a “escola secundaria mo- derna”, na versio difundida por Lauro de Oliveira Lima. ce 1,3 ‘lendéncia liberal renovada nao-diretiva Papel da escola — Acentua-se nesta tendéncia o papel da escola na formagao de atitudes, razao pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicoldgicos do que com os pedagégicos ou sociais. Todo esforgo cst4 em estabelecer um clima favordvel a uma mudanga dentro do individuo, isto 6, a uma adequacao pessoal as solicitagdes do ambiente. Rogers! con- sidera que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os procedimentos didaticos, a competéncia na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito pouca importincia, face ao propdsito de favorecer & pessoa um clima de autodesenvolvimento e realizagio pessoal, 0 que implica estar bem consigo préprio e com seus semelhantes. O resultado de uma boa educagdo é muito semelhante ao de uma boa terapia. Contetidos de ensino — A énfase que esta tendéncia pde nos processos de desenvolvimento das relagdes e da comunicagao torna secundaria a {ransmissao de conteiidos. Os processos de ensino visam mais facilitar aos estudantes os mcios para buscarem por si mesmos os conhecimentos que, no entanto, sao dispensaveis. —_ 4 Cf. Rogers, Carl, Liberdade para apre 39 Métodos de ensino — Os métodos usuais so dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o esforgo do professor em desenvolver um estilo proprio para facilitar a aprendizagem dos alunos. Rogers explicita algumas das caracterfsticas do professor “facilitador”: aceitagio da pessoa do aluno, capacidade de ser confidvel, receptivo e ter plena convicgdo na capacidade de autodesenvolvimento do estudante, Sua fungao restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de sensibilizagao onde os senti- mentos de cada um possam ser expostos, sem ameagas. Assim, 0 objetivo do trabalho escolar se esgota nos processos de melhor relacionamento in- terpessoal, como condigao para o crescimento pessoal. Relacionamento professor-aluno — A pedagogia nao-diretiva propoe uma educagiio centrada no aluno, visando formar sua personalidade através da vivéncia de experiéncias significativas que lhe permitam desenvolver caracteristicas inerentes & sua natureza. O professor é um espccialista em relagdes humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal € autén- tico. “Ausentar-se” € a melhor forma de respeito € aceitagéo plena do aluno. Toda intervengio é ameagadora, inibidora da aprendizagem. Pressupostos de aprendizagem — A motivagao resulta do desejo de adequago pessoal na busca da auto-realizagao; é portanto um ato interno. A motivagéo aumenta, quando © sujeito desenvolve o sentimento de que € capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto €, desenvolve a valorizagao do “eu”. Aprender, portanto, é modificar suas prdprias per- cepgdes; dai que apenas se aprende 0 que estiver significativamente rela- cionado com ezsas percepgoes. Resulta que a retengao se da pela relevancia do aprendido em relagéo ao “eu”, ou seja, 0 que nao esta envolvido com © “eu” nao é retido e nem transferido. Portanto, a avaliagao escolar perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a auto-avaliagao. Manifestagées na prdtica escolar — Entre nés, 0 inspirador da peda- gogia nao-diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicdlogo clinico que edu- cador, Suas idéias influenciam um ntimero expressivo de educadores € pro- fessores, principalmente orientadores educacionais € psicdlogos escolares que se dedicam ao aconselhamento, Menos recentemente, podem-se citar também tendéncias inspiradas na escola de Summerhill do educador inglés A. Neill. 1.4 Tendéncia liberal tecnicista Papel da escola — Nim sistema social harmOnico, organico ¢ funcional, a escola funciona como modeladora do comportamento humano, através 60 de técnicas especificas. A educagio escolar compete organizar 0 processo de aquisigéo de habilidades, atitudes e conhecimentos especificos, titeis e necessarios para gue os individuos se integrem na maquina do sistema social global. Tal sistema social é regido por leis naturais (ha na sociedade a mesma regularidade e as mesmas relagGes funcionais observaveis entre os fendmenos da natureza), cientificamente descobertas. Basta aplica-las. A atividade da “descoberta” é fungao da educagao, mas deve ser restrita aos especialistas; a “aplicagao” é competéncia do processo educacional co- mum. A escola atua, assim, no aperfeigoamento da ordem social vigente (osistema capitalist), articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciéncia da mudanga de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é o de produzir indi- viduos “competentes” para o mercado de trabalho, transmitindo, eficien- temente, informagGes precisas, objetivas ¢ rdpidas. A pesquisa cientffica, a tecnologia educacional, a anélise experimental do comportamento ga- rantem a Objetividade da pratica escolar, uma vez que os objetivos instru- cionais_(contetidos) resultam da aplicagao de leis naturais que independem dos que a conhecem ou executam. Contetidos de ensino — Sao as informagées, princfpios cientificos, leis etc. estabelecidos e ordenados numa seqiiéncia légica € psicolégica por especialistas. E matéria de ensino apenas 0 que é redutivel ao conhecimento observavel’e mensurdvel; os contetidos decorrem, assim, da ciéncia objetiva, eliminando-se qualquer sinal de subjetividade. O material instrucional en- contra-se sistematizado nos manuais, nos livros didaticos, nos médulos de ensino, nos dispositivos audiovisuais etc. Métodos de ensino — Consistem nos procedimentos e técnicas neces- sarias ao arranjo e controle nas condigées ambientais que assegurem a transmissao/recepgio de informagées. Se a primeira tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos instrucionais, a principal € conseguir 0 comportamento adequado pelo controle do ensino; daf a im- portancia da tecnologia educacional. A tecnologia educacional é a “apli- cagio sistematica de princfpios cientificos comportamentais e tecnolégicos a problemas educacionais, em fungio de resultados efetivos, utilizando uma metodologia e abordagem sistémica abrangente”.’ Qualquer sistema instru- cional (ha uma grande variedade deles) possui trés componentes basicos: objetivos instrucionais operacionalizados em comportamentos observaveis © mensurdveis, procedimentos instrucionais e avaliagdo. As etapas bdsicas de um processo ensino-aprendizagem sao: a) estabelecimento de compor- tamentos terminais, através de objetivos instrucionais; b) andlise da tarefa ‘Ligia O. Manual de tecnologia educacional, p. 25. . 61

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