Sie sind auf Seite 1von 69
AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL CAROS AMIGOS E ALUNOS E um prazer poder usufruir dos atuais meios de comunicagao e me dirigir a todos vocés. Nesta apresentacéo vou passar algumas breves informacdes sobre minha pessoa e o curso que pretendo ministrar. Sou graduado e pés-graduado em Direito pela Pontificia Universidade Catélica de S&o Paulo (PUC/SP). Sempre fui o que se pode chamar de “concurseiro”. Exerci diversos cargos piiblicos, todes por concurso. Comecei como Atendente Judiciério e logo a seguir Auxiliar Judiciério do TRT da 28 Regido, passei a Técnico, Procurador do Estado de Sao Paulo e, atualmente, sou Juiz de Direito. Ao lado das fungées publicas, sempre fui ligado @ area do ensino. Para mim, uma atividade completa a outra e vou me mantendo atualizado. Iniciei minha carreira docente na propria PUC/SP, onde lecionei durante alguns anos. Atualmente dedico-me aos cursos preparatérios para concursos piiblicos, tendo me especializado no Direito Civil, matéria que possuo algumas obras e artigos publicados. Minha inteng&o com este curso é ministrar aulas direcionadas para o concurso de Auxiliar Judiciario do Tribunal de Justica do Estado do Para, de uma forma clara e direta, fornecendo 0 maximo de informagées ao aluno, abrangendo todos os pontos do edital em relagao ao Direito Civil, sem perder a objetividade e dispersar para temas que nao caem nas provas, evitando opinides pessoais e doutrinarias que n&o so acolhidas nos concursos. Nosso curso foi elaborado com base no Edital de Concurso Publico n° 02/2014 (publicado em abril de 2014). Nossa Banca Examinadora é a Fundagio para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, conhecida como VUNESP. As questées serao elaboradas nos sistema de “prova objetiva de miiltipla_escolha com 05 (cinco) alternativas cada uma” (item 9.1.1 do edital). A principio as provas estdo marcadas para o dia 10 de agosto de 2014. Vamos agora explicar como sera desenvolvido este curso. Cada aula contém a matéria referente a um capitulo do Direito Civil que esté no edital, sendo que a mesma sera exposta de uma forma direta e objetiva Durante as aulas fornego o maior ntimero de exemplos possivel. Tenho certeza que mesmo uma pessoa que nao seja formada em Direito terd plenas condigSes de acompanhar o curso e entender tudo o que seré ministrado. No entanto n&o posso fugir de algumas ‘complexidades juridicas’, pois estas também costumam cair nas provas. Costumo dizer que os examinadores gostam de pedir “as excegdes de uma regra...” ¢ também “as excecdes da excecio...”. Darei um enfoque especial a estes aspectos, chamando a atenggo do aluno www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL quando um ponto é mais exigido em um concurso e onde podem ocorrer as famosas “pegadinhas”. Em todas as aulas, apés apresentar a parte tedrica, com muitos exemplos praticos, sempre fago um quadro sinético, que na verdade é o resumo da aula. E 0 que eu chamo de “esqueleto da matéria”. A experiéncia demonstra que esse “quadrinho” é de suma importancia, pois se o aluno conseguir memoriza-lo, saberd situar a matéria e completd-la de uma forma légica e sequencial. Portanto, apés ler toda a aula, o aluno deve também ler (e reler) 0 resumo apresentado, mesmo que tenha entendido toda matéria. Sem duvida alguma, esta é uma excelente maneira de fixagdo do contetido da aula. Além disso, € étimo para rapidas revisées as vésperas de um exame. Ao final de cada aula também apresento alguns exercicios. Alids, muitos exercicios. Sao testes que jé cairam em concursos anteriores. Este ponto merece um destaque especial em nosso curso. Trata-se de um diferencial. Até por experiéncia prépria, entendo que os exercicios séo imprescindiveis para um curso direcionado para concursos. Uma aula, por melhor que seja, so é completa se tiver exercicios, pois ¢ por meio deles que o aluno vai pegando a “malicia" de uma prova. Inicialmente eles tém a finalidade de revisar o que foi ministrado na aula e fixar, ainda mais, a matéria dada. Resolver questées ja aplicadas em concursos anteriores é, indiscutivelmente, uma das melhores formas de se preparar para exames. Observem como os concursos costumam repetir questées que ja cairam em outros exames ou fazer “variagées sobre um mesmo tema”. Nao fiquem preocupados se o seu indice de acerto ficou aquém do esperado... isso é natural... faz parte do aprendizado. Com o tempo, sem afobac&o, o aluno “vai pegando a malicia”. € importante o aluno fazer todos os exercicios, pois muitas vezes eles completam a aula. Por esse motivo o gabarito é totalmente comentado. Muitas diividas da aula podem ser sanadas somente por meio da leitura dos testes e de suas respectivas respostas, pois completam e aprofundam a materia dada em aula. Passados alguns dias, refacam os testes. Observem como os indices de acerto melhoraram... sem perceber vocé esta “pegando 0 jeito da coisa”. Nossa banca examinadora costuma elaborar questées objetivas, geralmente extraidas do préprio texto de lei. A banca que mais se parece com ela é a Fundacio Carlos Chagas. Durante as aulas forneceremos uma grande quantidade de exercicios dessa banca e de outras com estilo parecido. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Apenas para que o aluno tenha uma ideia da forma como esta banca costuma elaborar suas questées, vejamos abaixo alguns exemplos (lembrando que a matéria tedrica seré abordada na aula de hoje sobre Pessoas Naturais). (VUNESP - Fundacao Casa - Analista Administrativo - 2010) Assinale a alternativa CORRETA. (A) Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome, o sobrenome e a alcunha. (B) O nome da pessoa pode ser empregado por outrem em publicagdes ou representacées que a exponham, desde que nao haja intengdo difamatéria. (C) N&o se pode usar o nome alheio em propaganda comercial sem autorizac&o, salvo nos casos previstos em lei. (D) © pseudénimo adotado para atividades licitas goza da protecdo que se da ao nome. (©) Em se tratando de morto ou de ausente, sdo partes legitimas para requerer protesdo aos direitos da personalidade somente os ascendentes ou os descendentes. COMENTARIOS. Observem que o examinador nesta_questéo deseja a literalidade da lei. Desta forma, a letra “a” esta incorreta, pois 0 art. 16, CC prevé que “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome € © sobrenome”. A lei nao se refere a expressdo “alcunha” (que é 0 apelido de uma pessoa, como “Zezinho”; 4s vezes pode ter um sentido pejorativo, depreciativo, em relag&o a algum defeito fisico da pessoa). A letra “b” esta errada, pois o art. 17, CC estabelece que "O nome da pessoa ndo pode ser empregado por outrem em publicagées ou representagdes que a exponham ao desprezo piblico, ainda quando nao haja intengo difamatéria”. A letra “c” esta errada, pois o art. 18, CC prescreve: “Sem autorizacéo, nao se pode usar o nome alheio em propaganda comercial’. Observe que a lei ndo se refere & ressalva feita na questo ("salvo nos casos previstos em lei"). A letra "d” esta correta, pois é transcricéo literal do art. 19, CC. Finalmente a letra “e” esta errada, pois prevé 0 paragrafo tinico do art. 20, CC: “Em se tratando de morto ou de ausente, so partes legitimas para requerer essa protesdo 0 céniuge, os ascendentes ou os descendentes”. Gabarito: “D”. (VUNESP - OAB/SP - Exame da Ordem dos Advogados do Brasil) A jade civil da pessoa natural surge e desaparece, respectivamente, com (A) © nascimento com vida e a morte (B) a concepgao e a morte. (C) a maioridade e a morte (D) a concepcao e a senilidade. COMENTARIOS. Como veremos na aula de hoje, ha certa controvérsia sobre qual a teoria que o Brasil adotou quanto ao momento do inicio da personalidade www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni (nascimento ou concepgiio). No entanto, com esse teste nossa banca deixa claro que adotou a teoria_natalista. Desta forma, estabelece o art. 2°, CC: A personalidade civil da pessoa comeca do nascimento com vida; mas a lei pée a salvo, desde a concepcao, os direitos do nascituro. Em relacdo ao fim da personalidade, dispée o art. 6°, CC: A existéncia da pessoa natural termina com a morte (...). Gabarito: “A”. (VUNESP - OAB/SP - Exame da Ordem dos Advogados do Brasil) Nao é prépria aos direitos da personalidade a qualidade de (A) imprescritibilidade. (B) irrenunciabilidade. (C) disponibilidade. (D) efeitos erga omnes. COMENTARIOS. Pode-se afirmar que como regra os direitos da personalidade s&o imprescritiveis, irrenuncidveis € indisponiveis (néo podem ser cedidos, a titulo oneroso ou gratuito a terceiros) possuindo efeitos erga omnes (extensiveis a todos). Extrai-se isso do art. 11, CC: Com excecéio dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade so intransmissiveis e irrenuncidveis, n&o podendo © seu exercicio sofrer limitagdo voluntéria. Podemos completar a questo nos seguintes termos. A lei faz mencio expressa a trés _atributos: intransmissibilidade (ndo podem transferidos; pertencem de forma indissoluvel ao préprio titular), irrenunciabilidade (n&o podem ser renunciados, isto é, abandonados nem abdicados; nem mesmo o seu titular pode abrir mao deles) € indisponibilidade (ndo se pode dispor). No entanto a doutrina confere também outros atributos, como: a vitaliciedade, a oponibilidade erga omnes, a impenhorabilidade, imprescritibilidade, etc. No entanto devemos sempre ficar atentos a ressalva feita pela prépria lei: “com excegdo dos casos previstos em lei”. Gabarito: “C”. Finalmente, qualquer diivida que porventura o aluno ainda tenha referente @ aula deve ser encaminhada ao férum deste site, pare que eu possa respondé- la da melhor forma possivel. Assim, as perguntas dos alunos e as minhas respostas ficardo disponiveis para todos os matriculados no curso, enriquecendo ainda mais 0 nosso projeto. Por esse motivo é importante que o aluno leia todas as perguntas e respostas que ja foram elaboradas e encaminhadas, mesmo que feitas por outros alunos, pois as vezes as suas dtividas podem ser as mesmas que outro aluno ja formulou. Além da aula demonstrativa, nosso curso teré outras 04 (quatro) aulas, de acordo com o edital. Vejamos: www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni AULA DEMO (fornecida logo apés esta introducao): Das Pessoas Naturais. Domicilio Civil. AULA 01: Das Pessoas Juridicas: Pessoas juridicas de direito ptiblico e de direito privado. Domicilio Civil AULA 02: Dos Fatos Juridicos (1? parte): Prescrigo e Decadéncia. AULA 03: Dos Fatos Juridicos (2? parte): Requisitos de validade do fato juridico. AULA 04: Responsabilidade Civil (Ato Ilicito). Com a exposic&o da matéria tedrica acompanhada de exemplos praticos, quadros sinéticos, resumos e uma boa quantidade de testes com gabarito comentado, possibilitando ainda ao aluno eliminar qualquer duvida que reste através do nosso férum, acreditamos ser este trabalho uma importante ferramenta para o conhecimento e aprimoramento nos estudos. Finalizo, desejando a todos os votos de pleno éxito em seus objetivos, com muita tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da realizaco das provas. Um forte abrago a todos Lauro Escobar Aula Demonstrativa essoas Naturats q . 5 © tens especificos do edital que seréo abordados nesta aula -> Das Pessoas Naturais. Domicilio Civil. Subitens -» Pessoa Natural. Conceito. Existéncia. Personalidade: Inicio (nascituro), Individualizacéo (nome, estado e domicilio civil) e Extincdo (morte e auséncia). Direitos da Personalidade. Capacidade: classificacéo. Incapacidade. Emancipacao. Registro e Averbacéo, www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni ‘® Legistacdo a ser consultada -> Cédigo Civil: arts. 1° até 39 (Pessoas Naturais) e 70 até 78 (Domicilio), 1, PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL .. 1.1 Inicio . 1.1.1 Nascituro 1.1.2 Direitos da Personalidade 1.2 Individualizacao 1.2.1 Nome 1.2.2 Estado 1.2.3 Domi 1.3 Fim da Personalidade .. 1.3.1 Morte Real 1.3.2 Morte Presumida «. 1.3.3 Comoriéncia .... 2. CAPACIDADE CIVIL .. 2.1 Absolutamente Incapazes 2.2 Relativamente Incapazes 2.3 Capacidade Plena 3. EMANCIPACAO ... 4. REGISTRO E AVERBAGAO .. RESUMO ESQUEMATICO DA AULA wu. Bibliografia Basica . EXERCICIOS COMENTADOS io 39 a1 45 MEUS AMIGOS E ALUNOS Genericamente, podemos conceituar PESSOA como sendo todo ente fisico ou juridico, suscetivel de direitos e obrigagées; é sinénimo de sujeito de direitos. No Brasil temos duas espécies de pessoas: as naturais e as juridicas. Ambas possuem aptidao para adquirir direitos e contrair obrigacées. Hoje veremos somente as PESSOAS NATURAIS. Elas também séo conhecidas como Pessoas Fisicas. No entanto a expressdo “Pessoa Natural”, além de ser mais técnica, é a preferida em concursos. Abordaremos os trés aspectos da pessoa natural e seus desdobramentos: a) personalidade; b) capacidade; e c) emancipacéio. Na préxima aula veremos as Pessoas Juridicas. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Personalidade € 0 conjunto de caracteres préprios da pessoa, reconhecida pela ordem juridica a alguém, sendo a aptiddo para adquirir direitos e contrair obrigages. E atributo da dignidade do homem. Prevé o art. 1° do Cédigo Civil que: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, 0 conceito de pessoa inclui homens, mulheres e criangas. Ou seja, qualquer ser humano sem distincéio de idade, satide mental, sexo, cor, raga, credo, nacionalidade, etc. Por outro lado exelui os animais (que gozam de protecao legal, mas no sdo sujeitos de direito), os seres inanimados, etc. @ observacdo. Os examinadores, nas questdes das provas, muitas vezes usam a expressdo “personalidade civil” (¢ assim que esta no art. 2°, CC); algumas vezes preferem a expressdo “personalidade juridica"; e outras vezes usam somente o termo “personalidade”. No entanto convém esclarecer que todas elas sdo usadas em concursos como expressdes sinénimas. me oncluindo: pessoa natural (ou fisica) é 0 préprio ser humano. INICIO DA PERSONALIDADE H& muita polémica doutrindria envolvendo o inicio da personalidade civ As trés principais teorias so: a) Teoria Natalista: a personalidade juridica comega com o nascimento com vida. A adocéo desta teoria de forma absoluta leva & conclusdo de que o nascituro nao é considerado pessoa, portanto, tem apenas expectativa de vida e de direitos. b) Teoria Concepcionista: a personalidade tem inicio desde a concepcao. Ou seja, no momento em que o évulo fecundado pelo espermatozoide se junta & parede do Utero. A partir desse momento 0 nascituro ja € considerado como pessoa, e, como tal, tem todos os direitos resguardados pela lei, sendo considerado sujeito de direitos c) Teoria da Personalidade Condicional: 0 nascituro possui personalidade juridica desde 0 momento da concepcéio, no entanto isso é condicionado ao nascimento com vida. Nascendo com vida a personalidade retroage ao momento de concepgao do nascituro, conferindo a ele uma tutela juridica que atinge 0 passado. Essa corrente defende que o nascituro possui direitos, entretanto estes estariam subordinados a uma condig&o suspensiva que seria 0 proprio © nascimento com vida. Se n&o nascer com vida nao houve personalidade. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, se por um lado a lei estabelece que a personalidade civil tem inicio com o nascimento com vida, 0 mesmo dispositivo, logo a seguir assegura ao nascituro (falaremos sobre essa expresso mais adiante) direitos desde sua concepgdo. Na doutrina brasileira ha ferrenhos defensores de todas as teorias. '@ No concurso como eu faco? Em uma prova objetiva 0 aluno deve se limitar ao texto expresso da lei (Art. 2°, CC: A personalidade civil da pessoa comega do nascimento com vida; mas a lei pée a salvo, desde a concepgao, os direitos do nascituro). Na duvida ou omisséo da banca opte pela teoria natalista, que ainda é a mais aceita nos concursos. Jé em uma prova dissertativa cite as trés teorias, expondo que no Brasil ha ferrenhos defensores principalmente da teoria da concepcao ¢ da natalidade, abordando os aspectos mais relevantes de cada uma. Lembrem-se: a tendéncia atual é proteger, cada vez mais, 0 nascituro e seus direitos desde a concepcéo. As principais bancas examinadoras (ESAF, FCC, CESPE e FGV) jé perguntaram isso em provas sendo que o gabarito, até agora, vem optando pela teoria natalista. Outra coisa que se indaga é se o nascituro possui “personalidade juridica formal ou material”. Neste tépico tem-se acolhido o que leciona a professora Maria Helena Diniz. Para ela a personalidade juridica se classifica em: ® Personalidade juridica formal: é a aptidao para ser titular de “direitos da personalidade” (ex.: direito a vida, direito 4 gestacéo saudavel, etc.); em relag&o a esta o nascituro tem desde a concepgéo. ® Personalidade juridica material: é a aptidéo para ser titular de “direitos patrimoniais”; quanto a essa o nascituro sé a adquire a partir do nascimento com vida. @ conctuindo: pelos gabaritos oficiais dos ultimos concursos, chega-se a conclusio de que o nascituro possui apenas os requisitos formais da personalidade civil. Para muitos autores o Supremo Tribunal Federal teria adotado a corrente natalista, quando apreciou a ADI 3510, considerando constitucional o art. 5° da Lei n° 11.105/2005 (Lei de Biosseguranga) que trata do uso de células-tronco embrionérias em pesquisas cientificas para fins terapéuticos. Na longa ementa, destaca-se o seguinte trecho: “0 Magno Texto Federal nao dispde sobre o inicio da vida humana ou o preciso instante em que ela comeca. Nao faz de todo e qualquer estdégio da vida humana um autonomizado bem juridico, mas da vida que jé é prépria de uma concreta pessoa, porque nativiva (teoria “natalista", em contraposicéo as teorias “concepcionista" ou da "personalidade condicional"). & quando se reporta a "direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e garantias individuais" como cldusula www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni pétrea estd falando de direitos e garantias do individuo-pessoa, que se faz destinatario dos direitos fundamentais "a vida, liberdade, & igualdade, 4 seguranca e a propriedade", entre outros direitos e garantias igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito a satide e ao planejamento familiar)”. Analisando a Li Pelo Cédigo Civil, podemos afirmar que a personalidade da pessoa natural ou fisica inicia-se com o nascimento com vida, ainda que por poucos momentos. Esta é a primeira parte do art. 2° do CC. Se a crianga nascer com vida, ainda que por um instante, ja adquire a personalidade. 1. Nascimento: quando a crianga é separada do ventre materno (parto natural ou por intervencéo cirdirgica), mesmo que ainda nao tenha sido cortado © cordao umbilical (isso significa a separag&o da crianga do corpo da mae e nao 0 nascimento em si). 2. Com vida: ha nascimento e hé parto quando a crianga, deixando 0 Utero materno, tenha respirado. Segundo a Resolucéo n° 01/88 do Conselho Nacional de Satde, nascer com vida significa repirar e ter batimentos cardiacos (funcionamento do aparelho cardiorrespiratério). E nesse momento que a personalidade civil teré inicio em sua plenitude, com todos os efeitos subsequentes, conforme veremos. Para se saber se nasceu viva e em seguida morreu, ou se jé nasceu morta, € realizado um exame chamado de docimasia hidrostatica de Galeno, que consiste em colocar © pulmo da crianca morta em uma solugao liquida; se flutuar € sinal que a crianga chegou a dar pelo menos uma inspirada e, portanto, nasceu com vida; se afundar, é sinal que néo chegou a respirar e, portanto, nasceu morta, n&o recebendo e nem transmitindo direitos. No entanto, atualmente a medicina dispde de técnicas mais modernas e eficazes para tal constatago (ex.: ultrassom). Nao caiam em pegadinhas t& Apesar de polémica, esta questo tem sido muito comum em concursos. Geralmente 0 examinador coloca uma alternativa dizendo que a personalidade se inicia somente com a concepcao (gravidez) da mulher. Ou que a crianca somente teria personalidade se nascer com “forma humana” (ou seja, néo tenha anomalias ou deformidades). E até mesmo que a personalidade somente teria inicio com 0 “corte do cordéo umbilical ou quando desprendida a placenta’. Nenhuma dessas hipéteses foram aceitas pelo nosso Direito. Outra opgao que nao foi acolhida pelo nosso Direito é a teoria da viabilidade. Para essa teoria, ndo basta que a crianca nasca com vida para adquirir a personalidade... é necesséria, também, a viabilidade. Ou seja, sé se atribui a personalidade se a crianca for vidvel (que é a perfeicdo organica suficiente para continuar com vida apés o nascimento: perspectiva de www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni sobrevivéncia). O exemplo cléssico é o da crianca anencéfala. Apesar do plendrio do Supremo Tribunal Federal recentemente ter decidido (8x2) que nao pratica o crime de aborto tipificado no Cédigo Penal a mulher que decide pela “antecipacéio do parto” em casos de gravidez de feto anencéfalo, se a mulher decidir a levar a gravidez até o fim e se a crianga nascer com vida, ela teve personalidade. Ainda que morra momentos apés 0 nascimento. Nesse curto espago de tempo ela teve personalidade, com todos os seus efeitos, conforme veremos adiante. @ curiosidade @ Vejamos 0 que diz o art. 29 completo da Resolugdo n° 01/88 do CNS: Art. 29 Além dos requisitos éticos genéricos para pesquisa em seres humanos, as pesquisas em individuos abrangidos por este capitulo conforme as definicdes que se seguem, devem obedecer as normas contidas no mesmo. 1. Mulheres em idade fértil: do inicio da puberdade ao inicio da menopausa; 2. Gravidez: periodo compreendido desde a fecundagao do évulo até a expulsao ou extragao do feto e seus anexos; 3. Embrido: produto da concepgao desde a fecundacao do dvulo até o final da 12° semana de gestacao; 4. Feto: produto da concepgao desde 0 inicio da 13 semana de gestagéo até a expulsao ou extracao; 5. Obito fetal: morte do feto no utero; 6. Nascimento vivo: é a expulséo ou extragéo completa do produto da concepgao quando, apés a separacao, respire e tenha batimentos cardiacos, tendo sido ou no cortado o cordao, esteja ou nao desprendida a placenta; 7. Nascimento morto: é a expulsdo ou extragao completa do produto da concepcao quando, apés a separac&o, no respire nem tenha batimentos cardiacos, tendo sido ou no cortado o cordao, esteja ou nao desprendida a placenta; 8. Trabalho de parto: periodo compreendido entre o inicio das contragdes e a expulsdo ou extracao do feto e seus anexos; 9. Puerpério: periodo que se inicla com a expulséo ou extrago do feto e seus anexos até ocorrer a involucdo das alteragdes gestacionais (aproximadamente 42 dias); 10. Lactagdo: fenédmeno fisiolégico da ocorréncia de secrecdo ldctea a partir da extracdo do feto e de seus anexos. NASCITURO © termo nascituro significa “aquele que ha de nascer”. E 0 ser que jé foi gerado ou concebido, mas ainda néo nasceu, embora tenha vida intrauterina e natureza humana. Tecnicamente (teoria natalista), ele ndo tem personalidade, pois ainda néo é pessoa sob 0 ponto de vista juridico. Apesar de nao ter personalidade juridica, a lei pde a salvo os direitos do nascituro desde a concepgao. Trata-se da segunda parte do art. 2°, CC. Na realidade o nascituro tem uma expectativa de direito. Ex.: o nascituro tem o direito de nascer e de 10 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni viver (0 aborto é considerado como crime: arts. 124 a 127 do Cédigo Penal, salvo rarissimas excegdes previstas em lei) @ Protecaio ao nascituro. Apesar de juridicamente ainda néo ser considerado como pessoa, pode-se dizer que o nascituro: © € titular de direitos personalissimos tais como vida, honra, imagem, protecéio pré natal, etc. © pode ser contemplado por doaco (art. 542, CC) ou por testamento (heranga ou legado) e de seu quinho hereditario (art. 1.798, CC), sem prejuizo do recolhimento do imposto de transmiss&o e de ser nomeado um curador para a defesa de seus interesses (art. 877 ¢ 878, CPC) Além disso, 0 art. 8° do Estatuto da Crianga e do Adolescente (Lei n° 8.069/90 - ECA) e a Lei n° 11.804/08 determina que a gestante tem condicdes de obter judicialmente os alimentos para garantia do bom desenvolvimento do feto (alimentos gravidicos), adequada assisténcia pré-natal, como consultas médicas, remédios, etc., pois no é justo que a genitora suporte todos os encargos da gestagéo sem a colaboragéo econémica do seu companheiro. Finalmente entende-se plenamente cabivel 0 exame de DNA para se determinar a paternidade, como decorréncia da protec&o que Ihe € conferida pelos direitos da personalidade. Estabelece o paragrafo Unico do art. 1.609, CC que o reconhecimento do filho "pode preceder o seu nascimento ou ser posterior ao seu falecimento se ele deixar descendentes”. Na realidade o principal direito do nascituro é o de ter direito a sucesso. Se ele ja foi concebido no momento da abertura da sucesso (morte do de cujus) legitima-se a suceder de forma legitima (conferir arts. 1.784 e 1.798, CC). Também se legitimam a suceder por testamento “os filhos ainda n&o concebidos de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucess&o” (art. 1.799, I, CC). Por tal motivo, tendo ja tantos “direitos”, é que esta crescendo a teoria concepcionista, considerando o nascituro como sendo uma Pessoa Natural. Justifica-se esta posigéo porque somente uma pessoa pode ser titular de direitos... e 0 art. 2°, CC afirma que o nascituro tem direitos... logo, tendo direitos, ele j4 poderia ser considerado como tendo personalidade. A situacao fica ainda mais definida (segundo os seguidores desta teoria) com o art. 542, CC que estabelece: “A doacéo feita ao nascituro valeré, sendo aceita pelo seu representante legal”. Ainda assim, seré uma “doac&o condicional”, pois somente se concretizaré se o nascituro nascer com vida. Isso ocorrendo, receberd o direito, no entanto, as obrigagdes acompanham esse direito. Ou seja, ficard obrigado ao pagamento de impostos, como o da transmissdo do bem (ITCMD, IPTU, etc.). Assim, mesmo sendo recém-nascido, houve o fato gerador a www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni (transmissdo 0 bem), passando, a partir dai a ser sujeito passivo de obrigacéo tributaria Polémicas a parte, 0 que se pode afirmar, sem medo de errar, é que o nascituro € titular de um direito eventual. Exemplo: homem falece deixando 2 esposa gravida. Nao se pode concluir 0 processo de inventdrio e partilha enquanto a crianga nao nascer. O nascituro, nesta hipdtese, tem direito ao resguardo a heranga. Os direitos assegurados ao nascituro est&o em estado potencial, sob condicdo suspensiva: sé terdo eficdcia se nascer com vida. A representacéio do nascituro se da por intermédio de seus pais. Nascendo com vida, as expectativas de direito se transformam em direitos subjetivos, retroagindo ao momento de sua concepgao. © Mas hd um problema, de ordem filoséfica, religiosa e juridica envolvendo o nascituro. Isto devido ao avanco da medicina, com as técnicas de fertilizac&o in vitro. Indaga-se: qual o momento em que podemos usar o termo nascituro de uma forma técnica? Uma corrente afirma que a vida tem inicio legal no momento da penetracio do espermatozoide no dvulo, mesmo que fora do corpo da mulher. Para outra corrente a vida somente teria inicio com a concepcéio no ventre materno (embora ainda no se possa considerar como sendo uma pessoa). Isto porque é com a nidagao (fixago do évulo fecundado no utero) que se garante eventual gestagdo e o nascimento. Portanto somente seré considerado como nascituro, o évulo fecundado que for implantado no utero materno. Assim, 0 embrido humano congelado nao poderia ser tido como nascituro, embora tenha protecdo juridica como pessoa virtual, com uma carga genética prépria. Com o objetivo de regulamentar o art. 225, §1°, inciso II da CF/88, foi editada inicialmente a Lei n° 8.974/95, proibindo e considerando como crime a manipulagao genética de células humanas, a intervengdo em material genético humano e a produgao, guarda e manipulacéo de embrides humanos destinados a servir como material biolégico disponivel. No entanto foi aprovada a Lei n° 11.105/05, dividindo opiniées: trouxe esperanca para alguns e indignacao para outros. Pela nova lei é permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilizacdo de células-tronco embriondrias, obtidas de embrides humanos produzidos por fertilizag&o in vitro, desde que: a) sejam invidveis, ou estejam congelados ha trés anos ou mais; b) haja consentimento dos seus genitores. “-Importancia de se nascer com vida “Y Como vimos, o nascituro tem expectativa de vida, sendo imprescindivel que ele nasca vivo, nem que seja por um segundo. Se nascer vivo, adquire personalidade. Sera um sujeito de direitos e obrigagées. No 12 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL entanto, caso nasca morto, nenhum direito teré adquirido e/ou transmitido. Observem. Demonstracao Ordem de vocacao hereditaria 1, Descendentes (em concorréncia com o (*) @) cénjuge sobrevivente): filhos, netos, bisnetos, etc. «) (") 2. Ascendentes (em concorréncia com o cénjuge sobrevivente): pais, avés, bisavés, ete. 3 3. Cénjuge sobrevivente. 4. Colaterais até o 4° grau: irmaos, sobrinhos, tios, primos, etc Levando em consideraéo 0 quadro demonstrative acima, suponhamos que X comprou um apartamento e a seguir se casou com ¥ pelo regime de separacdo parcial de bens. Faleceu um ano depois, deixando vidva gravida, pais vivos e apenas aquele apartamento para ser partilhado. Para saber quem sera 0 proprietdrio do imével devemos aguardar © nascimento de Z. Nao se pode fazer a partilha antes de seu nascimento. Vejamos as situacbes que podem ocorrer a partir dai. @ situagées 1) Se Z (filho de X - descendente) nascer morto, 0 apartamento ir para Ae B, que so os pais (ascendentes) de X (observe o quadro da ordem de vocacdo hereditdria). Neste caso Y (que é 0 cénjuge sobrevivente) também tera direitos sucessérios, pois atualmente € considerado herdeiro necessdrio e concorre com os ascendentes do falecido. 2) Se Z (descendente) nascer vivo, herdara o imével, em concorréncia com sua a mae Y, pois como vimos atualmente o cénjuge é considerado herdeiro necessario e também concorre na heranga com os descendentes do falecido. Observem que neste caso os pais de X nada herdarao. 3) Se Z nascer vivo e logo depois morrer, os bens irdo todos para sua mée. Isto porque inicialmente Z herdara parte dos bens de seu pai; no instante em que nasceu vivo, ele foi um ‘sujeito de direito’. Morrendo a seguir, transmite tudo 0 que recebeu a seus herdeiros. Como no tinha descendentes e nem cénjuge (até porque era recém-nascido) e seu pai ja havia falecido, seu Unico herdeiro sera o ascendente remanescente, ou seja, sua mae. Neste caso Ae B nada herdarao. E necessério dizer ainda, que todo nascimento deve ser registrado, mesmo que a crianga tenha nascido morta ou morrido durante o parto. Se for 13 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni natimorta, 0 assento sera feito no “Livro C Auxiliar". Neste livro iré constar apenas: “o natimorto de Dona Fulana...”. Ou seja, pela nossa lei nfo se dé nome ao natimorto. No entanto, parte da doutrina entende que o “natimorto tem humanidade" e por isso teria direito a um nome. Sobre o tema, esclarece o Enunciado 01 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “A protecdo que o Cédigo confere ao nascituro alcanca 0 natimorto, no que concerne aos direito da personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura" Por outro lado, é inquestionavel que se a crianga nasceu viva e logo depois morreu (chegou a respirar), serdo feitos dois registros: a) nascimento (constando o nome da crianga, pois naqueles poucos segundos a crianca teve personalidade); b) 6bito. © observacées O 01) Durante nosso curso, as vezes, vamos mencionar a expresséo “Jornadas do STJ". Na realidade estas “jornadas” foram encontros de pessoas ligadas ao Direito Civil, promovidas pelo Centro de Estudos Judiciérios do Conselho da Justiga Federal, sob os auspicios do Superior Tribunal de Justiga em que foram aprovados alguns enunciados, que tém sido acolhidos pelo mundo juridico. Quando nos referirmos a elas, vamos mencionar que jornada foi essa e © ntimero do enunciado (como fizemos acima). 02) Segundo a doutrina, nascituro é uma expressdo mais ampla do que feto, pois este seria o nascituro somente depois que adquiriu a forma humana 03) E importante salientar que a expressdo natimorto nao é considerada juridicamente técnica. O vocdbulo é composto pelas palavras latinas natus (nascido) e mortus (morto), n’o tendo previséo no Cédigo Civil. Possui um duplo sentido. Os diciondrios juridicos conceituam o natimorto como sendo "aquele que nasceu sem vida (morreu dentro do Utero) OU aquele que veio & luz, com sinais de vida, mas, logo morreu (morreu durante o parto)". Portanto, qualquer uma dessas situacées estd correta para conceituar natimorto. DIREITOS DA PERSONALIDADE (arts. 11 a 21, CC) Os direitos da personalidade séo atributos inerentes ao ser humano. Adquirindo personalidade (aptid’o para adquirir direitos e contrair obrigagées), 0 ser humano ja adquire os chamados direitos da personalidade, ou seja, 0 direito de defender o que Ihe é préprio, como sua integridade fisica ou corporal (vida, corpo, érgaos, voz, imagem, liberdade, identidade, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de pensamento, autoria cientifica, artistica e intelectual, etc.), moral (honra, segredo pessoal ou profissional, privacidade, imagem, opcao religiosa, sexual, etc.). Os direitos da personalidade s&o subjetivos ¢ seu titular pode exigir de todos que sejam respeitados. Por isso 4 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni dizemos que eles séo erga omnes (ou seja, extensiveis e oponiveis contra todos). Observem que a relac&o dos direitos da personalidade nao é taxativa, mas apenas exemplificativa. Lembrem-se: a dignidade é um direito fundamental, previsto em nossa Constituigéo, que também prevé que sdo inviolaveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de indenizagao pelo dano material ou moral decorrente dessa violagéo (confiram também o art. 5°, inciso X, CF/88). QE interessante deixar claro uma nuance: os direitos fundamentais foram criados para proteger os individuos do Estado; tem origem e finalidade na necessidade de criar limites ao poder politico na sua capacidade para ofender a pessoa como individuo e cidadao. J4 os direitos da personalidade foram criados para proteger os individuos de si mesmos e de terceiros; s&o reconhecimentos da dignidade da pessoa. Estabelece 0 art. 11, CC que com excecao dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade sao intransmissiveis e irrenunciaveis, ndo podendo © seu exercicio sofrer limitagéo voluntéria. Assim, nem mesmo o agente pode renunciar a estes direitos, colocando-se em uma situacéo de risco e renunciando expressamente qualquer indenizag&o futura decorrente de uma lesdo a estes direitos. No entanto neste caso, levando-se em consideragao o art. 945, CC, pode haver uma reduco no valor da indenizacéio. Sobre o tema, vejamos o Enunciado 04 da I Jornada de Direito Civil do STJ: “Art. 11: 0 exercicio dos direitos da personalidade pode sofrer limitacdo voluntaria, desde que nao seja permanente nem geral". Apesar do Cédigo fazer referéncia a apenas trés caracteristicas a respeito do direito da personalidade (intransmissibilidade, irrenunciabilidade ¢ impossibilidade do seu exercicio sofrer limitaco voluntéria) a doutrina Ihe da maior extenso, afirmando que eles também sao: « Inatos: os direitos da personalidade jé nascem com o seu titular e acompanham até sua morte; alguns direitos ultrapassam o evento morte (honra, meméria, imagem, direitos autorais, etc.). * Absolutos: sé oponiveis contra todos (erga ommes), impondo & coletividade o dever de respeita-los. + Intransmissiveis: pertencem de forma indissolvel ao préprio titular. Neste tépico, cabe uma observacdo: embora estes direitos sejam intransmissiveis em sua esséncia, os efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade podem ser transmitidos. Ex.: a autoria de uma obra literdria é intransmissivel; porém podem ser negociados os direitos autorais sobre 15 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni esta obra. Outro exemplo: cesséo da imagem mediante retribuigéo financeira. + Vitalicios: acompanham a pessoa desde seu nascimento até a morte. + Indisponiveis: nao podem ser cedidos, a titulo oneroso ou gratuito a terceiros. Irrenuncidveis: no podem ser abandonados nem abdicados; nem mesmo o seu titular pode abrir mao deles. Imprescritiveis: valem durante toda vida, n&o correndo os prazos prescricionais; podem ser reclamados judicialmente a qualquer tempo; nao se extinguem pelo ndo uso ou inércia de seu titular nem pelo decurso de tempo. Impenhoraveis: se ndo podem ser objeto de cessdo ou venda, também ndo pode recair penhora sobre os mesmos. Inexpropriaveis: ninguém pode remové-los de uma pessoa, nem ser objeto de usucapiao. Watencado & Ja vi provas de concursos em que foram colocadas algumas das expressdes acima nas alternativas e a afirmagao foi considerada como errada. Isto porque apesar de serem consideradas corretas pela doutrina, néo estavam previstas expressamente na lei. Portanto, cuidado... leiam bem o cabecalho da questo e comparem bem as alternativas. Se houver ambiguidade, fique com 0 texto expresso da lei. @ vamos acompanhar os préximos disposi © art. 12 e seu pardgrafo, CC prevé a possibilidade de exigir que cesse a ameaga ou a lesdo a direito da personalidade, por meio de agao propria, sem prejuizo da reparagéo de eventuais danos materiais e morais suportados pela pessoa. Observe: cessar a ameaca ou lesdo @ perdas e danos. A lei prevé também a possibilidade de defesa do direito do morto, por meio de aco promovida por seus sucessores, ou seja, pelo cénjuge sobrevivente (embora n&o mencionado na lei, estende-se esse direito também aos companheiros), parentes em linha reta (descendentes ou ascendentes) e os colaterais até quarto grau (irmaos, tios, sobrinhos, primos, etc.). Percebe-se, assim, que os direitos da personalidade se estendem desde a concepgao, para além da vida da pessoa natural, tutelando a personalidade do morto. Os parentes dele podem pedir indenizagéo em nome préprio, se provarem que os efeitos do ato ilicito repercutiram também em suas pessoas. Ou seja, 0 ato envolve determinada pessoa (que no caso jé faleceu), mas também pode causar sofrimento a outras pessoas a ela ligadas por estreitos 16 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni lacos de parentesco que n&o foram diretamente atingidas. E 0 que se chama de dano reflexo (ou por ricochete). © corpo, como projecio fisica da individualidade humana, é inalienavel. art. 13 e seu pardgrafo unico, CC prevé o direito de disposig&o de partes, separadas do préprio corpo em vida para fins de transplante, ao prescrever que, “salvo por exigéncia médica, é defeso (proibido) o ato de disposic&o do préprio corpo, quando importer diminuic&o permanente da integridade fisica, ou contrariar os bons costumes. A interpretac&o deste dispositivo, a contrario senso, permite concluir que 0 ato de disposigéo que n&o acarreta diminuigéo permanente da integridade fisica e no atenta contra os bons costumes é permitide, como a disposig&o (ainda que onerosa) de cabelo e unhas (segundo fiquei sabendo 0 famoso “Zé do Caixdo" leiloou suas unhas). Acrescente-se, ainda, a doagdo de sangue e leite materno. O ato previsto neste artigo seré admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial (conferir com o art. 199, §4°, CF/88). Em hipstese alguma sera admitida a disposigéo onerosa de érgaos, partes ou tecido do corpo humano. £ possivel, também, com objetivo cientifico ou altruistico, a disposigéo gratuita do préprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, podendo essa disposig&io ser revogada a qualquer momento (art. 14 € seu paragrafo tnico, CC). © Resumindo. A disposi¢go sobre o préprio corpo: a) é proibida quando importar diminuig&o permanente da integridade fisica (salvo por exigéncia médica), ou contrariar os bons costumes; b) € valida se no importar diminuigéo permanente da integridade fisica ou contrariar os bons costumes; ¢) 6 valida com o objetivo cientifico ou altruistico, para depois da morte, ou, em vida, para fins de transplante. Lembrando que 0 Cédigo Civil adotou o chamado principio do consenso afirmativo (termo usado pela doutrina e que caiu em alguns concursos), segundo 0 qual o titular do direito pode manifestar sua vontade em ser doador de érgaos, mas a qualquer tempo pode revogar esta intenc&o. WosseERVACAO™ A Lei 9.434/97 (regulamentada pelo Decreto 2.268/97 e posteriormente alterada pela Lei 10.211/01) trata do assunto, estabelecendo as regras para transplantes. Permite-se a doaco voluntdria nas seguintes hipéteses: a) drgaios duples (rins) e b) partes recuperaveis de érgao (figado) ou de tecido (pele, medula éssea), sem que sobrevenham mutilagdes ou deformagées. © art. 15, CC trata do direito do paciente, proibindo que uma pessoa seja constrangida a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervencdo cirurgica. Trata-se do principio da autonomia do paciente (ou consentimento esclarecido). Nao ha mais a chamada supremacia do interesse wv ‘www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL médico-cientifico, que se invocava em nome da coletividade, em face ao interesse individual. Atribui-se 4 pessoa a opcéo ao tratamento médico ou intervengao cirdrgica para corrigir ou atenuar determinado mal ou doenca. Todo procedimento médico deve ser precedido de esclarecimentos e concordancia do paciente. O direito néo pertence ao médico, @ ciéncia, ou a familia, mas, exclusivamente, ao paciente que apés ser informado do seu estado de satide e das alternativas terapéuticas, decidird se se submete ou nao ao tratamento ou a interveng&o cirlirgica. Mesmo que saiba ou tenha consciéncia de que isso abreviaré a sua expectativa da vida. Excetuam-se algumas hipéteses (ex.: a pessoa no consegue expressar a sua vontade) em que o direito se desloca para a familia do enfermo. E em situagées extremas, & presenca do estado de necessidade, em evidente risco de vida, pode o médico realizar a intervengao necessaria sem o consentimento de quem de direito. Notem agora que os artigos de 16 a 19 do Cédigo Civil tutelam o direito ao nome (falaremos sobre ele logo adiante, em um item especial) e contra 0 atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo pubblico, ao ridiculo, acarretando dano moral ou patrimonial. © art. 20, CC tutela, de forma auténoma, o direito A imagem e os direitos a ele conexos. Esse direito é téo importante que a prépria Constituig&o Federal também trata do tema, assegurando a inviolabilidade da imagem e prevendo indenizagao para o caso de violagao (art. 5°, incisos X e XXVIII, letra “a”, CF/88). Divide-se em: a) imagem-retrato: é a representacao fisica da pessoa, implicando 0 reconhecimento de seu titular por meio de fotografia, escultura, desenho, pintura, interpretagdo dramatica, _cinematogrdfica, televisiva, sites, etc.; b) imagem-atributo: refere-se ao conjunto de caracteres e qualidades cultivadas pela pessoa, como a habilidade, competéncia, lealdade, etc.; é a repercussdo social da imagem. A redacéo do dispositive é um pouco confusa. E os examinadores aproveitam isso para exigir questées sobre o tema. Por isso, vamos aprofundar. © direito a imagem se refere ao direito de ninguém ver seu rosto estampado em ptiblico ou comercializado sem seu consenso e o de nao ter sua personalidade alterada, material ou intelectualmente, causando dano a sua reputacéio. Como normalmente ocorre, ha certas limitagées ao direito de imagem, com dispensa da anuéncia para sua divulgacao. Vejamos algumas situac6es: a) pessoas famosas (ex.: artistas, politicos, etc.), pois elas tém sua imagem divulgada em raz&o de sua atividade; mas mesmo assim, n&o pode haver abuses, pois a sua vida intima deve ser preservada; b) necessidade de divulgag&o da imagem por questées de seguranga publica (ex.: publicagéo da fotografia de um perigoso marginal procurade pela policia); ¢) quando se obtém uma imagem, mas a pessoa é téo somente parte do cendrio, pois 0 que se pretende divulgar é 0 acontecimento em si (ex.: um congresso, uma exposig&o 18 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni de objetos de arte, a inauguracéo de uma obra publica, um hotel ou um restaurante, reportagens sobre tumultos, enchentes, shows, etc.). Hé diversas decis6es de que ndo cabe direito de imagem em fotografia de acontecimento carnavalesco, pois a pessoa que dele participa, de certa forma, “renuncia a sua privacidade”. Na pratica todas estas questées séo delicadas. Cabera ao Juiz, diante de um caso concreto, decidir se houve abuso e se ha direito a indenizac&io. Recomendamos o aluno, para fins de concurso, novamente se ater ao texto legal. O titular de um direito de personalidade, quando este for violado, poder pleitear reparagéo de danos morais e patrimoniais. E se ele ja for falecido o direito serd exercido pelo cénjuge, ascendente ou descendente (trata-se do art. 20, paragrafo iinico, CC). Ficou famoso um caso em que uma empresa elaborou um “dlbum de figurinhas” estampando a fotografia de jogadores de futebol. Como no caso havia o intuito de lucro da empresa @ no houve o consentimento dos atletas, concluiu-se que foi uma pratica ilicita, sujeita a indenizacio. Simulas a esse respeito: > Stmula 221 do STJ: "Sdo civilmente responsdveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicagdo pela imprensa, tanto 0 autor do escrito quanto 0 proprietario do veiculo de divulgacao”. >» Samula 403 do STJ: “Independe de prova do prejuizo a indenizacao pela publicag&o n&o autorizada de imagem de pessoa com fins econémicos ou comerciais”. Finalmente, no art. 21, CC, nossa legislagdo tutelou o direito a intimidade (art. 5°, X, CF/88), prescrevendo que a vida privada da pessoa natural é inviolével (ex.: inviolabilidade de domicilio, de correspondéncia, bancério, conversas telefonicas, etc.), prevendo a possibilidade de se requerer medidas visando a protego (impedir ou fazer cessar) dessa inviolabilidade. Wosservacoes 01) Recomendamos aluno uma atengdo especial comparativa entre os arts. 12 e 20, CC. Observem que o art. 12 é mais genérico (direitos da personalidade em geral) e o art. 20 especifico em relagdo ao direito de imagem, sendo que neste os colaterais foram excluidos. Além disso, embora 0 dispositive n&o especifique, entende a doutrina que o companheiro(a) também é parte legitima. 02) © Cédigo Civil nao exauriu a matéria referente aos direitos da personalidade. © tratamento é bem genérico e a enumeracao exposta é meramente exemplificativa, deixando margem para que se estenda a proteg&o a situagdes ndo previstas expressamente, acompanhando, assim, a rapida evolug&o dos costumes do mundo atual 19 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni 03) Segundo a jurisprudéncia do STJ, se houver violagéo aos direitos da personalidade (intimidade, imagem, honra, etc.) é devida indenizacéo também por danos morais, pois estes séo presumidos (nao é necessaria a prova do dano moral) pela simples violacdo ao bem juridico tutelado. Exemplo classicx inscrig&o indevida do nome do consumidor em cadastro de protecao ao crédito implica violag&o a direito da personalidade, uma vez que tem maculada sua honra e imagem perante a sociedade. O dano moral, nesse caso, 6 presumido e, portanto, n&o precisa ser provado. No entanto, é de se acrescentar que um mero dissabor néo pode ser alcado ao patamar do dano moral, mas somente aquela agresso que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas afligées ou anguistias no espirito de quem ele se dirige. 04) Embora agora nao seja o momento de aprofundar, mas ¢ interessante deixar claro que a Pessoa Juridica também pode ser titular de direitos da personalidade no tange a honra, imagem e nome, pois o art. 52, CC estabelece que “aplica-se as pessoas juridicas, no que couber, a protec&o dos direitos da personalidade”. INDIVIDUALIZACAO DA PESSOA NATURAL Individualiza-se a pessoa natural de trés formas: nome, estado e domicilio. Vejamos cada um deles. A) NOME Desde os primérdios da humanidade, o nome serve como sinal exterior identificador, pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa, apresentando peculiaridades nos diferentes povos, influenciando diretamente a vida de cada pessoa desde seu nascimento até o fim da personalidade, inclusive com reflexos apés a morte. E pelo nome que ela fica conhecida no seio da familia e da comunidade em que vive. 0 nome é regulado pelo Cédigo Civil e pela Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Puiblicos). Prevé o art. 16, CC que toda pessoa tem o direito ao nome, nele compreendido 0 prenome e o sobrenome. Trata-se de direito inaliendvel (ndo pode ser vendido), imprescritivel (néo correm prazos prescricionais) e personalissimo, essencial para o exercicio de direitos e cumprimento das obrigagdes. Ha uma protecdo especial da lei em relagdo ao nome, mediante as ages judiciais. A lei protege a honra da pessoa, proibindo que o seu nome seja usado ou empregado em situacdes agressivas @ intimidade de quem se vé exposto & veiculacao ptiblica que provoque depreciacéo ética, moral ou juridica, mesmo que a intengdo na publicagéo ou representaggo nao revele intuito difamatério (art. 17, CC). O nome é um direito da personalidade. Trata-se de matéria de ordem piblica (0 Ministério Publico intervém em todos os procedimentos judiciais ou administrativos), que também é conferido as pessoas juridicas, pois estas também tém direito ao nome. 20 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Relevancia > Para os cidadaos: em suas relacées intraparticulares. > Para o Estado: necessidade de particularizar os individuos da sociedade Elementos constitutivos do nome * Prenome — é 0 nome individual, proprio da pessoa, que pode ser simples (ex.: Jodo, José, Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex.: José Carlos, Anténio Pedro, Ana Maria, etc.). Tratando-se de gémeos com o mesmo nome, a lei de registros ptiblicos exige que seja um prenome composto diferenciado. + Patronimico ou Sobrenome (nome de familia ou apelido de familia) — identifica a procedéncia da pessoa, o tronco familiar do qual provém, indicando sua filiacdo ou estirpe, podendo também ser simples ou composto. Atualmente, pelo principio constitucional da igualdade, néo ha uma ordem rigorosa na colocag8o do sobrenome (pode ser primeiro do pai ou da mae). + Agnome — é 0 sinal distintivo entre pessoas da mesma familia com nomes iguais, que se acrescenta ao nome completo (ex.: Jtinior, Filho, Neto, Sobrinho, II, Ill, etc.). © pseudénimo (que significa em latim “nome falso”) ou codinome consiste no nome atrés do qual se abriga um autor de obra cultural ou artistica, para o exercicio desta atividade especifica (ex: cantor, ator, autor de um livro, etc.). Um exemplo classico é 0 de Malba Tahan, famoso escritor de contos, lendas e costumes drabes. Quem nao leu “O Homem que Calculava’? E as “Lendas do Deserto”? ... Muitos pensavam que ele era arabe de tanto que conhecia e escrevia sobre o tema. Mas ele foi “brasileirissimo”; era um professor de matematica chamado Julio César de Mello e Souza, que usava este pseudénimo. A lei de direitos autorais j4 consagrava o pseudénimo como um direito moral do autor. Agora consta, de forma expressa, como um direito inerente a personalidade do autor (art. 19, CC), gozando da mesma protecao que se dé ao nome, quando usado para finalidades licitas. Lembrando, que no exercicio livre da manifestagéo do pensamento, veda-se o anonimato (art. 5°, inciso IV da CF/88). Questo interessante é a do heterénimo. Esta é uma palavra de origem grega que indica “outros nomes”. Conceitualmente é diferente de pseudénimo, pois o heterénimo indica diversas personalidades de uma mesma pessoa. O exemplo classico é de Fernando Pessoa (Fernando Anténio Nogueira Pessoa), que usou diversos heterénimos, como Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Alvaro de Campos, Alexander Search (que sé escrevia em inglés) entre outros, cada um com uma espécie de abordagem e maneira de escrever, com tendéncias e caracteristicas distintas e peculiares. Fernando Pessoa também chegou a criar semi-heterénimos (quando o heterénimo tem caracteristicas semelhantes ao seu 2 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni préprio criador) como Bernardo Soares, Bardo de Teive, Vicente Guedes, José Pacheco, Pero Botelho, Anténio Mora, entre outros. Coisa de génio... Em relacéo ao nome hd gutros elementos facultativos como: a) nome vocatério: designagao pela qual a pessoa é conhecida (ex: Aghata Cristie no lugar de Dame Agatha Mary Clarissa Miller Cristie Mallowan; Pontes de Miranda no lugar de Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, etc.); b) axiénimo: designac&o que se da a forma cortés de tratamento ou a expresso de reveréncia (ex: Excelentissimo, Professor, Doutor, ou que representam os titulos de nobreza ou eclesidsticos: Duque, Visconde, Bispo, Monsenhor, etc.); ¢) alcunha (ou epiteto) é 0 apelide, geralmente tirado de uma particularidade fisica, moral ou de uma atividade (ex.: Tiradentes, Zé do Caixéo, etc.). Vocés sabiam que 0 nome correto do Cazuza é Agenor de Miranda Araujo Neto?; d) hipocoristico: séo os diminutivos (ex.: Zezinho, Glorinha, Cidinha, etc.). Nao tenho visto estas expressdes cairem em concursos. 34 caiu em concurso: a protegao do pseudénimo de autor de obra artistica, literéria ou cientifica necesita de registro? Resposta: Nao! Primeiro porque o art. 19, CC no faz esta exigéncia. Segundo porque a prépria Lei de Direitos Autorais (Lei n° 9.610/98) estabelece em seu art. 18 que: “A protego aos direitos de que trata esta lei independe de registro”. @ Em regra o nome é imutavel. No entanto o principio da inalterabilidade do nome sofre diversas excegées em casos justificados. A lei e a jurisprudéncia admitem a retificagéo ou a alteracéo de qualquer dos seus elementos. No entanto na pratica hé um maior rigor quanto a modificac&o do prenome e um menor rigor em relac&o ao sobrenome. A propésito, vejam a alteragao que a Lei n° 9.708/98 fez na Lei de Registros Puiblicos (LRP - Lei n° 6.015/73), em especial no art, 58: °O prenome sera definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituicéo por apelidos puiblicos notérios’. O paragrafo tinico deste mesmo dispositive estabelece outra possibilidade: “A substituicgo do prenome seré ainda admitida em razdo de fundada coacio ou ameaca decorrente da colaborag&o com a apuragao de crime, por determinagao, em sentenga, de Juiz competente, ouvido o Ministério Ptiblico” Outro exemple € 0 previsto no art. 56 da prépria LRP que permite que o interessado, no primeiro ano, apés completar a maioridade civil, altere seu nome, desde que nao prejudique os apelidos de familia, averbando-se a alteracéo que seré publicada pela imprensa (trata-se da Unica hipétese legal em que a alteragéo do nome nao precisa ser motivada). No entanto o art. 57 determina que qualquer alteracéo posterior de nome, somente seré feita por excegdo e motivadamente, apés audiéncia do Ministério PUblico, e por sentenga do Juiz a que estiver sujeito 0 registro, arquivando-se o mandado e publicando- se a alteracdo na imprensa. Vejamos outras situacées: 2 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni ¢ quando expuser seu portador ao ridiculo ou situagées vexatérias. * quando houver evidente erro grafico (ex.: Netson, Osvardo, etc.). * quando causar embaragos comerciais e/ou morais — trata-se da homonimia (ou homénimo). * com uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no registro — admite-se a alteracéo do nome adicionando-se 0 apelido ou alcunha (ex.: Edson Pelé Arantes do Nascimento, Luiz Indcio Lula da Silva, etc.). * com 0 casamento - atualmente o art. 1.565, §1°, CC permite que qualquer dos nubentes acrescente ao seu, o sobrenome do outro. * com a uniao estdvel —a lei permite que os conviventes adotem o patronimico de seus parceiros, desde que haja concordédncia reciproca. * acréscimo de sobrenome de padrasto ou madrasta (art. 57, §8° LRP: pardgrafo inserido pela Lei n® 11.924/09 - “Lei Clodovil Hernandez”): depende de autorizagao judicial e deve haver o consentimento do padrasto ou madrasta. Importante: a pessoa que modificou o seu nome, para acrescer 0 do padrasto ou madrasta, continua a ser filho de seus pais, de quem iré suceder e reclamar alimentos e demais efeitos juridicos. O fundamento do dispositivo legal é o afeto entre as partes. + adogio, reconhecimento de filho, divércio, servigo de protegao de vitimas e testemunhas (sentenga do juiz, apés ouvir 0 Ministério Publico: coagao ou ameaca decorrente da colaboragéo com a apuragéo de crime), tradugao de nomes estrangeiros, etc. Um fato muito interessante e atual tem sido 0 caso do transexual. Uma pessoa pode ter a forma de um sexo (ex: masculino), mas a mentalidade de outro (feminino). Notem que esta é uma situagao diferente da do homossexual, pois este se sente atraido pela pessoa do mesmo sexo, mas ndo tem intengao de mudar de sexo. A jurisprudéncia vem acompanhando as modificagdes havidas nesta drea. Atualmente ha a possibilidade de cirurgia para a mudanca de sexo em nosso Pais. Chama-se de transgenitalizacdo a cirurgia para adaptar © corpo (sexo biolégico) 4 mente (sexo psiquico) da pessoa. Atualmente hé inumeras decis6es judiciais garantindo o direito dos transexuais de realizar a cirurgia de transgenitalizacao pelo SUS (Sistema Unico de Satide). O Conselho Federal de Medicina reconhece o transexualismo como um “transtorno de identidade sexual” e a cirurgia como uma solugdo terapéutica. Para tanto, editou a resolugo 1652 autorizando as cirurgias de mudanca de sexo, mas isto depende muito de caso para caso @ de um acompanhamento médico e psicolégico multidisciplinar. A cirurgia traz reflexos na possibilidade de retificacéo do assento de nascimento. Ndo sé no que diz respeito ao nome 23 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni (prenome), mas também no que concerne ao sexo (pois se trata de um estado individual, informado pelo género biolégico). Em deciséo recente, o Superior Tribunal de Justica entendeu deve ser expedida uma nova certidao civil, sem que nela conste qualquer anotacdo sobre a decisdo judicial e nem mesmo o termo “transexual”. Isto porque tais observacdes na certiddo significariam na continuidade da exposiggfo da pessoa a_ situagdes constrangedoras e discriminatérias. No entanto, a informagao de que o nome e © sexo foram alterados judicialmente deve ser mantida nos livros cartorarios, para no induzir terceiro de boa-fé em erro quando da habilitago de eventual e futuro casamento. Hd quem sustente que nem esta informagdo deve ser mantida. Pergunta-se: e se o transexual casar sem revelar o fato de ser operado? O casamento sera realizado da mesma forma, mas poderé ocorrer a anulacéio do casamento em razéo do erro quanto a pessoa. Hipoteticamente falando, teriamos uma possibilidade de caracterizagdo do erro quanto & pessoa do cénjuge. A propésito, sobre o tema, recentemente vi cair em um exame da OAB do Distrito Federal a seguinte assertiva, sendo a mesma considerada como verdadeira: “aquelas pessoas portadoras de uma incontrolavel compulsdo pela amputac&o de um membro especifico de seu corpo, em razdo do desconforto de estarem presos em um corpo que n&o corresponde a verdadeira identidade fisica que gostaria de ter, denominam-se wannabes”. Tenho para mim que esta expresso deve derivar do inglés “wanna” (to want = querer) e “be” (to be = ser). Qu seja, querer ser algo que nao é. Confesso que nunea tinha visto ou ouvido esta expresso anteriormente, Aprendi resolvendo a questao. Vivendo e aprendendo... B) ESTADO. © estado € definido como sendo © modo particular de existir, ou seja, a soma de qualificagdes de uma pessoa pelas quais ela é identificada na sociedade. Apresenta trés aspectos: © Individual (ou fisico) — a pessoa seré considerada de acordo com o seu poder de praticar atos da vida civil (maior ou menor; capaz ou incapaz, ete.). © Familiar — indica a situag&o que a pessoa ocupa na familia: a) quanto ao matriménio (solteiro, casado, vitivo, divorciado); b) quanto ao parentesco consanguineo (ascendentes: pai, mae, avés; descendentes: filho, neto; colaterais: irmos, tios, primos, etc.); €) quanto afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhados, etc.). * Politico — identifica a pessoa a partir do local em que nasceu ou de sua condig&o politica dentro de um Pais: nacional (nato ou naturalizado), estrangeiro, apatrida. Obs.: jd vi cair em concurso o termo heimatios. 24 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Trata-se de uma expressdo de origem alema que significa apétrida (pessoa que nao é considerado nacional por qualquer Pais). O estado é regulado por normas de ordem publica. E irrenuncidvel, pois n&o se pode renunciar aquilo que € uma caracteristica pessoal. E uno e ndivisivel, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior e menor, ete. Por ser um reflexo da personalidade, ¢ inaliendvel, ndo podendo ser objeto de comércio. Trata-se de um direito indisponivel (ndo se transferem as caracteristicas pessoais) e imprescritivel (o decurso de tempo no faz com que se percam as qualificacdes pessoais). As agées tendentes a afirmar, obter ou negar determinado estado, também sao chamadas de agdes de estado (ex.: investigagdo de paternidade, divércio,_etc.),_ sendo_consideradas personalissimas. C) DOMICILIO © conceito de domicilio (domus, em latim, significa casa) surge da necessidade legal que se tem de fixar as pessoas em determinado ponto do territério nacional, onde possam ser encontradas para responder por suas obrigagdes. Exemplo: vou ingressar com uma agi judicial! Onde essa aco seré proposta? Resposta: em regra no domicilio do réu. E se uma pessoa morre, onde deve ser proposta a ag&o de inventario? Resposta: no Ultimo domicilio do “de cujus" (falecido). E assim por diante... © conceito de domicilio esté sempre presente em nosso dia-a-dia, mesmo que nao percebamos. Inicialmente, devemos fazer a seguinte distingdo: a) Moradia ou habitagao: é o local onde a pessoa se estabelece provisoriamente, sem Animo de permanecer; é uma relagao bem fragil entre uma pessoa e 0 local onde ela esta (ex: alugar uma casa de praia por um més, aluno que ganha uma bolsa de estudos por trés meses na Franca, casa usada apenas para ficar nos fins de semana, feriados ou férias, etc.). b) Residéncia: é 0 lugar em que o individuo se estabelece habitualmente, com a inteng&o de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente; trata-se de uma situagao de fato. c) Domicilio: é a sede da pessoa, tanto fisica como juridica, onde se presume a sua presenca para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negécios juridicos. E o lugar onde a pessoa estabelece sua residéncia com Animo definitivo de permanecer (art. 70, CC), convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negécios juridicos ou de sua atividade pessoal; trata-se de um conceito juridico. Por isso esta previsto em diversos dispositivos esparsos em nossa legislacdo. Vejamos alguns: 25 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni ™ art. 7°, LINDB: A lei do pais em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre 0 comego e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de familia ™ art. 327, CC: o pagamento, de uma forma geral, deve ser feito no domicilio do devedor (se 0 contrdrio nao estiver previsto no contrato). ™® art. 1.785, CC: a sucess&o abre-se no lugar do ultimo domi do falecido. % art. 94, Cédigo de Processo Civil: a agéo fundada em direito pessoal e a aco fundada em direito real sobre bens méveis sero propostas, em regra, no foro do domicilio do réu 0 domicitio possui dois elementos a) Objetivo: ¢ 0 estabelecimento fisico da pessoa; a fixacio da residéncia. b) Subjetivo: é a intengdo, 0 4nimo de ali permanecer em definitive (a doutrina chama isso de animus manendi). Se uma pessoa viajou de férias para a praia, evidentemente que seu domicilio nao foi alterado, pois falta a inteng&io de permanecer definitivamente neste local. © Regra Basica: O domicilio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a residéncia com animo definitive (art. 70, CC). E também domicilio da pessoa natural, quanto as relagdes concernentes profisso, 0 lugar onde esta 6 exercida (art. 72, CC). ® outras Regras @ A) Domicilio familiar: uma pessoa pode residir em mais de um local, tomando apenas um como sendo o centro principal de seus negécios; este local entéo seré o seu domicilio. Mas se a pessoa tiver varias residéncias, onde alternadamente viva, sem que se possa considerar uma delas como sendo 0 seu centro principal, 0 domicilio pode ser qualguer delas -> o Brasil adotou o sistema da pluralidade domiciliar ou domicilio multiplo (art. 71, CC). B) Domicilio aparente, ocasional ou eventual: Pode ocorrer que uma pessoa nao tenha uma residéncia habitual; ela nao tem um ponto central de negécios. O exemplo cléssico é 0 dos circenses e ciganos que a cada momento est&o em uma localidade diferente (a doutrina os chama de adémidas). O domicilio destas pessoas ent&o seré o lugar onde elas forem encontradas (art. 73, CC). Trata-se de uma ficgdo juridica, uma hipétese de aplicacdo da Teoria da Aparéncia, pois todo sujeito necessita de um local para ser encontrado e ter um domicilio. 26 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni C) Domicilio profissional: o art. 72, CC considera como domicilio para efeitos profissionais o lugar onde a atividade & desenvolvida: “E também domicilio da pessoa natural, quanto as relacées concernentes a profissdio, 0 lugar onde esta é exercida. Paragrafo Unico. Se a pessoa exercitar profissio em lugares diversos, cada um deles constituiré domicilio para as relacdes que Ihe corresponderem”. D) Mudancga de domi (art. 74, CC): muda-se o domicilio, transferindo a residéncia, com a intengdo manifesta de o mudar. Estabelece © paragrafo Unico do art. 74, CC que a prova da intencéio resultaré do que declarar a pessoa as municipalidades que deixa e para onde vai. No entanto essas declaragdes no podem ser impostas pelo Direito como condic&o essencial para a caracterizacao da mudanga de domicilio, devendo ser aplicada a parte final do dispositive que permite que, n&o se fazendo tais declaraces, a transferéncia de domicilio decorre da prépria mudanga, podendo ser aferida por alguma conduta da pessoa: matricular o filho em um novo colégio, abertura de conta bancéria com novo endereco, transferir linha telefénica e assinatura de TV a cabo, ete Observacaio: como se percebe a pessoa natural pode possuir duas modalidades de domicilio: o familiar e 0 profissional. E, diante da pluralidade domiciliar, ela pode ter dois domicilios familiares, ou dois profissionais, ou um familiar outro profissional, ou um familiar e dois profissionais, etc. ESPECIES DE DOMICILIO 1) Domicilio Voluntario — escolhido livremente pela prépria vontade do individuo e por ele pode ser modificado (geral: art. 70, CC) ou estabelecido conforme interesses das partes em um contrato (especial: art. 78, CC). Também pode ser simples ou muiltiplo (plural). 2) Domicilio Legal (ou necessario) — é 0 que decorre da lei em razdo da condig&o ou situagdo de certas pessoas. Deixa de existir a liberdade de escolha do domicilio. Observer o art. 76, CC. Assim: Incapazes (qualquer tipo de incapacidade): os incapazes tém por domicilio o de seus representantes leaais (pais, tutores ou curadores). A doutrina costuma chamar de domicilio de origem aquele que o filho adquire ao nascer ou enquanto ele estiver sob o poder familiar. * Servidor PUblico: seu domicilio 6 © lugar onde exerce permanentemente sua fungao. Cuidado: nao se aplica ao servidor puiblico de fung&o temporéria © Militar em servico ativo: o domicilio do militar do Exército é o lugar onde esté servindo; o da Marinha ou da Aerondutica é a sede do comando a que se encontra imediatamente subordinado. Aplica-se este 27 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni dispositivo, por analogia, também aos Policiais Militares estaduais. Cuidado: se o militar esté reformado (aposentado) néo tem mais domicilio necessario por este motivo. ® Preso: é 0 lugar onde a pessoa cumpre a sentenca (o que nao é necessariamente o local onde foi preso ou condenado). Cuidado: essa regra no se aplica ao preso provisério (priséo temporaria ou preventiva); € necessério que haja uma deciséo condenatéria © Maritimos (s30 os oficiais e tripulantes da marinha mercante, chamados de “marinheiros particulares”): marinha mercante é a que se ocupa do transporte de passageiros e mercadorias. O domicilio legal € no lugar onde o navio estiver matriculado. Cuidado: os examinadores gostam de colocar como alternativa errada: “lugar onde o navio estiver ancorado”. © observacées 01) Para quem gosta de processos de memorizacéio: PIS-M? (preso, incapaz, servidor, militar e maritime). 02) Como vimos, o Brasil possibilita a pluralidade domiciliar, por isso a existéncia do domicilio legal n&o inibe eventual domictlio voluntario. Ex.: funciondrio publico tem domicilio legal onde exerce suas fungdes (Municipio A"), mas reside com animo definitive (domicilio voluntério) no Municipio “B” 03) O art. 77, CC ainda traz uma situag&o especial para o Agente Diplomatico do Brasil que, citado no estrangeiro, alega extraterritorialidade, sem indicar seu domicilio no pais. Neste caso podera ser demandado no Distrito Federal ou no seu ultimo domicilio. O domicilio voluntario especial merece um destaque a parte. Segundo a doutrina ele pode ser subdividido: a) domicilio contratual (art. 78, CC) local especificado no contrato para o cumprimento das obrigagdes dele resultantes; b) domicilio (ou foro) de eleicao ou cléusula de eleicao de foro (previsto no art. 111 do Cédigo de Processo Civil): escolhido pelas partes para a propositura de acSes relativas as obrigacdes. De qualquer forma esse doa espécie de domicilio deriva de clausula escrita. £ quando se tratar de acao que verse sobre iméveis a competéncia é a da situag3o da coisa. A jurisprudéncia atual se posicionou no sentido de se negar o foro de eleicéo nos contratos de adesdo, “quando constitui um obstaculo parte aderente, dificultando-lhe 0 comparecimento em juizo”. Ou seja, a principio a clusula de eleiggéo de foro néo é abusiva. No entanto se isso implicar em dificultamento da defesa do aderente deve ser considerada nula. A orientacéo do STJ entende ser clausula abusiva, pois ela prejudica o consumidor, uma vez que 0 obriga a responder ago judicial em local diverso de seu domicilio ("6 28 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni nula a cldusula que nao fixar 0 domicilio do consumidor”). Lembrando que contrato de adeséo (ou por adesdo) é aquele que jd esta pronto, elaborado de forma unilateral. Ou vocé assina (adere) o contrato da forma como que ele foi redigido ou 0 mesmo ndo sai. Ndo é possivel ficar discutindo as cldusulas contratuais. Por tal motivo a tendéncia é ndo ser possivel colocar o foro ou domicilio de eleigéo no contrato (até porque ele no foi eleito; foi imposto por uma das partes). Estabelece 0 paragrafo Unico, do art. 112, do CPC: “A nulidade da cléusula de eleig&o de foro, em contrato de adesdo, pode se declarada de oficio pelo juiz, que declinaré a competéncia para o juizo de domicilio do réu”. Domicilio Pessoa Natural - Resumo Regra = lugar onde estabelecer residéncia com Animo definitivo (muda-se 0 domicilio transferindo a residéncia) Quando possui diversas residéncias = qualquer delas ser o domicilio. Quanto as relagdes concernentes a profisso = lugar onde a profissdo é exercida. Quanto as relagdes concernentes a profissdo em lugares diversos = cada um deles constituiré domicilio. Sem residéncia habitual = lugar onde for encontrada Agente diplomatico do Brasil citado no estrangeiro = poderé ser demandado no Distrito Federal ou no tltimo ponto do territério brasileiro onde o teve. Domicilio Necessario Incapaz = representante ou assistente. Servidor piblico = onde exercer permanentemente suas funcées. Militar (em geral) = onde servir. Militar da Marinha ou Aeronautica = sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado. Maritimo = onde o navio estiver matriculado. Preso = onde estiver cumprindo a sentenga. 29 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL Como vimos o inicio da personalidade se dé com o nascimento com vida, acompanhando 0 individuo durante toda a sua vida. £ termina com o fim da existéncia da pessoa natural, ou seja, com a morte da pessoa (art. 6°, CC). Verificada a sua morte, desaparecem, em regra, os direitos e as obrigagdes de natureza personalissima (ex.: dissolugéo do vinculo matrimonial, relacéio de parentesco, etc.). Jé os direitos nao personalissimos (em especial os de natureza patrimonial) so transmitidos aos seus sucessores. Num sentido genérico podemos dizer que ha trés espécies de morte: a) real; b) civil; c) presumida. A doutrina acrescenta também a hipdtese da Lei n° 9.140/95 que reconheceu como mortos, para todos os efeitos legais (morte legal), os “desaparecidos politicos”. MORTE REAL A personalidade civil termina com a morte fisica, deixando 0 individuo de ser sujeito de direitos e obrigagdes. A morte, portanto, é 0 momento extintivo da personalidade. A morte real se dé com o ébito comprovado da pessoa natural. Tradicionalmente isso ocorre com a parada total do aparelho cardiorrespiratério. No entanto, a comunidade cientifica mundial, assim como 0 Conselho Federal de Medicina, tem afirmado que o marco mais seguro para se aferir a extingao da pessoa fisica € a morte encefalica, inclusive para efeito de transplante (Lei n® 9.434/97 - Lei de Transplantes). Isso porque a morte encefélica é irreversivel. Inicialmente exige-se um atestado de dbito (para isso é necessario o corpo) que iré comprovar a certeza do evento morte, devendo o mesmo ser lavrado por profissional registrado no Conselho Regional de Medicina. Na auséncia deste, a Lei n° 6.015/73 (Lei de Registros Publicos) permite que a declarag&o de ébito possa ser feita por duas testemunhas. Com este documento é lavrada a certidao de ébito, por ato do oficial do registro civil de pessoa natural, sendo esta a condig&o para o sepultamento. MORTE CIVIL A morte civil era a perda da personalidade em vida. A pessoa estava viva, mas era tratada como se estivesse morta. Geralmente era uma pena aplicada a pessoas condenadas criminalmente, em situacdes especiais. Atualmente, pode- se dizer ela no existe mais. No entanto, ha resquicios de morte civil. E excluséo de heranga por indignidade do filho, “como se ele morto fosse (observem esta expresséo no art. 1.816, CC); embora viva, a pessoa é ignorada, mas somente para efeitos de heranca. 30 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni MORTE PRESUMIDA Ocorre quando n&o se consegue provar que houve a morte real. Nosso direito prevé duas formas distintas para os casos em que nao ha a constataggo fatica da morte (auséncia de corpo): > Art. 6°, CC: morte presumida com declaragéo de auséncia. ® Art. 7°, CC: morte presumida sem declaragéo de auséncia. A) Art. 6°, CC E uma situagdo mais complexa, pois exige a declaracao de auséncia, que estd prevista nos arts. 22 a 39, CC. Auséncia é 0 desaparecimento de uma pessoa do seu domicilio. A pessoa deixa de dar noticias de seu paradeiro por um longo periodo de tempo, sem nomear um representante (procurador) para administrar seus bens (art. 22, CC). Os efeitos da morte presumida séo patrimoniais (protege-se 0 patriménio do ausente) € alguns pessoais (ex.: 0 estado de viuvez do cénjuge do ausente). A auséncia sé pode ser reconhecida por meio de um processo judicial composto de trés fases: a) curadoria de ausentes; b) sucesso proviséria; ¢) sucessdo definitive. Vejamos cada uma delas. PRIMEIRA FASE: DECLARACAO DE AUSENCIA. Art. 22, CC. Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua sucessdo (e até mesmo o Ministério Publico) pode requerer ao Juiz a declaracéio de auséncia e a nomeacéio de um curador, obedecendo a ordem do art. 25, CC. Trata-se do velho exemplo do sujeito que saiu de casa para comprar um maco e cigarros ou foi pescar e néo voltou mais... Ele pode ter morrido mesmo... como pode simplesmente ter “fugido de casa’. Ele deixou esposa, filhos, alguns bens em seu nome, contas para pagar... E agora? Ndo se pode deixar tudo em aberto... A solucéo é ingressar com essa medida judicial. Trata-se da curadoria dos bens do ausente. Seus bens s&o arrecadados e entregues a um curador apenas para que eles sejam administrados (nao ha efeitos pessoais). Durante um ano (no caso do ausente nao deixar representante ou procurador) ou trés anos (na hipétese em que ele deixou um representante) devem-se expedir editais convocando 0 ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a sua volta opera-se a cessagdo da curatela, o mesmo ocorrendo se houver noticia de seu dbito comprovado. Nao retornando ao lar nestes prazos, passamos para a fase seguinte. SEGUNDA FASE: SUCESSAO PROVISORIA. Art. 26, CC. Se o ausente néo comparecer no prazo (um ou trés anos, dependendo da hipétese), poderé ser requerida e aberta a sucessao proviséria € 0 inicio do processo de inventario € partilha dos bens. No processo de auséncia a sentenca do Juiz é dada logo no inicio do processo, para que se inicie a sucessao proviséria. Mas esta sentenga 31 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL determinando a abertura da sucessao ainda nao produz efeitos de imediato. O art. 28, CC prevé uma cautela a mais. Ou seja, concede um prazo de mais 180 dias para que o ausente reaparega e tome conhecimento da sentenca que determinou a abertura da sucessao proviséria de seus bens. Assim, a sentenga somente iré produzir efeito 180 dias apés sua publicago na imprensa. Trata-se, digamos, de uma “ultima chance” que se dé ao ausente. Apés este prazo, a auséncia passa a ser presumida. Nesta fase cessa a curatela dos bens do ausente. E feita a partilha dos bens deixados e agora séo os herdeiros (e nado mais aquele curador), de forma proviséria e condicional que ir8o administrar os bens, prestando caug&e (ou seja, dando garantias de que os bens sero restituidos no caso do ausente aparecer). Se estes herdeiros forem descendentes, ascendentes ou cénjuge do ausente, nao precisam_prestar caucéo. Nesta fase os herdeiros ainda ndo tém a propriedade; exercem apenas a posse dos bens do ausente. Apenas se antecipa a sucesséo, sem delinear definitivamente 0 destino dos bens desaparecido. Por isso os sucessores ainda n&o podem vender os bens. Os iméveis somente podem ser vendidos com autorizagao judicial. A sucesso provisdria é encerrada se o ausente retornar ou se comprovar a sua morte real. Convém acrescentar que o descendente, o ascendente e 0 cénjuge (herdeiros necessdrios) que forem sucessores provisérios do ausente e estiverem na posse dos bens terdo direito a todos os frutos e rendimentos desses bens. Ex.: Uma pessoa foi considerada “ausente”; era proprietario de duas casas e uma fazenda. Seu filho entrou na posse dos bens: mora em uma das casas, alugou a outra e tornou a fazenda extremamente produtiva. Se seu pai retornar posteriormente, o filho ndo seré obrigado a restituir os aluguéis que recebeu com a casa e nem o que lucrou explorando a fazenda. J4 os demais sucessores (ex.: irmaos, tios, sobrinhos, etc.) terdo direito somente metade destes frutos ou rendimentos. TERCEIRA FASE: SUCESSAO DEFINITIVA. Art. 37, CC. Apds 10 (dez) anos do trnsito em julgado da sentenga de abertura da sucesso proviséria, sem que © ausente aparega, seré declarada a morte presumida. Nesta ocasido converte-se a sucessao proviséria em definitiva. Os sucessores deixam de ser provisérios, adquirindo a propriedade plena (ou o dominio) e a disposigéo dos bens recebidos. Porém esta propriedade é considerada resoliivel. Isto é, se © ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes & abertura da sucesso definitiva teré direito aos bens, mas no estado em que se encontrarem. Ou entéio terd direito ao preco que os herdeiros houverem recebido com sua venda. Se regressar apés esse prazo (portanto apés 21 anos do inicio do processo), ndo teré direito a mais nada. 32 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni E nesta fase (na sucess&o definitiva, ou seja, até 10 anos apés o transito em julgado da sentenga de abertura da sucessdo proviséria) que também se dissolve a sociedade conjugal, considerando-se rompido o vinculo matrimonial. £ 0 que prevé o art. 1.571, §1° do CC. Neste caso o cénjuge sera considerado vitive (torna-se irreversivel a dissolug&o da sociedade conjugal), podendo se casar novamente. No entanto este cénjuge nao precisa esperar tanto tempo para se casar novamente. Mesmo antes de ser considerado vilivo ele pode ingressar com um pedido de divércio. Até porque, com a edic&o da Emenda Constitucional n° 66/2010, tudo ficou muito mais simples, sem a necessidade de se ingressar primeiro com a separacao judicial e aguardar prazos. E, divorciada, a pessoa ja esta livre para convolar novas nupcias. E interessante acrescentar que o art. 38, CC possibilita se requerer a sucesso definitiva provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade e que de cinco datam as ultimas noticias dele. Ou seja, independentemente de sucesso proviséria, se o ausente tinha mais de 80 anos, basta que se esperem mais cinco anos sem noticias suas para que seja aberta a sucesséo definitiva. Exemplos: se a pessoa desapareceu quando tinha 82 anos, deve-se esperar mais 5 anos, podendo requerer a sucesso definitiva quando teria 87 anos; se a pessoa desapareceu com 77 anos, deve-se aguardar a data em que completaria 80 a partir dai acrescentar mais 5 anos. ® resumindo @ a) Auséncia (curadoria dos bens do ausente): 01 ou 03 anos, dependendo da hipétese (com ou sem representante), arrecadando-se os bens que sero administrados por um curador. b) Sucesséo Proviséri aguardando-se 10 anos. é feita a partilha de forma proviséria, c) Sucessdo Definitiva: na abertura jd se concede a propriedade plena e se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cénjuge € reputado vitivo. Aguardam-se mais dez anos. Se o ausente retornar recebe os bens existentes no estado em que se acharem (ou 0 prego em seu lugar) 4) Fim 33 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Vejamos no grafico abaixo, a demonstracao das fases do processo. Desaparecimento Inicio do Processo [ERCNaretiaire) Fim | | lou3anos 10 anos | 10 anos | . ‘Auséncia ‘Sucessao Sucessao Curadoria Proviséria Definitiva B) Art. 7°, CC Esta é uma situag&o mais simples, pois permite a declaracdo da morte presumida sem decretacéo de auséncia. Isso para melhor viabilizar o registro do ébito, resolver problemas juridicos e regular rapidamente a sucesso causa mortis. Vejamos as duas situagdes excepcionais, expressamente previstas no Cédigo Civil: » For extremamente provavel a morte de quem estava em perigo de vida. » Pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e nao foi encontrado até dois anos apés 0 término da guerra. Nestas hipéteses, ndo havendo corpo, recorre-se aos meios indiretos de comprovagao; a declaracéo de morte presumida é concedida judicialmente, independentemente de declaragéo de auséncia. Entretanto, sé pode ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguacées, devendo a sentenga fixar a data provavel do falecimento. Estabelece o art. 88 da Lei de Registros Ptiblicos (Lei n° 6.015/73): “Podero os juizes togados admitir justificacéio para o assento de dbito de pessoas desaparecidas em naufragios, incéndio, terremoto ou outra qualquer catdstrofe, quando estiver provada a sua presenga no local do desastre e nao for possivel encontrar o cadaver para exame” (justificacdo judicial da morte). Podemos dar como exemplo, as tiltimas tragédias aéreas ocorridas no Brasil. Se um avido cai ou explode de forma que nao haja possibilidade de sobreviventes, ainda que ndo se encontre os corpos de todos os passageiros, tém-se a certeza de que houve a morte de todos. Basta provar que aquela pessoa desaparecida realmente estava no avido que se acidentou. E a Justiga vem aplicando os arts. 7° do CC e 88 da LRP em conjunto, para declarar a morte presumida sem a decretago de auséncia. Tal declaragdo substitui judicialmente o atestado de Sbito. Com isso nao se passa por aquelas longas fases j4 mencionadas acerca da declaragio de auséncia com declaracdo de auséncia. Com esta declarag&o pode-se abrir a sucessdo da mesma forma que seria feito se houvesse morte real (por isso alguns autores ao invés de 34 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL chamarem este instituto de morte presumida sem declaragdo de auséncia, preferem chamé-la de “morte real sem corpo”...) COMORIENCIA Comoriéncia é 0 instituto pelo qual se considera que duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que ndo se puder averiguar qual delas pré- morreu, ou seja, quem morreu em primeiro lugar. Art. 8°, CC: “Se dois ou mais Individuos falecerem na mesma ocasio, ndo se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ao simultaneamente mortos". Ex.: um avido caiu e todos os passageiros faleceram no acidente; nesse caso vamos presumir que todos eles morreram no mesmo momento, Comoriéncia também é chamada de morte simultanea. Trata-se de uma presungao relativa (juris tantum), ou seja, que admite prova em contrério. Observem: enquanto os arts. 6° e 7° estabelecem uma presungdo acerca do “evento morte", 0 art. 8° estabelece uma presuncéio sobre o “momento da morte”. Aplica-se 0 instituto da morte simultanea sempre que houver uma relagio de sucessao hereditdria entre os mortos. Se nao houver esta relagio também nao haverd qualquer interesse juridico na questéo. A consequéncia pratica da comoriéncia é que se os comorientes forem herdeiros uns dos outros, néo havera transferéncia de bens e direitos entre eles; um no sucederé o outro. Abrem-se cadeias sucessérias distintas e auténomas. © ExeMPLo CLASSICO: vamos supor que um casal esteja viajando de carro e sofre um grave acidente. Eles no tém descendentes e nem ascendentes. Mas cada um tem um irmao. O marido teve morte imediata; morreu no local do acidente. Jé a esposa, embora muito ferida, foi levada para o hospital faleceu somente no dia seguinte. Neste caso nao se fala mais em comoriéncia, pois hé prova de que ela sobreviveu ao marido. No momento da morte do primeiro cOnjuge toda a heranca se transmite para o outro cénjuge. E com a morte deste Ultimo, a heranga toda seré transmitida somente para o irm&o do que morreu por ultimo. Mas se ndo se conseguir demonstrar quem morreu primeiro no acidente, aplica-se a comoriéncia. Neste caso, a heranga de ambos sera dividida a raz&o de 50% para os irmaos (colaterais) de cada cénjuge, se 0 regime de bens do casamento for o da comunhao universal (ou comunhao parcial, mas todos os bens do casal foram adquiridos na constancia do casamento). EXEMPLO COMPLETO DA DOUTRINA: Abel e seu Unico neto, Bernardo, viajavam de 6nibus, quando sofrem um grave acidente em que ambos falecem. Abel, que é vitivo, possui como parente apenas um irmao (Carlos). Bernardo é casado com Ana. 01) Se no acidente Abel (avé) morrer primeiro, Bernardo (neto) ser seu tinico herdeiro e recebera todos os seus bens. No entanto como Bernardo também morreu, essa heranga passaré a ser de Ana. Assim Ana 35 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni receberd toda a heranga de Abel e também a de Bernardo. 02) Se no acidente Bernardo morrer primeiro, Ana ficara com a sua meac&o e mais uma outra parte do direito de heranga da outra metade em relagdo aos bens de Bernardo (atualmente © cénjuge herda em concorréncia com os descendentes e ascendentes), herdando Abel (av6) a outra parte da heranga de Bernardo. No entanto como Abel também morreu, sua parte ira para Carlos (irm&o de Abel e tio-avé de Bernardo). Assim Carlos iré receber toda a heranga de Abel (jé que Ana nada receberé de Abel) e mais uma parte da heranga de Carlos. 03) Se n&o for possivel verificar quem faleceu primeiro, aplica-se a comoriéncia, sendo que nesse caso nem o avé herda do neto e nem o neto herda do avé. Desta forma, Ana recebe apenas os bens de Bernardo e Carlos recebe apenas os bens de Abel. © Questo Polamica @ E se duas pessoas falecerem em locais diferentes, mas nas mesmas circunstancias de tempo? Ha autores que defendem a posig&o de que somente haveré comoriéncia se as mortes se derem no mesmo acontecimento, lugar e tempo. Outros (Maria Helena Diniz) afirmam: "Embora o problema da comoriéncia tenha comecado a ser regulado a propésito de caso de morte conjunta no mesmo acontecimento, ele se coloca com igual relevancia em matéria de efeitos nos casos de pessoas falecidas em lugares e@acontecimentos distintos, mas em datas e horas simultaéneas ou muito préximas. A express&o “na mesma ocasido” ndo requer que o evento morte se tenha dado na mesma localidade; basta que haja inviabilidade na apuracdo exata da ordem cronolégica dos ébitos”. © observacéo. Embora o Brasil tenha adotado a presungdo de morte simulténea, outros paises acolheram sistemas diferentes, como por exemplo, a “presungéo de premoriéncia da pessoa mais velha”. Reforgo: o Brasil no adotou esse sistema (as vezes isso cai nos exames nas alternativas erradas). EFEITOS DO FIM DA PERSONALIDADE Sio efeitos do fim da personalidade: dissolugao do vinculo conjugal e do regime matrimonial; exting&o do poder familiar; exting&o dos contratos personalissimos, etc. Outro efeito de suma importéncia é a extingéio da obrigacao de prestar alimentos com o falecimento do credor. Observer que o credor é a pessoa que estava recebendo a pensao alimenticia; morrendo néo faz mais jus ao beneficio e este nao se transmite a seus herdeiros. No entanto, no caso de morte do devedor (que ¢ a pessoa que paga a penso alimenticia), os herdeiros deste assumiro a obrigac&o até as forcas da heranca. Trata-se de uma inovagdo do atual Cédigo, tratada no Direito das Sucessées. 36 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni No entanto, no Direito Civil néo podemos aplicar em sua plenitude o brocardo mors omnia solvit (a morte dissolve tudo). Como vimos, alguns dos direitos da personalidade podem se estender apés a morte da pessoa. E sua vontade também pode sobreviver por meio de um testamento. Ao cadaver é devido respeito. Os militares e os servidores pliblicos de uma forma geral podem ser promovidos post mortem. Portanto, alguns direitos ainda permanecem, podendo sofrer ameaga ou les e devem ser respeitados, sendo tutelados pela lei, como o direito 4 imagem, honra, ao nome, aos direitos autorais, etc. Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem sempre se tera capacidade plena. Costuma-se dizer que a personalidade é a potencialidade resultante de um fato natural (nascer com vida); j4 na capacidade temos os limites desta potencialidade. Uma frase muito comum na doutrina (e concursos) é que “a capacidade & a medida da personalidade”. Por que isso? Como vimos, toda pessoa € capaz de direitos e deveres. Mas em que medida isso ocorre? A resposta esté nas espécies de capacidade, Vejamos. * Capacidade de direito ou de gozo (ou de aquisic&o de direito): prépria de todo ser humano; inerente @ personalidade; exprime a ideia genérica da possibilidade de ser sujeito de direito, Adquire-se com o nascimento com vida e extingue-se somente com a morte. E a capacidade para adquirir direitos e contrair obrigacées. Art. 1°, CC: “Toda pessoa & capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Nasceu com vida? Sim! Ent&o tem personalidade. Tem personalidade? Sim! Ent&o tem capacidade de direito, + Capacidade de fato ou de exercicio da capacidade de direito: é a capacidade de exercitar pessoalmente (por si mesmo) todos os atos da vida civil (por isso alguns autores também usam a expressao capacidade civil), independentemente de assist&ncia ou representacdo. Nao caiam em pegadinhas tY 1) Capacidade e personalidade so coneeitos sinénimos? -N&o! 2) Capacidade de direito (gozo) pressupde a capacidade de fato? -Nao! 3) Capacidade de fato pode subsistir sem a capacidade de gozo? -Nao! 4) Capacidade de direito e de exercicio so atributos inerentes a toda pessoa humana? -Néo! Resumindo: Toda pessoa natural tem capacidade de direito; esta é inerente a personalidade. Quem tem personalidade (estd vivo) tem capacidade de direito, 37 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Mas essa pessoa pode no ter a capacidade de fato, pois pode lhe faltar a plenitude da consciéncia e da vontade, limitande 0 exercicio (e no 0 ozo) dos direitos ‘© No Brasil nao existe a incapacidade de direito. A capacidade de direito néo pode ser negada ao individuo, mas pode sofrer restrigdes quanto ao seu exercicio. Ex.: 0 "/ouco”, por ser pessoa (ele estd vivo, possui personalidade), tem capacidade de direito, podendo receber uma doagao; porém nao tem capacidade de fato, njo podendo vender o bem que ganhou. Quem possui as duas espécies de capacidade (de direito e de fato) tem a chamada capacidade plena. Capacidade plena = capacidade de direito + capacidade de fato. Quem s6 possui a de direito tem a chamada capacidade limitada. A incapacidade é a restricdo legal ao exercicio dos atos da vida civil (em outras palavras: é uma restricéio ao poder de agir). Isso visa proteger as pessoas que s&o portadoras de alguma deficiéncia juridica apreciével, graduando a forma de protecéio: pode ser absoluta ou relativa. Veremos todas as hipéteses mais adiante @ Por ora fiquemos com 0 seguinte resumo: + Incapacidade Absoluta -» Pessoas completamente privadas (proibigdo total) de agir na vida civil. A deficiéncia pode ser suprida (0 ato pode ser praticado) pela representagdo. Ou seja, os representantes legais é que vao praticar 0 ato em nome do incapaz, pois este néo manifesta a sua vontade. A falta de representac&o no ato acarreta a nulidade absoluta (ato nulo) do mesmo » Incapacidade Relativa -> Pessoas relativamente incapazes, ou seja, que podem atuar na vida civil, embora com restrigées. A deficiéncia pode ser suprida pela assist€ncia. Ou seja, o préprio incapaz decide se pratica ou ndo o ato, manifestando sua vontade. Se praticar 0 ato, deve ser assistido por seu representante legal (que apenas iré presenciar o ato e assinar, junto com o incapaz, a documentac&o pertinente). A falta de assisténcia no ato acarreta a nulidade relativa (ato anulavel) do mesmo. CAPACIDADE DE FATO Capacidade é a regra; incapacidade é a excecdo. Ou seja, toda pessoa tem a capacidade de direito (basta estar vivo). E hé uma presuncéo (relativa) da capacidade de fato. Como a incapacidade é a excegao, ela deve ser comprovada. A incapacidade no restringe a personalidade ou a capacidade 38 ‘www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni de direito; ela apenas limita o exercicio pessoal e direto dos direitos. Sendo uma ressalva ao exercicio dos atos da vida civil, a incapacidade deve ser encarada e interpretada restritivamente, sendo admitida apenas nas hipéteses previstas expressa e taxativamente na lei (matéria de ordem publica). A) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES (art. 3°, CC) Ocorre quando houver proibigéo total do exercicio do direito do incapaz, acarretando, em caso de violac&o, a nulidade absoluta do ato juridico (art. 166, I, CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos, mas estes no podem ser exercidos pessoalmente. Ha uma restric&o legal ao poder de agir por si. Por isso estes individuos devem ser representadas. Sao eles: 1) Os menores de 16 (dezesseis) anos — Também chamados de menores impiberes. Nesse caso ndo se avalia a condicéo pessoal do individuo. Trata-se de um critério_puramente objetivo (critério etdrio). O legislador parte do pressuposto que, devido a essa tenra idade, a pessoa ainda no atingiu o discernimento pleno para distinguir 0 que pode ou néo fazer. Devem ser representados por seus pais ou, na falta deles, por tutores A venda de um doce para uma crianga de 12 anos é um ato valido? Para alguns autores, rigorosamente, seria um ato nulo. No entanto, tendo-se em vista 0 pequeno valor e levando-se em considerac&o a sua vontade na situag&o concreta, é socialmente aceita, sendo 0 ato vélide. A doutrina chama isso de “ato-fato juridico”. Sobre o tema, esclarece o Enunciado 138 da III Jornada de Direito Civil do STJ: “A vontade dos absolutamente incapazes, na hipétese do inciso I do art. 3°, é juridicamente relevante na concretizacéo de situacdes existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto”. 2) Os que, por enfermidade ou deficiéncia mental, no tiverem o necessario discernimento para a pratica dos atos da vida civil — Sao as pessoas que, por motivo de ordem patolégica ou acidental, congénita ou adquirida, no est&o em condigées de reger sua prépria pessoa ou administrar seus bens. Abrange pessoas que tém desequilibrio mental (ex.: deméncia, paranoia, psicopatas, etc.). Para que seja declarada a incapacidade absoluta neste caso, é necessério umn processo judicial de interdic&o. Trata-se de uma medida de proteg&o, em que o Poder Judiciério declara se determinada pessoa tem ou nao a plena capacidade para gerir seus préprios negécios. Pode ser total ou parcial, dependendo da hipétese concreta. Trata-se de um procedimento especial de jurisdi¢do voluntaria (ngo hd bem uma disputa entre as partes, porém a intervencdo do Juiz é necesséria, exercendo-se a jurisdicéo no sentido de simples administragdo). A jurisdicgo voluntaria se contrapde a jurisdigéo contenciosa (que € caracterizada pela disputa entre duas ou mais partes, que pleiteiam providéncias opostas ao Juiz). O rito € previsto pelo Cédigo de 39 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Processo Civil e a sentenca (de natureza declaratéria) deveré ser registrada no Registro Civil das Pessoas Naturais. © um ato praticado por uma pessoa portadora de enfermidade mental ainda ndo interditada por ser invalidado? Em regra, sé depois de decretada a interdic&o que se recusa a capacidade de exercicio, sendo nulo qualquer ato praticado pela pessoa interditada, ainda que a outra pessoa néo saiba da interdigo. Isto porque hé uma presunco da publicidade da sentenca de interdic&o e conhecimento geral. Se o ato praticade pelo enfermo mental foi antes de sua interdicgo, em regra néo se anula o negécio. No entanto, jurisprudéncia e a doutrina admitem a producao retroativa dos efeitos da interdicado em hipéteses especiais sendo necessarios os seguinte requisites: a) prova da incapacidade no momento do ato, b) prejuizo ao incapaz, c) ma-fé da outra parte. © Supremo Tribunal Federal (STF) jé se manifestou a respeito: "Ndo depende de prévia interdic&o 0 reconhecimento da nulidade, se a incapacidade, além de notéria era conhecida da outra parte”. Da mesma forma o Superior Tribunal de Justia (STJ): “A capacidade, além de elemento essencial, ¢ condicéo de validade do negécio juridico, pelo que comprovada a incapacidade do agente, no momento da realizagéo do negécio juridico, tem-se por viciado o consentimento dado e, consequentemente, nulo 0 ato —juridico realizado, mesmo que anterior a sentenga de interdigdo"; “Para resguardo da boa-fé de terceiros e seguranca do comércio juridico, 0 reconhecimento de nulidade dos atos praticados anteriormente @ sentenga de interdic&o reclama prova inequiveca, robusta e convincente da incapacidade do contratante”. Uma vez declarada a incapacidade por sentenga, o interditado n&o podera praticar atos juridicos sem o seu curador. Nosso direito ndo admite os chamados “intervalos licidos”. Ou seja, se a pessoa praticou o ato apés a sua interdicéio, este ato é considerado nulo, nao se aceitando a demonstracao de que naquele momento, embora interditada, a pessoa estava liicida, pois isso implicaria em grave inseguranga juridica. 3) Os que, mesmo por causa transitéria, ndo puderem exprimir sua vontade — 0 exemplo cléssico deste item é 0 da pessoa que sofreu um acidente e “est em coma no hospital”. Notem que a previsdo legal é genérica e muito abrangente. Uma hipstese disso ¢ a “intoxicago fortuita”, cujo exemplo € 0 famoso golpe “boa noite cinderela”, em que uma pessoa coloca na bebida de outra grande porcio de substancia dopante e aproveita desse estado para assalta-la. Lembrando que a intoxicago provocada voluntariamente nao é fundamento para a excluséo da responsabilidade. Em relacéo ao surdo-mudo, mesmo nao havendo previsdo explicita a respeito, ele esta incluido neste inciso, desde que no possa manifestar sua vontade de forma alguma. O dispositive 40 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni pode incluir, também, as pessoas que perderam a memoria (amnésia), embora de forma transitéria e outros casos andlogos. importante & 0 Cédigo Civil nado estende a incapacidade: a) ao cego, que somente tera restric&o aos atos que dependem da viséo, como testemunha ocular de um fato, testemunha em testamentos, etc.; além disso, 0 cego somente poder fazer testamento da forma publica; b) ao analfabeto; ec) a senilidade ou senectude (pessoa com idade avancada), por si sé, nao é causa automitica de restrigéo da capacidade. B) RELATIVAMENTE INCAPAZES (art. 4°, CC) Trata-se de uma situac&o intermedidria entre a incapacidade total e a capacidade plena. A incapacidade relativa diz respeito aqueles que podem praticar por si os atos da vida civil, desde que assistidos por seus representantes legais. O efeito da violagéo desta norma é gerar a anulabilidade (ou nulidade relativa) do ato juridico (art. 171, I, CC), dependendo da iniciativa do lesado. Certos atos a pessoa j pode praticar sem assisténcia e sdo considerados validos. Ha outras hipéteses em que o ato pode ser ratificado ou convalidado pelo representante legal, posteriormente. A grande diferenca entre os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes € que no primeiro caso a pessoa nao pode praticar o ato diretamente, devendo ser representada para a defesa de seus interesses; ja na segunda hipétese a pessoa pratica pessoalmente 0 ato, sua vontade é levada em conta, mas no pode praticar este ato sozinha, sendo necessaria a assisténcia de quem de direito. Se houver um conflito de interesses entre o incapaz e o assistente, 0 Juiz lhe nomeara um curador especial. Sao eles: 1) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos — Também chamados de menores ptiberes. Afirma a doutrina que a sua pouca experiéncia e insuficiente desenvolvimento intelectual nao lhes possibilitam a plena participacdo na vida civil. Eles somente poderdo praticar certos atos mediante assisténcia de seus representantes, sob pena de anulagao. No entanto ha atos que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem assisténcia. Ex.: casar (necessitando neste caso apenas de uma autorizag’o de seus pais: 1.517, CC); fazer testamento (art. 1.860, pardgrafo Unico, CC); servir como testemunha (art. 228, I, CC), inclusive em atos juridicos e testamentos; aceitar mandato (ser mandatario: art. 666, CC); ser eleitor, etc, O menor, entre 16 e 18 anos, ndo pode, para eximir-se de uma obrigagao, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, espontaneamente se declarou maior (art. 180, CC). Explicando: Em um contrato, um rapaz com 17 anos se passou por maior de 18 anos e assumiu determinada obrigag&o. Depois, pare néo cumprir esta a. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni obrigag&io, alegou ser menor e revelou sua idade verdadeira. Pela lei o menor no poderé fugir desta obrigac&o, pois conscientemente declarou-se maior (no se pode, para eximir de uma obrigago, alegar sua propria torpeza). © um menor entre 18 e 16 anos pode ser interditado? A doutrina e a jurisprudéncia admitem essa possibilidade, desde que a interdigéo tenha por interesse 0 reconhecimento de incapacidade absoluta. Os maiores de 16 anos ja podem praticar alguns negécios juridicos sendo que para a pratica de outros atos basta que sejam assistidos. No entanto essa pessoa pode sofrer de alguma grave doenca mental que a impossibilite de praticar todos os atos da vida civil. Portanto, se o menor relativamente incapaz ndo possui condiges de reger a sua pessoa e seus bens, sendo portadora de alguma doenca mental acentuada, pode ser interditada. 2) Ebrios habituais (alcodlatras), os viciados em téxicos, e os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido — Nestes casos também deve haver um processo de interdic4o, onde o Juiz ird estabelecer os limites da curatela (maior ou menor dependendo do grau de comprometimento mental do interditado). A dependéncia por dleool ou drogas faz com que a pessoa seja considerada relativamente incapaz. No entanto se o grau de dependéncia atingir niveis excepcionais, essa pessoa poderé ser considerada absolutamente incapaz. 3) Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo — Trata-se de uma expressdo de carater genérico, abrangendo as pessoas portadoras de alguma anomalia psiquica que apresentam sinais de desenvolvimento mental incompleto. Neste caso também é necessdrio um processo judicial de interdicéio. © exemplo classico da doutrina so os portadores da “Sindrome de Down" 4) Prédigos — s&o os que dilapidam os seus bens ou seu patriménio, fazendo gastos excessivos e anormais, podendo chegar a miséria. Trata-se de um desvio de personalidade e n&o de uma alienacdo mental propriamente dita, O exemplo classico 6 0 da pessoa viciada em jogos de azar, que de forma compulsiva, dissipa seu patriménio. Neste caso a pessoa deve ser interditada para a sua propria protecdo, e, em seguida, nomeia-se um curador para cuidar de seus interesses. O prédigo interditado nado pode (sem assisténcia): emprestar, transigir, dar quitag3o, alienar (ou seja, vender, doar, etc.), hipotecar, agir em juizo (vejam o art. 1.782, CC). O prédigo somente fica privado dos atos que possam comprometer seu patriménio. Por isso, ele pode: exercer atos de mera administracdo, exercer profisséio (excetuando-se as situagées que se tratar de um empresdrio ou comerciante), fazer testamento, reconhecer filhos, etc. a2 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni © 0 prédigo pode se casar? Sim, ele pode se casar validamente sem que haja autorizagéo de seu curador, pois a restrigéo do prédigo 6 quanto a seu patriménio e ndo quanto a atos pessoais. Caso contrario haveria uma indevida inger€ncia do curador em questées meramente pessoais e afetivas do prédigo. No entanto a doutrina majoritéria entende o curador deveré ser chamado a se manifestar se nao for adotado o regime da separacdo de bens, pois esse regime em nada prejudica a seara patrimonial do prédigo. Se houver a opgdo por outro regime de bens o representante legal (curador) deverd se posicionar, pois nesse caso o casamento gera efeitos patrimoniais. Watencéo’} indios — 0 atual Cédigo Civil afirma que a capacidade dos indios (chamados pela legislacéo anterior de silvicolas) sera regulada por meio de lei especial (art. 4°, paragrafo Unico, CC). Portanto, o atual Cédigo no enquadrou genericamente 0 indio como absoluta ou relativamente incapaz... ele seré regido por lei especial, que geralmente nao esta no edital. A Lei n° 6.001/73 (Estatuto do indio) coloca o indio e sua comunidade, enquanto nao integrado & comunh&o nacional, sob o regime tutelar. E 0 érgao que deve assisti-los é a FUNAI. Art. 8° So nulos os atos praticados entre o indio ndo integrado e qualquer pessoa estranha @ comunidade indigena quando nao tenha havido assisténcia do érgao tutelar competente. Pardgrafo Unico. N&o se aplica a regra deste artigo no caso em que 0 indio revele consciéncia e conhecimento do ato praticado, desde que no Ihe seja prejudicial, e da extenséo dos seus efeitos. Wcuidado com a expresso surdo-mudo. 0 atual Cédigo nfo faz mengéo expressa a ela. Mas a expressdo pode cair... E ai? Como fica a capacidade do surdo-mudo? -Depende! Se ele tiver discernimento e conseguir expressar sua vontade, seré plenamente capaz. Mas se a questo afirmar que ele ndo tem discernimento ou nao sabe exprimir sua vontade seré absolutamente incapaz. E se dizer que sua capacidade é reduzida seré relativamente incapaz. Assim, tudo depende do grau de sua expresso. No entanto (por ébvio) eles estao impedidos de praticar atos que dependam de audico (ex.: testemunha em testamento). TUTELA E CURATELA A tutela é um instituto de cardter assistencial que tem por finalidade substituir 0 poder familiar. Protege o menor (impubere ou pubere) nao emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou destituidos do poder familiar, dando-Ihes representacio ou assisténcia no plano juridico. Pode ser oriunda de provimento voluntério, de forma testamentéria, ou em decorréncia da lei. Observem que o tutor pode representar 0 incapaz (se este for menor de 16 anos) ou assisti-lo (se ele for maior de 16, porém menor de 18 anos), O tutor pode realizar quase todos os atos em nome do menor (néo poderé emancipé-lo, pois isso depende de sentenca judicial). Observem que 43 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni poder familiar e tutela s&o institutos que se excluem. Somente se o menor no tiver pais 6 que serd nomeado o tutor. Jé a curatela é um encargo piblico (também chamado de munus) previsto em lei e que é dado para pessoas maiores, mas que ndo esto em condigées de realizar os atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razdo de alguma enfermidade, deficiéncia mental ou prodigalidade. O curador além de administrar os bens do incapaz, deve, também, reger e defender a pessoa. Decorre de nomeagao pelo Juiz em deciséo prolatada em processo de interdig&0. @ segundo o art. 1.634, V, CC, compete aos pais, quanto a pessoa dos filhos menores representa-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assist los, apés essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-Ihes 0 consentimento. Segundo o art. 1.747, I, CC, compete ao tutor representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, apds essa idade, nos atos em que for parte, O curador também pode representar ou assistir 0 curatelado, dependendo se ele é absoluta (ex.: deficiéncia mental) ou relativamente incapaz (prédigo). © resumindo @ % Tutela: amparo a menores érffos ou com pais suspensos ou destituidos de poder familiar. ™ Curatela: amparo a maiores sem condicdes de praticar atos da vida civil. macao YY O art. 7° do Cédigo de Processo Civil prevé que “toda pessoa que se acha no exercicio dos seus direitos tem capacidade para estar em juizo". Na realidade esta capacidade é chamada de genérica e se subdivide em: a) Capacidade para ser parte em um processo. £ inerente a toda pessoa nascida com vida. Basta ter capacidade de direito para poder ser parte em um proceso. b) Capacidade processual. Como vimos, os arts. 3° e 4°, CC enumeram as pessoas consideradas absoluta e relativamente incapazes (capacidade de fato). Elas nao esto aptas a compreender a dindmica processual, néo podendo atuar sozinhas nos litigios, ou seja, sem representagao ou assisténcia WW capacidade Processual X Capacidade Civil X Legi Portanto uma pessoa pode ser parte em um proceso e nao ter capacidade processual, pois é absoluta ou relativamente incapaz, devendo ser representada ou assistida no proceso. Ex.: pessoa com 14 anos que pleiteia o reconhecimento de paternidade. Ela tem a capacidade de ser parte, porém por 4a www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni ser absolutamente incapaz, no tem capacidade processual, devendo ser representada por sua me no processo. Assim, quem tem personalidade (e, portanto, capacidade de direito ou de gozo) pode ser parte em uma demanda judicial, isto , estar em juizo, integrar um processo, No entanto, nem toda pessoa que é parte pode praticar os atos processuais, pois pode Ihe faltar a capacidade processual; elas néo podem estar validamente em juizo se ndo estiverem representadas ou assistidas. Jad legitimacao (os examinadores gostam disso para confundir nas provas) é a aptidao para a pratica de determinado ato juridico, em virtude de uma situagdo especial. A falta de legitimagaio (ou legitimidade civil ou material) significa que, mesmo sendo capaz, a pessoa est impedida por lei de praticar determinado ato. © exemplo classico e mais simples é o seguinte. Imaginem um homem casado sob o regime da comunho de bens que comprou um sitio quando era solteiro. Apés o casamento ele quer vender este sitio. Esse homem é “absolutamente capaz”. No entanto, mesmo sendo o regime de bens o da comunhéo parcial e ainda que tenha comprado imével quando solteiro, necessitaré da chamada outorga conjugal (art. 1.647, I, CC). Somente com esta outorga € que ocorre a legitimaco do negécio. Se ele vender sem a outorga, 0 negécio sera anulavel (art. 1649, CC). Outro exemplo. Imaginem que esta mesma pessoa tenha trés filhos e queira vender o sitio para um deles. Ele pode fazer isso? Resposta: sim, ele pode... porém, nesse caso ele necessita do consentimento de todos os demais herdeiros (art. 496, CC). Com esse consentimento ocorre a legitimac3o para a venda. Se ndo houver o consentimento a venda também poderd ser anulada. Outros exemplos: irméos, ainda que capazes, n&o podem se casar (art. 1.521, IV, CC); 0 tutor n&o pode adquirir bens do tutelado (art. 1.749, I, CC), pois Ihes falta legitimidade. Concluso: os casos de ilegitimidade nao afetam a capacidade do agente, mas apenas a validade do ato que ele pratica em desacordo com a norma. O agente nao serd considerado incapaz para os atos da vida civil, mas apenas para atos especificos previstos na norma; praticado 0 ato vedado, a consequéncia sera a invalidade, no grau que a lei determinar (nulidade ou anulabilidade, dependendo da hipétese). C) CAPACIDADE PLENA Cessa a incapacidade ao desaparecerem as causas que a determinaram. Assim, nos casos de loucura, toxicomania, etc., cessando a enfermidade que a determinou, pode-se evantar_a interdic&o, cessando a incapacidade. Em relag&o & menoridade, a incapacidade cessa no exato dia em que a pessoa completa 18 anos (art. 5°, caput, CC). Neste momento, desde que possua capacidade mental para tanto, o individuo passaré a gerir sozinho todos os atos da sua vida civil, bem como, podera ser responsabilizado civilmente 4s www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni pelos danos causados a terceiros. Finalmente o menor também pode adquirir a capacidade civil plena pela emancipacdio, que veremos a seguir. Cessacéo da Incapacidade: a) maioridade (18 anos); b) levantamento da interdic&o; ¢) emancipacio. @ observacao @ o 57) ja pacificou entendimento de que a redugéo da maioridade civil no implica cancelamento automatico da penséo alimenticia. Para exonerar-se o pai deve ingressar com ago prépria e demonstrar que o filho tem condigdes de se sustentar sozinho. Caso contrario tem-se decidido que a pensdo continua até o término da faculdade (em regra aos 24 anos). Wcuidado’ Nao confundir capacidade civil com imputabilidade (ou responsabilidade) penal, que também se da aos 18 anos completos. E nem com a capacidade eleitoral que se inicia, facultativamente, aos 16 anos. Emancipacéo é a aquisicéo da capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando 0 individuo para os atos da vida civil. Permite a antecipacdo da capacidade plena Caracteristicas: a) pura e simples (ndo se admitem condigées ou termos); b) irrevogavel (uma vez concedida os pais néo podem mais revogar); €) definitiva (se a pessoa se divorciar ela permanece emancipada). Watencao & 01) Em casos raros a emancipacao pode ser anulada (ex.: foi baseada em documentos falsos). Nestes casos, lembrem-se que anular (cancelar ato invélido) é diferente de revogar (cancelar um ato yélido). 02) Emancipar no significa “tornar-se maior"; a emancipac&o ndo é causa de maioridade. Na realidade ela é causa de cessacdo de incapacidade ou de antecipago da capacidade de fato (ou de exercicio). Por isso é que se justifica 0 fato de uma pessoa poder vender sua casa (tem capacidade para tanto) e ndo pode tirar carteira de habilitacéio (0 art. 140, I, do Cédigo de Transito Brasileiro exige que para a condugdo de veiculos automotores o motorista seja penalmente imputavel). QO menor, embora emancipado, continua sendo menor, principalmente para fins penais, permanecendo como jnimputavel. Observem que o CTN faz referncia ao Direito Penal (imputabilidade) e no ao Direito Civil (capacidade). Portanto a emancipacéio nao antecipa a imputabilidade penal (que s6 ocorre aos 18 anos). 46 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni Concluindo: a plena capacidade juridica nao é condigao suficiente para que a pessoa natural esteja legalmente habilitada para determinados atos da vida civil. Observag4o: embora menor, a pessoa civilmente emancipada pode ser presa por inadimplemento de pensdio alimenticia (que é uma “prisdo civil”). 03) Reforgando: menoridade e incapacidade sio conceitos diferentes. Menoridade é 0 status da pessoa natural que n&o conta 18 anos de vida. Portanto, ser maior ou menor decorre da idade. J4 incapacidade é a restricéio legal ao exercicio dos atos da vida civil. Geralmente o menor é incapaz. Mas pode ocorrer que um menor seja emancipado (é um menor capaz). ADQUIRE-SE A EMANCIPAGAO (art. 5°, pardgrafo Unico, CC): 1) Pela concessdo dos pais ou apenas de um deles na falta do outro (emancipacio voluntaria ou parental) — os pais reconhecem que seu filho jé tem maturidade suficiente para reger sua pessoa e seus bens. Deve ser concedida pelos pais por instrumento piiblico (escritura). O menor deve ter, no minimo, 16 anos completos, sendo necessaria a anuéncia de ambos os pais. Na falta de um deles (inexisténcia no assento de nascimento o nome do pai, morte, interdi¢&o, destituigéo do poder familiar, etc.) permite-se que somente 0 outro conceda. @ observacées Importantes @ © Como este tipo de emancipagao é um ato préprio dos pais, desnecessaria a aquiescéncia do menor para o ato. Também ndo é necessdrio que 0 Ministério PUblico seja ouvido e nem que haja homologacao judicial. © Aescritura de emancipacdo deve ser registrada no Cartério de Registro Civil das Pessoas Naturais (art. 9°, II, CC), sob pena de ineficacia perante terceiros. © 0 fato dos genitores serem divorciados e de apenas um deter a guarda judicial do filho n&o dispensa a autorizacao do outro para a emancipacdo, pois este ainda mantém o poder familiar sobre o filho, sendo necessério 0 ato conjunto. © A doutrina e a jurisprudéncia apontam no sentido de que, para evitar situages de injustica, a emancipacdo yoluntéria (parental) nao exclui a responsabilidade civil dos pais por ilicito cometido pelo menor emancipado até que ele complete dezoito anos. Enunciado 41 da I Jornada de Direito vil : “A Gnica hipétese em que poderé haver responsabilidade solidaria do menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5°, paragrafo Unico, inciso I, do nove Cédigo Civil” @ Reforgo que a emancipago nao autoriza que 0 menor de 18 anos possa dirigir ou frequentar lugares para maiores de 18 anos. a7 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni 2) Por Sentenga do Juiz — ocorre em duas hipéteses: a) quando um dos pais néo concordar com a emancipac&o, contrariando a inteng&o do outro (conflito de vontades entre os pais); b) quando o menor estiver sob tutela. O tutor néo pode emancipar o menor. Evita-se, assim, a emancipagéo destinada apenas para livrar 0 tutor do encargo. Neste caso a emancipacao deve ser feita pelo Juiz, se o menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, com a participagéo do Ministério Publico, depois de verificada a conveniéncia para o bem do menor. A deciséo do Juiz que concede a emancipac&o deve ser levada ao Registro de Pessoas Naturais (art. 9°, II, CC), Antes desse registro a emancipacio nao produz qualquer efeito (art. 91 e pardgrafo tinico da Lei de Registros Publicos ~ Lei n° 6015/73) 3) Pelo casamento — a idade nupcial (ou idade nUbil) do homem @ da mulher é de 16 anos. O art. 1.517, CC exige a autorizagdo de ambos os pais, enquanto nao atingida a maioridade. Caso os pais ndo consintam com o casamento, ou em havendo divergéncia entre eles, a autorizacdo poder ser suprida pelo Juiz. Apés a celebracdo do casamento, os cénjuges, ainda que continuem menores, sero considerados emancipados. O casamento também deve ser registrado em registro puiblico (art. 9°, I, CC) @ observacées O @ 0 divércio, a viuvez e mesmo a anulagéo do casamento nao implicam no retorno a incapacidade. O casamento nulo pode fazer com que se retorne a situacéo de incapaz. Mas ainda assim, se o casamento for contraido de boa-fé 0 ato produziré efeitos de um casamento valido e a pessoa seré considerada emancipada. ® somente em casos excepcionais admite-se o casamento de quem ainda nao alcangou a idade nubil (16 anos). Ex.: gravidez (art. 1.520, CC). Digamos que uma jovem de 15 anos engravidou de seu namorado que tem 23 anos € uma situacao financeira confortavel. Eles querem se casar. Mas a jovem ainda nao tem a idade ntibil. Neste caso exige-se uma sentenca judicial de suprimento de idade © A uniao estavel (convivéncia publica, continua e duradoura entre homem e mulher e estabelecida com o objetivo de constituic&o de familia), apesar de ser reconhecida pela Constituicéo Federal como entidade familiar e merecer proteciio do Estado e ser equiparada ao casamento em diversos diplomas legais, n&o é hipstese de emancipacao legal. 4) Pelo EXERCICIO de emprego publico EFETIVO — De acordo com a teoria majoritdria a respeito, excluem-se os simples interinos, contratados a titulo temporario, diaristas e mensalistas sob o regime da Consolidac&o da Leis do Trabalho e os nomeados para cargos em comisséo. Também hd o entendimento que deve ser funcionério da administracéo direta (excluindo-se, 48 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL assim, os funciondrios de autarquias). Lembrando do Direito Administrativo as fases: a) Nomeagio: trata-se de ato administrativo unilateral e, de acordo com a Constituigéo Federal, é a Unica forma de provimento origindrio; se for em carater efetivo depende de prévia aprovac&o em concurso ptiblico. b) Posse: investidura no cargo pblico; com a posse o nomeado torna-se servidor, aceitando as regras legais de sua relag&o com a Administragao (ato bilateral); se 0 nomeado no tomar posse no prazo legal, 0 vinculo com a Administrag&o nao se aperfeigoa e o ato ¢ tornado sem efeito (ainda ndo se pode falar em exoneragio). c) Exercicio: efetivo desempenho das atribuigdes do cargo ptiblico; embora a pessoa torne-se servidor com a sua posse, somente com o exercicio as relag&o juridicas entre ela e a Administracdo serao formadas; é a partir daf que comegam a contar os prazos para os seus direitos, como remuneragio, férias, gratificagdo de natal, estabilidade, etc. Como a pessoa passa a ser servidora a partir da posse, no caso dela nao entrar em exercicio dentro do prazo legal, ocorrerd a sua exoneracio, Pelo Cédigo Civil somente nesta fase havera eventual emancipacao do menor. © observacao: na pratica hd pouca aplicacéio deste dispositivo, pois os editais de concursos pliblicos exigem que o candidato tenha, no minimo, 18 anos completo e, nesse caso, ele jé seria capaz pela idade. 5) Pela colacdo de grau em curso de ensino superior — também hd pouca aplicacdo pratica devido as particularidades de nosso sistema de ensino. Cuidado com as expressées (erradas): colagio em grau em curso de ensino médio, estar cursando faculdade, etc 6) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existéncia de relagéo de emprego, desde que em funcao deles, 0 menor tenha economia prépria — é necessério que 0 menor tenha no minimo 16 anos completos, pois revela certo amadurecimento. Depois ele deve se estabelecer civil ou comercialmente. Finalmente que, em fungéo disso, receba renda suficiente para se manter somente com sua economia propria (independéncia financeira). $6 apés tudo isso é ele ser considerade emancipado. Na pratica ha uma grande dificuldade para se provar essa “economia prépria”. Ex.: pessoa que com 16 anos jé é um artista, expondo obras em galerias mediante remunerac&io; jogador de futebol ou artista de televisdo profissional, etc. Em razdo da dificuldade prética os pais costumam simplesmente emancipar o menor, com base no inciso I. 49 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni © vamos agora fornecer alguns conceitos répidos e quadrinhos para melhor fixar a matéria 9 > Pessoa: é 0 ente fisico ou juridico suscetivel de direitos e obrigagées >» Pessoa natural (ou fisica): 6 0 ser humano, considerado como sujeito de direitos e obrigacdes. > Personalidade Juridica (Civil): aptidéo genérica para adquirir direitos e contrair obrigagbes. > Direitos da Personalidad: direitos subjetivos da pessoa de defender o que Ihe é préprio > Capacidade: medida juridica da personalidade; maior ou menor extensdo dos direito de uma pessoa. >» Incapacidade: restric&o legal ao exercicio de atos da vida civil. Divide-se em absoluta e relativa >» Cessacio da Incapacidade: quando o menor atinge 18 anos e pela emancipagao. > Emancipagao: formas de se adquirir a capacidade civil plena antes da maioridade. INCAPACIDADE ABSOLUTA (art. 3°, CC) RELATIVA (art. 4°, CC) 1, Menores de 16 anos. 1. Maiores de 16 e menores de 18 2. Enfermidade ou deficiéncia mental] 2795 sem discernimento para a pratica de] 2. Ebrios habituais, viciados em téxico atos. e deficiéncia mental (discernimento 3. Nao puderem exprimir a vontade,| "eduzide) mesmo que por causa transitéria. 3. Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. 4, Prédigos EMANCIPACAO (art. 5°, paragrafo tinico, CC) 1. Voluntaria (inciso I, 18 parte): 16 anos completos, por concess&o dos pais (ou sé de um deles na falta do outro), exigindo-se instrumento puiblico, independentemente de homologagao judicial 2. Judicial (inciso 1, 2 parte): 16 anos completos, por sentenga do julz, ouvido © tutor. 3. Legal (incisos II a V/): casamento, exercicio de emprego piblico efetivo, colagéo de grau em curso de ensino superior, estabelecimento civil ou comercial, ou pela existéncia de relacéo de emprego, desde que, em fungdo deles, o menor com 16 anos completos tenha economia prépria. 50 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni REGISTRO e AVERBACAO O Giltimo tépico desta aula diz respeito ao registro. Ele € 0 meio técnico de prova legal do estado da pessoa (registro das pessoas) ou da situacéo dos bens (registro imobilidrio). O registro civil é a instituig&o que tem por objetivo imediato a publicidade dos fatos de interesse das pessoas e da sociedade. Sua fungéio € dar autenticidade, seguranca e eficdcia aos fatos juridicos de maior relevancia para a vida e aos sujeitos de direito. Serve para preservar eventual direito de terceiros; para que estes saibam com quem esto se relacionando (se a pessoa é solteira ou casada; incapaz e interditada ou plenamente capaz, etc.). Na realidade, 0 registro das pessoas naturais 6 um resumo de toda nossa vida, espelhando os fatos jurfdicos relativos & vida em sua dinamica. Segundo o art. 9°, CC devem ser registrados no Registro Publico: * Nascimentos, casamentos e dbitos. * Emancipagao por outorga dos pais ou por sentenga do Juiz. + Interdic&o por incapacidade absoluta ou relativa. + Sentenca declaratéria de auséncia e de morte presumida. A lei também prevé a averbac&o de outros fatos importantes no Registro Publico. Trata-se do art. 10, CC. Lembrando que averbaco, nestes casos, apenas esclarece alguma eventual modificagdo ou complemento no estado de uma pessoa. Vejamos as hipsteses: * Sentengas que decretam a nulidade ou anulagéio do casamento, bem como separaco judicial, restabelecimento da sociedade conjugal (entende parte da doutrina que estes dois Ultimos itens estariam revogados em virtude da EC n° 66/2010; de qualquer forma nao se exige mais a separacao para a efetivacdo do divércio) e divércio. + Atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiasdo. Obs.: 0 dispositivo ainda tinha mais um inciso, que tratava sobre a adocio. Ou seja, a adoc&o era averbada no registro de nascimento. No entanto este item foi revogado, pois a adocéo agora é regulada pelo Estatuto da Crianga e do Adolescente (ECA), sendo que nao é mais feita a averbacéo, mas sim o cancelamento do registro anterior e a abertura de um novo registro. Os dados sobre © processo de adogdo mantém-se sob sigilo, mas ficam armazenados, sendo que sé 0 adotado poderd ter acesso aos mesmos. Vamos dar um exemplo para deixar bem clara a distincéo entre registro € averbacdo. Duas pessoas se casam. Pelo art. 9°, CC deve ser lavrado 0 registro, ou seja, a certiddo de casamento. Posteriormente estas pessoas se divorciam. Pelo art. 10, CC esta situag&o deve ser averbada no proprio registro 5 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL de casamento, pois modifica o registro anterior. Como regra o registro é 0 ato principal e a averbac&o representa um ato secundédrio que modificou o principal. Meus Amigos e Alunos. Apés apresentar a matéria em aula, sempre fago um quadro sinético que é o resumo da matéria dada. Este é um “esqueleto da matéria”. Tem a func&o de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula. A experiéncia nos mostra que este quadro é de suma importancia, pois se aluno conseguir memorizar este quadro, saberé situar a matéria e completé-la de uma forma légica e sequencial. Portanto apés ler todo o ponto, © quadrinho de resumo deve ser também lido e relido, mesmo que o aluno tenha entendido a matéria dada. Esta é mais uma forma de fixagdo da aula. Além disso, é étimo para uma rapida revisdo da matéria as vésperas de uma prova. PESSOA. Todo ente fisico ou juridico suscetivel de direitos e obrigagées. No Brasil temos duas espécies de pessoas: naturais e juridicas. Ambas possuem aptiddo para adquirir direitos e contrair obrigacées (sujeito de direitos). PESSOAS NATURAIS (FISICAS) CONCEITO: é 0 ser humano considerado como sujeito de obrigagdes e direitos, sem qualquer distingdo. Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1°, CC). Para ser pessoa basta existir (estar viva). Abrange: a) personalidade; b) capacidade; ¢) emancipacao. I, PERSONALIDADE: conjunto de caracteres préprios da pessoa, reconhecida pela ordem juridica a alguém; aptidao para adquirir direitos e contrair obrigagdes na ordem civil A) Inicio da Personalidade (corrente ainda majoritéria: natalista): art. 2°, CC nascimento com vida; mas a lei pde a salvo, desde a concepcao, os direitos do hascituro. Nascimento: saida do nascituro para o mundo (no ha necessidade de se cortar o cordao umbilical). Com vida: respiracao. O nascituro (o que esté por nascer) nao tem personalidade juridica material, pois iuridicamente ainda nao é pessoa. Ele possui expectativa de direito (titular de direito eventual). Para o STF 0 embriao in vitro (pré-implantado) néo é pessoa, mas um bem a ser protegido. Cuidado com a expressao natimorto, pois 0 vocabulo possui duplo sentido: aquele que nasceu sem vida ou aquele que veio @ luz, com sinais de vida, mas, logo morreu. B) Individualizagao (atributos da personalidade) 1. Nome: sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece uma pessoa perante a sociedade (arts. 16 a 19 do CC). Caracteristicas: inaliendvel, imprescritivel e personalissimo. Elementos: prenome, patronimico (sobrenome) e agnome (Jtinior, Neto, etc.). A lei protege de forma expressa 0 pseudénimo. Em principio 0 nome ¢é imutdvel, mas a lei permite inimeras excecdes (ex.: 52 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni situagdes vexatérias, erro grafico, homénimo, casamento, mudanga de sexo, etc.). 2. Estado: soma das qualificacSes de uma pessoa, pelas quais esta se identifica na sociedade. Estado individual (maior ou menor, capaz ou incapaz, etc.). Estado politico (brasileiro nato, naturalizado, estrangeiro, etc.). Estado familiar: quanto ao matriménio (solteiro, casado, vilivo, divorciado, etc.); quanto ao parentesco consanguineo (ascendente, descendente, colateral, etc.); quanto & afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc.). Caracteristicas: a) 0 estado é uno e indivisivel; b) indisponivel; bem fora do comércio, inaliendvel e irrenunciavel; ¢) imprescritivel: ndo se adquire ou perde pela prescrigéo. 3. Do (arts. 70 a 78 do CC). Regra basica: local onde a pessoa se presume presente para efeitos de direito (sede juridica de pessoa). Lugar onde se estabelece a residéncia com animo definitivo (art. 70, CC). E domicilio também, quanto as relagdes concernentes a profissdo, onde esta é exercida {art. 72, CC). Elementos: a) objetivo (estabelecimento fisico); b) subjetivo {intenc&o de ali permanecer). Outras regras: a) pluralidade domiciliar: pessoa com diversas residéncias onde alternadamente viva — domicilio seré qualquer delas (art. 71, CC); b) pessoa sem residéncia habitual > domicilio sera o local onde for encontrada (art. 73, CC: domicilio aparente, ocasional ou eventual). Muda-se o domicilio, transferindo a residéncia com a intengdo manifesta (vontade) de o mudar (art. 74, CC). Espécies: 3.1 Domicilio voluntdrio geral: escolhido livremente pela pessoa (pode ser milltiplo). 3.2 Domicilio legal ou necessario (determinado pela lei): incapaz (absoluta ou relativamente), servidor ptiblico, militar, preso e maritimo (art. 76, CC), 3.3 Domicilio voluntério especial: especificados pelas partes nos contratos escritos: a) domicilio contratual (art. 78, CC) que é o local especificado no contrato para o cumprimento das obrigacées dele resultantes; b) domicilio (ou foro) de eleicao ou clausula de elei¢do de foro (previsto no art. 111 do Cédigo de Processo Civil), que & 0 escolhido pelas partes para a propositura de aces relativas as obrigacées. Jurisprudéncia > no se admite o foro de eleicao nos contratos por adesdo quando dificultar os direitos do aderente em comparecer em juizo; considera-se como sendo uma cldusula abusiva e, por isso, nula. 3.4 Agente diplomatico do Brasil citado no estrangeiro poderd ser demandado no Distrito Federal ou no Ultimo ponto do territério brasileiro onde o teve, C) Direitos da Personalidade: sao os direitos individuais (subjetivos) da pessoa de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem, aparéncia ou quaisquer outros aspectos constitutivos da sua identidade. Com excecdo das hipéteses previstas em lei s80 intransmissiveis e irrenuncidveis, nao podendo o seu exercicio sofrer limitagéo voluntéria. Esto previstos nos arts. 11 a 21, CC que ndo exaurem a matéria (so exemplificativos). O Cédigo Civil disciplina: direito a disposicéo ao préprio corpo: arts. 13 e 14, CC; direito & no submissao a tratamento médico de risco: art. 15, CC; direito ao nome e ao pseudénimo: arts. 16 a 19, CC; direito & palavra e imagem: art. 20, CC; direito & privacidade ou intimidade: art. 21, CC. Formas de protecao: a) preventiva; b) reparatéria. D) Fim da Personalidade 53 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni 1. Morte Real com corpo (certidao de ébito: morte encefdlica) ou sem corpo (Justificagao judicial: art. 88 da Lei n° 6.015/73 - Lei de Registros Publicos). 2. Morte Civil: nao existe mais; deixou resquicios no Direito das Sucessées (ex.: indignidade - art. 1.816, CC). 3. Morte Presumida: efeitos patrimoniais e pessoais. Depende de processo judicial. Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicilio sem dar noticia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-Ihe os bens (art. 22, CC). 3.1. Sem decretacéo de auséncia (art. 7°, CC): a) for extremamente provavel a morte de quem estava em perigo de vida; b) pessoa desapareceu em campanha ou feito prisioneiro e nao fol encontrado até dois anos apés o término da guerra. 3.2. Com decretagao de auséncia (art. 6°, CC): processo passa por trés fases (arts. 22 a 39, CC): a) Auséncia (curadoria dos bens do ausente: arts. 22 @ 25): 01 ou 03 anos, arrecada-se os bens que serao administrados por um curador; b) Sucessao Proviséria (arts. 26 a 36, CC): a partilha é feita de forma proviséria; os herdeiros se imitem na posse dos bens do ausente; aguardam-se 10 anos o retorno do ausente; c) Sucessao Definitiva (arts. 37 a 39, CC): na abertura j4 se concede a propriedade plena dos bens e se declara a morte (presumida) do ausente. Seu cénjuge ¢ reputado vilivo. Aguardam-se mais dez anos; d) Fim: apés o decurso deste prazo, encerra-se © processo e 0 ausente, se retornar, nao terd direito a nada. 4. Efeitos da Morte: dissolugdo do vinculo conjugal e do regime matrimonial; extinggo do poder familiar; extingo da obrigacao de prestar alimentos com o falecimento do credor; extingdo dos contratos personalissimos, etc. Por outro lado a vontade do de cujus (falecido) pode sobreviver por meio de um testamento, Além disso, ao cadaver é devido respeito; os militares e os servidores ptiblicos de uma forma geral podem ser promovidos post mortem; permanece 0 direito 4 imagem, a honra, aos direitos autorais, etc, E) Comoriéncia: presungao relativa (juris tantum: que admite prova em contrério) de morte simultanea de duas ou mais pessoas, sempre que nao se puder averiguar quem faleceu em primeiro lugar (art. 8°, CC). Aplica-se 0 instituto sempre que houver uma relacdo de sucessao hereditdria. A consequéncia pratica é que os comorientes néo herdam entre si; néo ha transferéncia de bens e direitos entre eles; um nao sucede 0 outro. II. CAPACIDADE. Aptidao da pessoa para exercer direitos e assumir obrigagées, ou seja, de atuar sozinha perante o complexo das relagdes juridicas. “E a medida da capacidade”: maior ou menor extenséo dos direitos da pessoa. Espécies: a) capacidade de direito (goz0); b) capacidade de fato (exercicio). Quem tem as duas espécies de capacidade tem a capacidade plena. Incapacidade é a restricdo legal ao exercicio dos atos da vida civil. Legitimidade é a exigéncia legal de que o agente ostente condigées juridicas para a pratica de determinados atos; néo afetam a capacidade do agente, mas sim a validade do ato (vender uma casa sem outorga conjugal). A) Capacidade de Direito (ou de gozo): prépria de todo ser humano para adquirir direitos; quem tem personalidade (estd vivo) possui capacidade de direito. B) Capacidade de Fato (ou de exercicio): aptidéo para exercer, por si mesmo, validamente, os atos da vida civil. Subdivide-se em 54 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni 1. Absolutamente Incapazes: proibicio total de exercicio dos atos da vida civil. Hipdteses (art. 3°, CC): a) menores de 16 anos. b) enfermidade ou deficiéncia mental sem discernimento. ¢) mesmo por causa transitéria, ndo puderem exprimir a vontade. 2. Relativamente Incapazes: possibilidade de pratica dos atos da vida civil com assisténcia, Hipdteses (art. 4°, CC): a) maiores de 16 e menores de 18 anos. b) ébrios habituais, viciados em téxico e os que por deficiéncia mental tenham discernimento reduzido. ¢) excepcionais, sem desenvolvimento completo. d) prédigos (os que dissipam seus bens). 3. Cessac&o da Incapacidade (capacidade plena): maioridade (18 anos - art. 5°, caput, CC), levantamento da interdi¢&o, ou emancipacao (art. 5°, parégrafo Unico, CC). Obs. 1: Absolutamente incapazes devem ser representados por seus pais, tutores ou curadores, que irdo praticar 0 ato em nome do incapaz. Caso 0 ato seja praticado sem a devida representagao, seré considerado nulo (art. 166, I, CC) Obs. 2: Relativamente devem ser assistidos por seus pais, tutores ou curadores, que iro assisti-los nos atos da vida civil. Caso 0 ato seja praticado sem assisténcia, sera considerado anulavel (art. 171, 1, CC). Obs. 3: Os indios séo regulados por legislacéo especial (Lei n° 6.001/73 - Estatuto do indio). Os surdos-mudos podem ser plenamente capazes, absoluta ou relativamente incapazes, dependendo da redagao da questo quanto a possibilidade de discernimento e de conseguir se expressar. III. EMANCIPAGAO: aquisicSo da capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando o individuo para todos os atos da vida civil (embora o individuo continue menor). Definitiva e irrevogavel. Art. 5°, pardgrafo nico, CC: a) Voluntaria: concessao dos pais (na falta de um deles, apenas a do outro), por instrumento ptiblico (e no particular), independentemente de homologacao judicial, idade minima: 16 anos. b) Sentenca judicial: conflito de vontades entre os pais; menor sob tutela. c) Legal: casamento: idade nubil (homens ¢ mulheres) > 16 anos; exercicio de emprego pliblico efetivo; colacgo de grau em curso de ensino superior; estabelecimento civil ou comercial ou pela existéncia de relacéo de emprego, com economia prépria —> 16 anos. IV. REGISTRO E AVERBAGAO: prova legal do estado da pessoa. Publicidade, autenticidade, seguranca e eficdcia aos fatos juridicos de maior relevancia para a vida e aos sujeitos de direito. Enquanto o registro visa afirmar ou negar a exist€ncia, estado e capacidade da pessoa, a averbacdo é ato que modifica ou cancela o préprio registro, A) Devem ser registrados (art. 9°, CC): nascimentos, casamentos e dbitos. emancipacao por outorga dos pais ou por sentenca do Juiz. interdic&o por incapacidade absoluta ou relativa. sentenca declaratéria de auséncia e de morte presumida. 55 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni B) Devem ser averbados (art. 10, CC): * sentengas que decretam a nulidade ou anulagéo do casamento, bem como separacdo judicial, restabelecimento da sociedade conjugal e divércio (lembrando que com a edicéo da EC n° 66/2010, nao se exige mais a prévia separacdo previa para a efetivagao do divércio). * atos judiciais ou extrajudiciais que declaram ou reconhecem a filiacdo. Para a elaboracdo desta aula foram consultadas as seguintes obras: DINIZ, Maria Helena - Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva FARIAS, Cristiano Chaves de g ROSENVALD, Nelson - Curso de Direito Civil. Editora JusPODIVM. GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho - Novo Curso de Direito Civil. Editora Saraiva. GOMES, Orlando ~ Direito Civil. Editora Forense. GONGALVES, Carlos Roberto - Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva. MAXIMILIANO, Carlos - Hermenéutica e Aplicagéo do Direito. Editora Freitas Bastos. MONTEIRO, Washington de Barros - Curso de Direito Civil. Editora Saraiva. NERY, Nelson Jr. @ Rosa Maria de Andrade - Cédigo Civil Comentado. Editora Revista dos Tribunais. PEREIRA, Caio Mario da Silva - Instituigdes de Direito Civil. Editora Forense. RODRIGUES, Silvio — Direito Civil. Editora Saraiva. SERPA LOPES, Miguel Maria de - Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos. SILVA, De Placido e - Vocabuldrio Juridico. Editora Forense. VENOSA, Silvio de Salvo - Direito Civil. Editora Atlas. EXERCICIOS COMENTADOS Vamos comegar com algumas questées faceis. Depois vamos “complicando” aos pouces... 01) (FAPEC - Procurador do Municipio de Agua Branca/AL - 2013) Quando se da 0 inicio da PERSONALIDADE? (A) apés a maioridade. (B) com o registro civil. (C) com a respiracdo, sendo irrelevante a ruptura do corddo umbilical ou viabilidade da vida extrauterina. 56 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni (D) quando ainda na condigao de feto. COMENTARIOS. O nascimento de uma crianga ocorre quando ela é separada do ventre materno (parto natural ou por intervengao cirtirgica), mesmo que ainda n&o tenha sido cortado 0 cordéo umbilical. Para adquirir personalidade é necessario que tenha nascido com vida, ou seja, respirado. Segundo a Resolucéio n° 01/88 do Conselho Nacional de Saude, nascer com vida significa repirar, e ter batimentos cardiacos (funcionamento do —_aparelho cardiorrespiratério). E nesse momento que a personalidade civil ter inicio em sua plenitude, com todos os efeitos subsequentes, conforme veremos. Gabarito: “C”. 02) (FCC - TRT/194 Regiao/AL - Analista Judicidrio - 2014) O filho que Joana esté esperando sofre danos fisicos em razio de negligéncia médica durante o pré-natal. 0 filho (A) poder ajuizar ago de indenizag&o t&o logo nasca, pois a lei resguarda os direitos do nascituro e o filho poderé ser representado por seus pais ou representantes legais. (B) n&o poderd ajuizar ac&o de indenizac&o, pois n&o possuia direitos da personalidade quando da ocorréncia dos danos. (C) nao poderd ajuizar ac&o de indenizago, pois 0 Cédigo Civil adota a teoria natalista (D) poderé ajuizar acéo de indenizag&o, mas apenas depois de atingir a maioridade civil. (E) nao podera ajuizar agdo de indenizagéo, pois, embora a lei resguarde os direitos do nascituro, fa-lo-é apenas com relacao ao direito de nascer com vida. COMENTARIOS. Para a banca FCC no ha duividas que 0 Brasil adotou a Teoria Natalista, ou seja, a personalidade somente tem inicio com o nascimento com vida (trata-se da primeira parte do art. 2°, CC), Portanto, o filho de Joana poderé propor tao logo nasca. Mas indaga-se: como o filho que Joana esta esperando sofreu danos fisicos antes de nascer, teré ele legitimidade de propor essa acdo? A resposta vem na segunda parte do mesmo art. 2°, CC: a lei poe a salvo, desde a concepsiio, os direitos do nascituro. Portanto antes de nascer (nascituro) 0 futuro filho de Joana jé possui direitos resquardados que poderdo ser exercides logo que nasga. Assim, as lesdes que sofreu quando ainda era nascituro poderao ser objeto de ago to logo nasca. Ocorre que ao nascer seré considerado absolutamente incapaz (menor de 16 anos), portanto, na aco ele iré propor deve ser representado por seus pais. Gabarito: “A”. 03) (FCC - TRE/PE - Analista Judicidrio - 2011) Maria esta gravida de Jo&o, que sofreu um acidente de moto e encontra-se internado no hospital "x" em estado grave. Maria fica com receio sobre os eventuais direitos que o filho que esté em seu ventre possa ter, especialmente sucessérios em relacao a Joao. Assim, Maria procura sua vizinha Sueli que é advogada. Sueli expée a Maria que a personalidade civil da pessoa comesa: (A) da décima segunda semana apés a concepcéo, que comprovada cientificamente, resquarda 0 direito do nascituro. 57 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni (8) da concepg&o, que comprovada cientificamente, resguarda 0 direito do nascituro. (C) do nascimento com vida, sendo que a lei resguarda os direitos do recém- nascido somente apés a constatacao de vida feita pelo obstetra, momento em que este passa a existir no mundo juridico (D) do nascimento com vida, mas que a lei pde a salvo, desde a concepcio, os direitos do nascituro. (E) do nascimento com vida, sendo que a lei resguarda os direitos do recém- nascido somente apés o registro civil de nascimento deste no cartério competente. COMENTARIOS. Apesar da quest&o ter contado uma “historinha” comovente, a resposta é muito simples. Determina o art. 2°, CC que “a personalidade civil da pessoa comeca do nascimento com vida; mas a lei pde a salvo, desde a concepgio, os direitos do nascituro”. Ou seja, se Jodo falecer antes que o filho de Maria nasca, este filho (por enquanto o chamamos apenas de “nascituro”, ou seja, 0 que esta para nascer), jé tem direitos resguardados. No entanto é necessdrio aguardar que ele nasca. Se nascer com vida terd direito 4 eventual heranca de Jodo, de forma retroativa, desde sua concepcao. Se a crianca nascer morta, ndo chegou a ter personalidade e, portanto, nada herdard. A letra “a” esta errada, pois néo é necessério aguardar 12 semanas de gestac&o; a letra “b" esta errada, pois a personalidade ndo se inicia com a concepcéo; esta apenas resguarda eventuais direitos. A letra “c” esté errada, pois no é necessdria “a constatacdo feita pelo obstetra” e também nao é neste momento que © nascituro passa a existir no mundo juridico. Finalmente a letra "e” esta errada, pois ndo 6 com o registro que iré se resguardar os direitos do recém- nascido. Gabarito: “D”. 04) (FCC - MPE/CE - Técnico Ministerial - 2013) Para 0 Cédigo Civil brasileiro, a personalidade (A) 6 extensivel aos animais. (8) extingue-se quando a pessoa, mesmo que por causa transitéria, nao puder exprimir sua vontade. (C) inicia-se com o nascimento com vida. (D) é atributo exclusive das pessoas fisicas. (E) abrange, para todos os efeitos, o nascituro. COMENTARIOS. A letra “a” estd errada, pois somente as pessoas (naturais ou juridicas) possuem personalidade civil. A letra “b” esté errada, pois se uma pessoa nao puder exprimir sua vontade (ainda que por causa transitéria) é hipdtese de incapacidade de fato ou de exercicio (e n&o extingdo da personalidade, que se dé com a morte). A letra “c” esta correta conforme dispde a primeira parte do art. 2°, CC: A personalidade civil da pessoa comeca do nascimento com vida (...). A letra “d” esta errada, pois as pessoas juridicas também possuem personalidade. A letra “e” estd errada, pois o nascituro ndo tem personalidade; ele ainda néo pode ser considerado como pessoa, pois 58 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni possui apenas expectativa de vida. Obs.: esta questao deixa claro que a FCC adotou a teoria natalista acerca do inicio da personalidade. Gabarito: “C”. 05) (FCC - TST ~ Analista Ju io - 2012) & CORRETO afirmar que (A) no existe hipdtese de comoriéncia em nosso direito civil. (B) 0s nascituros n&o tém direitos reconhecidos pela lei antes de seu nascimento com vida. (C) todo ser humano pode exercer pessoalmente sua capacidade para os atos da vida civil, sem ressalvas. (D) a morte presumida sé seré declarada, em nosso Direito Civil, com a decretacéio da auséncia da pessoa. (E) a existéncia da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucesso definitiva. COMENTARIOS. A letra “a” esta errada, pois o art. 8°, CC faz mengao expressa a comoriéncia. Trata-se do instituto pelo qual se considera que duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que nao se puder averiguar qual delas morreu primeiro; é também chamada de morte simulténea, sendo hipétese de presungao relativa (juris tantum), ou seja, que admite prova em contrario. A letra “b” esta errada, pois a parte final do art. 2°, CC estabelece que “a lei pée a salvo, desde a concepgo, os direitos do nascituro”. A letra “c” esta errada. Todo ser humano é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1°, CC). No entanto nem todas as pessoas podem exercer esses direitos pessoalmente, pois podem Ihes faltar a chamada capacidade de fato ou exercicio. Os arts. 3° e 4° estabelecem as limitacdes & capacidade de exercer pessoalmente os atos da vida civil. A letra “d” esta errada, pois o art. 7°, CC, prevé situagdes em que a morte presumida pode ser declarada sem que haja a decretagéo de auséncia da pessoa. A letra “e” esté correta nos exatos termos do art. 6°, CC. Gabarito: “E”. 06) (Universidade Federal do Ceara - Estagiério de Direito - 2013) Segundo o Cédigo Civil brasileiro, pode-se afirmar que: (A) inexiste situag&o de comoriéncia em nosso direito civil. (B) a morte presumida sé seré declarada com a decretacéo da auséncia da pessoa. (C) 0s nascituros n&o tém direitos reconhecidos pela lei antes de seu nascimento com vida. (D) qualquer ser humano pode exercer pessoalmente sua capacidade para os atos da vida civil, sem ressalvas. (E) presume-se o término da existéncia da pessoa natural, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessdo definitiva. COMENTARIOS. Embora a questao anterior tenha sido aplicada em uma prova realizada em Brasilia (TST) e esta no Cearé, observem como sao semelhantes... até na resposta. Gabarito: “E”. 59 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni 07) (FUNCAB - Delegado de Pol: pode-se afirmar que o nascituro: 1. E considerado juridicamente pelo direito brasileiro pessoa. II, Pode receber doacéio, sem prejuizo do recolhimento do imposto de transmissdo. ia/ES - 2013) Quanto a personalidade, IIL. Pode ser beneficiado por legado e heranca. IV. Tem direito a realizagéio do exame de DNA, para afericéio de paternidade, como decorréncia da protecio que lhe & conferida pelos direitos da personalidade. Esto CORRETAS apenas as afirmativas: (A) Te It (8) le IM. (C) Helv. (D) I, Te lv. (E) Il, We lv. COMENTARIOS. 0 item I esté errado, pois sua redacéio deixa claro que esté se referindo a primeira parte do art. 2°, CC. Assim, como este dispositivo afirma que “a personalidade civil da pessoa comega do nascimento com vida”, podemos concluir que 0 nascituro n&o pode ser considerado como pessoa. Os demais itens est&o corretos, pois se referem & segunda parte do art. 2°, CC: “mas a lei pée a salvo, desde a concepgao, os direitos do nascituro”. Vejamos. O item IZ esta correto, pois é 0 que dispde o art. 542, CC: A doacio feita ao nascituro valera, sendo aceita pelo seu representante legal. E a consequéncia disso é exatamente o recolhimento dos tributos devidos, uma vez que ocorreu o fato gerador. O item III esta correto. Observe-se a redagao do art. 1.798, CC: Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou ja concebidas, no momento da abertura da sucesso. O item IV esté correto, pois como o nascituro tem direito a alimentos (por nao ser justo que a genitora suporte todos os encargos da gestacéio sem a colaboracao econédmica do seu companheiro), cabivel o exame de DNA para se determinar a paternidade, como decorréncia da proteg&o que Ihe & conferida pelos direitos da personalidade. Gabarito: “E” (est&o corretas apenas as assertivas II, III e IV). 08) (FCC - Ministério Publico de Contas do Estado do Mato Grosso ~ Analista de Contas - Direito - 2013) Paulus desapareceu de seu domicilio, encontrando-se em local ignorado. Pedrus, em decorréncia de acidente automobilistico, encontra-se em coma na unidade de terapia intensiva de um hospital. Jesus tem dezessete anos de idade. O Cédigo Civil Brasileiro considera absolutamente incapaz, APENAS (A) Pedrus (8) Paulus. (C) Paulus e Pedrus. (D) Pedrus e Jesus. 60 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni (E) Paulus e Jesus. COMENTARIOS. Atualmente a pessoa que desaparece de seu domicilio (ausente) n&o € considerada como absolutamente incapaz, como era no ordenamento anterior. Assim, nao ha incapacidade de Paulus por auséncia, mas somente a necessidade de se proteger os seus interesses. Institui-se uma curatela dos bens do ausente e n&o da pessoa do ausente. Se uma pessoa se encontra em coma no hospital, evidentemente nao consegue exprimir sua vontade. Desta forma a situagao de Pedrus se encaixa no art. 3°, III, CC: sao absolutamente incapazes os que, mesmo por causa transitéria, ndo puderem exprimir sua vontade. Finalmente, se Jesus possui 17 anos, ele & considerado relativamente incapaz (art. 4°, I, CC) e n&o absolutamente incapaz. Resumindo: somente Pedrus é considerado absolutamente incapaz. Gabarito: “A”. 09) (CONSULPLAN - TRE/MG - Analista Judiciario - Administrativa — 2013) Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Assim dispde o art. 1° do Cédigo Civil. Contudo, embora todas as pessoas tenham capacidade de direito ou de gozo, porque inerente a sua condigo humana, nem todas tém capacidade de fato ou de exercicio, que traduz a aptidao para a pratica pessoal de atos na vida civil. Nessa esteira, sobre a capacidade para os atos da vida civil, 6 CORRETO afirmar que (A) so absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil 0s ébrios habituais, os viciados em toxicos e os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido. (B) sdo absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, os menores de dezoito anos. (C) 0s que, mesmo por causa transitéria, nfo puderem exprimir sua vontade, so relativamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil. (D) so absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. (E) so absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por enfermidade ou deficiéncia mental, ndo tiverem o necessario discernimento para a pratica desses atos. COMENTARIOS. A resposta esté na leitura atenta dos arts. 3° e 4°, CC. A letra “a” esta errada, pois os ébrios habituais, os viciados em téxicos e os que, por deficiéncia_ mental, tenham o discernimento reduzido sao relativamente incapazes (art. 4°, II, CC). A letra “b” esta errada, pois sao absolutamente incapazes os menores de 16 anos (art. 3° I, CC). A letra “c” esté errada, pois as pessoas que nao puderem exprimir sua vontade, ainda que por causa transitéria, so considerados absolutamente incapazes (art. 3°, III, CC). A letra “d" esta errada, pois os excepcionais sem desenvolvimento completo séo relativamente incapazes (art. 4°, III, CC). A letra “e” esta correta (art. art. 3°, II, CC). Gabarito: “E”. 10) (FCC - PGE/BA - Analista da Procuradoria do Estado - 2013) Mario Lima de Oliveira, de dezesseis anos de idade, foi examinado por médico psiquiatra e diagnosticado como esquizofrénico, enfermidade que Ihe 61 ‘www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni retira o necessario discernimento para 0 exercicio pessoal dos atos da vida civil. Em razao disso, Mario é (A) inteiramente capaz, bastando ser assistide por um curador, em razéo de sua idade e enfermidade, para certos atos da vida civil. (B) relativamente incapaz por ndo ter o desenvolvimento mental completo e pela idade. (C) relativamente incapaz pela idade, que prevalece em relacdo ao diagnéstico médico, a ser desconsiderado para efeitos juridicos. (D) relativamente incapaz, tanto pela idade como pela enfermidade diagnosticada. (E) absolutamente incapaz, irrelevante sua idade, em face de sua enfermidade. COMENTARIOS. Mario, sendo portador de doenga que lhe retira o discernimento para 0 exercicio pessoal dos atos da vida civil serd considerado absolutamente incapaz, nos termos do art. 3°, II, CC: Sao absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: (...) 0s que, por enfermidade ou deficiéncia mental, no tiverem o necessario discernimento para a pratica desses atos (alternativas “b”, “c” e “d” erradas). Além disso, deverd ser representado nos atos da vida civil. Gabarito: “E” 11) (FCC - TRT/6* Regido/PE - Técnico Judicidrio - 2012 e Universidade Federal do Ceara — Estagiario de Direito - 2013) Dentre as hipéteses legais, considera-se relativamente incapaz: (A) os que, por enfermidade ou deficiéncia mental, no tiverem o necessério discernimento para a pratica dos atos da vida civil. (B) 0 idoso que contar mais de 70 anos de idade. (C) a pessoa entre 18 e 21 anos de idade. (D) a mulher casada que depender de autorizag&o do marido para vender bem imével. (E) os ébrios habituais, os viciados em téxicos e os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido COMENTARIOS. A relacao das pessoas consideradas relativamente incapazes estd no art. 4°, CC. Na questao, a Unica alternativa que esta neste rol refere-se aos ébrios habituais, viciados em toxicos e os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido. A letra “a” 6 exemplo de absolutamente incapaz. As letras “b” e “c” sao hipdteses de capacidade plena. A letra “d” diz respeito a legitimac3o do ato para a venda de imével (outorga marital) e n&o capacidade. Gabarito: “E” (art. 4°, II, CC) 12) (FCC - TRT 18 Regido/GO - Analista Judiciario - 2013) De acordo com 0 Cédigo Civil, os menores de dezesseis anos (A) possuem personalidade civil e os direitos que dela decorrem, mas so absolutamente incapazes e ndo podem exercer pessoalmente os atos da vida civil 62 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni (8) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e plena capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil (C) n&o possuem personalidade civil (D) possuem personalidade civil, mas nao os direitos que dela decorrem. (E) possuem personalidade civil, os direitos que dela decorrem e capacidade relativa para exercer pessoalmente os atos da vide civil. COMENTARIOS. Se a pessoa nasceu viva, adquiriu a personalidade civil e os direitos dela decorrentes (capacidade de gozo ou de direito), nos termos dos arts. 1° e 2°, CC (toda pessoa € capaz de direitos e deveres na ordem civil; a personalidade civil da pessoa comeca do nascimento com vida). No entanto por ser menor de 16 anos é considerado, sob o ponto de vista da capacidade de fato ou de exercicio, absolutamente incapaz (art. 3°, I, CC: S& absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I. os menores de dezesseis anos), devendo ser representados, sob pena de nulidade dos atos praticados. Gabarito: “A”, 13) (COPESE/UFT — DPE/TO ~ Analista em Gestao ~ Ciéncias Juridicas — 2013) Conforme o estabelecido no Cédigo Civil Brasileiro, assinale a alternativa CORRETA: 1. Sao absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, mesmo por causa transitéria, ndo puderem exprimir sua vontade. II. Sao incapazes, relativamente a certos atos, ou a maneira de os exercer, os ébrios habituais, os viciados em téxicos, e os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido. III. S80 absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os prédigos. IV. Séo absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. Marque a opcéo CORRETA: (A) apenas os itens I e II est&o corretos. (B) apenas os itens III e IV estao corretos. (C) apenas os itens I ¢ III esto corretos. (D) apenas os itens II ¢ IV esto corretos. COMENTARIOS. 0 item I esta correto, pois estabelece o art. 3°, III, CC: Séo absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: (...) III. os que, mesmo por causa transitéria, nao puderem exprimir sua vontade. O item II esta correto nos termos do art. 4°, II, CC: Sao incapazes, relativamente a certos atos, ou a maneira de os exercer: (...) II. os ébrios habituais, os viciados em téxicos, e os que, por deficiéncia mental, tenham o discernimento reduzido. O item III esta errado, pois os prédigos so relativamente incapazes (art. 4°, IV, CC). O item IV esté errado, pois os excepcionais sem 63 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni desenvolvimento mental completo também s&o relativamente incapazes (art. 4°, II, CC). Gabarito: “A” (apenas os itens I € II estao corretos). 14) (FCC - TRF/32 Regido - Técnico Judicidrio - 2014) Cleiton & estudante de direito. Atualmente estuda o tépico do Cédigo Civil brasileiro “das pessoas”: Para enriquecer 0 seu estudo, Cleiton conversou com seu professor de Direito Civil que Ihe trouxe a seguinte situacao hipotética a respeito da incapacidade civil: Marcos, Simone e Valéria so irm&os e primos de Gabriel e Soraya. Atualmente a situago da familia é delicada. Em razéo de um afogamento na praia de Pitangueiras, na cidade do Guarujd, Marcos, vinte anos de idade, transitoriamente, nao pode exprimir a sua vontade. Valéria dezessete anos de idade e Simone quinze anos, nao trabalham, apenas sao estudantes. Gabriel, com quarenta anos de idade, & prédigo causando problemas para seus familiares. De acordo com o Cédigo Civil brasileiro, Cleiton devera responder para o seu professor que sdo absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, apenas (A) Simone, Marcos e Gabriel. (8) Simone e Marcos. (C) Simone e Valéria. (D) Marcos e Gabriel. (E) Simone e Gabriel. COMENTARIOS. Marcos embora tenha 20 anos, nao pode exprimir sua vontade de forma transitéria. Por tal motivo deve ser considerado absolutamente incapaz (art. 3°, III, CC). Valéria por ter 17 anos é relativamente incapaz (art. 4°, I, CC). Jé Simone, com 15 anos é absoltamente incapaz (art. 3°, I, CC). Gabriel, sendo prédigo, também é considerado relativamente incapaz (art. 4°, IV, CC). Gabarit (somente Simone e Marcos sao absolutamente incapazes). 15) (FCC - Companhia do Metropolitano de Séo Paulo - METRO - Advogado - 2014) No vagao X do trem W da linha vermelha do metré estdo diversas pessoas, que ndo se conhecem e buscam destinos diversos e objetivos incomuns. Entre elas esté Maria, com quinze anos de idade; Emerson, com trinta anos de idade, que em razdo de um derrame cerebral ndo pode, momentaneamente, exprimir a sua vontade; Duda, com vinte anos de idade, excepcional sem desenvolvimento mental completo, e Breno, dezessete anos de De acordo com 0 Cédigo Civil brasileiro, com relacéo as pessoas nadas, sdo incapazes, relativamente a certos atos, ou 4 maneira de os exercer (A) Maria e Emerson, apenas (B) Duda, Emerson e Breno. (C) Duda e Breno, apenas (D) Duda e Emerson, apenas. (E) Maria e Breno, apenas. COMENTARIOS. Maria é absolutamente incapaz (art. 3°, I, CC: os menores de 16 anos). Emerson € absolutamente incapaz (art. 3°, III: os que, mesmo por 64 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR AUXILAR JUDICIARIO — TJ/PA = DIREITO CIVIL oni causa transitéria, no puder exprimir sua vontade). Duda é relativamente incapaz (art. 4°, III, CC: excepcional sem desenvolvimento mental completo). Breno é relativamente incapaz (art. 4°, I, CC: maior de 16 e menor de 18 anos). Gabarito: “C” (Duda e Breno). 16) (FCC — AL/RN ~ Analista Administrative - 2013) Mario, quinze anos de idade, vendeu sua bicicleta para Joao, publicitdrio, que pagou o preco solicitado a vista. Barbara, dezessete anos de idade, vendeu um par de brincos de ouro e pérolas para Margarida, arquiteta de interiores. Bruno, dezenove anos de idade, n&o pode, de forma transitéria, manifestar sua vontade; ainda assim doou seu anel de grau para o amigo Paulo, corretor de seguros. Nestes casos, em regra, os negécios juridicos celebrados por Mario, Barbara e Bruno, sao, respectivamente, (A) anuldvel, anulével e nulo. (8) nulo, anulavel e anuldvel. (C) nulo, nulo e anulavel. (D) nulo, nulo e nulo. (E) nulo, anuldvel e nulo. COMENTARIOS. A primeira situag&o é nula, pois o vendedor Mario é absolutamente incapaz (art. 3°, I combinado com o art. 166, I, CC). A segunda situag&o é anuldvel, pois a vendedora Barbara é relativamente incapaz (art. 4°, I, combinado com o art. 171, I, CC). A terceira situag&o é nula, pois Bruno é absolutamente incapaz (art. 3°, III, combinado com o art. 166, I, CC). Gabarito: “E” (nulo, anulavel, nulo). 17) (FCC - TRT/114 Regido/AM e RR - Técnico Judicidrio - 2012) Cessa a incapacidade para os menores (A) somente pelo casamento. (B) pelo exercicio de cargo ptiblico de provimento em comisséo. (C) com 14 anos completos, se tiver emprego, ainda que como aprendiz, mas desde que tenha economia prépria. (D) somente pela emancipacéo concedida pelos pais e desde que homologada pelo Juiz. (E) pela existéncia de relacio de emprego, desde que, em funcdo dele, o menor com 16 anos completos tenha economia prépria. COMENTARIOS. A letra “a” esta errada pela expressdo “somente”, 0 mesmo ocorrendo com a letra "d” (esta alternativa também esté errada, pois néo é necessaria a homologacao judicial). A letra "b” esté errada, pois 0 correto é 0 exercicio de emprego piiblico efetivo. A letra “c” esta errada, pois a idade minima é 16 anos. Gabarito: “E” (art. 5°, pardgrafo tinico, inciso V, CC) 18) (FCC - TRT/112 Regido/AM e RR ~ Técnico Judiciério ~ 2012) Joana possui dezesseis anos e cinco meses de idade. Seu pai ¢ falecido e sua mae, Jaqueline, pretende tornd-la capaz para exercicio dos atos da vida civil. De acordo com o Cédigo Civil brasileiro, cessaré a incapacidade de Joana 65 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR

Das könnte Ihnen auch gefallen