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Descartes e seu Liliana Souza de Oliveira Académica do Curso de Filosotia da UFSM Este artigo pretende se inscrever na discussao cartesiana acerca da constituicao do sujeito mo- derno bem camo de sua importancia para a filosofia modema. A relevancia deste artigo consisie em esclarecer em que modida a duvida cartesiana permite a descoberta do sujeito modemo & de sua importancia para as discussGes filossticas da modernidade. A discussao que ora s¢ co- loca, permite © esclarecimento de algumas quest6es que nortearam as formulagdes cartesianas '8 que podem contribuir para uma melhor compreensio da no¢da de sujeito, diivida; sujetto:tlosotia moderna, This article intends to adrees it self in the cartesian discution about the constitution of the modem subject as well as his importance for the modern philosophy. The amdunt of this article is to make if the cartesian doubt allows to discover the modern subject and his importance for the Philosophycal discutions of modernity. This discussion allows the elucidation of some matters that will guide the cartesians formulations in orther to help, Far a better understanding of the nation of subject doubt ; subject ; modem philosophy. "Este artigo foi elaborado.a partir dos resultados da pesquisa financiada pelo PIBIC-CNPq/98, sob orientagio do Prof. Ms, Alberinho Gallina Tezae distingo, © projeto cartesiano pro- cura estender o modelo matemético aos demais campos de conhecimento, O Dis» curse do Método pretende explicitar no gue consistiriam estay regras que con= duziriam o espirito uo verdadeiro saber. Qmétado consiste em: primeira, nada ad- :mitir que nd seja absolutamente eviden- te: segundo, dividir cada uma das difi culdades em tantas parcelas quanto con- venha para methor ay resolver: tereeira, conduzir por ordem os nossos pensamen tos, indo do mais simples ao mais com- plexo:¢ por dltima, fazerenumeragdies ¢ s tho gerais de mado a nak ‘quecer. Podemos observar que através ‘da matemitica conseguimios verificar sua aplicagio, devido A certeza que & dada pela evidéncia ¢ & ordem das eadeias de razdes, Através do modelo adotade nos mostra que “é preciso fundar uma ci cia do certo a partir do modelo da mate- itica e, para isso, rejeitar tudo 0 que nao é certo, até que seja deseaberta uma primeira ¢ fundamental evidencia” {ALQUIE, 1986, p.64), que @ modelo matematico € aquele que sarante sua verdade pols evidéneia, s6 poderemoy considerar verdadeiro aquilo que <2 apresenta para nds de forma cli fae distinta, No entanto, a necessidade metédica da divvidaexige que esta atinja também os conhecimentos mutemat ‘pois o conhecimente matensético foi pre- cisamente aquele que mostrau, no decor ret do exume a que todos foram subme- tidos. um grau de evidéncia capa de re- sistir naturalmente a divida” (LEOPOLDO E SILVA, 1993, p. Mas, para que a diivida atinja o modelo matematico € necessario que esta div da seja radicalizada a ponte de conce- bermos a possibilidade de nos enganar- ‘mos em nossos préprios caleulos, Esta é 4 razdo pela qual “no Discurso de Mé todo Descartes se contents com esta solugdo, Veremos que nay Medlizagies Metafisicas a divide acerca da mate~ mitica serd justifieada de outra mancira, pois 0 Faco sed 4 existéncia em geral, ¢ Se accitarmos no apenas 4 matemética” (LEOPOLDO E SILVA, 1993, p.33), Podemos obser- var que para Franklin Leopoldo ¢ Silva. a dvida se apresenta ora como uma d= vida metodolégica ora come uma divida metafisica, pois, enquanta no Discurso € “metodica- mente necessario colocar tudo em diivida”™ para que. duvide otinja © modelo matematico 6 neces- sdrio que esta divida seja (LEOPOLDO E SILVA, 1993, p.3%), mas Medira- 8e5 © que se coloca come problema éa existénciaem eral. Assim, para Franklin radicolizada © ponte de can- cebermos a possibilidade de nos enganermos em nossos préprios edleulos. Leopoldo e Silva.0 Bisewr- so trata resumidamente de temas metafisicos onde apresenta, posterior memtc a metafisica inteiramente desen= volvida nas Mediragées, Entretanto, & importante salientarmos que ha divergér cia entee os comentadores quanto a apre- sentagao de temay metafisicos no Dis- curso, pois alguns entendem que por se tratar de uma obra metodolgica, esta no trata de questdes metafisicas, Para Gilson, nose trata de duas dGvidas de naturezay distintas, mas a mesina divida (metédica) que sera desenvolvida de forma mais ampla nas Mediragdes, Esta posigio € revelada na seguinte afirmacio: AS Meditagies metafisicas acrescentam 0 argumento hiperbilico.chamado do* maligno”: nada nos impede de imaginar que o autor da nossa nnatureza sejaum genio maligno © enganador. que nos tenha ceriado de tal moda que nunca possamos descobrir a verdade, mesmo quando pensamos té-la eaptado coma maior evidéncia. “Descartes abrevia © atenua imtencionalmente as razbes de duvidar , no Discurso, porque esta obra etd eserita em linguagem vulgar, © seria i MODENA 71 Seu panto de partida 0 divide, e esta consiste no suspensdo de todo e qualquer afirmacdo, 0 que ela um modo de cbier faz d certezas, imprudente pr assim um insteumento tho perigoso cama a divida nas mios de toda a gente. (GILSON in: Descartes, 1986, p.74, now 5) Como se na Meditayie, Peimeira houvesse uma ampliagio do processo de duvidar iniciado no Diseurso do Metode. Ima ver que neste s6 estaria apresentada uma preacupagio puramente clentifiea e, portanto, uma divide puramente metodoldgica. Neste sentide, podemos conceber uma muclangade grau ma divida e nda necessariamente uma mudanca de natureza. Mas a0 que parece, bi diferentes mangiras de taiar a problemdtica da davida, mesmo para os ‘que concebem uma distingao entre as obras (Discurso do Método ¢ Meditagdes}. Algui¢ afitmaque a divida das Meditagoes esti direcionadas 4 existéncia, E importante analisarmos esta concepgao pais a decisio sobre a natreza da diivida conduz para uma interpretagao distinta acerea do sujeito da conhecimento, Alquié também susteata que hi dois tipos de ddyida: a duvide metodolégica © a divida metatisiva, sendo que estas se- riam de muturezas diferentes, Assim, adiivida do Discurso se propde apenas aexplicitar o fun. cionamento da ciéneia, sem ne- rnhurna preocupaciio ontoliigiea, €¢ por isso que ele “forma uma $6 coisa com o métade som a siéneia, (4) A dhivida da Me- ditagio Primeira diere assim sla do Discurse pelo seu objeto, Coloa uni problems ontolégico e pae em causa, logo a partida, a propria existencia de mundo exterior" (SLQUIE, 1986, p.68). Ora, dizer que existe ums preosupagae ontolégica bem como um questionamente sobre aexisténeia do mundo em altima instineta, perguntar sobre 9 ser das eoi- sas, Nesse sentido, a divide assume urna perspectiva de abertira, permitindd que ‘© conhecimento se amplic através da per: ‘gunt ontolégica e mio mais puramente cientifica. Isto, segundo Alquié, carac- teriza-se pela natureza da divida, natu- reza ontalégica endo mais metodoldg Para Alquig. nas MeditacSes a davida assume nova perspectiva, assim, quando Descartes diz: “por exemplo, que eu es- icja aqui. sentado junto ao fogo, vestide com um chambre, tendo este pape! entre ay mos ¢ outras coisas desta nawureza” (DESCARTES, 1988. 1, §4. p.18), ele deixa de pensar come um pure sbi, pois “um sabio naa se interroga sobre se esti ‘ou nao sentado junto do fogo ou se 0 seu corpo Ihe pertence. Essas questdes si0 existenciais” (ALQUIE, 1986, p.69. Aqui. Alquié procura distinguir a divida do Discurso da divida das Meditardes mediante este exemplo, pois, segundo ele, Descartes deixa de pensar como um ci- entista © passa a ser um TilGsofo. wma ver que “reflete sobre a ciéncia, ¢, para isso, sai daciéneiae considera-a a partir de fora; atinge uma reflexi propriamen- te metafisica” (ALQUIE, 1986. p.72). Descartes através do seu exemplo per mite apresentar as condigées metafisicas da ciéncia possivel. Franklin Leopoldo ¢ Silva afirma que ha tr8s momentos da divide cartesiana, a saber, metddica, natural e metafisica, As divides me tural Se apresentam tanto ne Discurso quanto nas Meditacdes, sendo que a du vida metddica cansiste na postura que Descartes assume para rejeitar as anti- {Bas opinides e “estabelecer algo de fire me ¢ de comstante nas ciéncias” (DES- CARTES. 1988.1, 81, p.17), Como ve- ‘mos na quanta parte do Discurso, quan do diz”... pensei que era forgaso que eu (a) fejeitasse, como absolutamente fal. sso, tudo aquilo em que pudesse imaginar menor divida, a fim de ver se. depois disso, no ficaria alguma coisa na minha, erenga, que fosse inteiramente indubitavel” (DESCARTES, 1979, p.73), Ou ainda, ~ ‘ent necessiirio tentar seria: mente, uma vez em minha vida, desta zer-me de todas as opinises a que até entfio dera crédito, © comecar tudo no- vyamente desde os fundamemtos, se qui- sesse estabelecer algo de firme © de constamte mis cigncias" (DESCARTES, 1988, 1, §1. p17). Descartes demonstra come a rejeigio das opinides que este _jam sujeitas ao menor motivo de divida poder servir para encontrar a base ina- baldvel sobre a qual se desenvolvera todo Seu ponto de partida é a divide, € esta consiste ma cuspensio de toda e qualquer afirmagie, 0 que faz dela um ‘mogla de obter certezas. Enquanto que a daivida natural reeairia sobee os sentidos, assim, quande diz “tudo 0 que reeebi. ate Dresentemente, como 9 mais verdadetro seguro, aprendi-0-dos sentidos ou pelos sentidos: ora, expesimentel algumas vezes que esses semtidos eram enganosos, ¢ é de prudéncia nunca se fiar inteiramente em quem jé nos enganou uma vez" (DESCARTES, 1988, 1, § 3, p17), Descartes nos indica 0 quanto ox sentidos so enganosos e, partanto, no servem para legitimar 0 que busca, 0 primeiro principio, Primeiro, Descartes ejeita 0 conhiecimento obtide por imtermédio dos nossos sentidos, suspende todo conteddoapresentado pelos sentidos uma ver que esses eram Aqui & imporiante Descarte salientar que no questiona a existéncia do mundo ou das coisas materiais emi si mesmas, mas 0 acesse ap mundo, a nosso conhecimento de mundo material, ja que 9s conhecimentos obtidos mediante ossos sentidos so postos em duvida Ora, dizer que Descartes. que nosso acesso uo mundo, é dizer que este questiona a pela qual comhecemos ou temas acesso a este, E, finalmente, » diavida metafisiea que se presenta somente nas. Meditacdes, pois 4 divida do Disewrse nio tem uma preocupagio ontoldgica, Esta se dit quando estende a divide a toda e «qualquer representagao independente do rau e do vinculo que esta mantém com as coisas externas. Tanto nas Meditaydes quant no Désewrso a divide presenta suas ruzies pois “em Descartes, a dulvida nao € ja- ‘mais arbitrdria, efa 56 6 real ou relevante se existirem razes fundamentadas ou plausivers de duyidas” (LANDIM, 1992, p.107), Assim, sua estratégia para impor 0 método da divida ‘eansiste em fazer eorresponder para.cada opinigo antiga, uma razio para duvidar. Ainda que surja “sempre uma ‘nova erenga que parece escapar as ra 2bes de duvidar. Avangu-se assim na hi- cerarquin ou estdgio do processo da divi- da nao pela rejeicio das razoes de duvi- dar, mas pela descoherta de certas gas” que no foram ainda postas em ‘questio” (LANDIM, 1992, p.27). Assim, © primeiro estigio da d vida consiste em duvidar dos sentidos ou “wudo @ que reeebi (..) dos sentidos ow pelos sentidos” ainda que seja quase im- possivel duvidar de experiéncias muito proximas ¢ de intensidade sensivel. “Por ‘exermplo, que ew esteja aqui sentado jun- lo 46 Fog, vestido com um chambre ten- Jo este papel entre as mio © outras coi sas desta natureza” ( DESCARTES, 1988, L $4, p18), ‘Cossuta entende que: 1...) @ andlise se desenrola 10 proprio imerior da consciancia, a fungdo auto referencial permitinds juntar feito de presenga, de realida- de e efits se verdage, A avto- referoncta & autofundadora: jssim, a posigde simultinea do dadolestado de conseiéneia) & do ate que incide nele ¢duvida) permitirio uma perda progres sina do real (nas) tenkio mais ‘ocesso 0 este. izer que Descartes uestiona © nosso acesso go mundo, é dizer que este questiona.o maneira pela qual conhecemos ou femos 73 em mundo pereebide-nem €or po) irvedutivet ser-pens até que surja a I jeito, validads p 8 ie w colo ("eu pense, eu sou”) (COSSETA, 1994. p88 Pury Cossuta, a0 O arguments do Deus Engonador invalide as iddios cloras e disfintas e, consequentemente, a evidéncia, Para colocar a prépria capacidade da razéo em duvida, tem-se 0 necessidade de recorrer o alge fora da razéo, a saber, o Deus todo poderoso. sentidos nie distinguimos se estamos afirmar 4 fungi0 aute- referencial da conscién- cia, a qual se pretende como uma atividade de- senyol ida no interior da conscigneia, esta nao presenta nenhuma exis- pensamen- Através do exem- plo dado por Descartes, observamos que pelos hando ow acordados ¢, se é possivel cestarmos sonhande, ent, uum petsamen- to 120 simples como o de “estar sentade junto ao fogo" poder ser posto em divi- dda, Porém, estas “coisas que nes sia re> presentadas durante 0 sono So como quadros e pinturas, que nie podem ser formados senio semethanga de algo real ¢ verdadeiro” (DESCARTES. 1988, 1.86, p18). ou seja, so compostas por elementos extrafdos da realidade. Con tudo, as coisas representadas podem ser imaginarias ¢ irreais. Para sairmos des- te nivel da divida, para sabermos se estamoy acordados oul sonhando, pode~ mos recorrer aos sentidos. ou a algo que Se upresente no interior de proprio pro- blema. Ora, Descartes insiste em que os 3 sentides no informam nada de certo. No entanto, mesmo que ct estcia sonhando - ‘nao poss por em davida os componen- tes de minha representagio tais como: extensio, grandeza, nimero, a saber, as rnaturezas simples, Assim, a Geometria © 8 Aritmética enquanta objetos mate <5 maéticos, que tratam das coisas mais sim- 74 eevee Sem ples © gerais. comtém alge de eerto © indubitivel. independemtemente de serem Imaginades, Neste caso Slo sempre ver acc A divida se radicaliza progressivamemte até @ ponte em gue Descurtes invoa i figura de um ser todo powleroso “que pole tudo, € que portinto pode engunar-me, ora ¢ ser-da minha propria vantade que, exasperando a sua desconfianga pela hipétese do génio malicioso, se recusa a julgar © tem por falso tudo o que se Ihe apresenta (ALQUIE, 1986, 9.71). hipdtese de um Deus Enganador', um Deus que tado pode e que por ser onipotente pode fazer com que todas as vezes que adiciono dois mais tres eu -me engane. Com o argumento do Deus Enganador, Descartes suspende ax certezay matemticas & medida que pieem dkivida nossa capacidade de adictonar. Assim, 0 que ¢ posto em diivida ¢ a certeza da ‘nossa capacidade de realizar aperagses mentais, ot seja, 0 propria fancionamento dda rardo. A divida apora€ universalizada impondo uma suspensio de todos meus Ccontetidos mental, A possibilidace deste Deus Enganadorme impede de conferir realidade plena.ao que ext representado nas distintas, principalmente ay __entidades ‘matemiticas” (LEOPOLDO E SILWA. 1993, p.59). O argumento do Deus Enganador invalida as idéiay claras distintay e, conseqiientemente, a evidencia, Para colocar a pripria capacidade da razio em divida, tense anecessidade de reeorrer a algo fora da raaio, a saber, o Deus todo paderoso, idgias claras e Assim, Descartes imaging om “certo génio maligno, no menos urdiloso. @ enganador do que poderaso. que empregou toda a sua inddstria em engunur-me” (DESCARTES, 1988, | S12. p.20), Através deste artificio, a vida é radiealizada a ponte de colocar em ddvida ndo S60 acesso as comsas exteriones, ja que mio se tem garan de que as experincias na sejam apenas quimeras, mas atinge também a certeza acerea daquelas idéias que si dependem da razio. Assim, Descartes estabelece que nenhurna realidade exterior poderia ser conhecida ou atingida com certeza, Segundo Franklin Leopoldo § Descartes neo se comtenta em abalar as certezas sensiveis: ele invalida o fundamento sensivel do conhecimento, acerteza das certezas materiais, O que resta pos a divida cartestana nao € somente a desconfianga em relagdo as vertades adquiridus: 0 vazio que se segue & destruigii sistemdtiea de todas fs certezas por via da eecuse dos procedimentos pelos quis essas eertezas foram adquiridas { LEOPOLDO E SILVA, 1993, pda). Dizer que_hd “recusa dos proce- dimentos pelos quais estas certezas fo- ram adquiridas", € dizer que Descartes nfo est questionando a existancis das ‘coisas materials, mas 9 nosso agesse a estas cosas, ham como ox modas pelos quais as conhecemos. “A diivida ‘carlesiana é um instrumenta caja Fungo € mostrar que a questio principal & elucidar os modos de conhecimenta.e naa os contetidos do conhecimento”™ (ALVARENGA, 1991,9.5) Tanto que wo final da primeira me sitagde, quando diz “permanese ei as- tinadamente apegado a esse pensamen- oie Se, por esse mein, nao esté em meu poder chegar a6 conhecimento de qual- ‘quer verdade, ao menos esti ao meu al- ance suspende meu juiza” (DESCAR- TES, 1988, 1 $12. p.20). Descartes sus- pende toda © qualquer afirmacte que apresente o menor motivo de davida Poisacredita que quanto mais radical for a divida maior a certeza de que © que se © SUEITO Eh 0s impuser serd indubitivel. Descartes acredita que aguilo que resistir a divide extremada poderd servir como primeira principio, constituindo-se como ponte de partida para @ buses do conhecimente propriamente dito, Assim,aconclusio da TMeditagaeen- vole mide em Descartes suspende todo e qualquer dlivida, portun- afirmacdo que apresente © menor fo,nameditagdo motivo de duvida. Pois acredita que seguinte preten- de reconstruir quanto mais radical for a divide conhecimentoa maior a certeza de que o que se im- partir de um Fundamenta se~ puser seré indubitével. Descories acredita que aquilo que resistir a du- procuta “en, vido extremade poderé servir como contrar somen _primeirc principio, constituindo-se te uma coisa como ponto de partida pore a busca que seja certae indubitavel™ ilo rani (DESCARTES, 1988, 11, §2, p.17)-a fim de resgatar a certeza do sujeito do eo: nhecimento e validar os modos pelos quais este conhece Sujeite: "Eu sou, Eu existo” Descartes ao dizer: "mas eu me per: suadi de gue nada existia nor mundo, que no havia nenhum edu, aenhuma terra, es piritoy alguns, nem corpos alguns: no me persuud também, portanto, de que eu no existia? Certamente nao, eu evistia sem livid, se € que eu me persuadi, 0, ape- ‘has, penvei alguma coisa” (DESCAR- TES, 1088. IL. $4.p.23),enquamto sujeitedo ato de duvidar distancta-se do proprio ato, e-assim, consegue distinguir sujeito e ato {enguanio momentos listintos. Estes permi= tem a tomada de consciéncia, ou seja, 0 ato de consciéncia seria justamente este istanciamento que diferencia o sujelto do ato de duvidar. Esta tomada de consciéane inde ato implica que osujeito € eonscien- ede que cle € 0 sujeito do ato de duvidar A partir desta tomada de conscigncia, este sujelto pereebe-se como sujeito do ato de ‘mento propriomente dito 75 mesmo tendo suspendido os juizos acer- duvidar ow pensar, Assim, quando Dese cartes diz: “eu me persuadi de que nada existia no mundo”, evidenciaese tres cx truturas diferentes: a) “en; b) “me per suadi ~ ¢ pensei );.c) "de que nada exis= tia no mundo" (alguma coisa), Assim, primeiramente a atengao recai sobre a “coisa pensada”, no momento seguinte sobre.o ato de pensar, e, num lerceito memento, a atenedo recat sobre 0 sujeito do ate de pensar. Temos rs momentos: consciéncia de alyuma coisa, consciéneia do ato de pensar & ag sijenods ; ato, Esta ca do valor das representagdes, enquan- tomada de to duvida née pede negar que penso, —conseiéncia portanto, a duvide nado mais é do que um modo do pensamento. do ato implica que © sujeito é comsciente de que ele € 0 Sujeite do ato de duvidar. bu seja, a partir desta tomada de eonscigneia, este sujelto pereebe-se como sujeito do ato de duvidar, Sendo gue esta tomada de conseigncia de ser 0 sujeito do ato é apresentada pelo “eu sou, out poderia também ser dito“eu sou aquele que pensa”. Descartes observa ‘que mesmo tendo wma Faculdade que nos induz 40 erro, wsamos nossox pensamentos: “nde hi, pois. dévida algumu de que sou, se ¢le me engana; e. ‘por mais que me engane, nao poder jamais fazer com que eu nada sci ‘enguanto eu pensar ser alguma eois: (DESCARTES, 1988, II. 84. p.24). Segundo Franklin Leopoldo e Silva: percurso pois, o seguinte: tendo suspendide o jufzo acer ex do valor de todas ay repre- ssentagBes, no considera como verdadeira ou real coisa alu» ma daquilo que penso. Mas, enquanto assim procedo, eu mesmo, enquanto pensament me afirmo como tal no proprio exere(cio da diivida, Se a pro- ria divida existe. entioo pen- ssamento. do qual diividaé uma modalidade, existe. e eu mes mo, que duvide, logo pense. nos como ser pensante. Disso ino passe duvidar, pois €a prd= pris diivida que engendra esta constatago (LEOPOLDO E SILVA, 1994. p.52) © que se constata 8 que mesmo tendo suspendido os sutzes acerca do valor das representagSes. enguanto du- vida ndo pode negar gue pensa. portan- to, a dlivida nada mais €do que um modo do pensamento, “De sorts que, pds ter pensade bastante isto e de ter exami ado ewidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir¢ ter por constan te que esta proposigto, eu sou, eu exis to, & necessatiamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a conce- bo em meu espirito” (DESCARTES, 1988, TL, § 4. p.24), Portamo,” € ums contradigao conceher que aquele que pens no existe verdadeiramente ao mesmo temps que pensa” (DESCAR- TES, 1. $7). Aqui, alesta-se um extreito ‘inculo entre pensamento © existénctia, lima ver que, s6 se concebe u existénci enquanto existéncin pensada, ou Seis, a ‘existéncia € afirmada como consequén- ‘ia do pensamento, Disto resulta que a ‘nogdlo-de pensamento-é clementarno sis tema cartesiano, pois 0 ato de pensar & condigao do “eu sou” ou “ew sou pensante™. 0 que significa dizer “eu sow somente um sujeito._pensunte™ (ef LANDIM, 1992, p.44). Esta afirma- sho ¢ incontestivel, pois, no momento que a nego, ainda assim, afieno o pens: memo, “Apenas uma premissit que se rrefira & ago de pensar, elaborada estr tamemte come wma parte de “meditagao’ teri u propriedade de Ser na sua Verda de confirmada pelo proprio ato de a por em duvida” (COTTINGHAM, 1989, p.63), Este cariter de inclubitabilidade do pensamento é que faz com que se infirs fa existéncia do "eu". Assim, enquanto estiver pensando, 0 sujeito do ato de pen- sav no pode deixar de existir, Entretan- 10, € necessério que compreendamos 0 ppensamento enquanto um nogdo primis tiva’, pois nia deriva de outras nogdes podendo ser percebida clara e distintae mente. Estas nogdes primitivas, por nfio dderivarem de outras nodes, indicam que ‘6. que € percebide & um sujeito de atri buigdo (ef, LANDIM, 1992. p.43). As- sim, se © pensamento, enguuanto atributo. exprime o ser da substancia, da ree cogitans, entde, 0 pensamenta é 0 que ceuracteriza a substancia pensante. Por= tanto, “eu sou” foi inferide de “ew pen so”. onde meu ato de pensar € a condi go necesssria para se inferir “eu sou” ‘A certeza da “eu” se di somente “en {quanto penso", mas no hé certeza de que o “eu” exista independemtemeente de ser pensado, Este passo 56 é validado na tereeira meditagao com a prova da ¥e~ racidade divina, O “eu” pode ser conce: bide como existente sem se ter uma in twigdo atual, desde que isto tenha acon: teeide ulguma vez, A provada veracida: de divina valida as intuigbes passudas. desde que elas tenham sido claras e dis timtas. Se pensar ¢ também ter conseiés cia daguilo que ocorre em nés. En pensar € também querer, afirmar, dese- jar. desde que estes diferentes ato nnham uma razao comum, que 0% unit frenle ao sujeito. O pensamento. enquan- loatributo principal de sujsito pensante, Unifie a diversidade dos tos do sujeito, pois, oF alos cogitativos s80 unificados pelo fato de serem ats de consciéneia. dt poderem see referidos & wm mesmo sujeito. Por ter consciéneia dos diferen- Les atas. © sujeito pode considerd-los come seus atos. Justamente pelo sujeito permanecer idémtico a si mesme na di- Nersidade de seus atos & possivel caracterizé-lo como substancia (res cogitans), “portanto, © atributo principal dda res cogirans deve ser caracterizado nao como intelecto puro, mas camo far culdade percepriva (ou intelectiva) que toma o sujelto consciente de seus atos (LANDIM, 1992, p50). Assim, o pen- ‘samento torna 0 sujeito pensante consci- cemte de ser substiineia, ou seja, a n0G30 primitiva “pensamento” permite que 0 sujeito se tome consciente de seus atos. Dizer que "eu sou pensame” ¢ dizer que eu sou um sujeito pensante”, o pens mento € © que saracteriza 0 sujeite pensante pela nica propriedade que afit rma sua existéncia. O “eu existo” refere- ‘Se a um sujeito realmente existente, que tem-como atribute principal, o pensamen- to. Ora, aquilo que tem atributo, € uma coisa, pela fato de poder ser atribulda, pois “e nada no pode tet nenhum atr ‘buto nem propriedades ou qualidades” {DESCARTES.|. § 52), A percepgin de umatribute requer, na sequéncia, aguile 0 qual o atributo pertence ou the & ime rente, Uma yez que “o nada no possut atribuets ou qualidades”, entio, ha algo a quem a atributo deve pertencer. Este algo a quem pertence 0 atributo & a res cogitans ou 0 sujelto que pensa; o "eu" Convém saliemtar que do conbecimento dos diferentes modos de pensar € possi- vel conhecer @ atributo, © pensamento, ‘como sende © quie hai de comum nos di- ferentes mados, ¢ 0 pensamento nos te mete dsubstdneia atributda, a “coisa que pensa”. Assim, conhecer o§ diferentes moulos de pensamento, tais como, que- rer. afiemar, descjar, é ter acesso ao ati buto principal que unifica estes diferen- tes atos do pensamento, Coma a subs: ineia ndo € conhecida em si mesma, so- mente tenhos acesso a ela por meto de seu atributo principal, razao pela qual a substineia ¢ inferida do atribute, 0 pen- samento, Para Descartes © sujeito € en- tendido enguanto aquilo que é idéntico, que permanece, que persiste na diversi- dade dos seus modos. Portante, © sujeito cartesiano passa a ser algo incorporeo, ccujas curacteristicas que o qualificam so 77 a duvide enguanta um modo do pensamento nos revela o pensar como atribute ¢ estes nos indica que hé um sujeito de airibigho de natureza mental ‘Quand falumas que por meio dos modos conhecemos o atributo e que por meio deste conhecemos a substincia, estamos mostrando como, pelo método da divids, chegamos algo certo e indubitivel. Qu se}, a davida enquanto tum modo do-pensamento nos revela 0 Pensir como atribulo © este nos indica {que hai um sujeito de atribuigan. Assim, pereebemos que 0 cogito ¢ conhecide mediante o puro pensar, e que asua fun: damentagiio nfo necessita da extensor ou de qualquer nogdo corporea, © os permite pressupor a exis ‘nein de duas naturezas* distintas, a res cagitans &- res extense, So- ‘mente mediante este voltar-se para mediante a introspocydo, & pas- sivel afirmar a exisigneia do sujeito doconhecimento, Uma vez afirma- da sua existéncia e a existéncia de seus modos, é possivel considerae @ sujeito cartesian como exte pont ceria e indubitavel, sujetto que se torna a con- digo de toda e qualquer representagao, inclusive as representagdes que possibi- fitam a eigncla, Axsim, para que ¥€ pox sa falar em conhecimento & necessirio resgatar a certeza do sujeito do conheci= mento, da mesma forma validar os mo- dos pelos quiais este conhece. Portanto. © sujeito moderna, o sujeito conscien te, que ndo s6 abiém de si o objeto que onhece, mas também @

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