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! Gerard Lebrun vem, com sua obra “O que é o poder”, reafirmar e tentar nos
mostrar que o pensamento “Hobbesiano”, de fato, parece o mais adequado para a
descrição do poder.
! Em diversos momentos, Lebrun nos traz a idéia do Leviatã para a justificação ou
convencimento de que o poder somente se sustenta através da “violência
institucionalizada” do Estado, ou seja, delegamos, ou melhor, cedemos ao Estado o
direito da punição, o direito da coação, o direito que, até outro momento era inerente à
pessoa em face de sua própria soberania. Gerard pensa de forma semelhante a Hobbes,
isso fica claro quando ele mostra acreditar que o indivíduo só respeita a autoridade
porque sabe que uma infração, um desrespeito a uma norma ou determinação por ela
criada, traria uma punição; ele defende ainda que nenhuma organização política, pelo
menos moderna, poderia existir sem haver dominação. Percebemos então, que, embora
exponha na introdução de seu livro não pretender agradar ou desagradar qualquer
ideologia, nos capítulos seguintes, o autor se mostra bem favorável a teoria da Soberania
defendida por Hobbes em detrimento das demais. O autor diz que o indivíduo, no intuito
de sentir-se protegido, delega ao Estado a competência de dirigir a sua vida.
! Hobbes foi leitor de Aristóteles, mas vai contra às idéias deste, de que o homem é
um ser político e social e de que a república seria uma união destes para viverem bem e
em harmonia. Para ele, o homem era, na verdade um ser apolítico e anti-social (o homem
é lobo do homem), assim, defendia que a República (Leviatã) deveria ser instalada com a
finalidade de proteger os homens do estado natural - estado onde a vida seria uma guerra
de todos contra todos, a anarquia de fato, porém, para que isso se concretizasse, seria
necessário que todo os homens abrissem mão de seus direitos e estabelecessem um
contrato garantido pelo soberano, o Estado.
Mesmo defendendo sua tese com argumentos bem alicerçados durante a maior
parte do livro, em alguns momentos, Lebrun, com sua postura radical, parece sair um
pouco do limite da razoabilidade. Inclusive contra críticas muito bem formuladas, ele
tentará, em vão, convencer o seu leitor ser a teoria hobbesiana a mais correta, como cito
no início desta resenha. De qualquer maneira, mesmo acusado de fazer apologia ao
despotismo, Hobbes será defendido firmemente por Lebrun com dois argumentos que,
talvez, não convençam plenamente ao leitor. Para ele, Gerard, os críticos se esquecem
que: “o soberano é, antes de mais nada, a única anti-desordem eficaz possível” e, sendo
assim, tem como obrigação, zelar pela vida boa e cômoda dos súditos e pela sua
segurança. Dessa maneira, caso não satisfaça as exigências mínimas dos indivíduos, ele
não governará por muito tempo. O que podemos entender é que, Lebrun parece não levar
em consideração que, na maioria dos casos, a população não tem a menor idéia dos seus
direitos fundamentais e, sendo assim, não pode reivindica-los ao seu “soberano”.