Sie sind auf Seite 1von 2

http://diplo.uol.com.

br/imprima2544

agosto 2008

LITERATURA

Jean Grosjean, dois poemas


Enquanto a paisagem se reduz ao essencial, estes poemas nos falam dos
movimentos interiores do “eu”, de suas hesitações

Pablo Simpson

La Lueur des jours e Les Vasistas, publicados em 1991 e 2000, são duas
coletâneas de poemas de Jean Grosjean. Tardias, se comparadas com uma
produção poética que se inicia em 1946 com a publicação de Terre du temps. Não
estão nelas os longos versículos claudelianos, tão belos de Élégies ou Apocalypse,
elogiados pelo poeta Philippe Jaccottet, que viu neles um “eu” que avança ferido,
diferentemente da caminhada triunfal de Paul Claudel. Também não se vêem as
numerosas referências bíblicas de Fils de l’homme, para esse poeta católico
conhecido pelas traduções que fez de textos religiosos: O Evangelho de João,
Gênesis, Apocalipse, O Alcorão, ou do teatro grego de Ésquilo e Sófocles. São
livros em que a poesia é aparentemente menor: em poemas breves, em
linguagem simples. A paisagem se reduz ao essencial, embora se constitua como
elemento central do poema. Diz-nos dos movimentos interiores do “eu”, de suas
hesitações. Assim, um heléboro, planta venenosa, insinua-se no segundo poema
aqui reunido, intitulado “Arpejos”. No primeiro, apenas os bois negros em
contraluz com um céu de fim de tarde, para o poeta à espera do julgamento
final.

***

Regarde passer
les heures, les heures.

L’une porte un sabre


l’autre un verre d’eau
aucune le verdict.

Noirs contre le ciel


du soir reviennent
des champs les bœufs.

Un soleil de rebut
roule entre leurs sabots.

***

Observe passar
as horas, as horas.

Uma traz um sabre


outra um copo d’água
nenhuma o veredicto.

Negros contra o céu


da tarde ressurgem
dos campos os bois.

Um sol de refugo

1 de 2 28/8/2008 13:20
http://diplo.uol.com.br/imprima2544

rola em seus cascos.

***

“Arpèges”

L’hirondelle étrenne
l’avril d’un ciel neuf
sans y laisser de sillage.

Ainsi vont nos jours de vie.


Je m’arrête à ton auberge,
à ton ombre.

Je reste à ton ombre


comme un ellébore
avec ses fleurs vertes.

“Arpejos”

A andorinha estréia
o abril de um céu novo
sem deixar esteira.

Assim vão nossos dias de vida.


Eu paro em teu albergue,
à tua sombra.

Fico à tua sombra,


como um heléboro
de flores verdes.

2 de 2 28/8/2008 13:20

Das könnte Ihnen auch gefallen