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Resumo
A atual geração de jovens cidadãos está crescendo em uma época de acesso a informações sem
precedentes. Isso mudará seu entendimento da democracia? Quais fatores afetarão seu envolvimento no
processo político?
Oradores
Lance Bennett é titular da cadeira Ruddick C. Lawrence de Comunicações e professor de ciência política
na Universidade de Washington, onde fundou e dirige o Centro de Comunicação e Engajamento Cívico.
O Centro é dedicado ao entendimento de como os processos e tecnologias de comunicação podem
melhorar o engajamento dos cidadãos com a vida social, políticas e assuntos globais.
Ingebor Endter é gerente de extensão do Centro de Mídia Cívica Futura do MIT, formando-se no grupo
de publicação eletrônica do Media Lab do MIT, onde ela pesquisou a criação de usos de comunidades
colaborativas na internet. Anteriormente, atuou como gerente de programa da Computer Clubhouse
Network, uma colaboração entre o Boston Museum of Science e o Media Lab, que oferece um ambiente
de aprendizado pós horário escolar, no qual jovens de comunidades carentes usam a tecnologia para
expressar-se criativamente.
Alan Khazei é fundador e CEO da Be the Change, uma organização cívica supra-partidária para
cidadãos. Ele é co-fundador e ex-CEO da City Year, uma organização de serviços de jovens que emprega
mais de 1.200 jovens adultos em 16 comunidades nos EUA e em Johannesburg, África do Sul, para um
ano de serviço comunitário em horário integral.
Moderador: Mitchel Resnick dirige o grupo de pesquisa Lifelong Kindergarden no Media Lab do MIT,
onde preside o programa acadêmico Artes e Ciências da Mídia. É principal pesquisador do Center for
Future Civic Media do MIT.
Resumo
Para ajudar a explicar porque os jovens de hoje são avessos à política, Lance Bennet falou sobre as
amplas mudanças que afetaram a sociedade nos últimos 40 a 50 anos. A sociedade moderna abrange
muitas grandes organizações, com complexas hierarquias sociais. Isto está começando a mudar, rumando
para o que é conhecido como “formação social moderna recente”, na qual redes sociais voltadas às
pessoas, organizações distribuídas e mídia participativa são muito mais importantes. Este diferente
ambiente afeta a identidade cívica dos jovens, que nela nascem; seu sentimento de dever com relação à
participação no governo é relativamente fraco, comparado com
gerações anteriores.
Mudando o assunto para educação, Bennett lamentou o estado da educação cívica nas escolas. Para
funcionarem, as lições cívicas precisam tirar os alunos das salas de aula e levá-los à comunidade; mas
este tipo de aprendizado exige muitos recursos. Ambientes de aprendizado online têm muito potencial,
porque podem ser melhorados por ferramentas que podem ser distribuídas. Ele citou alguns exemplos,
inclusive um aplicativo do Facebook chamado Your Revolution, que oferece aos usuários formas de
incentivar os amigos a votar.
Bennett admitiu que educação cívica online tem seus problemas assim como suas vantagens; os recursos
online existentes não são atraentes para jovens, porque são criados principalmente pelo governo e por
ONGs, e os sites construídos pelos próprios estudantes não têm grande público. A maior parte desses sites
não informam jovens como efetivamente definir, divulgar e avaliar questões por eles próprios.
Alan Khazei falou sobre sua experiência como co-fundador da organização de serviços City Year, que
posteriormente tornou-se a base do Americorps. Seu sonho foi criar um modelo de serviço nacional para
jovens, mostrando para o país que a geração mais jovem estava disposta e era capaz de participar. Há
cinco anos, Americorps subitamente enfrentou um corte no orçamento da ordem de 80%. Em um imenso
esforço para salvar o programa, Khazei ajudou a mobilizar cidadãos de 47 estados, que ofereceram mais
de 100 horas de depoimentos no Congresso americano, o que resultou em grande parte dos recursos
serem restabelecidos. Infelizmente, assim que o esforço recuou, o programa novamente sofreu cortes.
Acreditando que deve haver uma forma melhor de engajamento comunitário, Khazei fundou sua atual
organização, Be the Change.
De acordo com Khazei, a geração nascida nas duas últimas décadas do século 20 tem a oportunidade e o
potencial de levar todos nós a essa nova filosofia. São voluntários em níveis mais elevados que gerações
anteriores. Uma grande maioria está muito atenta à política presidencial, sendo que 71% acreditam que
engajamento político é uma forma eficaz de resolver questões importantes. São menos ideológicos e mais
pragmáticos que seus pais na solução de problemas. Khazei espera que Be the Change seja uma forma de
engajamento dessa geração e de todos os cidadãos, para que esse potencial seja alcançado.
Khazei discutiu então a necessidade de abordagens de engajamento cívico que possam transformar o
sistema de forma ampla. Ele propõe o que chama “tanque de meta-ação”, no qual múltiplos grupos,
organizações e indivíduos combinam suas vozes e recursos para efetuar mudança além de seu escopo
individual. Ele indicou alguns exemplos de grupos que estão conseguindo este intento trabalhando para
criar grandes redes de pressão para suas causas, invés de apenas realizar serviços sociais.
PERGUNTA: Qual é a coisa mais importante que podemos fazer em sociedade para ajudar os jovens no
aprendizado do engajamento?
BENNETT: Precisamos ensinar os jovens a se organizarem e comunicarem com eficácia, de forma que
possam tornar-se excepcionais empreendedores e defensores de suas causas. Também precisamos pensar
em formas através das quais jovens que normalmente não participariam se engagem com assuntos que são
de seu interesse.
ENDTER: Concordo que temos de ajudar as crianças a desenvolver as habilidades para se engajarem.
Alguns projetos que estão surgindo em nosso Centro atualmente estão abordando este assunto através de
histórias contadas e estimulando as crianças a realmente entender a dinâmica e a história de suas
comunidades, e o seu lugar dentro delas.
BENNETT: Tradicionalmente, a voz dos jovens não é muito ouvida ou bem organizada; além disso, a
profissionalização do processo de comunicação política suprimiu ainda mais essa voz, porque
normalmente os coordenadores políticos ignoram os jovens. Em termos do potencial dessa voz, a
campanha de Obama oferece um exemplo interessante. Jovens criaram conteúdo de forma muito eficaz,
tornando a campanha mais divertida e engajadora. Mas penso que existem papéis ainda maiores na
sociedade para os jovens, a reforma da educação sendo um ótimo exemplo. As escolas dos EUA estão um
desastre, e os estudantes são os melhores defensores dessa causa porque são os mais afetados. Eles podem
ter uma voz imensamente eficaz se tivessem as habilidades de comunicar-se com grande impacto.
ENDTER: Existem muitas áreas nas quais os jovens têm muito mais autonomia que as gerações
anteriores. Mas vejo muita disparidade entre os diferentes status econômicos, e essa questão é cada vez
maior. Jovens que não têm acesso às mesmas tecnologias e educação que seus pares mais privilegiados
não têm autonomia, e esse movimento está deixando muitos desses jovens para trás.
KHAZEI: O papel dos jovens da sociedade civil é absolutamente essencial. Historicamente, sempre
estiveram à frente dos grandes esforços para mudar, tanto como líderes como liderados. As ferramentas
disponíveis atualmente para que jovens se organizem e se façam ouvir não têm precedentes, e acredito
que todos devemos estimular isso. Todos nós deveríamos ser responsabilizados por moldar o tipo de
mundo que desejamos ter.
PERGUNTA: Como é que cidadãos comuns, trabalhadores, que não podem ser voluntários
pessoalmente, conseguem apoiar esses movimentos de base para dar mais poder aos jovens?
ENDTER: É difícil. Os horários das Clubhouses não são compatíveis com quem trabalha em expediente
normal. Fica difícil ser voluntário. Dependemos muito de estudantes, aposentados e antigos membros de
Clubhouses para os cargos de mentores, mas mesmo assim é difícil obter toda a mão-de-obra que
precisamos para ajudar esses jovens. Algumas empresas dão algum tempo livre durante o expediente aos
seus funcionários para que trabalhem como voluntários, e isto pode ser uma boa solução. Mas essa é uma
questão que muitas empresas enfrentam.
KHAZEI: Se tivéssemos um sistema no qual um milhão de jovens por ano fossem dedicados a serviço
em tempo integral, não seria um problema tão grande. Essas pessoas em horário integral poderiam
oferecer boa parte do trabalho necessário e também ajudar a organizar e orientar a si mesmos e a outros
voluntários trabalhando meio período. Existe muito potencial para serviços na geração dos baby boomers;
essas pessoas estão vivendo mais, com mais saúde, e têm muitas habilidades que podem ser exploradas.
Deveria haver mais oportunidades para baby boomers que não querem se aposentar ainda, mas buscam
novas carreiras para envolverem-se nesses esforços.
PERGUNTA: Que tal o governo oferecer créditos tributários invés de fundos para alguns dos programas
e idéias que foram descritos?
KHAZEI: Créditos tributários são bons, mas mesmo agora existe muito dinheiro dentro do governo que
não está sendo bem usado. Mesmo uma porcentagem muito pequena do orçamento federal faria uma
enorme diferença se fosse alocada a empreendedores sociais de forma competitiva. Filantropia privada e
créditos tributários não são suficientes, de forma que precisamos olhar para ambas as estratégias.
PERGUNTA: Mesmo com as ferramentas e apoio que foram discutidos, a maioria dos jovens está de
fato disposta a ir além daquilo que é fácil ou divertido, para realmente comprometer-se com a mudança
social?
BENNETT: É verdade que muitas vezes os serviços são realizados para atender uma exigência ou
engordar o currículo, invés de serem um compromisso sério. Mas existem jovens verdadeiramente
motivados, que estão animados com a possibilidade de desenvolverem conteúdo e o compartilharem com
outros. Temos cerca de 75 estagiários por ano em nossos projetos, muitos dos quais não estão mais
recebendo crédito, mas mesmo assim trabalham entusiasticamente. Não acredito que este tipo de
motivação seja especialmente raro.
ENDTER: É necessário um professor ou jovem habilidosos para saber combinar estudantes com causas
engajadoras e então valer-se desses entusiasmo para criar interesse em outras áreas também. Achar as
pessoas que conseguem fazer isto é um aspecto chave.
KHAZEI: Não é preciso ser um membro da comunidade que servimos, mas é preciso ter humildade e
empatia para ser eficaz. Pessoas que voltam às comunidades nas quais foram criados para trabalhar e
melhorá-las têm rápido sucesso, mas qualquer pessoa que estiver disposta a aprender sobre essa
comunidade pode realmente ajudá-la. É especialmente importante haver pessoas das classes mais
privilegiadas envolvidas no serviço, porque muitas vezes são essas pessoas que têm acesso ao poder e a
recursos.
PERGUNTA: Engajar as pessoas em nível local me parece mais simples que fazê-lo em nível nacional
(ou internacional), porque provavelmente essas pessoas têm mais conhecimento e experiência nas
questões que estarão abordando. Como podemos enfrentar o desafio de criar um esforço nacional de
serviços para a ampla gama de problemas existentes?
ENDTER: Existem alguns ótimos exemplos recentes da internet e de telefones celulares sendo utilizados
para engajamento nacional e internacional. As respostas em grande escala ao furacão Katrina e ao
tsunami na Indonésia ilustram o poder dessas ferramentas na coordenação desses esforços enormes.
PERGUNTA: Qual é o papel realista das escolas públicas no estímulo ao engajamento cívico?
BENNETT: As escolas deveriam parar de ficar dando exames a alunos deixá-los ir às comunidades, para
descobrir o que acontece lá fora! Precisamos descobrir formas de tornar a educação cívica prática mais
atraente à implementação por escolas, especialmente em bairros mais carentes.
ENDTER: Serão necessários professores realmente dedicados, que tenham a liberdade de ensinar. Eles
existem, e quanto menos eles tiverem de lidar com a burocracia, melhor. Educadores deveriam poder
decidir o que é uma boa política educacional.
PERGUNTA: Entender a história faz parte da obrigação cívica? Como podemos ligar a história às vidas
dos estudantes?
BENNETT: Durante os protestos contra a Organização Mundial do Comércio em Seattle, alguns colegas
e eu pedimos que estudantes fossem lá e documentassem o que considerávamos fatos históricos. Os
estudantes ficaram animados com a proposta, ajudaram a organizar o material que coletaram e até
persuadiram bibliotecas a arquivar esse material. Se pudermos reconhecer momentos históricos atuais
como aquele, e conseguirmos o envolvimento dos jovens na captação e registro desses fatos, isso pode
representar uma ponte para uma melhor apreciação de outros eventos históricos.
PERGUNTA: O que vocês têm a dizer sobre questões intergeracionais no engajamento cívico?
ENDTER: Levamos essa questão muito a sério nas Clubhouses. Um aspecto interessante que surge,
especialmente em comunidades de imigrantes, é a perda de poder dos mais velhos, em razão das barreiras
de linguagem. Os jovens estão apreendendo todas essas maravilhosas novas habilidades, mas seus pais e
avós ficam para trás, porque não falam bem inglês. Para resolver isso, estamos tentando trazer a geração
mais velha para as Clubhouses, para trabalhar com os jovens e aprender com eles, para reduzir essas
disparidades.
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gratuitamente no endereço http://www.real.com/realone/index.html .
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