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CURITIBA
2008
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CURITIBA
2008
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 06
1 TERCEIRO SETOR .......................................................................................... 08
1.1 EVOLUÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SURGIMENTO DOS
MOVIMENTOS CIVIS .......................................................................................... 08
1.2 VOLUNTARIADO E SURGIMENTO DO TERCEIRO SETOR ....................... 09
1.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E TERCEIRO SETOR....... 12
1.4 ONG’S...............................................................................................................14
1.5 LEGISLAÇÃO DO TERCEIRO SETOR............................................................15
2 GESTÃO, MARKETING E PARCERIAS NO TERCEIRO SETOR......................20
2.1 GESTÃO ORGANIZACIONAL..........................................................................20
2.1.1 Funções gerenciais e planejamento estratégico.......................................23
2.2 MARKETING.....................................................................................................25
2.2.1 Endomarketing.............................................................................................27
2.3 PARCERIAS E ALIANÇAS ORGANIZACIONAIS.............................................31
2.3.1 Criação e desenvolvimento de alianças....................................................32
3 PESQUISA DE CAMPO: ESTUDO DE CASO DA ONG AÇÃO VOLUNTÁRIA
E ENTREVISTA COM SEUS PROFISSIONAIS ................................................... 36
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA.................................................................. 36
3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA ONG AÇÃO VOLUNTÁRIA .................... 39
3.2.1 Análise Documental.....................................................................................39
3.2.2 Observação participante da ONG Ação Voluntária...................................41
3.2.3 Entrevista com Andressa Grilo...................................................................44
3.2.4 Entrevista com Izabelle Bonatto.................................................................45
3.2.5 Considerações Finais..................................................................................47
CONCLUSÃO.........................................................................................................49
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 51
APÊNDICE A: ENTREVISTA COM ANDRESSA GRILO.................................... 54
APÊNDICE B: ENTREVISTA COM IZABELLE BONATTO..................................56
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INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico possui como tema central o Terceiro Setor e suas
perspectivas e, portanto, enquadra-se na linha de pesquisa Comunicação, Educação
e Cultura.
Existe, por parte da sociedade, teóricos e membros envolvidos com os
trabalhos das organizações sem fins lucrativos e com a perspectiva de crescimento
do Terceiro Setor no Brasil. As provas desse fato são o crescente aumento da
demanda por ajuda social e o comprometimento das empresas com o bem estar
público. Por parte da sociedade civil, as pessoas têm percebido seu papel como
cidadãos e seu poder na construção de um mundo melhor e com mais
oportunidades para todos. A respeito da nova atitude das empresas, que compõem
o Segundo Setor, não se trata apenas de uma questão de comportamento
filantrópico, pois essas organizações buscam também se associar a causas sociais
para terem visibilidade institucional.
Seja por parte das pessoas físicas ou jurídicas, há uma nítida preocupação
com a ajuda que pode ser prestada por meio de projetos de ação social das
organizações sem fins econômicos para um auxílio na melhoria da qualidade de vida
da sociedade. Assim, justifica-se a importância deste trabalho, pois o tema torna-se
uma alternativa na solução dos graves problemas sociais encontrados no Brasil. E
sendo a pesquisa a primeira ferramenta a ser usada para se conhecer um cenário,
essa monografia torna-se relevante por apontar o cenário atual e o possível futuro
do Terceiro Setor, tanto em âmbito social quanto no contexto especifico da ONG
estudada, Ação Voluntária. Além disso, quanto melhor se entender sobre o tema,
maiores são as possibilidades de desenvolvimento e crescimento do Setor, sendo
uma delas a forma como as organizações do Terceiro Setor podem contribuir para
atender às novas demandas coletivas.
A pergunta que norteia este trabalho de pesquisa diz respeito à necessidade
de analisar quais são as perspectivas de desenvolvimento para o Terceiro Setor no
Brasil atual. Busca-se analisar se o Terceiro Setor tem sido foco positivo de atenção
perante toda a sociedade e os outros setores, e se pode ser caracterizado como um
setor com alto envolvimento social no intuito de amenizar os problemas da
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1 TERCEIRO SETOR
questões sociais, demandas sociais básicas, ficaram sem atendimento. Assim, como
o Estado não atendia às necessidades dessa população, e as empresas visavam
apenas seu próprio lucro, sem se preocupar com o bem estar social, a própria
sociedade se organizou no sentido de pressionar o setor privado. Surgem, então, os
movimentos sociais cujas ações auxiliam em mudanças de forma positiva para a
sociedade, pois adentram nas questões político-institucionais com estratégicas
políticas elaboradas da melhor forma possível. Segundo Panerai e Mercedes (2005,
p.38), “Os analistas consideram que os movimentos sociais são como uma
alternativa para as formas de exercício da política cidadã”. Como os movimentos
sociais estão diretamente ligados com a política, pode-se dizer que no âmbito
democrático esses movimentos têm auxiliado na democratização da sociedade civil.
Segundo Covre (1991, p.18), outro termo freqüente dentro desse contexto é
cidadania que “está relacionada ao surgimento da vida na cidade, à capacidade de
os homens exercerem direitos e deveres de cidadão.” A autora ainda afirma que “Só
as leis não constroem a cidadania”. Todo cidadão tem deveres a serem cumpridos:
deve-se respeitar o direito de todos, terem responsabilidade para com a
comunidade, cumprir as normas impostas pela sociedade, votar, entre outras. Assim,
pode-se dizer que a cidadania só existe a partir do momento em que os próprios
cidadãos reivindicam e fazem valer todos os seus direitos. Cidadania é, pois, uma
estratégia para construir uma sociedade melhor.
Universidade Johns Hopkins dos Estados Unidos apontou o Terceiro Setor como um
segmento em franca expansão”. E não só nos Estados Unidos, mas em muitos
paises, incluindo o Brasil.
Teóricos dividem o campo econômico social em três setores, chamados de
Primeiro, Segundo e Terceiro, com nítidas diferenciações entre si. O Primeiro Setor
refere-se ao Estado e suas responsabilidades em relação à sociedade. O Segundo
Setor engloba o mercado privado, que tem interesses focados principalmente em
âmbitos individuais. E por fim, o Terceiro Setor pode ser entendido como as
entidades da sociedade civil, as quais atuam em questões sociais.
Segundo Borba (2001), para entender o atual cenário do Terceiro Setor
brasileiro, faz-se necessário analisar as passagens históricas. Em 1824, com a
primeira Constituição Brasileira, surgem inúmeras associações privadas que, junto
com as leis que iam sendo criadas, iam beneficiando parcelas de trabalhadores e
cidadão da sociedade.
Em 1942, com a presidência de Getúlio Vargas, foi criada a Legião Brasileira
de Assistência (LBA) com o principal objetivo de auxiliar as famílias dos soldados
brasileiros que estavam na Segunda Guerra. O governo fazia concessões como,
incentivos fiscais e financiamento, para as associações sem fins lucrativos, dentre os
quais entidades religiosas, pois, para a autora (2001, p.22), “eram as instituições
mais organizadas para prestar esses serviços”.
Por volta de 1946, surgiram os CAS-Centros de Ação Social, os quais faziam
trabalhos junto às favelas já existentes na época. Esses centros podiam contar com
uma estrutura própria em que as prestações de serviço, como recreação, educação,
saúde, entre outros os quais eram feitos dentro desse ambiente.
A década de 60 foi marcada pelo golpe de Estado pelos militares (1964).
Regime autoritário em que os movimentos sociais foram reprimidos com muita
violência. Os sindicatos e universidades tiveram intervenções federais.
A década de 80 e o início da década de 90 são conhecidos como década
perdida, pois, segundo Borba (2001, p.25), essa época foi “considerada a crise mais
longa, profunda e complexa da sociedade brasileira”. Crise essa que acontecia em
decorrência da estagnação econômica, muita inflação, dívidas acumuladas com
juros altos, entre outros.
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1.4 ONG´S
O outro ator central dos movimentos sociais é o cidadão, que também tem
responsabilidade social, definida por Borba (2001) como sendo a ação de cada
indivíduo que auxilia na mobilização da sociedade civil. Geralmente, as pessoas
formam organizações para participar dessa ajuda social com projetos que colaboram
com o desenvolvimento social, são as chamadas ONG’s. Panerai e Mercedes (2005)
afirmam que aproximadamente na década de 50 os movimentos sociais diminuíram
em decorrer das constantes ações das ONG’s.
15
impedir seu crescimento com muitas barreiras burocráticas. Dessa forma, em 1996,
foi aprovada uma regulação para o Terceiro Setor. Isso ocorreu devido a
movimentos sociais encabeçados pelo Conselho da Comunidade Solidária que,
segundo os autores (2001, p.10):
Caso ocorra essa mudança, por parte das organizações, estas não perdem os
benefícios ficais que já tinham antes. Para essas organizações, segundo Soares e
Rangel (2001, p.11), “será assegurada a manutenção simultânea das qualificações
(da antiga e da nova lei) por prazo de cinco anos”. Mesmo sendo uma OSCIP, são
necessários muitos trâmites jurídicos como registro da Declaração de Utilidade
Pública Federal - Ministério da Justiça, além do registro no Conselho Nacional de
Assistência Social - Ministério da Previdência para conseguir do certificado de Fins
Filantrópicos.
De acordo com os autores (2001, p.11), tem-se como OSCIP:
De acordo com Soares e Rangel (2001), a medida dessa lei não foi tão aceita,
então, o Supremo Tribunal Federal, em novembro de 1999, concedeu uma liminar
para isenção previdenciária a hospitais e escolas que a comunidade de forma
assistencial. Os autores (2001, p13) apresentam outras possibilidades entre Terceiro
Setor e Estado criou-se o Termo de Parceria, um instrumento em que se
estabelecem “cláusulas que definem objetivos, metas, resultados a serem atingidos,
cronograma de execução, critérios de avaliação de desempenho, indicadores e
previsão de receitas e despesas” de todas as atividades que devem ser realizadas.
Esse recurso serve para conferir mais clareza nas negociações, facilitar
administração e de como os recursos públicos estão sendo aplicadas e por último
oferecer qualidade dos serviços.
O Estado consegue fiscalizar como estão sendo utilizados os recursos
públicos pelas instituições do Terceiro Setor; faz isso através da verificação das
atividades desenvolvidas por essas organizações. O órgão governamental pode
fazer concurso de projetos para escolher a OSCIP com a qual ele fará o Termo de
Parceria. Esse termo ainda não está sendo muito usado, dessa forma utiliza-se o
sistema de convênios e contratos. Os autores (2001, p.14) dizem:
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os contratos são regidos pela Lei 8.666/93, também conhecida como lei
das licitações, pela qual a celebração de contratos deve ocorrer mediante
processo de concorrência. Já os convênios, forma dominante no
relacionamento entre governo e organizações do Terceiro Setor são
regidos pela Instrução Normativa nº 1, de 1997, da Secretaria do Tesouro
Nacional.
Pela Lei 9.790/99, pela primeira vez, as organizações sem fins lucrativos têm
o direito de remunerarem seus dirigentes. Segundo Soares e Rangel (2001, p14), “a
remuneração dos dirigentes de uma instituição poderá constar de seu estatuto,
desde que compatível com os valores praticados no mercado de trabalho local.” As
instituições que possuem Declaração de Utilidade Pública e/ou Certificado de Fins
Filantrópicos, caso venham a pleitear a qualificação como OSCIP, não poderão
remunerar seus dirigentes no período em que for permitido acumular as
qualificações em questão.
20
sucesso dentro do mercado. O gestor deve ser uma pessoa que junto com a
empresa transforme problemas em soluções e que tome decisões estratégicas para
garantir o posicionamento no mercado além de alcançar os objetivos e metas pré-
determinados pela organização que deve estar de acordo com a demanda da
sociedade.
Então, os autores (2002, p.7) afirmam que “A utilização de um modelo
adequado de avaliação de resultados leva a empresa a realizar um diagnóstico
situacional, a fim de descobrir suas inter-relações com o mercado competitivo”.
Assim, a avaliação do modo como a organização está sendo gerenciada é
fundamental para a permanência e desenvolvimento a longo prazo dessa instituição.
Tenório completa (2004, p.18) “gerenciar é estabelecer objetivos e alocar recursos
para atingir finalidades determinadas” a gerência deve ser avaliada referente ao
cumprimento de todas suas atividades. Para tal finalidade avaliativa, utilizam-se os
termos eficiência, eficácia e efetividade.
Tem-se que eficiência é quando a organização, tendo recursos disponíveis,
utilize-se deles da melhor maneira possível. Em um segundo momento, eficácia
seria o cumprimento por parte da organização dos seus objetivos antes
determinados. E por fim, a efetividade como sendo o reconhecimento, ou seja,
atendimento das expectativas da sociedade para com as atividades da organização.
Não existe uma forma certa de desempenho. Cada organização deve verificar
de acordo com seus recursos e objetivos a melhor forma de desempenhá-los.
Tenório (2004) ressalta hipóteses de avaliação do desempenho da organização
utilizando os termos propostos acima. Dessa forma, tem-se:
-Desempenho eficaz e eficiente, em que os objetivos pré-estabelecidos foram
seguidos com pouca utilização de recursos;
-Desempenho eficaz, porém, ineficiente, em que ao contrário do primeiro se
tem os objetivos atingidos, mas com utilização de recursos além do esperado;
-Desempenho eficiente, porém, ineficaz, em que os objetivos pré-
estabelecidos não foram atingidos, mas os recursos foram utilizados dentro
do esperado;
-Desempenho ineficaz e ineficiente, em que os objetivos pré-estabelecidos
não foram atingidos e a utilização dos recursos disponíveis foi além do
determinado.
23
Tenório (2004) diz que em relação à missão, pode-se dizer que é uma das
principais etapas a partir do momento que é ela que será a decisão do futuro da
organização. Dessa forma, sua elaboração deve ser feita com cautela pelos
membros da instituição e no caso das ONG’s devem ser incluídos os
clientes/usuários para que essa decisão mostre mais engajamento e seriedade para
com a sociedade. Quando a missão é atingida, outra deve ser elaborada a fim de
dar continuidade às atividades da organização, ou seja, é necessário avaliar
constantemente a missão para que esta esteja de acordo com as necessidades da
sociedade. Além disso, depois de elaborada, a missão deve ser conhecida pelo
público interno e externo para auxiliar no funcionamento interno, para ajudar em
parcerias e a fim de fortalecer a imagem da organização junto à comunidade.
O autor conceitua a análise do contexto externo como sendo o estudo
avaliativo em relação a outras instituições e alguns aspectos da sociedade que
interferem na organização. Então, para essa análise, o importante é detectar que
tipo de influência esses aspectos externos têm sobre a organização, verificando o
que são ameaças e o que são oportunidades. Assim, poderão ser feitos projetos de
ação para prevenção e adaptação em relação a essas condições. Para as ONG’s,
pode-se tomar como exemplo de oportunidades a conscientização pela democracia,
algum fato político favorável à sociedade e desenvolvimento das instituições
políticas. Já como exemplos de ameaças, têm-se a credibilidade em relação ao
trabalho que as ONG’s prestam para a sociedade, modelo que concentra riquezas e
dificuldade de financiamentos e parcerias.
Já no contexto interno, Tenório (2004) fala sobre a importância de analisar
não somente os aspectos externos, mas também aspectos internos à organização
que influenciam no seu desenvolvimento. Dessa forma, devem ser levadas em
consideração questões como a situação da divisão de trabalho dentro da
organização, como as decisões que são tomadas pelos membros, como os recursos
estão sendo usados, como está a relação entre os empregados, suas atividades e
objetivos da empresa, como está a interação entre os membros da organização e
em relação a infra-estrutura e tecnologia dentro dessa instituição. Depois dessas
análises, esses aspectos devem ser classificados em pontos fortes e pontos fracos
da organização, assim, os membros poderão saber que aspectos devem investir e
quais devem ser eliminados. Para as ONG’s, pode-se dar como exemplos de pontos
25
2.2 MARKETING
2.2.1 Endomarketing
delegar poder de acordo com a função exercida por cada funcionário e remunerar de
forma adequada. Na prática, seria, valorizar o funcionário por algo importante que
ele fez, ou até mesmo averiguar se os recursos estão disponíveis; outra forma é
premiar o funcionário a partir do seu desempenho, dar participação nos lucros e até
mesmo remunerar de forma competitiva de acordo com critérios. A organização deve
descobrir com os funcionários o que realmente os motiva. Além do mais, os autores
(2004, s/p) acrescentam que para que a motivação ocorra, deve existir a informação
“clara, verdadeira, lógica, centrada e bem trabalhada”, que é à base da comunicação
interna e uma das mais importantes ferramentas de aproximação entre os
funcionários e a empresa.
Segundo Nickels e McHugh (2005), a motivação dos funcionários se dá de
diferentes formas e teorias. Frederick Winslow Taylor usou uma visão mais científica,
analisando apenas através de observação feita com funcionários e para ele a maior
motivação é o dinheiro que consiste no salário, remuneração. Já Elton Mayo tem
seus estudos direcionados para uma visão mais comportamental. Além de observar,
fez entrevistas com os funcionários, perguntando a eles sobre seus sentimentos e
atitudes mentais e conclui que o maior motivador é o respeito. Em ambas as teorias,
é importante levar em consideração o Efeito Hawthorne que fala sobre a tendência
que as pessoas têm de se comportar diferente quando estão sendo observadas.
Outro teórico é Abraham Maslow que elaborou uma hierarquia de
necessidades dispostas em uma pirâmide, então, quando a base é satisfeita, as
necessidades do nível superior emergem e motivam a pessoa a fazer algo para se
satisfazer. As necessidades mais básicas são as fisiológicas que envolvem o
vestuário a alimentação entre outros e dentro do ambiente de trabalho corresponde
ao salário. O segundo nível corresponde às necessidades de segurança dentro do
trabalho, ambiente seguro para trabalhar e estabilidade. Terceiro nível são as
necessidade sociais, ou seja, as pessoas precisam sentir que fazem parte de um
grupo que dentro do meio de trabalho seria a interação com os colegas de trabalho.
Quarta necessidade é de auto-estima, reconhecimento, querem ser estimados pelos
colegas. Quinta é a auto-realização, isto é, que no ambiente de trabalho exista
possibilidade de crescimento.
O teórico Frederick Herzberg afirma ver dois tipos de fatores motivadores. O
primeiro são os fatores básicos para manter o funcionário tais como salário, status e
29
• intranet;
objetivos gerais da empresa, uma vez que, sua implementação deve auxiliar a
companhia a atingir seus objetivos gerais.
Segundo Austin (2001, p.17), “O século XXI será a era das alianças”, assim a
cooperação entre organizações que visam o lucro e aquelas que são sem fins
lucrativos aumentará tanto em freqüência quanto em relação às estratégias.
Ocorrerá uma mudança significativa nas alianças visto que a sua maioria era
filantrópica agora a tendência é serem mais estratégicas. Essas alianças
ultrapassam o conceito de apenas uma doação para alavancar a competência de
cada organização, deve existir uma cooperação, para agregar valor as duas
empresas e que nenhuma das duas teria separadamente. As alianças são pontes
para a realização da missão de cada um dos parceiros. Para a existência dessas
alianças, as organizações em questão devem possuir compatibilidade estratégica
que pode já existir ou ser descoberta. Porém, encontrar parceiros potenciais na
maioria das vezes depende do acaso já que é uma tarefa muito demorada e que
requer muita pesquisa. Costa (2007) afirma que além dos benefícios encontrados
pelas parcerias podem acorrer relacionamentos complexos e perigosos, às vezes, o
custo desse relacionamento entre as organizações aliadas pode ser elevado. Pode
ocorrer também de as organizações reduzirem suas competências internas que são
muito importantes para os negócios devido à aliança formada.
De acordo ainda com Austin (2001), a cooperação intersetorial ocorre devido
ao nível macro em que muitas forças advindas da sociedade incentivam cada vez
mais a cooperação e, em relação ao ambiente micro das organizações, essas
parcerias agregam muitos pontos positivos. Então, para as organizações sem fins
lucrativos, as macroforças estão incentivando as parcerias, em que os grupos
envolvidos reúnem confiança, recursos financeiros, conhecimento ou poder político
para serem mais eficazes e pode-se ressaltar dentre os benefícios dessas parcerias
a economia de custo, em que existem os cortes de custos com a intenção de acabar
com os custos duplos e gastos excedentes devido ao compartilhamento de
instalações, serviços e outras atividades. Outro benefício seria a economia de escala
e de escopo que consiste em ampliar os mercados e clientes o que pode melhorar
32
O outro elemento para Austin (2001) seria fazer a conexão, ou seja, fazer o
contato com uma organização para parceria, o que na prática se torna um problema
à medida que o mercado de cooperações intersetoriais tem imperfeições. Dessa
forma, deve existir num primeiro instante a pesquisa de parceiros potenciais. Obter
informações a respeito de organizações sem fins lucrativos é mais difícil do que
sobre empresas comerciais, já que estas têm maior obrigatoriedade de divulgar fatos
e informações para a sociedade. Em um segundo instante, existe a pesquisa
sistemática em que os gerentes devem procurar processos pró-ativos de busca de
parceiras e podem fazer isso através de pesquisa da relação da empresa em
potencial parceria com a causa social, identificar pontos de interesse em comum,
verificar as tendências do setor empresarial em relação a alianças, entre outras
formas. O autor (2001, p. 53) ainda ressalta que a utilização de redes informais
pessoais e profissionais “geralmente oferecem boas dicas, porém essas fontes
devem servir mais para completar do que substituir a pesquisa sistemática de
candidatos à parceria”. Em um terceiro instante, se pode utilizar a ajuda de agentes
de intermediação que são empresas de relações públicas, propaganda e
comunicação corporativa que prestam serviços às empresas que procuram
parceiras.
Austin (2001) ainda fala que quando as empresas acham um parceiro que
devem verificar se existem pontos em comum, checar as competências e a conduta
mútua, que os líderes devem ter envolvimento direto além dos funcionários. Os
relacionamentos entre empresas comerciais e sem fins lucrativos se mantêm em
função das amizades formadas. Cunha e Oliveira (2006, p.2) completam falando
que: “A confiança tem sido destacada como um instrumento vital para a realização
de parcerias mais flexíveis e eficientes, em detrimento de instrumentos de controle
coercitivo” Em relação à importância da confiança, os autores demonstram que entre
as empresas parceiras existem dois domínios: as relações interorganizacionais e as
interpessoais “com a preponderância do último em decorrência do baixo nível de
34
A pesquisa de campo que foi desenvolvida para este trabalho tem como
objetivo geral analisar as funções de comunicação, gestão e alianças em
organizações do Terceiro Setor, com base no estudo de caso da ONG Ação
Voluntária. Segundo Duarte e Barros (2006, p.43), o objetivo geral na pesquisa
determina “em nível macro, todas as ações que levarão ao desenho geral da
execução da pesquisa, sem perder de vista a instância pragmática”.
Os autores (2006, p.43) explicam, sobre as hipóteses, que essas “passam a
ser a busca de uma resposta para a questão inicial. Essa resposta pode ser a
confirmação parcial ou total da hipótese ou até mesmo da negação dela”. Deste
modo, pressupõe-se a necessidade do crescimento e desenvolvimento do Terceiro
Setor para atender a demanda da sociedade junto às questões sociais. Também
pressupõe-se a existência de perspectiva de evolução para este setor dentro do
modelo econômico, uma vez que além da sociedade, o Estado e o mercado apóiam
sua existência. Essa pesquisa pretende mostrar-se ainda útil ao enfatizar o uso das
ferramentas de gestão, comunicação e alianças para criar estratégias de
desenvolvimento nas organizações do Terceiro Setor no Brasil. Além disso, uma
outra hipótese é de que o Terceiro Setor tem sido foco positivo de atenção perante
toda a sociedade e os outros setores e pode ser caracterizado como um setor com
alto envolvimento social no intuito de amenizar os problemas da coletividade.
Quanto à forma, a pesquisa é de natureza aplicada, pois o conteúdo obtido
com seus dados podem ser aplicados na prática como solução de possíveis
problemas na comunicação ou gestão da ONG. Chizzotti (2000, p.27) afirma que a
pesquisa aplicada “visa uma utilização imediata dos conhecimentos produzidos ou a
verificação dos dados teóricos no quadro da prática”.
Em relação aos objetivos, enquadra-se como exploratória, pois busca explorar
e analisar de forma clara o problema e demonstrar uma alternativa para solucioná-lo.
Marconi e Lakatos (1999) definem pesquisa exploratória como sendo a investigação
37
Segundo Borba (2001), o Terceiro Setor é formado pelas entidades sem fins
lucrativos que visam preencher a deficiência dos dois outros Setores (governo e
empresariado) ao promover melhorias no bem estar social. Portanto, a sociedade se
torna o principal agente e também público do Terceiro Setor. Palavras-chave para
definir esse Setor são cidadania e voluntariado. Melo Neto e Froes (2001, p.3)
afirmam que “nesse contexto social, cresce a conscientização e a educação para a
cidadania”. Já voluntário, é definido por Mónica Corullón (1996, s/p) como “o jovem
ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte
do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades,
organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos”, ou seja, é a pessoa
que pratica o ato de trabalhar e doar seu tempo a um projeto sem qualquer
remuneração financeira, por livre e espontânea vontade.
Deste modo, pode-se dizer que a organização Ação Voluntária por se tratar
de uma ONG – Organização Não Governamental – insere-se como uma instituição
do Terceiro Setor. A própria ONG se descreve (2008, s/p):
funções, atividades, direitos e deveres descritos, tanto para funcionários, como para
outros membros, assim como para empresas e pessoas associados. Também
descreve de maneira objetiva a forma de agir em todas as situações do dia a dia,
assim como se prevê no documento como agir em algumas situações que podem
ocorrer no futuro como, alterações estatuárias ou até mesmo na dissolução do
Centro de Ação Voluntária. O estatuto é organizado de forma a possibilitar uma fácil
compreensão por qualquer pessoa que esteja disposta a ler e compreendê-lo,
mesmo que seja leiga em aspectos jurídicos. Isso torna-se um aspecto positivo para
o desenvolvimento da ONG e de sua seriedade assim como de suas atividades.
Pode-se ainda comentar que esse documento é de fácil acesso uma vez que é
disponibilizado em um link no website da ONG. De maneira simplificada, pode-se
dizer que no estatuto constam os regulamentos legais sobre as ações da ONG, a
forma pela qual podem buscar ajuda e para quem, como devem agir para atingir
seus objetivos, a respeito das assembléias, das receitas, controle, avaliação,
desempenho, sobre votações, sobre os cargos, entre outros aspectos.
CONCLUSÃO
Demonstrou-se, por meio deste trabalho monográfico, que ocorre, com cada
vez mais ênfase, o reconhecimento do Terceiro Setor por parte da sociedade e dos
outros setores – Estado e mercado - ou seja, desde a origem deste setor muitos
projetos sociais vêm sendo desenvolvidos com a ajuda da comunidade e das
empresas parceiras que o reconhecem como um meio de amenizar os problemas
sociais. Cada vez mais este setor se destaca e ganha a confiança não somente de
pessoas físicas, que estão dispostas a trabalhar pelas causas sociais, ou aquelas
que despertam a vontade de participar de um trabalho voluntário; mas também de
pessoas jurídicas - empresariado - que vêem a importância e os benefícios de ter
sua marca aliada a uma causa social.
Considerando, portanto, a quantia de apoios que instituições que compõem
esse Setor recebem, pode-se afirmar que existe a evidente perspectiva de evolução
do Terceiro Setor dentro do atual modelo econômico. Além disso, há a possibilidade
de que mais pessoas serão beneficiadas, tanto pelo que recebem, como pelo auxilio
que podem prestar, diretamente ou indiretamente, para a sociedade da qual fazem
parte.
Além disso, neste trabalho foi apresentada a necessidade da utilização das
ferramentas estratégicas de gestão, comunicação e parcerias entre organizações.
Mostrou-se que é a partir da utilização destes recursos que estas instituições terão
maiores chances de crescimento e estarão melhor preparadas para administrá-lo.
Percebe-se, dessa forma, a importância do estudo do Terceiro Setor, em sua
ampla abrangência, que envolve sua origem, definição e legislação, a fim de
compreender todo seu contexto e ambiente externo como, de que forma esse setor
surgiu, como surgiu, qual era a intenção das primeiras iniciativas, dentre outros.
Além disso, é fundamental para a compreensão de como essas organizações podem
contribuir em benefício do bem comum e, também, para poder distingui-las dentre as
organizações que realmente prestam serviço dentro dos tramites legais, tornando
possível a escolha da instituição mais adequada para ajudar.
Conhecer as ferramentas estratégicas de gestão, comunicação e parcerias a
fim de poder comprovar que suas aplicações é um pensamento estratégico no
50
REFERÊNCIAS
CUNHA, Cleverson Renan da, OLIVEIRA, Marlene Catarina de. A confiança nos
relacionamentos interorganizacionais. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/raeel/v5n2/v5n2a09.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2008.
DIAS, Cláudia. Estudo de caso: idéias importantes e referências. Disponível em: <
http://www.geocities.com/claudiaad/case_study.pdf>. Acessado em: 14 maio 2008.
52
TEODÓSIO, Armindo dos Santos de Sousa. Pensar pelo avesso o Terceiro Setor:
mitos, dilemas e perspectivas da ação social organizada nas políticas sociais.
Disponível em: < http://www.lusotopie.sciencespobordeaux.fr/teodosio.pdf>. Acesso
em: 28 abr. 2008.
APÊNDICE A
54
APÊNDICE B
56
2-No caso da ONG Ação Voluntária quais são os principais pontos positivos e
negativos?
O CAV por ser uma organização “meio”, que não prestas um serviço de
assistência direta à população carente, mas sensibiliza e incentiva ações de
cidadãos, não recebe subsídios governamentais e tem mais dificuldade em
conseguir apoio institucional de empresas e pessoas físicas.
Mas como ponto positivo são as ações de articulação do Terceiro Setor no Brasil, a
possibilidade de influenciar várias pessoas a mover a grande rede de solidariedade
e participação da sociedade.
5-De quais recursos a ONG se utiliza para junto com as pessoas atingir seus
objetivos?
Voluntários para contribuir com as atividades do CAV, pessoas
físicas/jurídicas que acreditam na causa e apóiam com material, serviços ou
financeiramente.
3-Até que ponto as alianças são uma ferramenta estratégica para cada parceiro?
O fato de estarem apoiando uma causa como o voluntariado indica o
compromisso dos parceiros com o desenvolvimento das pessoas e da sociedade
como um todo. É um ganho de imagem e de melhoria das condições de vida.