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OS CONTOS DE HAWTHORNE

Edgar Allan Poe

O principal elemento da originalidade literária é a novidade. O elemento de sua apreciação é o


senso que o leitor possua do que é novo. O que quer que lhe transmita uma emoção nova e
agradável é considerado original; do mesmo modo, quem quer que freqüentemente lhe cause tal
emoção é considerado um escritor original. Numa palavra, é pela soma total dessas emoções que
o leitor decide sobre a reivindicação do escritor por originalidade.

Posso observar, entretanto, que há um ponto em que a própria novidade deixa de produzir a
legítima originalidade, se julgamos esta originalidade, como deveríamos fazê-lo, pelo efeito
planejado. E o ponto em que a novidade deixa de tornar-se algo de novo, e então o artista, para
preservar sua originalidade, acaba recorrendo ao lugar-comum.

Há muito tempo existe em literatura um infundado preconceito que a nossa época terá que
eliminar: a idéia de que o mero volume de um livro deve fazer parte integrante de nossa
avaliação quanto a seu mérito. Não acredito que o mais fraco dos articulistas de periódicos
trimestrais seja tão fraco a ponto de imaginar que no tamanho ou na massa de uma obra literária
exista alguma coisa que mereça especial admiração. Uma montanha, considerada simplesmente
pela sensação de magnitude física que exprime, pode transmitir-nos o sentido do sublime; mas
não podemos admitir tal influência na contemplação de um livro (...). Os próprios periódicos
trimestrais não admitirão isto. Contudo, que outra coisa pode ser concluída da tão comentada
prática do “esforço sustentado”? Admitamos que este esforço consiga realizar uma epopéia;
então vamos admirar o esforço (se isso é coisa para ser admirada) – mas certamente não a
epopéia só por causa do esforço. O bom senso, que está na hora de chegar, insiste em medir uma
obra de arte pelo objetivo que ela alcança, pela impressão que causa e não pelo tempo que levou
para alcançar o objetivo ou pela extensão do “esforço sustentado” necessário para produzir a
impressão. A perseverança é uma coisa e o gênio outra bem diferente (...).

O conto proporciona o mais belo e limpo campo a ser percorrido nos domínios da prosa pelo
mais alto e supremo gênio. Se me perguntassem como tal gênio poderia mais vantajosamente ser
empregado na demonstração de seus poderes artísticos, eu responderia sem hesitação: “na feitura
de um poema rimado, que não excedesse em extensão à leitura atenta de uma hora”. Dentro deste
espaço de tempo pode estar contida a mais nobre exibição de poesia. Já discuti este assunto em
outro lugar e só preciso repetir agora que a expressão “longo poema” encarna um paradoxo.

Um poema deve excitar intensamente. A excitação é sua essência. Seu valor está na razão direta
desta (elevada) excitação. Mas toda a excitação é, por necessidade física, transitória. Não pode
ser mantida durante um poema muito extenso. Após uma hora de leitura, quando muito, ela
esmorece, debilita-se; e então o poema perde sua força. (..)

Um poema breve demais, por outro lado, pode produzir uma impressão aguda e vivida, mas
nunca profunda ou duradoura. Sem uma certa continuidade, sem uma determinada duração ou
repetição do tema, a alma raramente chega a tingir o efeito desejado. (...) A brevidade, realmente,
pode degenerar no epigramatismo, mas este perigo não isenta a exagerada extensão de ser um
imperdoável pecado.
Se me pedissem, entretanto, para mencionar o tipo de literatura que, ao lado da espécie do poema
que acabo de sugerir, melhor preenchesse os requisitos, atendesse às necessidades e servisse aos
objetivos de um gênio ambicioso, oferecendo a oportunidade para o emprego do melhor exórdio
e da melhor ocasião para aparecer, mencionaria imediatamente que é um breve conto. (...)

O romance comum não é aceitável, absolutamente, por motivos análogos aos alegados na recusa
do poema longo. Como um romance em geral não é lido de uma só vez, não pode usufruir do
imenso beneficio de transmitir ao leitor uma visão global, uma visão da totalidade da obra.
Interesses mundanos interferindo durante as pausas da leitura modificam, neutralizam e anulam
as impressões pretendidas. A simples cessação de ler será suficiente para destruir a verdadeira
unidade. Num conto breve, todavia, o autor pode levar a cabo seu pleno objetivo, sem
interrupção. Durante a hora da leitura, a alma do leitor está sob controle do escritor.

Um hábil artista concebe um conto. Não escolhe seus pensamentos a fim de preparar incidentes
da obra, mas tendo deliberadamente imaginado um certo e simples efeito a ser obtido, inventa os
incidentes, combina os eventos e os discute num tom que lhe permita alcançar o efeito
preconcebido. Se sua primeira frase não é o reflexo deste efeito, então, em sua primeira etapa, o
autor cometeu um erro crasso. Em toda a obra não deve haver uma palavra sequer cuja tendência
– direta ou indireta – não obedeça ao pré-estabelecido desígnio. E dessa maneira, com tal
cuidado e habilidade, um quadro é pintado, deixando na mente de quem o contemple com gosto
um sentimento de completa satisfação. A idéia do conto, sua tese, foram apresentadas perfeitas e
imaculadas, pois não foram perturbadas— objetivo muitíssimo procurado, embora, na novela,
seja inatingível.

Existem muito poucos espécimes de contos esmeradamente construídos na América – refiro-me


apenas à construção, sem referencia a outros pontos, alguns dos quais até mais importantes que a
própria construção. Não conheço melhor exemplar do que Murder Will Out, de Simms, e mesmo
este possui defeitos gritantes. Os Tales of a Traveler, de Irving, são narrativas graciosas e
admiráveis – especialmente The Young Italian – mas não há nenhum da série que possa ser
elogiado no todo. Em muitos deles o ponto de interesse está subdividido e desperdiçado, e suas
conclusões são insuficientemente ascendentes, não têm o necessário clímax.

As estórias de John Neal publicadas em revistas atendem a altos requisitos de composição –


vigor de pensamento, pitoresca combinação de incidentes, e assim por diante – mas divagam em
demasia e invariavelmente sucumbem antes do final, como se o escritor tivesse recebido uma
súbita e irresistível convocação para o jantar e resolvesse terminar sua estória antes de comer.
Um dos mais felizes e melhor estruturados contos que tenho visto é Jack Long: or the Shot in the
Eye, de Charles W. Webber, editor-assistente da American Review, de Colton. Mas em
habilidade geral de construção, creio que os contos de Willis superam os de qualquer autor
americano – exceto os de Hawthorne.

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