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nos representarão no Congresso e para que sejam encaminhadas as proposições mais adequa-
Diretoria Estadual: Ademar de Assis Camelo; Aladir Cristina Genovez Cano; Alberto Bruschi; Ana Lúcia Santos
das às necessidades da nossa categoria, da escola pública e dos trabalhadores brasileiros. Cugler; *Ana Paula Pascarelli dos Santos; Anatalina Lourenço da Silva; Anita Aparecida Rodrigues Marson; Antonio
Afonso Ribeiro; Antonio Carlos Amado Ferreira; Ary Neves da Silva; Benedito Jesus dos Santos Chagas; Carlos Alberto
Rezende Lopes; Carlos Barbosa da Silva; Carlos Eduardo Vicente; Carmen Luiza Urquiza de Souza; Cilene Maria Obici;
No dia 21 de setembro, em todo as regiões do Estado, milhares de professores e professoras Claudio Juhrs Rodrigues; Deusdete Bispo da Silva; Dorival Aparecido da Silva; Edith Sandes Salgado; Edna Penha
estarão reunidos nos Encontros Regionais Preparatórios ao Congresso. Fazemos votos de que, Araújo; Eliane Gonçalves da Costa; Elizeu Pedro Ribeiro; Emma Veiga Cepedano; *Fernando Borges Correia Filho;
Fláudio Azevedo Limas; Flavio Stockler de Ramos Lima; Floripes Ingracia Borioli Godinho; Geny Pires Gonçalves Tiritilli;
nesses encontros, o debate seja profícuo e que saiamos todos fortalecidos na nossa unidade e Gerson José Jorio Rodrigues; Gisele Cristina Da Silva Lima; Idalina Lelis de Freitas Souza; *Inês Paz; *Ivanci Vieira dos
na disposição para lutar for um futuro melhor para todos aqueles que atuam nas escolas públicas Santos; *Janaina Rodrigues Prazeres; Josafa Rehem Nascimento Vieira; Jose Luiz Moreno Prado Leite; Jose Reinaldo
de Matos Lima; Josefa Gomes da Silva; Jovina Maria da Silva; Jucinéa Benedita dos Santos; Juvenal de Aguiar
do Estado de São Paulo. Penteado Neto; Leandro Alves Oliveira; Leovani Simões Cantazini; Lindomar Conceição da Costa Federighi; Luiz Carlos
de Sales Pinto; Luiz Cláudio de Lima; Luzelena Feitosa Vieira; Maísa Bonifácio Lima; Mara Cristina de Almeida; Marcio
de Oliveira; Maria José Carvalho Cunha; *Maria de Lourdes de Souza; Maria Lícia Ambrosio Orlandi; Maria Sufaneide
Rodrigues; Maria Teresinha de Sordi; Maria Valdinete Leite do Nascimento; Mariana Coelho Rosa; *Mauro da Silva
Bom trabalho a todos. Inácio; Miguel Leme Ferreira; Miguel Noel Meirelles; Moacyr Américo Da Silva; *Orivaldo Felício; Ozani Martiniano de
Souza; Paulo Alves Pereira; Paulo Roberto Chacon de Oliveira; Ricardo Augusto Botaro; Ricardo Marcolino Pinto; *Rita
Leite Diniz; Roberta Iara Maria Lima; Roberta Maria Teixeira de Castro; Roberto Mendes; Roberto Polle; Ronaldi Torelli;
Diretoria da APEOESP Sandro Luiz Casarini; Sebastião Sergio Toledo Rodovalho; Sergio Albenes Soares da Silva; *Sergio Martins da Cunha;
Severino Honorato Silva; Silvana Soares de Assis; Solange Aparecida Benedeti Penha; Sonia Aparecida Alves de
Arruda; Stenio Matheus de Morais Lima; Suzi Da Silva; Tatiana Silvério Kapor; Telma Aparecida Andrade Victor;
Teresinha de Jesus Sousa Martins; Tereza Cristina Moreira da Silva; Uilder Cácio de Freitas; Ulisses Gomes Oliveira
Francisco; Vera Lucia Lourenço; Vera Lucia Zirnberger; Wilson Augusto Fiúza Frazão
*Afastado
Caderno de Teses 1
TESE 1
TESE 1
“Na Escola Pública, professores, alunos e funcionários escrevem o
futuro do Brasil”
I – Conjuntura Internacional
1 A economia capitalista está em crise, decorrente da forma como as grandes potências
administram suas economias internas e do tratamento que sempre dispensaram aos países
emergentes e menos desenvolvidos. A liberalização financeira e comercial do capital sem controle
resultou em um processo de financeirização sem limites, cuja expressão é a existência de um
fosso entre a riqueza expressa na forma de papéis e a riqueza real alcançada pela produção e pelo
trabalho.
2 Os responsáveis por essa crise internacional são aqueles que implementaram em vários países
do mundo, inclusive no Brasil, com FHC/PSDB/DEM, as políticas neoliberais. Hoje, o modelo de
Estado mínimo - com pouca ou nenhuma regulamentação, privatizações, privilégios ao capital
especulativo e financeiro, ataques aos direitos trabalhistas e desregulamentação das relações de
trabalho, da lógica de que o mercado resolveria tudo – é fortemente questionado em todo o mundo.
II – Conjuntura Nacional
9 Políticas econômicas que ampliaram o investimento das empresas estatais, o crédito, o
orçamento das políticas públicas e a inédita política de valorização do salário mínimo, bem como os
investimentos em infra-estrutura, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), deram
2 Caderno de Teses
TESE 1
à nação brasileira condições para enfrentar a crise financeira internacional. Houve unanimidade
entre os principais analistas econômicos: o Brasil foi um dos últimos países a ser atingidos pela crise
e o primeira a sair dela.
10 Vivemos hoje perspectivas de crescimento econômico superior a 7% anuais. Isto restringe os
espaços para as forças conservadoras questionarem as conquistas recentes da classe trabalhadora,
como a valorização do salário mínimo, por exemplo. São medidas importantes, porém ainda há
muito o que conquistar.
Redução da jornada, sem redução de salários: esta é uma luta nossa, dos cutistas
13 Os trabalhadores, organizados na Central única dos Trabalhadores e em outras centrais sindicais,
sabem que as forças conservadores não assistem passivamente a esses avanços. A disputa é
constante e o retrocesso uma ameaça real. Por isto, a CUT deve exercer um papel importante no
sentido da formulação de políticas públicas dentro de um modelo de desenvolvimento que atenda
aos anseios dos trabalhadores e da maioria da população.
14 A construção de agendas comuns para garantir respostas contundentes do povo brasileiro em
defesa da redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salário, de investimentos na
reforma agrária, na geração de empregos, valorização dos salários e garantia de direitos torna-se
imperiosa. Nesta perspectiva, as centrais sindicais e movimentos sociais têm dialogado e promovido
mobilizações unitárias.
Caderno de Teses 3
TESE 1
20 Lamentavelmente, setores minoritários do movimento dos trabalhadores insistem em se
colocar voluntariamente à margem da luta real do povo brasileiro. No afã de se destacarem e
de se diferenciarem, suas críticas e proposições muitas vezes se assemelharam às das forças
conservadoras do país.
4 Caderno de Teses
TESE 1
a aprovação da Emenda Constitucional nº 59 eliminou a Desvinculação das Receitas da União para
a educação, o que vem resultando em maior aporte de recursos para o setor. Em 2010 o fim da DRU
significa mais R$ 9 bilhões para a educação. Em 2011, pelo menos mais R$ 9 bilhões.
29 A CONAE aprovou resolução que define o progressivo aumento das verbas para a educação
para atingir o percentual de 10% em 2014, mínimo necessário para uma educação de qualidade
em países com as características econômicas e sociais do Brasil. A propósito, o Conselho Nacional
de Educação aprovou a Resolução CNE/CEB Nº 8/2010, que normatiza os padrões mínimos de
qualidade da educação básica nacional de acordo com o estudo do CAQi (Custo Aluno-Qualidade
Inicial) como referência para a definição do financiamento da educação por parte dos governos da
União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. A resolução aguarda homologação do
ministro da Educação, Fernando Haddad.
30 A EC 59/2009 tem grande significado para a educação brasileira, pois determina a obrigatoriedade
da educação pública dos 4 aos 17 anos de idade. Com isto, compromete todas as esferas do Estado
brasileiro, sem distinção, e aponta claramente para a necessidade da efetivação do regime de
colaboração entre os entes federados, substituindo na LDB a expressão “progressiva extensão da
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio ”por universalização do ensino médio gratuito”.
31 O caminho para a educação brasileira é a construção do Sistema Nacional Articulado de
Educação (SNAE), conforme deliberou a Conferência Nacional de educação (CONAE), pois a
melhora efetiva do ensino depende de políticas e medidas implmentadas em todos os Estados e
Municípios.
32 No Estado de São Paulo, O governo do PSDB, ignora ou desqualifica os programas federais.
Muitas vezes cria programas paralelos, que resultam na duplicação de gastos, como no caso da
distribuição de livros didáticos e políticas voltadas ao ensino técnico e profissionalizante. A não
adesão ao programa Brasil Alfabetizado é outro exemplo.
33 O descaso do governo do PSDB com a qualidade da educação pode ser verificado na edição de
cartilhas pedagógicas com erros grosseiros (como mapas com dois Paraguai e nenhum Equador) e
a distribuição de livros com conteúdo inadequado aos alunos das escolas estaduais (livros contendo
palavrões e incitação à violência, por exemplo). Gastou-se dinheiro público indevidamente e ninguém
foi punido.
34 O governo paulista não realizou qualquer esforço pela realização da CONAE no nosso estado.
A CONAE/SP foi um sucesso graças à ação dos movimentos sociais e populares e das entidades
educacionais, entre elas a APEOESP.
35 Finalmente, devemos registrar que as políticas educacionais desenvolvidas no nosso Estado, a
exemplo do ocorrido no governo FHC, estão inteiramente de acordo com as diretrizes e propostas
formuladas pela entidade denominada Programa de Promoção da Reforma Educativa na América
Latina e Caribe (PREAL).
36 O PREAL é financiado por empresários internacionais e nacionais e por instituições do
governo norte-americano como a United States Agency for International Development (USAID) e
por organismos de financiamento como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No
Brasil, são ligados ao PREAL entidades como a Fundação Lehmann e personalidades como a ex-
secretária Rose Neubauer, a professora Guiomar Namo de Melo e outras.
Caderno de Teses 5
TESE 1
38 Desta forma, o SNAE deve assegurar a participação da sociedade, dos profissionais da educação,
e de suas famílias nas instâncias de deliberação e formulação das políticas educacionais, desde os
conselhos de escolas até o Conselho Nacional de Educação, além da retomada e institucionalização
do Fórum Nacional de Educação, integrado por representantes das entidades e movimentos sociais
e pelos poderes constituídos e coordenado pelo CNE.
39 Desde já, é preciso assegurar o reconhecimento dos conselhos de escola como instância de
formulação, decisão e gestão do projeto político-pedagógico das escolas e a democratização do
Conselho Estadual de Educação para que ele possa assumir o papel que lhe cabe da normatização
da educação pública estadual.
Diretrizes curriculares
44 Outro importante conjunto de medidas vai na mesma direção, como a ampliação do ensino
fundamental para nove anos e a adoção de diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil,
educação prisional, educação de jovens e adultos e outras regulamentações.
6 Caderno de Teses
TESE 1
para isso, tenham que assumir cargos de diretor ou supervisor movidos apenas pela necessidade
salarial. Por outro lado, a Resolução CNE/CEB nº 5 reconhece e valoriza os funcionários como
intrínsecos ao processo educativo, dando concretude à lei 12014/2006, da senadora Fátima Cleide
(PT/RO), instituindo direitos e definindo parâmetros para a formação e profissionalização deste
segmento fundamental.
Carreira
48 Em São Paulo, a carreira do magistério não atende às necessidades da nossa categoria. Ela
não é atraente para os melhores profissionais, pois não assegura bons salários e não oferece
mecanismos de evolução que reconheçam a experiência, a formação e o tempo de serviço. Além de
não contarmos com uma política salarial, agora pelo menos 80% da categoria é excluída de reajustes
pela política de “promoção por mérito”, que fere a isonomia prevista na Constituição Federal.
49 Uma carreira que atenda às necessidades dos professores e da qualidade de ensino não pode
conviver com o altíssimo número de professores temporários que hoje existem em algumas redes
de ensino do país. Em São Paulo eles representam 47% do total. Por isto os concursos públicos
devem ser realizados com maior periodicidade, de forma a reduzir o número de temporários a um
nível aceitável, em torno de 10% do total.
Caderno de Teses 7
TESE 1
burocratização e rotinização dos procedimentos educativos, se as demandas sociais são cada vez
mais no sentido da utilidade?
57 Alguns elementos são enriquecedores do processo educativo, participando na formação humana
e na reorganização da cultura. O sujeito capaz de fala e ação tanto é dependente como autônomo
em um mundo aberto e estruturado linguisticamente, mas que se nutre de sentidos gramaticalmente
pré-moldados, sempre validados ou rechaçados na prática do entendimento de uma comunidade
de linguagem.
58 Ao refletir sobre as concepções da filosofia da subjetividade, marcada por um modelo cognitivista
de sujeito-objeto, refletimos sobre teorias da comunicação sem fazer uma inversão completa no
projeto moderno de formação do homem. A ação comunicativa em prol da educação, cultura e
formação deve passar pela crença nas conquistas e no conteúdo normativo moderno (emancipação,
criticidade, verdade, justiça, por exemplo), remetendo-nos não mais para uma racionalidade forte
ou unitária, mas para uma razão situada, em que a unidade é a perspectiva de chegada e não uma
condição dada antecipadamente.
59 O reconhecimento do agir no mundo, a percepção de que muitas noções tidas como verdadeiras
são instituídas através da linguagem, é o primeiro e importante passo para darmos a entender
que a instância cultural perpassa todos os outros campos do social – o político, o econômico, o
educativo, o jurídico. Neste sentido a formação dá-se em um plano intersubjetivo, no qual tanto
as ações quanto a realidade, em grande parte, ganham sentido pela mediação das percepções e
interpretações humanas.
60 Consideramos que tal análise não seja condição suficiente para emergir da crise de sentido
em que as práticas pedagógicas se encontram, mas é condição necessária. A partir desta clareza,
seja do significado, seja da complexa rede que as metas educativas exigem para sua realização, é
possível aos educadores estabelecer uma relação mais íntima entre os objetivos propostos social
e culturalmente e a atividade pedagógica com os educadores e educandos - professores e alunos.
8 Caderno de Teses
TESE 1
IV – Política Sindical
66 A principal diretriz do sindicalismo da CUT é a defesa da liberdade e da autonomia sindical.
Os desdobramentos desta diretriz em iniciativas concretas para consolidar sindicatos livres,
independentes, autônomos e democráticos, organizados desde o local de trabalho até os níveis
nacionais tem sido o principal desafio da CUT e de seus sindicatos filiados, inclusive frente à
legalização das Centrais Sindicais e ao quadro de acirramento da disputa com outros projetos
sindicais.
67 Para avançarmos em sua estratégia, a CUT e seus sindicatos precisam atualizar sua concepção
sindical, considerando o contexto do aumento da fragmentação sindical, limitações estruturais para
a construção da identidade de classe e as dificuldades em organizar mobilizações de massa.
68 Somos oriundos de um movimento de contraposição à estrutura sindical oficial, de afirmação da
liberdade sindical e da defesa da democracia de base. O espaço sindical tem que ser construido de
forma espontânea pelos trabalhadores. Foi com esses pressupostos que construímos a APEOESP
e a CUT, defendendo a liberdade de organização e negociação coletiva, a organização a partir da
base e construindo as lutas salariais ao lado das lutas populares. Maior sindicato da América Latina,
a APEOESP, com seus 180 mil associados, é modelo para todo o movimento sindical, por associar
os profissionais do magistério de forma espontânea e voluntária, pela ampla participação e pela
organização no local de trabalho.
69 O sindicato é um dos instrumentos fundamentais para a construção de outra hegemonia baseada
e amparada na luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Para tanto, requer engajamento na disputa
social por ampliação de direitos, mas também na disputa ideológica, no combate aos pilares do
sistema, elevando a consciência e identidade de classe.
70 Temos um cenário sindical bastante diferente daquele vivido na fundação da CUT e da
transformação da APEOESP em um sindicato combativo e classista. Um contexto social, econômico
e político mais favorável para avançarmos. Para tanto, devemos reafirmar e atualizar os princípios do
sindicalismo combativo inaugurado por nós: a democracia interna, a organização desde a base e a
independência de classe. A CUT, em conjunto com seus sindicatos, deve adicionar outros princípios
igualmente fundamentais: a tarefa de organizar o conjunto da classe em sua heterogeneidade e
não apenas aqueles incluídos no sistema de direitos, com base da formalização do trabalho; o
lugar da luta das mulheres para a construção de um mundo de igualdade; no combate a todas as
formas de discriminação; o objetivo estratégico do sindicato de, a partir do seu cotidiano, construir a
consciência participativa e soberana da classe trabalhadora.
71 Se não rompermos com a lógica do capitalismo, não apenas não poderemos resolver os
problemas básicos sentidos pelos trabalhadores(as), como não evitaremos que se aprofundem.
Através da luta, os(as) trabalhadores(as) constroem formas de organização superiores, avançam em
sua unidade e conquistam independência política frente à burguesia. Os sindicatos são ferramentas-
chave para essa disputa e, portanto, devem ser capazes de representar, organizar e mobilizar os
amplos setores da classe trabalhadora, construindo seu protagonismo social, político e cultural.
72 Em que pese ainda não ter sido possível viabilizar uma reforma sindical no país em direção a uma
maior democratização das relações de trabalho, a construção de sindicatos fortes, representativos
e por ramo de atividade; um sindicalismo de massas que mobilize e organize numa perspectiva de
classe homens e mulheres e que se baseie em discussões e decisões democráticas envolvendo
efetivamente os(as) trabalhadores(as) por meio de assembleias e outras instâncias decisórias
desde os locais de trabalho; a autossustentação financeira e outros princípios e diretrizes da Central
são opções políticas que necessariamente dependem dos marcos vigentes na atual legislação, a
exemplo do princípio da unicidade sindical e construção de sindicatos por categorias profissionais.
74 A formação sindical cutista deve reforçar seu papel na educação política da militância sindical.
Alguns princípios fundantes do sindicalismo cutista devem ser reforçados para potencializar
a capacidade da nossa Central no enfrentamento dos desafios impostos pelo contexto atual. A
Organização no Local de Trabalho – OLT deve ser parte fundamental dessa estratégia de formação
sindical e de disputa de hegemonia nos locais de trabalho.
75 A CUT deve construir um ousado programa de combate ao imposto sindical e de implementação
Caderno de Teses 9
TESE 1
da organização por local de trabalho. Trata-se de uma ampla campanha para que todas as entidades
filiadas a nossa Central se sustentem a partir da contribuição voluntária da categoria, deixando
de utilizar o imposto sindical. A luta pelo fim do Imposto Sindical e a criação da Taxa Negocial,
democraticamente aprovada em assembleia, com direito à oposição exercida apenas na própria
assembleia, é a ação central rumo a esse objetivo.
76 A sustentação financeira voluntária, ao lado da construção de um sistema de representação e
organização de base é fundamental para avançar no projeto e impedir, nesse cenário de disputas,
divisões em nossas bases.
77 A CUT luta para que o Congresso Nacional regulamente o Conselho de Gestão de Pessoal do
Serviço Público e inicie o debate sobre a garantia ampla da organização sindical no setor, com o
objetivo de viabilizar o repasse da contribuição dos filiados e a liberação dos dirigentes. Da mesma
forma, a CUT contrapõe-se à crescente intervenção do Judiciário na atuação sindical e ao projeto
de lei de greve no ser viço público.
78 É preciso, contudo, que a CUT aprofunde sua relação com os(as) trabalhadores(as) do setor
público, cujo trabalho fundamental para assegurar os direitos da população a educação, saúde,
transporte e outros serviços públicos de qualidade. Hoje o movimento do funcionalismo público,
particularmente os professores, adquiriram forte participação no processo de alteração da correlação
entre as forças políticas no país.
79 O contexto atual favorece aos movimentos sociais a ampliação de bandeiras políticas que
elevem a consciência democrática e anticapitalista. A reversão do processo de mercantilização
das relações sociais é o eixo que pode organizar a ação anticapitalista neste momento de crise
internacional e que pode apontar, para os movimentos sociais populares, o direcionamento rumo à
alternativa socialista.
80 É fundamental a busca da unidade de ação com as demais centrais sindicais, especialmente
nas questões de interesse geral da classe trabalhadora, e projetar a identidade da CUT nas ações
conjuntas, bem como viabilizar as condições para a disputa da representação dos setores que estão
na base dessas forças, pois as demais centrais e forças certamente investirão em nossas bases.
V - Balanço da APEOESP
81 A atual gestão é formada em regime de proporcionalidade pelas correntes Articulação Sindical,
ArtNova, O Trabalho, Corrente Sindical Classista e MUDE, pela Chapa 1, e pelos setores da
oposição PSOL e PSTU, pela Chapa 2. Ela foi eleita e assumiu o mandato em meio à luta contra o
Decreto 53.037/2008, que instituiu a chamada “provinha dos ACTs”.
82 Na sequência de uma greve iniciada no final da gestão do então presidente Carlos Ramiro de
Castro coube-nos a tarefa de dar continuidade ao movimento e, após o encerramento da greve,
participar das negociações entre o TRT e a Secretaria da Educação para reduzir os danos da
provinha aos professores e pelo pagamento dos dias parados na greve mediante reposição e
retirada das faltas dos prontuários, ao final das quais foram obtidas alterações no critério da nota
da prova (composição da nota com 80 pontos para o tempo de serviço e 20 pontos para títulos) e o
pagamento “cheio’ da reposição em folhas suplementares.
A queda da secretária
83 Prosseguimos a luta contra a provinha, ingressando com ação judicial pela sua anulação e
mobilizando a categoria, conseguindo obter decisão que anulou de fato a provinha para efeitos
da atribuição de aulas. Não podemos deixar de registrar que os setores de oposição no interior
da diretoria (PSTU e PSOL) não concordaram com o ingresso da ação judicial, duvidando de sua
eficácia como instrumento de luta em defesa dos direitos dos professores. A justiça, assim, derrotou
o governo e a oposição da APEOESP.
84 Também ocupamos todos os espaços possíveis para evitar a desqualificação de parte
dos temporários como “professores nota zero”,como procurou fazer a então secretária Maria
Helena Guimarães de Castro, esta luta, aliada aos erros cometidos pela secretária, levou à sua
10 Caderno de Teses
TESE 1
desmoralização perante a categoria e à opinião pública, resultado em sua exoneração, no mês de
março de 2009.
85 Nessa luta, ampliamos espaços da APEOESP na mídia e em diversos segmentos sociais e,
na sequência, criamos o blog Palavra da Presidenta, canal de diálogo direto com a categoria,
além de ampliarmos a utilização da internet para denúncias, pesquisas e aferições da opinião dos
professores e professoras sobre diversos temas.
Mobilização e negociação
86 Nossa concepção sindical combina a mobilização dos trabalhadores com a busca permanente
de espaços de negociação visando o atendimento de nossas reivindicações. Por isso, consideramos
muito importante a aprovação, na Assembleia Legislativa, da lei 12.638/2007, do deputado Roberto
Felício, que criou o Conselho de Política de Administração e Remuneração de Pessoal e determina
a criação do Sistema de Negociação Permannte entre o Estado e os servidores. Devemos defender
essa conquista, pois o governo do PSDB ingressou com ADIN para derrubar a lei.
87 Desde o início de sua gestão, estabelecemos um processo de pressão e diálogo com o novo
secretário, Paulo Renato Souza, combinando negociação com mobilização, como ocorreu durante
a tramitação dos PLCs 19 e 20 de 2009,que se tornaram, respectivamente, as LC1093 e 1094. A
primeira criando o “provão dos ACTs’ e a quarentena de 200 dias entre uma contratação e outra dos
novos professores temporários a segunda, novas jornadas, vagas e a escola de formação como
nova etapa dos concursos públicos de ingresso.
88 Conseguimos audiências públicas e negociações na ALESP e, assim, obtivemos alterações
em ambos os projetos, como a permanência dos professores categoria L até final de 2011, sem a
quarentena, ampliação do número de vagas e periodicidade máxima de 4 anos entre os concursos.
Caderno de Teses 11
TESE 1
93 Os dias seguintes à Conferência foram de mobilização da categoria. O Dia do Basta reuniu 5 mil
professores na Praça da República. Logo em seguida, em reunião com a APEOESP, o secretário
da educação aceitou alterar critério da notado provão, utilizando-se parte do tempo de serviço para
compor a nota de classificação.
94 Na luta contra o “provão”, realizamos inédito processo de mobilização em pleno recesso escolar.
Em 15 de janeiro reunimos 4 mil pessoas na Praça da República para reivindicar a mudança no
caráter da prova, de eliminatório para classificatório. Finalmente a SE alterou o critério, não da
forma que havíamos reivindicado e todos puderam participar das atribuições de aulas, classificados
em duas listas. Também foi permitido aos professores que não fizeram a prova por motivo justificado
participar da atribuição de aulas.
A greve
98 O acúmulo de ataques do governo, Serra, a nossos direitos e a não abertura de negociações
quanto a nossas reivindicações nos levou à greve, uma resposta necessária, exigida pela categoria.
99 Iniciada no dia 5 de março e suspensa em 8 de abril, a greve do magistério público paulista foi
a afirmação da luta pela nossa dignidade e em defesa da educação pública de qualidade.
100 Nossa greve foi deflagrada pelo atendimento de uma pauta de reivindicações que inclui reajuste
salarial de 34.5% para repor o poder de compra de nossos salários, tendo como referência o mês de
março de 1998, concursos públicos de caráter classificatório e a revogação das leis que instituíram
políticas de avaliação excludentes, como aprova dos temporários e a chamada “promoção por
mérito”.
101 Iniciamos a greve como forma de pressão para que o governo aceitasse negociar com o
magistério a pauta de reivindicações que, ao contrário do que disse o secretário da Educação,
já havia sido encaminhada no segundo semestre de 2009 e em janeiro de 2010, sem qualquer
resultado.
102 Após mais de trinta dias de assembleias, passeatas, manifestações e muitos debates nas
escolas, nas câmaras municipais e na mídia, a greve foi suspensa basicamente pela forma truculenta
como o governo tratou o movimento, com repressão, ameaças, demissões e falta de perspectivas
de negociação.
103 Antes e depois da greve, em todos os momentos em que nos reunimos com o secretário da
Educação, não se pode avançar quanto à reivindicação salarial ou outros pontos de valorização
profissional. Tal situação não nos deixou alternativa senão a deflagração da greve, como havíamos
definido em novembro e reafirmado em assembleias posteriores.
104 Ao realizar a greve, os profissionais do magistério da rede estadual de ensino de São Paulo
enfrentaram um dos governos mais autoritários e truculentos que o nosso estado já conheceu.
Utilizando seu apoio na mídia – que acoberta sua péssima gestão - e a maioria parlamentar que
12 Caderno de Teses
TESE 1
detém o governo Serra/Goldman impôs políticas definidas de cima para baixo, sem qualquer tipo de
consulta ou debate com a sociedade.
Continuamos em luta
109 Nosso movimento continua e temos pela frente o grande desafio de manter o diálogo com pais,
alunos e toda a comunidade, para que a luta em defesa da educação, mais uma vez, transcenda
a nossa categoria e os muros das escolas e ganhe a dimensão social que precisa ter, para que
possamos gerar as mudanças inadiáveis que a situação exige.
110 Após a greve, prosseguimos a luta, agora contra o projeto de incorporação da GAM em três
parcelas, que acabou por ser aprovado, tal a maioria do governo na ALESP.
111 Também pressionamos a SE quanto à reposição e pagamento dos dias parados e conseguimos
que a reposição fosse a mais flexível possível e que os professores recebessem de volta exatamente
o valor que foi descontado, mediante a reposição. Neste momento, lutamos que todas as faltas sejam
retiradas e temos decisão judicial favorável, referente à greve de 2000, que cria jurisprudência para
a situação atual.
112 Fica uma questão: como olharíamos para os professores, depois que o governo do PSDB criou
toda uma paraferrnália que fragmentam os professores em “categorias” (F, L, O), retira direitos,
institui a “promoção por mérito” e outros ataques? Havia outra reposta que não a greve?
O governo se desmoraliza
113 Em maio, conseguimos novo artigo na Folha de S. Paulo (A fórmula simples da qualidade de
ensino), demonstrando todos os equívocos do governo e contestando sua interpretação sobre os
resultados educacionais do estado de São Paulo, além de reivindicar reajuste salarial e valorização
da categoria.
Caderno de Teses 13
TESE 1
114 Ao convocar professores que não haviam participado da avaliação, o governo mostrou que
tínhamos razão sobre o provão e, na prática, foi obrigado a cumprir a nossa reivindicação.
115 Também são desmoralizantes os vai-e-vem em relação às regras do concurso e a distribuição
de dinheiro a alunos do ensino médio para darem aulas a seus colegas do ensino fundamental e a
estes para participarem das aulas.
116 Antes e durante a greve organizamos a participação da categoria de forma ativa e destacada
na CONAE/SP e CONAE, espaços importantes de formulação de propostas educacionais e de
defesa de nossas posições e da valorização do magistério que, infelizmente, algumas correntes da
APEOESP desprezam de forma inconsequente e equivocada.
117 Também tem sido muito importante nossa atuação no Conselho nacional de Educação, por
onde passam importantes deliberações que influem no acesso à educação, na qualidade do ensino
e nos nossos direito profissionais. Neste sentido, tem sido decisivo o papel da professora Maria
Izabel Azevedo Noronha, conselheira reconduzida pelo presidente Lula para mais um mandato de
quatro anos.
118 O embate com o governo e a forma como foi realizada a cobertura da nossa greve pelos meios
de comunicação nos levou à realização do Seminário A Mídia e os Movimentos Populares em
âmbito estadual e em cada macro-região do interior. Como encaminhamento, já assumido pela
CUT, vamos organizar um fórum permanente de comunicação com outras entidades sindicais e
populares e uma rede independente de comunicação.
119 Toda a luta da APEOESP no último período, sobretudo a greve, resultou na ampliação do
reconhecimento nacional da importância e do papel da APEOESP.
14 Caderno de Teses
TESE 1
professores, e a situação continua a se repetir. Assédio moral é crime precisa ser denunciado
e combatido. Além de jornal mural e cartilha sobre o tema, a APEOESP mantém todos os seus
advogados orientados e atualizados, prontos a prestar toda a assistência aos professores na defesa
de seus direitos contra mais esse ataque.
Caderno de Teses 15
TESE 1
governamentais, nacionais e internacionais, para fortalecimento da luta da APEOESP; cursos de
Estratégia e Políticas Públicas; eventos Sindicais e Educacionais.
Ampliando o patrimônio
140 Assim, a entidade tem diversificado seus convênios em várias áreas, tem aprimorado suas
colônias de férias e tem dado sequência à aquisição de sedes próprias para as subsedes. Hoje
já são 14 subsedes que possuem suas sedes próprias adquiridas através de consórcios e mais 7
estão previstas para o próximo período.
141 A Casa do Professor, importantíssima conquista da nossa entidade, continua sendo amplamente
utilizada pelos professores de todo estado em seus deslocamentos a capital, sendo ainda local para
a promoção de reuniões e eventos, tanto do próprio sindicato quanto de outras entidades que nos
solicitam.
Projeto habitacional
142 Também estamos incorporando a entidade ao programa Minha Casa, Minha Vida, do governo
federal, a partir das subsedes cujas coordenações manifestaram interesse no projeto. A partir do
cadastramento dos professores interessados, uma empresa parceira organizará o atendimento à
demanda e a formulação e viabilização do projeto habitacional através de construtoras credenciadas
no programa federal, dentro das faixas de renda que correspondem à maior parte dos professores.
16 Caderno de Teses
TESE 1
Atendimento jurídico e call center
143 Também o atendimento jurídico aos associados está em constante aprimoramento, não apenas
em relação a causas individuais ou de grupos, mas também nas causas coletivas. O corpo de
advogados passa por um permanente processo de atualização profissional, coordenado pela diretoria
da entidade, unificando entendimentos e a forma de atendimento aos professores. Pretendemos,
brevemente, que a entidade conte com um call center para o atendimento jurídico, agilizando-o e
aprimorando-o.
144 Os resultados são evidentes, em importantes causas ganhas contra o governo do PSDB, entre
as quais se destaca a proibição de uso dos resultados da “provinha dos ACTs” para atribuição de
aulas de 2009. Também se destaca recente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que
manda o governo retirar do prontuário as faltas relativas à greve de 2000, seguindo o juiz toda a
argumentação da APEOESP.
VI - Políticas Permanentes
DPME
150 Recentemente a diretoria esteve reunida com a direção do Departamento de Perícias Médicas
do Estado (DPME), reivindicando melhorias e descentralização do atendimento. De concreto,
recebemos a promessa de agilização do atendimento online para agendamento de perícias médicas
e reinvicamos, entre outros pontos, alteração do Decreto 29.180/88, para que seja considerado
Caderno de Teses 17
TESE 1
como licença-saúde o período compreendido entre a perícia e a publicação de seu resultado no
D.O.E., quando o parecer for desfavorável à licença ou prorrogação de licença. Ficou claro que a
Secretaria não cumpre as recomendações do DPME quanto às condições de trabalho. A APEOESP
está solicitando audiência com a Secretaria de Gestão Pública, à qual o DPME é subordinado.
151 Propostas
-Lutar para que o Estado desenvolva programas de prevenção e melhoria da saúde dos
professores;
-Lutar para que o Estado aporte sua cota-parte para o IAMSPE (equivalente a 2% folha de
pagamento);
-Lutar por mais descentralização, modernização e melhoria do atendimento do IAMSPE;
-Lutar pela revogação da lei 1.041/08;
-Criação em todas as subsedes de uma comissão da saúde que esteja comprometida em
acompanhar a saúde dos professores;
-Criação de uma comissão de saúde dentro da Secretaria de Políticas Sociais para
acompanhamento, no IAMSPE, nos órgãos oficiais buscando levantar diagnóstico e elaborar
políticas públicas;
-Essa comissão terá como meta encaminhar todos os diagnósticos levantados para que a
executiva da Entidade interfira junto aos órgãos oficiais para que estes reconheçam estas
doenças como profissionais.
b) Mulher no Trabalho e na Política - Avançando cada vez mais na Conquista dos seus
Direitos
A Mulher no Trabalho
152 A presença das mulheres no mercado de trabalho vem aumentando consideravelmente nos
últimos 40 anos. Este fato e bastante difundido e certamente é uma vitoria muito grande, fruto de
anos de lutas e mobilizações das mulheres.
153 Contudo, não significa que as desigualdades entre homens e mulheres foram resolvidas, inclusive
porque no mercado de trabalho encontramos condições bastante desfavoráveis e discriminatórias
com relação as mulheres.
154 É importante frisar que as desigualdades não são explicadas pela escolaridade, já que as
mulheres tem mais anos de estudo e as diferenças de rendimentos são maiores entre as pessoas
mais escolarizadas. Entre as pessoas com curso superior, as mulheres recebem 40% menos.
155 Se por um lado a situação das mulheres melhorou, por outro lado, cresceram enormemente
seus encargos e atribuições, com a duplicação de jornada de trabalho e o aumento das pressões
por excelentes resultados em seu desempenho profissional, intelectual e pessoal, muito acima do
que se exige dos homens. Chefes de família, mães, trabalhadoras, estudantes ou desempregadas,
as mulheres substituem os homens também ao se tornarem provedoras do lar.
156 Entretanto, as mulheres negras sofrem muito mais discriminação no mercado de trabalho, seja
no ingresso ou no processo de progressão funcional, a remuneração fica sempre na faixa de um
salário mínimo ou em média recebem 50% a menos do que as não negras, elas chefiam em número
maior 60% do que as mulheres brancas e são as mais pobres; um primeiro marcador da pobreza e a
falta de escolaridade, pois a maioria delas são analfabetas ou semi-analfabetas 79% das mulheres
negras não completaram os quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, seguido pelo estado
conjugal.
157 Com pouca escolaridade e a falta de uma profissão considerada qualificada, justificam o lugar
que a mulher negra ocupa no mercado de trabalho, o mais desvalorizado socialmente e a pior
remuneração, o trabalho doméstico é o lugar que a sociedade destinou como ocupação prioritária
das mulheres negras.
158 A desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho independe de abalos
18 Caderno de Teses
TESE 1
financeiros internacionais; a diferença de renda entre gêneros até que diminuiu ligeiramente, mas
as mulheres ainda ganham menos que os homens.
159 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado em 2009, e referente ao ano 2008,
comprova que não importa em que pais a mulher se encontra. De forma generalizada, no mundo,
os homens ganham mais.
160 Se a mulher faz a opção por ter um/a filho/a o Estado deve garantir políticas públicas para
ampará-la. A creche e um direito de todas as crianças, e no caso do Brasil, esta e mais uma pauta
prioritária de nossa luta, uma vez que estamos longe de ter este direito das crianças, a creche é um
instrumento fundamental para que as trabalhadoras que são mães possam acessar e permanecer
no mercado de trabalho.
161 Nesse sentido, a Ratificação da Convenção 156 da OIT e importante instrumento no
questionamento das relações de gênero em nossa sociedade na medida em que pauta o
compartilhamento do trabalho doméstico e de cuidado familiar.
162 A CUT vem impulsionando essas lutas que vão no sentido de construir uma sociedade igualitária,
justa e democrática, e que devem, portanto, ser parte da luta do conjunto da classe trabalhadora,
não apenas das mulheres. Para CUT se queremos transformar de fato a sociedade, precisamos
transformar a vida das mulheres trabalhadoras.
A Mulher na Política
163 Pela primeira vez, o Brasil poderá ter uma mulher na Presidência da República. Um cenário
político que torna as eleições de 2010 muito importante para definição dos rumos da nação brasileira
nos próximos anos, pois está em pauta a continuidade e o aprofundamento do ciclo de mudanças
iniciado em 2002 ou o retrocesso neoliberal, bem como a aplicação da Lei 12.034/09 na parte
específica das mulheres para melhorar sua participação no poder.
164 As medidas para garantir igualdade e maior participação das mulheres tem sido entendidas como
“ações afirmativas” e tem sido definidas e implementadas, estabelecendo cotas de participação
política com o fim de reduzir as perdas acumuladas que tanto afetam a vida das mulheres.
165 Tivemos em 2009 a aprovação da Lei no. 12.034 - uma mini-reforma eleitoral que vem a
beneficiar as mulheres tanto nas questões das cotas, no financiamento de campanha eleitoral e
ajudara a promover e difundir a participação política feminina.
166 Em relação às reivindicações das mulheres foi constituída a comissão tripartite (Executivo,
parlamento e sociedade civil), instituída pela Portaria nº 15 de 02/03/2009, coordenada pela Secretaria
Especial de Política para Mulheres (SPM), com o objetivo de discutir, elaborar e encaminhar a
proposta de revisão da Lei 9504/97, que estabelece normas para eleições.
Caderno de Teses 19
TESE 1
uma grande conquista. A Lei não e contra os homens, ela e contra a violência contra a mulher. A lei
e aliada dos homens na conquista de uma sociedade sem violência.
172 Propostas:
-Organizar as mulheres da APEOESP de forma articulada com a SNMT, SEMT da CUT e
Secretaria de Gênero da CNTE;
-Incorporar no sindicato as políticas, propostas e campanhas debatidas no interior da CUT e
CNTE em relação a política de gênero;
-Desenvolver uma ampla campanha estadual de combate a violência contra as mulheres
(Campanha desenvolvida pela CUT) o combate a violência, assedio sexual, assedio moral,
violência sexual e doméstica. Na casa, no trabalho e na sociedade, com ações de sensibilização,
oficinas, elaboração de material de divulgação e informação: (cartaz-folder-adesivos-bottons-
camisetas-suplemento informativo), atividades regionais para lançamento, divulgação e diálogo,
social na perspectiva de possíveis ações conjuntas com outros setores sociais;
-Confeccionar cartilha sobre a Lei Maria da Penha para mulheres sindicalizadas da APEOESP;
-Orientar a participação das mulheres do Coletivo de Gênero da APEOESP nos Conselhos
Municipal e Estadual de Defesa dos Direitos das Mulheres a fim de intervir e propor políticas de
interesse das mulheres;
-Lutar pela ampliação de creches;
-Implementar a transversalização do tema gênero nas diversas políticas, entre elas a formação,
a Política sindical, social e a saúde do trabalhador;
-Realizar seminários sobre economia e os organismos multilaterais para as mulheres do coletivo;
-Fazer um levantamento da violência contra a mulher no Estado de São Paulo, através das
Subsedes;
-Realizar Seminário na Semana 8 de marco, confeccionar camisetas, jornal, cartazes e convocar
com antecedência representantes das subsedes para participarem da Marcha das Mulheres.
183 Propostas:
-Promover campanhas de Combate a Violência e a discriminação contra LGBT;
-Fomentar e apoiar curso de formação inicial e continuada de professores na área da sexualidade;
-Formar equipes multidisciplinares para avaliar livros didáticos;
-Promover Encontros: Regionais e Estaduais para debater a discriminação;
-A participação efetiva nas Paradas do Orgulho Gay ocorridas no Estado de São Paulo;
d) Antirracismo
184 Pensar a atual situação da população negra no Brasil requer atenção. Nos últimos 8 anos
obtivemos grandes avanços no entanto o estigma do racismo no Brasil é tão profundo que muito
ainda esta por fazer. As politicas públicas (geral e especifica) implementadas pelo Governo Lula
foram de suma importância para iniciarmos um longo caminho. O caminho da inclusão racial no
Brasil.
185 E, este caminho passa obviamente pelo aprofundamento das politicas publicas especificas, pela
desconstrução do racismo institucional que ainda se apresenta de forma perversa em diferentes
campos. Na saúde, na educação e principalmente na segurança, quando ainda temos o estereótipo
do marginal: jovem, pobre e negro, é exatamente este o perfil predileto que a policia foca em suas
voltas pelas periferias brasileiras e o resultado todos nos conhecemos, é o extermínio da juventude
negra. Mudar esta realidade é dever de todos e todas que acreditam em uma sociedade justa e
igualitária. Agora não podemos deixar de mencionar é que acreditamos que a construção desta
sociedade também passa pela educação, passa pela escola; uma escola pública de qualidade
que apresente um currículo inclusivo, uma escola em que nossas crianças negras, indígenas
ou de qualquer outro grupo étnico-racial se reconheçam como sujeitos da nossa história, e, este
reconhecimento passa indubitavelmente pelo conhecimento da sua própria historia e a da sua
ancestralidade.
186 A realidade da população afro-brasileira nas áreas de desenvolvimento humano, renda educação,
saúde, emprego, habitação e violência aos negros e negras, continuam em situação desfavorável.
Ainda são principais vítimas na exclusão dos serviços básicos, e a pouca representação nos postos
de poder. Os jovens negros em nosso país são as principais vítimas da violência policial.
187 Sendo assim, propomos:
-Encontros regionais e estadual de troca de experiências entre os docentes flexibilizando os
Caderno de Teses 21
TESE 1
tempos escolares já proposto na LDB, pensando momentos de participação da comunidade
junto com professores e alunos;
-Mapeamento e tomada de conhecimento das lutas, demandas e conquistas dos Movimentos
Negros;
-Defesa da política de cotas nas universidades;
-Que a APEOESP inclua o dia 20 de novembro no calendário da entidade orientando a
organização e participação em atividades do movimento sindical CUTista e movimento social;
-Que seja realizado uma vez ao ano, um seminário do coletivo antirracismo da APEOESP tendo
participação das subsedes e seus coletivos regionais;
-Que os membros do coletivo antirracismo sejam eleitos a cada 3 anos;
-Aplicação integral da lei que determina a obrigatoriedade no ensino fundamental e médio nas
escolas Estadual, Municipais e Particulares da Lei 10.639/2003, que insere a Cultura da África
nos currículos escolares das disciplinas de Sociologia;
-Entendendo a importância da Lei - 10.639/03, que a APEOESP sob a orientação do Departamento
Jurídico aos Escritórios regionais oriente as subsedes a organizarem denúncias nas promotorias
públicas sobre o não cumprimento (a nível Municipal e Estadual da Lei 10.639/2003);
-Cobrar junto a SE a formação aos professores para efetiva aplicação da Lei 10.639/2003,
abordando temas como: a influência da mídia, a religião, a cultura, a estética, a corporeidade,
a música, a arte, os movimentos culturais, na perspectiva afro-brasileira sem sentimentos de
inferioridade ou de superioridade;
-Continuar promovendo e participando de Campanhas Nacionais e Internacionais de Combate
ao Racismo e toda forma de discriminação e erradicação da pobreza;
-Que o Coletivo de Formação APEOESP indique e elabore material impresso para subsidiar o
debate da temática racial (afro-brasileira/ indígena)
-Filiação da APEOESP ao INSPIR (INSTITUTO INTERAMERICANO de Promoção de Igualdade
Racial) (contribuição de meio salário mínimo mensal).
f) Integração dos Professores Aposentados nas Lutas Gerais pelos Direitos dos Idosos
196 O processo de envelhecimento é um fenômeno mundial que comporta consequências para os
22 Caderno de Teses
TESE 1
indivíduos e para as nações. O Estado de São Paulo não pode mais pensar seu desenvolvimento
sem considerar a mudança no perfil demográfico, ao lado das contradições e do quadro gravíssimo
de exclusão social e econômica que incide sobre a população que aqui envelhece, os professores
aposentados do Estado mais rico da Nação também enfrentam essa dura realidade.
197 Projeta-se para o ano 2050 que a população idosa total dos 12 territórios da América Latina
contará com cerca de 20% do total da população.
198 O envelhecimento está se registrando de forma muito acelerada, na América Latina a velocidade
supera a Europa e, no caso do Brasil, no período de duas décadas, 1996 ao futuro próximo 2016,
a proporção de idosos passará de 7% para 14% do total da população. Os demógrafos trabalham
com números que apontam em 2020 um Brasil com uma população idosa perto de 33 milhões
de pessoas. Segundo dados da PNAD de 2008, a população idosa compõe 11,1% do total da
população.
199 Desse contingente, o IBGE apontava em 2000 que 40,3% vivia com uma renda de meio a um
salário mínimo por mês. Isto coloca para os Estados, questões fundamentais a serem pensadas
em termos de proteção social e garantia de direitos. Em São Paulo estima-se que 2,2 milhões
sobrevivem com rendimento domiciliar per capita de até meio salário mínimo, e que um milhão
dessas pessoas têm de zero a um ano de instrução.
200 É certo que os problemas que afetam a população idosa só podem ser plenamente resolvidos
no marco de soluções mais gerais de garantia da justiça social e econômica. Mas também é certo
que se faz necessário a construção de políticas sociais específicas para esse setor, especialmente
pela condição de vulnerabilidade a que tem sido submetido, com a supressão dos seus interesses
do campo das iniciativas do poder público.
201 Duas Conferências Nacionais da Pessoa Idosa indicam a necessidade de se criar uma reafirmando
as modalidades de atendimento propostas na Política Nacional do Idoso e no Estatuto do Idoso.
As deliberações das Conferências apontam as responsabilidade dos ministérios na manutenção de
algumas ações que vem sendo implementadas, tais como, a concessão do Benefício da Prestação
Continuada, (BPC) ações da Saúde, Educação, Desenvolvimento Social entre outros, mas remete
para os Estados e Municípios a execução das propostas que estão em seu âmbito. Enfatizam
ainda a necessidade de ações intersetoriais, com articulação entre os diversos órgãos de governo
e instituições da sociedade civil para efetivação das propostas apresentadas pelos idosos de todo
país.
202 Dessa forma, cabe ao estado implementar ações direcionadas ao processo de envelhecimento
e à busca de alternativas para a construção de uma sociedade para todas as idades.
203 Propostas:
- Desenvolver a integração da APEOESP ao Programa Minha Casa Minha Vida, visando
assegurar moradia digna aos professores aposentados;
-Ampliação das Políticas Específicas da APEOESP para Atendimento à Saúde e lazer;
-Propor aos órgãos reguladores dos Planos de Saúde a obrigatoriedade de geriatras e
gerontólogos em todos os planos, inclusive na Rede Pública;
-Reivindicar mais recursos por parte do governo para o IAMSPE;
-Ampliar a oferta de vagas nas Colônias de Férias, incluindo novos locais e inclusive convênios
com outros sindicatos;
-Promover a inclusão digital do setor de aposentados através de curso de informática oferecido
pela Sede Central e nas subsedes, incluindo cursos a distancia;
-Realizar atividades e campanhas com a finalidade de garantir a implementação do Estatuto do
Idoso;
-Divulgar junto à sociedade o Estatuto do Idoso;
-Investir na criação de Conselhos Municipais de Idosos e acompanhar os já existentes de acordo
com o Estatuto do Idoso;
Caderno de Teses 23
TESE 1
-Lutar pela democratização do Conselho Estadual do Idoso assegurando em sua composição a
participação dos idosos de todas as entidades de classe;
-Exigir o cumprimento da gratuidade no transporte intermunicipal e municipal às pessoas acima
de 60 anos conforme o Estatuto do Idoso;
-Ampliar o número de delegacias do idosos na capital e criar nos municípios do interior, com
pessoal especializado;
-Acompanhar e fiscalizar as LDOs, a fim de garantir os orçamentos nas esferas e a implementação
das políticas do idoso e seu estatuto;
-Exigir mecanismos para acompanhamento e fiscalização dos recursos previdenciários e
divulgá-los à sociedade;
-Cobrar a observância da Resolução n.16 do Conselho Nacional do Idoso que garante a inclusão
nos currículos escolares de temas que abordem o processo de envelhecimento e o Estatuto do
Idoso;
-Editar o Guia Prático da Melhor Idade com todas as informações que o idoso precisa elaborado
pela APEOESP (em parceria com o DIEESE);
-Elaborar Cartilha contendo as principais conquistas e direitos garantidos no Estatuto do Idoso
com a finalidade de conscientizar a população, especialmente jovens e crianças, sobre a
necessidade de cuidados especiais para com os idosos.
24 Caderno de Teses
TESE 1
Previdência social
209 Face a diversas especulações relacionadas à questão da previdência social, ressaltamos que
não haverá solução definitiva para essa questão enquanto não forem, dentro Ministério, separadas
as esferas e as contas que dizem respeito das aposentadorias dos trabalhadores e às questões
relativas à seguridade social de uma forma mais geral (pensões e saúde). A APEOESP organizará
um fórum para debater a questão previdenciária e nos colocamos contra qualquer reforma da
previdência que venha a retirar ou prejudicar os direitos dos trabalhadores.
210 Por isso, engajados na luta pelo atendimento de nossas reivindicações, temos que manter,
sempre, a perspectiva da unidade do magistério e com todo o funcionalismo. Mais, ainda, devemos
sempre buscar os meios para envolver o conjunto da sociedade na construção de novas políticas
educacionais e sociais para o nosso Estado e o nosso país.
Assim, lutamos, entre outras reivindicações, por:
Caderno de Teses 25
TESE 1
-fim das “provinhas” punitivas ao professor - pelo fim do “provão” dos temporários;
-revogação das leis complementares 1093,1094 e 1097 de 2009;
-revogação da lei 1041/08 (lei das faltas médicas);
-retirada imediata do prontuário, das faltas referentes à greve de 2000 e à greve de 2010;
-cumprimento da aposentadoria especial para diretores, vice-diretores e coordenadores
pedagógicos, com extensão aos professores readaptados e supervisores;
-valorização, respeito e dignidade aos professores readaptados; aposentados e adidos;
-democratização, respeito e agilidade nos atendimentos no Departamento de Perícias Médicas
do Estado (DPME);
-melhoria do IAMSPE e saúde pública de qualidade para todos os servidores públicos, em todas
as regiões do estado.
26 Caderno de Teses
TESE 1
-avançar no processo de organização do movimento sindical brasileiro e unir forças entre os
que lutam em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra o neoliberalismo;
-Fortalecer a luta da APEOESP para melhorar e ampliar o atendimento do IAMSPE, CEAMA e
Hospitais Regionais, através da participação massiva dos aposentados;
-Exigir agilidade na marcação de consultas, com prioridade aos portadores de deficiência física,
assim como agilidade na realização dos exames médicos solicitados;
-Cobrar do governo maior agilidade no pagamento dos precatórios;
-Reajuste salarial imediato para os aposentados e não aposentados;
-Incorporação das gratificações com extensão aos aposentados;
-Exigir respeito á Bata base;
-Realização de abaixo assinado cobrando igualdade no tratamento entre aposentados e não
aposentados;
-Apoiar a luta indígena, quilombola e de outras etnias ou grupos minoritários;
-Ampla Campanha Estadual incentivando a abertura de Conselhos Municipais da Consciência
Negra em todos os municípios com participação de representantes da APEOESP;
-Neste ano eleitoral, exigir que os candidatos assumam compromisso por escrito em defesa das
nossas reivindicações e contra as atitudes que prejudiquem a Escola Pública, os professores,
os aposentados e não aposentados;
-Realização das Assembleias em local fechado;
-Realização de um abraço a Secretaria da Educação pelos professores aposentados;
-Organização e realização do Dia Estadual em Defesa dos Direitos dos Aposentados;
-Elaboração e distribuição de panfleto específico para a população denunciando as condições
dos professores aposentados em São Paulo;
-Denuncia na mídia escrita, falada e televisiva sobre a real situação dos professores aposentados;
-Cobrar do governo a dívida dele com a previdência em São Paulo;
-Marcar reunião com a SPPREV para tratar dos transtornos ocasionados pelo novo método de
recadastramento e concessão de aposentadorias;
-Lutar pelo cumprimento do direito à isonomia e paridade salariais;
-Lutar pela revogação da Lei Complementar 1097/09;
-Exigir o pagamento da ação do Bônus Mérito ganha em 2006;
-Cobrar a criação de uma comissão das aposentadorias principalmente daquelas concedidas
após a publicação da Lei 836/97;
-Lutar pelo reconhecimento da Comissão de Negociação permanente instituída pela Lei
Estadual 12.638/07 para tratar de políticas públicas para a valorização do idoso em serviços
como transporte, lazer, moradia e outros.
215 Ações
-manter e intensificar a participação da APEOESP nas mobilizações gerais organizadas e
lideradas pela CUT e pela CNTE;
-intensificar a participação e a inserção da APEOESP nos movimentos sociais em defesa da
escola pública, contra a violência, pelos direitos das minorias e por uma vida melhor para o povo
brasileiro em campanhas conjuntas com outras entidades;
-lutar pela gestão democrática no IAMSPE, exigir que o governo estadual contribua com a cota
de 2% relativa à folha de pagamento;
-em todas as reivindicações cobrar a contrapartida de 2% do governo ao IAMSPE;
-as subsedes devem pressionar câmara municipais para enviar moções para que deputados da
ALESP incluam os 2% para o IAMSPE no orçamento do Estado;
-pressionar o governo estadual pelo fornecimento de remédios, inclusive os de alto preço, nos
Caderno de Teses 27
TESE 1
CEAMAs;
-lutar pela ampliação da descentralização do atendimento hospitalar ao interior;
-realizar debate com candidatos a cargos eletivos sobre seu projeto de educação;
-intensificar a campanha contra a violência nas escolas;
-lutar pela ampliação das verbas para a educação;
-lutar para que sejam assegurados recursos públicos necessários à superação do atraso
educacional e ao pagamento da dívida social bem como à manutenção e desenvolvimento da
educação escolar em todos os níveis e modalidades do sistema educacional;
-cobrar do governo adequação de toda a rede, para garantir a plena implementação do projeto
de escola em tempo integral, segundo garante o artigo 34 da LDB;
-cobrar do governo a formação dos professores para aplicação do ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira, conforme garante a Lei nº 10.639/03;
-lutar pela qualidade social da educação;
28 Caderno de Teses
TESE 2
TESE 2
Resgate da base para a luta!
I. Conjuntura
1 O movimento sindical no Brasil tem vivido, ao longo de sua história, momentos de variados e
grandes desafios. Hoje, o maior desafio é o da recuperação de sua capacidade orgânica de ação
e reivindicação. O resgate da base sindical como protagonista de suas lutas é, a nosso ver, o nó
que emperra o avanço das lutas sindicais. Isso ocorre porque na medida em que os sindicatos têm
crescido em número de filiados e consequentemente em arrecadação, tem ocorrido o afastamento
progressivo das diretorias “eleitas” de suas bases, relegando os trabalhadores da base à categoria
de distantes “associados”, sem poder de intervenção real nas decisões importantes.
2 Podemos afirmar que os grandes sindicatos têm se transformado em verdadeiros “Cartórios”,
esvaziados da força política necessária para cumprir o papel para o qual foram criados: o de mediar
a negociação entre o patrão e o trabalhador, com foco nos interesses dos trabalhadores.
3 A APEOESP, Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, tem se constituído em um dos
lamentáveis exemplos desse tipo de Sindicato. Basta observar o histórico dos resultados das lutas
dos professores nos últimos anos no Estado de São Paulo. Conquistas pífias e conseqüente falta de
credibilidade no Sindicato, para citar os resultados mais tristemente importantes.
4 Pensamos que isso tem acontecido porque, embora tenham sido criados mecanismos
sofisticados de instâncias, que se pretendem democráticas, esses canais de participação não
têm funcionado. São sistematicamente obstruídos por interesses que não são os da maioria dos
professores. A base da categoria está desmobilizada, por estar despolitizada e acostumada a ser
convocada apenas em momentos pontuais como “massa de manobra” por uma diretoria híbrida de
interesses e sem afinidade com os interesses dos professores que estão nas escolas.
5 Precisamos nos fortalecer, enquanto trabalhadores sindicalizados, para também enfrentar
nossas questões, externas ao Sindicato. Vemos-nos, por exemplo, diante de uma mídia que
sistematicamente desqualifica e culpa o professor pelos “fracassos” da educação.
6 Sabemos que o problema da Educação no Brasil é estrutural e que nenhum governo teve ainda
a coragem de intervir na estrutura de um sistema educacional que tem desembocado no fracasso.
Precisamos, por isso, de um Sindicato propositor, que se preocupe de fato com a Educação de
qualidade e que contribua para a elaboração de propostas que qualifiquem o trabalhador da
Educação, com melhoria de salário, de condições de trabalho e também com propostas que apontem
para a melhoria da formação dos professores em serviço.
7 São problemas que devem ser enfrentados com responsabilidade e com o apoio de uma base
fortalecida.
8 Consideramos que a sobrevivência e a credibilidade do Sindicato, como entidade de luta
dos professores, dependem do resgate de sua base para protagonizar sua luta pela valorização
profissional e social.
Caderno de Teses 29
TESE 2
votando conforme as necessidades políticas dessas várias correntes sindicais, não priorizando as
necessidades reais dos professores. Há que se recuperar o verdadeiro debate, politizando-o, para
o resgate da democracia interna do Sindicato!
11 Outra questão importante é a da socialização competente das informações. O acesso às
informações é necessário para garantir a qualidade do debate!
12 A falta de informação e a falta de tempo para o debate têm sido as marcas das últimas gestões
da Diretoria do nosso Sindicato em todas as instâncias. Isso favorece sempre à manipulação das
decisões pelas lideranças das várias correntes sindicais existentes na APEOESP e apontamos
essa realidade como importante causa da desmobilização progressiva da categoria.
13 Em geral, militantes que atuam nas subsedes e que se destacam na ação sindical junto à base,
compreendendo a importância das instâncias sindicais, tentam delas participar, mas são muitas
vezes impedidos por manobras burocráticas, travestidas de “necessidade organizacional”.
14 Sabemos que a participação é condição para a existência da democracia. Não obstante, nos
Congressos da APEOESP a participação tem sido cada vez mais vetada à base da categoria.
Pensando no restabelecimento da participação de mais professores da base nos nossos Congressos
deliberativos, tanto nos Sindicais como nos Educacionais, propomos que a escolha de delegados ao
Congresso ocorra diretamente nas escolas, na proporção de um para dez (01 para 10) associados,
eliminando o “funil” do Encontro Regional, que filtra os congressistas, em prejuízo da democracia.
15 De outro lado, travestida de democrática, está a questionável “proporcionalidade” para a
composição da Diretoria do Sindicato. A nosso ver, isso só tem causado problemas para a efetiva
participação da categoria. A briga interna só aumentou e os “conchavos” entre as diferentes correntes
também, tudo isso em prejuízo da verdadeira luta sindical. Hoje somos contra, propondo a extinção
da diretoria estadual colegiada, com transferência dos afastamentos remunerados para as subsedes,
com o objetivo de qualificar a atuação dos Conselheiros em suas áreas de abrangência e fortalecer
os coordenadores de subsedes. Sabemos que a decisão sobre a implantação da proporcionalidade
na ocupação dos cargos da Diretoria foi decisão de Congresso, e pretendia tornar a entidade mais
democrática, mas acabou por neutralizar as oposições e por inchar a entidade, tornando-a mais
burocrática e mais cara. As brigas das correntes agora são por fatias de poder e não por defender
propostas que contemplem as necessidades e interesses da categoria.
16 No que diz respeito à Comunicação, entendemos que, além de se constituir em ferramenta
para a mobilização, deve contribuir para a formação política dos professores. Avaliamos que a
APEOESP não tem realizado com eficiência esse papel. A Comunicação tem que ser mais ágil,
a linguagem dos diversos materiais de comunicação e formação devem ser menos tendenciosos,
priorizando informações que levem à real politização da categoria. Outra questão importante é a
distribuição, que tem que ser mais veloz, usando canais mais atualizados, como a Internet por
exemplo. As teses aos Congressos, por exemplo, precisam chegar a todos os associados a tempo
de todos lerem e refletirem sobre as propostas ali contidas antes da votação dos delegados nas
escolas. Compreendemos que só assim haverá a garantia de ampliação de quadros qualificados
politicamente dentro da entidade, brigando por questões que interessem exclusivamente à categoria
e pela Educação de qualidade.
30 Caderno de Teses
TESE 2
nas escolas. Precisamos nos contrapor ao governo com uma proposta de política educacional que
seja coesa e com critérios transparentes, elementos que questionamos na Política Educacional do
Governo de São Paulo.
Caderno de Teses 31
TESE 3
TESE 3
Corrente Proletária na Educação
Apresentação
No fundo do poço
1 Um contingente de militantes e os professores classistas vêm criticando os congressos
burocráticos e festivos da Apeoesp. Mas, por meio do Conselho Estadual de Representantes (CER),
a diretoria impõe as regras de funcionamento e os custos assombrosos para a sua realização
em locais paradisíacos. Acaba sendo uma bonificação aos professores que comungaram com as
posições do PT e PCdoB.
2 Uma boa parte dos delegados é eleita (ninguém sabe como) para referendar a tese-guia da
burocracia. Na capital e nos municípios, que contam com correntes de Oposição, os delegados
são eleitos formalmente a partir da defesa das teses. Prevalece a despolitização, os compromissos
de amizade ou de reconhecimento pela militância individual de membros das teses. Os Encontros
Regionais, mecanismo para afunilar o número de delegados, não têm contribuído para modificar
esse curso. Assim, raramente um professor modifica sua posição (voto), como resultado das
discussões das teses. Sem dizer que uma parcela está presente unicamente pelo ponto abonado e,
por isso, tem pressa em votar e pegar o comprovante.
3 Toda essa degenerescência é alimentada pela burocratização da Apeoesp, dos sindicatos em
geral e sua crescente estatização. A Corrente Proletária se posicionou contrária a esse tipo de
congresso, mas não teve força no CER e nem nas Regionais para boicotar a farsa montada há anos
na Apeoesp. Os setores majoritários de Oposição, PSTU e PSOL, se recusam a travar uma batalha
pelo fim dos congressos empresariais. Acabam se acomodando com a situação ou se limitando a
algumas denúncias pontuais.
4 Não resta outra alternativa para a Corrente Proletária senão intervir no congresso manipulado
pela burocracia, com o objetivo de combater a burocratização e defender um verdadeiro congresso
de luta de classes. Por outro lado, sabemos que a derrota do burocratismo só ocorrerá mediante o
trabalho insistente das posições revolucionárias no seio do professorado, para que a classe rechace
a burocracia dirigente e emancipe os sindicatos da influência da política burguesa.
I - Conjuntura Internacional
32 Caderno de Teses
TESE 3
apropriação monopolista das riquezas. Como não se trata de uma economia planejada, os ajustes
são temporários. Reina a anarquia na produção e a impossibilidade de contenção das crises de
superprodução. A desagregação do sistema é a característica de nossa época imperialista.
7 Predomina a especulação financeira em detrimento da produção. Uma massa de capital
especulativo não pode ser aplicada no crescente desenvolvimento das forças produtivas. A
valorização artificial do capital parasitário, com aplicações nos bancos e Bolsas, é uma bomba
relógio que se volta contra a economia real, que é a produção. As receitas para correção do curso
implicam quebrar parte das forças produtivas, para, em seguida, recompô-las em patamares mais
monopolizados. As conseqüências são desastrosas para as massas exploradas.
8
No capitalismo, não há harmonia, não há paz. Potências disputam os mercados consumidores e
matérias-primas. Submetem as nações menos desenvolvidas, agem sobre as fronteiras dos países
semicoloniais e partilham o mundo em áreas de influências. Desde sua origem, o capitalismo, para
se tornar uma economia mundial, travou guerras por continentes inteiros. A globalização nada mais
é do que o avanço das potências sobre as economias mais débeis. Na fase em que vivemos, o
intervencionismo bélico das potências, sob o comando dos Estados Unidos, cravam a fogo seu
domínio no Oriente Médio. A ocupação do Afeganistão, do Iraque, as ameaças sobre o Irã e em
outras latitudes marcaram o intervencionismo militar, nas duas últimas décadas. Quando os Estados
Unidos não agem diretamente, impõem aos países títeres a política militar, como ocorre com Israel,
usado para sufocar a Palestina. A crescente militarização das potências é a demonstração da
impossibilidade da paz mundial sob os marcos da propriedade privada dos meios de produção e do
domínio das nações opressoras sobre as oprimidas.
9 A condição semicolonial dos países latino-americanos é uma trava para o desenvolvimento.
Nos momentos em que a crise vem à tona, amplia-se o intervencionismo econômico das potências
sobre as fronteiras nacionais. As multinacionais exigem proteção dos governos nacionais, o capital
especulativo pressiona para que se mantenham os juros altos, cresce a desnacionalização das
terras e dos serviços públicos e medidas de quebra de direitos sociais são impostas em benefício
da privatização. Os governos de características nacionalistas, como de Chaves, que atritam com
a ofensiva dos Estados Unidos, não podem ser consequentes porque estão assentados na defesa
da propriedade privada dos meios de produção. O que constitui em obstáculo para romper com o
intervencionismo imperialista. O “Socialismo do séc. XXI” de Chavez acaba sendo uma caricatura.
10 As massas exploradas sofrem as consequências mais violentas da decomposição do
capitalismo. O desemprego, o subemprego, o salário miserável, a fome, a destruição da saúde e
educação públicas e a eliminação de direitos sociais golpeiam as famílias operárias e camponesas.
Um sistema que se esgota expõe a barbárie por todos os lados. Mas os trabalhadores reagem e
enfrentam os capitalistas e seus governos com os métodos da luta de classes. As greves gerais
ocorridas recentemente na Grécia, as manifestações contra as reformas privatistas na França, as
mobilizações da Espanha contra a redução salarial e os protestos na Bolívia atestam a disposição
de luta dos oprimidos. Só não tem tido grandes alcances por responsabilidade das direções sindicais
burocráticas e conciliadoras. Mas não há saída para os explorados senão a luta antiimperialista e
anticapitalista.
11 O mundo capitalista marcha para a barbárie. As lições da classe operária internacional apontaram
o caminho da vitória, que é a revolução proletária. O capitalismo já não pode conceder reformas
em favor dos oprimidos. A democracia burguesa não é senão a expressão da ditadura de classe
dos detentores dos meios de produção. Transformar a base material que sustenta a sociedade de
classes implica combinar a produção social com a apropriação coletiva da riqueza produzida. O que
só pode ser materializado por meio de um processo insurrecional, que culminará com a implantação
do socialismo. É desde já que trabalhamos por uma sociedade sem classes, sem exploradores e
sem explorados.
II - Conjuntura Nacional
Caderno de Teses 33
TESE 3
reformistas de que é possível desenvolver o país respeitando a natureza, harmonizando os conflitos
sociais, assentando um contingente de camponeses à terra, incorporando uma parcela ao trabalho
e buscando novos “parceiros” econômicos em nível internacional. Pensam em mudar a forma do
capitalismo, mas sem transformar sua essência. Para eles, o modelo de capitalismo vigente não
serve, porque é desumano, concentrador de riquezas nas mãos de poucos, depredador dos biomas
e discriminatório. Querem fazer crer que é possível um capitalismo menos bárbaro sem tocar na
propriedade privada dos meios de produção, boa parte nas mãos das multinacionais.
13 O governo Lula comparece como aquele que rompe com o modelo de capitalismo conservador-
neoliberal e que coloca em marcha o modelo de desenvolvimento sustentável. Os defensores dessa
política apóiam-se no fato de que o Brasil cresceu economicamente e que uma parcela da força de
trabalho retornou ao mercado ou nele foi incorporado. Com mais recursos, o governo pôde ampliar
o assistencialismo (Bolsa Família) e outros projetos sociais. Trata-se de uma constatação que nada
tem a ver com a realidade e com as leis do sistema econômico vigente. O governo Lula seguiu as
diretrizes econômicas das potências imperialistas e deu continuidade à política implementada por
FHC (Plano Real). O entreguismo da era FHC por meio das privatizações foi mantido, o superávit
primário –exigência dos credores – esteve no centro do governo, os juros que continuam sendo
um dos mais altos do mundo são atrativos para os especuladores, a desnacionalização das terras
permitiu que o capital estrangeiro comprasse parte de nosso território e milhões de brasileiros
continuam na miséria, colocando o Brasil como o 3º pior país em desigualdade social. O capitalismo
nacional sustentável é uma miragem que favorece unicamente a vigência do capitalismo como
sistema opressor e explorador.
14 O capitalismo sustentável de Lula agradou os banqueiros, os latifundiários, o agronegócio e
os imperialistas. A crise mundial, que atingiu o Brasil, tornou os índices econômicos negativos, no
final de 2009. O crescimento, que ora vivenciamos, não é suficiente para colocar a economia nos
patamares anteriores à crise. A recuperação foi motivada pelos subsídios estatais às multinacionais
e pelas medidas que serviram de proteção ao capital frente à crise. O mercado interno foi ativado
em função dos créditos, causando o endividamento de uma parcela significativa da população,
podendo se tornar em fonte de crise futura. Não há como transformar o capitalismo no Brasil em
um modelo que combina crescimento econômico com distribuição de renda. Ao contrário, o tal
crescimento econômico é apropriado pela classe burguesa, nacional e imperialista.
15 O Brasil faz parte da economia capitalista mundial, na condição de país semicolonial. O que
significa dizer que não há possibilidade de um desenvolvimento harmônico e “sustentável” nos
marcos do capitalismo. A burguesia brasileira e seus governantes não puderam resolver as tarefas
nacionais, entre elas: a emancipação do jugo imperialista, o problema da terra, a superação do
atraso econômico de regiões inteiras do país e a eliminação da fome e miséria da maioria oprimida.
Os grandes problemas nacionais vêm se potenciando sob o Lula, evidenciando o caráter de classe
burguês de seu governo. Está aí por que a classe operária, camponesa e os trabalhadores oprimidos
devem se colocar pela total independência frente ao governo e sua política de colaboração de
classes.
16 Os problemas não resolvidos pela burguesia e seus representantes são de caráter estrutural,
ou seja, consequências do capitalismo semicolonial. A lei capitalista do desenvolvimento desigual e
combinado (regiões de miséria e regiões avançadas) é um obstáculo irremovível sem que as bases
materiais do sistema sejam destruídas. Com diferenças de graus e não de essência, os governos
sejam do PT, PMDB, PSDB etc são impotentes diante das tarefas nacionais pendentes. Isso porque
expressam a ditadura de classe da burguesia contra a maioria explorada.
17 Apesar da enorme ilusão das massas trabalhadoras com o processo das eleições, da
“democracia representativa”, dizemos que as eleições, por mais democrática que sejam, não é
senão a manutenção da ditadura dos opressores. As transformações virão da revolução social,
que implica expropriação dos meios de produção da burguesia, a expulsão das multinacionais e a
nacionalização das empresas e dos bancos. O Estado, resultado da insurreição, é o do governo
operário e camponês, instrumento necessário para abolir a propriedade privada e impor a propriedade
social dos meios de produção.
34 Caderno de Teses
TESE 3
e a expansão da privatização. Os recursos destinados à educação são ínfimos em relação ao
contingente de jovens sem acesso ao ensino médio, ao analfabetismo e à enorme quantidade de
alunos que são excluídos do direito à universidade. Tudo vem acobertado pela máscara do “ensino
de qualidade”, “avaliação para corrigir as distorções”, “democratização da gestão escolar”, “cartilhas
facilitadoras para a aprendizagem”, “pós-gradução a distância aos professores para evoluir na
carreira” e outros artifícios. O fato é que os alunos não assimilam sequer os elementos básicos
da aprendizagem e as pedagogias instituídas revelam total incapacidade de impulsionar o ensino.
A direção da Apeoesp, que compõe o Conselho Nacional de Educação, faz coro com as reformas
governamentais, apresentando remendos no tecido educacional podre.
19 A educação é um fenômeno da superestrutura social, por isso reflete a desagregação da
sociedade de classe. As contradições do sistema capitalista, materializadas na potencialidade
das forças produtivas e na existência da apropriação privada monopolista, se manifestam em toda
sociedade. As consequências –desemprego, fome, marginalidade, prostituição e violência – estão
presentes nas escolas. A correção desse curso não virá colocando a escola à margem da sociedade.
Os reformistas acreditam que é possível reformar a escola por meio do Estado. Portanto, colocam
nas mãos da burguesia e de seus governos o destino da educação. Esse caminho não conduz à
transformação. Nessa sociedade, há duas classes sociais antagônicas: a burguesia e o proletariado.
As demais classes se acoplam ou ao lado da burguesia ou do proletariado, nos momentos de
conflitos.
20 A burguesia, que dirige o Estado, tem a educação em suas mãos e, cada vez mais, vem
mostrando a incapacidade de resolver tarefas democráticas, como a erradicação do analfabetismo
e o aceso livre em todos os níveis de ensino. Não pode resolver porque atingem seus interesses de
classe. O proletariado, pelo lugar que ocupa nas relações de produção, tem o papel de revolucionar
a sociedade, porque tem o programa da destruição do sistema capitalista de produção e de
implantação da propriedade coletiva dos meios de produção.
21 Sabemos que a classe operária atravessa um retrocesso político e organizativo, em função da
burocratização dos sindicatos e da pequena presença do partido revolucionário. Mas isso não anula
a lei histórica da transformação social. Ao contrário, amplia a necessidade de atuar com mais vigor
na defesa do programa proletário. A Corrente Proletária atua levando as idéias desse programa
para o seio do professorado.
Crise e educação
22 A crise econômico-social do modo de produção capitalista determina os rumos da
Educação brasileira. Em vez de ser um elemento de desenvolvimento, o ensino reflete a
mutilação e o embrutecimento a que estão submetidos os trabalhadores e suas famílias.
23
Ainda que as correntes majoritárias da APEOESP (Articulação, ArtNova e CSC) queiram
obscurecer ou omitir essa realidade, o fato é que, depois de oitos anos de políticas educacionais
saídas do Governo Lula, a situação nada se alterou e podemos constatar, com mais força ainda,
como não é possível “outra” Educação dentro do capitalismo.
24 A verdade é que a Educação, depois de dois mandatos de um governo recheado de ditos
“intelectuais de esquerda” e da burocracia sindical, continua a ser condicionada pelas difíceis
condições de trabalho, pelos péssimos salários dos professores, pelas salas superlotadas, pela
violência dentro e fora dos muros escolares, pelas altas taxas de repetência e evasão (não obstante,
as tentativas das secretarias de educação de ocultá-las) e por um ensino desvinculado do trabalho
e da vida social.
25 Problemas dessa natureza, que marcam a educação no país, aparecem mesmo no estado mais
rico da federação. São Paulo não destoa do restante da nação. Separar artificialmente as políticas
implantadas pelo PSDB das políticas implantadas pelo PT, não modifica em nada essa realidade.
As diretrizes educacionais (legislação, financiamento, pedagogias implementadas, etc.) são ditadas
pelo governo federal. Isso valia para Fernando Henrique Cardoso e hoje vale para o governo Lula.
26 Por isso, para nós, da Corrente Proletária/POR, é fundamental fazer um balanço desses
Caderno de Teses 35
TESE 3
oitos anos, de modo a por abaixo as teses reformistas, experimentadas ao longo desse período e
defendidas amplamente pelas burocracias da CNTE e da APEOESP.
36 Caderno de Teses
TESE 3
de reais. Em outras palavras, além de não significar aumento de verbas para a Educação Básica, o
Fundo mascarou a retirada de recursos destinados à educação.
34 Ainda em relação ao FUNDEB, é bom destacar que, proporcionalmente, o custo-aluno também
diminuiu. O número de alunos atendidos pelo FUNDEF era de 30 milhões, passando para 47 milhões
a partir da abrangência do FUNDEB. Um aumento de 57% no número de matrículas. Quanto aos
recursos, passaram de 35 bilhões de reais para 48 bilhões (constatado no fim de 2007), um aumento
de apenas de 36%, o que equivale a dizer que o investimento por aluno diminuiu. Outra consequência,
apontada em 2008 pela Confederação Nacional de Municípios, é que 2.946 cidades receberam
proporcionalmente menos recursos no 1º ano de vigência do FUNDEB do que receberiam com
o FUNDEF. Isso porque os estados dividem agora os recursos com os municípios, pois as redes
estaduais, além de contarem com uma parte do ensino fundamental, ainda são responsáveis por
todo ensino médio. O objetivo de “ajudar os pequenos municípios” se viu ameaçado pela partilha
das migalhas.
35 Em abril de 2007, é então lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação. Como as
respostas do governo anterior, as medidas defendidas se orientavam pelas experiências e pelas
diretrizes do imperialismo. Os três programas que constituem o PDE refletem uma justaposição
de políticas implantadas em países como Estados Unidos e incentivadas por organismos como o
Banco Mundial, quais sejam: a implantação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), o fortalecimento da Educação a Distância e criação do Piso do Magistério.
A espinha dorsal do PDE conduziu a um maior controle do que se ensina nas escolas, portanto,
36
a uma centralização em relação aos gastos, medindo e avaliando para identificar os “culpados” pelo
fracasso no país. A instituição de um piso nacional legitimou a caça às bruxas, pois, garantida a
miséria salarial, o professor seria responsável pelo incremento à sua formação profissional. Quanto
ao dinheiro, pouca alteração se viu, os recursos do PDE foram aqueles constitutivos do FUNDEB,
com acréscimo de 2 bilhões em 2007 e 3 bilhões em 2008, com objetivo de atender os municípios
abaixo do Ideb nacional.
37 Com as últimas informações do MEC, divulgadas em julho de 2010, sabemos que 1299 cidades
(23% das avaliadas) não atingiram as metas em 2009 para o ensino fundamental, o que demonstra
o quão irrisório é o acréscimo de alguns bilhões. Aliás, o próprio Ideb evidencia o quanto medíocre é
a transformação que os reformistas pretendem para a educação brasileira. Os índices criados pelos
tecnocratas comprovam o fracasso escolar e põem à luz o que os trabalhadores da educação estão
cansados de saber: que a atual educação não transforma a realidade nacional e os alunos saem da
escola mal sabendo ler e escrever.
38 Para fechar esse balanço, falta ressaltar a “mudança” operada pelo governo Lula em relação
ao de FHC, no segundo mandato, no que tange ao Ensino Superior: a sua política de “expansão”.
Como parte do PDE, foi lançado em abril de 2007, um decreto que institui o REUNI (programa de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). Por se tratar de um decreto, foi imposto,
o que levou a uma dezena de protestos, greves e ocupações de reitorias pelo país. O seu resultado
consta do site do MEC, mais de 15 mil vagas novas em 2008. Tal fato significa um pingo d´água se
levarmos em conta os milhões de jovens que não têm acesso às universidades públicas. Com um
aumento de quase 10% do total de vagas já existentes, não houve aumento de recursos proporcional.
Se os gastos com o Ensino Superior alcançassem 1% do PIB, em 2008 teríamos quase 23 bilhões
gastos. Um aumento de 10% na quantidade de alunos deveria levar a um acréscimo de 2,3 bilhões
de repasse para as universidades em expansão, no entanto, o que receberam foi apenas 415
milhões, isto é, cerca de 18% do que seria necessário. Isso, é claro, se tomássemos apenas o
número absoluto de alunos, desconsiderando o problema de infraestrutura com a criação de novos
campi (de 151 passaram para 255 em apenas um ano, o que representa um aumento de mais de
60%), o que demandaria, com certeza, um aumento de verbas para o ensino superior dezenas de
vezes maior que o disponibilizado.
39 Outro dado da expansão marca um aspecto central da política educacional do governo Lula: o
incentivo à Educação a Distância que já era prevista na LDB de 1996.
40 Em 2006, foi lançada a primeira universidade totalmente virtual: a Universidade Aberta do
Caderno de Teses 37
TESE 3
Brasil. Contando com o apoio de universidades federais, abriram-se mais de 200 pólos de cursos
da UAB pelo país. Pela primeira vez, as iniciativas privadas com o ensino a distância ganhavam
legitimidade com a atuação das federais. Mais do que isso: com o PDE de 2007, a UAB torna-se
instrumento para formação de professores e para “interação” entre a Educação Básica e o Ensino
Superior. Ou seja, a UAB atua como elemento de mercantilização do ensino, por um lado, e como
elemento de destruição do ensino público por outro. O discurso da “democratização do acesso ao
Ensino Superior” só esconde a estratégia dos grupos privados que hoje já contam com mais de
2 milhões de alunos inscritos na modalidade. A ação do governo federal incentiva e legitima as
ações dos governos estaduais. O Rio de Janeiro que já contava com um amplo projeto de EaD
foi tomado como modelo para o restante do país. São Paulo, a partir dos decretos de Serra e das
resoluções do Conselho Estadual de Educação, previu tal modalidade de ensino até no Ensino
Médio. A investida de cursos a distância nas universidades estaduais teve seu fecho agora em
2010, quando a UNIVESP lançou seu primeiro edital de vestibular.
41
O mais alto grau de destruição de ensino combinado com a sua mercantilização é a marca do
“democrático” governo de Lula, seguido à risca pelos governos estaduais.
38 Caderno de Teses
TESE 3
Por uma política revolucionária para a Educação
47 Se antes os reformistas do PT podiam defender suas teses de que a educação iria emancipar os
trabalhadores, desenvolver o país e aumentar a cultura geral, com a subida de Lula ao poder, essas
teses tiveram que sofrer revisões e revelar seu caráter senil. A demagogia dos petistas consiste
hoje em obscurecer ou omitir as consequências dessas teses e concepções colocadas em prática.
48 Contudo, não se trata somente de demagogia diante de uma política que mostrou seu lado
reacionário e pró-imperialista, mas também da defesa de interesses particulares, da burocracia
dirigente sindical, que se opõe à defesa do ensino e dos trabalhadores da educação. Não foram
somente as ideias reformistas que foram erguidas nos sucessivos governos, mas também os
próprios reformistas, os dirigentes sindicais. A presença da presidenta da APEOESP no Conselho
Nacional de Educação evidencia o grau de estatização do sindicato e a falta de sua independência
frente ao governo.
49 A falência do reformismo na Educação deve servir para que nós, professores, ergamos
firme o programa revolucionário para educação. Esse programa parte do pressuposto que não é
possível dissociar a educação da base material da sociedade e que as reivindicações propriamente
educacionais devem se ligar às reivindicações estratégicas, de destruição do sistema capitalista.
50 Sabemos que a escola faz parte do modo de produção capitalista, das relações sociais
reinantes. Não tem uma existência separada. Quando o próprio sistema capitalista entra em crise,
como atualmente, a escola reflete essa crise em seu interior. Sem poder ser um elemento de
desenvolvimento social, torna-se mecanismo de embrutecimento e reprodução ideológica. Em vez
de tentar superar, aprofunda a divisão entre teoria e prática, reproduz a repressão e a violência
disseminadas pela sociedade e busca artificialmente domesticar e ocultar o desemprego e o
subemprego que marcarão a vida das massas empobrecidas que passam, por ela, durante anos.
51 Por isso, a Educação Básica sofre com a falta de verbas e com o fenômeno conhecido como
“fracasso escolar”; aliás, esse fenômeno não tem sua origem nas escolas, mas na sociedade da
qual essa escola é parte. Por isso, o Ensino Superior passa por um processo de destruição e
mercantilização, pois não pode ser garantido como parte do direito social à educação.
52 Essa é a raiz do problema educacional: a sociedade capitalista em crise.
53 A possibilidade de criar uma nova escola, de elevar culturalmente as massas, de tornar a
educação um meio de desenvolvimento passa por uma transformação de toda a sociedade. Devemos
defender esse programa de transformação, de luta pelo socialismo. Mas isso não representa um
desprezo por defender medidas e reivindicações ligadas à escola atual.
54 A resposta revolucionária para resolver a crise da educação deve considerar a escola que
temos hoje, sem fantasiar ou propor “remendos” artificiais, defendendo os que nela estudam e
trabalham: as crianças e a juventude, bem como os trabalhadores da educação.
55 Nossa defesa para as crianças e a juventude deve considerar que nenhuma deva ficar fora da
escola e que todas possam ter um emprego que seja compatível com o seu estudo. A bandeira a
ser defendida é a de “4 horas na produção e 4 horas na escola”. Além disso, concluímos que
o problema essencial da escola não é de método ou de “pedagogia”, mas de constituição histórica.
Nasceu para atender ao mercado capitalista, não para desenvolver todas as potencialidades
humanas, por isso está desvinculada da produção social e da vida. Assim, a bandeira que deve
ser defendida é a de que a escola esteja vinculada à produção social.
56 Do mesmo modo, a defesa dos trabalhadores passa por levantar as reivindicações ligadas
ao emprego e ao salário, que unificam as lutas e permitem elevar a consciência de todos os
trabalhadores contra a burguesia e seu Estado opressor. O arrocho salarial, a imposição de um
salário-base de fome, a substituição de reajustes por bônus, a condenação à situação de penúria
dos aposentados, a ampliação da jornada de trabalho e do número de alunos por sala, a demissão
de professores, a eliminação de conquistas do plano de carreira tornam as condições de ensino e
de trabalho insuportáveis. Por isso, é preciso lutar pelo salário mínimo vital, escala móvel de
reajuste e das horas de trabalho, estabilidade a todos os contratados, abertura de escolas
e por conquistas sociais que protejam os professores da superexploração do trabalho e
possibilitem meios para sua elevação cultural.
Caderno de Teses 39
TESE 3
57 Contra a política de mercantilização, privatização e destruição do ensino público, é preciso
defender a bandeira de aumento de verbas e recursos definidos pelos que estudam e trabalham
na escola, além da defesa de um Sistema Único de Ensino (estatização sem indenização de
toda rede privada). A garantia do direito democrático de educação a todos passa pelo fim da rede
privada, que vive de incentivos públicos e impõe sua lógica a toda Educação. Ensino público, laico,
para todos e vinculado à produção social deve ser a bandeira estratégica do movimento de
professores.
58 Com essas reivindicações elementares sendo defendidas e postas em prática, através dos
métodos da ação direta (greves, passeatas, bloqueios, ocupações etc) e da estratégia de destruição
da sociedade capitalista, será possível pensar uma nova educação e uma nova escola.
IV - Política Sindical
Do exitismo ao servilismo
59 A estatização dos sindicatos se aprofundou no governo Lula. A grande maioria dos sindicatos
vinculados à CUT e, nos últimos anos, também à Força Sindical, se integraram ao Estado. Suas
direções ocupam direta ou indiretamente cargos nos ministérios, nas estatais, no BNDES, no
Conselho Nacional de Educação e outros da mesma natureza. Milhares de cargos foram loteados
entre os sindicalistas servis ao governo. De correia de transmissão da política estatal, as direções
sindicais passaram à condição de agentes para a elaboração de medidas antioperárias. Tudo
acobertado com o palavreado demagógico de independência frente ao Estado e ao governo.
60 Pelos poros desses sindicalistas exalam o exitismo da política governamental. Lula comparece
como o estadista que colocou o país ao lado das potências mundiais, como o que mais emprego
criou, como aquele que tirou milhões da pobreza absoluta, como aquele que valorizou o salário
mínimo, como o que protegeu a Amazônia da devastação e como o que[ venceu a crise mundial.
São sindicalistas que estão a serviço da governabilidade de Lula. Embora, nos discursos, se
apresentem como os defensores da autonomia sindical.
61 O apoio ao governo Lula levou a um patamar elevado a submissão dos sindicatos à política
burguesa. O colaboracionismo e a conciliação de classes ganharam força e impuseram maior
retrocesso organizativo e político do proletariado, do campesinato e dos demais explorados. As
campanhas salariais se transformaram em acordos de redução de direitos e de não recuperação
de perdas salariais. Apesar do desemprego, subemprego e da brutal exploração do trabalho, nunca
se fez tão poucas greves. E quando ocorreram, ficaram isoladas e à mercê da repressão dos
capitalistas e de suas leis.
40 Caderno de Teses
TESE 3
Combater a burocratização ou cindir a CUT
64 A CUT atingiu alto grau de burocratização. Uma camarilha, ligada ao PT, comanda a Central. Não
há democracia sindical. As assembléias operárias são controladas e manipuladas pelos burocratas
do sindicato. Os congressos se transformaram em lugar de lazer dos sindicalistas que comungam
a mesma cartilha. O governo Lula cumpriu a promessa de legalizar as Centrais para que pudessem
receber a fatia milionária do imposto sindical. A burocracia é liberada para atuar em favor da política
burguesa. Para os trabalhadores, não há outra saída senão combater os traidores dos explorados.
65
Nos últimos anos, duas cisões ocorreram na CUT. O rompimento do PCdoB e a constituição da
CTB se deu unicamente em função do dinheiro do imposto sindical, porque politicamente caminham
juntos com os cutistas e petistas. O PSTU, que cindiu primeiro a CUT, conclamou a desfiliação dos
sindicatos da Central. Formou a Conlutas e trabalhou para que os setores de Oposição também
abandonassem a Central. Parte da Intersindical (PSOL) aceitou a convocação de um congresso
de unificação. Mas as disputas aparelhistas impediram que o Conclat concluísse por uma outra
Central. O fundamental está em que essas correntes abandonaram a luta contra a burocratização
da CUT e se colocaram no caminho inverso ao da necessidade de constituir uma única Central, sob
a base do programa da luta de classes e do método da democracia operária. Os revolucionários não
atuam para dividir os organismos dos trabalhadores, ao contrário, são os defensores da unidade
política e organizativa.
66 O momento exige a constituição das frações revolucionárias. Por meio delas, é possível atuar
no interior dos sindicatos e no movimento social com as reivindicações das massas oprimidas. A
burocracia cutista controla a maioria dos sindicatos, freando os instintos de luta dos explorados. O
combate aos traidores dependerá da intervenção das frações revolucionárias. A cisão do PSTU e
da Intersindical enfraqueceu a luta contra a burocratização e deixou nas mãos dos sindicalistas pró-
governo a direção da maioria dos sindicatos.
Plataforma de Luta
67 Os grandes problemas nacionais se resumem em:
Emancipar o Brasil da opressão imperialista. Livrar da condição de país submisso aos interesses
das potências imperialistas. Libertar do saque imperialista praticado pelas multinacionais;
68 Expropriar o latifúndio, nacionalizar as terras e entregar as terras aos camponeses pobres.
Expropriar o agronegócio e coletivizar a produção.
69 Erradicar a fome e a miséria.
70 Abolição de todas as formas de opressão, discriminação e elevação cultural das massas
trabalhadoras.
71 Esses problemas não poderão ser solucionados pela classe burguesa, pois são de caráter
estrutural. Ou seja, são consequências do modo de produção capitalista. Para resolvê-los, é preciso
pôr fim à propriedade privada dos meios de produção. O que quer dizer que as transformações
que defendemos passam necessariamente pela revolução proletária, que consiste em expropriar a
classe capitalista. Daí a importância do sindicato, como instrumento auxiliar da luta contra o sistema
de opressão. Uma direção combativa é aquela que coloca o sindicato a serviço da emancipação
dos oprimidos. Um sindicato com uma direção pró-capitalista ou reformista é um obstáculo para
o avanço político dos explorados, pois submete o organismo dos trabalhadores à política e aos
métodos da democracia burguesa.
72 A Corrente Proletária tem como ponto de partida para a mobilização dos explorados
contra o poder dos exploradores. Defende:
A total independência frente ao governo e sua política de colaboração com os capitalistas.
Colocar os sindicatos a serviço da luta de classes;
73 As reivindicações que unificam os trabalhadores:
a) O emprego a todos, por meio da implantação da escala móvel das horas de trabalho.
Que não haja nenhum trabalhador sem seu posto de trabalho. Que não haja nenhum jovem
desempregado;
b) O salário mínimo vital. Nenhum trabalhador ou aposentado recebendo o salário mínimo de
fome do governo. O salário mínimo vital é o necessário para manter uma família de 4 pessoas,
em nossos cálculos deve ser R$3.500,00. Reposição das perdas salariais;
Caderno de Teses 41
TESE 3
c) Fim da farsa dos concursos públicos, que só trazem demissão. Estabilidade a todos os
contratados, independente do tempo de serviço.
d) Um único sistema de saúde estatal, sob o controle dos trabalhadores. Expropriação da rede
privada de convênios e hospitais e sua estatização;
e) Um único sistema de educação, público, laico e estatal. Estatização de todo o sistema privado.
Fim das reformas privatistas da educação. Abaixo o ensino a distância. Implantação da escola
única, pública, laica, em todos os níveis, vinculada à produção social;
f) Um único sistema estatal de previdência. Aposentadoria a todos. Fim da reforma privatista da
previdência. Estatização do sistema privado de previdência, sob o controle dos trabalhadores;
g) Terra aos camponeses sem-terra, por meio da revolução agrária.
h) Combate à lei anti-greve e defesa do direito irrestrito de manifestações e greves. Nada de
pagar multas aos governos e Justiça burguesas.
74 O método da ação direta (greves, ocupações, bloqueios, manifestações de rua etc), como a
única via para arrancar as reivindicações e enfrentar a burguesia e seus representantes no poder
do Estado.
Dinheiro da Apeoesp pertence à classe e deve estar sob o controle das assembléias
77 Há muito, os professores questionam a fábula de dinheiro que a Apeoesp recolhe mensalmente
dos associados. Após a greve, veio à tona no Conselho de Representantes a partilha que é realizada
entre os diretores do sindicato. A burocracia jogou pelos ares as benesses que são assumidas pela
diretoria. Os setores de Oposição, que ocupam cargos na diretoria, foram acusados e vilipendiados.
Ficaram de mãos atadas porque se negam a fazer campanha de denúncia contra o uso de dinheiro
pela diretoria.
78 O congresso deve aprovar a resolução de que os recursos da Apeoesp devem estar sob o
controle das assembléias. A decisão do uso do dinheiro não é privilégio da direção. Quem deve
aprovar o uso ou não de recursos têm de ser aqueles que contribuem financeiramente com o
sindicato.
79 O congresso deve, também, votar a resolução de que a contribuição dos filiados não pode
ultrapassar o valor da hora-aula.
Rejeitar o sindicato-empresa
80 O sindicato, historicamente, foi criado como organismo de resistência à exploração do trabalho.
42 Caderno de Teses
TESE 3
Nas últimas décadas, em função do avanço da burocratização, vem sendo transformado em local
de assistência individual aos filiados. Os convênios médicos ganharam força, as colônias de férias
se expandiram, a compra do hotel (casa do professor) foi implementada e os congressos passaram
a ser realizados em estâncias hoteleiras. Com isso, ganhou a filiação de um setor da classe que
considera que o sindicato é um prestador de serviço particular. Mas há uma parcela que está
descrente e não é capaz de separar o sindicato de sua direção.
81 O congresso tem de posicionar sobre esse desvio burocrático que foi dado à Apeoesp,
colocando-a unicamente na defesa das reivindicações de toda a classe.
Caderno de Teses 43
TESE 3
unitária dos explorados, sob o programa e direção do proletariado, que as exigências das mulheres
e dos negros serão conquistadas.
44 Caderno de Teses
TESE 3
105 Emenda Substitutiva ao Artigo 24
A diretoria Estadual é constituída por 27 membros dos quais 3 (três) ocuparão o cargo de
presidente, secretário geral e secretário de finanças no sistema colegiado.
106 Emenda Supressiva ao Artigo 25
107 Emenda Substitutiva ao Artigo 26
A diretoria Estadual colegiada será composta pelo critério da proporcionalidade direta, de acordo
com os votos obtidos por cada chapa na eleição (sem cortes).
108 Emenda Supressiva do § 1º do Artigo 26
109 Emenda Substitutiva ao § 2º do Artigo 26
Para fins de composição proporcional da Diretoria Estadual Colegiada, do total de votos colhidos
no pleito, não serão considerados os nulos e brancos, servindo esse resultado para o cálculo final
da proporcionalidade que cabe a cada uma das chapas.
110 Emenda Substitutiva ao § 3º do Artigo 26
A razão da proporcionalidade de que cuida este artigo será apurada dividindo-se o número de
votos obtidos pelas chapas pelo número total de votos válidos, assim considerando-se aqueles
obtidos nos termos do § anterior, multiplicando-se esse quociente por 100 (cem).
111 Emenda Substitutiva ao § 4º do Artigo 26
Definidas as chapas, estas passarão a escolher as secretarias e comissões que desejam ocupar
pela ordem decrescente de número de votos obtidos.
112 Emenda Supressiva dos itens “a”, “b”, “c”, “d” e “e”, do § 4º do Artigo 26
113 Emenda Supressiva dos § 8º, 9º, 10º, 11 e 12 do Artigo 26
114 Emenda Supressiva ao item “c” do Artigo 27
Elaborar o projeto de orçamento anual remetendo-o à primeira Assembléia Estadual para a sua
aprovação.
115 Emenda Supressiva do § 1º do Artigo 27
116 Emenda Supressiva ao Artigo 29
117 Emenda Supressiva do Artigo 32 ao Artigo 42
118 Emenda Supressiva do § 2º do Artigo 45
119 Emenda Aditiva ao Artigo 45
Fica proibida a condição de Conselheiro Liberado.
120 Emenda Substitutiva ao Artigo 46
A cada 2 (dois) anos, durante o bimestre de maio/junho, haverá eleições gerais para a Diretoria
da entidade.
121 Emenda Supressiva dos § 2º, 3º e 4º do Artigo 47
122 Emenda Substitutiva ao Artigo 57
O Conselho Estadual de Representantes será constituído na proporção de um conselheiro
estadual para cada 100 (cem) associados vinculados às subsedes, assegurada uma representação
mínima de 3 (três) representantes por subsede.
123 Emenda Substitutiva ao § 1º do Artigo 60
Os eleitos para o Conselho Estadual de Representantes, observado o disposto neste estatuto,
cumprirão o mandato de 1 (um) ano.
124 Emenda Supressiva dos itens “a” e “b” do § 1º do Artigo 60.
125 Emenda Supressiva ao Artigo 2º do capítulo VII Das Disposições Transitórias
Caderno de Teses 45
TESE 4
TESE 4
Movimento Unidade e Democracia na Educação ao XXIII Congresso
Estadual da APEOESP
1 O contexto internacional está marcado pela crise que assola a globalização neoliberal, que
teve início no centro do capitalismo em 2008, os EUA e atingiu países da Europa recentemente.
É uma conjuntura diferente daquela hegemonizada pela versão neoliberal do capitalismo. Permite
que a classe trabalhadora, por meio de pressão social de um amplo movimento, possa questionar
os pilares da dominação do capital e organizar um programa de transição pós-neoliberal. Por outro
lado, a ausência de reação da classe trabalhadora em escala internacional pode permitir que se
recupere a legitimidade de um novo ciclo da globalização capitalista. O resultado depende do
acirramento ou não da luta de classes.
2 O neoliberalismo, enquanto doutrina econômica, atingiu sua hegemonia nas últimas décadas. O
centro da doutrina é liberar o mercado da lógica política, do Estado. Mas foi a partir do Estado que a
política econômica neoliberal conseguiu garantir-se, através de privatizações, desregulamentações
das relações de trabalho e do processo de circulação de mercadorias.
3 Para possibilitar esse predomínio, a classe capitalista necessitou, ainda com a contribuição
do Estado, enfraquecer os sindicatos e desarticular as diversas expressões da ação coletiva. O
avanço do poder social da classe capitalista foi consolidado com as sucessivas derrotas sobre a
crítica ao sistema em seu conjunto. Assim, o neoliberalismo tornou-se hegemônico, conquistando
predominância em todas as dimensões da vida social (na organização econômica, nas relações de
poder, nas expressões culturais e nos comportamentos individuais). Em escala global, o imperialismo
norte americano conduziu a mundialização do capital por quase todo o século XX. A hegemonia
estadunidense foi legitimada pela ação dos organismos financeiros internacionais e pelo avanço
da militarização mundial sob o seu comando. O imperialismo construiu um mundo mais violento e
instável e, com isso, o fortalecimento da sua capacidade de exploração e de imposição da lógica do
capital, transformando o mundo e a vida em mercadoria.
4 O capitalismo neoliberal cria, na sociedade, uma série de falsas expectativas. Há o mito de que
vivemos sob uma democracia racial, de gênero, de classes, de oportunidades. As desigualdades
que são acentuadas pelo capital não são facilmente percebidas pela maioria da população. A crise
que se aproxima, dependendo de sua gravidade, fará com que as injustiças sociais fiquem mais
aparentes. Diante disso, o movimento sindical deverá estar atento para a disputa da hegemonia,
conscientizando e esclarecendo a classe trabalhadora das causas e conseqüências desta crise.
46 Caderno de Teses
TESE 4
aos efeitos sociais do projeto neoliberal. Lideranças e partidos políticos que se contrapunham a esse
projeto ascenderam ao poder no continente, indicando o desejo e construindo condições concretas
para a superação do neoliberalismo. As eleições destas forças políticas anti-neoliberais em diversos
países foram as respostas mais contundentes à globalização neoliberal e ao imperialismo.
7 A partir da crise atual, que tem origem no país central do sistema capitalista, é posto em cheque
o poder imperialista norte-americano. A busca pela financeirização, absolutamente descontrolada e
desconectada da produção e dos salários, foi levada às últimas conseqüências.
8 Conforme nos esclarece o economista Marcio Pochmann, o salário está no fundamento da crise
econômica internacional. Para ele, houve uma desconexão entre a evolução do salário real e da
produtividade. Nestas condições, os países ricos estimularam o consumo pelo crédito como medida
desesperada para manter o crescimento. Aumentaram os lucros – que não foram revertidos em
investimento – e houve considerável diminuição da participação dos salários. Essa financeirização
da economia é um processo relativamente longo, pelo qual ocorre elevação da taxa de lucro sem
elevação do crescimento do produto e, obviamente, com concentração de renda e acumulação em
oligopólios.
9 As repostas de governos dos países centrais e da classe capitalista apontam para necessidade
de recuperar a confiança nos mercados, através da recuperação do poder estatal, da reformulação
de organismos internacionais para criar alguma forma de regulação das finanças mundiais e de
políticas anti-cíclicas.
10 Sem considerar uma visão sobre a crise que inclui a desvalorização do trabalho como uma das
causas centrais haverá a supremacia de saídas absolutamente técnicas e monetaristas, alinhadas
à busca de recuperação da racionalidade econômica. Com efeito, o centro da luta imediata gira
em torno das demissões, da intensificação das jornadas de trabalho e dos bloqueios sobre os
salários. Como fizeram no período do ajuste neoliberal, as empresas buscarão diminuir custos do
trabalho, aproveitando o argumento da crise e as contribuições dos governos nacionais - seja em
forma de financiamento público direto sem qualquer condicionante, seja pela omissão em termos de
regulação pública do trabalho.
11 Para o horizonte da classe trabalhadora, não faz parte da agenda política disputar qual
melhor versão de capitalismo pode ser alternativa ao padrão neoliberal. Durante o século XX, foi a
capacidade de pressão da classe trabalhadora, organizada em sindicatos e em partidos políticos,
que impulsionou o Estado de bem-estar social e a criação de organismos mundiais com papel de
estabelecer convenções internacionais sobre os direitos do trabalho (como a OIT). Porém, estas
foram respostas da classe capitalista ao avanço das forças socialistas ao redor do mundo. No
contexto atual, constatamos o enfraquecimento e a desarticulação das forças políticas de esquerda
no seio dos países desenvolvidos.
Caderno de Teses 47
TESE 4
Bolívia, Paraguai e seguimos). Porém, não avançamos na formulação de um programa que transite
para outro modelo. A transição encontra-se truncada.
17 Há sinais evidentes de melhoria das condições de vida de boa parte da classe trabalhadora,
que são resultado da ação do Estado e do fortalecimento dos sindicatos nas negociações coletivas.
Em 2007, mais de 90% das negociações coletivas resultaram em aumentos reais nos salários,
revertendo a lógica perversa do período neoliberal, quando havia o enfraquecimento do sindicalismo.
18 Mesmo com avanços importantes para a vida da classe trabalhadora brasileira, do fortalecimento
do sindicalismo combativo e a despeito das possibilidades concretas de eleger uma candidatura
petista para um terceiro mandato, não podemos descartar a capacidade de recuperação do poder
social da direita brasileira e de recomposição dos interesses da classe capitalista.
48 Caderno de Teses
TESE 4
reforma sindical orientada pelos históricos princípios CUTistas. Além disso, a partir da entrega do
Ministério do Trabalho e Emprego nas mãos do PDT e, conseqüentemente, da Força Sindical,
ficamos estarrecidos com os retrocessos na estrutura sindical conservadora. O exemplo mais claro
é a extensão do imposto sindical aos (às) trabalhadores (as) do serviço público. Em todos os casos,
houve conflitos com a base social da CUT. E continua a ocorrer. Desta forma, devemos buscar
influir para que a construção de alianças partidárias se dê em torno de identidades programáticas
compondo um campo que fortaleça e impulsione o projeto democrático e popular.
SERVIÇO PÚBLICO
22 Não podemos permitir que direitos adquiridos sejam incluídos em negociações comerciais,
como por exemplo, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). É o caso da educação,
da saúde e da seguridade social.
EDUCAÇÃO
24 A luta imediata dos educadores e educadoras do país é para garantir a universalização do direito
à educação, com a implementação imediata do piso salarial nacional da educação em todas as
instâncias, inserindo-as nos respectivos planos de carreira e contra a política meritocrática. Compõe
essa agenda a necessidade de ingresso exclusivamente por concurso público e a profissionalização
dos funcionários das escolas.
25 Dentre as ações pelo fortalecimento do Estado e pela garantia do direito à educação,
participamos ativamente da Conferência Nacional de Educação – CONAE, em cada município
dos nossos estados. Estivemos presentes nas Conferências Estaduais defendendo propostas
como trabalhadores/as, como mães e pais da educação brasileira. Fortalecemos a luta contra a
mercantilização da educação sob suas várias formas, nos debates da Conferência e em todos os
sindicatos. Conseguimos debater e aprovar propostas avançadas, que serão enviadas ao congresso
para nortearem o próximo Plano Nacional decenal de educação.
Caderno de Teses 49
TESE 4
Podemos avaliar como positivo alguns aspectos do PDE, a inserção do debate da Educação
na agenda social e política do país, embora sua gestação tenha excluído setores dos movimentos
sociais ligados à educação pública e optado pelo movimento todos pela educação, de cunho privado.
O programa Brasil alfabetizado, incorporado ao PDE, prioriza a alfabetização através das
27 instituições e dos educacionais públicas, o que representa maior garantia de continuidade dos
estudos pelos alfabetizados. A gestão democrática é um princípio fundamental para a qualidade
da Educação, portanto, deve estar associada à eleição direta para dirigentes escolares, algo
que não ocorre em todos os estados da federação. A sanção do FUNDEB em 20-06-2007 veio
de encontro com algumas das principais reivindicações da nossa categoria, ao incluir toda a
educação básica: a educação infantil, o ensino médio e a educação de jovens e adultos. No
entanto, devemos primar pela superação deste modelo de fundos, com a derrubada dos vetos ao
PNE em 2001, assim como a construção do sistema articulado nacional de Educação, que integre
a educação à creche ao Ensino superior, repactuando os entes federados, conforme aprovado na
CONAE e previsto na EC 59.
28 A proposta da CNTE original para o piso dos trabalhadores em educação (Piso Salarial
Profissional Nacional, Lei 11.738/2008), de R$ 1050 para o nível médio e R$ 1575 para o ensino
superior fora derrotada pelas barganhas nos estados por uma proposta de R$ 950 reais (atualmente,
com reajustes, em torno de R$1300). Vimos o aspecto de 33% da jornada extraclasse ser ignorado
pelos parlamentares dos estados, e posteriormente a ação direta de inconstitucionalidade movida
pelos inimigos da educação (Governos do RS. SC, PR, DF e CE, além de apoiados por SP e
MG). Também avaliamos como positivo a aprovação das diretrizes da carreira e o programa de
profissionalização dos funcionários de escola. Faz-se necessária uma maior mobilização dos
trabalhadores em educação para o embate com o poder público, a fim de consolidar efetivamente
tais conquistas.
29 Também comemoramos a aprovação das Diretrizes Nacionais para os planos de carreira
docente, pois estabelece marcos ou parâmetros, tais como limite de estudantes por professores
em sala e no total; exigência de realização de concursos públicos periódicos, quando o número de
temporários ultrapassar 10%, exigência dos estados e municípios elaborarem planos de carreira,
entre outros.
Fomos surpreendidos pelo debate sobre a Reforma do Ensino Médio no primeiro semestre
30
de 2009 que retomava aspectos preocupantes da proposta apresentada por Rose Neubauer e
Covas no ano de 2000. A proposta tinha um viés de política educacional norte americana, visava
diluir o conhecimento cientifico em grande ares e flexibilizar 20% da carga horária. Defendemos a
necessidade de superar a dualidade histórica existente no ensino médio (meio, de mediação, de
preparo e qualificação ao trabalho ou continuidade do estudos). Diversas investigações demonstram
a insatisfação da juventude com o atual modelo. A partir da aprovação da Emenda Constitucinal 59,
que torna o Ensino obrigatório entre os 4 e 17 anos, devemos encaminhar uma Reforma no Ensino
Médio, visando o tempo integral que articule as dimensões da vida aos estudantes trabalhadores
e filhos da classe trabalhadora, seja o profissional com o humanístico, cultural, acadêmico de
desenvolvimento da participação política, entre outros aspectos necessários à consolidação da
cidadania dos trabalhadores.
31 Desse modo, temos que discutir os fundamentos da indissociabilidade entre Trabalho e Educação
na sociedade em que vivemos, numa perspectiva de superá-la. Se toda educação organizada se dá
a partir do conceito e da existência do trabalho, que caracteriza a existência e realidade humana. O
trabalho é a ação sobre a natureza e sua modificação. Portanto, ao analisarmos os diferentes modos
de produção da existência ao longo da história da humanidade, observamos o papel conferido à
educação e formação necessária para a qualificação e garantia da existência.
32
Na sociedade capitalista, na medida em que o processo escolar se desenvolve, coloca-se
a exigência de que estas relações e os mecanismos que caracterizam o processo de trabalho
sejam explicitados. Na sociedade capitalista, a Ciência é incorporada ao trabalho produtivo,
50 Caderno de Teses
TESE 4
convertendo-o em potencia material. O próprio conhecimento converte-se em força produtiva. Essa
sociedade baseada na propriedade privada dos meios de produção, os trabalhadores devem deter
conhecimentos, pois do contrário não podem produzir, e assim, se não trabalham, não agregam
valor ao capital.
Sendo assim, a sociedade capitalista desenvolve mecanismos para expropriar o conhecimento
33 dos trabalhadores, elaborar e devolvê-los de modo fragmentado, como o fez no taylorismo. Neste
o trabalhador domina algum tipo de conhecimento, mas apenas aquele parcelado necessário a sua
participação no processo produtivo, de onde deriva a concepção de profissionalização e ensino
profissionalizante. Nesta concepão capitalista burguesa, formam-se trabalhadores para executar
com eficiência determinadas tarefas requeridas pelo mercado de trabalho.
34
Esta concepção baseia-se na divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, proprietários e
não proprietários dos meios de produção. Desta implica a divisão entre os que concebem, formulam
e controlam o processo de trabalho e os que o executam, como se expressa na divisão entre ensino
profissionalizante, destinado aos que executam, e o ensino científico-intelectual, destinado àqueles
que devem conceber e controlar o processo.
38 Além disso, o Governo restringe e dificulta mais ainda o ingresso dos Professores com a sanção
da Lei 1094/2009, que criava 80 mil vagas, e com a interposição de terceira fase de concursos.
Caderno de Teses 51
TESE 4
Autorizou um concurso e convocou apenas 10.038 professores, num universo de cerca de 100 mil
temporários, bem como aplicará a terceira etapa do concurso: escola de formação e novo exame,
antes do ingresso e do estágio probatório.
O governo Serra e seu secretário ex-ministro Paulo Renato aplicam a todo vapor o modelo
39 toytista neoliberal na educação, uma educação altamente padronizada, baseada em aspectos
quantitativos, utilizando-se do caráter meritocrático com a Lei 1097/10, restringindo reajustes
salariais para 20% dos profissionais que fossem aprovados em uma prova, excluindo os demais de
qualquer política salarial e de evolução funcional. Nós, trabalhadores em educação, movimentos
sociais e estudantes precisam apresentar uma proposta educacional que ultrapasse a versão
do governo Serra e sua relação altamente verticalizada da cúpula até a sala de aula, através de
videoconferências, apostilas e exames, voltada apenas à uma visão mercantil da educação, sem
vinculá-la a esfera da cidadania, da participação política e da democratização da gestão e sistema
de ensino.
40 Entendemos que a organização curricular e pedagógica da escola deva estar centrada no
processo de ensino e aprendizagem, a implantação do ensino em todas modalidades, infantil,
fundamental e médio, leva-nos a repensá-lo em seu conjunto – saberes, tempos, métodos, sujeitos;
ou seja, currículo como forma de encaminhamento e organização escolar, e não somente listagens
dos conteúdos ou ainda de competências e habilidades. A escola deve incorporar as necessidades
dos trabalhadores e seus filhos numa perspectiva que lhes possibilite a definição destas metas,
e não apenas de governantes iluminados que ditam a política educacional de acordo com as
necessidades de formação da força de trabalho de acordo com os interesses do capital.
52 Caderno de Teses
TESE 4
que ele se preparasse para dividir a categoria em diversas subcategorias, favorecendo a dominação
e a coerção, através da aplicação a prova do mérito e pagamento do bônus por desempenho,
visando dividir ainda mais a categoria.
44 A Direção do sindicato não fez uma análise correta do papel negativo que desempenhou ao
não jogar mais peso na convocação para estas lutas, considerando as próprias particularidades e
a divisão promovida e estimulada pelo próprio governo na categoria. Daí em diante, foi cometendo
uma sucessão de erros ao aprovar sem muito debate e apropriação pela base da proposta de
aprovação da greve decidida pela cúpula e anunciada por antecipação na IV Conferência
Educacional “Jeanete Beauchamp” no final do ano. Apostou-se no método do quanto pior melhor,
pensando equivocadamente que assim o/a professor/a aderiria ao movimento, sem fazer mediações
necessárias das ações do Governo para isolar e derrotar o movimento, entregando-lhe de bandeja
o que tínhamos de mais precioso: o nosso calendário de luta.
45 O ano letivo de 2010 iniciou com a atribuição após a imposição da prova aos ACTs, ainda que
com medidas paliativas, como o aspecto classificatório, mas que significaram um retrocesso no
respeito aos direitos do professor, no que diz respeito à formação em nível superior. Candidatos
não-habilitados passaram na frente de professores habilitados e licenciados por conta da prova, e
a liminar não deu conta de corrigir esta deformação, que significa a desregulamentação neoliberal
da profissão do professor. Nesta visão, uma prova elaborada pelo governo substitui a formação em
nível superior. Outra forma de dividir mais ainda a categoria.
Quanto à nossa análise da greve, ainda que não obtivesse êxitos do ponto de vista de sua pauta
46 econômica e educacional, observamos que ela teve um papel de denúncia e desmascaramento do
Governo José Serra, uma vez que todas as contradições e políticas educacionais que atacavam
a categoria foram aparecendo: as licenças médicas de professores, que aumentam a cada dia; a
falta de professores, aos improvisos e falta de planejamento do governo no concurso público, que
fizeram com que na prática o governo voltasse atrás na provinha e contratasse professores que não
a fizeram.
Apesar de todo este massacre governamental sobre a categoria, a Diretoria do sindicato não
47
fez uma avaliação necessária sobre as consequências futuras do desgaste do sindicato na base. As
disputas intestinas prevaleceram para ver qual setor sairia mais desgastado, até ao ponto de haver
declarações à imprensa burguesa do vice-presidente, dividindo o movimento, e a incapacidade de
negociação da Direção com a SEE, sendo frequentemente enrolada e desmoralizada perante a
base.
Caderno de Teses 53
TESE 4
VII. Política Sindical e Propostas sobre Estatuto
50 Propomos que o debate sobre a questão da estrutura de poder da APEOESP seja feito
democraticamente e com a presença de toda categoria. Defendemos o campo do sindicalismo
CUTista socialista e democrático, atua na construção da agenda da APEOESP, da CNTE e da CUT.
Participando das instâncias da Coordenação dos Movimentos Sociais (MS).
54 Caderno de Teses
TESE 4
60 Aplicação da Emenda Constitucional 59: Ensino obrigatório dos 4 aos 17
anos,repactuação das responsabilidades federativas (municípios: creche e Educação infantil;
ensino fundamental; Estados: Ensino Fundamental e Ensino Médio; União: Ensino Superior),
combatendo a municipalização e fragmentações, rumo à noção de politecnia, com a reforma do
Ensino médio que articule o clássico, humanístico à vinculação técnica-profissional, visando um
projeto pedagógico dos trabalhadores que esteja sintonizado com uma visão crítica, questionadora,
voltada para a transformação social e a sua emancipação.
61 Aprovação pelo Congresso Nacional de todas as deliberações/indicações da Conferência
Nacional de Educação (CONAE 2010), entre elas: a destinação de 50% dos recursos do pré-sal
para a Educação; a elevação do PIB para 10 até 2014; a efetivação do Sistema Articulado de
Educação; A política de formação e valorização dos trabalhadores em educação, como a licença
sabática de professores; a efetivação da Gestão democrática nas escolas, com eleição de diretores,
conselhos de escola e participação popular nos Conselhos de Educação nos entes federativos; A
aplicação das políticas de inclusão e garantia de direitos para a diversidade.
62 Revogação das leis 1041, 1093, 1094 (Decreto escola e 3ª etapa concurso), e 1097 no Estado
de São Paulo. Convocação de todos aprovados no concurso e realização de novo concurso
classificatório;
Caderno de Teses 55
TESE 5
TESE 5
INTERSINDICAL - Instrumento de Luta e Organização da Classe
Trabalhadora
I. Conjuntura
56 Caderno de Teses
TESE 5
valor novo é a força de trabalho que quanto mais se desgasta no processo de produção mais valor
novo produz.
11 O valor gerado pelo trabalhador será apropriado pelo capitalista, que investirá parte desse valor
na manutenção dos meios de produção, aproximadamente 30% do resultado da produção. Outra
pequena parte que na maioria das vezes não chega a 10% pagará salários e o restante, ou seja, a
maior parte será seu lucro.
12 A crise está sendo produzida em pleno vapor no momento em que a produção está em alta, a
capacidade instalada da indústria está completa, as contratações aumentam, a produção aumenta.
Em outras palavras quando tudo está bombando para o patrão é nesse momento que ele está
entrando em crise. No momento de maior aceleração tem que frear bruscamente o processo de
produção.
13 Demissões, redução de direitos e salários, pátios cheios é o que a maioria da sociedade olha
como crise e não consegue enxergar que isso nada mais é do que a busca dos capitalistas para
saírem da crise que eles mesmos produziram.
14 O Estado na sociedade capitalista funciona exclusivamente para atender as necessidades de
concentração de lucro e para garantir as saídas das crises cíclicas e periódicas produzidas pelo
Capital. Além desse importante instrumento outros se colocam em movimento para administrar os
problemas dos patrões que para se recuperarem vão intensificar o ataque ao conjunto da classe
trabalhadora.
15 É preciso enxergar esse movimento do Capital, para entender a última crise e dessa forma dar
o necessário salto de qualidade na luta que temos para fazer contra aqueles que se enriquecem na
exata medida que nos exploram cada vez mais.
Na crise, o Capital faz o Estado se mostrar por inteiro. Instrumento fundamental para
ampliar e intensificar a exploração dos trabalhadores
16 A última crise deu seus primeiros sinais no final de 2007, estourou em 2008 e o ano de 2009
foi o momento das ações do Capital em busca de superá-la. Uma crise que não começou a partir
das economias dominadas, mas sim no coração do sistema capitalista, nos EUA e sua expressão
se deu como uma crise no sistema imobiliário, só a expressão de uma crise originada no processo
de produção de valor.
17 O Estado (instrumento que ora se coloca oculto ora se mostra por inteiro para socorrer o
capital) rapidamente se colocou em movimento para socorrer as grandes corporações industriais e
financeiras. O governo americano assumiu GM, Ford, Chrysler, Bancos e Seguradoras como num
processo de estatização, além de impor um programa de reestruturação profunda com demissões
e redução de direitos.
18
O índice de desemprego nos EUA subiu assustadoramente e a eliminação de vagas continua.
Novos sem teto se espalham pelo país, a violência aumenta e dados recentes mostram que mais de
50 milhões de americanos não têm acesso à saúde (o número aumentou na crise, pois nos EUA, só
idosos e pessoas com necessidades especiais têm acesso a saúde custeado pelo Estado). São mais
de 14 milhões de imigrantes ilegais trabalhando clandestinamente recebendo baixíssimos salários
que se colocam em luta e estão sendo duramente reprimidos pelo governo. O sonho de muitos
que o primeiro presidente negro no País seria a solução dos problemas, logo se desmanchou no ar
com a realidade: Barack Obama é mais um fiel escudeiro do Capital, responsável pelas principais
medidas de socorro as grandes multinacionais e como retribuição ao Premio Nobel da Paz, o
presidente enviou mais soldados ao Afeganistão, mantêm a ocupação no Iraque, segue no apoio
contundente a Israel que continua assassinando os palestinos e agora comanda mais uma ocupação
no Haiti. Além disso, mantém o embargo à Cuba e a invasão com bases militares em Guantánamo.
As guerras também são um instrumento utilizado pelo Capital através do Estado para queimar
vidas e mercadorias iniciando uma nova fase de concentração de lucros. No Iraque as indústrias
bélicas ganharam muito com a destruição e morte de milhares de crianças, homens e mulheres
trabalhadores e agora o setor da construção civil garante seus lucros através da reconstrução do
País. As guerras são mais uma forma do capital queimar seus excedentes e recuperar lucros.
Caderno de Teses 57
TESE 5
19 As medidas para sair da crise se alastram pela Europa, Ásia e América. Um Estado Mínimo
para as demandas públicas (saúde, educação, moradia, manutenção dos direitos básicos) e um
Estado Máximo para atender as necessidades do Capital. Quem passou as duas últimas décadas
denunciando “o neoliberalismo”, (que nada mais é do que uma das formas de expressão do Capital)
como um processo de ausência do Estado na economia, de entrega dos patrimônios dito estatais,
teve sérios problemas para entender como agora o Estado foi tão ágil em entrar com tudo no espaço
da economia para tentar resolver a crise. Com mais Estado ou com menos Estado sua natureza não
muda é o Estado do Capital.
Nada como os exemplos da vida real, para demonstrar como isso acontece: socorreu grandes
20
empresas do ramo financeiro como o banco Morgan Stanley e a Seguradora AIG que ao quebrarem
em 2008 rapidamente foram socorridas pelo Banco Central americano, o FED. Dentre as principais
ações do governo Barack Obama estão o socorro às grandes montadoras GM, Ford, Chrysler, ao
mesmo tempo foi um instrumento fundamental para o Capital impor a redução do preço da força de
trabalho nos EUA.
O governo americano libera verbas através do Tesouro e dessa maneira aumenta o déficit
21 público, criando uma bolha fiscal, um superprime (créditos com fundos públicos, diferente do
subprime que são créditos com recursos privados), essa bolha aumenta através da diminuição de
impostos pagos pelas empresas e aumenta os gastos do governo para salvar o Capital. Explode o
endividamento, agora do Estado.
22 O que começou nos EUA rapidamente se alastra pela Europa e Ásia. Bancos quebram,
empresas vêem seus lucros despencarem e as saídas são as mesmas: o Estado injeta muitos
recursos públicos para tentar diminuir o prejuízo das grandes corporações.
23 Aos trabalhadores a partir do final de 2008: demissões, redução de direitos e salários, aumento
da miséria, pois de todos os recursos que possui o Capital o mais eficaz de todos, é a diminuição
do preço da força de trabalho, a única fonte de produção de valor real.
Não acabou. O Capital não se recuperou plenamente e intensifica o ataque a nossa classe.
24
O ano de 2010 começa entre terremotos, inundações e tempestades que vão se somar as
destruições que já estão em marcha feitas pelo Capital. Destruição natural mais destruição social,
uma calamidade atrás da outra.
O mundo olhou para o Haiti por conta do terremoto e viu muito mais do que isso. Enxergou
25 a miséria a que são submetidos há muito tempo os trabalhadores haitianos. As empresas que já
estavam à espreita agora se instalam no país, com o discurso de “ajuda humanitária”, quando na
verdade estão interessadas em lucrar com a reconstrução do país e explorar ainda mais a força de
trabalho haitiana.
26 Em outros lados do mundo as catástrofes como no Chile, mais recentemente na China e as
enchentes em São Paulo, no Rio de Janeiro, Pernambuco Alagoas, e Paraíba, desvelam a ação do
Capital e do Estado contra os trabalhadores e os recursos naturais. O capital explora ao máximo
nossa força de trabalho e expropria os recursos naturais. O Estado entra em ação se ausentando,
ou seja, garante as demandas do Capital e não garante as mínimas condições de moradia,
saneamento e saúde à população trabalhadora. Esse é seu papel como o “Comitê de negócios da
classe economicamente dominante.
27 Nas crises é possível ver a composição orgânica do Capital. A produção se dá no processo de
produção de valor e o capitalista industrial se une ao capital financeiro que não tem como existir
sem a produção real de valor na produção de mercadorias. Dessa forma o primeiro busca aumentar
ainda mais seus lucros e o segundo consegue uma fonte de produção real de valor, portanto, uma
fonte de lucro. Irmanam-se e depois vão ver quem fica com o valor produzido por nós.
28 Quando apenas se olha a superfície, não é possível enxergar a gênese do Capital e aí as
conclusões se tornam rasteiras, do tipo: “o problema na atual conjuntura é a falta de investimento no
setor produtivo e a permissão da farra à especulação financeira”. Essas afirmações desembocam
numa conclusão que não leva a realidade em consideração e tentam deslocar os eixos das nossas
lutas.
58 Caderno de Teses
TESE 5
29 A especulação na esfera da circulação, como o próprio nome diz especula, para além da
produção real de valor, em outras palavras circulam hoje pelo mundo trilhões de dólares que são
fictícios, ou seja, não é a expressão de produção real de valor. Existem muitos capitalistas que
apostam no cassino do sistema financeiro e aí quando vem a crise real de superprodução quebram
ao perderem a concorrência, mas também por terem investido em valores irreais.
30 Ao mesmo tempo em que o capital industrial obtém lucro real através da força de trabalho
da classe trabalhadora, esse também se alia ao capital financeiro, seja na forma de aquisição de
bancos, investindo na bolsa de valores, em títulos da divida pública e dessa forma se inscreve numa
roda financeira onde circulam trilhões de dólares que estão descolados da economia real. É como
se o dinheiro ganhasse vida própria, quando não passa de uma expressão do valor contido nas
mercadorias. Essa junção do capital industrial e financeiro não é uma novidade dessa crise e sim
parte do funcionamento do próprio capital. A novidade dessa crise é que ela foi capaz de escancarar
a distancia entre a produção real de valor e de sua expressão na forma de dinheiro. Muito mais
cassino do que produção é dessa forma que aparece.
31
Na fase atual da crise vamos constatar o endividamento gigantesco do Estado, por conta do
investimento pesado nas grandes empresas industriais e financeiras, mas essa fatura não será
cobrada aos capitalistas, mas sim àqueles que são os responsáveis pela produção de riqueza; a
classe trabalhadora. Transformam as dividas privadas em dividas públicas, sendo essa uma das
mais importantes funções do Estado moderno.
32 Vamos aos exemplos da vida real para demonstrar o que estamos falando. Na Grécia no
inicio de 2010 o Estado, anunciou um pacote de austeridade que nada mais é do que atender as
demandas do Fundo Monetário Internacional, que colocou como condição para seguir garantindo
seus empréstimos, a redução dos gastos do Estado com os trabalhadores e a mudança na legislação
para facilitar a ações do Capital. No pacote as principais mudanças são o aumento da idade para
aposentadoria para todos os trabalhadores, diminuição e congelamento dos salários do funcionalismo
público e a redução de direitos. Os trabalhadores gregos só no ano de 2010 já realizaram 5 greves
gerais que pararam o país, além disso, greves por categorias como professores, trabalhadores na
saúde, controladores de vôo, trabalhadores na aviação, motoristas, são freqüentes até agora.
33 Na Espanha, o governo anunciou a redução e o congelamento dos salários do funcionalismo
público e o cancelamento dos programas sociais, como uma das principais formas de redução dos
custos do Estado. O desemprego no país em abril desse ano chegava ao percentual recorde de
20,05% da população trabalhadora e desde o inicio da crise o governo Espanhol e os economistas
do Capital já se colocaram em movimento para tentar buscar formas de redução de salários e
direitos dos trabalhadores nas empresas privadas. Trabalhar mais, extensiva e intensivamente com
menos salários essa é sua principal receita.
34
Em outras regiões da Europa mais ações do Capital para se recuperar. Em Portugal o desemprego
atinge mais de 10% da população economicamente ativa, na Irlanda também o desemprego
aumenta e a política aplicada pelo Estado é a mesma, redução de gastos públicos e mais arrocho
nos salários. No inicio do ano Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia, receberam o sugestivo apelido
pelos economistas do Capital de PIGS, em suas analises já não podiam a partir da realidade afirmar
que a crise tinha sido superada por completo.
35 Em outros países europeus as mesmas fórmulas: diminuição do valor das aposentadorias,
congelamento de salários, cortes no seguro desemprego e cancelamento de programas sociais. São
exemplos que mostram que caiu por terra o objetivo da Eurozona de se apresentar em condições de
ser o coração do sistema em sua fase superior.
36 Percorrendo esse mundo dividido em nações, para dificultar a luta do conjunto da classe
trabalhadora vamos até a China. O país tão propagandeado nos últimos anos por ter enormes
índices de crescimento baseia o mesmo na exploração da força de trabalho, extraindo dela a mais
valia absoluta, ou seja, intensificação do ritmo de trabalho aumento da jornada e pagando pela força
de trabalho salários menor ainda.
37 A China foi um dos espaços privilegiados que encontrou o Capital para ampliar e intensificar a
extração de mais valia absoluta dos trabalhadores. A maioria das empresas que estão no país são
multinacionais que se instalam, para garantir a custo baixíssimo a produção de suas mercadorias e
Caderno de Teses 59
TESE 5
depois exportá-las aos países de origem e colocá-las no comércio mundial. As grandes empresas
entram com o Capital, a China entra com a força de trabalho jovem, extremamente organizada e
barata, os trabalhadores chineses submetidos à intensa exploração, péssimas condições de trabalho
e baixíssimos salários têm se colocado cada vez mais em luta. Greves já são uma realidade na
China nos últimos anos, que não são noticiadas pelo patrulhamento do governo que tenta a todo
custo ocultar qualquer sinal de rebeldia
38 As multinacionais da Europa e EUA e seus respectivos Estados Nacionais já olham com
preocupação o momento atual da China e pesquisam outros pedaços do mundo para valorizarem
seu Capital, como por exemplo, Vietnã, Índia e Tailândia, lugares esses onde podem encontrar força
de trabalho ainda mais barata do que em seus países de origem para compensar a perda de lucros
que tiveram com a crise.
39
O Exército Industrial de Reserva parte constituinte dessa sociedade capitalista garante as
condições para reduzir ainda mais o valor da força de trabalho. Isso quer dizer que o desemprego
não é uma arma dessa fase do Capital, como alguns insistem em classificá-lo como “desemprego
estrutural”. A cada ciclo do Capital o desemprego aumenta ou diminui, mas ele está lá como
instrumento de pressão contra os trabalhadores.
40 Os que tentam afirmar a tese do desemprego estrutural têm muita dificuldade para entender fatos
da realidade, como por exemplo, mesmo tendo o desemprego aumentado, a classe trabalhadora
também aumentou em números absolutos principalmente nas regiões onde o Capital consegue
explorar ainda mais a força de trabalho. Ou seja, os capitalistas demitem e saem em buscas de
outros lugares onde possam comprar força de trabalho com salários ainda mais baixos.
41 Vemos isso há tempos bem de perto ou em lugares mais distantes, principalmente na década
de 90. Fabricas se fecham no ramo metalúrgico em São Paulo e se transferem para Manaus, Bahia,
Rio Grande dos Sul fabricas do ramo calçadista saem de Franca, vão para o Ceará e chegam
à China. Multinacionais americanas se instalam no antigo leste europeu e na Ásia. Distancias e
lugares diferentes, mas, o objetivo é um só: lugares e condições onde possam explorar ainda mais os
trabalhadores. Mantêm suas fabricas nos lugares de origem, fecham algumas plantas e se instalam
em novos espaços onde vão extrair a mais valia absoluta dos trabalhadores. Portanto o que é
parte estrutural do Capital é a produção de uma superpopulação relativa às suas necessidades, em
outras palavras é necessidade do Capital ter sempre trabalhadores sem trabalho, centros urbanos
lotados de gente a procura da sobrevivência.
42 A última crise não começou na periferia do sistema, a partir das economias dominadas, mas sim
no coração do sistema, nos EUA. E a quantas anda o império? Que como já vimos colocou toda a
estrutura do Estado para salvar as grandes corporações privadas e avançou contra os direitos dos
trabalhadores.
Mesmo com índices apontando uma retomada da produção real de valor, com o aumento do
43
uso da capacidade instalada da indústria e o aumento da produtividade, o desemprego já chega
a 12% nos EUA e os últimos índices apontam para uma desaceleração que ainda estava em seus
primeiros passos. Sinal de que o Capital ainda mantêm as medidas para a recuperação dos lucros, a
produtividade aumenta com menos trabalhadores, por conta das tecnologias aplicadas no processo
de produção, mas fundamentalmente pelo aumento da intensidade do trabalho.
44 O socorro de mais de U$80 bilhões vindos do governo estadunidense para as montadoras
acompanhado da exigência de um processo de reestruturação que significou diminuição dos direitos
sociais e salários dos trabalhadores foi fundamental para que essas multinacionais pudessem
espalhar ainda mais sua produção em outros territórios, intensificando a exploração da força de
trabalho.
45 Ainda não superaram a crise, mas isso não quer dizer que estão indo imediatamente para um
duplo mergulho que levará a uma depressão mundial a curto prazo. A produção real de valor no
coração do sistema ainda não cobriu os rombos daqueles que se aventuraram no cassino financeiro
e o endividamento do Estado cresce de maneira assustadora. Mesmo diante dessa conjuntura
nebulosa para o Capital e seus Estados nacionais, economias que estão entre as dominantes ou a
chamadas emergentes investiram e muito nos títulos do Tesouro americano, China U$ 1,2 trilhões;
Japão U$ 900 bilhões e Brasil U$150 bilhões. Se a crise vai ao duplo mergulho no coração do
60 Caderno de Teses
TESE 5
imperialismo, nas outras economias virá em dominó.
46 Por isso as saídas para a crise iniciadas em 2008/2009 se mantêm, ou seja, os ataques a classe
trabalhadora se intensificaram e felizmente as lutas também. Greves todos os meses na Grécia,
greves na Itália, França, Espanha, Turquia, greves em plena finalização das obras da Copa do
Mundo na África do Sul, o que nos falta agora é romper as cercas das nações e avançarmos para
uma luta que é comum a toda a nossa classe trabalhadora.
No Brasil não foi uma marolinha, como também não estamos numa ilha isolada do que
acontece no resto do mundo
47 Logo no inicio da crise o governo Lula esbravejou aos quatro cantos que o Brasil estava imune
contra a crise e caso chegasse até aqui, não seria mais do que uma marolinha.
48 Nada como a realidade para desmentir aqueles que carregados de retórica e desprovidos de
qualquer conteúdo tentam iludir a classe trabalhadora, ao mesmo tempo em que se transformam em
mediadores dos interesses do Capital.
49 Ao final de 2008 a ABIMAQ (Associação Brasileira de Maquinas e Equipamentos) anuncia uma
carnificina nos empregos. As férias coletivas e licenças remuneradas começam para na seqüência
as demissões chegarem com tudo, só no setor de autopeças 50 mil demissões no primeiro trimestre
de 2009 que se alastram para outros setores e categorias.
50 Portanto a marolinha anunciada por Lula se transformou num tsunami para os trabalhadores,
além das demissões, as propostas de redução de salários e direitos, foram aceitas por boa parte
das centrais sindicais.
51 A Força Sindical criada já com o objetivo de ser um braço dos patrões não só aceitou os acordos
de redução de jornada, com redução salarial e a suspensão dos contratos de trabalho, o chamado
lay-off, como fez a defesa do pacto com os patrões, onde os trabalhadores perdem ainda mais e as
empresas com isso vão buscando a recuperação dos seus lucros.
52 Já a CUT e a CTB essa última que não faz nada além de seguir o que a CUT defende
publicamente se diziam contra o chamado dos patrões para “celebrarem” acordos de redução de
salários e direitos, mas na pratica os fizeram em São Bernardo do Campo, Rio Grande do Sul e
Minas Gerais. Em Caxias do Sul/RS, o Sindicato dos Metalúrgicos dirigido pela CTB garantiu aos
patrões na Convenção Coletiva a redução de salários em épocas de crise. Esses são apenas alguns
exemplos no ramo metalúrgico, onde salários foram reduzidos, contratos de trabalho suspensos e
as demissões continuaram.
53 A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT assinou acordo com a ABIMAQ no primeiro
trimestre de 2009 onde as empresas teriam isenção de impostos desde que mantivessem o “nível
de emprego” de janeiro. As empresas desse setor fizeram todas as demissões que julgavam
necessárias antes de janeiro, portanto manter o nível de emprego se tornou uma boa para as
empresas. Pois, o acordo não impedia as demissões, ao contrario, os patrões poderiam demitir
desde que contratassem em igual número trabalhadores que poderiam receber salários menores.
Em outras palavras puderam com a anuência da CUT se utilizar da rotatividade para reduzir os
salários.
54 Esses instrumentos que deveriam estar com os trabalhadores agem hoje em defesa do Capital
sendo mediadores de suas demandas, além de defenderem todas as medidas do governo Lula
para salvação das empresas. Os exemplos do cotidiano dessas entidades mostram claramente
o que estamos falando. Vejam uma das resoluções do 6º Congresso dos Metalúrgicos de São
Bernardo do Campo/SP, dirigido por um dos principais sindicatos da CUT : “ Componente importante
dessa resistência será o apoio à todas as políticas de governo que reforcem a inclusão social, bem
como as medidas desenvolvimentistas contra-cíclicas e os investimentos públicos capazes de gerar
emprego e renda”
55 Força Sindical, CUT, CTB entre outros se “uniram” na representação formal das centrais para
buscarem soluções para crise, o resultado disso foi um chamado para marcharem em São Paulo
reivindicando uma mudança na política econômica, que se traduzia na palavra de ordem”. Juros
pequenos, Brasil grande”. Junto com essas centrais estiveram a Conlutas e os setores do Psol
Caderno de Teses 61
TESE 5
que romperam com a Intersindical. Ao invés de se somarem às ações de paralisação da produção
como a Intersindical fez, esses setores se diluíram numa manifestação que pela pauta até a FIESP
poderia participar.
56 A Intersindical não sucumbiu à parceria com os patrões e nem se pautaram pelas ações
institucionais que reivindicam do Estado, que esse se volte para os trabalhadores. O mesmo Estado
que serve para atender os interesses da classe economicamente dominante.
62 Caderno de Teses
TESE 5
do ramo da construção civil, que contratam terceiras que por sua vez para aumentar seus lucros,
não garantem o básico aos trabalhadores, ou seja, registro em carteira, direitos e condições de
trabalho.
68 A mesma Embraer que colocou mais de 4 mil trabalhadores no olho da rua e teve toda a ajuda
do governo, lançou novos modelos nesse ano ao mesmo tempo em que manteve a reestruturação
da fabrica, continua com demissões a conta gotas, não reajustou e tenta diminuir os salários
69 A Vale a maior empresa de capital privado no País, foi uma das primeiras empresas a demitir
quando as conseqüências da crise chegaram ao Brasil, é uma das principais empresas que insiste
numa nova legislação trabalhista que possa diminuir o valor pago pela força de trabalho e enfrentou
no Canadá uma forte resistência dos trabalhadores que se mantiveram em greve por 1 ano na Vale
Inco, contra as medidas da empresa em diminuir direitos.
70 O Estado ainda opera para garantir as condições de recuperação do Capital, o governo federal
em dezembro de 2009 garantiu mais R$ 80 bilhões ao BNDES para financiar projetos das empresas
privadas e decidiu renunciar a mais de R$ 3,2 bilhões em arrecadação para estimular a economia
no inicio de 2010, leia-se a prorrogação da diminuição do IPI que foi até o fim de janeiro. O BNDES
praticamente dobrou o dinheiro disponível para as empresas a baixíssimas taxas de juro de R$100
para R$180 bilhões.
O ano de 2009 fechou com quase 200 mil demissões no país e o governo se gabando em
71
conseguir rapidamente conter os efeitos da crise no Brasil. O que fez foi agilmente colocar a estrutura
do Estado para atender as necessidades dos patrões, que no momento atual mostram a utilidade
que tiveram. O investimento pesado do Estado e principalmente o aumento da exploração sob a
classe trabalhadora é que dão a impressão do Brasil estar blindado contra o ciclo da crise que ainda
não se fechou no mundo. Mais uma vez a aparência carregada de muita propaganda ideológica do
governo tenta ocultar a realidade.
Caderno de Teses 63
TESE 5
aposentados já devem R$22 bilhões no crédito consignado para alegria geral dos bancos. Já são
581 milhões cartões de crédito emitidos no Brasil segundo o Banco Central e o endividamento já
bate o recorde de R$555 bilhões.
78 Na média nacional o aumento real nos salários de abril de 2003 até agora foi de 13,36% enquanto
o aumento da produtividade em igual período foi de 24,57%. Ou seja, os patrões conseguiram
produzir mais arrochando os salários e exigindo mais produção dos trabalhadores.
79 Mais de 60% dos trabalhadores no Brasil recebem até 2 salários mínimos, enquanto pela
legislação os reajustes salariais ocorrem uma vez ao ano, as contas que temos a pagar sofrem
reajustes freqüentes e o índice de inflação que corrige esses preços o IGPM (Índice Geral de Preço
ao Mercado) é sempre superior ao que corrige os salários, o INPC (Índice Nacional de Preço ao
Consumidor)
80 A rotatividade sempre utilizada pelos patrões consegue diminuir os gastos com a folha de
pagamento de 20 à 30%, é por isso que ela está espalhada em todas as categorias, principalmente
no setor produtivo.
81 Diante dessa realidade nossa classe reagiu, em lutas defensivas e também em lutas que
extrapolam as reivindicações imediatas e nós da INTERSINDICAL temos contribuído de maneira
determinante nesse processo.
82 Temos muito que fazer. Enquanto houver aqueles que se enriquecem na exata medida que
nossa miséria aumenta, enquanto nossas crianças morrem de fome ou a balas perdidas ou com
endereço certo, enquanto os trabalhadores adoecem e morrem vitimas das péssimas condições de
trabalho, enquanto as guerras e ocupações militares se mantiverem há que continuar a luta.
83 No Brasil estamos num ano eleitoral, onde se acentua a ideologia dominante de que esse é o
espaço onde os trabalhadores devem depositar sua confiança e esperança para que seus problemas
sejam resolvidos. Como se a luta de classes parasse para assistir ao espetáculo da democracia.
84 Demagogias de todo tamanho, como por exemplo, desengavetar o projeto de redução da
jornada de trabalho e as centrais como CUT, Força, CTB entre outras que na pratica aceitam banco
de horas e redução de jornada com redução nos salários, fazerem lobby no Congresso fingindo-se
defensoras da redução da jornada sem redução salarial. A redução só virá com a luta direta dos
trabalhadores.
O Congresso Nacional aprova o fim do fator previdenciário e na seqüência Lula veta, tudo num
85
jogo combinado e os trabalhadores seguem amargando esse mecanismo criado por FHC e mantido
por Lula que além de diminuir o valor das aposentadorias faz com que trabalhemos ainda mais.
O governo reajusta as aposentadorias em 7,7% e dá um show tentando dizer ser esse um
86
gesto de compromisso com os aposentados, mas não revela que desde 94 até agora as perdas já
ultrapassam mais de 42%.
Não somos parte daqueles que acreditavam que a vitória eleitoral de Lula com um extenso arco
87
de aliança com a burguesia, tivesse como conseqüência o avanço em reformas que contribuíssem
para o ascenso da luta de classes.
88 Como também não comungamos da visão rasteira e superficial que esse governo é o que é
porque traiu os trabalhadores. O PT chega ao governo no encerramento do ciclo de um partido
que nasceu com a classe, para depois fazer contra a classe, isso não se deu com a chegada à
presidência da Republica, mas foi construído ao longo das duas últimas décadas.
89 Vivemos num país onde o Capital hoje se encontra plenamente desenvolvido, seja na cidade
e no campo, onde a ação do Estado garante as condições de ser um país que podemos afirmar
cumpre uma função de país sub-imperialista na America Latina, ou seja, suas ações em relação aos
demais países como, por exemplo, Bolívia, Paraguai Equador, Venezuela tentam dar uma aparência
de solidariedade, mas nada mais são do que se apresentar como a economia dominante na região
a definir as regras e dessa maneira se constituir em um fiel escudeiro dos interesses imperialistas
não só na América Latina como em outros lugares como no caso da ocupação militar do Haiti e em
suas inserções no Oriente Médio.
90 Um presidente que baseia sua popularidade com programas sociais que não garantem o mínimo
necessário a população que nada tem e ao mesmo tempo tem total controle dos instrumentos que
64 Caderno de Teses
TESE 5
representam a maior parte da classe trabalhadora. Um presidente que é representante comercial
dos interesses da burguesia, viajando pelo mundo propagandeando as vantagens de se produzir
no Brasil, em outras palavras, como existe força de trabalho farta e extremamente produtiva a ser
explorada, além de ajuda garantida do Estado não só para se instalarem com para potencializar os
lucros das grandes corporações industriais. Enfim um presidente que demonstrou ter competência
para atender os interesses do Capital.
91 O exemplo da Sadia ilustra bem isso. Em uma de suas plantas instalada em Chapecó/SC os
trabalhadores têm 8 segundos para desossar as coxas de um peru, numa jornada prolongada, com
baixíssimos salários, acidentes que fazem parte do cotidiano, tendo trabalhadores com braços e
pernas amputadas, pois a regra na empresa é salvar as maquinas. Isso tudo possibilita ao dono da
Sadia Luis Fernando Furlan que já foi Ministro do governo Lula comemorar seus recordes de lucro.
Como já dissemos nesse ano teremos o espetáculo da democracia. De um lado os representantes
92
legítimos da burguesia que se expressam nas candidaturas do PSDB com apoio do DEM entre
outros que vão de Serra, o candidato que já demonstrou em seus governos seu ódio de classe,
criminalizando o movimento sindical e popular, apoiando todas as ações dos patrões contra os
trabalhadores, atacando o MST e o funcionalismo público, privatizando o pouco que ainda resta
de publico no estado de SP. Do outro lado aqueles que souberam em dois mandatos dar conta de
garantir as demandas dessa mesma burguesia que vão de Dilma junto com o PT, PCdoB, PMDB
entre outros e há aqueles que vão de Marina e se travestem de ecologicamente preocupados, mas
que são mais do mesmo, ou seja, prontos para mostrar que também são capazes de administrar o
Estado de acordo com os interesses da burguesia. Entre aqueles que se afirmam como Partidos em
condições de organizar a classe, está o PSOL que conseguiu fazer em dois anos o que PT demorou
mais de uma década para fazer, se tornou um partido pautado pela disputa institucional seja no
desespero de eleger seus candidatos proporcionais a qualquer custo, seja defendendo que a ação
da classe deve se deslocar dos locais de produção de valor e ser mais e mais uma reivindicação
dirigida ao Estado. O PSTU diz a cada eleição que está na disputa para mostrar que elas não
respondem as necessidades da classe, mas sempre se apresenta dentro dos limites da democracia
burguesa.
93
Nada melhor que a realidade para desvelar o que tentam a todo momento ocultar da classe
trabalhadora. Independente de quem se sentar à cadeira de presidente da Republica, vivemos numa
sociedade onde sua base, sua estrutura econômica é capitalista, portanto a superestrutura tem um
Estado que responde aos interesses dessa classe economicamente dominante. Ao afirmar isso não
estamos negando que alguns governos podem e de fato já se chocaram com os interesses dessa
classe economicamente dominante, o que ajuda no fortalecimento das lutas dos trabalhadores, mas
são extremamente limitados dentro da sociedade capitalista em que vivemos.
94 Por isso a principal tarefa no ciclo que se abre, mas que ainda carrega muito do velho que se
encerra é garantir a unidade e coerência entre nossa leitura da realidade e a ação pratica junto com
trabalhadores. Aprofundar a organização a partir dos locais de trabalho, moradia e estudo, criar as
condições de avançarmos na luta de classes que ora se coloca oculta e ora se mostra por inteiro. E
a cada passo de nossas lutas pelas necessidades imediatas, acumular força para a maior de todas
elas. A superação dessa sociedade de classes e a construção do socialismo.
95 As lutas de nossa classe no Brasil e no mundo embora ainda se mostrem fragmentadas,
defensivas em formas de mobilizações de resistência contra os ataques dos governos e dos patrões,
também dão sinais da necessária radicalidade e de uma disposição em se colocar em movimento
para além do imediato e corporativo.
96 Por isso este Congresso deve decidir que as ações no próximo período terão como objetivo a
necessária organização que acumule nas lutas a força necessária para destruir essa sociedade de
classes e construir uma sociedade onde os trabalhadores possam usufruir de maneira coletiva o
fruto do trabalho.
Caderno de Teses 65
TESE 5 trabalhistas do funcionalismo público, na calada da noite, e de forma truculenta, com sua PM,
denunciada na ONU em 2010 por crimes contra os direitos humanos. Toda forma de repressão e
difamação, por parte da grande mídia paulista (Folha de São Paulo, Estadão, Rede Globo e etc),
foi utilizada para calar e abafar a contestação vinda das ruas. O governo de José Serra realizou
suas políticas de cortes de orçamentos, tudo em nome de bilhões que foram dados as montadoras
e para a FIESP em 2009, e das políticas impostas pelo Banco Mundial para o setor público e que
afetaram diretamente, e principalmente, os rumos da educação pública em São Paulo. As políticas
educacionais da gestão do PSDB a 16 anos destroem e acabam com nossa categoria, são políticas
ditadas por acordos internacionais, vindas do BID e do Banco Mundial. O Estado de São Paulo
seguiu, sem surpresas, e de forma fiel a cartilha ditada por Brasília e pelo capitalismo mundial. A
Secretaria Estadual da Educação funcionou como uma extensão da política educacional vinda do
MEC e do governo Lula, que acaba por praticar nos setores federais as mesmas teses de bônus e
da meritocracia, o arrocho salarial e repressão ao movimento popular e sindical.
98 Nunca o funcionalismo público, e principalmente os professores, passaram por um arrocho
salarial tão grande, são anos e anos sem aumento salarial de fato, e essa realidade agora vem
sendo escondida através das políticas meritocráticas, de aumento salarial virtual para a categoria,
para quem passar nas provas, e a critério do Estado. Nas escolas públicas existe uma defasagem
de 70.000 professores.
99 Mas, após oito anos sem greves, o governo Serra conseguiu com suas políticas nefastas fazer
a categoria se levantar em protestos novamente (desde 2000 não acontecia uma grande greve com
grandes mobilizações por parte dos professores). Em 2008 e 2010 colocamos todas as semanas de
nossas greves mais de 50 000 nas ruas da capital paulista e nas portas da Secretaria da Educação,
na Praça da República. Sem muita demora a repressão interna à greve, vinda dos assédios das
Diretorias de Ensino se apresentou nas escolas através das posturas de alguns diretores, e a
externa, da Polícia Militar, com infiltrações e pancadarias, se colocaram como um desafio para
nós. A nossa assembléia do dia 26 de março de 2010 se transformou em uma batalha nas ruas do
Morumbi. Vários professores foram machucados com balas de borracha ou passaram mal com a
grande quantidade de bombas gás-lacrimogêneo, falta de diálogo por parte do governo foi o que
não faltou nesses episódios.
100 Outro aspecto do caos social que se instala em São Paulo são as inúmeras imagens de ônibus
em chamas e bloqueios de grandes avenidas por parte de manifestantes das comunidades carentes
da capital. São inúmeros os levantes populares espontâneo por parte das comunidades, com
barricadas e pneus em chamas, e as causa são as mesmas de sempre, normalmente por causa
dos despejos e falta de moradia, devido a precariedade dos bairros causados pelo descaso público
de anos, frente as enchentes constantes na capital, como ocorreu no Jardim Pantanal este ano,
e também, constantemente, são manifestações contra a atuação violenta da polícia nos bairros
pobres, sobre os moradores e a juventude periférica da capital. Inúmeros foram os casos de levantes
populares no governo Serra, muitas vezes casos pouco esclarecidos na grande mídia, como ocorreu
em Heliópolis com a morte de uma adolescente, e a ocupação da favela de Paraisópolis em 2009,
uma das maiores do continente, com 60 mil moradores, onde a população ficou confinada pela
ocupação da Polícia Militar por meses no bairro, nos trazendo a mente às imagens e as mesmas
técnicas militares usadas por Israel para agredir o povo Palestino, isso tudo depois dos protestos
dos moradores por causa da atuação assassina da PM em Paraisópolis, que por ironia fica ao lado
do Palácio dos Bandeirantes e fincada no meio de um bairro nobre da cidade, o Morumbi.
O retrato do governo Serra e de 16 anos de PSDB no comando do estado, é o “resumo da
101
ópera” das políticas financeiristas destes governos, voltados para salvar a grande burguesia, e
encher as valas das periferias com muito sangue e repressão contra qualquer um que questione
a ordem estabelecida no estado mais rico da federação. Nós professores estamos no olho deste
furacão, de um lado vemos nosso poder aquisitivo cair de forma aterrorizante nestes últimos
anos, nossos direitos trabalhistas serem retirados de forma sorrateira, e de outro, presenciamos e
convivemos no holocausto urbano paulista, estamos diariamente nas escolas com alunos que são
frutos de uma realidade violenta e injusta, vindas das ruas, do descaso secular com os pobres e os
trabalhadores de São Paulo. Trabalhadores estes que fizeram a riqueza da burguesia deste estado,
como mão-de-obra barata, vindas de outras regiões do país, mas que hoje não podem desfrutar
66 Caderno de Teses
TESE 5
desta mesma riqueza que produziram. A única coisa que recebem é a criminalização e a violência
militar, vinda de um governo dito democrático e que lutou contra a ditadura em nosso país, mas que
ao mesmo tempo nada faz para acabar com torturas em delegacias, promove espionagem em cima
de movimentos sindicais e populares pacíficos e mantém sempre o batalhão de choque preparado
para reprimir qualquer manifestação contraria aos interesses da burguesia.
Caderno de Teses 67
TESE 5
com anuência da central, dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) dentro da central e
com isso a Formação que era um instrumento para potencializar o saber e a luta dos trabalhadores
se transformará num espaço de formar “bons negociadores” capazes de mediar com os patrões e
os governos. Também se transformará no espaço para enganar os trabalhadores com os cursos
de qualificação profissional afirmando ser esse o caminho para que o desempregado voltasse a ter
emprego.
111 Portanto é falso afirmar que os problemas na CUT começam com a chegada do PT na presidência
da Republica. As políticas gestadas no PT e implementadas pela CUT, a partir do final da década
de 80 e durante toda a década de 90 fizeram com que a Central que nasceu com os trabalhadores
hoje faça contra os trabalhadores.
112 Durante o governo Lula vamos ver mais do que dependência, mas sim aliança e submissão ao
governo. Reforma da Previdência que atacou o funcionalismo público, tentativa de reforma sindical
e trabalhista com o objetivo de centralizar as decisões nas centrais sindicais e não respeitar as
decisão da base, para flexibilizar e eliminar direitos. Marchas a Brasília dizendo reivindicar aumento
do salário mínimo que nada mais eram que um momento de confraternização com o governo federal.
Em 2005 decidimos a partir da analise do momento em que vivíamos não mais disputar os
113
rumos da CUT em seus espaços de direção, mas diferente de outros setores como a Conlutas que
faz um sinal de igual entre todos aqueles que ainda estão na CUT, nós decidimos disputar a base
social da central. Ou seja, a CUT como instrumento capaz de unir a classe para enfrentar o Capital
e o Estado, tinha se transformado em seu contrário, mas centenas de sindicatos filiados a ela se
mantinham coerentes e comprometidos com a classe trabalhadora. É a partir dessa compreensão
apresenta-se a proposta de construção da Intersindical – Instrumento de luta e organização da
classe trabalhadora.
114 Um instrumento de organização e luta da classe trabalhadora, capaz de reunir os sindicatos que
já haviam rompido com a CUT, sindicatos que embora filiados não compactuavam com a política da
Central e vários, sindicatos, coletivos e Oposições independentes. As ações que realizamos nesses
4 anos confirmam o acerto de nossa iniciativa, como adiante vamos ver.
115 A Intersindical nasce com a tarefa de retomar as tarefas abandonadas propositalmente pelos
instrumentos que nasceram com a classe e depois se viraram contra ela. A partir das ações nos
locais de trabalho, moradia e estudo a organização da luta para enfrentar o Capital e seu Estado.
Um Instrumento independente em relação aos patrões e governos e autônoma em relação aos
partidos, que tem a Formação dos trabalhadores como arma que potencializa nossa organização
e luta, um Instrumento que restabelece a solidariedade ativa da classe para além das cercas das
categorias e nações. Um Instrumento que vai além das questões imediatas da classe e coloca a
necessidade de uma outra sociedade socialista.
116 Participaram junto conosco no inicio desse processo de construção, algumas correntes que
também foram parte da CUT, com os companheiros da ASS (Alternativa Sindical Socialista),
da Unidade Classista, as correntes internas do Psol; APS, Enlace e Csol, os companheiros da
Resistência Popular e vários coletivos independentes.
117
Em 2007, o governo Lula no mesmo dia em que dá um tapa nos trabalhadores no comércio
liberando o trabalho aos domingos em todo o território nacional, também envia projeto de lei
garantindo reconhecimento legal às centrais sindicais, mantendo o imposto sindical e garantindo
uma fatia do mesmo às centrais.
O alvoroço começa entre aqueles que já se submeteram a parceria com os patrões e ao governo,
118
mas também entre uma parcela daqueles que dentro e fora da CUT se mantinham em luta, todos
buscando desesperadamente o reconhecimento oficial do Estado para sua Central.
119 O PCdoB que desde a década de 90 estava na CUT, rompe com a Central para criar a CTB
(Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), não porque tinham divergências com o rumo
que tomou a CUT, mas sim porque agora tinham a possibilidade de criar uma central sob seu total
controle e o mais importante tendo estrutura garantida através do imposto sindical.
120 O PSTU que dirige a Conlutas e rompeu com a CUT em 2004, rapidamente tratou de se registrar
no Ministério do Trabalho e como sempre lançou mais um chamado a todos, que dessa vez tinha
68 Caderno de Teses
TESE 5
como conteúdo a construção de mais uma nova central que segundo sua analise seria a solução
para os problemas de fragmentação da classe trabalhadora.
121 Dentro da Intersindical as correntes do Psol submetidas à intervenção do Partido no movimento
sindical e afoitas por também buscar o reconhecimento do Estado, rompem com a Intersindical e se
juntam a Conlutas para tentarem decretar mais uma nova central.
122 A Intersindical em seu II Encontro Nacional realizado em 2008 não sucumbiu à tentativa de
repetir velhas fórmulas ao novo que apesar das dificuldades insiste em nascer. Não permitimos a
interferência partidária do PSOL e do PSTU que tentaram impor uma unificação meramente formal
e pautada pelo governo Lula através do reconhecimento legal das centrais sindicais. A proposta
desses setores parte de sua lógica institucionalizada afirmando a representação em detrimento da
organização junto à classe.
123 A ASS (Alternativa Sindical Socialista), a Unidade Classista, a Resistência Popular e vários
coletivos independentes agiram com a firmeza necessária em não admitir mais do mesmo, os velhos
erros cometidos na trajetória daqueles que foram parte do processo de construção da CUT.
124 Seguimos ampliando e consolidando a Intersindical- um instrumento de luta e organização da
classe trabalhadora, que já está presente em 14 estados do país, reunindo metalúrgicos, sapateiros,
operários na construção civil, professores, funcionários públicos, bancários, radialistas, vidreiros,
trabalhadores no ramos plástico e químico, urbanitários, trabalhadores nos Correios, motoristas,
vigilantes, têxteis entre outros. Sem ser central sindical fazendo boa parte das tarefas abandonadas
conscientemente pela maioria delas: reconstruir a unidade da classe a partir da lutas para que
possamos romper com as formas que nos dividem em categorias, entre formais e informais, entre
trabalhadores da cidade e do campo e avançarmos na luta da classe para si.
125
Já os que foram para o mais do mesmo, se chafurdando na disputa interna não conseguiram
sequer decretar a nova central.
126
As correntes do Psol que romperam com a Intersindical hoje não reivindicam a Intersindical,
mas sim tentam ficar a sombra do nome desse Instrumento que se amplia e contribui no processo
de reorganização do movimento.
Essas correntes, junto à Conlutas e outros setores gastaram os últimos 2 anos em reuniões,
127
seminários e mais reuniões para chegarem a Santos no que tentaram chamar de CONCLAT. Ao se
pautarem pela disputa interna e burocrática, sua estratégia busca respostas superficiais e somente
na institucionalidade para afirmar que têm a solução para o problema da fragmentação. Mais uma
vez, foram em nome da classe, sem a classe e sequer conseguiram decretar a sua nova central.
128 Os que romperam com o congresso em Santos e continuam afirmando a necessidade imediata
de construção de uma central, tentam ocultar que parte significativa ainda estão em sindicatos
filiados à CUT, como bancários de Santos e Espírito Santo, ao mesmo tempo em que se auto-
proclamam independentes dos patrões e governos, alguns seguem em federações orgânicas da
CUT para receberem o imposto sindical e outros recebem taxa negocial paga pelos patrões durante
as campanhas salariais como os Sindicatos dos Químicos que estão sob a direção de correntes
internas do Psol no estado de São Paulo.
129 Os que ficaram em Santos no lugar onde tentaram fazer um Congresso que de igual ao Conclat
que construiu a CUT só tem o nome, afirmam que uma Central Sindical e Popular foi criada e se
chama Central Sindical e Popular - Conlutas, demonstrando que saem do mesmo jeito que entraram.
Os que foram embora de Santos seguem em reuniões intermináveis para definir as condições para
retornarem ao espaço dessa pretensa central que de novo nem o nome tem.
130 Se tivessem conseguido resolver suas divergências, acomodando as reivindicações de cada
corrente, a central seria decretada e isso não passaria de um decreto, completamente distante da
classe
131 Ao afirmamos isso ao contrário do que muitos tentam nos acusar, não estamos negando a
necessidade e a importância da construção de uma nova central. A central sindical necessária será
fruto da ação que fizermos a partir da base da classe, que não se pauta no espontaneísmo e nem
espera pelo ascenso, mas se prepara e trabalha para que o mesmo se recoloque em lutas que
avancem para além da consciência em si e dêem o salto de qualidade da consciência para si.
Caderno de Teses 69
TESE 5
132 Existe uma diferença enorme entre os que dessas correntes foram tentar formar mais uma nova
central verbalizam do que de fato fazem. A Conlutas e as correntes do Psol falam em seus discursos
que lutam contra os patrões e os governos e denunciam as centrais sindicais pelegas como CUT,
CTB e Força, mas têm se assemelhado por demais em algumas praticas.
133 Já antes de nosso 10º Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, a
Conlutas, a CTB (que são os militantes do PCdoB que por muito tempo se apresentaram com o jornal
Alerta em nossa categoria) e o Psol que sem trabalho na base tenta ficar a sombra da Intersindical
utilizando-se indevidamente desse nome, se juntaram para tentar conformar uma oposição à atual
direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região.
134 Ou seja, aqueles que se colocam como a principal oposição ao governo Lula (Pstu e Psol)
e aqueles que apóiam cegamente o governo e na atuação sindical têm entregado direitos dos
trabalhadores, se juntam para tentar a todo custo voltarem para os espaços de direção do Sindicato.
135 Além disso, contam com o apoio de Sindicatos que hoje são dirigidos por setores que aceitam
dinheiro do patrão através da taxa negocial paga no período da data-base, como é o caso do
Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas, Vinhedo e Osasco que na última campanha
salarial aceitaram 6,5% de reajuste salarial. Não se dispuseram a organizar a categoria para lutar
por aumento nos salários e ao mesmo tempo tiveram 9% da folha de pagamento na forma de taxa
negocial depositada na conta do Sindicato. O mesmo que é feito em vários Sindicatos da Força
Sindical e da CUT. É com esse dinheiro que alguns setores que se apresentam como oposição a
direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região financiam seus materiais e atividades.
136 A Intersindical não esteve em nenhum dos conclat’s. Não temos tempo a perder e nem
concordância com os espaços que se pautam pela disputa interna dos aparatos, ou se colocam
em movimento para tentar eleger a sucessora de Lula, como foi o que reuniu CUT, CTB, Força
Sindical entre outras centrais sindicais e movimentos populares para construir uma agenda que
tem como objetivo “impedir a volta do neoliberalismo ao País”. Como se essa forma do capital se
manifestar a partir da década de 90 (e nada mais do que forma, aparência, pois no conteúdo é o
Capital intensificando a exploração ao conjunto da classe) tenha sido superada com a vitória do PT
em 2002, ou seja, essa encontro teve como objetivo colocar em campanha eleitoral as entidades
que o convocam para tentar emplacar a sucessora de Lula.
137 Não serão nas discussões com as representações descoladas da luta real da classe trabalhadora
que a necessária central sindical se concretizará, bem como a urgência do momento em que
vivemos não está na construção da nova central, mas sim na reconstrução da unidade da classe.
138 É nessa direção que a Intersindical seguirá. Ampliando-se como instrumento de
organização e luta e ao mesmo tempo reconstruindo a unidade na luta junto com as
organizações que não se submeteram aos patrões, aos governos e seus aliados.
70 Caderno de Teses
TESE 5
cabresto, tratar o “eleitor” como gado, utilização da máquina para custeio de campanhas milionárias,
contratação de gente para fazer campanha, fraudes, etc.
142 O “eleitor” sindicalizado, tal como o eleitorado em geral, só é procurado em época de campanha,
não há uma relação regular entre sindicalizados e seus representantes, nem antes, nem depois das
eleições. Assim como, os políticos eleitos, os dirigentes sindicais em geral, passam a uma condição
privilegiada em relação à categoria; deixando o trabalho, recebendo complementações além do
salário regular muitas vezes.
143 Assim, a política assistencialista da burocracia sindical, somada à passividade das bases a
que foi muito conveniente à burocracia sindical não combater, mas alimentar-se dela, criaram uma
cultura na categoria, na qual o sindicato é visto como um escritório de despachantes e o sindicalista
como um office-boy. Isto não reflete uma “falsa consciência”, mas sim uma situação real e concreta.
144 Este conjunto de problemas tem feito do sindicato uma organização de representação, muito mais
do que de mobilização. Os sindicalizados não mais se apresentam então se deixam representar por
alguém que “luta por procuração”. O eleitor-sindicalizado vota e transfere toda a responsabilidade
política aos eleitos, eximindo-se de toda a participação política direta. Esta estrutura reforça o
comodismo de boa parte da categoria e garante o acomodamento da maioria instalada na burocracia
que fica mais “livre” para defender seus interesses sem a pressão da base.
145 A estrutura nos dias de hoje, tende a absorver os militantes que dela participam. Ao invés do
sindicato garantir que um conjunto de militantes sejam dinamizadores de luta e mobilização na
base, ele tem retirado muitos militantes sinceros da base.
146 O problema central para a categoria e para classe trabalhadora é que não bastam representantes
negociando, por mais bem intencionados que fossem para alcançarmos vitórias. Para vencer é
preciso participação e lutas massivas. A representação pura e simples pode ser muito adequada
à política da burguesia e àqueles que aspiram ao parlamento, mas é péssima para o conjunto da
categoria que não avança e sequer se defende sem participação coletiva. Portanto, aqueles que
enxergam no sindicato uma ferramenta de luta de nossa classe têm a obrigação de trabalhar para a
alteração da atual estrutura sindical, que não serve à luta. É neste sentido que defendemos alguns
pontos para alterar a estrutura do sindicato:
Caderno de Teses 71
TESE 5
O CER como direção política
150 Caminhando no sentido de valorizar politicamente as bases de nosso sindicato, entendemos
que o CER deve decidir as questões políticas fundamentais de nosso sindicato, passando a ser
bimestral. Ressaltamos que o CER está subordinado às Assembléias Estaduais.
Caderno de Teses 73
TESE 5
Fundeb
166 O Fundeb propõe a ampliação dos recursos destinados à educação, de 15% da arrecadação de
impostos como ICMS e IPVA para 20%. No entanto, mesmo com o incremento destes recursos, o
valor está sendo dividido por um número muito maior de alunos, uma vez que esse fundo contemplará
alunos desde a pré-escola até o ensino médio e não somente o ensino fundamental como ocorria
com o Fundef.
167 O aumento do recurso, quando dividido pelo número de matrículas, não garantirá avanços para
a ampliação e qualificação da educação no Brasil, na verdade, ao longo do tempo, o que ocorrerá
será a diminuição do valor anteriormente repassado pelo Fundef, que não servia nem para os
gastos mínimos com o ensino fundamental.
168 A medida provisória assinada em dezembro de 2006 definiu uma escala de 0,7 a 1,3 para
distribuição dos recursos. Nesta escala, o ensino fundamental tem peso 1 e os ensinos infantil e
médio peso 0,9 e 1,3 respectivamente. Isto significa que os Estados (responsáveis pelo ensino
médio) receberão proporcionalmente mais do que as prefeituras. Esta diferenciação na escala
poderá gerar “depósitos de crianças” no ensino fundamental em muitas cidades interessadas
apenas na verba recebida, uma vez que o dinheiro repassado pela quantidade de alunos no Ensino
Fundamental é maior do que no Infantil.
Se o Fundef já foi um dos grandes responsáveis pela municipalização da educação, o Fundeb
169
aparece como um incentivo extra por se estender ao ensino infantil, responsabilidade primeira dos
municípios. Esse processo crescente de municipalização, que tem início com as determinações da
LDB, impossibilita uma discussão ampliada de políticas públicas permanentes voltadas à educação,
assim como medidas que visam à formação dos profissionais ligados ao magistério e a unidade na
luta por melhores condições de ensino e de trabalho. Além disso, ao depender deste tipo de repasse
federal, os municípios podem ficar reféns de governos estaduais e do governo federal, tendo que
seguir as cartilhas e interesses políticos de partidos.
170 Como vimos, o Fundeb, apresentado como a salvação para os problemas educacionais
brasileiros, na prática reflete a continuidade da política educacional do PSDB. Por tudo isso, somos
contra a política de fundos na educação. Acreditamos , que a destinação garantida de no mínimo
15% do PIB brasileiro para educação , representa a melhor solução neste momento.
PDE
171 O PDE além de não resolver os problemas da educação provoca ainda mais brechas para
atacar o funcionalismo público. Os problemas de fundo como: a má remuneração dos professores,
a superlotação das salas de aula, a falta de verba para a educação, não são resolvidos. O Piso
Nacional para os professores, não vai fazer com que estes se dediquem exclusivamente para uma
rede, obrigando-os a trabalhar em duas ou três redes como acontece hoje, com isso, ainda falta
tempo para a sua capacitação, e para ações que busquem a melhoria do seu desempenho.
172 O Ideb, busca escamotear os problemas da educação, na medida em que os governantes
vão pressionar as escolas e os professores para que haja a aprovação dos alunos, pois, a taxa de
repetência e a evasão escolar são variantes deste índice e determinantes para que os diferentes
governos recebam verbas federais, e quando o rendimento dos alunos for baixo nas avaliações
federais, o problema vai recair exclusivamente sobre os professores, como ocorre hoje.
173 O estabelecimento de verbas diferenciadas através de diferentes índices de desempenho poderá
causar, além de maquiagens nos dados dos diferentes governos, gerando ainda mais mentiras e
corrupção, a escassez permanente de verbas para alguns municípios, ou então, o reverso, alguns
municípios poderão ficar com problemas na educação visando ajudas emergenciais do governo.
174 A realização de Provas de Avaliação Externas de rendimento, não pode ser considerada produtiva
quando os principais fatores que geram o mau desempenho dos alunos não são solucionados. O
acompanhamento individual dos estudantes se faz impossível com a quantidade de alunos que os
professores têm em sala de aula, assim como o acompanhamento de cada caso de evasão escolar.
175 Em relação à avaliação dos professores, o governo quer utilizar o desempenho dos alunos,
a assiduidade, o desempenho dos professores em provas. Aí retornamos ao mesmo problema,
74 Caderno de Teses
TESE 5
o desempenho dos alunos foge somente ao trabalho dos professores, por outro lado, a sua
assiduidade muitas vezes é prejudicada pelo excesso de trabalho causado pelos baixos salários
e pela necessidade de trabalhar em mais de um emprego e também pelas péssimas condições de
trabalho que geram afastamentos.
176 A avaliação externa no final do período probatório é uma forma de pressionar os docentes a se
enquadrarem no projeto educacional do governo, sendo menos questionadores em relação a este
mesmo projeto.
177 Enquanto isso, o governo deixa claro que não vai aumentar as verbas para a educação quando
defende que as comunidades e empresas privadas aumentem a sua participação na manutenção
dos prédios escolares, ou seja, se não há dinheiro nem para reformar imagine para construir.
178 A capacitação dos professores, segundo o PDE vai ser feita através de cursos presenciais e à
distância, a maioria realizada através de parcerias com instituições privadas. Mas esta não é uma
forma de aumentar os gastos com educação sem onerar o Estado, esta é uma forma de repassar as
verbas do Estado para as instituições privadas para que estas realizem as capacitações lucrando
com elas.
Além de tudo isso o PDE, com a sua verba diferenciada para quem tiver melhor desempenho nas
179
suas avaliações e as próprias avaliações de desempenho, abre espaço para que os trabalhadores
de educação tenham o seu reajuste calculado de acordo com este desempenho como o PSDB vem
fazendo no Estado de São Paulo e o empresariado.
180 O aumento do repasse das verbas para as escolas que cumprirem metas é incorporado no
PDE e defendido pelos meios de comunicação. O ex-ministro Paulo Renato e atual secretário,
por exemplo, defende que o piso nacional só seja pago para os professores que passarem em
uma prova certificadora. A grande imprensa não chega a este ponto, mas defende que aumentos
salariais só cheguem através destas avaliações.
181 Portanto, podemos perceber quais são os verdadeiros objetivos do PDE, sob a capa de buscar
a melhoria na qualidade de ensino busca-se retirar direitos dos trabalhadores e diminuir os gastos
reais com a educação pública prejudicando diretamente os profissionais da educação e a sociedade
e beneficiando, por outro lado, os grupos privados.
Caderno de Teses 75
TESE 5
187 Em relação à nossa contribuição previdenciária, a lei não estabelece o valor a ser descontado.
Por enquanto continuamos contribuindo com 11% e o Estado com 22%. No entanto, este valor pode
chegar até 22%, como vemos em outros estados que adotaram previdências estaduais.
188 Recentemente o governo aprovou a lei 1093/09 que cria novas categorias aos professore OFA,
como o F, L e O. Precarizando ainda mais as condições de trabalho, institucionalizando a quarentena
para os professores, onde nos professores O terão de ticar 200 dias letivos sem pode trabalhar, se
trabalhou em um ano, no outro ele não poderá lecionar, os professores categoria L estão com suas
portarias congeladas até 2011.
189 Todo esse panorama que analisamos nos leva ao seguinte pensamento: ou nos organizamos
em nossas escolas ou estaremos pacificamente assistindo ao pior dos períodos que a escola pública
do Estado de São Paulo já viveu. Temos que ter ações mais duras contra a política de Serra de
destruição dos setores públicos. Nossa luta sindical tem que ser criada pelos professores, não por
burocratas oportunistas que abandonam a luta ou desmobilizam a categoria devido a conchavos
com o governo estadual e federal.
76 Caderno de Teses
TESE 5
Plano de Metas do Governo do Estado de São Paulo para a Educação
196 Entre as medidas estabelecidas pelo plano de metas para a educação do Estado de São Paulo,
está a que estabelece critérios para o reajuste por merecimento. Entre as metas a serem cumpridas
pelas escolas para obtenção desse aumento estão à economia de água, luz e telefone, assiduidade
dos professores e equipe e, claro, as avaliações dos alunos.
197 A mudança prevista no currículo do ensino médio será outro grande problema para nossa
categoria e também para os alunos e comunidade. A verdade, é que para implementar disciplinas
técnicas, obrigatoriamente, as demais terão de sofrer uma diminuição, o que podemos traduzir em
desemprego, diminuição de carga horária e complementação de jornada de efetivos em outras
escolas, além do aumento dos diários de classe e do trabalho burocrático do professor.
198 Além de sermos prejudicados em nossa jornada, o governo passará a interferir no próprio
conteúdo que trabalhamos em nossas aulas e fará uma avaliação a cada dois meses para verificar
a “aprendizagem” dos alunos.
199 Outra questão que precisamos estar bem atentos é a intenção do governo em “encher os
bolsos” de empresários às custas do sucateamento da educação, ou seja, se há violência nas
escolas, então contratam seguranças de empresas particulares e circuitos de câmeras para vigiar
e punir alunos “infratores” e de quebra controlam nós professores, acusando que não queremos
trabalhar. Se os alunos não dominam outras línguas ou computação, porque não fazer parcerias
com instituições especializadas e competentes? Se os professores estão desorientados em suas
aulas, porque não comprar materiais de empresas como Objetivo, Anglo, tão bem conceituadas no
mercado? A pergunta que não quer calar é a seguinte: será que é mais barato investir nas empresas
privadas do que nos serviços públicos que são um “bem” de toda a população?
Todas essas medidas do plano de metas, traduzidas em miúdos, representam: desemprego,
200
privatização do ensino, diferenciação salarial sem que haja um plano de carreira, rebaixamento da
qualidade de ensino – que já é precária; aumento da pressão profissional sobre o professor, com
todas as doenças de trabalho decorrentes, e agravamento do assédio moral e opressão no local de
trabalho.
Caderno de Teses 77
TESE 5
como espaço social dos trabalhadores, se transformar em local de humanização e combate à
barbárie social que se alastra.
205 É preciso, para isso, romper com o discurso vazio do Estado, que nega isso dizendo não
haver “financiabilidade”. Não importa aos trabalhadores se o Estado afirma que não tem recursos.
Educação é um direito legal, um direito do homem, constitucional, e deve ser dada.
207 Sindical
• Redução da jornada de trabalho para 20 horas semanais;
• Piso salarial segundo cálculo do DIEESE;
• Concurso público com critérios de avaliação que valorizem a experiência e formação do
professor que está na ativa;
• Estabilidade para todos os professores OFAs;
• Fim das perseguições políticas e readmissão dos professores demitidos na greve de 2000;
• Anistia das faltas dos professores grevistas;
• Formação para professores em Universidades Públicas;
78 Caderno de Teses
TESE 5
• Reposição de todas as perdas salariais;
• Incorporação de todas as gratificações ao salário, inclusive aos aposentados;
• Política salarial única para todos os integrantes do magistério;
• Pelo pagamento de salubridade e reconhecimento de acidentes de trabalho em doenças
psiquiátricas, da voz, e outras relacionadas ao trabalho no magistério;
• Revogação da evolução pela via não acadêmica vigente;
• Por um novo Plano de Carreira que atenda as exigências da categoria;
• Aposentadoria aos 25 anos (mulher), 30 (homem), sem idade mínima;
• Assembléias realmente deliberativas, passando todas as decisões por ela, inclusive as
deliberações das reuniões de conselho estadual;
• Defesa de assembléias unificadas com outras categorias do funcionalismo público estadual e
do magistério;
• Manutenção da lei 10858/2001 que garante a meia entrada para professores da rede estadual
de ensino.
• Suspender contribuição mensal à CUT e, abrir debate na base sobre a desfiliação da mesma.
• Não a Lei de Greve do governo federal.
• Salário do Dieese para todos os aposentados, pensionistas e inativos.
Geral
208
• Contra as Reformas neoliberais;
• Todo apoio aos movimentos sociais combativos;
• Contra a criminalização dos movimentos sociais;
• Contra os projetos privatistas das esferas estaduais e federais;
• Suspensão do pagamento da dívida publica (seja ela interna ou externa);
• Promoção de debates sobre revisão na LDB;
• Derrubada do veto do PNE.
• Pela reestatização da Vale do Rio Doce, sob controle operário, assim como todas as empresas
privatizadas nestes últimos anos;
• Pela Reforma Agrária;
• Não a utilização do FGTS, para investimento em infra-estrutura beneficiando os capitalistas.
• Investimentos em habitação popular e saneamento, controlados pelos trabalhadores, não ao
financiamento as grandes empreiteiras
• Pelo respeito e aprimoramento da legislação ambiental, sem respeito ao meio ambiente não
há desenvolvimento possível
• Mais investimentos em educação e saúde.
• Pelo fim das PPPs.
Caderno de Teses 79
TESE 6
TESE 6
A Educação Pública em São Paulo Na Última Década
Proletários da Educação
Apresentação
1 Desde Karl Marx, já se sabe que é a base material da sociedade que modela as ideias, a
cultura, as leis, a justiça, a educação. Esta base material, conformada pela propriedade privada
dos meios de produção (fábricas, terras, bancos, etc) tornou-se ainda mais absoluta com o advento
do capitalismo, modo de produção vigente e solidamente estabelecido desde meados do século
XIX, com a revolução industrial na Inglaterra, mas, antes disso, tem suas origens numa nova
classe emergente, que, paulatinamente foi surgindo após a derrocada do feudalismo, a burguesia
comercial. Do escravismo da antiguidade ao feudalismo após a queda do império romano e deste,
ao capitalismo, sistema de exploração de escravos modernos, é a base material que tudo determina.
2 A educação, como qualquer outra esfera social, está inserida nos moldes do regime capitalista,
por este é determinada até a espinha dorsal. A classe dominante, a burguesia, detentora do poder
e da propriedade privada, não abre mão de uma educação ampla e irrestrita para seus membros,
mas, às massas assalariadas exploradas, destina uma formação o menos restrita possível, para
formação de mão de obra (força de trabalho), apenas necessária para manter a aferição da
mais valia e de melhores taxas de lucro, do controle político e social dos oprimidos em vista a
permanência e da vigência da exploração do trabalho, adequando-se os mecanismos educacionais,
currículos, grau de importância as necessidades do grande capital. A educação no capitalismo visa
além da formação de força de trabalho uma dominação tanto ideológica quanto física (organizativa).
Ideológica, no sentido do disciplinamento à legislação oficial, à docilidade e pacificidade como
classe trabalhadora e consumidora essencialmente. Uma força de trabalho totalmente alienada de
si mesma, como classe para si. A educação no capitalismo visa a sujeição ao Estado, pela força das
leis, do parlamento e da igreja (religião); pela força física, pela repressão, pela polícia.
3
A história de todas as sociedades até os nossos dias tem sido a história da luta de classes:
burgueses (proprietários dos meios de produção) versus proletários / trabalhadores assalariados
(proprietários da força de trabalho). E a educação, principalmente a educação oficial, insere-se
nesse processo de luta de classes.
4 Uma atividade realmente transformadora por parte dos educadores e demais trabalhadores afins
do setor educacional só começará a fazer sentido, a dar resultado, se estes compreenderem que os
problemas por que passa a educação, principalmente a educação pública, têm origem no modelo
de produção vigente, no capitalismo (base material que modelo a sociedade); se compreenderem
aspectos da conjuntura mundial deste regime e as conseqüentes particularidades nacionais.
5 A ação prática, o trabalho militante, a organização nos locais de trabalho, nos sindicatos, deve
ser uma constância na vida dos educadores, caso contrário fica muito mais fácil para o Estado
burguês impor suas medidas e suas reformas, a exemplo do que ocorre com enfrentamento de
fachada que a APEOESP faz ao Governo de SP. Os professores da rede pública de SP já há
muito sofrem com as ações danosas dos últimos governos do PSDB e, para piorar, o Sindicato faz
mais é jogo de cena que qualquer outra coisa; sequer tem lutado coerentemente por salário digno
para os mestres; não mostra firmeza nas reivindicações mais básicas da categoria; não coloca
os professores em movimento para levar a cabo mudanças significativas na educação, pois o
método que usam (direção majoritária + oposição alternativa) é o do palanque eleitoral, da pressão
80 Caderno de Teses
TESE 6
parlamentar.
Nos últimos quinze anos, em São Paulo, O Governo do PSDB tem golpeado o professorado
6
com medidas as mais diversas, desde aquelas “legais” e disciplinadoras ao congelamento salarial
absoluto, ao mesmo tempo em que o custo de vida aumenta sem parar. Tem precarizado a educação
em todos os níveis, desde a formalização e oficialização da “melhoria” do ensino, com a diplomação
de milhares de estudantes em idade escolar (Progressão Continuada, aliás, Aprovação Automática)
e Ensino de Jovens e Adultos (EJA) até a contratação precária de professores e muita repressão
no interior das escolas.
8 O rebaixamento do nível d ensino é necessário tanto aos qualificados quanto aos não qualificados
profissionalmente, para que permaneçam escravos do sistema, praticamente impedidos de lutar e
reivindicar pelos seus direitos. Desta forma, a burguesia assegura o controle dos meios de produção
em suas mão, Somente uma pequena elite de técnicos, geralmente dos países imperialistas,
tem acesso à formação completa e ao domínio tecnológico, porém os “técnicos e a mão de obra
especializada” dos países oprimidos se encontram totalmente marcados pela divisão do trabalho, à
mercê das manobras em favor de maiores taxas de lucro.
9 Neste contexto, o jovem da escola pública se vê alijado do ensino, freqüentando a escola quase
sem nenhuma perspectiva de aprendizagem e muito menos de inserção no mundo do trabalho
tendo por base o conteúdo escolar, ou, mesmo quando inserido, em condições precárias e com
baixíssimos salários (por exemplo, operadores de telemarketing).
10 O alto desenvolvimento técnico dos meios de produção e a crise de superprodução capitalista
têm colocado na rua centenas de milhares de trabalhadores, sem nenhuma perspectiva de trabalho
digno num futuro próximo e, inevitavelmente, para continuar sobrevivendo, muitos são lançados
à informalidade. Quanto às exigências para trabalho especializado, que são bem particulares,
impedem a compreensão do processo de produção com um todo. Mesmo assim, a ganância por
manter e / ou aumentar as taxas de lucro, leva à implementação de novas tecnologias, tornando
obsoletos os objetos técnicos (celulares, mp3, mp4, iPods, computadores e internet), bem como, em
muitos casos, as especialidades. Por isso, várias profissões já desapareceram e mesmo disciplinas
escolares poderão deixar de existir num futuro próximo (disciplinas com Comércio Exterior estão
saindo de cena, pois as transações internacionais realizam-se, cada vez mais, entre as corporações
e suas filiais, além de empresas terceirizadas. Que dizer então de disciplinas como Física, Química
e até Matemática, tão necessárias à formação técnica e teórica? Notadamente para a juventude, o
quadro é bastante sombrio.
11 Com esses acontecimentos em larga escala, a burguesia e seus governos não dão a mínima
para escolarização dos trabalhadores. Quanto menos gastam, tanto melhor. Já que as empresas
dispõem de mão de obra à vontade (exército de reserva). O papel da educação, nestas condições,
resume-se em manter as aparências: a escola faz de conta que ensina e, por conseguinte, o
professor e o aluno são enganados e violentados.
12 Aprender realmente nunca foi uma tarefa fácil, em qualquer idade, mas quando se é criança,
o aprendizado é muito mais complicado que parece. Fatores como a inexperiência, maturidade
e a dispersão com o mundo à sua volta, tornam o ato bem mais complexo para a criança. Pouca
gente aprende de forma espontânea; em geral temos que nos concentrar para obtermos resultados.
Eis um dos maiores problemas para os pequenos de hoje: São influências de todos os níveis,
Caderno de Teses 81
TESE 6
com os chamados objetos técnicos a que nos referimos acima, os quais exercem influência quase
incessante na vida das crianças e adolescentes (estes, muitas vezes, até a idade pré-adulta),
tornando-os mais dispersos que o normal, com destaque para as tarefas escolares (desde as mais
simples). Não há a mínima concentração para os estudos, o que, consequentemente, quase que
inviabiliza o ingresso de muito jovens nas universidades públicas (do pouco que resta, as que
mantêm alguma excelência)
13 Todos esses problemas acabam por gerar uma tremenda barreira entre o ensino e aprendizagem,
fazendo com que a vida dos professores seja uma tormenta e caso de saúde pública.
Histórico
Mudanças e reformas educacionais em SP
As tarefas e os desafios do professorado e demais trabalhadores em educação
82 Caderno de Teses
TESE 6
brasileiro, documento elaborado em 1993 pelo Ministério da Educação (MEC) e destinado a cumprir,
no período de uma década (1993 a 2003), as metas da Conferência Mundial de “Educação Para
Todos”, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990,
19
Em seguida, deram-se a aprovação da EC nº 14, de 12 de setembro de 1996 e da Lei 9.394 (a
LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996);
20 Em São Paulo, estas façanhas foram complementadas com dezenas de Resoluções, Portarias,
Orientações, Decretos e Leis, resultantes em mudanças significativas na estrutura administrativa,
de financiamento, de gestão do ensino e das relações trabalhistas professores/funcionários, da
avaliação da aprendizagem e dos próprios saberes dos professores da rede;
21 Como resultante destas medidas, temos a desvalorização dos professores, imposições para que
estes façam verdadeiros milagres em matéria de aprendizagem e disciplina, cujos resultados são
um verdadeiro caos para a educação, com piora significativa no ensino e aprendizagem, gerando
um ambiente ainda mais propício à violência, principalmente contra o professor. Uma barbárie!
Tais mudanças realizam-se sempre acompanhadas dos famosos discursos da universalização
22
do ensino, da modernização e da melhoria da qualidade do ensino/aprendizagem (toda mercadoria
para ser vendida necessita-se de ser cunhada algumas necessidades, ou melhor: se transformada
em necessidades);
23 Temos visto a escolha entre dois dos requisitos financeiros apontados na Conferência de
Jomtien, os quais enfatizavam a necessidade de se aumentar a porcentagem do PIB-educação e
a eficiência dos gastos, serviços e programas de educação básica, de forma a otimizar recursos.
24 Os governantes paulistas dos últimos anos seguiram à risca todos os princípios neoliberais
exigidos pelo grande capital imperialista e seus técnicos, e, entre estes dois indicativos, de aumento
do PIB-educação e eficiência dos gastos os governos paulista dos últimos 15 anos se enveredaram
apenas na contenção de gastos. Ver gráfico sobre a evolução orçamentária e a porcentagem gasta
na educação no Estado de São Paulo:
fonte: http://www.tijolaco.com/?p=10372
Caderno de Teses 83
TESE 6
A situação da rede do ensino oficial de São Paulo
25
I - Das fundamentações quanto às necessidades:
a) Universalização do ensino;
b) A modernização do ensino – esta deve dar lugar à aprendizagem, ao conhecimento, ao
pensar, ao refletir e ao resolver novos desafios das incontáveis atividades dinâmicas que
caracterizam a economia global dos tempos modernos, e tudo isso para acompanhar as
mudanças tecnológicas (formação das competências);
c) Sociedade do conhecimento;
d) Melhoria da qualidade do ensino;
e) Acabar com a repetência;
f) Inclusão social, quanto aos portadores de deficiências;
g) Inclusão social, quanto ao fim da repetência;
h) Ensino para o trabalho e para formar cidadãos;
i) Diante da globalização perversa – re-humanização do ser e do sistema econômico e social;
j) Dos processos seletivos (provas para atribuição de aulas), dos concursos públicos com
várias fases eliminatórias, da promoção pelo mérito, etc.
84 Caderno de Teses
TESE 6
28 IV - do aprender a aprender (construtivismo) versus transmissão do
conhecimento como parte da implementação do toyotismo voltado para a
educação
a) Primeiro posicionamento valorativo: aquilo que o indivíduo aprende por si mesmo é superior,
em termos educativos e sociais, aquilo que ele aprende por meio da transmissão por outras
pessoas e
b) Segundo posicionamento valorativo: o método de construção do conhecimento é mais
importante que o conhecimento já produzido socialmente.
c) O terceiro posicionamento valorativo seria o de que a atividade do aluno, para ser
verdadeiramente educativa, deve ser impulsionada e dirigida pelos interesses e
necessidades da própria criança (centralidade do aluno, depreciação do professor).
O aluno, além de buscar por si mesmo o conhecimento e construir seu método, precisa
também que o motor desse processo seja uma necessidade inerente à sua própria
atividade, ou seja, é preciso que a educação esteja inserida de maneira funcional na
atividade da criança, na linha da concepção de educação funcional de Claparède (1954).
d) O quarto posicionamento valorativo é o de que a educação deve preparar os indivíduos
para que acompanhem a sociedade em acelerado processo de mudança, ou melhor:
• enquanto a educação tradicional seria resultante de sociedades estáticas, nas quais a
transmissão dos conhecimentos e tradições produzidos pelas gerações passadas era
suficiente para assegurar a formação das novas gerações, a nova educação deve pautar-
se no fato de que vivemos em uma sociedade dinâmica, na qual as transformações em ritmo
acelerado tornam os conhecimentos cada vez mais provisórios, pois um conhecimento que hoje
é tido como verdadeiro pode ser superado em poucos anos ou mesmo em alguns meses;
• O indivíduo que não aprender a se atualizar estará condenado ao eterno anacronismo, à
eterna defasagem de seus conhecimentos.
• Uma versão contemporânea desse posicionamento aparece no livro do autor português Vitor
da Fonseca, intitulado Aprender a aprender: a educabilidade cognitiva (Fonseca, 1998). Ao
abordar as mudanças na economia global e suas implicações para uma formação de recursos
humanos que esteja à altura dos desafios do século XXI, esse autor afirma o seguinte:
a) A miopia gerencial e arrogante e a resistência à mudança, que paira em grande parte no
sistema produtivo, devem dar lugar à aprendizagem, ao conhecimento, ao pensar, ao refletir e
ao resolver novos desafios da atividade dinâmica que caracteriza a economia global dos tempos
modernos.
b) Tal mundialização da economia só se identifica com uma gestão do imprevisível e da
excelência, gestão essa contra a rotina, contra a mera redução de custos e contra a simples
manutenção.
c) Em vez de se situarem numa perspectiva de trabalho seguro e estático, durante toda a vida,
os empresários e os trabalhadores devem cada vez mais investir no desenvolvimento do seu
potencial de adaptabilidade e de empregabilidade, o que é algo substantivamente diferente do
que se tem praticado.
d) O êxito do empresário e do trabalhador no século XXI terá muito a ver com a maximização
das suas competências cognitivas.
Caderno de Teses 85
TESE 6
e) Cada um deles produzirá mais na razão direta de sua maior capacidade de aprender a
aprender, na medida em que o que o empresário e o trabalhador conhecem e fazem hoje não é
sinônimo de sucesso no futuro. [...]
f) A capacidade de adaptação e de aprender a aprender e a re-aprender, tão necessária para
milhares de trabalhadores que terão de ser re-convertidos em vez de despedidos, a flexibilidade
e modificabilidade para novos postos de trabalho surgirão cada vez com mais veemência.
g) Com a redução dos trabalhadores agrícolas e dos operários industriais, os postos de emprego
que restam vão ser mais disputados, e tais postos de trabalho terão que ser conquistados
pelos trabalhadores preparados e diferenciados em termos cognitivos [Fonseca, 1998, p. 307].
(Duarte, Newton, 2003, p. 9-11).
86 Caderno de Teses
TESE 6
c) acabar com as guerras seria algo possível por meio de experiências educativas que cultivem
a tolerância entre as crianças e jovens.
d) a guerra é vista como conseqüência de processos primariamente subjetivos ou, no máximo
intersubjetivos.
e) nessa direção, a guerra entre os Estados Unidos da América e Afeganistão, por exemplo,
é vista como conseqüência do despreparo das pessoas para conviverem com as diferenças
culturais, como conseqüências da intolerância, do fanatismo religioso.
f) deixa-se de lado toda uma complexa realidade política e econômica gerada pelo imperialismo
norte americano e multiplicam-se os apelos românticos ao cultivo do respeito às diferenças
culturais. (Duarte, Newton, 2003, p. 14-15).
g) Choque de civilizações não mais luta de classes. A partir de 90, com a queda do muro de
Berlim e o fim da guerra fria, com o fim do “comunismo” segundo a burguesia não há mais luta
de classes e sim choque culturais.
32 Conclusões:
- Os últimos governos de São Paulo remeteram para a educação oficial a cartilha integral dos
organismos do grande capital internacional, da burguesia imperialista;
- além desta marca seguidista dos ditames imperialistas, estes governos, ao menos na
educação, mostraram-se incompetentes, com falta de planejamento de médio e longo prazo,
desorganizado e agindo com ações momentâneas, desajustadas, tentando consertar erros
grosseiros por medidas de linha dura e impopulares.
- Podemos com certeza afirmar que a marca registrada, destes governos do PSDB há 16 no
poder, foi o desrespeito à educação, aos professores, estudantes, enfim, aos trabalhadores que
são obrigados a manter seus filhos na rede pública.
Caderno de Teses 87
TESE 6
para a decadência do modo de produção capitalista, mas sim, por sua derrocada, com o planejar
e produzir para todos, não mais para a apropriação individual do trabalho coletivo, na inter-relação
teórico/prática e na conquista do conhecimento acumulado pela humanidade.
88 Caderno de Teses
TESE 6
- Estruturação da rede pública com prédios adequados ao ensino/aprendizagem; funcionários,
apoio escolar com base no desenvolvimento tecnológico existente;
- Garantia e ampliação de todos os direitos sociais e trabalhistas conquistados;
- Fim de toda a legislação voltada para a precarização do ensino, para a violência contra os
professores, alunos, funcionários e comunidade;
- Fim das cartilhas, da aprovação automática, das provinhas e provões!
- Abaixo a política de bonificações!
- Abaixo a política de conciliação de classes e o eleitoralismo do PT, PSTU, CUT, Conlutas e
InterSindical!
- Abaixo o pré-fascismo do Estado!
- Abaixo o capitalismo decadente!
- Viva a socialização dos meios de produção, que significa, também, a socialização do
conhecimento, da cultura, das artes e da retomada do desenvolvimento humano!
Referencias Bibliográficas
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COSTA, Áurea, NETO, Edgard, SOUZA, Gilberto, A Proletarização do Professor, Editora
Instituto, José Luis e Rosa Sudermann, São Paulo, 2009.
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Duarte, Newton, (organizador) Sobre o Construtivismo, Autores Associados, 2005.
HARGREAVES, Andy. O ensino na sociedade do conhecimento: educação na era da insegurança.
Porto Alegre: Artmed, 2003.
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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.
VIGOTSKI, A formação social da mente, Martins Fontes, 2008.
Caderno de Teses 89
TESE 7
TESE 7
Em defesa da APEOESP independente e de luta.
Apresentação
1 Somos professores e professoras para quem o mais importante é da voz, vez e decisão
para base. O sindicato é da categoria. A diretoria tem um mandato que deve estar sobre o
controle da base. Organizar à luta pelas reivindicações específicas e gerais é o que garante a
democracia e a independência frente aos governos.Nós nos propomos apresentar uma tese
que ajude o conjunto dos(as) professores(as) na sua luta no dia-a-dia da escola convidamos
você a contribuir para essa discussão.
Conjuntura:
3 A política do imperialismo estadunidense de guerra e exploração, busca a submissão dos povos.
É o caso do Haiti, onde Bush e Clinton foram destacados para “ajudar na reconstrução”, ou seja,
aqueles que destruíram o país antes do terremoto são escalados para continuarem sua política.
Como afirma corretamente a CUT, o Haiti precisa de médicos, enfermeiros, engenheiros e não de
soldados. Por isso não é possível que o governo Lula mantenha as tropas naquele país.
4 A crise internacional, que continua, criou uma política de guerra. Desde o início da crise de 2008
foram cortados 52 milhões de postos de trabalho no mundo, segundo a Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Hoje, para pagar a conta deixada pela política de salvamento dos bancos, acentua-
se a opressão sobre os povos que resistem e se levantam em vários países da América Latina e
também na Europa, onde o FMI passa a intervir diretamente com sua política como em Portugal
e na Grécia, aumentando a idade para aposentadoria, reduzindo salários, congelando pensões e
cortando verbas da saúde e educação.
5 As imposições do FMI à nação brasileira, como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
implementada durante a era FHC como garantia de pagamento da dívida, restringindo os orçamentos
de Estados e Municípios, hoje se comprovam medidas a serviço da especulação financeira. Enquanto
os servidores da saúde e educação buscam reajustes para cobrir as perdas salariais, os governos
se escoram na falácia da LRF, que contem qualquer gasto, menos o pagamento da dívida, interesse
de banqueiros e especuladores. Mais do que nunca se faz necessário um movimento nacional pela
revogação dessa “lei de rapinagem fiscal”! Este ano temos eleições e não queremos a volta dos
tucanos privatistas, aqueles que atacam os servidores, os trabalhadores sem terra e todo o povo.
Aqui no estado é preciso derrotar Serra e todos os partidos que, junto com ele, aplicam a política
do ajuste e jogam todo o “prejuízo” nas costas dos trabalhadores e do povo. É exatamente isso que
orienta toda a política de desmonte da educação no Estado de São Paulo.
6 O governo Federal deve findar os cortes na educação provocados pelo superávit fiscal e investir
10% do PIB no atendimento ao Custo Aluno/Qualidade inicial (CAQi)
7 A independência da APEOESP frente aos governos e partidos só é possível ao manter a
mobilização em defesa das bandeiras dos trabalhadores. Por isso a APEOESP deve estar ao lado
dos trabalhadores em defesa da nação, deve se dirigir ao governo Lula para que, enquanto durar
seu mandato, atenda às reivindicações populares, tomando medidas como, por exemplo, exigir a
aplicação da Lei do Piso nos Estados e municípios. Começando por ajudar a derrubar a ação (ADI
4.167) ajuizada pelos governadores do PSDB, que atacam a Lei do Piso como algo constitucional
e, na questão do petróleo, apoiar o Projeto de Lei da Federação Única dos Petroleiros (FUP), CUT
90 Caderno de Teses
TESE 7
e dos movimentos sociais, que retoma o monopólio estatal do petróleo para a Petrobras 100%
Estatal. É o que corresponde à defesa da nação contra os privatizadores.
8 Recentemente, o governo federal ampliou a taxação de calçados importados da China, uma
medida correta de proteção da indústria nacional e do parque fabril. Uma reivindicação dos sindicatos
do ramo calçadista que deve servir de exemplo a outros setores industriais. A luta pela manutenção
e ampliação de empregos não se separa da luta pela ampliação de direitos como a jornada de 40
horas sem redução dos salários no setor privado, pelo contrato coletivo de trabalho, pela ratificação
das convenções da OIT.
Em defesa da Educação!
13 Fizemos uma greve dura (33 dias) e tínhamos como reivindicações principais: 34,3% de reajuste
salarial, o fim da municipalização, o fim da política de bônus, o fim da avaliação de mérito, contra as
avaliações dos temporários e o fim do fatiamento da categoria.
14 A origem da meritocracia vem na Emenda Constitucional 19 (EC 19), a chamada reforma
administrativa, apresentada no governo de FHC e aprovada no Congresso em 1998. Desde a eleição
de Lula, os servidores recolocam, até agora sem sucesso, a exigência de sua revogação. Enquanto
isso, tramita no Congresso o Projeto de Lei Complementar (PLP) 248/98, que regulamenta a EC 19.
15 Para os servidores e o serviço público, as consequências da aprovação do PLP 248 seriam
terríveis. Introduziria a individualização das relações de trabalho e a competição entre servidores;
quebraria a paridade entre ativo e inativo; ameaçaria de demissão a todos por suposta insuficiência
de desempenho.
16 A pressão pela chamada “modernização” do serviço público vem dos organismos financeiros
internacionais como o FMI e o Banco Mundial.
Caderno de Teses 91
TESE 7
17 A introdução desses mecanismos não tem nada de novo nem de “moderno”. Por trás de uma
fraseologia aparentemente sofisticada, seu objetivo central é implantar a competitividade no serviço
público, transformar os servidores em trabalhadores dos governos e não mais do Estado, enquanto
os governos passam a ter o poder de demitir quem não lhes serve. Querem jogar na lata do lixo
conquistas históricas dos servidores públicos.
18 Na legislação nacional atual não faltam mecanismos para controlar e, eventualmente, punir
agentes públicos. A Lei 8.112, o chamado Regime Jurídico Único é um deles; a Lei da Improbidade
Administrativa é outra. Aqui temos uma clara demonstração de como se mira uma coisa quando se
quer acertar outra.
19 Diante das Avaliações Institucionais e da política meritocrática a APEOESP deve:
a) se posicionar contrariamente às avaliações externas. Ao contrário do que o governo apregoa,
o intuito de fato, é responsabilizar o servidor pelas mazelas causadas pela própria omissão do
governo.
b) fazer uma abordagem crítica contrária às das avaliações, revelando os aspectos de
dominação e controle inevitáveis ao sistema capitalista. Portanto, fazer qualquer concessão
às avaliações, é permitir o avanço do processo de responsabilização do servidor sobre a má
qualidade dos serviços, é alimentar na população a ilusão de que um governo comprometido
com os interesses privados poderá ter algum outro intuito, se não a precarização da educação.
c) deve liderar a luta para esclarecer a população quanto ao intuito do governo em opor os
interesses dos trabalhadores em educação aos interesses dos trabalhadores em geral. Deve
ser o primeiro a denunciar que a racionalidade administrativa, coroada pela política de controle
por meio das avaliações externas, visa desfocar o real problema – falta de investimento na
educação - para os seus efeitos.
d) deve apontar a avaliação como mais um instrumento disfarçado, que visa também a
perpetuação do modelo, além de tentar coibir os trabalhadores na luta pela sua valorização e
melhoria das condições de trabalho.
20 “1-) além da preocupação principal ser a condição trabalhista do professor( salário, saúde,
direitos...), estender às reivindicações da entidade a preocupação, reflexão e reinvidicação com
as condição de trabalho, além da já existente proposta em pauta de reinvidicação ao governo, da
diminuição do número de alunos em sala de aula: ausência do material de apoio à docência, em
substituição à ausência de laboratórios na grande maioria das escolas públicas, no que se refere
às ciências da natureza, e a disparidade entre as metodologias dos cadernos enviados pelo estado
para subsidio ao professor, e a realidade vivida, sendo esta última caracterizada pela carência de
recursos.”
21 Enquanto o governo responsabiliza os servidores da educação pelas mazelas enfrentadas,
nada faz para realmente enfrentá-las, como por exemplo, ações para a redução o número de alunos
por sala de aula. Na última conferência da CNTE (tabela abaixo) corretamente se propôs o número
de alunos por modalidade de ensino, observando um atendimento de qualidade:
22 Apesar dos ataques à educação existem pontos de apoio extraídos pela resistência dos
trabalhadores! Em 2008, a luta de 30 anos pela aprovação da Lei do Piso Salarial do Magistério se
tornou realidade. Mas até hoje ele não foi implantado e muito menos estendido aos funcionários.
92 Caderno de Teses
TESE 7
23 A ação movida no Supremo Tribunal Federal (STF) por cinco governadores capitaneados pelo
PSDB, acabou servindo de desculpa para que ele não fosse aplicado na base do plano de
carreira do magistério. A Procuradoria Geral da República considerou improcedente Ação de
Inconstitucionalidade (ADI 4.167) ajuizada e destaca que a Lei do Piso é constitucional. Falta ainda
a justiça julgar o mérito sobre a vinculação do Piso aos vencimentos iniciais de carreira e sobre a
destinação de um terço da carga horária dos professores para atividades fora de sala de aula.
24 Não vamos esperar que o Judiciário decida sobre nosso direito ao Piso. A Lei está ai. Ela pode
e deve ser aplicada! Vamos exigir que o Presidente Lula tome todas as medidas para implementar
a Lei do Piso nos Estados, a começar por derrubar a ação no STF.
25 Mas, nossas dificuldades também têm outra origem: a APEOESP está paralisada diante da
discussão sobre valores do piso. Alguns dizem que é uma manobra de Lula e que seu valor baixo
relacionado à jornada de 40h não compensa a luta pela aplicação em São Paulo. O fato é que em
São Paulo a categoria não fez o debate necessário pela aplicação do Piso. Aqui, pouco se fez em
resposta aos inúmeros chamados da CNTE na luta nacional pelo piso.
A lei do Piso Nacional da Educação é uma vitória dos trabalhadores em educação, pois está
26
contra a política de municipalização da educação e de fragmentação da categoria, imposta nas
últimas décadas sob o impulso do Banco Mundial. O fato do valor definido na lei do Piso Nacional
da Educação ser de R$ 1.024,67 para a carga de até 40 horas semanais, não invalida a conquista.
Piso é um valor inicial e deve ser aplicado à menor jornada, consequentemente, majorando os
valores da carreira do magistério. Redução de salários, como alguns falsamente alardeiam, é
fantasia para confundir a categoria. O argumento de que o Piso é “Teto salarial” se ampara em
confusões gestadas por governos, a começar pelos do PSDB, que não querem aplicar a lei. Em
São Paulo, ampliaria as horas atividades, abrindo a necessidade de concurso público para mais
professores. Com a lei, um professor de Artes (ou Inglês) cumpriria seu horário num único período,
um professor de língua portuguesa cumpriria a jornada em menos de 5 dias da semana. Isso dá
um impacto imediato na vida dos que estão nas salas de aula, melhorando a qualidade e, também,
abriria milhares – 60 mil - de postos de trabalho.
27 A lei do piso diz respeito aos trabalhadores de São Paulo que priorizam a unidade, a independência
e a luta em defesa da educação pública nacional! São milhares de profissionais pelo Brasil afora que
ganham muito menos que os R$ 1.024,67 e sem horas/atividade. O engajamento da APEOESP na
luta nacional chamada pela CNTE pela aplicação da lei (com os R$ 1.312,85 reivindicados), contra
os governos do PSDB, é o caminho mais curto para impor o piso do Dieese e jornadas com 50%
de hora/atividade (reivindicação histórica e aprovada em congressos da categoria). Engajarmo-
nos na aplicação da Lei do Piso em São Paulo significa lutar por novos avanços – ampliar o valor
e estender a todos os trabalhadores em educação, exigir o fim do PDE que contem a avaliação de
desempenho, o fim da municipalização. A lei avança sobre a discussão de jornada, sobre a carreira
e a unificação de uma categoria nacional que se bate contra a flexibilização, o sucateamento e a
privatização.
28 Chega de vacilação! Precisamos colocar como atividade central da APEOESP a luta pela
implementação da Lei do Piso, na base do plano de carreira para todos os trabalhadores em
educação.
Caderno de Teses 93
TESE 7
• Redução do número de alunos segundo o estudo da CNTE;
• Aplicar a Lei do Piso Nacional do Magistério;
• Por um plano de carreira, com evolução real por tempo e títulos;
• Médico do trabalho na APEOESP, para fornecer o CID, que caracteriza doença profissional;
• Regulamentar o cumprimento da jornada/carga horária de 12 aulas em no máximo 2 dias na
semana;
• Pela Profissionalização dos Professores Eventuais com salário definido por jornada e carreira;
• Incorporação de todas as gratificações inclusive para os professores aposentados;
• Respeito à liberdade sindical: pela liberação de ponto dos dirigentes das subsedes;
• Pagamento integral e retirado do prontuário dos servidores os dias descontados por participação
em greves;
• Contra a meritocracia! Trabalho igual, salários iguais. Por isonomia salarial;
• Contra as ‘parcerias’ privatistas, não aos convênios com ONG´s e empresas privadas;
• Por concurso público classificatório para PEBI e PEBII e nomeações dos aprovados;
• Pelo direito à aposentadoria especial para os professores readaptados!
• Pelo fim da desregulamentação da docência: professor em regência tem de ser licenciado!
• Contra toda forma de terceirização!
• Pela redução e limitação do número de alunos por sala de aula.
• Pela reversão e fim da municipalização na educação!
• Por concurso público para Coordenadores Pedagógicos.
30 Lutas Gerais:
• 40 horas semanais: Redução da Jornada Sem Redução de Salário;
• Fim ao fator previdenciário;
• Por um novo marco regulatório do petróleo, apoio ao Projeto da Federação Única dos
Petroleiros, (FUP) e dos movimentos sociais, que retoma o monopólio estatal do petróleo para
a Petrobras 100% Estatal;
• Pela reforma agrária, atualização imediata dos índices de produtividade da terra;
• Reestatização da Companhia Vale do Rio Doce, Embraer entre outras empresas privatizadas;
• Revogação da Lei que criou as Organizações Sociais;
• Em defesa da liberdade e autonomia sindical, ratificação imediata da convenção 87 da OIT;
• Retirada das Tropas Brasileiras da Haiti. O Haiti precisa de médicos, enfermeiros e engenheiros
e não de soldados;
• Revogação da Emenda 40. Paridade entre ativos e inativos;
• Anulação do contrato com o Banco Mundial com o Governo do Rio Grande do Sul de
refinanciamento da dívida; Pelo fim do pagamento da dívida do Estado com a União!
94 Caderno de Teses
TESE 7
membros da executiva levaram essa luta a serio! Que balanço vão fazer os companheiros que não
lutaram? E os que não visitaram as escolas para barrar a municipalização? Os trabalhadores não
podem pagar pelos erros dos governos do PT. Devemos defender os direitos dos trabalhadores sim,
porque, estes não podem pagar pelos erros de qualquer governo. Mas os professores fizeram a sua
parte, foram à luta até o fim.
34 Com proteção policial, vereadores aprovam projeto do prefeito.
35 À medida que os manifestantes iam chegando, eram surpreendidos com o esquema de segurança,
da Guarda Civil Municipal: cachorros e cassetetes foram usados para reprimir o movimento.
36 Professores e professoras, diretores e diretoras, funcionários, e funcionárias de escolas, pais
de alunos, alunos e sindicalistas foram até a Câmara, para dizer não a municipalização. Mas foram
recebidos por uma forte repressão policial, montada para garantir a aprovação do projeto.
37 A sessão começou às 14h00min. E em meia hora, os parlamentares resolveram apreciar a
pauta do dia com 5 itens – a municipalização foi o ultimo a ser votado a toque de caixa.Foi ai que
começou a confusão, com o inicio da leitura do projeto.
38 A confusão começou com a leitura do projeto. Diante da reação de alguns professores pularam
a contenção que separa os vereadores do publico, o presidente da Câmara, vereador Maninho do
PT, acionou a Guarda Civil Municipal, que começou a jogar gás de pimenta nos trabalhadores da
educação, colocando em risco crianças e professoras grávidas que estavam presentes.
39 A forma, a qual foi ocupada, por alguns manifestantes que entraram quebrando os equipamentos.
Não ajudou, para barrar à votação e sim para mudar o foco da nossa luta, onde fomos chamados
de vândalos pela imprensa.
40 Vereadores que votaram a favor da municipalização: Zé Antonio (PT), Zé do Norte (PT), Orlando
Vitoriano (PT), Maninho (PT), Laércio Soares (PCdoB), Cida Ferreira (PMDB), Milton Capel (PV),
Pastor Edmilson (PRB), Talabi (PSC) e Zé Dourado (PSDB). Vereadores que votaram contra a
municipalização, mas votaram a favor das emendas: Vaginho (PSB), Célio Boi (PSB), Marcio da
Farmácia (PSDB), Lauro Michels (PSDB) e Marion (PTB) o único voto contrario o projeto e as
emendas foi o da Vereadora Irene (PT).
Caderno de Teses 95
TESE 7
desacordo com projeto enviado ao parlamento municipal de Diadema, resolvemos provar para os
parlamentares desse município os dados referentes ao quadro de Professores (as) e funcionários,
lotados por escola, com a sua respectiva função/cargo e situação funcional, como segue:
Escolas municipalizadas e as conseqüências: veja gráfico abaixo.
EE Profª Fabíola Lima Goyano .
EE Dr. Átila Ferreira Vaz.
EE Dr. José Martins da Silva.
EE Prof. Francisco Daniel Trivinho.
EE Inspetor Reinaldo José Santana (Piró).
96 Caderno de Teses
TESE 7
EE PROF. FRANCISCO DANIEL TRIVINHO – CENTRO.
Relação de Professores (as) e funcionários
Professor Professor Professor Professor Professor Professor Funcionários:
(a) PEB II (a) PEB (a) PEB I - (a) PEB I - (a) PEB (a) Diretor, PCP,
- Efetivo II - OFA Efetivo OFA I – Efetivo- Readaptado Vice, etc.
Conveniado
04 06 22 16 09 02 06
*OFA: Ocupante de Função Atividade.
47 A municipalização em Diadema continua já são nove escolas. E das 15 escolas que estavam
prevista para municipalizar esse ano de 2010. Só foi escolhida uma no dia 30/08/2010.
Caderno de Teses 97
TESE 7
Proponentes:
Subdede Diadema.
Marina Inês do Nascimento – EE Pedro Madoglio (RE);
Francisco Gomes de Lima – EE Pedro Madoglio (RE);
Maria da Conceição Carvalho Pessoa – EE Orígenes Lessa (RE);
José Reinaldo de Matos Lima – EE Amadeu Odorico de Souza (Diretor Estadual da APEOESP);
Maria de Fátima Santos Ferreira - EE Amadeu Odorico de Souza;
Helaine C. Ferreira - EE - Amadeu Odorico de Souza;
Helione S. Piccolo - EE Amadeu Odorico de Souza;
Maria Eni do Carmo - EE Amadeu Odorico de Souza;
Ednéia Cristina Scapin - EE Amadeu Odorico de Souza;
Maria Lenir dos Santos Rodrigues – EE Amadeu Odorico de Souza Maria Aparecida Barros
Lemos Coutinho - EE Amadeu Odorico de Souza;
Eliane Maria de Lima Oliveira - EE Amadeu Odorico de Souza;
Sandro Pegaz - EE Amadeu Odorico de Souza;
Maria de Fátima Santos Ferreira - EE Amadeu Odorico de Souza;
Rosana Auxiliadora Finoti Domingos – EE Amadeu Odorico de Souza;
Rosana Vieira da Silva – EE Amadeu Odorico de Souza;
Alba Rodrigues Barbosa – EE Amadeu Odorico de Souza (RE);
Neide Aparecida Huggler – EE Amadeu Odorico de Souza (RE)
Vagner Rodrigues da Graça – EE Evandro Caiafa Esquivel (RE)
Marina Martins – EE Anecondes Alves Ferreira (RE);
Erivaldo Silva Freitas – EE Anecondes Alves Ferreira;
Telma Oliveira Flauzino – EE Tristão de Athayde (RE);
Daniel Carlos Pereira – EE José Fernando Abbud RE);
Eny Diniz Pacheco Santos - EE Rodrigo Soares Junior Jornalista;
Raimunda Helena Pereira - EE Arlindo Bettio;
Esmeralda Oliveira Vera Cruz - EE Aldemir de Souza Castro;
Walter Soares Vaz Junior EE José Piaulino;
Rosangela Maria S. F. Gloser - EE Diadema;
Subsede Osasco:
Cleide Donizetti Oliveira Rosa – EE Américo Marco Antonio;
Ana Paula dos Santos – EE Francisco Matarazzo Sobrinho:
João Domingos Sampaio – EE Prof Neuza de Oliveira Prévide;
Subsede Norte:
Heitor Cláudio Leite e Silva – EE Guilherme de Almeida;
Wilson Araújo – EE Guilherme de Almeida;
Nilzete Diogo Araujo – EE Guilherme de Almeida;
Rogério Luiz Fuzeto – EE Guilherme de Almeida.
Subsede Lapa:
Francisco Donizetti - EE Ciridião Buarque (RE);
Roberto Torres da Silva – EE Brigadeiro Gavião Peixoto;
Rogério Tadeu Gonçalves Martinelli - Conselheiro Regional.
98 Caderno de Teses
TESE 8
TESE 8
“POR UMA APEOESP INDEPENDENTE E DE LUTA”
I. Conjuntura Internacional
“Os donos do capital incentivarão a classe trabalhadora a adquirir, cada vez mais, bens caros,
casas e tecnologia, impulsionando-a cada vez mais ao caro endividamento, até que sua dívida se
torne insuportável” (Karl Marx)
Caderno de Teses 99
TESE 8
tem acontecido, o que a realidade mostra é totalmente contrário aos desejos da Casa Branca e do
Pentágono, não existe possibilidade de vitória militar e de pacificação imediata.
7 A insurgência no Iraque e no Afeganistão está mais atuante e organizada e causando baixas
e instabilidade até no alto comando das tropas imperialistas, inclusive com críticas abertas dos
generais de campo às políticas de Barack Obama para a região e de como conduzir a guerra,
além é claro da opinião pública que as tem como batalhas perdidas e gastos desnecessários que
poderiam ser investidos na geração de empregos nos Estados Unidos. Não foi por acaso que o
presidente estadunidense anunciou a retirada das tropas do Iraque.
8 Enquanto isso, a economia não se recupera, a crise se aprofunda e agora a bola da vez são as
dívidas contraídas pelos países para salvarem seus sistemas financeiros. Segundo o “The New York
Times”, entre janeiro do 2009 e março de 2010 o banco central americano comprou no mercado
1,25 trilhões de dólares em títulos que têm lastros nas hipotecas que não vêm sendo pagas pelos
compradores de imóveis e 175 bilhões em dívidas de empresas que passaram para o controle do
governo e também 300 bilhões em títulos do tesouro, fundos estes que poderiam ser aplicados em
geração de empregos e nas áreas sociais para socorrer os milhares que estão desempregados por
todo o país.Tudo isso tem gerado aumento do déficit público e enorme desequilíbrio orçamentário.
9 Com todo esse arsenal de manobras, a economia americana não tem dado sinais de
aquecimento e recuperação, o consumo segue apertado, a poupança interna tem aumentado, pois
os consumidores têm contido suas compras com receio do endividamento e do desemprego. Com
isso, a recessão continua por mais tempo arrastando consigo toda a economia mundial. Segundo
os analistas do mercado, vários países ricos apresentarão índices de crescimento e PIB menor que
nos anos anteriores.
A crise na Europa
10
A crise, que num primeiro momento teve seu ápice na América do Norte, não demorou a atingir
os grandes centros financeiros do velho mundo: o continente europeu, por conta dos mercados
globalizados, característica própria do sistema capitalista contemporâneo.
11
A realidade das instituições financeiras européias não era e não é diferente daquela encontrada
na América do Norte: balanços manipulados e fora da realidade, instituições alavancadas para além
de suas garantias e títulos de origens e lastros duvidosos, além é claro, das desconfianças pela
quebra de grandes bancos e instituições de cunho multinacional.
12 Diferentemente do governo estadunidense, que no início acreditava que a crise era setorizada
no mercado imobiliário, os governos e bancos centrais europeus não demoraram em agir, injetaram
centenas de trilhões de euros e dólares na tentativa de conter a crise e evitar a quebradeira do
sistema.
13 A crise estrutural, que mostra a fragilidade do sistema capitalista e sua necessidade de
reprodução através da especulação financeira, alastra-se como pólvora pelo globo, levando consigo
as economias mais frágeis da periferia da zona do euro, ou seja, os elos mais fracos da corrente.
Países como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália estão com endividamento, em razão do
socorro estatal ao mercado financeiro acima dos índices acordados para criação da zona do euro.
14 Esse fato traz sérias e graves consequências não só para a manutenção da unidade monetária
européia, mas também para a unidade do bloco político como um todo. Os países endividados não
têm os meios necessários para honrar seus débitos e causam com isso mais desconfianças no
fragilizado mercado e nas economias de toda a Europa, levando seus títulos da dívida pública a
rebaixamentos e graus de riscos elevadíssimos e consequentemente a pagarem juros estratosféricos
para os padrões europeus e conseguirem o financiamento delas.
15 Neste ponto, conta também que esses países não podem contar com a emissão de moeda,
como faz os Estados Unidos, ou através da emissão de títulos da dívida pública, pois eles não têm
o mesmo peso da economia americana, porque, apesar da crise, seus títulos continuam a ter peso
e valor de mercado. A periferia da Europa necessita que as grandes economias da região façam os
empréstimos para sanear suas finanças.
16 Porém, países como a Alemanha não tem disposição para tanto, pois sofre pressões internas de
A crise no Brasil
22 A crise econômica que abateu o capitalismo mundial afetou toda a economia globalizada. Porém
se começou nos Estados Unidos, e posteriormente se alastrou pela continente europeu, quando os
analistas internacionais avaliavam que era restrita ao mercado americano, mostrou seus efeitos
também nas chamadas economias emergentes que a princípio afirmavam que estavam descoladas
do centro da crise.
23 No Brasil, seus efeitos foram fortes, porém as condições eram favoráveis para amenizar seus
estragos, pois os indicadores econômicos facilitaram a aplicação de medidas por parte do governo.
Esses indicadores, lastreados por níveis de reservas em dólares em torno de 240 bilhões, deram
margem para que os efeitos da crise fossem amenizados, mantendo a confiança do mercado e dos
credores internacionais na capacidade do país honrar os compromissos com a rolagem da dívida
e o pagamento dos juros. Aliado a isso, o país tornou-se grande exportador de commodities, como
minério de ferro e produtos agrícolas, principalmente para o mercado chinês.
24 A turbulência econômica causou a desaceleração da economia, gerando por parte do setor
empresarial, principalmente o metalúrgico ligado às montadoras multinacionais, demissões em
massa, cortes nos investimentos e por conta também da crise em suas matrizes (GM, FORD),
alcançou o setor aeronáutico, com a Embraer demitindo por volta de 4500 trabalhadores. O
seguimento de mineração teve como carro chefe nas demissões a Vale do Rio Doce, juntamente
com o setor bancário que freou os empréstimos tanto para o crédito ao consumidor, como o
financiamento interbancário causando pânico no chamado mercado e derrubando o crescimento
econômico que vinha em trajetória ascendente até então.
25 Cabe ressaltar aqui, que os bancos nacionais não sofreram com os mesmos problemas que os
grandes bancos estadunidenses e europeus, pois se encontravam fortalecidos pelos altos lucros,
Bonificação de Resultados
91 A Bonificação de Resultados (bônus) está diretamente atrelada ao cumprimento das metas
estabelecidas para cada unidade escolar. As metas estão vinculadas ao Índice de Desenvolvimento
da Educação do Estado de São Paulo – IDESP, calculado a partir do desempenho dos alunos nos
exames do SARESP e o fluxo de aluno na escola (retenção e evasão).
92 Por este motivo, é comum nas escolas a forte pressão para que o plano de trabalho do professor
contemple a abordagem de temas/ conteúdos do SARESP, numa verdadeira afronta à capacidade
de trabalho do professor. Muitas vezes são organizadas avaliações, com questões do SARESP,
bimestrais, num claro objetivo de treinar o aluno para se ter um bom desempenho.
108 Caderno de Teses
TESE 8
93 Essa política de bonificação nos deixou reféns do SARESP, forçando as escolas a se adequarem
a este nefasto sistema. Nos EUA, onde o baixo desempenho dos alunos leva à demissão e o
fechamento de escolas, ocorreram fraudes de todos os tipos, levando alguns idealizadores dessa
proposta a recuarem. Recentemente, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou entrevista com a
ex-secretária adjunta de Educação dos EUA, com a seguinte manchete:
94 “Uma das principais defensoras da reforma educacional americana - baseada em metas, testes
padronizados, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno e fechamento de escolas
mal avaliadas - mudou de ideia. Após 20 anos defendendo um modelo que serviu de inspiração para
outros países, entre eles o Brasil, Diane Ravitch diz que, em vez de melhorar a educação, o sistema
em vigor nos Estados Unidos está formando apenas alunos treinados para fazer uma avaliação”.
95 Guardadas as devidas proporções entre o modelo norte americano e o brasileiro, o caminho
apontado pelas escolas é o mesmo: treinamento de alunos e não a melhoria na educação, fato
previsível, uma vez que o governo não ataca os problemas centrais da escola pública, como por
exemplo, as precárias condições de trabalho dos professores.
Somos contrários à política de bônus. Defendemos salário digno para todos os profissionais da
96
escola e não aceitamos que o professor seja responsabilizado pelo fracasso escolar.
97 Pela incorporação do bônus e gratificações ao salário. Em defesa do piso do DIEESE (R$
2.011,03) por 20 horas semanais.
IV. Sindical
98 A estrutura sindical brasileira desde Getúlio Vargas sofre a intervenção do estado no sentido
de regulamentar e controlar a atuação dos sindicatos e com isso acabar com a liberdade e
a independência da organização dos trabalhadores. Não é por acaso, que sob a falácia de
modernização da estrutura sindical, o governo Lula apresentou a reforma sindical, que impõe a
legalização das centrais, numa política de concessão do estado para sua representação, atrela
as centrais ao governo com o chamado imposto sindical e regulamenta a lei de greve com o apoio
da CUT, que além de ter recebido a verba do FAT (Fundo de Amparo ao trabalhador), unida a
outras centrais, serve de correia de transmissão do governo federal e negocia com o patrão direitos
históricos da classe trabalhadora.
99 Ao colocar que é necessário o sindicato avisar sobre o início da greve sob o pretexto de garantir
minimamente o serviço à população, abre espaço para que a patronal se organize e consiga
enfraquecer ou mesmo impedir o movimento. Tudo isso acordado com aqueles que deveriam
defender a classe trabalhadora, mas que, no entanto, depois do processo de burocratização e
cooptação de lideranças do movimento, defendem o interesse da burguesia, do patrão, enfim do
capital.
100 É a expressão da política de colaboração de classes, arrefecendo o movimento das massas
para que patrões e governos possam livremente atacar os direitos da classe trabalhadora.
101 A CUT há muito deixou de representar os trabalhadores e, em troca de cargos no governo
ou empresas, rebaixou suas bandeiras entregando de bandeja as conquistas históricas dos
trabalhadores obtidas por meio da luta de classes. Atuou como cabo eleitoral de Lula e agora de
Dilma Rousseff. O 1º de maio de 2010 foi marcado não só pelas festividades, mas também pela
campanha eleitoral explicita a favor da candidata do PT. Além disso, no mês de junho, promoveu
uma conferência no Estádio do Pacaembu em São Paulo junto com as demais centrais governistas,
com o propósito de aprovar uma pauta eleitoral com bandeiras rebaixadas, como por exemplo, a
diminuição da jornada de trabalho para 40 horas semanais.
102 Diante desse quadro de atrelamento dessa central, entendemos que não é mais possível
continuar filiados a CUT. Não é mais possível continuar enviando verba da categoria para um
instrumento que colabora com os governos, com os patrões e partidos. Arrefece a luta de classes
e possibilita a aplicação da política neoliberal de retirada de direitos. Uma central que notadamente
traiu trabalhadores e trabalhadoras do setor público e do privado.
Reorganização
108 Diante da ofensiva do capitalismo e de sua crise estrutural que hoje atinge milhares de
trabalhadores no mundo inteiro, tornou-se necessária a reorganização da classe trabalhadora para
que não fosse ela a pagar por mais uma crise. Para tanto, era preciso que setores da esquerda
combativa também se reorganizassem em torno de um programa, que pudesse representar as
demandas da classe trabalhadora e criassem um instrumento que, de fato, armasse os trabalhadores
para as lutas específicas de cada seguimento e também para a construção da sociedade socialista
. Assim, iniciou-se um processo de reorganização do movimento sindical e popular no sentido de
construir um novo instrumento de luta que unificasse a Conlutas, a Intersindical, MTST, MAS, MTL
e PASTORAL OPERÁRIA em uma nova central.
109 Diversos seminários foram realizados pelo país e o processo de unificação foi avançando. Havia
algumas divergências, no entanto, com o acordo de todos os setores, elas seriam resolvidas no voto
no congresso marcado para junho de 2010: no CONCLAT.
No CONCLAT, foi fundada a nova central, mas houve o rompimento da Intersindical, MAS e
110
alguns setores da Conlutas com o congresso. Os companheiros não entenderam a necessidade
da classe trabalhadora e decidiram não fazer parte da nova central que hoje tem por nome CSP-
Conlutas.
É bem verdade, que a CSP-Conlutas nasceu fragilizada, mas já está nas ruas defendendo a
111
classe trabalhadora da ofensiva do capital. Promoveu o dia nacional de lutas – 10 de agosto de
2010 com várias iniciativas em diversos estados do país como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia,
Goiás, Paraíba com as seguintes bandeiras:
• Aumento real de salários,
• Redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais sem redução de salários,
• Pela derrubada do veto de Lula ao fim do fator previdenciário,
• Em defesa dos serviços públicos e direitos sociais da população,
• Não à criminalização e à violência policial contra os movimentos sociais,
• Pelo pleno direito de greve,
• Por terra, trabalho e moradia.
112 Defendemos a construção da CSP-Conlutas, pois, é o instrumento necessário a luta da classe
trabalhadora, que aglutina setores da esquerda combativa, que é autônoma e independente de
V. Balanço da APEOESP
114 O setor majoritário da diretoria da Apeoesp há anos vem implementando uma política de
colaboração de classe ao não preparar a categoria para a luta contra a ofensiva dos governos
estadual e federal, uma vez que é atrelada ao governo Lula. Não implementa uma luta contundente,
pois, teria que lutar contra o governo federal. Não por acaso a greve da categoria só fora deflagrada
em 2010, era preciso desgastar Serra e assim fortalecer a candidatura de Dilma Rousseff candidata
do PT à presidência.
115 Em São Paulo, em 2009, o governo Serra implementou vários projetos de retirada de direitos
dos profissionais da educação. Tais projetos aprovados pela Assembléia Legislativa promoveram
um verdadeiro massacre a categoria de conjunto. Para o Ofa, a instituição definitiva da provinha
para ter o direito de lecionar no Estado e contratos precarizados de serviço, como exemplo, os
professores categoria O, que trabalham por um período máximo de um ano letivo e, ao término do
contrato, ficam 200 dias fora da rede. Para o efetivo, redução de jornada e salário, ampliação de
jornada sem aumento salarial com a criação das jornadas reduzida e integral respectivamente. Para
o conjunto da categoria, o fim da isonomia salarial com o novo “plano de carreira” que acaba com a
carreira, ou seja, a instituição da prova de mérito para se obter aumento salarial.
116 Em 2010, a atribuição de aulas foi um verdadeiro festival de falta de respeito e descaso para
com profissionais que há anos dedicam sua vida ao magistério. Alunos passaram na frente de
professores formados com mais de 15, 20 anos de profissão, sem contar a humilhação sofrida por
não terem conseguido a nota mínima na prova.
117 Vale lembrar que a meritocracia não é só prerrogativa do governo Serra. Toda essa política está
galgada no PDE do governo Lula. Não foi por acaso que Haddad em entrevista disse ser favorável
à avaliação de mérito. É a lógica de mercado aplicada na esfera pública que bonifica os “melhores
profissionais” em detrimento da carreira. Política perversa que tem como fundo o esfacelamento do
serviço público, deixando a porta aberta para as terceirizações, parcerias, enfim para o setor privado
inclusive com drenagem de verba pública para esse setor.
118
Diante desse quadro, já em 2009 haveria condição para a greve, no entanto, ela só veio em
2010 depois que os projetos viraram leis, ou seja, a greve chegou tardiamente, não por acaso, como
dito anteriormente.
119 Outro fator de altrelamento desse setor ao governo federal é o fato de a presidenta da Apeoesp
fazer parte do CNE – Conselho Nacional de Educação que publicou parecer favorável à Reforma do
Ensino Médio – o Ensino Médio Inovador – proposto pelo MEC. Trata-se na realidade da Reforma
de Paulo Renato, só que agora com roupagem diferente, pois é o governo Lula quem está propondo,
então, agora é uma reforma vista com bons olhos pelo setor majoritário da direção da Apeoesp. É
preciso resgatar a Apeoesp de luta, de enfrentamento contra os governos que há anos massacram
nossa categoria. É preciso ser independe dos governos dos patrões e dos partidos políticos.
Balanço da CNTE
127 A Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação, a exemplo da CUT, tem servido de
correia de transmissão do governo Lula. Há muito não organiza os trabalhadores em educação
para o enfrentamento contra os governos municipal, estadual e federal que implementam a política
neoliberal de retirada de direitos do setor público. Não tem, por exemplo, unificado as greves
ocorridas em diversos estados do país, quando na verdade deveria ter encaminhado uma greve
geral dos trabalhadores em educação.
128 Tem como bandeira, hoje, a implementação da Lei do Piso Salarial Nacional e indicou para
2010, reivindicando o reajuste do FUNDEB, o valor de R$ 1312,85 para esse piso. A CNTE já havia
defendido um piso de R$ 1050,00 rebaixando sua bandeira histórica de luta pelo piso do Dieese,
quando do lançamento e aprovação da lei e agora continua com a mesma política.
129 Continuando sua política de entrega de documentos, chamou para o dia 16 de setembro um ato
em frente ao Supremo Tribunal Federal para entregar aos ministros um dossiê contendo denúncias
de estados e municípios que não cumprem a Lei do Piso. Além disso, lançou o documento
“compromisso com a educação pública de qualidade” com as propostas dos trabalhadores em
educação junto com uma carta compromisso para entregar aos candidatos nas eleições de 2010.
Ora, não tenhamos nenhuma ilusão com as eleições burguesas que apenas servem aos interesses
dos patrões, dos governos e de partidos que há muito não tem nenhum compromisso com a classe
trabalhadora.
130
Não é possível que a luta de trabalhadores e trabalhadoras em educação se resuma a isso, por
isso é preciso que a CNTE se desatrele do governo federal e implemente as lutas em todo o país,
saia dos corredores do planalto e unifique as lutas dos trabalhadores em educação.
I. Política Internacional
1 A crise econômica mundial não estancou. Pelo contrário, existe um aprofundamento dela,
com vários países entrando em colapso. Apesar de todos os prognósticos otimistas, os países
imperialistas não alcançam a desejada retomada de crescimento e os países semi coloniais, por
serem economicamente dependentes, também não.
2 E, mais uma vez, são os trabalhadores que estão pagando por essa crise e o ataque sobre os
servidores públicos está sendo brutal.
3 Como forma de reduzir custos, os governos vem demitindo em massa os funcionários públicos,
seja por meio de privatizações, terceirizações, parcerias com setores privados ou diretamente
através do fechamento de postos de trabalho. E a Educação e Saúde são os setores mais atingidos.
4 Outra medida que também está sendo adotada por todos os governos é o aumento da idade
mínima e do tempo de contribuição para a concessão da aposentadoria. Em alguns países da União
Européia, como a França, o governo apresentou projeto no qual o tempo mínimo de contribuição
será de 41 anos em 2012 e, paralelamente, a idade para ter direito à aposentadoria integral dos que
não atingiram o tempo de contribuição exigido passará de 65 para 67 anos.
5 Na Grécia foi aprovado, em maio deste ano, um pacote de duríssimas medidas que incluem:
redução dos salários e fim do pagamento do 13º e do 14º salários aos funcionários públicos; redução
do valor das aposentadorias; aumento de impostos, incluindo o de Imposto sobre o Valor Agregado
(IVA), que subirá de 21% para 23% na venda de cigarros, bebidas alcoólicas e gasolina.
6 Insistimos, esses ataques estão ocorrendo em todos os países, sejam eles imperialistas ou
semi coloniais.
As direções
18 Em nível internacional, as lutas estão se alastrando em vários continentes como a dos
pilotos da Lufthansa (Alemanha), dos condutores de ônibus e metrô (República Tcheca), dos
estudantes, professores e funcionários (EUA) e várias greves gerais ocorreram em Portugal,
Espanha e Grécia. As direções sindicais e políticas estão sendo obrigadas, pela pressão dos
trabalhadores, a convocarem essas mobilizações. Ao mesmo tempo, por serem reformistas,
defendem a essência dos ataques, garantindo sua aplicação pelos governos. E, porque
temem perder o controle do movimento, mantem as lutas isoladas nacional e internacionalmente
e transformam as greves gerais em protestos.
19 É necessário exigir das direções uma luta conseqüente até derrotar os planos dos diversos
governos. A essência dos ataques é o mesmo nos diversos países, por isso é necessário, nesse
momento, o chamado à luta unitária dos trabalhadores, como por exemplo, uma Greve Geral
Européia, contra o desemprego, por aumentos salariais, contra os cortes de direitos sociais.
Nada está decidido, vai depender do aprofundamento e extensão de nossas lutas em nível
internacional. Trata-se de um processo no qual se abre a possibilidade de derrotar as direções
reformistas e seus lacaios, pois, somente assim será possível sairmos do beco sem saída da
crise econômica do imperialismo em que elas querem nos meter.
20
Nacionalmente, por política das direções, as lutas seguem isoladas e quando não são
derrotadas, suas conquistas são pífias.
21 As direções políticas e sindicais dos trabalhadores garantiram neste primeiro semestre que
não houvesse unificação das lutas dos servidores do Estado de São Paulo. Isso é facilmente
percebido ao se verificar as datas de deflagração das greves. As direções esperaram que a
greve do magistério paulista terminasse para que fossem deflagrados os outros movimentos
grevistas. Com isso dão fôlego ao governo para desgastar esses movimentos e levá-los à
derrota.
22 No campo, a situação não está muito diferente, pois as direções do MST abandonaram a
luta direta pela reforma agrária no país, limitando-se a exigir mais verbas do governo para os
assentamentos. Isso garante a expansão do latifúndio em direção às matas da região amazônica
e do centro-oeste, assim como, dinheiro para a manutenção dos seus dirigentes.
23 Lamentavelmente, as direções que se dizem combativas e revolucionárias (Conlutas e
Intersindical), facilitam os ataques dos patrões e do governo, ao dividir as entidades, ao invés de
IV. Sindical
Para nós, a responsabilidade pela derrota é dos dois setores. É de toda a diretoria!
48 O que derrotou a greve não foi o fato da categoria não ter percebido que os dois projetos para
a Educação são iguais. A greve de 2010 começou a ser derrotada em 2008. Quando a diretoria
defendeu um acordo com o TRT para poder suspender a greve. A partir daí, Serra não teve
dúvidas, se aproveitou da derrota para atacar mais ainda os professores.
49 Somos categóricos: os ataques ainda não acabaram. Muito pelo contrário, ainda existem
muitos a serem desferidos pelo próximo governo. Portanto, se não prepararmos a categoria para
resistir, a derrota será maior. Ainda existe a possibilidade de unificação de todos os setores de
servidores, tanto em nível estadual como nacional. Essa unificação será fundamental para o
enfrentamento.
A divisão do movimento
50 As direções sindicais e políticas estão dividindo o movimento dos trabalhadores, se utilizando
de inúmeras táticas que evitam a unificação das lutas e também através da formação de várias
V. Estatutos da APEOESP
53 Os estatutos do nosso sindicato devem se pautar na democracia operária. É necessário
retirar todo s os artigos que estão garantindo a burocratização do mesmo. E, também adicionar
aqueles que irão garantir o controle do sindicato pela base da categoria. Nosso sindicato deve
ser uma ferramenta na luta pela transformação da sociedade e não um colaborador do governo.
Total autonomia do sindicato frente a burguesia e seus governos. Total garantia de participação e
expressão às correntes minoritárias.
“Farra” ou Congresso?
39 O Congresso foi marcado para o final do ano letivo, porque para a Diretoria e seus apoiadores,
trata-se de realizar, à custa do dinheiro recolhido dos professores, uma verdadeira farra, que nada
tem a ver com os interesses da categoria. Assim, o evento é realizado em um período (fim de ano,
festas, férias) inadequado para a realização de qualquer campanha em favor da categoria porque,
obviamente, não é este o objetivo da burocracia.
40 Como em todos os últimos congressos, os pontos centrais para centenas de “delegados”
trazidos ao Congresso pela burocracia são as festas, as mordomias, a discussões sobre eleições
e cargos a serem distribuídos etc. e, de modo algum, as discussões em torno dos problemas reais
da categoria.
41 O Congresso, com tais características, chega a ser apoiado pelo governo tucano que atribui
ponto aos participantes para fins de evolução funcional, concede liberação de ponto, etc.
Por um piso salarial, que seja suficiente para atender ao conjunto das necessidades
fundamentais do professor e de sua família: R$ 3.500,00
87
Com o salário atual o professor não dispõe dos recursos elementares para alimentar a si e a
sua família. Obviamente que em tais condições falar em capacitação profissional, aprimoramento
do trabalho docente, é mera demagogia.
88 Para assegurar ao professor condições para uma verdadeira evolução profissional é necessário,
antes de tudo, conquistar um piso salarial que atenda as necessidades do professor e sua família,
que deve ser o resultado de uma avaliação concreta dos preços dos bens necessários como aluguel
ou prestação da casa própria, alimentação, vestuário, transporte, saúde, limpeza e higiene,lazer,
educação e cultura, recreação etc.
89
Além do que o piso salarial deve contemplar os custos agregados ao valor da nossa força de
trabalho em função dos gastos despendidos com a qualificação profissional que obtivemos ao longo
Avaliação: aprovação automática, mais uma das faces da destruição da Escola Pública
117 Desde 1995 o governo do PSDB em São Paulo, seguindo a política do imperialismo mundial,
realizou um ataque nunca visto à escola pública, tomando uma série de medidas, seguindo a LDB
Desemprego e ataque aos alunos: fim do EJA e do ensino Noturno / ensino Médio não
presencial e Universidade virtual
Serra estabeleceu os cursos de ensino à distância em São Paulo. Em 1999 havia apenas
125
duas escolas de ensino à distância, em 2007 esse número passou para 104 instituições, sendo 62
privadas. Também foi criação de Serra a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, Univesp,
com o objetivo de salvar os capitalistas da educação. Além de representar mais um elemento da
privatização das universidades públicas, a Univesp serve como todas as instituições de Ensino à
Distância como um nicho a mais de expansão dos lucros dos capitalistas da educação.
126
Agora, o governo Serra/Goldman procura concluir a eliminação do Ensino de Jovens e Adultos -
EJA. Por meio dos seus representantes nas diretorias de Ensino, já foi encaminhado o fechamento
de grande quantidade de salas do EJA. Com as últimas Resoluções adotadas pela Secretaria de
Educação Estadual, o EJA do 1º grau passou para 2 anos de curso e o EJA 2º grau passou para 1 ano
de curso, diminuindo drasticamente os números de salas de aulas e conseqüentemente, causando
mais desemprego entre os professores e colocando milhares de profissionais da educação no olho
da rua. O governo criou o ENCEJA o Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens
e Adultos. Esse exame é instituído objetivamente para ratificar todo o sucateamento proporcionado
pelo ensino a distância e praticamente o fim do EJA .
127 Com relação ao Ensino Médio, o governo fez ser aprovada a Deliberação Nº 77/08 do Conselho
Estadual de Educação - SP. Essa permite transformar 20% dos componentes curriculares da Base
Nacional Comum em “ensino semipresencial”. Considerando que a parte diversificada (25%) não
é obrigatória para aluno prosseguir os estudos. Conclui-se, que a obrigatoriedade do “ensino
presencial” fica restrita a 55%.
128 Com essas investidas o governo reacionário de São Paulo, além de decretar o fim do EJA,
prepara a imposição prática da transformação de parte do ensino médio à distância. Por isso,
quer implantar tais “escolas pólos” e promete fechar, não só o EJA, mas o ensino noturno na rede
estadual até 20l4, como já foi anunciado por representantes da SE. Todo o Sistema de Avaliações
Governamentais constitui-se em um aparato para dar seqüência à liquidação do sistema de ensino
estatal, além de impor desemprego massivo à categoria.
Fim das assembléias com sindicatos patronais e campanhas “UNIFICADAS” com quem
não quer lutar
141 Nas inúmeras campanhas salariais já se tornou um golpe tradicional da direção da Apeoesp para
conter o movimento transformar as assembléias dos professores em uma “assembléia unificada”
com meia-dúzia de entidades sindicais, alguma delas patronais (como é o caso dos “sindicatos” dos
diretores e dos supervisores de ensino, algozes da categoria e responsáveis pela implementação
e defesa da política de destruição do ensino levada adiante pelos sucessivos governos tucanos
no estado); se “unificaram” também burocracias que se posicionou inúmeras vezes contra a greve
dos educadores (como no caso da direção da Afuse - servidores) e até uma entidade dirigida por
políticos ligados ao governo tucano, como é o caso do CPP - Centro Professorado Paulista, cujo
último presidente eleito foi deputado da base do governo tucano, tendo sucedido a um malufista na
presidência.
142 Nessa “unificação”, os professores e a APEOESP entram com a mobilização, a greve, a presença
de cerca de 20 mil deles na assembléia e as demais entidades “colaboram” com discursos contra
a mobilização e conselhos para se chegar a um acordo com Serra e seja lá quem for que favoreça
apenas a seus interesses como a casta que vive da traição aos interesses dos professores.
143 Um dos resultados mais expressivos desta política se deu em 2007, quando depois de uma
mobilização “unitária” (21 dias de greves em que praticamente só os professores pararam), o
governo concedeu reajustes de até 16% para os “chefes” (que abandonaram a “unidade”) enquanto
os professores ficaram no 0% e de novo sob o ataque dos diretores, supervisores etc. nas escolas,
onde impera uma verdadeira ditadura contra o professorado e dos estudantes.
144 A verdadeira unidade que deve ser defendida pela categoria é entre professores, estudantes,
funcionários e pais de alunos. Unir aqueles que sofrem com a destruição do ensino público e com a
política de baixo investimento imposta pelos governos burgueses.
145 Aceitar uma assembléia em tais condições, seria como permitir que os chefes, gerentes e
supervisores tomassem as decisões em uma assembléia de metalúrgicos.
146 O golpe da burocracia visa apoiar o governo, desmoralizar a luta dos professores e funcionários
e impedir, de fato, uma ampla mobilização unitária de toda a comunidade, a partir das escolas,
por isso é preciso denunciar a fraude e exigir a convocação de uma assembléia exclusiva dos
trabalhadores da educação (professores e funcionários).
147 A tarefa é organizar em todas as regiões comitês de luta integrados por professores,
funcionários, pais e alunos e de todas as escolas que tenham como papel organizar a
mobilização de toda a comunidade escolar em prol das reivindicações dos educadores e de toda a
comunidade, em primeiro lugar, a reposição de 100% das perdas salariais dos governos tucanos.
Só é possível barrar a destruição da educação, valorizando os trabalhadores que, contra tudo e
contra todos, carregam o ensino público nas costas. Os planos do governo Lula (PDE) e de Serra
(“10 metas”) ignoram justamente isto, porque são a continuidade da ofensiva contra o ensino público.
Querem apenas encobrir o “apagão da educação”.
VIII – Um Sindicato feminino que não luta pelas reivindiações das mulheres
166 Cerca de 80% da nossa categoria esta constituída de mulheres, No entanto, a burocracia da
Apeoesp não leva adiante qualquer campanha real em favor das reivindicações das mulheres.
167 Na Apeoesp a questão da mulher é um problema relegado ao segundo plano tanto pela atual
diretoria quanto pela maioria da oposição.
168 Trata-se da questão da mulher como um problema que será resolvido com a criação de uma
Secretaria da Mulher, o que se segue os tramites burocráticos da maioria dos sindicatos. Em nenhum
momento coloca-se em evidencia os graves problemas que as professoras enfrentam no dia a dia
do seu trabalho no Estado de São Paulo.
169 As principais questões que envolvem o trabalho da mulher na categoria são simplesmente
esquecidas pela burocracia sindical.
170 Há muito tempo, todas as professoras que são ACT´s, ou seja, que não são efetivas do Estado,
não têm estabilidade no emprego quando período da gravidez.
171 Se por exemplo uma professora ACT estiver no sétimo mês de gestação e ficar sem aulas que
lhe foram atribuídas por prazo determinado ela estará simplesmente desempregada, sem direito a
nada, pois a lei prevê licença maternidade somente a partir do oitavo mês. Uma situação absurda
que ocorre na maior categoria do país e estado mais rico da federação, ou seja, em São Paulo, as
mulheres não têm direito nem mesmo os direitos conquistados pelos trabalhadores na reacionária
constituição de 1988, que não permite a demissão de gestante.
172 Isso é apenas um entre muitos casos que acontecem todos os dias nas mais de 5 mil escolas
do estado.
173 Além disso as estatísticas mostram que a mulheres sofrem mais todos os problemas de
saúde advindo do exercício da profissão. São as que têm mais problemas com a voz, mais abalos
psicológicos, são as que sofrem de longe, com os problemas de violência nas escolas, porque,
evidentemente, todos pressionam o lado mais oprimido, são as que têm mais dificuldade para
tirar licenças, e as que mais ficam pressionadas por isso, pois carregam o problema da escola e
Coordenação:
Antonio Carlos Silva - PEB II - Matemática - São Paulo
Cláudio Roberto Vieira - Biologia - Assis
Marina Madeira - PEB II - História - Piracicaba
Roseli Moraes Batista - PEBI - São Paulo
Maria Dolores Zundt - PEBII - História - Assis
I. Conjuntura Internacional
1 O mundo assistiu ao longo dos três últimos anos à maior crise econômica desde a histórica
Grande Depressão de 1929. Nesse período, o capitalismo mundial tem vivido uma nova fase de
debilitação extensa e profunda, um processo que afetou principalmente os países considerados
desenvolvidos. O epicentro da crise situa-se nos Estados Unidos, condição que revela não somente
as tendências regressivas do capitalismo, como o inquestionável fato de que os desequilíbrios da
economia estadunidense se irradiam para todo o mundo e provocam uma instabilidade geral.
2 Essa crise provocou muito sofrimento para a classe trabalhadora, com o crescimento do
desemprego (somente em 2009, cerca de 50 milhões de empregos desapareceram em todo o
mundo), arrocho dos salários e a redução de direitos. Mas é importante salientar que nem todos
perderam. Os ricos ficaram mais ricos ao longo de 2009, ao mesmo tempo em que o mundo passou
pela pior recessão em quase 80 anos. A análise do que ocorreu nesses últimos três anos evidencia
a lógica perversa do capitalismo.
3 O aumento mais acelerado de riqueza aconteceu na Índia, China e Brasil, alguns dos mercados
mais duramente atingidos em 2008. A riqueza na América Latina e Ásia-Pacífico chegou a níveis
recordes. As fileiras de milionários da Ásia subiram para 3 milhões de pessoas, equiparando-se pela
primeira vez à Europa, ao lado de uma expansão econômica de 4,5%.
4 A Europa, por sua vez, foi atingida em cheio pela crise. Os governos de países como Portugal,
Espanha, Grécia, Irlanda e Itália decidiram adotar medidas “de austeridade” para diminuir o impacto
da recessão sobre suas economias, por meio de pacotes que incluem aumento de impostos,
reduções de salários e direitos trabalhistas, alterações em regras de aposentadoria e outras afrontas
à população.
5 Em síntese, os governos desses países, apoiados por instituições como o Fundo Monetário
Internacional (FMI), decidiram que a crise criada pelo sistema financeiro internacional deveria ser
paga pela classe trabalhadora. Felizmente, seus milhões de cidadãos e cidadãs que viriam a ser
prejudicados deram um exemplo ao mundo ao longo de 2010, saindo às ruas em Atenas (Grécia),
Madri e Valência (Espanha) e Roma, entre outras localidades (Itália), realizando diversas greves
gerais de grande amplitude, recusando-se a serem os responsáveis pelos erros que não cometeram.
6 Há, no entanto, algo paradoxal nesse processo ainda em curso no Velho Continente: quando
se acreditava que a presente crise significaria o fim – ou ao menos o enfraquecimento – do
neoliberalismo, eis que o mundo observa a maioria dos governos da União Européia reincorporar
tais políticas.
Agricultura familiar
35 Responsável por quase 38,8% do valor bruto da produção agropecuária do país, o setor tem
recebido investimentos significativos do governo federal. De 2003 a 2010, o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) teve seus recursos multiplicados quase sete vezes.
Para a safra 2010/2011, estão sendo destinados R$ 16 bilhões para financiamento da produção,
envolvendo custeio da safra, investimentos em máquinas, equipamentos ou infra-estrutura de
produção.
Redução da pobreza
36 Elogiado e adotado em vários países, o Bolsa Família é o maior Programa de transferência de
renda do mundo. E um símbolo do compromisso do governo Lula com a melhoria da qualidade de
vida da população mais carente. Criado em outubro de 2003, o Programa atende 12,6 milhões de
famílias cuja renda per capita não ultrapassa os R$ 140 mensais.
37 O mais recente monitoramento de frequência escolar do Bolsa Família, referente aos meses
de fevereiro e março, aponta que 95% dos 14,117 milhões de crianças e jovens beneficiados pelo
Programa cumprem a frequência exigida – 85% das aulas para alunos de até 15 anos e 75% para
adolescentes de 16 e 17 anos.
Investimentos
38 Criado em 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um novo modelo de
planejamento, gestão e execução do investimento público, que articula projetos de infra-estrutura e
medidas institucionais para ampliar o ritmo de desenvolvimento da economia.
Sindicalismo internacional
71 A CTB, em sua condição de entidade classista, nasce determinada a não seguir algumas das
posturas que levaram seus principais dirigentes, reunidos na CSC, a deixar a CUT. O hegemonismo
de uma força majoritária, a partidarização e a falta de transparência em sua gestão são características
combatidas desde a primeira hora pelos “cetebistas”.
Desde sua fundação, a CTB defende uma tática muito clara em relação ao governo do presidente
72
Lula: evitar tanto a passividade acrítica da CUT como o voluntarismo esquerdista da Conlutas e da
Intersindical; uma postura que não seja chapa-branca, mas tampouco uma oposição sectária. Uma
estratégia que apóie as medidas progressistas do atual governo, mas pressionando-o de forma
constante, para que avance nas mudanças.
73
A CTB também tem procurado dialogar com as outras centrais sindicais legalizadas, sempre em
seus devidos fóruns – inclusive junto àquelas que, por sua constituição interna, acabaram trilhando
determinados caminhos que vão ao desencontro dos principais anseios da classe trabalhadora.
O atual cenário do sindicalismo internacional também corrobora os posicionamentos adotados
74 pela direção da CTB. Com a criação da Confederação Sindical Internacional (CSI), em 2007, a partir
da fusão de duas entidades (Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres e a
Confederação Mundial do Trabalho) que sempre cumpriram papel de freio da luta dos trabalhadores,
a jovem entidade pretendeu garantir a total hegemonia do sindicalismo internacional, impondo a sua
visão de defesa do capitalismo “civilizado” e de domesticação da luta de classe.
75 Ao contrário da CUT, que até hoje se mantém filiada à CSI, a CTB optou pela luta de
revitalização da Federação Sindical Mundial (FSM), ao lado de centrais nacionais de países como
Cuba, Venezuela e Bolívia. Fundada em 1945, no bojo da derrota do nazi-fascismo e do avanço
das lutas revolucionárias, ela sofreu duro golpe com a dissolução do bloco soviético no final dos
anos 80. Excluída do congresso de criação da CSI por defender uma visão classista, a FSM agora
ressurge como pólo de atração dos que se contrapõem às concepções conciliadoras e burocráticas.
A CTB decidiu se somar aos esforços de revitalização da FSM e de criação de um fórum sindical na
América Latina que ajude a unir forças no combate ao imperialismo e à ofensiva do capital.
76 Nesse sentido, em 2008 a CTB participou ativamente da criação do Encontro Sindical Nossa
América (ESNA), entidade movida pelas aspirações da classe trabalhadora no continente. Desde
sua criação, foram realizados três encontros bem sucedidos - o primeiro em Quito, o segundo em
São Paulo e o terceiro, em julho desde ano, em Caracas.
77 Em todas as edições do ESNA, a CTB conseguiu fazer prevalecer um de seus princípios
fundamentais: a busca pela unidade entre as centrais classistas, com vistas ao protagonismo da
V. Educacional
A escola unitária
89 Entre as perspectivas da escola unitária destaca-se a superação das polaridades: conhecimento
geral e específico, teórico e prático, técnico e político, uma vez que todas essas dimensões ocorrem
numa mesma realidade concreta. A questão fundamental nessa perspectiva é definir qual é o
conjunto de conhecimentos a ser produzido juntamente com os alunos que, na sua unidade, permite
entender o diverso. Trata-se de buscar eixos básicos que levem a interpretar, a definir núcleos
de conhecimento, processos, métodos e técnicas, na unidade dialética entre teoria e prática.
Dessa forma a organização do trabalho pedagógico exige a interlocução dos diferentes campos de
conhecimento e um processo interdisciplinar, visando o desenvolvimento do ser humano nas suas
múltiplas dimensões e necessidades. Nesse sentido, o ensino não pode ser considerado como
uma relação somente entre alunos e professores, mas também entre professores e ambos com
a sociedade. A escola unitária indica a necessidade da constituição, no espaço escolar, de uma
comunidade de profissionais da educação que interaja entre si, que entenda as relações de trabalho
entre os colegas, que planeje e desenvolva projetos coletivos e sejam professores pesquisadores.
90 As comunidades profissionais de educadores são fundamentais para a mudança educativa.
Assim, a escola básica unitária e politécnica qualifica a força de trabalho para o processo social
em todas as suas dimensões, inclusive a formação técnica e profissional mais específica. Não
basta resistir às investidas do capital que propõe a lógica do mercado na produção e na formação
do trabalhador, é necessária a construção de uma alternativa que faça o enfrentamento ao projeto
neoliberal de exclusão.
91 O momento presente coloca um desafio fundamental para os trabalhadores em educação, que
vai além da esfera pedagógica, situando-se na contradição da sociedade moderna. A sociedade
capitalista contemporânea, ao mesmo tempo em que desenvolve o progresso material, tira da
maioria da população a possibilidade de acesso às condições necessárias à dignidade humana.
Essa compreensão mobiliza as energias coletivas para a busca de uma alternativa de organização
social e escolar que tenha em vista a defesa da humanidade.
Esse é o desafio da educação e de todos os agentes sociais que atuam na escola!
CONAE
92 Um passo importante para a construção da escola que queremos foi dado com a realização
da Conferência Nacional da Educação (Conae), no período de 28 de março a 1º de abril de 2010,
em Brasília-DF. Constituiu-se num acontecimento ímpar na história das políticas públicas do setor
educacional no Brasil e contou com intensa participação da sociedade civil, de agentes públicos,
entidades de classe, estudantes, profissionais da educação e pais/mães (ou responsáveis) de
estudantes.
93 A construção do Sistema Nacional de Educação, dará efetividade ao regime de colaboração
entre os sistemas de ensino ancorado na perspectiva do custo aluno qualidade (CAQ) que é uma
luta histórica da educação e da sociedade brasileira. O processo passa por uma gestão democrática,
gestão de financiamento e gestão de inclusão.
Defendemos:
128
• Criação de um Programa Nacional de Combate ao Racismo e ao Preconceito Racial no
ambiente escolar;
• Adoção de cotas para negros, indígenas e estudantes da rede pública, no ingresso às
universidades públicas e privadas;
Risco de retrocessos
136 Embora represente tantos avanços, a Lei Maria da Penha vem sofrendo diversos ataques que
podem intervir em sua eficácia correndo até risco de extinção. Este é o exemplo de diversos projetos
de lei que tramitam no Senado.
137 Entre as propostas mais prejudiciais está o PL 156/09 de autoria de José Sarney (PMDB-AP),
que altera o Código de Processo Penal, tornando a Lei Maria da Penha vazia e sem eficácia. Com
isso, a volta dos “acordões” e do pagamento de penas alternativas pode acontecer.
138 Levando isso em consideração, o governo federal, por meio da Secretaria Especial de Políticas
Combate a homofobia
139 O combate a homofobia ainda precisar avançar muito no Brasil, em todos os setores da
sociedade. Mesmo o sindicalismo, em alguns casos, chega até a contribuir para o preconceito
baseado em orientação sexual ainda existente no país.
140 Atualmente, muitos setores já têm uma visão mais avançada em relação à homossexualidade,
mas em pleno século XXI isso ainda é muito pouco. Certos tabus ainda precisam ser quebrados e,
nesse aspecto, o papel do Estado é fundamental. O Brasil precisa de leis que garantam o direito à
livre orientação sexual e protejam Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros (LGBT),
por meio de políticas públicas de respeito à diversidade – incluída aqui a garantia de laicidade de
instituições públicas – e leis específicas que criminalizem a homofobia.
É preciso educar para a diferença e punir o comportamento homofóbico de modo exemplar e
141 impedir que aconteçam novas humilhações, ofensas verbais e físicas e até mesmo assassinatos.
Segundo algumas estatísticas, no país a cada dois dias uma pessoa é morta por ser homossexual.
O exemplo argentino
142 A união com plenos direitos civis entre pessoas do mesmo sexo é reconhecida nacionalmente
em nove países: África do Sul, Bélgica, Canadá, Espanha, Holanda, Islândia, Noruega, Portugal e
Suécia. No mês de Julho de 2010 a Argentina passou a fazer parte dessa lista .Esse avanço também
é reconhecido em alguns Estados dos Estados Unidos, da Austrália e na Cidade do México.
A Argentina o foi primeiro país latino-americano a reconhecer a união civil entre homossexuais.
142
143 A decisão do governo e do Poder Legislativo da Argentina deve servir de exemplo para o Brasil.
Já existem dez decisões de tribunais federais reconhecendo a união de pessoas do mesmo sexo;
a Caixa Econômica Federal já reconhece a união entre homossexuais para aquisição de imóveis;
a Procuradoria Geral da República tem uma ação questionando o Supremo Tribunal Federal sobre
o tema. No Brasil, casais homossexuais recorrem a contratos de união estável e sociedades como
forma de conquistar alguns direitos civis garantidos apenas a casais heterossexuais.
Na Apeoesp um passo importante foi dado na direção do respeito a diversidade com a criação
144
do coletivo LGBT “Prof. Fernando Schueler” e a realização do II Encontro LGBT.
Nosso sindicato também participa das lutas gerais de combate a homofobia.
145
146 A Apeoesp deverá continuar participando da Parada do Orgulho LGBT da capital e demais
cidades.
147 Devemos intensificar a luta pela aprovação do PLC 122/2006 que criminaliza a homofobia.
148 Defendemos:
• Lutar pela aprovação de legislação que garanta a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
• Continuar participando, com trio elétrico, da Paradas do Orgulho LGBT.
• Participar das lutas gerais de combate a Homofobia.
• Estimular a criação dos coletivos LGBT nas sub-sedes da Apeoesp.
IAMSPE
156 O governo do estado de São Paulo tem demonstrado total descompromisso com a saúde dos
seus servidores. O sistema de marcação de consultas do Instituto de Assistência Médica ao Servidor
Público Estadual (IAMSPE) vem sendo alvo de críticas há anos por parte dos pacientes.
157 Nas suas recorrentes campanhas eleitorais – para presidente, prefeito da capital paulista e
governador de São Paulo, José Serra sempre procura vender a imagem do político preocupado com
a saúde do povo. Porém, a prática mostra que a realidade desmente o seu marketing eleitoreiro.
158 O Núcleo da CTB da APEOESP entende que investir num projeto que cuide do tratamento e
da prevenção das doenças ocupacionais resultaria em menos afastamentos de professores da sala
de aula, além de uma categoria muito mais saudável e preparada para exercer plenamente sua
profissão.
159 A abordagem do profissional que adoece não deve se voltar apenas à pessoa do adoecido
para diagnóstico e tratamento, como ocorre atualmente, pois não cabe apenas a ela se cuidar para
não adoecer. É preciso buscar o nexo entre a doença e as condições de trabalho. Entre as causas
do adoecimento estão o assédio moral, as salas superlotadas e a baixa remuneração, problemas
presentes na maioria dos locais de trabalho e que precisam ser duramente combatidos.
160 Na questão da prevenção é importante ressaltar a oficina DST/AIDS realizada pela Secretaria
de Políticas Sociais e coletivos anti-racismo, gênero e LGBT da Apeoesp como parte do Projeto
EPT-HIV-AIDS, de iniciativa da Internacional de Educação (IE) em parceria com a CNTE.
I. Conjuntura Internacional
O imperialismo e guerra
15 Nos últimos 20 anos, os EUA intervieram no Iraque (duas vezes) e no Afeganistão, além da
cooperação que fazem com o Estado de Israel e as ações militares por ele controladas, como é o
caso do Haiti.
16 Desde o início da década de 1990 na região do Oriente Médio (Iraque e Afeganistão), as tropas
dos EUA (ajudadas por outros tantos países) já consumiram 1,4 trilhão de dólares, para manterem
quase 200 mil soldados nesses dois países, além de somarem quase 7 mil mortos (forças de
coalizão) e 18 mil mortos locais. (dados oficiais)
A ação de rapina do imperialismo tem sido cada vez mais agressiva, porque significa o “outro
17 lado da moeda”, ou seja, as crises econômicas capitalistas têm sido cada vez mais presentes,
constantes e fortes. A recuperação da economia capitalista, somente com reformas econômicas
tem tido cada vez menos fôlego para manter as taxas de lucro e patamares necessários para a
reprodução do capital. A guerra tem sido a saída cada vez mais procurada por esses países.
18 Recentemente foi criado um site chamado “wikileaks” que divulga na Internet documentos de
ações políticas e militares do governo, dos quais ninguém teria acesso (muitos assessores e ex-
assessores dessas agências têm entregue secretamente esses documentos ao donos do site, pura
contradição do sistema e informação). Ao que consta nas últimas divulgações, sobretudo referente
a guerra no Iraque e no Afeganistão, as evidências são claras: os EUA perderam qualquer controle
sobre o que se passa nesses países, o moral da tropa é baixo e seu significado, para os soldados,
é nulo.
A resistência no Iraque e no Afeganistão tem dado o tom da guerra. No Afeganistão, por
19
exemplo, a milícia Taleban tem derrubado aviões dos EUA com mísseis antiaéreos de curto alcance.
32 Defendemos:
- Saída imediata das tropas imperialistas do Iraque e Afeganistão;
- Saída imediata das tropas brasileiras do Haiti;
- Todo apoio a luta do povo iraquiano, afegão, haitiano!
- Todo apoio à luta do povo palestino contra o estado de Israel!
- Não ao pagamento da dívida externa!
- Pela autodeterminação dos povos!
- Em defesa do socialismo!
A América Latina
33
Os países circunscritos à América Latina passam, com gradações e mecanismos diferenciados,
pelo processo de inferência econômico e política dos países do centro do capital e, em particular,
dos Estados Unidos. A maioria dos países segue a risca o receituário neoliberal construído aos
países periféricos ao término dos anos 80. No entanto, a dominação tem suas nuances e, dentre
estas, encontramos países como Venezuela, Bolívia, Equador e Paraguai, cujos governos se auto
proclamam dos trabalhadores. Todavia, conforme os mandatos são cumpridos, verificamos que tais
governos, de fato, não os representam. Os casos mais emblemáticos são a Venezuela e a Bolívia,
países em que tem ocorrido enfrentamentos entre os governos e a classe trabalhadora, uma vez
que a crise econômica do capital também atinge estes países e a opção do poder tem sido onerar
ainda mais esta classe.
37 Defendemos
- Estatização de todas as empresas venezuelas;
- Pela organização do povo trabalhador em suas instâncias de representação, sem ingerência
do Estado;
- Por liberdade política em todas as instâncias;
- Prisão aos assassinos dos trabalhadores;
- Denúncia dos assassinatos dos trabalhadores;
- Nenhuma concessão aos Estados Unidos da América;
- Pela construção de um governo verdadeiramente socialista.
Defendemos
40 • Nacionalização das empresas minerais e de hidrocarbonetos;
• Pela autonomia dos povos trabalhadores de origem indígena;
45 Defendemos
• Suspensão imediata do pagamento da dívida;
• Toda solidariedade internacional ao povo haitiano e suas entidades de classe;
• Pela retirada imediata das tropas imperialistas: fora MINUSTAH!
• Pela autodeterminação dos povos – soberania do povo haitiano.
70 Defendemos:
• fim das terceirizações e privatizações;
• fim das organizações sociais de saúde(oss) e retorno das unidades e serviços terceirizados
para a administração direta do estado;
• contra a 1093, 1094, 1041;
• pelo direito de greve;
• contra a criminalização dos movimentos sociais;
• em defesa do metrô 100% estatal: não à entrega da linha amarela!
• denúncia e repúdio as demissões e privatização da TV Cultura: defesa da TV estatal.
• em defesa do serviço público.
IV. Educacional
Introdução acerca do ato de avaliar: avaliar como condição intrínseca do fazer humano
74 Imbuídos pela lógica da meritocracia, aferida através de resultados, os governos nas diferentes
esferas (municipal, estadual e federal), vem insistindo, há mais de uma década, na aplicação, das
avaliações externas.
75 Tais avaliações seguem uma lógica educacional perversa para educadores e alunos, uma
vez que atendem a interesses alheios ao processo de ensino aprendizagem. Todo o processo é
externo: do receituário, originário das agências internacionais, sobretudo do Banco Mundial, seja
dos governos, prepostos destas agências e das burguesias que sobre estas exercem controle, seja
das empresas que elaboram as avaliações e que lucram com a política de falência da educação,
sobretudo da educação pública, vítima da redução de verbas para as políticas sociais.
76 Esta prática tem produzido efeitos negativos no meio docente e discente. Citemos alguns:
retira a autonomia pedagógica do professor, constrói uma imagem negativa do educador, que é
responsabilizado pelo resultado de seus alunos, induz professores a serem meros reprodutores de
apostilas que tem como objetivo treinar os alunos para as avaliações “oficiais”.
77 Os governos tentam construir uma geração de educadores que sigam as suas orientações para
o ensino formal/institucional, ou seja políticas que, entendemos, atendem aos interesses da classe
dominante.
78 Faz-se necessário, e mais que urgente, um debate profundo sobre as avaliações externas,
adotadas por governos diversos diversos, e impedir que se retire, definitivamente, a possibilidade
do educador avaliar o seu trabalho. O ser humano é o único ser que possui três dimensões: a
capacidade de projetar, prensar algo antes de fazer o algo, o ato de executar o algo pensado e
avaliar o algo já executado. Esta última dimensão é fundamental para a realização da humanidade
deste ser, sem o qual será um ser manietado, incompleto, portanto, “meio humano”. Cabe a nós,
todos que refletimos sobre a possibilidade histórica de um ser humano completo, a possibilidade da
onilateralidade porposta por Marx, impedir esta tentativa de nos reduzir a meros executores, a seres
incompletos. Contra as avaliações externas: SAEB; ENEM; SARESP, etc
88 Defendemos:
• Contra o PDE do governo Lula/PT;
• Contra a política de fundos. Não ao FUNDEB;
• Mais verbas para a educação: no mínimo 10% do PIB;
• Verbas públicas exclusivamente para a rede pública de ensino;
• Piso do DIEESE, 50% da jornada de trabalho com aluno e 50% fora da sala de aula,
• Abaixo as cartilhas! Pela liberdade de cátedra;
• Contra a Reforma do Ensino Médio de Lula/Haddad;
• Boicote ao SARESP e pelo seu fim;
• Abaixo às avaliações de desempenho de alunos e trabalhadores;
• Plano de carreira aberto;
• Contra a reformulação da EJA;
• Revogar a 1093/07 que institui a prova eliminatória dos OFAS;
• Revogar a 1094/09 que instituiu o cursinho de 4 meses para efetivação;
• Revogar a 1097/09 que institui a avaliação por mérito;
• Menor número de alunos por sala.
V. Política Sindical
LULA/PT SERRA/PSDB
PDE 10 metas para a educação
SAEB SARESP
IDEB IDESP
Todavia, embora com um discurso ácido, a atuação da direção majoritária da entidade, diante
140 dos ataques de Serra é, no geral, recalcitrante. Embora para derrotar o governo, cujas medidas são
cada vez mais duras, as ações conflitivas sejam cada vez mais necessárias, estas só são utilizadas
em último caso, quando todos os esforços de conciliação se viram derrotados.
Diante do governo federal, como já afirmamos, o objetivo central é manter a chamada
141 “governabilidade petista”, ou seja, manter a ordem do aparelho estatal, para isto tentam engessar
a luta dos trabalhadores. No caso dos sindicatos, a exemplo da APEOESP, o objetivo é manter a
“governabilidade do aparelho sindical”, nas mãos da “burocracia racional”. Por isto, as mobilizações
da categoria são sempre um risco, pois pode catapultar os setores descontentes, geralmente,
propensos à mudanças e, quem sabe, a um giro oposicionista. Este é o principal risco da burocracia
sindical diante de uma greve de massa.
160 Defendemos:
• Democracia sindical em todas as instâncias da APEOESP;
• Proporcionalidade direta e qualificada nas eleições;
• Pelo fim do “diretor vitalício”: máximo duas gestões;
• Trabalho de base nas escolas: toda escola com um RE deve ser a meta;
• Pelo combate à acomodação e burocratização nas instâncias da APEOESP;
• Condições de trabalho definidas em assembléia da categoria;
• Diminuição do número de diretores;
• Combate à centralização na direção das instâncias das entidades.
164 Defendemos:
• a defesa aparelhos publicos que solucionem as tarefas domésticas, como, por exemplo
creches ( diurna e noturna), lavanderias públicas, aparelhos de esporte e lazer;
• Licença maternidade de, no mínimo, seis meses, obrigatórios;
• Defesa do direito ao corpo - em defesa da interrupção da gravidez em hospitais públicos,
impedindo assim, as centenas de milhares de mortes que ocorrem por ano entre as mulheres
pobres que recorrem ao aborto clandestino;
• Nenhuma forma de representação artificial nas entidades dos trabalhadores (as), como por
exemplo a exigência de cotas;
• Em todas as instâncias da APEOESP, a garantia de creche até 12 anos.
167 Defendemos:
• Redução do número de alunos em todas as salas e, em particular, naquelas onde se encontram
crianças especiais;
Sobre a homofobia
168
Os arautos da sociedade capitalista patriarcal, branca e heterossexual, criada sob os modelos
eurocentricos, buscaram, historicamente, perseguir, segregar, estgmatizar aqueles que consideram
uma “anomia”. A orientação sexual diferenciada, ou seja, o homossexualismo e seu exercício por
homens e mulheres (lesbianismo) tem sido objeto de todo tipo de perseguição. Inúmeros casos de
intolerância com este setor tem sido registrado ao longo da história.
169
Para além de situar a questão da sexualidade heterossexual, orientada por um padrão procriativo,
devemos nos ater à negação do prazer vinculada à tradição judaico-cristã, cristalizado pelo dominio
ideológico da Igreja durante séculos. Se é verdade que hoje, outros aparelhos ideológicos, substituem
a Igreja, em particular a grande mídia, é verdade também que a substituem mantendo-a como
matriz. Portanto, a apresentação da homossexualidade nos meios de comunicação se dá de forma
esteriotipada e muitas vezes jocosa. O que parece ser uma maior liberdade para as diferenças é,
de fato, uma depreciação à orientação sexual diferenciada do padrão “oficial”.
170 Se a sexualidade, nas diferentes sociedades de classe, está orientada para o padrão
procriativo, temos que o universo do prazer, parte intrínseca do ato sexual, é apresentado como
um desvio comportamental. Esta interpretação,altamente ideológica, não atinge apenas o universo
homossexual, mas também o universo heterossexual, causa, dentre outras, da manutenção histórica
do discurso: “mulher para casar e mulher para o prazer”, que referenda o comportamento machista.
171 É preciso que resgatemos a dimensão humana da sexualidade, entre homens e mulheres que
trocam histórias afetivas e manifestam a sua sexualidade sem as travas ideológicas inscritas pelos
arautos do patriarcalismo religioso.
172 Que a homofobia seja denunciada em todas as instâncias político-jurídicas da sociedade e do
Estado capitalista, uma vez que entendemos como dispositivo ideológico criado por esta sociedade.
173 Defendemos:
• Elaboração de cartilha sobre o tema para discutir com as crianças, em idade de compreendê-
la, bem como adolescentes, acerca das diferentes orientações sexuais que há em nossa
sociedade, com o objetivo de construir adultos capazes de entender e aceitar a heterogeneidade
do ser humano, contribuindo, assim, para evitar toda sorte de preconceito, em particular aqui,
a homofobia;
• Estas cartilhas devem ser entregues não apenas aos educadores, mas aos pais de nossos
(as) alunos e alunas, uma vez que percebemos preconceitos arraigados no núcleo familiar;
• Que diversidade humana seja objeto de nossas aulas e que para isto nos apropriemos da vasta
literatura científica que existe sobre o tema, tendo como objetivo a quebra de preconceitos, fruto
do obscurantismo e da ignorância.
Sobre o racismo
174 Diferentes sociedades no decorrer de sua história se utilizaram do regime escravista para
poder dominar outros povos e fazê-los sua força de trabalho. Como exemplo de modo de produção
184 Caderno de Teses
TESE 12
preponderante, tivemos a escravidão na Grécia e Roma antigas, os ingleses a utilizaram nas
colônias do Sul dos Estados Unidos, os espanhóis nas Antilhas e os portugueses no Brasil.
175 O Brasil, bem como nos Estados Unidos e Antilhas, utilizaram a mão de obra originária do
continente africano, cuja coloração da pele e modo de produção eram diferenciados dos europeus
dominadores. Estas duas características foram utilizadas pelo Estado e pela Igreja para afirmar
a “inferioridade” do povo de origem africana. Foram cerca de 400 anos sob tal informação. Este
discurso ideológico se inscreveu no imaginário e se expressou no universo de milhões de pessoas,
homens e mulheres. Embora produzido pela classe que dominou, passa a fazer parte do repertório
de milhões de trabalhadores (as).
176 Como resultado de um processo de dominação de um modo de produção sobre outro, portanto,
de um povo sobre o outro, temos que a maioria da população pobre ou abaixo da linha de pobreza,
são negros e negras (aqui não vamos operar com o conceito “mestiços”, os apresentando dentro
do universo de não-brancos). Esta hierarquia fez com que tal grupo de trabalhadores(as) fossem
os que menos acesso teve à riqueza social, seja ela expressa em bem materiais ou imateriais,
portanto, emprego e estudo.
No que tange ao estudo formal parte significativa do abandono da escola ocorre dentro da
177
população negra, pois os jovens, pela sua origem de classe, tem que adentrar , de forma cada vez
mais precária, ao mercado de trabalho e, ademais, parcela ínfima da população tem acesso às
universidades públicas.
178 Como resposta ao primeiro problema, só há uma: garantia de emprego a todos!
179 Como medida intermediária para o problema, propomos a redução da jornada de trabalho.
Sabemos que o capitalismo mantém um exército industrial de reserva, o que, estruturalmente,
dificultaria a nossa bandeira central de pleno emprego. Todavia, a redução da jornada de trabalho é
uma medida que reduziria a necessidade de as crianças adentrarem ao mercado de trabalho formal
e informal tão cedo.
180 Como proposta para o segundo problema, o acesso à universidade, o movimento negro e
setores sociais anti-racistas, promovem as chamadas políticas afirmativas, assentadas nas cotas.
181 Entendemos que estas medidas são insuficientes e, portanto, que qualquer medida que permita
o acesso ao ensino público, sobretudo aos cursos superiores, deve passar pelo fim dos vestibulares
e qualquer ou outro mecanismo seletivo como hoje é o ENEM.
182 Combater o racismo, comportamento que segrega, hierarquiza, inferioriza, não tem sido uma
tarefa nada fácil e, nesse sentido, há que se ter políticas consequentes para os trabalhadores(as)
negros(as), sem que resulte em segregação, disputas e manutenção do racismo que ora atua no
imaginário de muitos, inclusive, de nossa classe.
189 Defendemos:
• Aumento imediato do salário mínimo;
• Paridade entre aposentados e não aposentados;
• Pelo fim da política de bonificação;
• Revogação das Reformas da Previdência de FHC e Lula;
• Envelhecer com dignidade é um direito!
VIII. Estatuto
190 Estatuto - Alterações propostas:
Capítulo II
191 Emenda supressiva
Artigo 9, item b – excluir a palavra Comissão de Ética;
Capítulo III
192 Emenda supressiva
Artigo 22, - suprimir do parágrafo 1º o item l;
Artigo 23,
193 Emenda substitutiva: O Congresso Estadual Sindical e Educacional ocorrerá a cada 2 anos.
194 Emenda substitutiva; substituir parágrafos 2º ao 8º, por: os delegados serão eleitos observadas
a proporção de 1 (um) delegado para cada 10 (dez) associados, nas respectivas unidades escolares.
Capítulo IV
Artigo 24,
195 Emenda substitutiva, substituir por: a Diretoria Estadual Colegiada é constituída por 45 membros.
Artigo 26,
Emenda substitutiva, substituir por: A Diretoria Estadual Colegiada, será composta pelo critério
196
da proporcionalidade direta e qualificada, sem corte.
Capítulo V
Artigo 46,
197 Emenda substiutiva: substituir por: a cada 2 anos haverá eleições gerais para a Diretoria da
entidade.
Emenda supressiva: suprimir: Parágrafo 4º do artigo 47.
198
Artigo 56,
199 Emenda supressiva: suprimir o artigo 56.
Artigo 57.
200 Emenda substitutiva: Substituir artigo 57 por : O Conselho Estadual de Representantes
Assinam:
Subsede Lapa: Silvana, Marcos, Alexandre, Jorge, Margarete, Verônica, Vitória, Evaldo,
Demetrio, Valter, Gilmar, Riviane, Janaína, Aldemir, Diva, Rodrigo, Selma, Ivair, Tamiozzo,
Ubiraci, Gorete, Maristela, Eduardo Barbosa, Marineila Marques, Maria Inês Tamiozzo, Jorge
Henrique. Subsede Sul/Sto Amaro: Severino, Gigi, Erivaldo, Leninha, Claudia Martinho,
Valmira, Marlene, Eni, Paulo Moreno, Gilson, Algenor, Veridiana, Valmelírio, Adecir,AnaMaria,
Antonio José, Domingos, Celso, Eder, Fábia, Helga, Joaquim, Laedson, Leonardo, Marilene,
Oséias, Osvaldo, Tadeu, Teixeira, Valdeci,Vanessa. Subsede Avaré: Anita Aparecida Rodrigues
Marson, Andre Aparecido da Silva Barbosa, Abigail Puccini Rodrigues, Helio Ivan Marson e
Nancy Aparecida Guimarães. Subsede de São Bernardo do Campo: Sidnei Reinaldo. Subsede
Norte: Baltazar Sena. Subsede Sudoeste: Caio Leal Messias. Subsede Vila Prudente: Rafael
Godoi. Subsede São Carlos: Julieta Lui. Subsede Campinas: Elite Silveira. Subsede Jacareí:
Suzete Chaffin. Subsede Rio Claro: Daniel Mittmann. Subsede Marília: Tales Amaro Ferreira;
Edison Fermiano Soares, Sidnilson Roberto Minholi; Maria José Rodrigues de Souza; Eliano
Freitas Silva.
I. Conjuntura Internacional
1 A crise estrutural da economia capitalista é cada vez mais abrangente e acentuada. Se em
2008 veio à tona nos Estados Unidos por meio do crédito artificializado, essencialmente do setor
imobiliário, agora principalmente na Europa mostra seu caráter crônico.
2 O déficit público é um problema em todos os países. Trata-se da manifestação de uma das
versões da crise capitalista. Há pouco, os governos dos principais países da Europa (Alemanha,
Espanha, França, Grã-Bretanha e Itália) anunciaram um corte nas verbas públicas na ordem de
400 bilhões de euros, para dar garantias dos lucros aos grandes capitalistas, sem contar outras
investidas que tratam de reduzir custos em benefício dos monopólios.
3 O governo pró-imperialista grego, George Papandreou, também anunciou um pacote de medidas
com demissões e liquidação das conquistas históricas. Os trabalhadores, ao serem chamados pelas
direções sindicais para se contrapor à ofensiva governamental, junto com a juventude, responderam
com lutas de rua e fortes manifestações, praticamente sitiaram o governo, desenvolvendo violentos
protestos.
4
O governo francês Nicolas Sarkozy, diante do “crack” nos EUA, no final de 2008, realizou
enormes saques dos recursos públicos para socorrer os lucros e os negócios dos capitalistas,
depois (junho/2010), prognosticou mais uma sequência de saques contra a população em geral e
impôs o congelamento dos salários, demissões, corte de verbas e liquidação dos serviços públicos.
Além destes, também aumenta a idade de aposentadoria (reforma da previdência).
O FMI e União Europeia cobraram “menos blá, blá, blá” por parte do governo espanhol Luiz
5
Zapatero (Partido Socialista-PSOE) e ordenaram o efetivo encaminhamento da reforma trabalhista
que, segundo o órgão imperialista, se arrasta há quase dois anos. Exigiram que o PSOE, apoiado
por seu braço dirigente dentro do movimento operário (direção burocrática da União Geral dos
Trabalhadores-UGT), realizasse a implantação das orientações previstas no programa. Zapatero
declarou que “fará o que for necessário para merecer a confiança do mercado”. Estipulou o corte
de € 15 bilhões das verbas públicas; congelou os salários e aprofunda a imposição das reformas.
Essa ofensiva, praticamente, elimina o que resta da proteção dos trabalhadores. Como “socialista”
reforçou que “a greve não vai mudar o seu curso”.
6 Essa ofensiva “do capital” sobre as condições de vida dos trabalhadores espanhóis, com
desemprego em massa e eliminação dos direitos trabalhistas, remonta sobre um índice de
desemprego que já é superior a 20%! Entre a juventude essa taxa de desocupação chega a 40%!
7 Na Itália, Portugal e Alemanha, os déficits públicos, as declarações e resoluções dos governos
vão ao mesmo sentido. As mobilizações e protestos se difundem na Europa, os trabalhadores
tendem pela unificação das lutas como forma de se contrapor à investida dos capitalistas e seus
governos. A experiência histórica do movimento operário europeu, em certa medida, dificulta à
burocrática direção sindical (PSOE) manter os saques no subterrâneo.
8 Quando os reformistas da direção sindical falaram em greve geral, os trabalhadores
demonstraram força para responder à altura a ofensiva do capital: foram às ruas, desenvolveram
fortes ações com potencial de evoluir para um bloqueio geral.
9 Diante da tendência à radicalização das massas, as burocracias sindicais dirigentes da França,
Portugal, Itália, Espanha, Grécia e Alemanha, agora estão empenhadas em desviar os trabalhadores
do caminho das ações diretas, da luta baseada nos métodos da política revolucionária operária
para, ao mesmo tempo submetê-las ao parlamentarismo e demais instâncias do Estado burguês.
Educação - Conjuntura
Os governos Estadual-PSDB e Federal-PT vêm agindo em sintonia para cumprir com as
61
determinações exigidas pelo grande capital. Dão continuidade ao fechamento do ensino estatal.
62 Governo Estadual: Serra/Goldmam - A fragmentação dos professores em várias categorias
designadas por letras, imposição da prova do OFA e a política salarial com diferenciação (apenas
20% pode passar a ganhar alguma migalha a mais) representou um profundo golpe à carreira do
magistério. Mais do que isto, são mecanismos que abrem caminho à imposição de ataques mais
intensos.
Ações do governo, incluindo o concurso de PEB II com o reduzido nº de vagas e intermináveis
63
etapas à cumprir não deixam dúvidas sobre seus objetivos.
Por meio dos seus “representantes” nas Diretorias de Ensino, o Governo Serra/Goldmam já
64
realizou o fechamento de grande quantidade de salas do Ensino de Jovens e Adultos-EJA. Agora,
trata de concluir a eliminação dessa modalidade de ensino presencial.
Com as últimas resoluções adotadas pela Secretaria de Educação Estadual, na prática, o EJA
65
presencial fica extinto uma vez que os alunos que já frequentaram essa forma de ensino e desistiram,
não podem voltar a se matricular, ficando condenados ao ensino à distância e a serem aprovados no
Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e Adultos – ENCCEJA. A instituição
do exame tem por finalidade ratificar o fechamento dessa modalidade de ensino.
66 Em relação ao Ensino Médio, o governo fez ser aprovada a Deliberação N° 77/08 do Conselho
Estadual de Educação – SP. Essa permite transformar 20% dos componentes curriculares da Base
Nacional Comum em “ensino semipresencial”. Considerando que a parte diversificada (25%), não
é obrigatória para o aluno prosseguir os estudos.
67 Conclui-se que a obrigatoriedade do “ensino presencial” fica restrita a apenas 55%. A investida
governamental em S. Paulo, além de decretar o fim do EJA, prepara na prática a transformação de
parte do ensino médio
68 A instituição e obrigatoriedade do ENEM têm por objetivo “legalizar” essa mudança, que decreta
o ensino a distância no nível médio. A promessa de fechar, não só o EJA, mas todo o ensino noturno
As avaliações governamentais
72 O sistema de Avaliações Governamentais : de mérito, Probatório e demais , constitui-se em
mais um aparato para dar sequência à liquidação do ensino estatal, que envolve o desmantelamento
da carreira do magistério, fechamento de modalidades de ensino, municipalização, quebra da
estabilidade, inclusive dos concursados e demissões.
73 O governo Lula instituiu também o ENCCEJA que complementa a extinção do EJA presencial
em escala nacional e para respaldar o aniquilamento do Ensino Médio presencial, decreta também
a obrigatoriedade do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM a partir de 2011. Ou seja, esses
dois exames são complementos importantes para liquidação dessa parte do ensino estatal.
74 Com essas medidas o governo federal avança com determinação do grande capital em escala
internacional, que diante da decomposição capitalista, exige de seus governos a eliminação dos
serviços públicos e dos direitos trabalhistas em geral. É a fórmula utilizada para cortar despesas
com a mão de obra, desvalorizando-a em favor do lucro capitalista.
Conjuntura
76 Combater a política de conciliação e traição da direção sindical com a orientação
consciente revolucionária
77 Internacionalmente os “reformistas”- “social democracia cristã”, “estalinistas” e direções traidoras
em geral - dirigem burocraticamente os sindicatos e Centrais sindicais internacionais, às quais
encontram-se filiadas as Centrais Sindicais nacionais como as brasileiras (CUT, Força Sindical e
CTB), também dirigidas por partidos reformistas burgueses ou sociais democratas.
78 No último período, para se contrapor a investida da burguesia que tem destruído uma a uma as
conquistas do proletariado, internacionalmente os trabalhadores desenvolvem várias lutas ao redor
do mundo com greves e protestos nacionais.
79 Para rechaçar os saques capitalistas dos governos, os trabalhadores gregos, franceses,
espanhóis entre outros, recentemente realizaram grandes greves e duros protestos. Lutas
semelhantes, e pelos mesmos motivos, foram realizadas em todos os países importantes da Europa.
Apesar das direções procurarem enfraquecer e debilitar, a radicalidade foi a marca registrada da
resistência.
Independência
88 A burocracia reformista que dirige a Apeoesp (PT e PC do B), assim como as direções das
principais Centrais sindicais do país, é uma direção completamente atrelada ao governo federal e
defende toda política da governabilidade burguesa.
89 Perante a imposição das medidas do governo estadual - PSDB de desativação da escola pública
a Articulação Sindical-PT apenas adota uma postura que simula combater a ofensiva governamental,
pois trata-se de uma política complementar à do governo federal – PT, que é defendida por essa
direção.
90 Para ocultar sua real posição perante as investidas dos governos, a direção da apeoesp distorce
e omite as reivindicações dos professores. Em relação a questões como a carreira, evolução,
duração da jornada e avaliações governamentais, procura se safar com abstrações e adjetivos como
“avaliação inclusiva”, “avaliações classificatória” ou “pela valorização, dignidade e pelo respeito ao
magistério paulista”. Trata-se de um artifício para defender as avaliações governamentais, é por isso
que troca a reais reivindicações dos professores relativas à carreira do magistério por generalidades
como “dignidade”, “respeito”, “valorização”.
Tanto na CNTE como na direção da Apeoesp, a burocracia (Articulação Sindical e CSC) faz
91
uso dessa verborragia vazia, para esconder sua traição aos olhos dos trabalhadores. Como pode
ser visto, não há nenhuma independência da direção em relação à burguesia, seus organismos e
governos.
92 A conciliação de classe (traição) e atrelamento ao Estado são aspectos complementares e
Oposição
123
No movimento operário nacional, assim como na apeoesp, não se estruturou uma real oposição
à corrompida burocracia reformista do PT, Igreja, PCdo B, PDT. Nas alas da oposição na apeoesp
estão presentes, além do “reformismo aparelhista” e “centrismo” do setor majoritária, por parte
de alguns grupos menores, destacam-se o “apartidarismo” e “ativismo” que consequentemente
terminam por promover o aparelhismo e sectarismo.
124 O maior setor de oposição é marcado pelo “centrismo político” de sua direção (PSTU) que, junto
com lideranças eis petistas, continua a bajular e nutrir o espontaneísmo, apartidário. Dar Respaldo
e termina promovendo uma política anti-marxista, anti-revolucionária e burocrática.
125 Essas características conferem à essa direção uma postura política que conclui com a colaboração
Avaliação da greve
132 A greve e a necessidade de reorganizar a luta - A última greve dos professores teve como
reivindicações:a revogação da prova do OFA (PL 1093) instituída em 2008 , contra a avaliação de
mérito e reajuste salarial.
133 Como ponto principal os professores lutavam contra a prova dos OFA, sobre a qual a direção da
do sindicato tinha entrado em acordo com o governo. Este (introdução da prova dos OFA) feito entre
a burocracia dirigente da Apeoesp e o governo no Tribunal Regional do Trabalho-TRT.
134 Na época, Articulação Sindical-PT afirmava que a avaliação governamental era “classificatória”
e, portanto, não prejudicial. O “acordo” firmado pela direção petista da Apeoesp com o governo
Serra-PSDB realizado às costas do professorado, contou com a ajuda da direção da Oposição
Alternativa (PSOL e PSTU).
135 Os professores objetivaram derrubar a prova. Desde o início da Greve, com manobras nas
assembleias, a Articulação Sindical-PT procurou impedir que as iniciativas da categoria desse o
tom da luta; montou uma unidade de cúpula com as demais diretorias pelegas (Udemo, Afuse, CPP
e Apase) que foi usada para conter e domesticar a resistência. Fez de tudo para reduzir a luta, a
meras manifestações corriqueiras e pacifistas, tirar a luta do caminho da política operária e seus
métodos da ação direta.
A Liga Proletária Marxista que no seu 1º boletim referente à greve destacara a necessidade de
136 romper com o “pacifismo” imposto pela burocracia, apontou os métodos de ocupação, bloqueios e
paralisação de órgãos do governo, apoiou e defendeu a proposta de “ocupação e bloqueio da S.E.”.
Proposta que foi aceita por parte significativa da assembleia.
137 A burocracia diante da situação apoiou-se em um setor da oposição que, equivocadamente,
defenderá a proposta pacifista de “acampamento”. Para reforçar sua posição imobilista, a direção
V. Emendas ao Estatuto
Capítulo I
Art. 2º susbstitutiva na letra “c”: lutar, juntamente com outros setores da população, pela
141 melhoria do ensino, em particular pelo ensino público e gratuito, em todos os níveis;
Por: a) Lutar, juntamente com os demais setores dos trabalhadores pela conquista do Sistema
Único Estatal de Educação em todos os níveis e seu controle pelos trabalhadores.
142
Art. 3º - aditiva/supressiva na letra “a”) independência e autonomia face às organizações e
partidos políticos, organizações religiosas, entidades patronais e ao Estado;
Por: independência e autonomia face aos partidos políticos burgueses, seu Estado e demais
organizações da burguesia.
Capítulo II
143 Art. 9º - supressão da letr “b” que afirma: Os sócios serão excluídos da entidade b) por aplicação
de sanção de expulsão, depois de processo regular, instruído pela Comissão de Ética, julgado pelo
Conselho Estadual de Representantes e referendado por Assembléia Geral, assegurado amplo
direito de defesa.
144 Art. 11º - Aditiva/substitutiva: A contribuição dos associados será fixada pela Diretoria e aprovada
pelo Conselho Estadual de Representantes.
Por: A contribuição dos associados será fixada pela Assembleia Estadual.
145 Art. 13º - Deveres dos associados
146 Emenda : Aditiva/substutiva na letra “b”: acatar e colocar em prática todas as decisões tomadas
pela entidade “APEOESP –Sindicato Estadual”:
Por: acatar e colocar em prática todas as decisões tomadas pela Assembleia Etadual e pelos
Congressos Estaduais durante sua vigência.
147 Emenda: supressão da letra “f” que afirma: cumprir e fazer cumprir o regimento disciplinar
estabelecido pelo Conselho Estadual de Representantes.
Capítulo III
148 Art. 15 – Emenda substutiva – onde afirma: A Assembleia Regional é a Assembleia dos
sócios da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” por Regional ou Subsede, convocado para
as finalidades pre-vistas no artigo 18 (dezoito) e/ou durante processosde grande mobilização e/ou
antecedendo grandes eventos.
Por: A Assembleia Regional é a Assembleia dos sócios da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual” por Regional ou Subsede, convocada sempre que sempre que necessária pelo Conselho
de Representantes de Escolas, direção regional ou 1/3 dos sócios da subsede ou Regional.
Emenda Aditiva
149
acrescentar ao Art. 15: Durante as lutas e grandes mobilizações a Assembleia Regional deve
ser aberta à participação, com direito a voz e voto, da comunidade escolar participante da luta.
150 Art. 16 – Emenda aditiva/substutiva: A Assembleia Geral é a Assembleia de todos os sócios
contribuintes da entidade“APEOESP – Sindicato Estadual”:
Por: A Assembleia Geral é a Assembleia de todos os sócios contribuintes da entidade“APEOESP
– Sindicato Estadual”. Durante processos de luta e grande mobilizações, aberta à participação da
comunidade escolar com direito a voz e voto.
Apresentação
1 Somos o coletivo Apeoesp na Escola e na Luta. A escolha do nome do nosso coletivo não é ao
acaso, ela revela uma concepção de militância sindical e educacional.
2 Somos antes de tudo defensores da escola pública. A universalização do direito à educação
pública de qualidade é uma das condições indispensáveis para existência de uma sociedade
igualitária, livre de opressões, socialista – direito que somente se efetivará como conquista dos de
baixo, não como uma concessão das classes dominantes. É preciso combatividade para avançar
na luta social.
3 Discordamos da visão que encara a escola pública apenas como um aparelho ideológico do
Estado burguês, onde o que caberia ao professor militante é fazer a denúncia do sistema e angariar
novos militantes para a causa socialista. Nessa concepção, a ação militante volta-se mais para fora
da escola e menos para vivência escolar; a prática militante fica dissociada da prática pedagógica.
4 A escola é para nós um campo de disputa. Se é verdade que a escola opera a partir de
determinações desse Estado que aí está, é verdade também que ela é um espaço que permite a
socialização dos meios intelectuais de compreensão crítica da realidade, de formação e exercício
do intelecto, autônomo e libertário do senso-comum.
5 O desafio consiste em encontrar as mediações em que as lutas anticapitalistas, as mais gerais,
se encontrem com as escolares, as mais específicas, no reconhecimento do que a escola pública
carrega de perspectivas emancipatórias e também ao reconhecer seus limites.
6 Não restringimos, portanto, a luta em defesa da educação e por igualdade social aos
espaços sindicais e às manifestações de rua. Lutamos também, e antes de tudo, no dia-a-dia
da escola. Somos professores porque somos lutadores. Por isto defendemos uma Apeoesp na
Escola e na Luta.
I. Conjuntura Internacional
Crise econômica
Como é recorrente no capitalismo, a crise veio. O ciclo de realização de lucros promovido pelo
15 neoliberalismo resultou numa crise econômica de grandes proporções e cujo desfecho, a despeito
do que dizem a mídia e os grandes partido no Brasil, ainda não se deu.
16 Para salvar o capitalismo dos capitalistas os governantes e os organismos internacionais tiveram
de abrir mão do princípio liberal de que a economia é capaz de se auto-regular. Governos ao redor
do globo socorreram com dezenas de trilhões de dólares os bancos, montadoras e inúmeros outros
conglomerados econômicos.
Entretanto, essa maximização do Estado ocorreu apenas para socorrer o capital. Para os
17
trabalhadores o Estado continuou mínimo, ou o que é pior, está se reduzindo. Tomemos o exemplo
da Grécia, onde, mas não apenas lá, a crise prossegue forte. O governo local e a União Europeia
querem transferir para os trabalhadores gregos toda a conta, com redução de salários e reformas
para retirar direitos. O grande capital quer fazer da Grécia um laboratório de socialização das perdas.
A resistência do povo grego é paradigmática para toda a classe trabalhadora mundial.
18 Certo é que a crise não é apenas financeira, apesar de ter se desencadeado a partir da esfera
especulativa. Estamos em meio a uma crise ambiental, energética, social, política, enfim, uma crise
civilizatória, desse modelo de civilização, do sistema capitalista.
19 Ainda que os efeitos mais evidentes da crise tenham arrefecido, as sua causas mais profundas
continuam existir. Os ajustes ocorridos foram suficientes para abaixar a febre, mas não para curar
a doença.
A crise ambiental
20 A irracionalidade do capital, além de perpetuar a profunda desigualdade social, está promovendo
a poluição do planeta, alterando o seu equilíbrio ambiental e esgotando os recursos naturais
O imperialismo
25 Apesar da crise econômica e da competição com a China (que adota o capitalismo de partido
único) ainda cabe à burguesia estadunidense o papel de liderança das forças do capital. Ela tem a
seu favor uma economia nacional ainda incomparável e uma poderosíssima arma – o governo dos
EUA.
26 Desde o fim da URSS, os EUA tornaram-se a maior potência mundial de forma incontrastável
e fizeram avançar o seu domínio imperialista pelo mundo numa escala sem precedentes. Para
garantir a sua liderança, lançam mão das instituições e organismos internacionais sob o seu controle
ou forte influência – ONU, OMC, Banco Mundial, FMI etc. Tudo aquilo que não resolvam por meio
da diplomacia, dos acordos comerciais ou da pressão financeira, é solucionado por meio do seu
gigantesco arsenal militar.
O imperialismo estadunidense ganhou impulso com a eleição de Bush e o 11 de setembro
27 serviu de pretexto para uma nova fase de ação militar. Iniciaram uma cruzada de suposto combate
ao terrorismo e de defesa da democracia. A eleição de Obama encheu de esperança, e de ilusão,
muitos ao redor do globo. Obama manteve a política imperialista. Após terem cumprido a função de
tornar o Iraque uma espécie de protetorado dos EUA, as tropas estão sendo retiradas, ou melhor,
deslocadas mais à leste, onde a guerra no Afeganistão se intensifica.
28 O apoio integral ao massacre promovido por Israel, seu aliado estratégico na região, contra
os palestinos foi mantido. Além disso, seguem ameaçando atacar aqueles que não se curvam aos
seus ditames, como o Irã. A mentira da luta pela liberdade e democracia continua a ser usada para
a ocupação militar de posições geopoliticamente estratégicas, ricas em petróleo e outros recursos
naturais.
Na América, os EUA mantêm tropas na Colômbia a pretexto de combater a produção de
29 drogas (que têm como principal mercado os próprios EUA) e ameaçam ampliar sua intervenção na
Amazônia, de grande riqueza natural e de enorme biodiversidade.
Em Honduras houve um golpe que contou com a participação do governo estadunidense e a
30
postura de Obama foi decisiva para que o golpe se consolidasse. Além disso, as diversas ações
militares dos EUA levaram o país à “terceirizar” as intervenções, como no caso do Haiti, onde o
Brasil, infelizmente, mantém tropas de ocupação numa suposta missão de paz que, na verdade,
mira uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.
Na América Latina
31 A América Latina tem sido na última década o palco do mais interessante e conseqüente
movimento desta resistência ao neoliberalismo. As políticas neoliberais implementadas pelos
IV. Educacional
72 Em defesa das lutas da escola
73 É comum ouvir dizer que a educação é importante, prioritária e coisa e tal, isto já se tornou
lugar comum a ponto de escamotear o curso histórico da conquista de um direito, antes privilégio de
poucos. A educação foi concebida privilegiadamente como um processo social de escolarização de
todos os cidadãos, desde a consolidação dos Estados Nacionais dentro da ordem burguesa.
74 O Estado deve ser o garantidor dos direitos conquistados, à revelia das classes dominantes. Com
a ascensão dos movimentos populares, nos anos 80, deu-se o impulso necessário à organização
de um amplo movimento em defesa da escola pública, culminando numa vigorosa intervenção
nos debates da Constituinte, a ponto de inscrevermos na Constituição a vinculação de recursos
para a educação, movimento que teve continuidade nos debates da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), nas edições do Congresso Nacional de Educação (CONED) e do PNE
da Sociedade Civil.
75 Entretanto, se contarmos entre as nossas conquistas a recente universalização do ensino
fundamental, é preciso reconhecer que já fomos mais fortes e que, a última década foi mais de
resistências para manter os direitos conquistados do que vitórias. Se o acesso ao ensino foi
massificado, as perspectivas históricas e democráticas de que era portador foi fechado, frente ao
neoliberalismo na educação. As consequências na sala de aula nós a conhecemos no dia-a-dia:
minam as possibilidades de satisfazer as melhores condições de trabalho e ensino, desde a infra-
estrutura escolar até a proporção de alunos por professor – em cada sala de aula, mas também no
conjunto de todas as salas a que o professor se dedica.
76 Não há como afirmar que a educação seja prioridade sem o comprometimento dos fundos
públicos voltados à educação e não há prioridade se ela não se traduz em investimentos. Tampouco
há solução, programa ou receita mágicas, como querem nos fazer crer os que confundem política
educacional com peça de campanha publicitária, que não passe pelo debate e o compromisso de
todos e, em especial, dos educadores diretamente envolvidos com os quefazeres da educação. O
financiamento e a gestão democrática da educação são os meios de promover as condições para
um ensino de qualidade social.
FUNDEB
A política de ajuste fiscal prevaleceu no FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
89
da Educação Básica e de Valorização do Magistério. A União assume o papel de regulador do
sistema, meramente suplementar e emergencial para aqueles fundos estaduais que não alcançarem
os valores mínimos estabelecidos. A centralização dos recursos pelo confisco de parte das verbas
municipais e estaduais destinadas constitucionalmente à educação para a composição dos fundos
estaduais e sua “justa” distribuição por aluno matriculado em cada sistema de ensino, reduz o
custo-aluno ao mínimo disponível – e perde qualquer referência à qualidade do ensino. Tudo não
passa de uma competente estratégia para manter, ao custo mais baixo que for tolerável para as
crianças pobres, e só para elas, uma escola pobre.
Municipalização induzida
90 Para reaver seus recursos do FUNDEB, os municípios superlotam as salas de aula; os
Estados, além disso, empurram para os municípios as suas responsabilidades para com o ensino
fundamental – a municipalização foi induzida pela forma e regramento do financiamento e está
repercutindo negativamente nas condições de ensino-aprendizagem dos alunos. Mais alunos por
sala economiza recursos, poupa os governos da contratação de mais professores.
91 O ensino fundamental de 9 anos é um meio de aumentar os repasses para os municípios pelas
regras vigentes do FUNDEB. Contudo, esquece-se da especificidade da educação infantil, dessa
série inicial incluída no ensino fundamental, onde os professores, as metodologias e propósitos
pedagógicos são outros. As crianças têm dificuldades de se adaptar precocemente às novas regras.
92 Quanto ao controle social e democratização da participação das entidades nos Conselhos
do Fundeb, o avanço é parcial. A medida incide apenas nos municípios, que também têm tido
dificuldades de constituir seus conselhos; para os Estados e para a União, entretanto, o conselho
gestor é dominado pelos representantes do governo. Ademais, tais Conselhos debaterão não o
conjunto dos recursos orçamentários da educação, mas apenas aqueles inclusos no Fundeb.
Reforma Universitária
94 Sobre o ensino superior, onde a participação da União é direta na manutenção das Instituições
Federais de Ensino Superior (IFES), o governo abriu novas escolas e campi universitários, o que
é positivo, sem dúvida. No entanto, as medidas e sinalizações do governo acerca da Reforma
Universitária vão ao encontro dos ditames do FMI e do Banco Mundial e em confronto com o acúmulo
histórico dos movimentos sociais.
A lógica é de fortalecer o privado e enfraquecer o público, como se deduz do Programa
95 Universidade para Todos, o ProUni, que expande o ensino superior através da iniciativa privada por
meio de isenção fiscal; as parcerias Público-Privadas (PPPs) que subordinam o interesse público
das IFES à lógica do mercado; a ampliação das fundações que privatizam o espaço público criando
“feudos” privilegiados dentro das universidades. Assim, ao contrário de romper com o modelo
herdado, a reforma caminha justamente no sentido de consolidá-lo.
Por outro lado, o governo quer fazer crer que os setores organizados da sociedade são contra
96
os alunos de baixa renda, e que por isso tanto criticam o ProUni. Para nós, o argumento despolitiza
o debate. Por que o governo não revê a Lei de Mensalidades, permitindo que os inadimplentes
possam permanecer nos cursos, bem como a reavaliação da Lei de Filantropia, com normas que
obriguem as instituições privadas sem fins lucrativos a conceder bolsas? Defendemos sim o acesso
à educação para os estudantes pobres, a partir de políticas cujo centro seja o da universalização da
educação básica com qualidade e da expansão do ensino superior público.
Uma das principais estratégias de diversificação da oferta de educação superior é a educação
97
a distância que teve um crescimento exponencial no governo Lula que flexibilizou a modalidade. O
número de estudantes de graduação na modalidade educação a distância cresceu mais de 8.000 %
entre 2000 e 2007. O setor mais afetado pela modalidade é justamente o que necessitaria de uma
formação mais densa e sistemática: os professores da educação básica.
Outro programa é o REUNI (Reestruturação das Universidades Federais) que é um contrato de
98 gestão em que as universidades públicas devem dobrar a relação entre o número de professores
e o número de estudantes, alcançando a proporção vigente nas particulares, em troca recebem
incentivos financeiros. Nesse caso, o custo aluno foi fortemente reduzido, devendo alcançar a meta
de redução de 50% em 2011. O REUNI também objetiva ampliar as matrículas em mais de 50%
sobre o total de 2006. O orçamento das Federais em 2011 não será muito diferente do existente em
1995, mas o total de matrículas certamente terá sido ampliado em mais de 100%.
Vigiar e punir
113 O controle que a tecnocracia exerce sobre o dia-a-dia da escola não se resume às prescrições
e padronizações pedagógicas, mas vão além – para que o dissenso seja também suprimido.
O estágio probatório não tem outra função senão a de coagir os recém ingressos a seguirem as
determinações da direção escolar e da SEE. É a iniciação à subserviência. A atribuição dos
Fatiamento da categoria
116 A divisão do professorado em diferentes categorias é a clássica fórmula do dividir para governar.
Além disso, a categoria “O” é a instituição do contrato precário temporário. Está em jogo aqui a
contenção orçamentária, inclusive previdenciária. Entretanto, o governo terá dificuldades em fazer
valer a duzentena num contexto de falta de professores.
117 A criação das diferentes categorias veio na esteira da aprovação da SPPrev. A SPPrev foi a
adequação do estado de SP às reformas da previdência em nível federal, consolidando a super
taxação do funcionalismo. A aposentadoria é ferozmente atacada. O achatamento dos vencimentos
dos aposentados é ainda maior, porque a eles não são concedidas as gratificações e é vedada
a competição pelo bônus e pelo mérito. O achatamento dos seus vencimentos está relacionado
também ao modelo de previdência que vem sendo implementado com as reformas de FHC e de Lula
e com as reformas estaduais. Diante de perspectivas de rendimentos tão baixos, os professores,
assim como os demais funcionários públicos, vão sendo empurrados para a previdência privada.
V. Sindical
Gênero
171 As relações de gênero, desiguais, devem ser reconhecidas para serem desconstruídas. Entre
homens e mulheres, a relação sempre se pautou pelos papéis estabelecido cultural e socialmente. Não
são, com efeito, determinados por diferenças biológicas, que em nada justificariam comportamentos,
condutas, qualidades, responsabilidades, habilidades e direitos diferenciados. A capacidade da
mulher para gestar nova vidas não pode significar que, inata e naturalmente, ela tenha certas
qualidades que determinassem seu lugar na privacidade do lar e do cuidado com as crianças, por
oposição ao homem, que tem associado ao seu papel as idéias de força, iniciativa, independência,
responsabilidade com os assuntos públicos, com a política. É assim que as mulheres, quando
ingressam no mercado de trabalho, acumulam duas senão três jornadas de trabalho: a profissional,
antes privilégio dos homens, e a relativa ao lar, como dona-de-casa, além da maternidade.
172 Reconhecer tais papéis como formas culturais e sociais através das quais a dominação se
dá e se reproduz, sutil ou violentamente, exige uma reflexão contínua sobre práticas e condutas
que adotamos corriqueiramente, como cada um e cada uma irrefletidamente assumem tais papéis.
Exige empenho para que também as práticas e condutas possam ser transformadas, como anúncio
da sociedade que almejamos, sem nenhuma forma de exploração.
Cotas
181 As cotas são uma reivindicação do povo negro e não podem ser um fim em si mesmo.
Defendemos a política de cotas, enquanto tática, na medida em que constrói o norte estratégico da
igualdade. É um passo importante para quitar a dívida secular do estado brasileiro com os negros
e negras do Brasil.
182 Posições estreitas, como as vistas no último congresso, em que estar a favor ou contra as cotas
denunciaria o atrelamento ou não às políticas do governo federal, desvirtua o debate. Não se pode
jogar no limbo séculos de luta, que vem lá dos quilombos, priorizando a visão das organizações no
I. Conjuntura Internacional
A crise avança
24 Os países do mercado comum europeu utilizam grande parte de seus esforços para salvar
seus membros que agonizam diante da crise mundial do capitalismo. Os pacotes dos países como
Alemanha, Espanha, França, Itália, Irlanda e Inglaterra estão cheios de cortes de verbas, redução
salarial e congelamentos.
25 A continuidade e aprofundamento da crise estrutural capitalista, com recessão, aumento da
concentração da riqueza, crescimento do desemprego e alastramento da pobreza pela qual passam
os vários países da América Latina, da África, da Ásia, da Europa e inclusive as economias dos
países imperialistas. Expressa o caráter estrutural da crise de super produção capitalista e seu
estágio de desintegração, colocando por terra todas as explicações dos teóricos da burguesia. As
receitas adotadas por seus governos, mundialmente, traduzem-se em mecanismos de intensificação
da exploração da classe trabalhadora.
26 As ações imperialistas intensificam as disputas comerciais por controle de mercados, saques
de matérias primam que desencadeiam as guerras, como ocorre em países do Oriente Médio.
27 A eleição de Obama em nada mudou as atuações dos monopólios estadunidenses frente aos
países atrasados e ao oriente médio, apesar dos discursos pacifistas e de democrática racial em
campanha, o governo de Obama continua com as intervenções militares subjugando as nações.
28 Em curso da crise as empresas recorrem ao seu Estado em busca de metidas protecionistas,
são bilhões liberados pelo banco central dos países com propósito de ajustar o mercado, vimos isso
ocorrer no Brasil, Alemanha, França, Inglaterra etc. as medidas intervencionistas são visíveis nas
America Latina
33 Os vários governos transvertidos de reformistas, perversamente classificados como socialistas
eleitos nos últimos anos em vários países como Chile, Bolívia, Venezuela, Brasil, Equador,
Argentina veio confirmar o caráter neopopulista e traidor das massas. Esses governos com artifícios
diferenciados têm gestado uma política pró-burguesa e imperialista, As várias lutas e protestos dos
trabalhadores, apesar de enfraquecidas por suas direções, são demonstrações da disposição em
combater e enfrentar a exploração capitalista.
34 Muitas organizações de esquerdas degeneradas afirmam que nesses governos estão o
socialismo do século XXI e que, portanto temos que defender suas políticas. Nessas afirmações não
há nada de cientifico, primeiro que na fase imperialista do capital não cabe reformas, ao contrário
a burguesia avança na liquidação da conquistas da classe trabalhadora para garantir a sobrevida
de seus monopólios mundialmente. Segundo. Conforme o marxismo já comprovou, não se constrói
uma sociedade socialista sem a violência revolucionária, sem a ditadura do proletariado.
35 É preciso derrotar e apartar o reformismo e nacionalismo burguês pacifista das lutas dos
trabalhadores, fustigando-os e denunciando o quão traidora são sua política perante as massas,
seu pretenso e falso apoliticismo e apartidarismo.
Oriente Médio
41 A política imperialista para o Oriente Médio é marcada pelas disputas bélicas, que se manifesta
sob dois interesses: o liderado pelos EUA e a Inglaterra fazendo as ocupações e intervenções
militares diretas, (Afeganistão, Iraque,) e quando isso não é possível, esse bloco (EUA e a Inglaterra)
utiliza-se do braço direito do imperialismo norte americano, na região, que é o Estado de Israel
para alcançar seus objetivos. Através deste, tem-se realizado intensos massacres à Palestina e
Líbano. Por outro lado temos um segundo bloco imperialista representado por França e Alemanha,
que não se colocam prontamente ao lado das ocupações realizadas pelos EUA/Inglaterra/Israel,
evidenciando seus laços comerciais existentes nesses países ocupados, tanto é assim que ao
mesmo tempo, procura através da ONU subjugar o Estado Libanês e os demais da região.
O método da paz armada só serve ás nações imperialista enquanto isso todas as demais países
42
sem tecnologia nuclear deve se sucumbir a armas dos imperialistas
43 As massas exploradas desses países têm lutado incansavelmente contra a exploração burguesa/
imperialista, que se dá com invasões, intervenção militar e guerras imperialistas por toda parte
(Afeganistão, Palestina, Iraque, Líbano). Em razão da ausência da direção classista revolucionária
do proletariado (o partido revolucionário da classe) mesmo mediante as pressões das massas,
as direções burguesas e pequeno-burguesas vêm conseguindo através do controle político e de
seus métodos (foquismo, terrorismo religioso...), condicionar a energia revolucionária das massas
a potenciar seu poder de barganha perante o imperialismo norte americano, no que diz respeito à
continuidade da exploração dos trabalhadores e das riquezas naturais da região.
44 As guerras imperialistas representado para os trabalhadores, a carnificina em massa que
ceifa milhares e milhares de vidas (mulheres, crianças, jovens idosos...) além de representar a
precarização ao extremo, das condições de vida daqueles que continuam a viver, lutar e trabalhar.
45 Os trabalhadores dessa região não devem tolerar nem a opressão imperialista norte americana,
através do Estado Sionista de Israel com a carnificina de suas guerras e invasões, nem as sanções
(via a ONU) contra seus povos, bem como, não deve suportar a continuidade da exploração da
burguesia nativa, que lhes impõe condições de vida cada vez mais miseráveis e a barbárie social
em que se encontra a juventude e massa trabalhadora dessa região.
46 Não esquecemos que os componentes dessa burguesia, tendem a manterem-se aliados
a um ou outro setor do imperialismo capitalista, que vivem da exploração das massas enquanto
verdadeiros magnatas, impondo-lhes os mais cruéis castigos e privações, e mantém seus regimes
de castas (Monarcas, xeiques etc).
47 Não devemos estimular nenhuma frente entre esses trabalhadores e sua burguesia nativa,
submetida ao foquismo nacionalista ou aos organismos desta. As massas exploradas devem lutar
junto a todos setores oprimidos do Oriente Médio, incluindo os setores “rebeldes” de sua burguesia,
intensificando as ações de combate à opressão, saques e invasões da ofensiva imperialista, porém
com independência, autonomia política e organizativa dos trabalhadores, através do desenvolvimento
e construção de seus organismos classista, e não submetidos e dirigidos pelas organizações da
burguesia (seitas, conselhos religiosos etc).
48 O combate das massas exploradas ao imperialismo é parte da luta contra a exploração
V. Balanço
VII. Estatuto
Propostas de Emendas
Capitulo I
133 Artigo I –
134 Artigo II – Emenda substitutiva na letra “C” com a seguinte redação: lutar juntamente com
outros setores dos trabalhadores pela melhoria e ampliação e conquista de um sistema
único estatal de ensino para todos os níveis.
135 Artigo III – emenda aditiva/supressiva Após a palavra “face” acrescentar: a burguesia, suas
organizações (partidos burgueses,
Organizações patronais e o Estado.
I. Conjuntura Internacional
Governo Lula – ataques aos direitos dos trabalhadores, euforia dos banqueiros
27 O governo enviou ao Congresso um projeto de lei complementar que limita a folha de salários
da União a um crescimento anual de 1,5% (já descontada a inflação) até 2016. Esta é uma das
medidas do PAC. Esse percentual não corresponde sequer ao crescimento vegetativo da folha de
pagamento, o que significa reajuste zero nos próximos dez anos. Dessa forma, se depender do
governo, 2011 será mais um ano de desemprego e arrocho salarial para os trabalhadores.
Os banqueiros são os verdadeiros governantes do país a ponto do Ministério da Fazenda ter
28
reduzido os juros da poupança a pedido da FEBRABAN, o que significará redução significativa dos
depósitos do FGTS, num verdadeiro assalto aos trabalhadores. Os banqueiros continuam batendo
recordes de lucros. O mais irônico é a defesa de Lula a estes lucros absurdos, afirmando que é
melhor os bancos terem lucros do que prejuízos. Esqueceu de dizer que estes lucros irracionais, são
resultado direto da política de arrocho salarial e escravização dos bancários, dos péssimos serviços
prestados aos clientes e da política econômica do seu governo, com as maiores taxas de juros do
mundo.
29 Outro mecanismo que o governo encontrou para favorecer os banqueiros é a troca da dívida
externa pela dívida interna. Enquanto a dívida externa foi reduzida de U$ 230 bilhões em 2003, para
U$ 203 bilhões em fevereiro de 2007, a dívida pública alcançou em julho de 2009 a ultra-gigantesca
cifra de R$ 2,160 trilhão ou cerca de mais de U$ 1,2 trilhão de dólares, uma política que fere a
Constituição Federal, que determina uma auditoria na dívida externa para identificar formalmente
quem ganhou de fato com a política sistemática do endividamento.
30 Em 2009, o governo Lula destinou 380 bilhões de reais do orçamento da União, para engordar
os lucros dos banqueiros, ao mesmo tempo gerou um superávit primário (economia de recursos
para o pagamento da dívida, obtida por meio de aumento de arrecadação de tributos e corte de
gastos públicos) equivalente a R$ 64,5 bilhões ou 2,06% do PIB (Produto Interno Bruto, tudo que
o país produziu durante o ano). Porém, este superávit não foi suficiente para pagar sequer os juros
da dívida, que atingiram 5,4% do PIB no período.
31 Vale ressaltar que o superávit primário não é a única fonte de recursos para o pagamento da
dívida, que também se reforça na emissão de novos títulos, da remuneração da Conta Única do
Tesouro, do lucro do Banco Central, dentre outras fontes, valendo enfatizar a destinação de todos
os superávits financeiros existentes em quaisquer contas ao final do ano, conforme a questionável
Medida Provisória 450, convertida na Lei nº 11.943, de 2009.
32
Analisando-se a execução do orçamento federal em 2009, podemos ver a distribuição de
recursos (que totalizaram R$ 1,068 trilhão no ano). As despesas com o serviço da dívida (juros
III. Sindical
Financiamento
91 Aumento imediato do percentual do PIB destinado à educação para 15%, que busque
compatibilizar e equalizar o custo aluno/ano na educação básica e superior. Somos contrários a
política de fundos, pois os mesmos se inserem na lógica de concentrar os recursos existentes em
um determinado nível de ensino, não representando aumento nos investimentos em educação; via
de regra acabam fortalecendo a redução das receitas educacionais e o arrocho salarial. Verbas
públicas apenas para educação pública estatal. Gastos em educação entendidos apenas como
os recursos destinados para as atividades fins e respeitar a autonomia escolar na aplicação dos
recursos e desenvolvendo mecanismos de controle organizados pela própria comunidade escolar.
Concepção
Defendemos a escola pública-estatal organizada pelos trabalhadores como espaço alternativo
92
de construção de um conhecimento voltado para a transformação da sociedade capitalista fundada
na desigualdade social, que submete a imensa maioria social a exploração e a miserabilidade. Essa
escola deve corresponder as necessidades dos filhos da classe trabalhadora, com base no processo
de construção dos conhecimentos como instrumento de emancipação e libertação da opressão
capitalista. Nesse sentido os professores devem atuar como mediadores entre o conhecimento já
produzido e sistematizado pela humanidade e sua consequente apropriação pelos educandos. A
construção do conhecimento deve ser entendida como elemento constitutivo da própria construção
da identidade de classe.
Avaliação
94 A avaliação educacional externa tem sido desde os anos noventa apropriada pela política
neoliberal como instrumento de punição e perseguição aos professores. Num primeiro momento
com o pretexto de que o objetivo seria para diagnosticar as dificuldades dos alunos, o estado passou
a vincular a avaliação ao processo de progressão na carreira e o congelamento dos salários. Nesse
sentido a criação do IDEB pelo Ministério da educação tem sido um instrumento fundamental de
pressão sobre as escolas e os professores, congelamento salarial, terceirização e privatização da
educação pública.
95 A avaliação por desempenho ou meritocracia com base numa prova adotada pelos tucanos em
São Paulo, está fazendo escola. O governo petista da Bahia resolveu adotar este ano a mesma
meritocracia do governo tucano paulista, o que não é novidade visto que esta política foi deliberada
pelo governo federal através do Decreto 6094/07, artigo 2°, que prevê no inciso XIII - implantar plano
de carreira, cargos e salários para os profissionais da educação, privilegiando o mérito, a formação
e a avaliação do desempenho; XIV - valorizar o mérito do trabalhador da educação, representado
pelo desempenho eficiente no trabalho, dedicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade,
realização de projetos e trabalhos especializados, cursos de atualização e desenvolvimento
profissional; XV - dar consequência ao período probatório, tornando o professor efetivo estável após
avaliação; de preferência externa ao sistema educacional local.
96 Percebe-se que o governo Lula é o grande articulador de toda essa política aplicada pelos
governos tucanos, petistas e adjacentes em todo país. No Estado de São Paulo o SARESP tem
sido ao longo dos anos um poderoso instrumento dos tucanos para perseguir, punir e difamar os
professores, pois tem se limitado a medir as dificuldades dos alunos e fomentar políticas de assédio
moral, ataques e arrocho salarial, na medida em que o objetivo não é melhorar efetivamente a
educação pública e sim criar as condições para justificar a sua privatização.
97 Do ponto de vista da metodologia de avaliação na escola, permanece a política de aprovação
automática implementada em 1997, convertida num instrumento de desestímulo à aprendizagem
e de descaracterização do trabalho docente. Na maioria das escolas tanto no ensino fundamental
como no ensino médio, os professores são coagidos a aprovar os alunos independente destes
aprenderem efetivamente ou não, o que contraria inclusive a própria legislação educacional e fere
a autonomia e a liberdade de cátedra.
98 Nesse sentido, para que a escola possa garantir um processo de avaliação oportunidade e
melhores resultados faz-se necessário: JORNADA 20 horas aulas; sendo 50% em sala de aula,
25% em hora atividade coletiva e 25% em hora de trabalho de livre escolha do docente. Inclusão
das horas de janelas na jornada de trabalho docente; SALÁRIOS: Piso do DIEESE por 20 horas e
incorporação das gratificações e do bônus aos salários, Revogação da Lei Complementar 1097/09
e extensão a todos os professores dos 25% já concedidos. Reposição de todas as perdas salariais;
EVOLUÇÃO: por tempo e título, ou a combinação dos dois critérios, caso em que a evolução será
duplicada. Pontuação da participação do professor em atividades correlatas à carreira, para fins de
evolução. Cursos de graduação, pós graduação, mestrado e doutorado. Redução dos intervalos
de evolução para 2 anos e carreira aberta. CARREIRA: realização de concurso público para todas
as disciplinas e Revogação da Lei Complementar 1094/09. Efetivação de todos os aprovados
em concurso público, vínculo e garantia de salário para o professor eventual. Revogação da Lei
Currículo
99 A centralização e verticalização curricular imposta pelo governo tucano em São Paulo, com
as cartilhas do programa “São Paulo Faz Escola”, impôs um currículo sintonizado com as políticas
públicas neoliberais induzindo a um ensino acrítico, reforçando a ideologia dominante e os
mecanismos de poder do Estado burguês liberal. Inclusive com a produção de materiais repletos
de erros grosseiros ou de conteúdo impróprio para a idade dos alunos, a exemplo de mapas
geográficos com o território sul americano desfigurado “dois Paraguais”, informações históricas
, entre outros. Esses episódios reforçam a nossa análise de que a classe dominante não tem a
mínima preocupação com a escola pública, a qual o papel reservado é apenas de fazer com que
os jovens passem pela escolarização sem a mínima preocupação com a formação dos mesmos.
100 Nesse sentido a grande maioria das escolas estaduais tem assumido um papel de reprodução
do repertório do sistema capitalista, inclusive com uma prática totalmente antidemocrática. Os
próprios projetos pedagógicos e os respectivos conselhos de escola têm sido composto sem o
processo democrático e sem a participação da comunidade escolar nas suas decisões.
101 Apesar dessa realidade entendemos a escola como um espaço de disputa política e de
concepção da sociedade, cabendo aos lutadores socialistas travar o combate necessário contra a
ideologia burguesa, tendo em vista que as contradições são cada vez mais agudizadas e marcados
por conflitos com a política neoliberal.
102 Professores, alunos e pais, devem intervir nesse processo, dando uma forma organizada para
as lutas que se travam no interior das escolas, exigindo a democratização dos instrumentos de
decisões, no sentido de que todos passem a ser sujeitos do processo educacional, enfrentando as
lutas sociais tendo como objetivo a construção de uma nova sociedade fundada nos valores coletivos
e socialistas. Temos claro o papel da escola na sociedade de classes, o que exige aproveitá-la
como espaço privilegiado da disputa ideológica, criando trincheiras de reafirmação do projeto de
transformação socialista.
103
Nesse sentido, defendemos que o currículo escolar deve ser resultado de uma ampla discussão
com a comunidade escolar de toda rede estadual e que os materiais didáticos devem ser produzidos
pelos próprios professores das escolas públicas em suas respectivas disciplinas.
V. Balanço
142 NO SINDICATO:
• Criação da Secretaria de Mulheres e LGBTT
• Creche nas atividades do sindicato para crianças até 12 anos
• Estudo em parceria com as universidades públicas sobre a situação da categoria, em especial
sobre as mulheres
VII. Estatuto
165 Nos últimos Congressos, a Oposição Alternativa têm apresentado propostas de mudanças
estatutárias visando a melhoria da organização e da atuação da Apeoesp. Nesse sentido a conquista
da proporcionalidade, mesmo limitada, possibilitou democratizar em parte a estrutura do sindicato,
apesar do controle, burocratização e individualização das decisões ainda serem fortes.
166 Nesse sentido, é fundamental atualizar o Estatuto, visando aprimorar esses avanços evitando
mudanças que burocratizem ou inviabilizem ainda mais a democracia sindical. Avançando para
eleições nas subsedes, por chapa, respeitando-se na composição da executiva a proporcionalidade
direta e qualificada.
167 Não aceitamos a proposta do setor majoritário, gestada, desde o último congresso, de
Assembleias com credenciamento. Essa proposta acentua o engessamento do sindicato e inviabiliza
a democracia. A nosso ver, para isso mostra a intenção da Articulação Sindical/Artnova (se é que
ainda exista essa separação) de limitar a participação da base da categoria, uma vez que para isso,
as assembleias só poderão se realizar em locais fechados ou em ginásios de esportes, o que requer
um grande esforço estrutural.
É certo que as assembleias da categoria, em alguns momentos foram pequenas, mas no último
168 período, o governo só recuou com nossas grandes manifestações de rua. Limitar a participação
com o credenciamento em assembleias mostra a real intenção do setor majoritário da APEOESP de
não mobilizar para não enfrentar os governos e não desgastar o governo federal.
169 Também achamos completamente equivocada a proposta de aumentar a executiva estadual
para 35 membros – como propõe o bloco ARTSIN/ARTNOVA – pois é apenas uma fórmula para
aumentar o número de diretores liberados – mais gente afastada da sala de aula – sem nenhum ganho
importante para a organização da categoria – os professores precisam reforçar sua organização por
local de trabalho; não enfraquece-la afastando mais gente das escolas.
170 Propostas estatutárias:
Artigo 5º
171
Aditiva após o Parágrafo 3º:
A entidade “Apeoesp - Sindicato Estadual” contará com um fundo permanente de incentivo à
publicação de livros e atividades culturais de professores constituído de 0,5% da arrecadação das
contribuições dos associados.
OPOSIÇÃO ALTERNATIVA
18 Lembramos que admiráveis exemplos e iniciativas pioneiras nesse sentido já estão consolidados
em muitos lugares deste país e por incrível que pareça, em muitas instituições sindicais de direita.
Apresentamos aqui a nossa vontade de construir juntos um novo sindicalismo, solidário, plural,
combativo e que seja esta a resposta tão reclamada pela nossa categoria.
Bibliografia:
Clemente, Carlos Aparício – in Trabalhando com a Diferença; Responsabilidade Social e inclusão
de portadores de deficiência – 1ª edição
Baptista, Cláudio Roberto – in Conhecimento e Imagens – Editora Meditação RS
Andrade, Carlos Drummond de – in Antologia Poética
Marletto, Ana Cláudia – in Manual de Convivência – Sec. Municipal de Educação de SP.
Sobre a educação
12 A educação em geral, e a educação pública em particular, estão no centro do debate há
décadas na sociedade brasileira. Inúmeras personalidades representativas das organizações dos
trabalhadores e da burguesia tem participado da discussão.
13 A educação é por todos apresentada como setor estratégico para a solução dos problemas
crônicos da sociedade. Muitas receitas são apresentadas. Nos dias que correm, o presidente da
FIESP promete generalizar o modelo do SESI, supostamente exemplar, para a educação pública no
estado de São Paulo, para dar um exemplo.
14 Muitos se espantam com o caos em que se encontra a educação pública. Consideram extrema
irracionalidade que os governantes, os políticos, como dizem, não percebam que a educação
merece maiores investimentos. Consideram absurdo que não se perceba que os profissionais da
educação precisam ser valorizados.
15 Não pensamos assim. Compreendemos que a maioria das pessoas assim pense, mas não
nos surpreende o caos em que se encontra a educação pública. Esse caos é programado e é
perfeitamente funcional à classe dominante na sociedade capitalista. A burguesia, através das suas
agências públicas e privadas, toma medidas para que as coisas funcionem desta forma, porque é
assim que ela preserva seus interesses de classe.
16 Para compreender tal situação, é preciso não colocar a educação acima da luta de classes.
É preciso superar os falsos consensos, os lugares comuns. É preciso assumir o ponto de vista do
proletariado na luta de classes.
29 No entanto, através de uma poderosa rede de formação, informação e difusão, que inclui
as universidades, a imprensa burguesa e intelectuais a seu serviço, a burguesia joga a culpa
da precarização da educação pública nas costas dos profissionais da educação, que seriam os
responsáveis pelos problemas, porque seriam mau formados, porque faltam ao trabalho, porque
fazem paralisações, etc.
30 Embasados nesses argumentos, os governantes de plantão, em todos os níveis – federal,
Art.1º - A APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo,
fundado na cidade de São Carlos (SP) em treze de janeiro de mil novecentos e quarenta e cinco,
sob a denominação de Associação dos Professores do Ensino Secundário e Normal do Estado
de São Paulo (APESNOESP), posteriormente denominado Associação dos Professores do Ensino
Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), organizado sem fins lucrativos, sem discriminação
de raça, credo religioso, gênero ou convicção política ou ideológica é uma entidade de caráter
sindical, assentada nos princípios insertos no artigo 8º da Constituição da República, cuja base
territorial compreende os limites geográficos oficiais do Estado de São Paulo, com duração por
prazo indeterminado, com sede e foro na Capital do referido estado da Federação e integrada por
docentes e especialistas em educação das Redes Públicas do Estado de São Paulo;
Parágrafo único - A APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de
São Paulo fará uso, para todos os fins e efeitos, internos ou externos, da expressão “APEOESP –
Sindicato Estadual”, como sigla oficial.
Art.2º - A entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”, que não possui fins lucrativos e que,
portanto, não distribui lucros, propõe-se a organizar e representar os docentes e especialistas em
educação das redes públicas oficiais do Estado de São Paulo e tem por finalidade:
a) defender os interesses e direitos, individuais e coletivos da categoria profissional que representa,
inclusive nas instâncias judiciais e administrativas competentes;
b) desenvolver e organizar encaminhamentos conjuntos visando à unidade e à unificação de todas
as entidades representativas dos trabalhadores em Educação, no âmbito do Ensino Público;
c) lutar, juntamente com outros setores da população, pela melhoria do ensino, em particular pelo
ensino público e gratuito, em todos os níveis;
d) manter intercâmbio e convênios com organizações de caráter sindical, educacional ou cultural,
nacional e estrangeiras, sobre assuntos de interesse da categoria;
e) lutar, ao lado de outros trabalhadores, por liberdade de organização, manifestação e expressão
para todos os trabalhadores;
f) – lutar pela proteção do patrimônio artístico, histórico e cultural em sua base de atuação territorial,
inclusive quando esta ação for complementar às demais finalidades tratadas nas alíneas “a” até
“e” do presente Artigo “.
Art.7º - No caso de dissolução, o que se dará por decisão da Assembléia Geral, especialmente
convocada para este fim, o patrimônio da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” será destinado
a uma organização congênere.
CAPÍTULO II
DO QUADRO SOCIAL: DIREITOS E DEVERES DOS
SÓCIOS E REGIME DISCIPLINAR
Art.8º - Têm direito a ser sócios da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” todos os
trabalhadores vinculados ao Quadro do Magistério ativos e aposentados das redes de Ensino
Público do Estado de São Paulo.
§ 1º - São dependentes dos associados, para fins de benefícios sociais e assistenciais oferecidos
pela entidade, o cônjuge ou companheiro(a), independentemente de diversidade sexual, os pais e
filhos menores e os demais dependentes legais.
§ 2º - Os dependentes de associados falecidos continuarão gozando dos benefícios sociais e
assistenciais desde que contribuam com as mensalidades.
§ 3º - “ Os dependentes dos sócios só serão assim considerados se estes próprios não puderem
se filiar ao sindicato. Em caso contrário, estes, para que possam fazer uso dos benefícios do
sindicato, deverão se filiar”.
§ 4º - Caso o professor ou especialista em educação venha a perder o vínculo com as redes
Art.11º - A contribuição dos associados será fixada pela Diretoria e aprovada pelo Conselho
Estadual de Representantes.
CAPÍTULO III
DOS ÓRGÃOS DELIBERATIVOS
Art.17 - As Assembléias Regionais e as Assembléias Gerais serão convocadas até 24 horas após
o recebimento da solicitação e instaladas no dia, hora e local previsto pelos solicitantes, observado
o intervalo mínimo de 5 (cinco) dias entre a convocação e a instalação das mesmas.
Art.19 - As Assembléias terão suas convocatórias publicadas em jornais não oficiais de grande
circulação e afixadas em lugar visível na sede da entidade e Subsedes/Regionais e através de todos
os meios de comunicação ao alcance da entidade.
Art.20 - Todas as solicitações deverão mencionar a pauta dos trabalhos a serem desenvolvidos
pelas Assembléias os quais deverão constar das convocatórias.
CAPÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS EXECUTIVOS
Art.24 - A Diretoria Estadual Colegiada é constituída por 120 membros, dos quais 27 integram a
Diretoria Executiva, esta composta dos seguintes cargos: Presidente; Vice-Presidente; Secretário
Geral; Secretário Geral Adjunto; Secretário de Finanças; Secretário de Finanças Adjunto; Secretário
de Administração e Patrimônio; Secretário de Administração e Patrimônio Adjunto; Secretário de
Assuntos Educacionais e Culturais; Secretário de Assuntos Educacionais e Culturais Adjunto;
Secretário de Comunicações; Secretário de Comunicações Adjunto, Secretário de Formação;
Secretário de Formação Adjunto; Secretário de Legislação e Defesa dos Associados; Secretário de
Legislação e Defesa dos Associados Adjunto; Secretário de Política Sindical; Secretário de Política
Sindical Adjunto; Secretário de Políticas Sociais; Secretário de Políticas Sociais Adjunto; Secretário
para Assuntos de Aposentados; Secretário para Assuntos de Aposentados Adjunto; Secretário
Geral de Organização; Secretário de Organização para a Capital; Secretário de Organização para a
Grande São Paulo e dois cargos de Secretário de Organização para o Interior.
§ 1º - Os demais membros da Diretoria Estadual Colegiada exercerão o cargo de Diretor Estadual.
§ 2º - O Regimento Interno da Diretoria Estadual Colegiada regulará a participação dos seus
membros nas diferentes secretarias, bem como fixará as atribuições dos diretores estaduais,
garantindo-se a sua ação colegiada.
§ 3º - A Diretoria do sindicato exercerá suas funções gratuitamente.
Art. 25 - Na hipótese de uma das chapas concorrentes às eleições para composição da Diretoria
Art.37 - Ao Secretário de Legislação e Defesa dos Associados compete organizar e zelar pelo
funcionamento da Assessoria Jurídica e da Assessoria de Defesa dos Associados.
Art.41 - Aos Secretários de Organização para a Capital, para a Grande São Paulo e para o
Interior compete organizar a Secretaria de Subsedes/Regionais da Capital, Grande São Paulo e
Interior.
Art. 43 - No caso de vacância para os cargos da Diretoria Estadual Colegiada haverá substituição
do membro faltante, que será indicado pela chapa que originalmente havia indicado o diretor a ser
substituído, dentre os membros nela inscritos para o pleito estadual.
§ 1º - haverá vacância somente nos casos em que qualquer cargo da Diretoria Estadual
Colegiada restar vago:
c) – ou quando houver solicitação do cargo ocupado, por um diretor; pela chapa que no processo
descrito no Artigo 26, § 4º deste Estatuto, originalmente, escolheu o cargo em questão, desde que
a Chapa comprove a existência de Convenção neste sentido e após ouvida a DEC.
§2º - nos casos em que a substituição se fizer necessária na Diretoria Executiva, o substituto será
um membro da Diretoria Estadual;
§3º - nos casos em que a substituição se fizer necessária na Diretoria Estadual, o substituto
será um membro da chapa que originalmente havia indicado o diretor a ser substituído, dentre os
membros nela inscritos e que não esteja ocupando cargo na Diretoria Estadual Colegiada;
§ 4º- O diretor que ocasionar vacância pela renúncia fica impossibilitado de retornar à diretoria
até o término da gestão para a qual foi eleito.
Art. 44 - Haverá substituição, nos mesmos moldes descritos no “caput” do artigo anterior, quando
o afastamento do membro da diretoria estadual colegiada ocorrer em virtude de participação daquele
em qualquer eleição fiscalizada por qualquer dos tribunais regionais eleitorais, ou pelo tribunal
superior eleitoral, enquanto perdurar a necessidade do afastamento.
Art.46 - A cada 3 (três) anos, durante o bimestre de maio/junho, haverá eleições gerais para a
Diretoria da entidade.
Art.48 - Até 60 (sessenta) dias antes das eleições, o Conselho Estadual de Representantes
marcará a data das mesmas, assim como designará a Comissão Eleitoral.
§ 1º - a Comissão Eleitoral será formada por cinco sócios efetivos, dentre os quais, um presidente;
§ 2º - a Comissão Eleitoral registrará em livro próprio as chapas concorrentes até 30 dias antes
das eleições.
Art.50 - Será garantido o livre acesso das chapas concorrentes a todos os meios de divulgação
da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”.
Art.51 - A Comissão Eleitoral expedirá normas especificando modelos de cédulas e atas eleitorais
e condições de apuração dos votos.
§ único - O Conselho Estadual de Representantes determinará, a cada eleição, se as urnas serão
fixas e/ou volantes.
Art.52 - Os conflitos surgidos na Comissão Eleitoral serão resolvidos pelo Conselho Estadual de
Representantes.
Art.53 – Observado o prazo de duração dos respectivos mandatos, as eleições para o Conselho
Estadual de Representantes e para o Conselho Regional de Representantes ocorrerão, conforme o
caso, no período de maio/junho ou de setembro/outubro/novembro.
§ 1º - não há impedimento a candidatura simultânea à Diretoria e aos Conselhos de Representantes,
ficando, entretanto, proibida a acumulação de votos de diretor da “APEOESP – Sindicato Estadual”
Art.54 - Nas eleições para representantes estaduais e regionais serão eleitos suplentes em igual
número ao de representantes.
§ 1º - para efeito do disposto no capítulo deste artigo, consideram-se suplentes dos representantes
estaduais os membros eleitos para o Conselho Regional de Representantes não eleitos para o
Conselho Estadual de Representantes, obedecida a ordem decrescente de votação.
§ 2º - Consideram-se suplentes do Conselho Regional de Representantes os candidatos não
eleitos nos termos deste Estatuto, respeitada a ordem decrescente de votação.
Art.55 - As eleições serão feitas pelo voto direto e secreto, ficando a critério da reunião de
representantes de escola a deliberação acerca de urnas fixas e/ou volantes. O número de votados
será igual até 30% dos inscritos, arredondadas as frações para mais.
Parágrafo único - A responsabilidade pelas eleições de representantes regionais e estaduais
caberá à Executiva da Subsede ou Regional, e onde não houver, o Conselho Estadual de
Representantes designará responsáveis.
Art.59 - Haverá único pleito para a escolha dos representantes estaduais e regionais,
considerando-se eleitos para o Conselho Estadual de Representantes, aqueles que, eleitos para o
Conselho Regional de Representantes que obtiverem o maior número de votos e observado o limite
de representantes da Subsede fixado no artigo 57 deste Estatuto.
Art.61 - Por decisão soberana da Assembléia Regional a Executiva poderá ser destituída no todo
ou em parte, desde que a Assembléia:
a) seja solicitada por um número de sócios da Subsede/Regional pelo menos igual a 10% (dez por
cento) do número de associados vinculados à Subsede;
b) eja convocada com antecedência mínima de dez dias;
c) tenha quorum correspondente a 10% (dez por cento) do número de associados vinculados à
Subsede;
d) a decisão seja tomada por maioria absoluta.
Parágrafo único - Se a Executiva não convocar a Assembléia num prazo de 24 horas após
receber a solicitação para a hora e local determinados pelos solicitantes, estes poderão fazê-lo.
Art.62 - Por decisão soberana da maioria absoluta, a mesma Assembléia de destituição elegerá
um Conselho Executivo de 3 (três) membros que se responsabilizará pela gestão da Subsede até a
posse dos integrantes da Executiva da Subsede eleitos nos termos deste Estatuto.
Parágrafo único - Nos casos de destituição de que cuida este artigo, serão convocadas eleições
para a Executiva da Subsede no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, cabendo à própria
Assembléia Regional ou, por delegação desta, à primeira Reunião de Representantes (RR),
imediatamente posterior, definir a data.
Art.63 - Por decisão soberana da Assembléia Geral a Diretoria poderá ser destituída, no todo ou
em parte, desde que a Assembléia Geral tenha:
a) sido convocada especialmente para este fim pelo Conselho Estadual de Representantes ou por
10% do número de associados;
b) tenha sido convocada por, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) mais um do número total de
membros do Conselho de Representantes Estaduais;
c) tenha sido convocada com antecedência mínima de 20 dias;
d) tenha quorum mínimo de 10% do número de associados;
e) a decisão seja tomada por maioria absoluta.
Parágrafo único – Não se aplicam as regras do presente artigo ao caso descrito na alínea “c”, do
parágrafo 1º do Artigo 43, do presente Estatuto.
Art.64 - No caso de destituição, a Assembléia Geral elegerá, por maioria absoluta, um Conselho
Executivo que se responsabilizará pela gestão da entidade até a posse da nova diretoria a ser eleita
nos termos deste Estatuto.
Parágrafo único - No caso de destituição de que cuida este artigo, deverão ser realizadas
eleições gerais para a Diretoria da entidade dentro de prazo mínimo de 60 e máximo de 120 (cento
e vinte) dias, cabendo à própria Assembléia ou por delegação desta ao Conselho Estadual de
Representantes definir a data.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art.66 - A APEOESP garantirá, na escolha das representações de que trata a alínea “o” do
parágrafo 1º, Art. 22 do presente Estatuto, uma cota mínima de 30% para cada gênero.
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 67 - Este Estatuto poderá ser alterado, no todo ou em parte, apenas por deliberação da
maioria absoluta dos participantes do Congresso Sindical.
Art.68 - Este Estatuto entrará em vigor na data de sua aprovação pelo Congresso Estadual,
cabendo à Diretoria registrá-lo no prazo máximo de 30 (trinta) dias no Cartório de Registros de
Pessoas Jurídicas.
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art.1º - Ficam ratificados e referendados todos os atos praticados pela Diretoria e pelo Conselho
Estadual de Representantes visando o registro e a investidura da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual” como Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.
nos representarão no Congresso e para que sejam encaminhadas as proposições mais adequa-
Diretoria Estadual: Ademar de Assis Camelo; Aladir Cristina Genovez Cano; Alberto Bruschi; Ana Lúcia Santos
das às necessidades da nossa categoria, da escola pública e dos trabalhadores brasileiros. Cugler; *Ana Paula Pascarelli dos Santos; Anatalina Lourenço da Silva; Anita Aparecida Rodrigues Marson; Antonio
Afonso Ribeiro; Antonio Carlos Amado Ferreira; Ary Neves da Silva; Benedito Jesus dos Santos Chagas; Carlos Alberto
Rezende Lopes; Carlos Barbosa da Silva; Carlos Eduardo Vicente; Carmen Luiza Urquiza de Souza; Cilene Maria Obici;
No dia 21 de setembro, em todo as regiões do Estado, milhares de professores e professoras Claudio Juhrs Rodrigues; Deusdete Bispo da Silva; Dorival Aparecido da Silva; Edith Sandes Salgado; Edna Penha
estarão reunidos nos Encontros Regionais Preparatórios ao Congresso. Fazemos votos de que, Araújo; Eliane Gonçalves da Costa; Elizeu Pedro Ribeiro; Emma Veiga Cepedano; *Fernando Borges Correia Filho;
Fláudio Azevedo Limas; Flavio Stockler de Ramos Lima; Floripes Ingracia Borioli Godinho; Geny Pires Gonçalves Tiritilli;
nesses encontros, o debate seja profícuo e que saiamos todos fortalecidos na nossa unidade e Gerson José Jorio Rodrigues; Gisele Cristina Da Silva Lima; Idalina Lelis de Freitas Souza; *Inês Paz; *Ivanci Vieira dos
na disposição para lutar for um futuro melhor para todos aqueles que atuam nas escolas públicas Santos; *Janaina Rodrigues Prazeres; Josafa Rehem Nascimento Vieira; Jose Luiz Moreno Prado Leite; Jose Reinaldo
de Matos Lima; Josefa Gomes da Silva; Jovina Maria da Silva; Jucinéa Benedita dos Santos; Juvenal de Aguiar
do Estado de São Paulo. Penteado Neto; Leandro Alves Oliveira; Leovani Simões Cantazini; Lindomar Conceição da Costa Federighi; Luiz Carlos
de Sales Pinto; Luiz Cláudio de Lima; Luzelena Feitosa Vieira; Maísa Bonifácio Lima; Mara Cristina de Almeida; Marcio
de Oliveira; Maria José Carvalho Cunha; *Maria de Lourdes de Souza; Maria Lícia Ambrosio Orlandi; Maria Sufaneide
Rodrigues; Maria Teresinha de Sordi; Maria Valdinete Leite do Nascimento; Mariana Coelho Rosa; *Mauro da Silva
Bom trabalho a todos. Inácio; Miguel Leme Ferreira; Miguel Noel Meirelles; Moacyr Américo Da Silva; *Orivaldo Felício; Ozani Martiniano de
Souza; Paulo Alves Pereira; Paulo Roberto Chacon de Oliveira; Ricardo Augusto Botaro; Ricardo Marcolino Pinto; *Rita
Leite Diniz; Roberta Iara Maria Lima; Roberta Maria Teixeira de Castro; Roberto Mendes; Roberto Polle; Ronaldi Torelli;
Diretoria da APEOESP Sandro Luiz Casarini; Sebastião Sergio Toledo Rodovalho; Sergio Albenes Soares da Silva; *Sergio Martins da Cunha;
Severino Honorato Silva; Silvana Soares de Assis; Solange Aparecida Benedeti Penha; Sonia Aparecida Alves de
Arruda; Stenio Matheus de Morais Lima; Suzi Da Silva; Tatiana Silvério Kapor; Telma Aparecida Andrade Victor;
Teresinha de Jesus Sousa Martins; Tereza Cristina Moreira da Silva; Uilder Cácio de Freitas; Ulisses Gomes Oliveira
Francisco; Vera Lucia Lourenço; Vera Lucia Zirnberger; Wilson Augusto Fiúza Frazão
*Afastado