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E N C O N T R O S R E G I O N A I S P R E PA R AT Ó R I O S

Praça da República, nº 282 - CEP 01045-000 - Capital/SP


Telefone Central (011) 3350-6000 - Fax (011) 3350-6125
www.apeoesp.org.br - apeoesp@apeoesp.org.br
Apresentação Expediente
Comissão Organizadora do Congresso
O XXIII Congresso Estadual da APEOESP irá se realizar em um momento particular da história Diretoria da APEOESP • Triênio 2008/2011
brasileira, após um processo eleitoral do mais disputados e que pode, objetivamente, alterar o
Diretoria Executiva: Presidenta: Maria Izabel Azevedo Noronha; Vice-presidente: Jose Geraldo Correa Junior;
quadro político no estado de São Paulo.
Secretário Geral: Fabio Santos de Moraes; Secretário Geral Adjunto: Odimar Silva; Secretário de Finanças: Luiz
Gonzaga José; Secretária de Finanças Adjunta: Suely Fátima de Oliveira; Secretário de Administração e
A APEOESP, independente da configuração partidária do governo, trabalha pela melhoria da Patrimônio: Silvio de Souza; Secretário de Administração E Patrimônio Adjunto: Fabio Santos Silva; Secretário de
Assuntos Educacionais e Culturais: Pedro Paulo Vieira de Carvalho; Secretária de Assuntos Educacionais e
escola pública, pelos direitos educacionais da população e, fundamentalmente, pelos direitos e Culturais Adjunta: Rita de Cássia Cardoso; Secretário de Comunicações: Paulo Jose das Neves; Secretário de
necessidades dos profissionais do magistério. Entretanto, não é indiferente à nossa luta, nem Comunicações Adjunto: Jose Roberto Guido Pereira; Secretária de Formação: Nilcea Fleury Victorino; Secretária de
Formação Adjunta: Magda Souza de Jesus; Secretário de Legislação e Defesa dos Associados: Francisco de Assis
poderia ser, o projeto político e educacional a ser implementado pelo Governo do Estado, pois Ferreira; Secretária de Legislação e Defesa dos Associados Adjunta: Zenaide Honorio; *Secretário de Política
ele afeta nossa vida profissional e a rede estadual de ensino. Sindical: Joao Luis Dias Zafalao; *secretária de Política Sindical Adjunta: Eliana Nunes dos Santos; Secretária de
Políticas Sociais: Francisca Pereira da Rocha Seixas; Secretário de Políticas Sociais Adjunto: Marcos de Oliveira
Soares; Secretária Para Assuntos de Aposentados: Silvia Pereira; Secretário Para Assuntos de Aposentados
Nesta publicação estão reunidas as teses que expressam o pensamento e as propostas das Adjunto: Gilberto de Lima Silva; Secretária Geral de Organização: Margarida Maria de Oliveira; Secretário de
Organização Para a Capital: Ariovaldo de Camargo; Secretário de Organização Para a Grande São Paulo: Douglas
diversas correntes de opinião que atuam no nosso Sindicato. Conhecê-las, estudá-las, debatê- Martins Izzo; Secretário de Organização Para o Interior: Ederaldo Batista; Secretário de Organização Para o
las são condição fundamental para que possamos escolher bem os delegados e delegadas que Interior: Ezio Expedito Ferreira Lima

nos representarão no Congresso e para que sejam encaminhadas as proposições mais adequa-
Diretoria Estadual: Ademar de Assis Camelo; Aladir Cristina Genovez Cano; Alberto Bruschi; Ana Lúcia Santos
das às necessidades da nossa categoria, da escola pública e dos trabalhadores brasileiros. Cugler; *Ana Paula Pascarelli dos Santos; Anatalina Lourenço da Silva; Anita Aparecida Rodrigues Marson; Antonio
Afonso Ribeiro; Antonio Carlos Amado Ferreira; Ary Neves da Silva; Benedito Jesus dos Santos Chagas; Carlos Alberto
Rezende Lopes; Carlos Barbosa da Silva; Carlos Eduardo Vicente; Carmen Luiza Urquiza de Souza; Cilene Maria Obici;
No dia 21 de setembro, em todo as regiões do Estado, milhares de professores e professoras Claudio Juhrs Rodrigues; Deusdete Bispo da Silva; Dorival Aparecido da Silva; Edith Sandes Salgado; Edna Penha
estarão reunidos nos Encontros Regionais Preparatórios ao Congresso. Fazemos votos de que, Araújo; Eliane Gonçalves da Costa; Elizeu Pedro Ribeiro; Emma Veiga Cepedano; *Fernando Borges Correia Filho;
Fláudio Azevedo Limas; Flavio Stockler de Ramos Lima; Floripes Ingracia Borioli Godinho; Geny Pires Gonçalves Tiritilli;
nesses encontros, o debate seja profícuo e que saiamos todos fortalecidos na nossa unidade e Gerson José Jorio Rodrigues; Gisele Cristina Da Silva Lima; Idalina Lelis de Freitas Souza; *Inês Paz; *Ivanci Vieira dos
na disposição para lutar for um futuro melhor para todos aqueles que atuam nas escolas públicas Santos; *Janaina Rodrigues Prazeres; Josafa Rehem Nascimento Vieira; Jose Luiz Moreno Prado Leite; Jose Reinaldo
de Matos Lima; Josefa Gomes da Silva; Jovina Maria da Silva; Jucinéa Benedita dos Santos; Juvenal de Aguiar
do Estado de São Paulo. Penteado Neto; Leandro Alves Oliveira; Leovani Simões Cantazini; Lindomar Conceição da Costa Federighi; Luiz Carlos
de Sales Pinto; Luiz Cláudio de Lima; Luzelena Feitosa Vieira; Maísa Bonifácio Lima; Mara Cristina de Almeida; Marcio
de Oliveira; Maria José Carvalho Cunha; *Maria de Lourdes de Souza; Maria Lícia Ambrosio Orlandi; Maria Sufaneide
Rodrigues; Maria Teresinha de Sordi; Maria Valdinete Leite do Nascimento; Mariana Coelho Rosa; *Mauro da Silva
Bom trabalho a todos. Inácio; Miguel Leme Ferreira; Miguel Noel Meirelles; Moacyr Américo Da Silva; *Orivaldo Felício; Ozani Martiniano de
Souza; Paulo Alves Pereira; Paulo Roberto Chacon de Oliveira; Ricardo Augusto Botaro; Ricardo Marcolino Pinto; *Rita
Leite Diniz; Roberta Iara Maria Lima; Roberta Maria Teixeira de Castro; Roberto Mendes; Roberto Polle; Ronaldi Torelli;
Diretoria da APEOESP Sandro Luiz Casarini; Sebastião Sergio Toledo Rodovalho; Sergio Albenes Soares da Silva; *Sergio Martins da Cunha;
Severino Honorato Silva; Silvana Soares de Assis; Solange Aparecida Benedeti Penha; Sonia Aparecida Alves de
Arruda; Stenio Matheus de Morais Lima; Suzi Da Silva; Tatiana Silvério Kapor; Telma Aparecida Andrade Victor;
Teresinha de Jesus Sousa Martins; Tereza Cristina Moreira da Silva; Uilder Cácio de Freitas; Ulisses Gomes Oliveira
Francisco; Vera Lucia Lourenço; Vera Lucia Zirnberger; Wilson Augusto Fiúza Frazão

*Afastado

Projeto Editorial e Gráfico: M.Giora Comunicação Setembro/2010


ÍNDICE

Tese 1 - Na Escola Pública, Profesores, Alunos e Funcionários


Escrevem o Futuro do Brasil ........................................................................... 2
Tese 2 - Resgate da Base para a Luta! ....................................................................... 29
Tese 3 - Corrente Proletária da Educação ................................................................... 32
Tese 4 - Movimento Unidade e Democracia na Educação .......................................... 46
Tese 5 - Intersindical - Instrumento de Luta e Organização da
Classe Trabalhadora ..................................................................................... 56
Tese 6 - Proletários da Educação ................................................................................ 80
Tese 7 - Em Defesa da APEOESP Independente e de Luta ....................................... 90
Tese 8 - Por uma APEOESP Independente e de Luta ................................................ 99
Tese 9 - Oposição de Luta ..........................................................................................114
Tese 10 - Educadores em Luta - Unificar a Categoria e a Oposição
Contra a Burocracia .....................................................................................119
Tese 11 - Núcleo da CTB/CSC .................................................................................. 145
Tese 12 - Unidos pra Lutar em Educação ................................................................. 162
Tese 13 - Luta pela Organização Política Revolucionária do Proletariado ................ 188
Tese 14 - Coletivo APEOESP na Escola e na Luta ................................................... 203
Tese 15 - Oposição Revolucionaria ........................................................................... 225
Tese 16 - Oposiçao Alternativa .................................................................................. 240
Contribuição ao Debate - Por uma APEOESP participativa,
democrática e inclusiva: acessibilidade e inclusão social já! ...................... 262
Contribuição ao Debate - Unidade Classista - Trabalhadores
da Educação ............................................................................................... 266
Estatuto da APEOESP ............................................................................................. 270

Os textos são de responsabilidade de seus autores

Caderno de Teses 1
TESE 1
TESE 1
“Na Escola Pública, professores, alunos e funcionários escrevem o
futuro do Brasil”

I – Conjuntura Internacional
1 A economia capitalista está em crise, decorrente da forma como as grandes potências
administram suas economias internas e do tratamento que sempre dispensaram aos países
emergentes e menos desenvolvidos. A liberalização financeira e comercial do capital sem controle
resultou em um processo de financeirização sem limites, cuja expressão é a existência de um
fosso entre a riqueza expressa na forma de papéis e a riqueza real alcançada pela produção e pelo
trabalho.
2 Os responsáveis por essa crise internacional são aqueles que implementaram em vários países
do mundo, inclusive no Brasil, com FHC/PSDB/DEM, as políticas neoliberais. Hoje, o modelo de
Estado mínimo - com pouca ou nenhuma regulamentação, privatizações, privilégios ao capital
especulativo e financeiro, ataques aos direitos trabalhistas e desregulamentação das relações de
trabalho, da lógica de que o mercado resolveria tudo – é fortemente questionado em todo o mundo.

Uma crise de longa duração


3 Embora o impacto sobre cada país seja diferente, a crise atinge todo o planeta e possui
diversas dimensões: financeira, econômica, social, alimentar, energética, ambiental, política,
ideológica. Na falta de uma mudança drástica do nosso paradigma energético baseado no uso
desenfreado de energias fósseis, corremos o risco de precipitar mudanças climáticas irreversíveis
com consequências dramáticas para a população.
4 A crise expressa, também, uma crise do modelo global de produção e consumo de alimentos,
que coloca em questão a segurança alimentar e nutricional dos povos, e compromete as iniciativas
de inclusão social das populações carentes. Será necessário que a matriz energética mundial
contemple fontes renováveis e não poluentes de energia, que não venham a agravar a fome no
mundo e o aquecimento global do planeta.
5 A crise econômica, provocada pelo “cassino financeiro”, com o pleno consentimento dos
organismos financeiros multilaterais e dos governos das maiores economias do mundo, globalizou-
se.

Brasil e América latina vencendo a crise


6 Na América Latina, as escolhas políticas nacionais têm se voltado para a recuperação dos
mercados internos. Além disso, a definição do processo de integração sub-regional e regional, como
base para uma política externa mais independente. Assim, por exemplo, os países do Mercosul,
apresenta-se hoje em uma posição de mais estabilidade e enfrentam a crise de forma menos
dramática do que a Europa, Estados Unidos, Japão e outros.
7 O reforço e ampliação destas políticas, juntamente com ampliação do mercado interno e
regional, avançando na construção de um bloco econômico, social e político, são frentes nas quais
os sindicatos podem e devem desempenhar um importante papel.
8 A crise, assim, constitui uma extraordinária oportunidade, tanto para impor limites ao capitalismo
quanto para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento, com distribuição de renda e justiça social,
afirmando a soberania das nações frente ao domínio das grandes potências capitalistas.

II – Conjuntura Nacional
9 Políticas econômicas que ampliaram o investimento das empresas estatais, o crédito, o
orçamento das políticas públicas e a inédita política de valorização do salário mínimo, bem como os
investimentos em infra-estrutura, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), deram
2 Caderno de Teses
TESE 1
à nação brasileira condições para enfrentar a crise financeira internacional. Houve unanimidade
entre os principais analistas econômicos: o Brasil foi um dos últimos países a ser atingidos pela crise
e o primeira a sair dela.
10 Vivemos hoje perspectivas de crescimento econômico superior a 7% anuais. Isto restringe os
espaços para as forças conservadoras questionarem as conquistas recentes da classe trabalhadora,
como a valorização do salário mínimo, por exemplo. São medidas importantes, porém ainda há
muito o que conquistar.

Vencendo a crise e a miséria


11 Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (RJ), mostra 31,9 milhões de pessoas
ascenderam à classe C,ampliando a capacidade de nossa economia crescer. É preciso ir adiante,
completando o processo de transferência das pessoas das classes D e E para a C e assim por
diante. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA afirma que o país tem condições de
eliminar a miséria absoluta até 2016, desde que aprimoradas as políticas públicas.
12 O crescimento econômico brasileiro, dizem especialistas, está assentado em “pontos-chave”,
sendo o principal deles a renda oriunda do trabalho (97% dos acordos salariais registrados pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos socioeconômicos – DIEESE foram iguais ou
superiores à inflação), seguido pelos programas de transferência direta de renda, como Bolsa
Família, sendo o terceiro a Previdência Social.

Redução da jornada, sem redução de salários: esta é uma luta nossa, dos cutistas
13 Os trabalhadores, organizados na Central única dos Trabalhadores e em outras centrais sindicais,
sabem que as forças conservadores não assistem passivamente a esses avanços. A disputa é
constante e o retrocesso uma ameaça real. Por isto, a CUT deve exercer um papel importante no
sentido da formulação de políticas públicas dentro de um modelo de desenvolvimento que atenda
aos anseios dos trabalhadores e da maioria da população.
14 A construção de agendas comuns para garantir respostas contundentes do povo brasileiro em
defesa da redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salário, de investimentos na
reforma agrária, na geração de empregos, valorização dos salários e garantia de direitos torna-se
imperiosa. Nesta perspectiva, as centrais sindicais e movimentos sociais têm dialogado e promovido
mobilizações unitárias.

Os trabalhadores não estão neutros na disputa política


15 Não é possível aceitar a volta de um projeto político que prega o Estado mínimo, a eliminação
das políticas sociais, a re-concentração de renda, os interesses do latifúndio, a privatização dos
serviços públicos e a criminalização dos movimentos sociais.
16 É verdade que sob o governo Lula nem todas as nossas reivindicações são aceitas, mas são
inúmeros os exemplos de respeito aos movimentos sociais, criação de espaços de negociação e de
participação dos trabalhadores e da sociedade na definição das políticas públicas, reconhecimento
e respeito às centrais sindicais e a absorção de demandas importantes dos trabalhadores e da
população.
17 Destacarmos a ampliação do acesso dos jovens ao ensino superior, através do Prouni e o
acesso da população mais pobre à habitação, realizado por meio do programa Minha Casa Minha
Vida, que pretende construir até um milhão de moradias e poderá ser ampliado nos próximos anos.
18 Ressalte-se, sobretudo, o Bolsa Família, que mantêm a economia aquecida na mais distantes
regiões do Brasil, reduz a distância entre ricos e pobres no nosso país e contribui para a geração
de postos de trabalho, de tal forma que muitas pessoas puderam sair do programa por terem obtido
emprego.
19 A participação dos mais diversos segmentos sociais na definição das diretrizes para as políticas
públicas é inédita, através de conferências, encontros, congressos, seminários e da criação,
ampliação e democratização de conselhos nas diferentes áreas.

Caderno de Teses 3
TESE 1
20 Lamentavelmente, setores minoritários do movimento dos trabalhadores insistem em se
colocar voluntariamente à margem da luta real do povo brasileiro. No afã de se destacarem e
de se diferenciarem, suas críticas e proposições muitas vezes se assemelharam às das forças
conservadoras do país.

Mudar o projeto hegemônico no Estado de São Paulo


21 No Estado de São Paulo temos um governo retrógrado, que não encaminhou grande parte
dos avanços verificados em nível nacional e não atuou de forma competente em relação à crise.
A economia paulista obteve ganhos significativos graças às políticas de desoneração fiscal que
dinamizaram a economia, como a isenção do IPI sobre automóveis e sobre a chaamda “linha
branca” (fogões e geladeiras).
22 O governo do PSDB atua com uma visão sectária, que coloca os interesses e direitos da maioria
da população (como saúde, educação, transportes, moradia) à margem, priorizando a disputa
partidária e a luta pelo poder, utilizando como argumento a autonomia administrativa do Estado.
É necessário que se implemente a artigo 26 da Constituição Federal, que se refere ao regime de
colaboração entre os entes federados para que os interesses da população prevaleçam.
23 O PSDB não tem um postura de estadista no comando do governo e conta com o apoio da mídia
de massa, como a Rede Globo, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo e outros órgãos. Apesar
disso, o PSDB tem que enfrentar a resistência dos trabalhadores e dos movimentos populares.
A greve do magistério foi um dos maiores movimentos de denúncia da política do PSDB/DEM
no Estado de São Paulo, não só na educação, mas em todo os setores. O governo tem buscado
criminalizar as lideranças e o conjunto dos movimentos populares, como o recurso do PSDB/DEM
à justiça eleitoral contra a APEOESP e sua presidenta durante a greve, por ela ter expressado a
divergência de opinião sobre a forma como José Serra governou o Estado e suas pretensões de ser
presidente do Brasil.
24 As lideranças populares e dos trabalhadores sabem que é possível interromper a sequência de
governos conservadores e insensíveis aos interesses populares. Desta forma, devemos no engajar
para que, finalmente, nosso Estado supere 16 anos de governos do PSDB, cuja origem remonta
há pelo menos 30 anos atrás, quando Franco Montoro ocupou o Palácio dos Bandeirantes, sendo
secretário da Educação Paulo Renato de Souza, que novamente ocupa a pasta. A meta é mudar o
projeto hegemônico que domina o nosso Estado, abrindo perspectivas para a educação pública e
para o desenvolvimento, em todos os sentidos.

III - Política Educacional


25 Um dos mais importantes acontecimentos na educação brasileira em 2010 foi a conferência
nacional de Educação (CONAE), pela sua amplitude e pelas resoluções que tomou em direção à
construção do Sistema Nacional Articulado de Educação (SNAE).
26 A CONAE mobilizou milhares de pessoas em um processo participativo desde as unidades
escolares até as instâncias de decisão dos sistemas de ensino. Nunca houve na educação brasileira
um processo participativo como este, no qual as questões educacionais tenham sido discutidas no
âmbito dos municípios de todo o país.
27 As deliberações da CONAE expressam anseios e reivindicações históricas dos profissionais
da educação e da população brasileira, consolidam os avanços recentes e lançam bases para
que se institucionalize uma política de Estado para a educação, através do novo Plano Nacional
de Educação e outros instrumentos, superando a descontinuidade das políticas educacionais
brasileiras conforme a alternância dos governos.

Financiamento: 10% do PIB até 2014


28 Na questão do financiamento, houve avanços com a implementação do FUNDEB, que incorporou
a concepção de educação básica como processo contínuo e articulado, do ensino infantil até o
ensino médio, direcionando recursos para todas as suas etapas e modalidades. Ao mesmo tempo,

4 Caderno de Teses
TESE 1
a aprovação da Emenda Constitucional nº 59 eliminou a Desvinculação das Receitas da União para
a educação, o que vem resultando em maior aporte de recursos para o setor. Em 2010 o fim da DRU
significa mais R$ 9 bilhões para a educação. Em 2011, pelo menos mais R$ 9 bilhões.
29 A CONAE aprovou resolução que define o progressivo aumento das verbas para a educação
para atingir o percentual de 10% em 2014, mínimo necessário para uma educação de qualidade
em países com as características econômicas e sociais do Brasil. A propósito, o Conselho Nacional
de Educação aprovou a Resolução CNE/CEB Nº 8/2010, que normatiza os padrões mínimos de
qualidade da educação básica nacional de acordo com o estudo do CAQi (Custo Aluno-Qualidade
Inicial) como referência para a definição do financiamento da educação por parte dos governos da
União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. A resolução aguarda homologação do
ministro da Educação, Fernando Haddad.
30 A EC 59/2009 tem grande significado para a educação brasileira, pois determina a obrigatoriedade
da educação pública dos 4 aos 17 anos de idade. Com isto, compromete todas as esferas do Estado
brasileiro, sem distinção, e aponta claramente para a necessidade da efetivação do regime de
colaboração entre os entes federados, substituindo na LDB a expressão “progressiva extensão da
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio ”por universalização do ensino médio gratuito”.
31 O caminho para a educação brasileira é a construção do Sistema Nacional Articulado de
Educação (SNAE), conforme deliberou a Conferência Nacional de educação (CONAE), pois a
melhora efetiva do ensino depende de políticas e medidas implmentadas em todos os Estados e
Municípios.
32 No Estado de São Paulo, O governo do PSDB, ignora ou desqualifica os programas federais.
Muitas vezes cria programas paralelos, que resultam na duplicação de gastos, como no caso da
distribuição de livros didáticos e políticas voltadas ao ensino técnico e profissionalizante. A não
adesão ao programa Brasil Alfabetizado é outro exemplo.
33 O descaso do governo do PSDB com a qualidade da educação pode ser verificado na edição de
cartilhas pedagógicas com erros grosseiros (como mapas com dois Paraguai e nenhum Equador) e
a distribuição de livros com conteúdo inadequado aos alunos das escolas estaduais (livros contendo
palavrões e incitação à violência, por exemplo). Gastou-se dinheiro público indevidamente e ninguém
foi punido.
34 O governo paulista não realizou qualquer esforço pela realização da CONAE no nosso estado.
A CONAE/SP foi um sucesso graças à ação dos movimentos sociais e populares e das entidades
educacionais, entre elas a APEOESP.
35 Finalmente, devemos registrar que as políticas educacionais desenvolvidas no nosso Estado, a
exemplo do ocorrido no governo FHC, estão inteiramente de acordo com as diretrizes e propostas
formuladas pela entidade denominada Programa de Promoção da Reforma Educativa na América
Latina e Caribe (PREAL).
36 O PREAL é financiado por empresários internacionais e nacionais e por instituições do
governo norte-americano como a United States Agency for International Development (USAID) e
por organismos de financiamento como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No
Brasil, são ligados ao PREAL entidades como a Fundação Lehmann e personalidades como a ex-
secretária Rose Neubauer, a professora Guiomar Namo de Melo e outras.

Gestão democrática e qualidade da educação


37 O Documento Final da CONAE afirma “a necessidade de: democratizar a gestão da educação
e das instituições educativas (públicas e privadas), garantindo a participação de estudantes,
profissionais da educação, pais/mães e/ou responsáveis e comunidade local na definição e realização
das políticas educacionais, de modo a estabelecer o pleno funcionamento dos conselhos e órgãos
colegiados de deliberação coletiva da área educacional, por meio da ampliação da participação
da sociedade civil; instituir mecanismos democráticos – inclusive eleição direta de diretores/as
e reitores/as, por exemplo –, para todas as instituições educativas (públicas e privadas) e para
os sistemas de ensino; e, ainda, implantar formas colegiadas de gestão da escola, mediante lei
específica.”

Caderno de Teses 5
TESE 1
38 Desta forma, o SNAE deve assegurar a participação da sociedade, dos profissionais da educação,
e de suas famílias nas instâncias de deliberação e formulação das políticas educacionais, desde os
conselhos de escolas até o Conselho Nacional de Educação, além da retomada e institucionalização
do Fórum Nacional de Educação, integrado por representantes das entidades e movimentos sociais
e pelos poderes constituídos e coordenado pelo CNE.
39 Desde já, é preciso assegurar o reconhecimento dos conselhos de escola como instância de
formulação, decisão e gestão do projeto político-pedagógico das escolas e a democratização do
Conselho Estadual de Educação para que ele possa assumir o papel que lhe cabe da normatização
da educação pública estadual.

Contra a municipalização do ensino, por mais creches e pré-escolas


40 Com a promulgação da EC 59 deixa de haver justificativa para que os municípios assumam
classes do ensino fundamental, absorvendo escolas estaduais. Cabe aos municípios cumprir a sua
parte na obrigação de prover ensino gratuito às crianças a partir dos 4 anos e, também, creches para
as mães que necessitam trabalhar ou desejam que seus filhos frequentem esta etapa preparatória
à vida escolar. Também devemos recordar que a obrigatoriedade do ensino infantil responde a uma
demanda da APEOESP, que transformamos em uma campanha estadual e tem sido reafirmada em
todos os nossos documentos e deliberações.

As questões esteuturais precisam ser aprimoradas


41 Os resultados do Ideb, divulgados em julho, demonstram que o Brasil avança lenta e
progressivamente na qualidade da educação básica.
42 O governo federal divulgou nota na qual destaca que “Na primeira fase do ensino fundamental,
o Ideb passou de 4,2 para 4,6, superando a meta prevista para 2009 e atingindo antecipadamente
a de 2011” e que “Nos anos finais do ensino fundamental, o Ideb do País evoluiu de 3,8 para 4,0,
superando a meta para 2009 e também ultrapassando a de 2011, que é de 3,9. (...) No caso do
ensino médio, o Ideb do Brasil avançou de 3,5 para 3,6, superando a meta nacional de 2009.”
43 Toda melhora deve ser comemorada e absorvida para que sejam dados os passos seguintes,
mas a pequena evolução nos índices apresentados, a virtual estagnação da aprendizagem no
ensino médio e o fato de 24% dos municípios brasileiros não terem ainda apresentado qualquer
evolução mostram que é preciso haver um esforço ainda maior.

Diretrizes curriculares
44 Outro importante conjunto de medidas vai na mesma direção, como a ampliação do ensino
fundamental para nove anos e a adoção de diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil,
educação prisional, educação de jovens e adultos e outras regulamentações.

Presença da APEOESP no CNE assegura conquistas


45 Desde 2006 a APEOESP está representada no Conselho Nacional de Educação pela professora
Maria Izabel Azevedo Noronha, sua presidenta. Nossa presença naquele Conselho é coerente com
nossa concepção de que todos os espaços de participação devem ser ocupados em defesa da
educação pública e dos direitos da nossa categoria.
46 Com nossa presença no CNE contribuimos para que fosse instituida a obrigatoriedade do ensino
de Filosofia e Sociologia no ensino médio, para a definição de diversas políticas educacionais
importantes e, particularmente, para a instituição de diretrizes nacionais para a carreira do magistério
e dos funcionários da educação, das quais a professora Maria Izabel foi relatora.
47 A Resolução CNE/CEB nº 2/2009, que instituiu as Diretrizes Nacionais para os Planos de
Carreira do Magistério da Educação Escolar Pública Básica, assegura direitos fundamentais dos
professores que, agora, precisam ser garantidos nos planos de carreira de cada Estado e Município.
A ideia básica das diretrizes é que o trabalho do professor em sala de aula seja valorizado, através de
uma carreira “aberta”, na qual os professores possam atingir os níveis salariais mais altos sem que,

6 Caderno de Teses
TESE 1
para isso, tenham que assumir cargos de diretor ou supervisor movidos apenas pela necessidade
salarial. Por outro lado, a Resolução CNE/CEB nº 5 reconhece e valoriza os funcionários como
intrínsecos ao processo educativo, dando concretude à lei 12014/2006, da senadora Fátima Cleide
(PT/RO), instituindo direitos e definindo parâmetros para a formação e profissionalização deste
segmento fundamental.

Carreira
48 Em São Paulo, a carreira do magistério não atende às necessidades da nossa categoria. Ela
não é atraente para os melhores profissionais, pois não assegura bons salários e não oferece
mecanismos de evolução que reconheçam a experiência, a formação e o tempo de serviço. Além de
não contarmos com uma política salarial, agora pelo menos 80% da categoria é excluída de reajustes
pela política de “promoção por mérito”, que fere a isonomia prevista na Constituição Federal.
49 Uma carreira que atenda às necessidades dos professores e da qualidade de ensino não pode
conviver com o altíssimo número de professores temporários que hoje existem em algumas redes
de ensino do país. Em São Paulo eles representam 47% do total. Por isto os concursos públicos
devem ser realizados com maior periodicidade, de forma a reduzir o número de temporários a um
nível aceitável, em torno de 10% do total.

Condições de trabalho e saúde dos professores


50 As condições de trabalho dos professores e de ensino-aprendizagem dos alunos, afetam a
qualidade do ensino. A superlotação das salas de aula está presente em muitos sistemas de ensino.
Na rede estadual de São Paulo há classes com até 50 alunos. A CONAE aprovou resolução para
que o número máximo de alunos por turmas seja de 15 na pré-escola, 20 no ensino fundamental,
25 no ensino médio. Há projeto semelhante no Congresso Nacional, aprovado na Câmara dos
Deputados.
51 A superlotação também incide sobre a saúde dos professores, causando faltas ao trabalho e
queda no rendimento dos docentes. Outros fatores também causam adoecimento nos professores,
como inadequação das salas, pó de giz, indisciplina dos alunos, jornadas excessivas. Em São Paulo,
a SEE quis “resolver” o problema limitando em 6 as faltas anuais para consultas e tratamentos.

Piso é ponto de partida, não é salário médio nem remuneração


52 Os salários dos professores no Brasil são muito baixos em relação à sua função social e a
outras profissões de formação equivalente. A instituição do Piso Salarial Profissional Nacional foi
inegável vitória dos professores, resultado de uma luta de dois séculos, posto que estabelece o
salário inicial e não salário médio. Cabe a nós lutarmos pela elevação de seu valor e para que dele
sejam retirados gratificações, bônus, abonos e outros elementos que não constituem a base salarial.
53 Outra grande vitória foi a ampliação para no mínimo 1/3 da jornada de trabalho a parte destinada
a atividades extraclasse. Organizados pelo PSDB, cinco governos estaduais conseguiram com que
o STF suspendesse essa parte da lei 11.738, mas estamos lutando, liderados pela CNTE, para
derrubar a liminar e queremos que todos os estados apliquem de imediato este dispositivo ou, no
mínimo, ampliem as horas destinadas a atividades extraclasse.
54 Setores da oposição da APEOESP não tinham clareza da importância e significado da lei do
piso e se posicionaram contra. Apenas quando a então secretária Maria Helena Guimarães e Castro
anunciou que poderia haver a contratação de mais 60 mil professores é que passaram a defender
a implementação da jornada do piso.

Educação, cultura e formação: reprodução ou emancipação?


55 Conceber a educação hoje tendo como perspectiva uma formação cultural nos moldes
do Iluminismo apenas reforça a polarização entre cultura erudita/clássica e cultura popular/
contemporânea.
56 A crise da formação é cultural, mas é, acima de tudo, social. De que forma, então, escapar da

Caderno de Teses 7
TESE 1
burocratização e rotinização dos procedimentos educativos, se as demandas sociais são cada vez
mais no sentido da utilidade?
57 Alguns elementos são enriquecedores do processo educativo, participando na formação humana
e na reorganização da cultura. O sujeito capaz de fala e ação tanto é dependente como autônomo
em um mundo aberto e estruturado linguisticamente, mas que se nutre de sentidos gramaticalmente
pré-moldados, sempre validados ou rechaçados na prática do entendimento de uma comunidade
de linguagem.
58 Ao refletir sobre as concepções da filosofia da subjetividade, marcada por um modelo cognitivista
de sujeito-objeto, refletimos sobre teorias da comunicação sem fazer uma inversão completa no
projeto moderno de formação do homem. A ação comunicativa em prol da educação, cultura e
formação deve passar pela crença nas conquistas e no conteúdo normativo moderno (emancipação,
criticidade, verdade, justiça, por exemplo), remetendo-nos não mais para uma racionalidade forte
ou unitária, mas para uma razão situada, em que a unidade é a perspectiva de chegada e não uma
condição dada antecipadamente.
59 O reconhecimento do agir no mundo, a percepção de que muitas noções tidas como verdadeiras
são instituídas através da linguagem, é o primeiro e importante passo para darmos a entender
que a instância cultural perpassa todos os outros campos do social – o político, o econômico, o
educativo, o jurídico. Neste sentido a formação dá-se em um plano intersubjetivo, no qual tanto
as ações quanto a realidade, em grande parte, ganham sentido pela mediação das percepções e
interpretações humanas.
60 Consideramos que tal análise não seja condição suficiente para emergir da crise de sentido
em que as práticas pedagógicas se encontram, mas é condição necessária. A partir desta clareza,
seja do significado, seja da complexa rede que as metas educativas exigem para sua realização, é
possível aos educadores estabelecer uma relação mais íntima entre os objetivos propostos social
e culturalmente e a atividade pedagógica com os educadores e educandos - professores e alunos.

Formação: teoria e prática são indissociáveis


61 O professor é o elemento central do processo educativo. É preciso assegurar aos profissionais
da educação, sobretudo aos professores, as condições necessárias para que possam exercer
plenamente seu papel, assegurando qualidade ao processo ensino-aprendizagem. E isto só será
possível com salário, carreira/jornada e formação, inicial e continuada.
62 O Programa Nacional de Formação de Professores (Plataforma Paulo Freire), coordenado pelo
MEC em articulação com os Estados, visa oferecer oportunidade aos mais de 600 mil professores
de todo o Brasil que não possuem, ainda, a formação mínima exigida pela LDB. O Estado de São
Paulo, como vem ocorrendo em relação a outros programas, foi o último a aderir, e não existem
ainda resultados práticos.
63 A formação continuada, por seu turno, interfere diretamente na qualidade do ensino e não
tem merecido atenção da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, trazendo prejuízos a
professores e estudantes.
64 A SEE vem priorizando a avaliação dos professores, com caráter excludente e punitivo, mas
não oferece à categoria programas de formação continuada e atualização profissional com a
qualidade e abrangência necessárias. Na prática, apenas uma parte dos professores efetivos é
incluída nos programas de formação continuada, realizados fora do ambiente escolar, nem sempre
com os conteúdos mais adequados.
65 É importante, assim, que o governo do estado firme convênios com as universidades públicas
para que ofereçam programas de formação continuada no próprio local de trabalho, dentro da jornada
de trabalho dos professores, para que reduzam a distância hoje existente em relação às escolas
públicas, através da utilização dos HTPC como espaços de aperfeiçoamento de professores, o que
possibilitaria avançarmos na indissociável relação entre teoria e prática pedagógica, hoje muito
distanciada.

8 Caderno de Teses
TESE 1
IV – Política Sindical
66 A principal diretriz do sindicalismo da CUT é a defesa da liberdade e da autonomia sindical.
Os desdobramentos desta diretriz em iniciativas concretas para consolidar sindicatos livres,
independentes, autônomos e democráticos, organizados desde o local de trabalho até os níveis
nacionais tem sido o principal desafio da CUT e de seus sindicatos filiados, inclusive frente à
legalização das Centrais Sindicais e ao quadro de acirramento da disputa com outros projetos
sindicais.
67 Para avançarmos em sua estratégia, a CUT e seus sindicatos precisam atualizar sua concepção
sindical, considerando o contexto do aumento da fragmentação sindical, limitações estruturais para
a construção da identidade de classe e as dificuldades em organizar mobilizações de massa.
68 Somos oriundos de um movimento de contraposição à estrutura sindical oficial, de afirmação da
liberdade sindical e da defesa da democracia de base. O espaço sindical tem que ser construido de
forma espontânea pelos trabalhadores. Foi com esses pressupostos que construímos a APEOESP
e a CUT, defendendo a liberdade de organização e negociação coletiva, a organização a partir da
base e construindo as lutas salariais ao lado das lutas populares. Maior sindicato da América Latina,
a APEOESP, com seus 180 mil associados, é modelo para todo o movimento sindical, por associar
os profissionais do magistério de forma espontânea e voluntária, pela ampla participação e pela
organização no local de trabalho.
69 O sindicato é um dos instrumentos fundamentais para a construção de outra hegemonia baseada
e amparada na luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Para tanto, requer engajamento na disputa
social por ampliação de direitos, mas também na disputa ideológica, no combate aos pilares do
sistema, elevando a consciência e identidade de classe.
70 Temos um cenário sindical bastante diferente daquele vivido na fundação da CUT e da
transformação da APEOESP em um sindicato combativo e classista. Um contexto social, econômico
e político mais favorável para avançarmos. Para tanto, devemos reafirmar e atualizar os princípios do
sindicalismo combativo inaugurado por nós: a democracia interna, a organização desde a base e a
independência de classe. A CUT, em conjunto com seus sindicatos, deve adicionar outros princípios
igualmente fundamentais: a tarefa de organizar o conjunto da classe em sua heterogeneidade e
não apenas aqueles incluídos no sistema de direitos, com base da formalização do trabalho; o
lugar da luta das mulheres para a construção de um mundo de igualdade; no combate a todas as
formas de discriminação; o objetivo estratégico do sindicato de, a partir do seu cotidiano, construir a
consciência participativa e soberana da classe trabalhadora.
71 Se não rompermos com a lógica do capitalismo, não apenas não poderemos resolver os
problemas básicos sentidos pelos trabalhadores(as), como não evitaremos que se aprofundem.
Através da luta, os(as) trabalhadores(as) constroem formas de organização superiores, avançam em
sua unidade e conquistam independência política frente à burguesia. Os sindicatos são ferramentas-
chave para essa disputa e, portanto, devem ser capazes de representar, organizar e mobilizar os
amplos setores da classe trabalhadora, construindo seu protagonismo social, político e cultural.
72 Em que pese ainda não ter sido possível viabilizar uma reforma sindical no país em direção a uma
maior democratização das relações de trabalho, a construção de sindicatos fortes, representativos
e por ramo de atividade; um sindicalismo de massas que mobilize e organize numa perspectiva de
classe homens e mulheres e que se baseie em discussões e decisões democráticas envolvendo
efetivamente os(as) trabalhadores(as) por meio de assembleias e outras instâncias decisórias
desde os locais de trabalho; a autossustentação financeira e outros princípios e diretrizes da Central
são opções políticas que necessariamente dependem dos marcos vigentes na atual legislação, a
exemplo do princípio da unicidade sindical e construção de sindicatos por categorias profissionais.
74 A formação sindical cutista deve reforçar seu papel na educação política da militância sindical.
Alguns princípios fundantes do sindicalismo cutista devem ser reforçados para potencializar
a capacidade da nossa Central no enfrentamento dos desafios impostos pelo contexto atual. A
Organização no Local de Trabalho – OLT deve ser parte fundamental dessa estratégia de formação
sindical e de disputa de hegemonia nos locais de trabalho.
75 A CUT deve construir um ousado programa de combate ao imposto sindical e de implementação

Caderno de Teses 9
TESE 1
da organização por local de trabalho. Trata-se de uma ampla campanha para que todas as entidades
filiadas a nossa Central se sustentem a partir da contribuição voluntária da categoria, deixando
de utilizar o imposto sindical. A luta pelo fim do Imposto Sindical e a criação da Taxa Negocial,
democraticamente aprovada em assembleia, com direito à oposição exercida apenas na própria
assembleia, é a ação central rumo a esse objetivo.
76 A sustentação financeira voluntária, ao lado da construção de um sistema de representação e
organização de base é fundamental para avançar no projeto e impedir, nesse cenário de disputas,
divisões em nossas bases.
77 A CUT luta para que o Congresso Nacional regulamente o Conselho de Gestão de Pessoal do
Serviço Público e inicie o debate sobre a garantia ampla da organização sindical no setor, com o
objetivo de viabilizar o repasse da contribuição dos filiados e a liberação dos dirigentes. Da mesma
forma, a CUT contrapõe-se à crescente intervenção do Judiciário na atuação sindical e ao projeto
de lei de greve no ser viço público.
78 É preciso, contudo, que a CUT aprofunde sua relação com os(as) trabalhadores(as) do setor
público, cujo trabalho fundamental para assegurar os direitos da população a educação, saúde,
transporte e outros serviços públicos de qualidade. Hoje o movimento do funcionalismo público,
particularmente os professores, adquiriram forte participação no processo de alteração da correlação
entre as forças políticas no país.
79 O contexto atual favorece aos movimentos sociais a ampliação de bandeiras políticas que
elevem a consciência democrática e anticapitalista. A reversão do processo de mercantilização
das relações sociais é o eixo que pode organizar a ação anticapitalista neste momento de crise
internacional e que pode apontar, para os movimentos sociais populares, o direcionamento rumo à
alternativa socialista.
80 É fundamental a busca da unidade de ação com as demais centrais sindicais, especialmente
nas questões de interesse geral da classe trabalhadora, e projetar a identidade da CUT nas ações
conjuntas, bem como viabilizar as condições para a disputa da representação dos setores que estão
na base dessas forças, pois as demais centrais e forças certamente investirão em nossas bases.

V - Balanço da APEOESP
81 A atual gestão é formada em regime de proporcionalidade pelas correntes Articulação Sindical,
ArtNova, O Trabalho, Corrente Sindical Classista e MUDE, pela Chapa 1, e pelos setores da
oposição PSOL e PSTU, pela Chapa 2. Ela foi eleita e assumiu o mandato em meio à luta contra o
Decreto 53.037/2008, que instituiu a chamada “provinha dos ACTs”.
82 Na sequência de uma greve iniciada no final da gestão do então presidente Carlos Ramiro de
Castro coube-nos a tarefa de dar continuidade ao movimento e, após o encerramento da greve,
participar das negociações entre o TRT e a Secretaria da Educação para reduzir os danos da
provinha aos professores e pelo pagamento dos dias parados na greve mediante reposição e
retirada das faltas dos prontuários, ao final das quais foram obtidas alterações no critério da nota
da prova (composição da nota com 80 pontos para o tempo de serviço e 20 pontos para títulos) e o
pagamento “cheio’ da reposição em folhas suplementares.

A queda da secretária
83 Prosseguimos a luta contra a provinha, ingressando com ação judicial pela sua anulação e
mobilizando a categoria, conseguindo obter decisão que anulou de fato a provinha para efeitos
da atribuição de aulas. Não podemos deixar de registrar que os setores de oposição no interior
da diretoria (PSTU e PSOL) não concordaram com o ingresso da ação judicial, duvidando de sua
eficácia como instrumento de luta em defesa dos direitos dos professores. A justiça, assim, derrotou
o governo e a oposição da APEOESP.
84 Também ocupamos todos os espaços possíveis para evitar a desqualificação de parte
dos temporários como “professores nota zero”,como procurou fazer a então secretária Maria
Helena Guimarães de Castro, esta luta, aliada aos erros cometidos pela secretária, levou à sua

10 Caderno de Teses
TESE 1
desmoralização perante a categoria e à opinião pública, resultado em sua exoneração, no mês de
março de 2009.
85 Nessa luta, ampliamos espaços da APEOESP na mídia e em diversos segmentos sociais e,
na sequência, criamos o blog Palavra da Presidenta, canal de diálogo direto com a categoria,
além de ampliarmos a utilização da internet para denúncias, pesquisas e aferições da opinião dos
professores e professoras sobre diversos temas.

Mobilização e negociação
86 Nossa concepção sindical combina a mobilização dos trabalhadores com a busca permanente
de espaços de negociação visando o atendimento de nossas reivindicações. Por isso, consideramos
muito importante a aprovação, na Assembleia Legislativa, da lei 12.638/2007, do deputado Roberto
Felício, que criou o Conselho de Política de Administração e Remuneração de Pessoal e determina
a criação do Sistema de Negociação Permannte entre o Estado e os servidores. Devemos defender
essa conquista, pois o governo do PSDB ingressou com ADIN para derrubar a lei.
87 Desde o início de sua gestão, estabelecemos um processo de pressão e diálogo com o novo
secretário, Paulo Renato Souza, combinando negociação com mobilização, como ocorreu durante
a tramitação dos PLCs 19 e 20 de 2009,que se tornaram, respectivamente, as LC1093 e 1094. A
primeira criando o “provão dos ACTs’ e a quarentena de 200 dias entre uma contratação e outra dos
novos professores temporários a segunda, novas jornadas, vagas e a escola de formação como
nova etapa dos concursos públicos de ingresso.
88 Conseguimos audiências públicas e negociações na ALESP e, assim, obtivemos alterações
em ambos os projetos, como a permanência dos professores categoria L até final de 2011, sem a
quarentena, ampliação do número de vagas e periodicidade máxima de 4 anos entre os concursos.

A luta pela estabilidade é nossa


89 Até pouco tempo, setores da oposição (PSTU/PSOL) defendiam uma estabilidade com jornada
de 10 horas semanais de trabalho. Entretanto, quando a LC 1093/2009 consolidou a estabilidade
para os professores categoria F, que havíamos conquistado quando da tramitação da LC 1010/07
(lei da SPPrev), com jornada de 12 horas semanais de trabalho, esses grupos de oposição mudaram
de posição, sempre na contramão das necessidades e interesses da nossa categoria.

Lutando contra a prova de mérito


90 No segundo semestre de 2009, mobilizamos a categoria contra o PLC 29 (prova de mérito).
Apesar Do nosso esforço, com passeatas, atos, vigílias na ALESP, enfrentando a truculência do
governo Serra, que chegou a proibir a realização do CER no ginásio esportivo Constâncio Vaz
Guimarães, o PLC foi aprovado. Mas não foi fácil para o governo, que teve que recorrer a manobras
regimentais, inclusive lançando mão do voto do próprio presidente da ALESP no último instante.

A educação pede passagem


91 Ainda em 2009, realizamos a caravana A Educação Pede Passagem, levando a todo o estado a
denúncia da situação da escola pública e massificando nossas reivindicações profissionais, salariais
e educacionais. Além do envolvimento de diretores, conselheiros, REs e professores em geral, a
caravana conseguiu abrir espaços nas mídias locais para que pudéssemos expor nossos pontos de
vista, num ambiente de “blindagem’ do governo Serra pela grande mídia.

Sem negociação o ano letivo não começa


92 No final do ano realizamos a IV conferência Estadual de Educação da APEOESP “Jane
Beauchamp”, propondo plano de lutas que foi aprovado pelos delegados e delegadas, direcionando
e organizando a luta dos professores contra o provão dos temporários e contra a prova de mérito.
O eixo do plano de lutas era a preparação da greve: “Se o governo não negociar o atendimento das
reivindicações, o ano letivo não começa”.

Caderno de Teses 11
TESE 1
93 Os dias seguintes à Conferência foram de mobilização da categoria. O Dia do Basta reuniu 5 mil
professores na Praça da República. Logo em seguida, em reunião com a APEOESP, o secretário
da educação aceitou alterar critério da notado provão, utilizando-se parte do tempo de serviço para
compor a nota de classificação.
94 Na luta contra o “provão”, realizamos inédito processo de mobilização em pleno recesso escolar.
Em 15 de janeiro reunimos 4 mil pessoas na Praça da República para reivindicar a mudança no
caráter da prova, de eliminatório para classificatório. Finalmente a SE alterou o critério, não da
forma que havíamos reivindicado e todos puderam participar das atribuições de aulas, classificados
em duas listas. Também foi permitido aos professores que não fizeram a prova por motivo justificado
participar da atribuição de aulas.

Vitórias da APEOESP no CNE e na Justiça


95 Ao não atender nossa reivindicação na forma como a formulamos, e prevalecendo a nota da
prova como critério de classificação, a SE cometeu mais erros, ao permtir que professores novos,
sem tempo de serviço, obtivessem aulas à frente de professores com muitos anos de serviço na
rede. Também feriu o artigo 62 da LDB ao permitir que pessoas não habilitadas ao magistério
(bacharéis, tecnológos, alunos) obtivessem aulas à frente de professores habilitados.
96 Denunciamos amplamente o caso, inclusise à OIT, ingressamos com ação judicial e recorremos
ao Conselho Nacional de Educação pelo desrespeito ao artigo 62 da LDB. O CNE nos deu parecer
favorável e, no mês de agosto, obtivemos uma vitória importante, com a manifestação do Ministério
Público, que condenou a postura do secretário por desrespeitar a liminar favorável a nós quando
esteve em vigor e deve conduzir processo de ajuste entre a APEOESP e a SE para que a situação
não se repita nas próximas atribuições.
97 Em fevereiro, conseguimos a publicação de artigo na Folha de S. Paulo sobre a tentativa da
mídia de desqualificar os professores que não atingiram a nota exigida pelo governo no “provão”.

A greve
98 O acúmulo de ataques do governo, Serra, a nossos direitos e a não abertura de negociações
quanto a nossas reivindicações nos levou à greve, uma resposta necessária, exigida pela categoria.
99 Iniciada no dia 5 de março e suspensa em 8 de abril, a greve do magistério público paulista foi
a afirmação da luta pela nossa dignidade e em defesa da educação pública de qualidade.
100 Nossa greve foi deflagrada pelo atendimento de uma pauta de reivindicações que inclui reajuste
salarial de 34.5% para repor o poder de compra de nossos salários, tendo como referência o mês de
março de 1998, concursos públicos de caráter classificatório e a revogação das leis que instituíram
políticas de avaliação excludentes, como aprova dos temporários e a chamada “promoção por
mérito”.
101 Iniciamos a greve como forma de pressão para que o governo aceitasse negociar com o
magistério a pauta de reivindicações que, ao contrário do que disse o secretário da Educação,
já havia sido encaminhada no segundo semestre de 2009 e em janeiro de 2010, sem qualquer
resultado.
102 Após mais de trinta dias de assembleias, passeatas, manifestações e muitos debates nas
escolas, nas câmaras municipais e na mídia, a greve foi suspensa basicamente pela forma truculenta
como o governo tratou o movimento, com repressão, ameaças, demissões e falta de perspectivas
de negociação.
103 Antes e depois da greve, em todos os momentos em que nos reunimos com o secretário da
Educação, não se pode avançar quanto à reivindicação salarial ou outros pontos de valorização
profissional. Tal situação não nos deixou alternativa senão a deflagração da greve, como havíamos
definido em novembro e reafirmado em assembleias posteriores.
104 Ao realizar a greve, os profissionais do magistério da rede estadual de ensino de São Paulo
enfrentaram um dos governos mais autoritários e truculentos que o nosso estado já conheceu.
Utilizando seu apoio na mídia – que acoberta sua péssima gestão - e a maioria parlamentar que

12 Caderno de Teses
TESE 1
detém o governo Serra/Goldman impôs políticas definidas de cima para baixo, sem qualquer tipo de
consulta ou debate com a sociedade.

Nossa luta é política, não eleitoral


105 O governo, com apoio da mídia e conivência da justiça eleitoral, qualificou o nosso movimento
de partidário e eleitoral. Após declarações feitas pela presidenta da APEOESP e outros dirigentes
contra a candidatura presidencial do governador José Serra, no dia 26/03, quando a tropa de choque
foi acionada contra os professores, PSDB e DEM moveram ação que resultou em multas de R$ 7 mil
para a presidenta da APEOESP e também para a própria entidade, das quais estamos recorrendo.
106 A greve foi suspensa quando a baixa adesão (resultado da enorme pressão do governo sobre
os professores) já a inviabilizara e não obtivemos o atendimento das reivindicações. Entretanto, ela
permitiu à nossa categoria tirar da garganta um grito que estava sufocado; BASTA!
107 Ocupando avenidas, ruas e praças e polarizando o noticiário durante várias semanas, antes
de depois da greve, nossa mobilização recolocou a educação no centro das atenções, expondo
para a população de São Paulo e do Brasil a realidade da nossa categoria e a situação da escola
pública. Contrastando com a milionária propaganda que o governo e o PSDB levaram aos meios
de comunicação para fazer crer que a escola estadual é ótima e que está melhorando com suas
políticas, conseguimos espaços para mostrar que faltam condições de trabalho, que a carreira não
atende nossas necessidades, que os salários são baixos, as jornadas de trabalho são excessivas
e que as recentes medidas do governo retiram direitos e são excludentes e punitivas para os
professores.

Unificação: nosso princípio central


108 É verdade que não conseguimos quebrar a intransigência do governo Serra/Goldman, mas é
também verdade que nossa greve, em seu período de maior mobilização, representou um exemplo
de exercício da cidadania. Unificados e sintonizados nos mesmos objetivos, as principais lideranças
e correntes do sindicato, as demais entidades do magistério e a base da categoria deram uma
demonstração de combatividade, organização e espírito de luta. Coisas assim não se perdem; elas
se incorporam ao patrimônio coletivo e estabelecem um novo patamar para as campanhas futuras.

Continuamos em luta
109 Nosso movimento continua e temos pela frente o grande desafio de manter o diálogo com pais,
alunos e toda a comunidade, para que a luta em defesa da educação, mais uma vez, transcenda
a nossa categoria e os muros das escolas e ganhe a dimensão social que precisa ter, para que
possamos gerar as mudanças inadiáveis que a situação exige.
110 Após a greve, prosseguimos a luta, agora contra o projeto de incorporação da GAM em três
parcelas, que acabou por ser aprovado, tal a maioria do governo na ALESP.
111 Também pressionamos a SE quanto à reposição e pagamento dos dias parados e conseguimos
que a reposição fosse a mais flexível possível e que os professores recebessem de volta exatamente
o valor que foi descontado, mediante a reposição. Neste momento, lutamos que todas as faltas sejam
retiradas e temos decisão judicial favorável, referente à greve de 2000, que cria jurisprudência para
a situação atual.
112 Fica uma questão: como olharíamos para os professores, depois que o governo do PSDB criou
toda uma paraferrnália que fragmentam os professores em “categorias” (F, L, O), retira direitos,
institui a “promoção por mérito” e outros ataques? Havia outra reposta que não a greve?

O governo se desmoraliza
113 Em maio, conseguimos novo artigo na Folha de S. Paulo (A fórmula simples da qualidade de
ensino), demonstrando todos os equívocos do governo e contestando sua interpretação sobre os
resultados educacionais do estado de São Paulo, além de reivindicar reajuste salarial e valorização
da categoria.

Caderno de Teses 13
TESE 1
114 Ao convocar professores que não haviam participado da avaliação, o governo mostrou que
tínhamos razão sobre o provão e, na prática, foi obrigado a cumprir a nossa reivindicação.
115 Também são desmoralizantes os vai-e-vem em relação às regras do concurso e a distribuição
de dinheiro a alunos do ensino médio para darem aulas a seus colegas do ensino fundamental e a
estes para participarem das aulas.
116 Antes e durante a greve organizamos a participação da categoria de forma ativa e destacada
na CONAE/SP e CONAE, espaços importantes de formulação de propostas educacionais e de
defesa de nossas posições e da valorização do magistério que, infelizmente, algumas correntes da
APEOESP desprezam de forma inconsequente e equivocada.
117 Também tem sido muito importante nossa atuação no Conselho nacional de Educação, por
onde passam importantes deliberações que influem no acesso à educação, na qualidade do ensino
e nos nossos direito profissionais. Neste sentido, tem sido decisivo o papel da professora Maria
Izabel Azevedo Noronha, conselheira reconduzida pelo presidente Lula para mais um mandato de
quatro anos.
118 O embate com o governo e a forma como foi realizada a cobertura da nossa greve pelos meios
de comunicação nos levou à realização do Seminário A Mídia e os Movimentos Populares em
âmbito estadual e em cada macro-região do interior. Como encaminhamento, já assumido pela
CUT, vamos organizar um fórum permanente de comunicação com outras entidades sindicais e
populares e uma rede independente de comunicação.
119 Toda a luta da APEOESP no último período, sobretudo a greve, resultou na ampliação do
reconhecimento nacional da importância e do papel da APEOESP.

O Estado tem recursos para atender nossas reivindicações


120 O governo e seus aliados nos acusam de termos feito um movimento “político”, no sentido
eleitoral do termo, o que não é verdade.
121 Política, porém, tem sido a postura intransigente do governo diante de nossas reivindicações.
Por mais que tente, o secretário da Educação não consegue explicar porque o maior estado da
federação, que mais arrecada e que certamente terá um gigantesco superávit, neste ano, devido
ao crescimento econômico não pode pagar salários dignos a seus professores. Como amplamente
divulgado, a Folha de S. Paulo realizou estudo que mostra o nosso salário é o 14ª no ranking dos
estados brasileiros, abaixo de estados com arrecadação muito menor.
122 As razões do secretário nada têm a ver com o orçamento do Estado. Na realidade, ele tem uma
concepção excludente de educação e não admite o estabelecimento de uma política salarial e um
plano de carreira que contemple as necessidades da nossa categoria e possa reverter em melhor
qualidade do ensino.

O governo continua fragmentando a nossa categoria


123 O que o governo quer é implementar a “promoção por mérito”, que deixa no mínimo 80%
dos professores sem reajuste e sem estímulo para ministrar boas aulas. Além disso, 100% dos
aposentados foram excluídos deste programa. Quer estabelecer um clima permanente de
competição nas escolas e adotar formas de gerenciamento típicas de empresas privadas, através
de provões e mecanismos de controle que tiram direitos e mantém a categoria sob pressão. As
diversas leis e medidas do governo dividiram os professores em categorias “F” (estáveis pela lei do
SPPrev), “L” e “O”, criando inaceitável fragmentação, que desorienta os professores, precariza as
relações de trabalho e retiram direitos.
124 Cabe a todos nós reverter este quadro. Mais unidos, mais mobilizados e sempre na luta,
venceremos.

A luta contra o assédio moral é nossa


125 O assédio moral, infelizmente, é rotineiro nas escolas estaduais. Durante a greve, atendendo
determinação do governo, muitos dirigentes e outros gestores pressionaram e ameaçaram os

14 Caderno de Teses
TESE 1
professores, e a situação continua a se repetir. Assédio moral é crime precisa ser denunciado
e combatido. Além de jornal mural e cartilha sobre o tema, a APEOESP mantém todos os seus
advogados orientados e atualizados, prontos a prestar toda a assistência aos professores na defesa
de seus direitos contra mais esse ataque.

Mais participação, respeito e atendimento às necessidades dos associados


126 Além da luta pelas reivindicações da categoria, a atual gestão também se caracteriza pela
ampliação dos espaços de participação dos associados na vida da entidade, pela melhoria das
condições estruturais do sindicato e pelo oferecimento de novos serviços, que buscam atender
diversos aspectos da vida dos professores.
127 Assim, tornou-se prática comum a aferição das opiniões da categoria sobre diversos assuntos
através de pesquisas (que já vinham sendo realizadas há muito na APEOESP), enquetes e
questionários online disponibilizados no site da entidade (www.apeoesp.org.br). Os professores
também dispõem de outro espaço importante para manifestar opinões, formular perguntas,
apresentar críticas e propostas, que é o blog da presidenta da APEOESP (http//:apeoesp.wordpress.
com). Com pouco mais de um ano de funcionamento, até o final de agosto o blog já contava com
312 mil visitas, algo como 20 mil visitas ao mês. Durante a greve chegamos a quase 3 mil visitas
diárias.
128 As pesquisas, enquetes e comentários formulados no blog, assim como as correspondências
e mensagens eletrônicas têm sido fatores importantes de balizamento das propostas, lutas e
campanhas da APEOESP e, também, para as negociações com o governo.

Formação da APEOESP na disputa de projetos na sociedade


129 Neste último período a APEOESP concretizou algumas iniciativas que contribuíram para
qualificar a disputa do sindicato com o Governo do Estado, pela valorização do professor e por uma
educação pública de qualidade, destacando-se:
130 Formação de dirigentes: programa realizado em diversas, abordando os temas: concepção e
prática sindical, análise de conjuntura, processo congressual, estatuto e regimento, planejamento
estratégico. Além disso, foram realizados dois módulos do Programa da CNTE de formação de
dirigentes em Sociologia e Ciência Política, envolvendo cerca de 800 dirigentes em todo o Estado.
131 Preparação para o Concurso Público: em conjunto com a Secretaria Educacional, a Secretaria
de Formação produziu apostilas e realizou cursos preparatórios para o Concurso PEB I e PEB II,
recebendo avaliação muito positiva dos participantes.
132 Debate das políticas educacionais do Estado: em parceria com a Unicamp e demais entidades da
educação paulista, foram realizadas duas teleconferências, bem como, diversas reuniões do grupo
de estudo para avaliar e se contrapor às atuais políticas do Estado de São Paulo, contribuindo com
a queda da Secretária da Educação. Tal esforço resultou em uma Revista Educação & Cidadania,
que trata das políticas públicas educacionais para o currículo do Estado de São Paulo.
133 Fortalecimento do Coletivo de Formação: no período foi fortalecido o Coletivo de Formação da
APEOESP, que é composto por formadores e professoras do Doutorado em Educação da USP. O
Coletivo subsidia a política de formação da APEOESP, à luz dos princípios e diretrizes da CUT e da
CNTE, publicando o Boletim de Formação e a Revista anual de Planejamento.
134 Escola de Formação: brevemente a APEOESP disponibilizará aos professores uma escola de
formação, visando sempre o maior aperfeiçoamento da nossa categoria em prol da qualidade do
ensino.
135 Participação no grupo de discussão de currículo da FE-UNICAMP: juntamente com outras
entidades, a APEOESP teve destacada participação no grupo de estudos sobre currículo organizado
no âmbito da Faculdade de Educação da UNICAMP e, pela primeira vez, teve publicado um texto da
entidade em revista científica.
136 Propõe-se a continuidade e ampliação das ações já em andamento, bem como, o desenvolvimento
de novas propostas como: formação Permanente; teleconferências sobre os temas da agenda
político-sindical da APEOESP; intercâmbio e parceria com entidades sindicais, públicas e não-

Caderno de Teses 15
TESE 1
governamentais, nacionais e internacionais, para fortalecimento da luta da APEOESP; cursos de
Estratégia e Políticas Públicas; eventos Sindicais e Educacionais.

APEOESP lutando em várias em frentes em defesa da categoria


137 A APEOESP trabalha de forma incansável em defesa do conjunto do magistério e entende
que os diretores, supervisores e demais especialistas são fundamentais na luta por uma educação
pública de qualidade, com gestão democrática e verdadeira valorização de todos os profissionais
em educação.
138 Como parte desse trabalho, foi realizado no dia 21 de agosto o I Encontro Estadual dos
Especialistas em Educação da APEOESP que, além de reafirmar as deliberações aprovadas no
último Congresso, apresenta novas propostas de trabalho. Assim, foram aprovadas as seguintes
diretrizes específicas para o segmento:
-continuar o mapeamento dos especialistas da APEOESP;
-criar um link específico no site da entidade;
-reforçar e aprofundar o trabalho da APEOESP na orientação das demandas do cotidiano
escolar e profissional;
-incluir na pauta de reivindicação a luta em defesa da aposentadoria especial já;
-realizar encontro específico sobre questões jurídicas, voltadas para as especificidades da
profissão;
-eleger uma comissão até o congresso, com reuniões mensais, quanto defenderemos a
formação do Coletivo Estadual dos Especialistas em Educação da APEOESP;
-publicar boletim do 1° encontro;
-publicar um caderno com textos orientativos referentes à profissão;
-criar, após aprovação no congresso, o Coletivo Estadual dos Especialistas e coletivos nas
subsedes.

Mais atenção aos professores, como profissionais e como cidadãos


139 Com grande crescimento, hoje beirando os 180 mil associados, a APEOESP quer oferecer a
todos mais possibilidades de acesso à cultura, ao lazer, a atendimentos médicos e odontológicos.
Neste último aspecto, é importante assinalar que a APEOESP não abre mão da luta para que o
Estado cumpra suas obrigações para com a saúde dos professores e da população.

Ampliando o patrimônio
140 Assim, a entidade tem diversificado seus convênios em várias áreas, tem aprimorado suas
colônias de férias e tem dado sequência à aquisição de sedes próprias para as subsedes. Hoje
já são 14 subsedes que possuem suas sedes próprias adquiridas através de consórcios e mais 7
estão previstas para o próximo período.
141 A Casa do Professor, importantíssima conquista da nossa entidade, continua sendo amplamente
utilizada pelos professores de todo estado em seus deslocamentos a capital, sendo ainda local para
a promoção de reuniões e eventos, tanto do próprio sindicato quanto de outras entidades que nos
solicitam.

Projeto habitacional
142 Também estamos incorporando a entidade ao programa Minha Casa, Minha Vida, do governo
federal, a partir das subsedes cujas coordenações manifestaram interesse no projeto. A partir do
cadastramento dos professores interessados, uma empresa parceira organizará o atendimento à
demanda e a formulação e viabilização do projeto habitacional através de construtoras credenciadas
no programa federal, dentro das faixas de renda que correspondem à maior parte dos professores.

16 Caderno de Teses
TESE 1
Atendimento jurídico e call center
143 Também o atendimento jurídico aos associados está em constante aprimoramento, não apenas
em relação a causas individuais ou de grupos, mas também nas causas coletivas. O corpo de
advogados passa por um permanente processo de atualização profissional, coordenado pela diretoria
da entidade, unificando entendimentos e a forma de atendimento aos professores. Pretendemos,
brevemente, que a entidade conte com um call center para o atendimento jurídico, agilizando-o e
aprimorando-o.
144 Os resultados são evidentes, em importantes causas ganhas contra o governo do PSDB, entre
as quais se destaca a proibição de uso dos resultados da “provinha dos ACTs” para atribuição de
aulas de 2009. Também se destaca recente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que
manda o governo retirar do prontuário as faltas relativas à greve de 2000, seguindo o juiz toda a
argumentação da APEOESP.

VI - Políticas Permanentes

a) Em defesa da saúde dos professores


145 Hoje, na rede estadual de ensino, há altos índices de professores afastados da sala de aula
em razão de doenças profissionais. Muitos adquirem a Síndrome de Burnout, Lesões por Esforço
Repetitivo (LER), distúrbios da voz, distúrbios mentais e comportamentais e outras enfermidades,
devido às más condições de trabalho e de higiene nas escolas, exposição a riscos físicos e químicos,
dificuldade de aprendizagem dos alunos, pressão das diretorias, sobrecarga de atividades, salas
superlotadas, violência na escola, achatamento salarial outros fatores.
146 A APEOESP realizou em 2003 uma pesquisa entre os delegados do Congresso Estadual
da entidade, cujos resultados já apontavam o adoecimento dos professores pelas razões acima
descritas. O governo estadual ignorou esta pesquisa, mas, recentemente, pesquisa financiada pelo
próprio governo, publicada no jorna l Folha de S. Paulo, chegou a conclusões semelhantes. Frente
a isto, ficou patente o absurdo da lei 1.041/08, que limita a apenas seis por ano o número de faltas
para consultas e tratamentos médicos. Se os professores faltam mais, é porque adoecem mais.

Melhorar a saúde dos professores


147 Face a esta situação, vimos encaminhando ações que visam beneficiar a saúde dos professores.
Neste sentido, a APEOESP vem participando de diversos fóruns Municipais, Estaduais e Nacionais
e outras atividades organizadas por profissionais da área da saúde, e participa ativamente da luta
por um IAMSPE para todos.
148 Nossa proposta é a de garantir que algumas leis que buscam assegurar melhores condições
de trabalho sejam cumpridas pelo governo estadual. E que as doenças acima descritas sejam
diagnosticadas como doenças adquiridas no trabalho.
149 Uma destas leis é a de número 10.893, de 28 de setembro de 2001, de autoria da deputada
Maria Lucia Prandi (PT). Esta lei dispõe sobre a criação do Programa Estadual de Saúde Vocal
do Professor da Rede Estadual de Ensino. Em seu artigo 2º, a lei afirma que o Programa deverá
abranger assistência preventiva, na rede pública de saúde, com a realização de, no mínimo, um curso
teórico-prático anual, objetivando garantir aos professores esclarecimentos sobre o uso adequado
da voz. Afirma ainda que o Programa Estadual de Saúde Vocal terá caráter fundamentalmente
preventivo, mas, uma vez detectada alguma disfonia, será garantido ao(à) professor(a) o pleno
acesso a tratamento fonoaudiológico e médico.

DPME
150 Recentemente a diretoria esteve reunida com a direção do Departamento de Perícias Médicas
do Estado (DPME), reivindicando melhorias e descentralização do atendimento. De concreto,
recebemos a promessa de agilização do atendimento online para agendamento de perícias médicas
e reinvicamos, entre outros pontos, alteração do Decreto 29.180/88, para que seja considerado

Caderno de Teses 17
TESE 1
como licença-saúde o período compreendido entre a perícia e a publicação de seu resultado no
D.O.E., quando o parecer for desfavorável à licença ou prorrogação de licença. Ficou claro que a
Secretaria não cumpre as recomendações do DPME quanto às condições de trabalho. A APEOESP
está solicitando audiência com a Secretaria de Gestão Pública, à qual o DPME é subordinado.

151 Propostas
-Lutar para que o Estado desenvolva programas de prevenção e melhoria da saúde dos
professores;
-Lutar para que o Estado aporte sua cota-parte para o IAMSPE (equivalente a 2% folha de
pagamento);
-Lutar por mais descentralização, modernização e melhoria do atendimento do IAMSPE;
-Lutar pela revogação da lei 1.041/08;
-Criação em todas as subsedes de uma comissão da saúde que esteja comprometida em
acompanhar a saúde dos professores;
-Criação de uma comissão de saúde dentro da Secretaria de Políticas Sociais para
acompanhamento, no IAMSPE, nos órgãos oficiais buscando levantar diagnóstico e elaborar
políticas públicas;
-Essa comissão terá como meta encaminhar todos os diagnósticos levantados para que a
executiva da Entidade interfira junto aos órgãos oficiais para que estes reconheçam estas
doenças como profissionais.

b) Mulher no Trabalho e na Política - Avançando cada vez mais na Conquista dos seus
Direitos
A Mulher no Trabalho
152 A presença das mulheres no mercado de trabalho vem aumentando consideravelmente nos
últimos 40 anos. Este fato e bastante difundido e certamente é uma vitoria muito grande, fruto de
anos de lutas e mobilizações das mulheres.
153 Contudo, não significa que as desigualdades entre homens e mulheres foram resolvidas, inclusive
porque no mercado de trabalho encontramos condições bastante desfavoráveis e discriminatórias
com relação as mulheres.
154 É importante frisar que as desigualdades não são explicadas pela escolaridade, já que as
mulheres tem mais anos de estudo e as diferenças de rendimentos são maiores entre as pessoas
mais escolarizadas. Entre as pessoas com curso superior, as mulheres recebem 40% menos.
155 Se por um lado a situação das mulheres melhorou, por outro lado, cresceram enormemente
seus encargos e atribuições, com a duplicação de jornada de trabalho e o aumento das pressões
por excelentes resultados em seu desempenho profissional, intelectual e pessoal, muito acima do
que se exige dos homens. Chefes de família, mães, trabalhadoras, estudantes ou desempregadas,
as mulheres substituem os homens também ao se tornarem provedoras do lar.
156 Entretanto, as mulheres negras sofrem muito mais discriminação no mercado de trabalho, seja
no ingresso ou no processo de progressão funcional, a remuneração fica sempre na faixa de um
salário mínimo ou em média recebem 50% a menos do que as não negras, elas chefiam em número
maior 60% do que as mulheres brancas e são as mais pobres; um primeiro marcador da pobreza e a
falta de escolaridade, pois a maioria delas são analfabetas ou semi-analfabetas 79% das mulheres
negras não completaram os quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, seguido pelo estado
conjugal.
157 Com pouca escolaridade e a falta de uma profissão considerada qualificada, justificam o lugar
que a mulher negra ocupa no mercado de trabalho, o mais desvalorizado socialmente e a pior
remuneração, o trabalho doméstico é o lugar que a sociedade destinou como ocupação prioritária
das mulheres negras.
158 A desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho independe de abalos

18 Caderno de Teses
TESE 1
financeiros internacionais; a diferença de renda entre gêneros até que diminuiu ligeiramente, mas
as mulheres ainda ganham menos que os homens.
159 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado em 2009, e referente ao ano 2008,
comprova que não importa em que pais a mulher se encontra. De forma generalizada, no mundo,
os homens ganham mais.
160 Se a mulher faz a opção por ter um/a filho/a o Estado deve garantir políticas públicas para
ampará-la. A creche e um direito de todas as crianças, e no caso do Brasil, esta e mais uma pauta
prioritária de nossa luta, uma vez que estamos longe de ter este direito das crianças, a creche é um
instrumento fundamental para que as trabalhadoras que são mães possam acessar e permanecer
no mercado de trabalho.
161 Nesse sentido, a Ratificação da Convenção 156 da OIT e importante instrumento no
questionamento das relações de gênero em nossa sociedade na medida em que pauta o
compartilhamento do trabalho doméstico e de cuidado familiar.
162 A CUT vem impulsionando essas lutas que vão no sentido de construir uma sociedade igualitária,
justa e democrática, e que devem, portanto, ser parte da luta do conjunto da classe trabalhadora,
não apenas das mulheres. Para CUT se queremos transformar de fato a sociedade, precisamos
transformar a vida das mulheres trabalhadoras.

A Mulher na Política
163 Pela primeira vez, o Brasil poderá ter uma mulher na Presidência da República. Um cenário
político que torna as eleições de 2010 muito importante para definição dos rumos da nação brasileira
nos próximos anos, pois está em pauta a continuidade e o aprofundamento do ciclo de mudanças
iniciado em 2002 ou o retrocesso neoliberal, bem como a aplicação da Lei 12.034/09 na parte
específica das mulheres para melhorar sua participação no poder.
164 As medidas para garantir igualdade e maior participação das mulheres tem sido entendidas como
“ações afirmativas” e tem sido definidas e implementadas, estabelecendo cotas de participação
política com o fim de reduzir as perdas acumuladas que tanto afetam a vida das mulheres.
165 Tivemos em 2009 a aprovação da Lei no. 12.034 - uma mini-reforma eleitoral que vem a
beneficiar as mulheres tanto nas questões das cotas, no financiamento de campanha eleitoral e
ajudara a promover e difundir a participação política feminina.
166 Em relação às reivindicações das mulheres foi constituída a comissão tripartite (Executivo,
parlamento e sociedade civil), instituída pela Portaria nº 15 de 02/03/2009, coordenada pela Secretaria
Especial de Política para Mulheres (SPM), com o objetivo de discutir, elaborar e encaminhar a
proposta de revisão da Lei 9504/97, que estabelece normas para eleições.

Violência Contra a Mulher


167 A violência contra a mulher esta estampada nos jornais. Essa violência não é só agressão
física, ocorre nos espaços públicos e privados, é também psicológica e moral: agressões verbais
reduzem a auto-estima e fazem as mulheres se sentirem desprezíveis. É também uma questão de
saúde, causa estresse e enfermidades crônicas.
168 A violência domestica e a campeã entre todas e expressa à desigualdade de poder nas relações
afetivas e sociais entre homens e mulheres. No espaço de trabalho, ocorrem o assédio e a violência
sexual seguidos pelo assédio moral que desqualifica o trabalho e desmoraliza a trabalhadora.
169 A condição da mulher se soma a violência racial/étnica, pois as mulheres negras são as mais
vítimas de homicídios, discriminação, violência sexual, turismo sexual e tráfico de mulheres.
170 Em 2007 foi lançado o Pacto Nacional de Enfrentamento a Violência contra as Mulheres que
reúne um conjunto de ações a serem executadas entre 2008 a 2011 para prevenir e enfrentar todas
as formas de violência contra mulher. Entre os eixos prioritários da política pública esta o combate
a exploração sexual de meninas adolescentes e ao tráfico de mulheres.
171 Por outro lado, as ações que envolvem informação e educação são as melhores estratégias de
envolver os homens e diminuir o número de violência contra as mulheres. A Lei Maria da Penha é

Caderno de Teses 19
TESE 1
uma grande conquista. A Lei não e contra os homens, ela e contra a violência contra a mulher. A lei
e aliada dos homens na conquista de uma sociedade sem violência.

172 Propostas:
-Organizar as mulheres da APEOESP de forma articulada com a SNMT, SEMT da CUT e
Secretaria de Gênero da CNTE;
-Incorporar no sindicato as políticas, propostas e campanhas debatidas no interior da CUT e
CNTE em relação a política de gênero;
-Desenvolver uma ampla campanha estadual de combate a violência contra as mulheres
(Campanha desenvolvida pela CUT) o combate a violência, assedio sexual, assedio moral,
violência sexual e doméstica. Na casa, no trabalho e na sociedade, com ações de sensibilização,
oficinas, elaboração de material de divulgação e informação: (cartaz-folder-adesivos-bottons-
camisetas-suplemento informativo), atividades regionais para lançamento, divulgação e diálogo,
social na perspectiva de possíveis ações conjuntas com outros setores sociais;
-Confeccionar cartilha sobre a Lei Maria da Penha para mulheres sindicalizadas da APEOESP;
-Orientar a participação das mulheres do Coletivo de Gênero da APEOESP nos Conselhos
Municipal e Estadual de Defesa dos Direitos das Mulheres a fim de intervir e propor políticas de
interesse das mulheres;
-Lutar pela ampliação de creches;
-Implementar a transversalização do tema gênero nas diversas políticas, entre elas a formação,
a Política sindical, social e a saúde do trabalhador;
-Realizar seminários sobre economia e os organismos multilaterais para as mulheres do coletivo;
-Fazer um levantamento da violência contra a mulher no Estado de São Paulo, através das
Subsedes;
-Realizar Seminário na Semana 8 de marco, confeccionar camisetas, jornal, cartazes e convocar
com antecedência representantes das subsedes para participarem da Marcha das Mulheres.

c) Homossexualidade – Educar para Superar o Preconceito


173 Muitos são os mitos que envolvem a homossexualidade, em parte por preconceito, mas muito
por desconhecimento. Os próprios homossexuais com medo da rejeição da família, dos amigos e
da sociedade em geral, e por se sentirem culpados pela sua “diferença”, tendem a esconder seus
verdadeiros sentimentos e desejos e leva uma vida quase clandestina.
174 Dessa forma, acabam reforçando as fantasias, os estereótipos e os mitos. Também as religiões,
de um modo geral, por condenarem a homossexualidade como não ”natura, contribuem e muito
para esse isolamento e o consequente fortalecimento dos preconceitos.
175 Em termos de sistema educativo, podemos afirmar que o racismo e o machismo estruturais da
sociedade brasileira são grandemente responsáveis pelo fracasso dessas minorias no sistema.
176 Dentro do meio sindical de professoras(es) encontramos ainda o pensamento hegemônico da
não necessidade de discussão da discriminação por orientação sexual, entendendo que com a
superação da sociedade de classes - objetivo essencial da luta da classe trabalhadora - todo ódio,
preconceito e a discriminação também serão ultrapassados. Mesmo com avanços significativos
na luta e reivindicações sindicais, permanece a ideia de que a luta de trabalhadoras(es) e os
importantes debates teóricos somente acontecem no que há de igual, de comum a toda a classe:
conjuntura, campanha salarial, condições gerais de trabalho, doenças profissionais, entre outros. As
diversidades étnicas, sexuais, de gênero e culturais ou são silenciadas, ou relegadas ao segundo
plano no debate. Semelhante concepção sindical admite o discurso da desigualdade econômica
quase como natural, esquecendo que, em sua origem, o sindicalismo moderno teve que enfrentar
reações e dificuldades ate incorporar o tema como pauta de luta contra a exploração do capitalismo
industrial nascente.
177 O desafio que se coloca para os dirigentes sindicais é a imediata incorporação do tema da
exclusão das minorias
20 Caderno de Teses
TESE 1
178 Discriminação não e crime no Brasil. Na esfera federal, não há lei aprovada para as necessidades
da comunidade LGBT, mas em 112 cidades e em 13 estados brasileiros, já há leis que coíbem a
discriminação.
179 No Congresso Nacional tramitam dois projetos de lei para crimes de homofobia e para
o reconhecimento da união estável. No Poder Executivo há alguns avanços como a criação do
Programa Nacional de Combate a Homofobia, o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e
Direitos Humanos e a Primeira Conferencia de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais
realizada em 2008.
180 Entretanto, ao destacar conquistas obtidas nos últimos anos, em defesa dos direitos dos
homossexuais brasileiros, devemos reconhecer igualmente, que a sua crescente organização e
visibilidade tem permitido avaliar com mais clareza a grave extensão da violação de seus direitos e
garantias fundamentais.
181 A violência letal contra homossexuais e mais, especialmente, contra travestis e transgêneros e,
sem duvida, uma das faces mais trágicas da discriminação por orientação sexual ou homofobia no
Brasil.
182 Portanto, apenas montar um trio Elétrico carro alegórico no dia da Parada Gay de São Paulo
não e o suficiente para uma categoria, que representa em seus quadros um grande numero de
pessoas vivendo o problema da violência homofóbica.

183 Propostas:
-Promover campanhas de Combate a Violência e a discriminação contra LGBT;
-Fomentar e apoiar curso de formação inicial e continuada de professores na área da sexualidade;
-Formar equipes multidisciplinares para avaliar livros didáticos;
-Promover Encontros: Regionais e Estaduais para debater a discriminação;
-A participação efetiva nas Paradas do Orgulho Gay ocorridas no Estado de São Paulo;

d) Antirracismo
184 Pensar a atual situação da população negra no Brasil requer atenção. Nos últimos 8 anos
obtivemos grandes avanços no entanto o estigma do racismo no Brasil é tão profundo que muito
ainda esta por fazer. As politicas públicas (geral e especifica) implementadas pelo Governo Lula
foram de suma importância para iniciarmos um longo caminho. O caminho da inclusão racial no
Brasil.
185 E, este caminho passa obviamente pelo aprofundamento das politicas publicas especificas, pela
desconstrução do racismo institucional que ainda se apresenta de forma perversa em diferentes
campos. Na saúde, na educação e principalmente na segurança, quando ainda temos o estereótipo
do marginal: jovem, pobre e negro, é exatamente este o perfil predileto que a policia foca em suas
voltas pelas periferias brasileiras e o resultado todos nos conhecemos, é o extermínio da juventude
negra. Mudar esta realidade é dever de todos e todas que acreditam em uma sociedade justa e
igualitária. Agora não podemos deixar de mencionar é que acreditamos que a construção desta
sociedade também passa pela educação, passa pela escola; uma escola pública de qualidade
que apresente um currículo inclusivo, uma escola em que nossas crianças negras, indígenas
ou de qualquer outro grupo étnico-racial se reconheçam como sujeitos da nossa história, e, este
reconhecimento passa indubitavelmente pelo conhecimento da sua própria historia e a da sua
ancestralidade.
186 A realidade da população afro-brasileira nas áreas de desenvolvimento humano, renda educação,
saúde, emprego, habitação e violência aos negros e negras, continuam em situação desfavorável.
Ainda são principais vítimas na exclusão dos serviços básicos, e a pouca representação nos postos
de poder. Os jovens negros em nosso país são as principais vítimas da violência policial.
187 Sendo assim, propomos:
-Encontros regionais e estadual de troca de experiências entre os docentes flexibilizando os

Caderno de Teses 21
TESE 1
tempos escolares já proposto na LDB, pensando momentos de participação da comunidade
junto com professores e alunos;
-Mapeamento e tomada de conhecimento das lutas, demandas e conquistas dos Movimentos
Negros;
-Defesa da política de cotas nas universidades;
-Que a APEOESP inclua o dia 20 de novembro no calendário da entidade orientando a
organização e participação em atividades do movimento sindical CUTista e movimento social;
-Que seja realizado uma vez ao ano, um seminário do coletivo antirracismo da APEOESP tendo
participação das subsedes e seus coletivos regionais;
-Que os membros do coletivo antirracismo sejam eleitos a cada 3 anos;
-Aplicação integral da lei que determina a obrigatoriedade no ensino fundamental e médio nas
escolas Estadual, Municipais e Particulares da Lei 10.639/2003, que insere a Cultura da África
nos currículos escolares das disciplinas de Sociologia;
-Entendendo a importância da Lei - 10.639/03, que a APEOESP sob a orientação do Departamento
Jurídico aos Escritórios regionais oriente as subsedes a organizarem denúncias nas promotorias
públicas sobre o não cumprimento (a nível Municipal e Estadual da Lei 10.639/2003);
-Cobrar junto a SE a formação aos professores para efetiva aplicação da Lei 10.639/2003,
abordando temas como: a influência da mídia, a religião, a cultura, a estética, a corporeidade,
a música, a arte, os movimentos culturais, na perspectiva afro-brasileira sem sentimentos de
inferioridade ou de superioridade;
-Continuar promovendo e participando de Campanhas Nacionais e Internacionais de Combate
ao Racismo e toda forma de discriminação e erradicação da pobreza;
-Que o Coletivo de Formação APEOESP indique e elabore material impresso para subsidiar o
debate da temática racial (afro-brasileira/ indígena)
-Filiação da APEOESP ao INSPIR (INSTITUTO INTERAMERICANO de Promoção de Igualdade
Racial) (contribuição de meio salário mínimo mensal).

e) Política para a juventude


188 “A prática de ensinar nos leva a aprender, a retificar nossos erros e a repensar o pensado e tido
como certo. A curiosidade quase virgem dos alunos está grávida de sugestões, de perguntas que
não foram percebidas antes pelo ensinante”. (Paulo Freire)
189 Deste modo, o professor precisa estar sempre aberto ao novo aprendizado construído
socialmente entre “mestres e alunos”, pois ensinar leva a aprender.
190 As funções de instruir e de educar, os processos de ensinar e aprender constitui um campo
diversificado de pesquisa, tendendo-se a alargar à figura do professor - como pessoa e como ator
social - a área de questionamento e estudo.
191 É importante estudar o que é ser professor. Não da eficácia do seu fazer profissional na sala de
aula, como é, em geral, considerado, mas na complexa dimensão da pessoa/cidadão/profissional.
192 O jovem professor enfrenta desafios e muitas vezes preconceito. Ele se vê obrigado a passar
pela suposta aprovação dos alunos e também ganhar o “respeito” dos colegas.
193 Quando a gente pensa em professor logo lembra de uma pessoa mais velha, mais experiente,
tanto no mercado de trabalho, como na vida acadêmica.
194 Então, voltamos a Paulo Freire: “É ensinando que se aprende”.
195 Por isso, a APEOESP está e estará sempre aberta aos novos professores. Eles representam
novas energias, novas ideias e novas perspectivas para o nosso sindicato e para a educação pública
no Estado de São Paulo e merecem a atenção e a acolhida da nossa categoria.

f) Integração dos Professores Aposentados nas Lutas Gerais pelos Direitos dos Idosos
196 O processo de envelhecimento é um fenômeno mundial que comporta consequências para os

22 Caderno de Teses
TESE 1
indivíduos e para as nações. O Estado de São Paulo não pode mais pensar seu desenvolvimento
sem considerar a mudança no perfil demográfico, ao lado das contradições e do quadro gravíssimo
de exclusão social e econômica que incide sobre a população que aqui envelhece, os professores
aposentados do Estado mais rico da Nação também enfrentam essa dura realidade.
197 Projeta-se para o ano 2050 que a população idosa total dos 12 territórios da América Latina
contará com cerca de 20% do total da população.
198 O envelhecimento está se registrando de forma muito acelerada, na América Latina a velocidade
supera a Europa e, no caso do Brasil, no período de duas décadas, 1996 ao futuro próximo 2016,
a proporção de idosos passará de 7% para 14% do total da população. Os demógrafos trabalham
com números que apontam em 2020 um Brasil com uma população idosa perto de 33 milhões
de pessoas. Segundo dados da PNAD de 2008, a população idosa compõe 11,1% do total da
população.
199 Desse contingente, o IBGE apontava em 2000 que 40,3% vivia com uma renda de meio a um
salário mínimo por mês. Isto coloca para os Estados, questões fundamentais a serem pensadas
em termos de proteção social e garantia de direitos. Em São Paulo estima-se que 2,2 milhões
sobrevivem com rendimento domiciliar per capita de até meio salário mínimo, e que um milhão
dessas pessoas têm de zero a um ano de instrução.
200 É certo que os problemas que afetam a população idosa só podem ser plenamente resolvidos
no marco de soluções mais gerais de garantia da justiça social e econômica. Mas também é certo
que se faz necessário a construção de políticas sociais específicas para esse setor, especialmente
pela condição de vulnerabilidade a que tem sido submetido, com a supressão dos seus interesses
do campo das iniciativas do poder público.
201 Duas Conferências Nacionais da Pessoa Idosa indicam a necessidade de se criar uma reafirmando
as modalidades de atendimento propostas na Política Nacional do Idoso e no Estatuto do Idoso.
As deliberações das Conferências apontam as responsabilidade dos ministérios na manutenção de
algumas ações que vem sendo implementadas, tais como, a concessão do Benefício da Prestação
Continuada, (BPC) ações da Saúde, Educação, Desenvolvimento Social entre outros, mas remete
para os Estados e Municípios a execução das propostas que estão em seu âmbito. Enfatizam
ainda a necessidade de ações intersetoriais, com articulação entre os diversos órgãos de governo
e instituições da sociedade civil para efetivação das propostas apresentadas pelos idosos de todo
país.
202 Dessa forma, cabe ao estado implementar ações direcionadas ao processo de envelhecimento
e à busca de alternativas para a construção de uma sociedade para todas as idades.

203 Propostas:
- Desenvolver a integração da APEOESP ao Programa Minha Casa Minha Vida, visando
assegurar moradia digna aos professores aposentados;
-Ampliação das Políticas Específicas da APEOESP para Atendimento à Saúde e lazer;
-Propor aos órgãos reguladores dos Planos de Saúde a obrigatoriedade de geriatras e
gerontólogos em todos os planos, inclusive na Rede Pública;
-Reivindicar mais recursos por parte do governo para o IAMSPE;
-Ampliar a oferta de vagas nas Colônias de Férias, incluindo novos locais e inclusive convênios
com outros sindicatos;
-Promover a inclusão digital do setor de aposentados através de curso de informática oferecido
pela Sede Central e nas subsedes, incluindo cursos a distancia;
-Realizar atividades e campanhas com a finalidade de garantir a implementação do Estatuto do
Idoso;
-Divulgar junto à sociedade o Estatuto do Idoso;
-Investir na criação de Conselhos Municipais de Idosos e acompanhar os já existentes de acordo
com o Estatuto do Idoso;

Caderno de Teses 23
TESE 1
-Lutar pela democratização do Conselho Estadual do Idoso assegurando em sua composição a
participação dos idosos de todas as entidades de classe;
-Exigir o cumprimento da gratuidade no transporte intermunicipal e municipal às pessoas acima
de 60 anos conforme o Estatuto do Idoso;
-Ampliar o número de delegacias do idosos na capital e criar nos municípios do interior, com
pessoal especializado;
-Acompanhar e fiscalizar as LDOs, a fim de garantir os orçamentos nas esferas e a implementação
das políticas do idoso e seu estatuto;
-Exigir mecanismos para acompanhamento e fiscalização dos recursos previdenciários e
divulgá-los à sociedade;
-Cobrar a observância da Resolução n.16 do Conselho Nacional do Idoso que garante a inclusão
nos currículos escolares de temas que abordem o processo de envelhecimento e o Estatuto do
Idoso;
-Editar o Guia Prático da Melhor Idade com todas as informações que o idoso precisa elaborado
pela APEOESP (em parceria com o DIEESE);
-Elaborar Cartilha contendo as principais conquistas e direitos garantidos no Estatuto do Idoso
com a finalidade de conscientizar a população, especialmente jovens e crianças, sobre a
necessidade de cuidados especiais para com os idosos.

VII – Plano de Lutas


204 Nós, professores e professoras da rede estadual de ensino e das demais redes oficiais do
Estado de São Paulo, temos um profundo compromisso com a qualidade da educação e com a
emancipação do povo brasileiro.
205 Não há educação de qualidade sem a valorização dos profissionais da educação, mas o
insubstituível papel do professor tem que ser reconhecido, respeitado e valorizado tendo em vista
a sua dimensão social. Como instrumento fundamental de construção da cidadania e de inclusão
social, a educação tem que ser a prioridade fundamental não apenas dos diversos governos, mas
do Estado e da Nação.
206 É por esta razão que nos indignamos e nos insurgimos contra a forma pela qual o PSDB e
seus aliados conduzem a educação pública no Estado de São Paulo e contra a maneira pela qual
reduzem professores, especialistas e demais profissionais da educação a meros executores de
uma política educacional que não atende às necessidades da comunidade escolar e da sociedade
de modo geral e não contribui para o desenvolvimento do Estado e da Nação.

A luta pela educação de qualidade


207 Educação de qualidade não harmoniza com classes superlotadas, com más condições de
trabalho, com desatenção à saúde do professor, com políticas de “promoção por mérito” excludentes
e que causam a fragmentação da categoria. Não pode ser alcançada através de provinhas e
provões que se destinam a punir e estigmatizar professores e não pode ser alcançada quando há
ocorrências generalizada de casos de assédio moral nas escolas e outras instâncias da estrutura
da rede estadual de ensino.
208 A falta de prioridade à educação e às demais áreas sociais se evidencia na queda da despesa
de pessoal do Governo do Estado, hoje em apenas 39,5% da despesa corrente líquida do Estado,
muito inferior ao limite de 49% imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O governo do PSDB,
em todas as áreas, não investe na formação e manutenção de um quadro de servidores públicos
qualificados, motivados, valorizados e contemplados com planos de carreira que atendem suas
necessidades e lhes ofereçam perspectivas de futuro. Opta, ao contrário, pela terceirização dos
serviços e por manter elevado número de temporários.

24 Caderno de Teses
TESE 1
Previdência social
209 Face a diversas especulações relacionadas à questão da previdência social, ressaltamos que
não haverá solução definitiva para essa questão enquanto não forem, dentro Ministério, separadas
as esferas e as contas que dizem respeito das aposentadorias dos trabalhadores e às questões
relativas à seguridade social de uma forma mais geral (pensões e saúde). A APEOESP organizará
um fórum para debater a questão previdenciária e nos colocamos contra qualquer reforma da
previdência que venha a retirar ou prejudicar os direitos dos trabalhadores.
210 Por isso, engajados na luta pelo atendimento de nossas reivindicações, temos que manter,
sempre, a perspectiva da unidade do magistério e com todo o funcionalismo. Mais, ainda, devemos
sempre buscar os meios para envolver o conjunto da sociedade na construção de novas políticas
educacionais e sociais para o nosso Estado e o nosso país.
Assim, lutamos, entre outras reivindicações, por:

211 Questões educacionais


-Implementação do Sistema Nacional Articulado de Educação
-Aprovação do Plano Estadual de Educação, Democrático e Emancipador;
-Implementação da EC 59/2009
-Mais creches e pré-escolas;
-Fim a municipalização do ensino e pela melhoria da qualidade no ensino fundamental;
-Por um perfil de ensino médio que atenda aos interesses dos filhos e filhas da classe
trabalhadora;
-Garantia do acesso de todos à educação Pública de qualidade em todos os níveis;
-Ampliação dos recursos financeiros para a educação de forma gradativa até atingir 10% do
PIB;
-Erradicação do trabalho infantil e garantia de acesso e permanência na escola;
-Derrubada do veto ao projeto que determina o máximo de 35 alunos por sala;
-Fim da aprovação automática;
-Garantir programas de formação continuada dentro da jornada e no próprio local de trabalho;
-Participação efetiva do Estado de São Paulo no programa nacional de formação dos
profissionais da educação;
-Criação de uma universidade pública voltada para as licenciaturas;
-Fim das aulas aos sábados;
-Contratação do psicopedagogo nas unidades escolares;
-Pelo aumento significativo do número de vagas nas IES públicas e uma política de motivação
da juventude para os cursos de formação dos educadores;

212 Questões profissionais


-política salarial única para todos os integrantes do magistério, da ativa e aposentados, inclusive
para aqueles que perderam a paridade;
-piso salarial do DIEESE por 20 aulas;
-incorporação das gratificações e do bônus com extensão aos aposentados;
-fim da “promoção por mérito”;
-vale-alimentação para todos os professores, independente do número de aulas e correspondente
a 20% do salário;
-manutenção e extensão do Adicional de Local de Exercício a todas as escolas;
-aplicação do piso salarial profissional nacional em todas as redes de ensino, com definição
de jornada única e carreira, mobilizar os professores em processos de aprimoramento das
condições do trabalho educativo na educação básica e ascensão na carreira profissional;

Caderno de Teses 25
TESE 1
-fim das “provinhas” punitivas ao professor - pelo fim do “provão” dos temporários;
-revogação das leis complementares 1093,1094 e 1097 de 2009;
-revogação da lei 1041/08 (lei das faltas médicas);
-retirada imediata do prontuário, das faltas referentes à greve de 2000 e à greve de 2010;
-cumprimento da aposentadoria especial para diretores, vice-diretores e coordenadores
pedagógicos, com extensão aos professores readaptados e supervisores;
-valorização, respeito e dignidade aos professores readaptados; aposentados e adidos;
-democratização, respeito e agilidade nos atendimentos no Departamento de Perícias Médicas
do Estado (DPME);
-melhoria do IAMSPE e saúde pública de qualidade para todos os servidores públicos, em todas
as regiões do estado.

213 Plano de carreira


-implementação das diretrizes nacionais para os planos de carreira do magistério e para os
planos de carreira dos funcionários da educação;
-acompanhamento dos municípios que não estão implementando planos de carreira e adoção
de medidas cabíveis;
-implementação, a partir de uma construção democrática, de um novo Plano de Cargos e
Salários para o magistério estadual e PCS nas redes municipais de ensino;
-plano de carreira para professores estaduais e municipais, garantindo piso e demais direitos de
evolução funcional, independente do nível de escolaridade;
-chamada imediata de todos os aprovados no concurso de PEB II;
-criação e preenchimento, por concurso público, das 80 mil vagas previstas pelo próprio governo;
-garantia de piso mínimo do DIEESE (20 horas), sendo a jornada constituída por 50% do tempo
com aluno + 25% HTPC + 25% com hora/atividade;
-plano de carreira organizado de forma aberta e única, garantindo promoção para qualquer
cargo até o fim da tabela de referências, possibilitando que se chegue ao final da tabela sem
sair da sala de aula;
-que os ACTs contratados nos interstícios dos concursos tenham seus direitos garantidos de
forma plena;
-reafirmar a defesa do Regime Jurídico Único para o funcionalismo público garantindo também
ao ACT o direito a férias proporcionais e 13º salário;
-coordenadores pedagógicos por área, eleitos pelos seus pares;
-garantir o funcionamento da Comissão de Plano de Cargos e Salários, criada em julho de 2006.

214 Questões gerais


-não a qualquer reforma que retire direitos dos professores, dos trabalhadores em geral e da
população;
-defesa dos serviços públicos, principalmente nas áreas da Saúde, Educação, Segurança e
Previdência Social;
-fim de perseguição e criminalização dos movimentos sociais;
-defesa do direito de greve; cumprimento da Convenção 151 da OIT, já homologada pelo Brasil;
-fim do Imposto Sindical e das taxas compulsórias;
-garantia em lei da estabilidade no emprego e proteção contra a demissão imotivada;
-garantia do direito à organização no local de trabalho e ao livre exercício da atividade sindical;
-defesa dos princípios de autonomia e independência dos sindicatos, por um sindicalismo
democrático, combativo e classista;

26 Caderno de Teses
TESE 1
-avançar no processo de organização do movimento sindical brasileiro e unir forças entre os
que lutam em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra o neoliberalismo;
-Fortalecer a luta da APEOESP para melhorar e ampliar o atendimento do IAMSPE, CEAMA e
Hospitais Regionais, através da participação massiva dos aposentados;
-Exigir agilidade na marcação de consultas, com prioridade aos portadores de deficiência física,
assim como agilidade na realização dos exames médicos solicitados;
-Cobrar do governo maior agilidade no pagamento dos precatórios;
-Reajuste salarial imediato para os aposentados e não aposentados;
-Incorporação das gratificações com extensão aos aposentados;
-Exigir respeito á Bata base;
-Realização de abaixo assinado cobrando igualdade no tratamento entre aposentados e não
aposentados;
-Apoiar a luta indígena, quilombola e de outras etnias ou grupos minoritários;
-Ampla Campanha Estadual incentivando a abertura de Conselhos Municipais da Consciência
Negra em todos os municípios com participação de representantes da APEOESP;
-Neste ano eleitoral, exigir que os candidatos assumam compromisso por escrito em defesa das
nossas reivindicações e contra as atitudes que prejudiquem a Escola Pública, os professores,
os aposentados e não aposentados;
-Realização das Assembleias em local fechado;
-Realização de um abraço a Secretaria da Educação pelos professores aposentados;
-Organização e realização do Dia Estadual em Defesa dos Direitos dos Aposentados;
-Elaboração e distribuição de panfleto específico para a população denunciando as condições
dos professores aposentados em São Paulo;
-Denuncia na mídia escrita, falada e televisiva sobre a real situação dos professores aposentados;
-Cobrar do governo a dívida dele com a previdência em São Paulo;
-Marcar reunião com a SPPREV para tratar dos transtornos ocasionados pelo novo método de
recadastramento e concessão de aposentadorias;
-Lutar pelo cumprimento do direito à isonomia e paridade salariais;
-Lutar pela revogação da Lei Complementar 1097/09;
-Exigir o pagamento da ação do Bônus Mérito ganha em 2006;
-Cobrar a criação de uma comissão das aposentadorias principalmente daquelas concedidas
após a publicação da Lei 836/97;
-Lutar pelo reconhecimento da Comissão de Negociação permanente instituída pela Lei
Estadual 12.638/07 para tratar de políticas públicas para a valorização do idoso em serviços
como transporte, lazer, moradia e outros.

215 Ações
-manter e intensificar a participação da APEOESP nas mobilizações gerais organizadas e
lideradas pela CUT e pela CNTE;
-intensificar a participação e a inserção da APEOESP nos movimentos sociais em defesa da
escola pública, contra a violência, pelos direitos das minorias e por uma vida melhor para o povo
brasileiro em campanhas conjuntas com outras entidades;
-lutar pela gestão democrática no IAMSPE, exigir que o governo estadual contribua com a cota
de 2% relativa à folha de pagamento;
-em todas as reivindicações cobrar a contrapartida de 2% do governo ao IAMSPE;
-as subsedes devem pressionar câmara municipais para enviar moções para que deputados da
ALESP incluam os 2% para o IAMSPE no orçamento do Estado;
-pressionar o governo estadual pelo fornecimento de remédios, inclusive os de alto preço, nos

Caderno de Teses 27
TESE 1
CEAMAs;
-lutar pela ampliação da descentralização do atendimento hospitalar ao interior;
-realizar debate com candidatos a cargos eletivos sobre seu projeto de educação;
-intensificar a campanha contra a violência nas escolas;
-lutar pela ampliação das verbas para a educação;
-lutar para que sejam assegurados recursos públicos necessários à superação do atraso
educacional e ao pagamento da dívida social bem como à manutenção e desenvolvimento da
educação escolar em todos os níveis e modalidades do sistema educacional;
-cobrar do governo adequação de toda a rede, para garantir a plena implementação do projeto
de escola em tempo integral, segundo garante o artigo 34 da LDB;
-cobrar do governo a formação dos professores para aplicação do ensino de História e Cultura
Afro-Brasileira, conforme garante a Lei nº 10.639/03;
-lutar pela qualidade social da educação;

VIII - Alterações Estatutárias


216 Apresentamos algumas propostas de alterações estatutárias de forma tópica, sem preocupação
com a redação final dos estatutos, como será apresentada diretamente ao Congresso:
• Ampliação da Executiva para 35 membros.
• Criação de novas secretarias.
• Alteração da periodicidade da eleição de conselheiros estaduais e regionais para três anos,
juntamente com a eleição da diretoria.
• Alteração do método de composição da diretoria da entidade: a chapa vencedora escolhe
todos os seus cargos de uma só vez.
• Assembleias em locais fechados, com verificação de holerites.
• Penalidades às subsedes que descumpram deliberações das instâncias do sindicato.
• Conselhos fiscais em todas as subsedes - penalidades às que não apresentam prestação de
contas.
• Equacionar as omissões e contradições do estatuto.

Esta tese é assinada pela Articulação Sindical da APEOESP (Artsind-ArtNova)

28 Caderno de Teses
TESE 2
TESE 2
Resgate da base para a luta!

I. Conjuntura
1 O movimento sindical no Brasil tem vivido, ao longo de sua história, momentos de variados e
grandes desafios. Hoje, o maior desafio é o da recuperação de sua capacidade orgânica de ação
e reivindicação. O resgate da base sindical como protagonista de suas lutas é, a nosso ver, o nó
que emperra o avanço das lutas sindicais. Isso ocorre porque na medida em que os sindicatos têm
crescido em número de filiados e consequentemente em arrecadação, tem ocorrido o afastamento
progressivo das diretorias “eleitas” de suas bases, relegando os trabalhadores da base à categoria
de distantes “associados”, sem poder de intervenção real nas decisões importantes.
2 Podemos afirmar que os grandes sindicatos têm se transformado em verdadeiros “Cartórios”,
esvaziados da força política necessária para cumprir o papel para o qual foram criados: o de mediar
a negociação entre o patrão e o trabalhador, com foco nos interesses dos trabalhadores.
3 A APEOESP, Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, tem se constituído em um dos
lamentáveis exemplos desse tipo de Sindicato. Basta observar o histórico dos resultados das lutas
dos professores nos últimos anos no Estado de São Paulo. Conquistas pífias e conseqüente falta de
credibilidade no Sindicato, para citar os resultados mais tristemente importantes.
4 Pensamos que isso tem acontecido porque, embora tenham sido criados mecanismos
sofisticados de instâncias, que se pretendem democráticas, esses canais de participação não
têm funcionado. São sistematicamente obstruídos por interesses que não são os da maioria dos
professores. A base da categoria está desmobilizada, por estar despolitizada e acostumada a ser
convocada apenas em momentos pontuais como “massa de manobra” por uma diretoria híbrida de
interesses e sem afinidade com os interesses dos professores que estão nas escolas.
5 Precisamos nos fortalecer, enquanto trabalhadores sindicalizados, para também enfrentar
nossas questões, externas ao Sindicato. Vemos-nos, por exemplo, diante de uma mídia que
sistematicamente desqualifica e culpa o professor pelos “fracassos” da educação.
6 Sabemos que o problema da Educação no Brasil é estrutural e que nenhum governo teve ainda
a coragem de intervir na estrutura de um sistema educacional que tem desembocado no fracasso.
Precisamos, por isso, de um Sindicato propositor, que se preocupe de fato com a Educação de
qualidade e que contribua para a elaboração de propostas que qualifiquem o trabalhador da
Educação, com melhoria de salário, de condições de trabalho e também com propostas que apontem
para a melhoria da formação dos professores em serviço.
7 São problemas que devem ser enfrentados com responsabilidade e com o apoio de uma base
fortalecida.
8 Consideramos que a sobrevivência e a credibilidade do Sindicato, como entidade de luta
dos professores, dependem do resgate de sua base para protagonizar sua luta pela valorização
profissional e social.

II. Balanço da APEOESP


9 Preocupa-nos o grande fosso que se abriu entre nossas lideranças sindicais e os filiados da
APEOESP.
10 Percebemos que esse fosso continua crescendo, na medida em que as lutas entre as correntes
políticas que atuam no interior do Sindicato, muitas delas ligadas a Partidos Políticos, têm se
tornando mais importantes e com mais visibilidade do que a própria luta sindical. Isso confunde
a base sindical e atrapalha a atuação de muitos representantes de professores, eleitos por seus
pares nas escolas, nas chamadas “instâncias democráticas” (RE, CER, Encontros, Congressos
e Assembléias da categoria). O que se tem verificado é que esses professores, representantes
daqueles que estão nas escolas, sofrem forte pressão de lideranças dessas correntes e acabam

Caderno de Teses 29
TESE 2
votando conforme as necessidades políticas dessas várias correntes sindicais, não priorizando as
necessidades reais dos professores. Há que se recuperar o verdadeiro debate, politizando-o, para
o resgate da democracia interna do Sindicato!
11 Outra questão importante é a da socialização competente das informações. O acesso às
informações é necessário para garantir a qualidade do debate!
12 A falta de informação e a falta de tempo para o debate têm sido as marcas das últimas gestões
da Diretoria do nosso Sindicato em todas as instâncias. Isso favorece sempre à manipulação das
decisões pelas lideranças das várias correntes sindicais existentes na APEOESP e apontamos
essa realidade como importante causa da desmobilização progressiva da categoria.
13 Em geral, militantes que atuam nas subsedes e que se destacam na ação sindical junto à base,
compreendendo a importância das instâncias sindicais, tentam delas participar, mas são muitas
vezes impedidos por manobras burocráticas, travestidas de “necessidade organizacional”.
14 Sabemos que a participação é condição para a existência da democracia. Não obstante, nos
Congressos da APEOESP a participação tem sido cada vez mais vetada à base da categoria.
Pensando no restabelecimento da participação de mais professores da base nos nossos Congressos
deliberativos, tanto nos Sindicais como nos Educacionais, propomos que a escolha de delegados ao
Congresso ocorra diretamente nas escolas, na proporção de um para dez (01 para 10) associados,
eliminando o “funil” do Encontro Regional, que filtra os congressistas, em prejuízo da democracia.
15 De outro lado, travestida de democrática, está a questionável “proporcionalidade” para a
composição da Diretoria do Sindicato. A nosso ver, isso só tem causado problemas para a efetiva
participação da categoria. A briga interna só aumentou e os “conchavos” entre as diferentes correntes
também, tudo isso em prejuízo da verdadeira luta sindical. Hoje somos contra, propondo a extinção
da diretoria estadual colegiada, com transferência dos afastamentos remunerados para as subsedes,
com o objetivo de qualificar a atuação dos Conselheiros em suas áreas de abrangência e fortalecer
os coordenadores de subsedes. Sabemos que a decisão sobre a implantação da proporcionalidade
na ocupação dos cargos da Diretoria foi decisão de Congresso, e pretendia tornar a entidade mais
democrática, mas acabou por neutralizar as oposições e por inchar a entidade, tornando-a mais
burocrática e mais cara. As brigas das correntes agora são por fatias de poder e não por defender
propostas que contemplem as necessidades e interesses da categoria.
16 No que diz respeito à Comunicação, entendemos que, além de se constituir em ferramenta
para a mobilização, deve contribuir para a formação política dos professores. Avaliamos que a
APEOESP não tem realizado com eficiência esse papel. A Comunicação tem que ser mais ágil,
a linguagem dos diversos materiais de comunicação e formação devem ser menos tendenciosos,
priorizando informações que levem à real politização da categoria. Outra questão importante é a
distribuição, que tem que ser mais veloz, usando canais mais atualizados, como a Internet por
exemplo. As teses aos Congressos, por exemplo, precisam chegar a todos os associados a tempo
de todos lerem e refletirem sobre as propostas ali contidas antes da votação dos delegados nas
escolas. Compreendemos que só assim haverá a garantia de ampliação de quadros qualificados
politicamente dentro da entidade, brigando por questões que interessem exclusivamente à categoria
e pela Educação de qualidade.

III. Política Educacional


17 Precisamos de uma proposta consistente de política para a Educação em São Paulo. Sair
da condição de críticos pontuais de reformas da Política Governamental existente, para atacar
esse Governo com uma proposta nossa que contemple os professores e a sociedade. Para tanto,
novamente, precisamos da participação de todos os professores. Precisamos criar um modelo
educacional articulado e com critérios, para podermos nos contrapor ao “mostrengo educacional”
que foi sendo criado ao longo da história de São Paulo pelo Governo do Estado. O diagnóstico já
foi feito: baixa qualidade de ensino, motivada por desvalorização do professor com baixos salários
e pela inexistência de um plano de carreira, pela gestão autoritária do Governo e dos gestores nas
escolas, pela existência de classes superlotadas, pela inexistência de uma política de formação
continuada para os professores, pela precarização da infraestrutura em equipamentos e espaço

30 Caderno de Teses
TESE 2
nas escolas. Precisamos nos contrapor ao governo com uma proposta de política educacional que
seja coesa e com critérios transparentes, elementos que questionamos na Política Educacional do
Governo de São Paulo.

18 IV. Plano de Lutas


- Por um Plano de carreira que valorize o professor.
- Pelo fim da política de gratificações e bônus, com incorporação dos valores ao Salário-base.
- Por uma política adequada de formação continuada do professor em serviço.
- Pelo fim da aprovação automática.
- Pela redução do número de alunos em sala de aula.
- Pela democracia e pela qualificação da gestão nas escolas.
- Por Vale-refeição e Vale-transporte para todos com aumento de valor.
- Pela defesa do Iamspe e pela contrapartida justa de investimento por parte do Governo do
Estado.
- Pela otimização dos espaços escolares.
- Pelo aumento do investimento em educação pública.
- Pelo resgate da base para a luta sindical!

Assinam esta tese:


Sonia Maria de Oliveira – subsede litoral Sul (sonicula@uol.com.br)
Francisco Rogério dos Santos – subsede litoral Sul (frogerio5@hotmail.com)

Caderno de Teses 31
TESE 3
TESE 3
Corrente Proletária na Educação

Combater o congresso burocrático-empresarial


Defender um congresso para enfrentar a política de destruição da
educação pública

Apresentação

No fundo do poço
1 Um contingente de militantes e os professores classistas vêm criticando os congressos
burocráticos e festivos da Apeoesp. Mas, por meio do Conselho Estadual de Representantes (CER),
a diretoria impõe as regras de funcionamento e os custos assombrosos para a sua realização
em locais paradisíacos. Acaba sendo uma bonificação aos professores que comungaram com as
posições do PT e PCdoB.
2 Uma boa parte dos delegados é eleita (ninguém sabe como) para referendar a tese-guia da
burocracia. Na capital e nos municípios, que contam com correntes de Oposição, os delegados
são eleitos formalmente a partir da defesa das teses. Prevalece a despolitização, os compromissos
de amizade ou de reconhecimento pela militância individual de membros das teses. Os Encontros
Regionais, mecanismo para afunilar o número de delegados, não têm contribuído para modificar
esse curso. Assim, raramente um professor modifica sua posição (voto), como resultado das
discussões das teses. Sem dizer que uma parcela está presente unicamente pelo ponto abonado e,
por isso, tem pressa em votar e pegar o comprovante.
3 Toda essa degenerescência é alimentada pela burocratização da Apeoesp, dos sindicatos em
geral e sua crescente estatização. A Corrente Proletária se posicionou contrária a esse tipo de
congresso, mas não teve força no CER e nem nas Regionais para boicotar a farsa montada há anos
na Apeoesp. Os setores majoritários de Oposição, PSTU e PSOL, se recusam a travar uma batalha
pelo fim dos congressos empresariais. Acabam se acomodando com a situação ou se limitando a
algumas denúncias pontuais.
4 Não resta outra alternativa para a Corrente Proletária senão intervir no congresso manipulado
pela burocracia, com o objetivo de combater a burocratização e defender um verdadeiro congresso
de luta de classes. Por outro lado, sabemos que a derrota do burocratismo só ocorrerá mediante o
trabalho insistente das posições revolucionárias no seio do professorado, para que a classe rechace
a burocracia dirigente e emancipe os sindicatos da influência da política burguesa.

I - Conjuntura Internacional

Contra a barbárie, lutemos por uma sociedade sem classes


5 A crise econômica que teve seu epicentro nos Estados Unidos atingiu o mundo todo e vem
golpeando países europeus, como ocorre na Grécia, Espanha e Portugal. As soluções tomadas
pelas potências de subsidiar com dinheiro do Tesouro os bancos e empresas só fazem crescer o
endividamento público e potenciar crises futuras. O receituário para amenizar os efeitos da crise é
o de aumentar a dependência dos países arruinados ao capital imperialista, ampliar a concentração
de riqueza e avançar sobre as conquistas sociais dos trabalhadores. Mas esses mecanismos
têm fôlego curto e a tendência é de crises constantes e cada vez mais agudas. O esgotamento
do capitalismo é a manifestação no seu grau mais elevado da contradição inerente ao sistema
econômico, que é a potencialidade das forças produtivas e as relações privadas de produção.
6 Estamos no período histórico de desagregação do capitalismo. As forças produtivas se
desenvolveram em alto grau, mas estão obrigadas a se ajustar à estreiteza dos mercados e à

32 Caderno de Teses
TESE 3
apropriação monopolista das riquezas. Como não se trata de uma economia planejada, os ajustes
são temporários. Reina a anarquia na produção e a impossibilidade de contenção das crises de
superprodução. A desagregação do sistema é a característica de nossa época imperialista.
7 Predomina a especulação financeira em detrimento da produção. Uma massa de capital
especulativo não pode ser aplicada no crescente desenvolvimento das forças produtivas. A
valorização artificial do capital parasitário, com aplicações nos bancos e Bolsas, é uma bomba
relógio que se volta contra a economia real, que é a produção. As receitas para correção do curso
implicam quebrar parte das forças produtivas, para, em seguida, recompô-las em patamares mais
monopolizados. As conseqüências são desastrosas para as massas exploradas.
8
No capitalismo, não há harmonia, não há paz. Potências disputam os mercados consumidores e
matérias-primas. Submetem as nações menos desenvolvidas, agem sobre as fronteiras dos países
semicoloniais e partilham o mundo em áreas de influências. Desde sua origem, o capitalismo, para
se tornar uma economia mundial, travou guerras por continentes inteiros. A globalização nada mais
é do que o avanço das potências sobre as economias mais débeis. Na fase em que vivemos, o
intervencionismo bélico das potências, sob o comando dos Estados Unidos, cravam a fogo seu
domínio no Oriente Médio. A ocupação do Afeganistão, do Iraque, as ameaças sobre o Irã e em
outras latitudes marcaram o intervencionismo militar, nas duas últimas décadas. Quando os Estados
Unidos não agem diretamente, impõem aos países títeres a política militar, como ocorre com Israel,
usado para sufocar a Palestina. A crescente militarização das potências é a demonstração da
impossibilidade da paz mundial sob os marcos da propriedade privada dos meios de produção e do
domínio das nações opressoras sobre as oprimidas.
9 A condição semicolonial dos países latino-americanos é uma trava para o desenvolvimento.
Nos momentos em que a crise vem à tona, amplia-se o intervencionismo econômico das potências
sobre as fronteiras nacionais. As multinacionais exigem proteção dos governos nacionais, o capital
especulativo pressiona para que se mantenham os juros altos, cresce a desnacionalização das
terras e dos serviços públicos e medidas de quebra de direitos sociais são impostas em benefício
da privatização. Os governos de características nacionalistas, como de Chaves, que atritam com
a ofensiva dos Estados Unidos, não podem ser consequentes porque estão assentados na defesa
da propriedade privada dos meios de produção. O que constitui em obstáculo para romper com o
intervencionismo imperialista. O “Socialismo do séc. XXI” de Chavez acaba sendo uma caricatura.
10 As massas exploradas sofrem as consequências mais violentas da decomposição do
capitalismo. O desemprego, o subemprego, o salário miserável, a fome, a destruição da saúde e
educação públicas e a eliminação de direitos sociais golpeiam as famílias operárias e camponesas.
Um sistema que se esgota expõe a barbárie por todos os lados. Mas os trabalhadores reagem e
enfrentam os capitalistas e seus governos com os métodos da luta de classes. As greves gerais
ocorridas recentemente na Grécia, as manifestações contra as reformas privatistas na França, as
mobilizações da Espanha contra a redução salarial e os protestos na Bolívia atestam a disposição
de luta dos oprimidos. Só não tem tido grandes alcances por responsabilidade das direções sindicais
burocráticas e conciliadoras. Mas não há saída para os explorados senão a luta antiimperialista e
anticapitalista.
11 O mundo capitalista marcha para a barbárie. As lições da classe operária internacional apontaram
o caminho da vitória, que é a revolução proletária. O capitalismo já não pode conceder reformas
em favor dos oprimidos. A democracia burguesa não é senão a expressão da ditadura de classe
dos detentores dos meios de produção. Transformar a base material que sustenta a sociedade de
classes implica combinar a produção social com a apropriação coletiva da riqueza produzida. O que
só pode ser materializado por meio de um processo insurrecional, que culminará com a implantação
do socialismo. É desde já que trabalhamos por uma sociedade sem classes, sem exploradores e
sem explorados.

II - Conjuntura Nacional

A máscara do desenvolvimento nacional sustentável


Responder aos problemas nacionais com o programa e métodos da classe operária
12 Desde que Lula/PT chegou ao poder do Estado não se fala outra coisa senão modificar o
curso do capitalismo no Brasil. Governo e burocracia sindical repetem as fórmulas dos acadêmicos

Caderno de Teses 33
TESE 3
reformistas de que é possível desenvolver o país respeitando a natureza, harmonizando os conflitos
sociais, assentando um contingente de camponeses à terra, incorporando uma parcela ao trabalho
e buscando novos “parceiros” econômicos em nível internacional. Pensam em mudar a forma do
capitalismo, mas sem transformar sua essência. Para eles, o modelo de capitalismo vigente não
serve, porque é desumano, concentrador de riquezas nas mãos de poucos, depredador dos biomas
e discriminatório. Querem fazer crer que é possível um capitalismo menos bárbaro sem tocar na
propriedade privada dos meios de produção, boa parte nas mãos das multinacionais.
13 O governo Lula comparece como aquele que rompe com o modelo de capitalismo conservador-
neoliberal e que coloca em marcha o modelo de desenvolvimento sustentável. Os defensores dessa
política apóiam-se no fato de que o Brasil cresceu economicamente e que uma parcela da força de
trabalho retornou ao mercado ou nele foi incorporado. Com mais recursos, o governo pôde ampliar
o assistencialismo (Bolsa Família) e outros projetos sociais. Trata-se de uma constatação que nada
tem a ver com a realidade e com as leis do sistema econômico vigente. O governo Lula seguiu as
diretrizes econômicas das potências imperialistas e deu continuidade à política implementada por
FHC (Plano Real). O entreguismo da era FHC por meio das privatizações foi mantido, o superávit
primário –exigência dos credores – esteve no centro do governo, os juros que continuam sendo
um dos mais altos do mundo são atrativos para os especuladores, a desnacionalização das terras
permitiu que o capital estrangeiro comprasse parte de nosso território e milhões de brasileiros
continuam na miséria, colocando o Brasil como o 3º pior país em desigualdade social. O capitalismo
nacional sustentável é uma miragem que favorece unicamente a vigência do capitalismo como
sistema opressor e explorador.
14 O capitalismo sustentável de Lula agradou os banqueiros, os latifundiários, o agronegócio e
os imperialistas. A crise mundial, que atingiu o Brasil, tornou os índices econômicos negativos, no
final de 2009. O crescimento, que ora vivenciamos, não é suficiente para colocar a economia nos
patamares anteriores à crise. A recuperação foi motivada pelos subsídios estatais às multinacionais
e pelas medidas que serviram de proteção ao capital frente à crise. O mercado interno foi ativado
em função dos créditos, causando o endividamento de uma parcela significativa da população,
podendo se tornar em fonte de crise futura. Não há como transformar o capitalismo no Brasil em
um modelo que combina crescimento econômico com distribuição de renda. Ao contrário, o tal
crescimento econômico é apropriado pela classe burguesa, nacional e imperialista.
15 O Brasil faz parte da economia capitalista mundial, na condição de país semicolonial. O que
significa dizer que não há possibilidade de um desenvolvimento harmônico e “sustentável” nos
marcos do capitalismo. A burguesia brasileira e seus governantes não puderam resolver as tarefas
nacionais, entre elas: a emancipação do jugo imperialista, o problema da terra, a superação do
atraso econômico de regiões inteiras do país e a eliminação da fome e miséria da maioria oprimida.
Os grandes problemas nacionais vêm se potenciando sob o Lula, evidenciando o caráter de classe
burguês de seu governo. Está aí por que a classe operária, camponesa e os trabalhadores oprimidos
devem se colocar pela total independência frente ao governo e sua política de colaboração de
classes.
16 Os problemas não resolvidos pela burguesia e seus representantes são de caráter estrutural,
ou seja, consequências do capitalismo semicolonial. A lei capitalista do desenvolvimento desigual e
combinado (regiões de miséria e regiões avançadas) é um obstáculo irremovível sem que as bases
materiais do sistema sejam destruídas. Com diferenças de graus e não de essência, os governos
sejam do PT, PMDB, PSDB etc são impotentes diante das tarefas nacionais pendentes. Isso porque
expressam a ditadura de classe da burguesia contra a maioria explorada.
17 Apesar da enorme ilusão das massas trabalhadoras com o processo das eleições, da
“democracia representativa”, dizemos que as eleições, por mais democrática que sejam, não é
senão a manutenção da ditadura dos opressores. As transformações virão da revolução social,
que implica expropriação dos meios de produção da burguesia, a expulsão das multinacionais e a
nacionalização das empresas e dos bancos. O Estado, resultado da insurreição, é o do governo
operário e camponês, instrumento necessário para abolir a propriedade privada e impor a propriedade
social dos meios de produção.

III - Política Educacional


18 Partimos da constatação de que o ensino está decadente. Os governantes aplicam as reformas
educacionais, que têm como essência a redução de gastos, o aumento da centralização burocrática

34 Caderno de Teses
TESE 3
e a expansão da privatização. Os recursos destinados à educação são ínfimos em relação ao
contingente de jovens sem acesso ao ensino médio, ao analfabetismo e à enorme quantidade de
alunos que são excluídos do direito à universidade. Tudo vem acobertado pela máscara do “ensino
de qualidade”, “avaliação para corrigir as distorções”, “democratização da gestão escolar”, “cartilhas
facilitadoras para a aprendizagem”, “pós-gradução a distância aos professores para evoluir na
carreira” e outros artifícios. O fato é que os alunos não assimilam sequer os elementos básicos
da aprendizagem e as pedagogias instituídas revelam total incapacidade de impulsionar o ensino.
A direção da Apeoesp, que compõe o Conselho Nacional de Educação, faz coro com as reformas
governamentais, apresentando remendos no tecido educacional podre.
19 A educação é um fenômeno da superestrutura social, por isso reflete a desagregação da
sociedade de classe. As contradições do sistema capitalista, materializadas na potencialidade
das forças produtivas e na existência da apropriação privada monopolista, se manifestam em toda
sociedade. As consequências –desemprego, fome, marginalidade, prostituição e violência – estão
presentes nas escolas. A correção desse curso não virá colocando a escola à margem da sociedade.
Os reformistas acreditam que é possível reformar a escola por meio do Estado. Portanto, colocam
nas mãos da burguesia e de seus governos o destino da educação. Esse caminho não conduz à
transformação. Nessa sociedade, há duas classes sociais antagônicas: a burguesia e o proletariado.
As demais classes se acoplam ou ao lado da burguesia ou do proletariado, nos momentos de
conflitos.
20 A burguesia, que dirige o Estado, tem a educação em suas mãos e, cada vez mais, vem
mostrando a incapacidade de resolver tarefas democráticas, como a erradicação do analfabetismo
e o aceso livre em todos os níveis de ensino. Não pode resolver porque atingem seus interesses de
classe. O proletariado, pelo lugar que ocupa nas relações de produção, tem o papel de revolucionar
a sociedade, porque tem o programa da destruição do sistema capitalista de produção e de
implantação da propriedade coletiva dos meios de produção.
21 Sabemos que a classe operária atravessa um retrocesso político e organizativo, em função da
burocratização dos sindicatos e da pequena presença do partido revolucionário. Mas isso não anula
a lei histórica da transformação social. Ao contrário, amplia a necessidade de atuar com mais vigor
na defesa do programa proletário. A Corrente Proletária atua levando as idéias desse programa
para o seio do professorado.

Crise e educação
22 A crise econômico-social do modo de produção capitalista determina os rumos da
Educação brasileira. Em vez de ser um elemento de desenvolvimento, o ensino reflete a
mutilação e o embrutecimento a que estão submetidos os trabalhadores e suas famílias.
23
Ainda que as correntes majoritárias da APEOESP (Articulação, ArtNova e CSC) queiram
obscurecer ou omitir essa realidade, o fato é que, depois de oitos anos de políticas educacionais
saídas do Governo Lula, a situação nada se alterou e podemos constatar, com mais força ainda,
como não é possível “outra” Educação dentro do capitalismo.
24 A verdade é que a Educação, depois de dois mandatos de um governo recheado de ditos
“intelectuais de esquerda” e da burocracia sindical, continua a ser condicionada pelas difíceis
condições de trabalho, pelos péssimos salários dos professores, pelas salas superlotadas, pela
violência dentro e fora dos muros escolares, pelas altas taxas de repetência e evasão (não obstante,
as tentativas das secretarias de educação de ocultá-las) e por um ensino desvinculado do trabalho
e da vida social.
25 Problemas dessa natureza, que marcam a educação no país, aparecem mesmo no estado mais
rico da federação. São Paulo não destoa do restante da nação. Separar artificialmente as políticas
implantadas pelo PSDB das políticas implantadas pelo PT, não modifica em nada essa realidade.
As diretrizes educacionais (legislação, financiamento, pedagogias implementadas, etc.) são ditadas
pelo governo federal. Isso valia para Fernando Henrique Cardoso e hoje vale para o governo Lula.
26 Por isso, para nós, da Corrente Proletária/POR, é fundamental fazer um balanço desses

Caderno de Teses 35
TESE 3
oitos anos, de modo a por abaixo as teses reformistas, experimentadas ao longo desse período e
defendidas amplamente pelas burocracias da CNTE e da APEOESP.

Oito anos de continuísmo e de demagogia


27 Quando ainda na “oposição”, PT denunciava o analfabetismo crônico, a falência da Educação
Básica, a privatização do Ensino Superior e a limitação do financiamento implantado por FHC
(FUNDEF). Denúncias, de fato, ocas, pois serviam apenas como munição para desgastar
politicamente o governo do PSDB. Nenhuma campanha séria, organizada pela CNTE ou pela
APEOESP se opôs às diretrizes implantadas na era FHC.
28 Ao assumir o seu primeiro mandato, Lula dava aos reformistas a chance histórica de colocar
em prática suas ideias, segundo as quais “a educação transforma a sociedade”. Essa concepção
idealista que coloca a educação pairando sobre a base material da sociedade logo revelou seu
fracasso.
29 As primeiras medidas de seu governo incidiram sobre o Ensino Superior. Em 2004, foi criado o
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e o Exame Nacional de Desempenho
dos Estudantes (Enade), seguidos da criação, em 2005, do Programa Universidade para todos
(ProUni). O Sinaes foi gerido pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior e
objetivava dar prosseguimento à avaliação dos cursos e faculdades privadas, de modo a legitimá-
los perante a sociedade. O Enade, por sua vez, substituiu o “Provão”, instituído no governo FHC.
A grande novidade ficou para o ProUni, o qual significou um incentivo fiscal às faculdades privadas
por meio do qual se “compravam” vagas ociosas. Ou seja, suas primeiras medidas significavam (a)
a manutenção da política de FHC, com ajustes “operacionais” e (b) incremento na privatização e na
mercantilização do Ensino Superior.
30 Quanto aos PCN´s e a LDB de dezembro de 1996, amplamente criticados por sua visão
instrumental e privatista de ensino, nada foi feito. Os reformistas petistas que tanto se esmeraram
na críticas às pedagogias tradicionais e que denunciavam a utilização de “verbas públicas” para
ensino privado, calaram-se diante da postura do MEC. Não tocaram nem nos fundamentos
pedagógicos, nem nos fundamentos legais da política educacional do governo pró-imperialista de
FHC. Faltavam ainda os fundamentos econômicos, determinados pela forma de financiamento da
educação.
31 Em dezembro de 2006, é aprovado o FUNDEB, que nasce em substituição ao FUNDEF. Este
último sofreu, desde o início, crítica de todos os setores do reformismo. Além da insuficiência
de recursos, o Fundo carecia de uma concepção que respeitasse as particularidades regionais,
dando margem também a inumeráveis casos de corrupção por parte das prefeituras – isso é o que
alegavam os reformistas e estalinistas dos sindicatos. A municipalização, consequência direta do
FUNDEF, era a face mais atacada da política do PSDB.
32 Entretanto, a máscara caiu também nesse ponto. Do dia para noite, os burocratas se viram
na obrigação de defender o FUNDEB (enquanto isso, prefeituras petistas já implementavam a
municipalização a torto e a direita).
33 Em essência, o Fundo manteve-se igual, a alteração dizia respeito ao número de matrículas
(deixou de atender somente o ensino fundamental para abarcar toda a educação básica, incluindo a
EJA, a educação especial, indígena e quilombola) e ao aumento de recursos que comporia o Fundo
(elevou de 15% para 20% a contribuição de municípios e estados e criou um dispositivo que proibia
a instância federal de utilizar o salário-educação para compor o Fundo, como ocorria com o governo
anterior). Esses dois pontos (que apareciam como pérola no discurso dos reformistas) distorciam
o fato de que, em termos proporcionais, a situação mantivera-se igual a do governo anterior. Um
exemplo revela isso: de acordo com o IBGE, o PIB brasileiro em 2006 foi de 2 trilhões e 322 bilhões
de reais. Como o MEC informa que o gasto com a educação gira em torno de 4,3% do PIB, o
orçamento para educação em 2007 deveria chegar a quase 100 bilhões de reais. Descontando o
1% do PIB que vai para o Ensino Superior (cerca de 23 bilhões), restaria ainda 77 bilhões para a
Educação Básica. No entanto, para o primeiro ano do FUNDEB, foram previstos apenas 43 bilhões

36 Caderno de Teses
TESE 3
de reais. Em outras palavras, além de não significar aumento de verbas para a Educação Básica, o
Fundo mascarou a retirada de recursos destinados à educação.
34 Ainda em relação ao FUNDEB, é bom destacar que, proporcionalmente, o custo-aluno também
diminuiu. O número de alunos atendidos pelo FUNDEF era de 30 milhões, passando para 47 milhões
a partir da abrangência do FUNDEB. Um aumento de 57% no número de matrículas. Quanto aos
recursos, passaram de 35 bilhões de reais para 48 bilhões (constatado no fim de 2007), um aumento
de apenas de 36%, o que equivale a dizer que o investimento por aluno diminuiu. Outra consequência,
apontada em 2008 pela Confederação Nacional de Municípios, é que 2.946 cidades receberam
proporcionalmente menos recursos no 1º ano de vigência do FUNDEB do que receberiam com
o FUNDEF. Isso porque os estados dividem agora os recursos com os municípios, pois as redes
estaduais, além de contarem com uma parte do ensino fundamental, ainda são responsáveis por
todo ensino médio. O objetivo de “ajudar os pequenos municípios” se viu ameaçado pela partilha
das migalhas.
35 Em abril de 2007, é então lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação. Como as
respostas do governo anterior, as medidas defendidas se orientavam pelas experiências e pelas
diretrizes do imperialismo. Os três programas que constituem o PDE refletem uma justaposição
de políticas implantadas em países como Estados Unidos e incentivadas por organismos como o
Banco Mundial, quais sejam: a implantação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), o fortalecimento da Educação a Distância e criação do Piso do Magistério.
A espinha dorsal do PDE conduziu a um maior controle do que se ensina nas escolas, portanto,
36
a uma centralização em relação aos gastos, medindo e avaliando para identificar os “culpados” pelo
fracasso no país. A instituição de um piso nacional legitimou a caça às bruxas, pois, garantida a
miséria salarial, o professor seria responsável pelo incremento à sua formação profissional. Quanto
ao dinheiro, pouca alteração se viu, os recursos do PDE foram aqueles constitutivos do FUNDEB,
com acréscimo de 2 bilhões em 2007 e 3 bilhões em 2008, com objetivo de atender os municípios
abaixo do Ideb nacional.
37 Com as últimas informações do MEC, divulgadas em julho de 2010, sabemos que 1299 cidades
(23% das avaliadas) não atingiram as metas em 2009 para o ensino fundamental, o que demonstra
o quão irrisório é o acréscimo de alguns bilhões. Aliás, o próprio Ideb evidencia o quanto medíocre é
a transformação que os reformistas pretendem para a educação brasileira. Os índices criados pelos
tecnocratas comprovam o fracasso escolar e põem à luz o que os trabalhadores da educação estão
cansados de saber: que a atual educação não transforma a realidade nacional e os alunos saem da
escola mal sabendo ler e escrever.
38 Para fechar esse balanço, falta ressaltar a “mudança” operada pelo governo Lula em relação
ao de FHC, no segundo mandato, no que tange ao Ensino Superior: a sua política de “expansão”.
Como parte do PDE, foi lançado em abril de 2007, um decreto que institui o REUNI (programa de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). Por se tratar de um decreto, foi imposto,
o que levou a uma dezena de protestos, greves e ocupações de reitorias pelo país. O seu resultado
consta do site do MEC, mais de 15 mil vagas novas em 2008. Tal fato significa um pingo d´água se
levarmos em conta os milhões de jovens que não têm acesso às universidades públicas. Com um
aumento de quase 10% do total de vagas já existentes, não houve aumento de recursos proporcional.
Se os gastos com o Ensino Superior alcançassem 1% do PIB, em 2008 teríamos quase 23 bilhões
gastos. Um aumento de 10% na quantidade de alunos deveria levar a um acréscimo de 2,3 bilhões
de repasse para as universidades em expansão, no entanto, o que receberam foi apenas 415
milhões, isto é, cerca de 18% do que seria necessário. Isso, é claro, se tomássemos apenas o
número absoluto de alunos, desconsiderando o problema de infraestrutura com a criação de novos
campi (de 151 passaram para 255 em apenas um ano, o que representa um aumento de mais de
60%), o que demandaria, com certeza, um aumento de verbas para o ensino superior dezenas de
vezes maior que o disponibilizado.
39 Outro dado da expansão marca um aspecto central da política educacional do governo Lula: o
incentivo à Educação a Distância que já era prevista na LDB de 1996.
40 Em 2006, foi lançada a primeira universidade totalmente virtual: a Universidade Aberta do

Caderno de Teses 37
TESE 3
Brasil. Contando com o apoio de universidades federais, abriram-se mais de 200 pólos de cursos
da UAB pelo país. Pela primeira vez, as iniciativas privadas com o ensino a distância ganhavam
legitimidade com a atuação das federais. Mais do que isso: com o PDE de 2007, a UAB torna-se
instrumento para formação de professores e para “interação” entre a Educação Básica e o Ensino
Superior. Ou seja, a UAB atua como elemento de mercantilização do ensino, por um lado, e como
elemento de destruição do ensino público por outro. O discurso da “democratização do acesso ao
Ensino Superior” só esconde a estratégia dos grupos privados que hoje já contam com mais de
2 milhões de alunos inscritos na modalidade. A ação do governo federal incentiva e legitima as
ações dos governos estaduais. O Rio de Janeiro que já contava com um amplo projeto de EaD
foi tomado como modelo para o restante do país. São Paulo, a partir dos decretos de Serra e das
resoluções do Conselho Estadual de Educação, previu tal modalidade de ensino até no Ensino
Médio. A investida de cursos a distância nas universidades estaduais teve seu fecho agora em
2010, quando a UNIVESP lançou seu primeiro edital de vestibular.
41
O mais alto grau de destruição de ensino combinado com a sua mercantilização é a marca do
“democrático” governo de Lula, seguido à risca pelos governos estaduais.

Serra segue as diretrizes do governo Lula


42 De 2008 até hoje, os ataques de Serra à educação estadual obrigaram a burocracia reformista,
que dirige a APEOESP, a organizar algumas mobilizações. O confronto entre Serra e Lula no âmbito
das disputas burguesas pelo governo federal condicionou as críticas da burocracia. Tratou de livrar
as políticas educacionais de Lula, fazendo-as de uma cor muito diferente em relação às aplicadas
por Serra.
43 Como afirmamos, as políticas educacionais de Lula confirmam as teses reformistas para a
educação e evidenciam o seu fracasso, o seu caráter reacionário e caduco. Os governos de Alckmin
e depois de Serra pautaram-se pelas medidas aprovadas em esfera federal. Não poderiam ser
diferentes. Os estados não têm autonomia para conduzir uma política em oposição às diretrizes
nacionais.
44 Citemos algumas medidas estaduais que são paralelas às aprovadas em âmbito federal:
(a) implantação do IDESP: o índice segue a lógica do IDEB, objetiva medir e quantificar o ensino
dado nas escolas estaduais; tem servido como fundamento para outras políticas do governo.
(b) avaliação por mérito e reajuste diferenciado: pune a maioria, enquanto cria uma minoria
adepta ao conjunto de sua política; baseia-se na mesma política de reajuste que aparece no
PDE.
(c) SARESP e apostilas para ensinar: aumenta o controle sobre o ensino; segue a mesma
centralização e imposição que representam o ENADE e a Prova Brasil.
(d) UNIVESP e expansão das universidades paulistas: pretende aumentar o número de vagas
nas universidades estaduais, mantendo as mesmas verbas, além disso, incentiva o ensino a
distância; tem como modelos a Universidade Aberta do Brasil (EaD) do governo federal e o
REUNI, também federal.
(e) aumento da municipalização no Estado: só em 2009, a Secretaria de Educação assinou
convênio com mais 64 cidades para assumirem o ensino fundamental; a municipalização cresce
porque faz parte da política do FUNDEB, regulamentado por Lula.
45 Como se vê, os atritos da burocracia com o governo estadual não se originam de uma
oposição em relação à política educacional. A burocracia petista defende integralmente as medidas
destruidoras do ensino em esfera federal, mas rechaça, em discurso, as que são implementadas
na esfera estadual. As diferenças se processam no nível dos interesses parlamentares e burgueses
que o PT e o PSDB apresentam na direção do Estado. A política desses dois partidos, na prática, é
semelhante.
46 A luta para derrotar os ataques de Serra à educação pública não pode ser conduzida pela
direção majoritária da APEOESP. A burocracia sindical é um braço do Estado no movimento dos
trabalhadores da educação.

38 Caderno de Teses
TESE 3
Por uma política revolucionária para a Educação
47 Se antes os reformistas do PT podiam defender suas teses de que a educação iria emancipar os
trabalhadores, desenvolver o país e aumentar a cultura geral, com a subida de Lula ao poder, essas
teses tiveram que sofrer revisões e revelar seu caráter senil. A demagogia dos petistas consiste
hoje em obscurecer ou omitir as consequências dessas teses e concepções colocadas em prática.
48 Contudo, não se trata somente de demagogia diante de uma política que mostrou seu lado
reacionário e pró-imperialista, mas também da defesa de interesses particulares, da burocracia
dirigente sindical, que se opõe à defesa do ensino e dos trabalhadores da educação. Não foram
somente as ideias reformistas que foram erguidas nos sucessivos governos, mas também os
próprios reformistas, os dirigentes sindicais. A presença da presidenta da APEOESP no Conselho
Nacional de Educação evidencia o grau de estatização do sindicato e a falta de sua independência
frente ao governo.
49 A falência do reformismo na Educação deve servir para que nós, professores, ergamos
firme o programa revolucionário para educação. Esse programa parte do pressuposto que não é
possível dissociar a educação da base material da sociedade e que as reivindicações propriamente
educacionais devem se ligar às reivindicações estratégicas, de destruição do sistema capitalista.
50 Sabemos que a escola faz parte do modo de produção capitalista, das relações sociais
reinantes. Não tem uma existência separada. Quando o próprio sistema capitalista entra em crise,
como atualmente, a escola reflete essa crise em seu interior. Sem poder ser um elemento de
desenvolvimento social, torna-se mecanismo de embrutecimento e reprodução ideológica. Em vez
de tentar superar, aprofunda a divisão entre teoria e prática, reproduz a repressão e a violência
disseminadas pela sociedade e busca artificialmente domesticar e ocultar o desemprego e o
subemprego que marcarão a vida das massas empobrecidas que passam, por ela, durante anos.
51 Por isso, a Educação Básica sofre com a falta de verbas e com o fenômeno conhecido como
“fracasso escolar”; aliás, esse fenômeno não tem sua origem nas escolas, mas na sociedade da
qual essa escola é parte. Por isso, o Ensino Superior passa por um processo de destruição e
mercantilização, pois não pode ser garantido como parte do direito social à educação.
52 Essa é a raiz do problema educacional: a sociedade capitalista em crise.
53 A possibilidade de criar uma nova escola, de elevar culturalmente as massas, de tornar a
educação um meio de desenvolvimento passa por uma transformação de toda a sociedade. Devemos
defender esse programa de transformação, de luta pelo socialismo. Mas isso não representa um
desprezo por defender medidas e reivindicações ligadas à escola atual.
54 A resposta revolucionária para resolver a crise da educação deve considerar a escola que
temos hoje, sem fantasiar ou propor “remendos” artificiais, defendendo os que nela estudam e
trabalham: as crianças e a juventude, bem como os trabalhadores da educação.
55 Nossa defesa para as crianças e a juventude deve considerar que nenhuma deva ficar fora da
escola e que todas possam ter um emprego que seja compatível com o seu estudo. A bandeira a
ser defendida é a de “4 horas na produção e 4 horas na escola”. Além disso, concluímos que
o problema essencial da escola não é de método ou de “pedagogia”, mas de constituição histórica.
Nasceu para atender ao mercado capitalista, não para desenvolver todas as potencialidades
humanas, por isso está desvinculada da produção social e da vida. Assim, a bandeira que deve
ser defendida é a de que a escola esteja vinculada à produção social.
56 Do mesmo modo, a defesa dos trabalhadores passa por levantar as reivindicações ligadas
ao emprego e ao salário, que unificam as lutas e permitem elevar a consciência de todos os
trabalhadores contra a burguesia e seu Estado opressor. O arrocho salarial, a imposição de um
salário-base de fome, a substituição de reajustes por bônus, a condenação à situação de penúria
dos aposentados, a ampliação da jornada de trabalho e do número de alunos por sala, a demissão
de professores, a eliminação de conquistas do plano de carreira tornam as condições de ensino e
de trabalho insuportáveis. Por isso, é preciso lutar pelo salário mínimo vital, escala móvel de
reajuste e das horas de trabalho, estabilidade a todos os contratados, abertura de escolas
e por conquistas sociais que protejam os professores da superexploração do trabalho e
possibilitem meios para sua elevação cultural.

Caderno de Teses 39
TESE 3
57 Contra a política de mercantilização, privatização e destruição do ensino público, é preciso
defender a bandeira de aumento de verbas e recursos definidos pelos que estudam e trabalham
na escola, além da defesa de um Sistema Único de Ensino (estatização sem indenização de
toda rede privada). A garantia do direito democrático de educação a todos passa pelo fim da rede
privada, que vive de incentivos públicos e impõe sua lógica a toda Educação. Ensino público, laico,
para todos e vinculado à produção social deve ser a bandeira estratégica do movimento de
professores.
58 Com essas reivindicações elementares sendo defendidas e postas em prática, através dos
métodos da ação direta (greves, passeatas, bloqueios, ocupações etc) e da estratégia de destruição
da sociedade capitalista, será possível pensar uma nova educação e uma nova escola.

IV - Política Sindical

Do exitismo ao servilismo
59 A estatização dos sindicatos se aprofundou no governo Lula. A grande maioria dos sindicatos
vinculados à CUT e, nos últimos anos, também à Força Sindical, se integraram ao Estado. Suas
direções ocupam direta ou indiretamente cargos nos ministérios, nas estatais, no BNDES, no
Conselho Nacional de Educação e outros da mesma natureza. Milhares de cargos foram loteados
entre os sindicalistas servis ao governo. De correia de transmissão da política estatal, as direções
sindicais passaram à condição de agentes para a elaboração de medidas antioperárias. Tudo
acobertado com o palavreado demagógico de independência frente ao Estado e ao governo.
60 Pelos poros desses sindicalistas exalam o exitismo da política governamental. Lula comparece
como o estadista que colocou o país ao lado das potências mundiais, como o que mais emprego
criou, como aquele que tirou milhões da pobreza absoluta, como aquele que valorizou o salário
mínimo, como o que protegeu a Amazônia da devastação e como o que[ venceu a crise mundial.
São sindicalistas que estão a serviço da governabilidade de Lula. Embora, nos discursos, se
apresentem como os defensores da autonomia sindical.
61 O apoio ao governo Lula levou a um patamar elevado a submissão dos sindicatos à política
burguesa. O colaboracionismo e a conciliação de classes ganharam força e impuseram maior
retrocesso organizativo e político do proletariado, do campesinato e dos demais explorados. As
campanhas salariais se transformaram em acordos de redução de direitos e de não recuperação
de perdas salariais. Apesar do desemprego, subemprego e da brutal exploração do trabalho, nunca
se fez tão poucas greves. E quando ocorreram, ficaram isoladas e à mercê da repressão dos
capitalistas e de suas leis.

Correlação de forças ou submissão


62 Os sindicalistas vendidos à política burguesa justificam a submissão alegando que a correlação
de forças no Congresso Nacional e no Estado não permite eliminar a legislação antitrabalhadora. O
fato é que aceitam as leis anti-greve, os descontos dos dias parados e, quando deliberam pela greve,
a ajustam ao receituário anti-greve (aviso com antecedência aos patrões, respeito às cotas para os
serviços essenciais, pagamento de multas etc). Portanto, agem para seu desmonte. Em função do
apoio ao governo, se recusam a organizar a resistência dos operários e demais explorados para pôr
fim a toda legislação que impede o direito irrestrito à greve e manifestações próprias da ação direta.
63 As reivindicações são rebaixadas para se ajustarem à correlação de forças. Como os patrões
têm força no Estado, os sindicalistas pedem menos do que é necessário para não “quebrar a
economia” e não ouriçar o patronato. Dizem que defendem o piso do Dieese (R$2.092,00), mas
reivindicam R$570,00 e acabam aceitando o salário mínimo do governo. Falam em redução da
jornada de trabalho (44 horas para 40 horas), confiando na correlação de forças do Parlamento, mas
assinam acordos de manutenção das 44 horas. Reclamam do desemprego e das terceirizações,
porém aceitam as demissões voluntárias, o banco de horas e a exploração das terceirizadas. No
sistema em que vivemos, a correlação de forças sempre será favorável aos capitalistas e seus
representantes no Estado. Daí a importância das reivindicações e dos métodos genuínos dos
explorados para arrancar conquistas e proteger a força de trabalho.

40 Caderno de Teses
TESE 3
Combater a burocratização ou cindir a CUT
64 A CUT atingiu alto grau de burocratização. Uma camarilha, ligada ao PT, comanda a Central. Não
há democracia sindical. As assembléias operárias são controladas e manipuladas pelos burocratas
do sindicato. Os congressos se transformaram em lugar de lazer dos sindicalistas que comungam
a mesma cartilha. O governo Lula cumpriu a promessa de legalizar as Centrais para que pudessem
receber a fatia milionária do imposto sindical. A burocracia é liberada para atuar em favor da política
burguesa. Para os trabalhadores, não há outra saída senão combater os traidores dos explorados.
65
Nos últimos anos, duas cisões ocorreram na CUT. O rompimento do PCdoB e a constituição da
CTB se deu unicamente em função do dinheiro do imposto sindical, porque politicamente caminham
juntos com os cutistas e petistas. O PSTU, que cindiu primeiro a CUT, conclamou a desfiliação dos
sindicatos da Central. Formou a Conlutas e trabalhou para que os setores de Oposição também
abandonassem a Central. Parte da Intersindical (PSOL) aceitou a convocação de um congresso
de unificação. Mas as disputas aparelhistas impediram que o Conclat concluísse por uma outra
Central. O fundamental está em que essas correntes abandonaram a luta contra a burocratização
da CUT e se colocaram no caminho inverso ao da necessidade de constituir uma única Central, sob
a base do programa da luta de classes e do método da democracia operária. Os revolucionários não
atuam para dividir os organismos dos trabalhadores, ao contrário, são os defensores da unidade
política e organizativa.
66 O momento exige a constituição das frações revolucionárias. Por meio delas, é possível atuar
no interior dos sindicatos e no movimento social com as reivindicações das massas oprimidas. A
burocracia cutista controla a maioria dos sindicatos, freando os instintos de luta dos explorados. O
combate aos traidores dependerá da intervenção das frações revolucionárias. A cisão do PSTU e
da Intersindical enfraqueceu a luta contra a burocratização e deixou nas mãos dos sindicalistas pró-
governo a direção da maioria dos sindicatos.

Plataforma de Luta
67 Os grandes problemas nacionais se resumem em:
Emancipar o Brasil da opressão imperialista. Livrar da condição de país submisso aos interesses
das potências imperialistas. Libertar do saque imperialista praticado pelas multinacionais;
68 Expropriar o latifúndio, nacionalizar as terras e entregar as terras aos camponeses pobres.
Expropriar o agronegócio e coletivizar a produção.
69 Erradicar a fome e a miséria.
70 Abolição de todas as formas de opressão, discriminação e elevação cultural das massas
trabalhadoras.
71 Esses problemas não poderão ser solucionados pela classe burguesa, pois são de caráter
estrutural. Ou seja, são consequências do modo de produção capitalista. Para resolvê-los, é preciso
pôr fim à propriedade privada dos meios de produção. O que quer dizer que as transformações
que defendemos passam necessariamente pela revolução proletária, que consiste em expropriar a
classe capitalista. Daí a importância do sindicato, como instrumento auxiliar da luta contra o sistema
de opressão. Uma direção combativa é aquela que coloca o sindicato a serviço da emancipação
dos oprimidos. Um sindicato com uma direção pró-capitalista ou reformista é um obstáculo para
o avanço político dos explorados, pois submete o organismo dos trabalhadores à política e aos
métodos da democracia burguesa.
72 A Corrente Proletária tem como ponto de partida para a mobilização dos explorados
contra o poder dos exploradores. Defende:
A total independência frente ao governo e sua política de colaboração com os capitalistas.
Colocar os sindicatos a serviço da luta de classes;
73 As reivindicações que unificam os trabalhadores:
a) O emprego a todos, por meio da implantação da escala móvel das horas de trabalho.
Que não haja nenhum trabalhador sem seu posto de trabalho. Que não haja nenhum jovem
desempregado;
b) O salário mínimo vital. Nenhum trabalhador ou aposentado recebendo o salário mínimo de
fome do governo. O salário mínimo vital é o necessário para manter uma família de 4 pessoas,
em nossos cálculos deve ser R$3.500,00. Reposição das perdas salariais;

Caderno de Teses 41
TESE 3
c) Fim da farsa dos concursos públicos, que só trazem demissão. Estabilidade a todos os
contratados, independente do tempo de serviço.
d) Um único sistema de saúde estatal, sob o controle dos trabalhadores. Expropriação da rede
privada de convênios e hospitais e sua estatização;
e) Um único sistema de educação, público, laico e estatal. Estatização de todo o sistema privado.
Fim das reformas privatistas da educação. Abaixo o ensino a distância. Implantação da escola
única, pública, laica, em todos os níveis, vinculada à produção social;
f) Um único sistema estatal de previdência. Aposentadoria a todos. Fim da reforma privatista da
previdência. Estatização do sistema privado de previdência, sob o controle dos trabalhadores;
g) Terra aos camponeses sem-terra, por meio da revolução agrária.
h) Combate à lei anti-greve e defesa do direito irrestrito de manifestações e greves. Nada de
pagar multas aos governos e Justiça burguesas.
74 O método da ação direta (greves, ocupações, bloqueios, manifestações de rua etc), como a
única via para arrancar as reivindicações e enfrentar a burguesia e seus representantes no poder
do Estado.

V - Balanço Político e nova ação para a APEOESP

Organizar a classe para enfrentar a política educacional dos governos recém-eleitos


75
A greve ganhou adesão de um contingente significativo de professores. Apesar de ter sido
aprovada de forma tardia – depois da realização da prova do Ofa, da avaliação de mérito para
a obtenção de reajuste e de uma parcela ter perdido o emprego -, a greve colocou milhares de
professores nas ruas, desmascarando os projetos falaciosos de Serra. Mas não teve força suficiente
para rejeitar as propostas distracionistas, eleitoreiras e desmobilizadoras da diretoria e impulsionar
a radicalização do movimento. O governo autoritário acusou a greve de ser política do PT e apostou
no seu desmonte. Os setores majoritários da Oposição, PSTU e PSOL (Conlutas e Intersindical)
não se diferenciaram da burocracia dirigente e serviram de esteio para a suspensão da greve. O
encerramento da greve, sem nenhuma negociação, deixou o governo livre para impor a reposição
de aulas, nas formas mais duras para essa parcela de professores grevistas. A diretoria se negou
a organizar uma assembléia massiva, no início desse semestre, e defendeu que o momento era de
eleger os candidatos do PT. Está aí por que dizemos que a greve não foi derrotada, foi sim traída
pela direção do sindicato.
76 O congresso deve fazer um balanço do movimento e aprovar a linha da mobilização direta.
Certamente, o governo despejará medidas mais violentas sobre o magistério. A resposta do
Congresso tem de ser a retomada da greve. Para isso, é fundamental corrigir os erros do movimento
e rechaçar a conduta traidora dos burocratas.

Dinheiro da Apeoesp pertence à classe e deve estar sob o controle das assembléias
77 Há muito, os professores questionam a fábula de dinheiro que a Apeoesp recolhe mensalmente
dos associados. Após a greve, veio à tona no Conselho de Representantes a partilha que é realizada
entre os diretores do sindicato. A burocracia jogou pelos ares as benesses que são assumidas pela
diretoria. Os setores de Oposição, que ocupam cargos na diretoria, foram acusados e vilipendiados.
Ficaram de mãos atadas porque se negam a fazer campanha de denúncia contra o uso de dinheiro
pela diretoria.
78 O congresso deve aprovar a resolução de que os recursos da Apeoesp devem estar sob o
controle das assembléias. A decisão do uso do dinheiro não é privilégio da direção. Quem deve
aprovar o uso ou não de recursos têm de ser aqueles que contribuem financeiramente com o
sindicato.
79 O congresso deve, também, votar a resolução de que a contribuição dos filiados não pode
ultrapassar o valor da hora-aula.

Rejeitar o sindicato-empresa
80 O sindicato, historicamente, foi criado como organismo de resistência à exploração do trabalho.

42 Caderno de Teses
TESE 3
Nas últimas décadas, em função do avanço da burocratização, vem sendo transformado em local
de assistência individual aos filiados. Os convênios médicos ganharam força, as colônias de férias
se expandiram, a compra do hotel (casa do professor) foi implementada e os congressos passaram
a ser realizados em estâncias hoteleiras. Com isso, ganhou a filiação de um setor da classe que
considera que o sindicato é um prestador de serviço particular. Mas há uma parcela que está
descrente e não é capaz de separar o sindicato de sua direção.
81 O congresso tem de posicionar sobre esse desvio burocrático que foi dado à Apeoesp,
colocando-a unicamente na defesa das reivindicações de toda a classe.

Romper com o sindicalismo orgânico


82 Como apontamos, um dos grandes obstáculos da Apeoesp é ter uma direção vinculada
organicamente ao governo Lula. A presença no Conselho Nacional de Educação mostra o quanto
avançou a política de estatização da Apeoesp e o quanto se tornou dependente das diretrizes
governamentais. O congresso deve votar a saída da presidente do sindicato do Conselho Nacional,
organismo do MEC, que elabora as diretrizes da política educacional do governo. E a independência
política e organizativa em relação ao Estado e ao governo do PT.

VI - Combater todo tipo de opressão e discriminação


83 O magistério é composto por uma maioria de mulheres. A defesa das mulheres tem como ponto
de partida a luta contra divisão de classe da sociedade capitalista. O que significa o combate à
exploração do trabalho. As mulheres, particularmente as operárias e as camponesas, são as que
padecem de toda sorte de violência. O que não quer dizer que as mulheres de classe média não
sejam também vítimas da violência, da dupla jornada de trabalho, dos salários mais baixos e do
desamparo à maternidade. Sobre a base da exploração do trabalho se manifestam os preconceitos,
o “assédio moral” e outras tantas discriminações.
84 A opressão sobre os negros é herança que carregamos do passado colonial. O capitalismo
foi introduzido no Brasil às custas da exploração dos escravos e a burguesia nacional não pôde
realizar a tarefa histórica de livrar o negro da condição subumana. O caráter semicolonial do Brasil
e a submissão da burguesia nacional ao imperialismo são tarefas democráticas incapazes de serem
resolvidas pela classe dirigente do País.
85 A luta contra a discriminação e a violência aos homossexuais deve, também, estar vinculada
à luta contra a sociedade de classes. Apenas na sociedade comunista, não mais baseada na
propriedade privada, portanto, livre dos laços com a herança, a livre expressão sexual voltará a ser
uma questão de cunho pessoal, sem que a sociedade imponha normas ou morais.
86 A política burguesa toma os fatos da opressão como casos isolados ou de natureza
comportamental. As direções sindicais reformistas separam os fatos de opressão de suas reais
causas. Por isso, separam a opressão da mulher, do negro etc da opressão de classe vivida pelo
proletariado e demais explorados.
O congresso deve tomar como estratégia a luta pela destruição da sociedade burguesa,
87
responsável por toda sorte de discriminação e preconceito. A luta pelas reivindicações de igualdade
de direitos se choca com a sociedade de classes, responsável pela podridão capitalista.
. Trabalho igual, salário igual
. Nenhum jovem fora da produção e da escola
. Fim de todas as formas de discriminação capitalistas

Rejeitar a política de gênero e cotas


88 A burguesia impôs a separação entre os proprietários dos meios de produção e os que vendem
a força de trabalho para sobreviver. Fragmenta os setores oprimidos por meio da discriminação
(salarial, de cor etc). Impõe a ideologia da classe dominante de que todos são juridicamente iguais
perante as leis. E, para ampliar a extração de mais-valia, joga as mulheres operárias e camponesas
contra seus companheiros de classe.
89 A política de cotas é discriminatória, porque exclui a maioria das mulheres e dos negros do
acesso à universidade ou à direção dos sindicatos. A chamada “políticas afirmativas” é distracionista,
pois se torna um obstáculo para a elevação da consciência dos setores oprimidos. Será na luta

Caderno de Teses 43
TESE 3
unitária dos explorados, sob o programa e direção do proletariado, que as exigências das mulheres
e dos negros serão conquistadas.

VII - Mudanças estatutárias

90 Emenda Substitutiva ao item “c” do artigo 2º


Lutar, juntamente com outros setores da população, pela garantia do ensino público, estatal,
laico, gratuito, para todos e em todos os níveis.
91 Emenda Aditiva ao Artigo 8º
Os jornais e demais materiais de imprensa da entidade deverão reservar um espaço para
expressar as diferentes posições políticas que intervêm no movimento dos educadores.
92 Emenda Supressiva do item “b” do artigo 9º
93 Emenda Substitutiva ao artigo 11
A contribuição dos associados será aprovada pela Assembléia Estadual no valor de 1 (uma)
hora-aula.
94 Emenda Substitutiva ao item “e” do artigo 13
Pagar as mensalidades de acordo com o estabelecido pela Assembléia Estadual.
95 Emenda Substitutiva ao item “a” do § 3º do artigo 16
A primeira Assembléia Geral Ordinária será convocada pela diretoria da entidade no início de
cada ano (no mês de março), após a realização do RE e CER ordinários que ocorrem em março.
96 Emenda Supressiva dos itens “c”, “e”, “f”, “g”, “h”, “l” e “m” do § 1º do Artigo 22
97 Emenda Aditiva ao item “p” do § 1º do artigo 22
...exceto nas tiradas de delegados para Cut e CNTE que deverá ser aprovada em Assembléia
Geral.
98
Emenda Substitutiva ao Artigo 23
O Congresso Estadual (Sindical/Educacional) é a instância máxima de deliberação da entidade
“APEOESP – Sindicato Estadual” e será realizado anualmente, exceto nos anos em que houver
eleições para a composição da Diretoria Estadual Colegiada, a fim de avaliar a situação da entidade,
deliberar sobre metas e linhas de ação para o período seguinte, promover, se for o caso, alterações
no presente Estatuto e fixar as diretrizes da entidade no campo educacional e cultural e outros
eventos temáticos (seminários, encontros, simpósios) a serem definidos pelo Conselho Estadual de
representantes.
Emenda Substitutiva ao § 1º do Artigo 23
99
O Congresso Estadual será convocado pelo presidente da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual” e organizado pelo Conselho Estadual de Representantes que definirá o temário geral,
a dinâmica, o regimento, os critérios de participação, respeitado o disposto neste Estatuto, e
submetendo-os a Assembléia Geral Estadual.
100 Emenda Substitutiva ao § 2º do Artigo 23
Os delegados ao Congresso Estadual serão eleitos nas Unidades Escolares na proporção de 1
(um) para cada 10 (dez) associados.
101
Emenda Supressiva dos § 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º do Artigo 23
102 Emenda Aditiva ao Artigo 23
A entidade assumirá as despesas do congressista na sua totalidade, no que diz respeito à
hospedagem, ao transporte e à refeição.
103 Emenda Aditiva ao Artigo 23
Os congressos devem ser realizados em locais amplos e apropriados às discussões políticas. É
vedada a organização de congressos em hotéis, instâncias religiosas e outros locais de turismo. O
Congresso deverá ser efetuado em dois dias.
104 Emenda Aditiva após o Artigo 23
Os delegados da APEOESP aos congressos da CUT, da CNTE serão eleitos em Assembléia
Geral convocada para esse fim.

44 Caderno de Teses
TESE 3
105 Emenda Substitutiva ao Artigo 24
A diretoria Estadual é constituída por 27 membros dos quais 3 (três) ocuparão o cargo de
presidente, secretário geral e secretário de finanças no sistema colegiado.
106 Emenda Supressiva ao Artigo 25
107 Emenda Substitutiva ao Artigo 26
A diretoria Estadual colegiada será composta pelo critério da proporcionalidade direta, de acordo
com os votos obtidos por cada chapa na eleição (sem cortes).
108 Emenda Supressiva do § 1º do Artigo 26
109 Emenda Substitutiva ao § 2º do Artigo 26
Para fins de composição proporcional da Diretoria Estadual Colegiada, do total de votos colhidos
no pleito, não serão considerados os nulos e brancos, servindo esse resultado para o cálculo final
da proporcionalidade que cabe a cada uma das chapas.
110 Emenda Substitutiva ao § 3º do Artigo 26
A razão da proporcionalidade de que cuida este artigo será apurada dividindo-se o número de
votos obtidos pelas chapas pelo número total de votos válidos, assim considerando-se aqueles
obtidos nos termos do § anterior, multiplicando-se esse quociente por 100 (cem).
111 Emenda Substitutiva ao § 4º do Artigo 26
Definidas as chapas, estas passarão a escolher as secretarias e comissões que desejam ocupar
pela ordem decrescente de número de votos obtidos.
112 Emenda Supressiva dos itens “a”, “b”, “c”, “d” e “e”, do § 4º do Artigo 26
113 Emenda Supressiva dos § 8º, 9º, 10º, 11 e 12 do Artigo 26
114 Emenda Supressiva ao item “c” do Artigo 27
Elaborar o projeto de orçamento anual remetendo-o à primeira Assembléia Estadual para a sua
aprovação.
115 Emenda Supressiva do § 1º do Artigo 27
116 Emenda Supressiva ao Artigo 29
117 Emenda Supressiva do Artigo 32 ao Artigo 42
118 Emenda Supressiva do § 2º do Artigo 45
119 Emenda Aditiva ao Artigo 45
Fica proibida a condição de Conselheiro Liberado.
120 Emenda Substitutiva ao Artigo 46
A cada 2 (dois) anos, durante o bimestre de maio/junho, haverá eleições gerais para a Diretoria
da entidade.
121 Emenda Supressiva dos § 2º, 3º e 4º do Artigo 47
122 Emenda Substitutiva ao Artigo 57
O Conselho Estadual de Representantes será constituído na proporção de um conselheiro
estadual para cada 100 (cem) associados vinculados às subsedes, assegurada uma representação
mínima de 3 (três) representantes por subsede.
123 Emenda Substitutiva ao § 1º do Artigo 60
Os eleitos para o Conselho Estadual de Representantes, observado o disposto neste estatuto,
cumprirão o mandato de 1 (um) ano.
124 Emenda Supressiva dos itens “a” e “b” do § 1º do Artigo 60.
125 Emenda Supressiva ao Artigo 2º do capítulo VII Das Disposições Transitórias

Caderno de Teses 45
TESE 4
TESE 4
Movimento Unidade e Democracia na Educação ao XXIII Congresso
Estadual da APEOESP

I. Conjuntura Internacional e Nacional

A crise da globalização neoliberal

1 O contexto internacional está marcado pela crise que assola a globalização neoliberal, que
teve início no centro do capitalismo em 2008, os EUA e atingiu países da Europa recentemente.
É uma conjuntura diferente daquela hegemonizada pela versão neoliberal do capitalismo. Permite
que a classe trabalhadora, por meio de pressão social de um amplo movimento, possa questionar
os pilares da dominação do capital e organizar um programa de transição pós-neoliberal. Por outro
lado, a ausência de reação da classe trabalhadora em escala internacional pode permitir que se
recupere a legitimidade de um novo ciclo da globalização capitalista. O resultado depende do
acirramento ou não da luta de classes.

2 O neoliberalismo, enquanto doutrina econômica, atingiu sua hegemonia nas últimas décadas. O
centro da doutrina é liberar o mercado da lógica política, do Estado. Mas foi a partir do Estado que a
política econômica neoliberal conseguiu garantir-se, através de privatizações, desregulamentações
das relações de trabalho e do processo de circulação de mercadorias.
3 Para possibilitar esse predomínio, a classe capitalista necessitou, ainda com a contribuição
do Estado, enfraquecer os sindicatos e desarticular as diversas expressões da ação coletiva. O
avanço do poder social da classe capitalista foi consolidado com as sucessivas derrotas sobre a
crítica ao sistema em seu conjunto. Assim, o neoliberalismo tornou-se hegemônico, conquistando
predominância em todas as dimensões da vida social (na organização econômica, nas relações de
poder, nas expressões culturais e nos comportamentos individuais). Em escala global, o imperialismo
norte americano conduziu a mundialização do capital por quase todo o século XX. A hegemonia
estadunidense foi legitimada pela ação dos organismos financeiros internacionais e pelo avanço
da militarização mundial sob o seu comando. O imperialismo construiu um mundo mais violento e
instável e, com isso, o fortalecimento da sua capacidade de exploração e de imposição da lógica do
capital, transformando o mundo e a vida em mercadoria.
4 O capitalismo neoliberal cria, na sociedade, uma série de falsas expectativas. Há o mito de que
vivemos sob uma democracia racial, de gênero, de classes, de oportunidades. As desigualdades
que são acentuadas pelo capital não são facilmente percebidas pela maioria da população. A crise
que se aproxima, dependendo de sua gravidade, fará com que as injustiças sociais fiquem mais
aparentes. Diante disso, o movimento sindical deverá estar atento para a disputa da hegemonia,
conscientizando e esclarecendo a classe trabalhadora das causas e conseqüências desta crise.

5 Os primeiros sinais de recuperação da resistência crítica ao imperialismo e à globalização do


capitalismo neoliberal apareceram no final do século passado. Os fins dos anos 1990 presenciaram o
surgimento de constantes mobilizações em várias cidades do mundo contra a ação dos organismos
multilaterais de investimento (FMI, OMC, Banco Mundial). O Fórum Social Mundial foi a principal
expressão da resistência global, reunindo em convergência as diversas matizes dos movimentos
sociais que, por meio da palavra de ordem Um outro mundo é possível, anunciavam sua discordância
com a (des)ordem capitalista global.

6 Os resultados negativos desse padrão de acumulação capitalista foram fortemente sentidos na


América Latina. Como conseqüência, reascendeu a capacidade de mobilização popular e de crítica

46 Caderno de Teses
TESE 4
aos efeitos sociais do projeto neoliberal. Lideranças e partidos políticos que se contrapunham a esse
projeto ascenderam ao poder no continente, indicando o desejo e construindo condições concretas
para a superação do neoliberalismo. As eleições destas forças políticas anti-neoliberais em diversos
países foram as respostas mais contundentes à globalização neoliberal e ao imperialismo.

7 A partir da crise atual, que tem origem no país central do sistema capitalista, é posto em cheque
o poder imperialista norte-americano. A busca pela financeirização, absolutamente descontrolada e
desconectada da produção e dos salários, foi levada às últimas conseqüências.

8 Conforme nos esclarece o economista Marcio Pochmann, o salário está no fundamento da crise
econômica internacional. Para ele, houve uma desconexão entre a evolução do salário real e da
produtividade. Nestas condições, os países ricos estimularam o consumo pelo crédito como medida
desesperada para manter o crescimento. Aumentaram os lucros – que não foram revertidos em
investimento – e houve considerável diminuição da participação dos salários. Essa financeirização
da economia é um processo relativamente longo, pelo qual ocorre elevação da taxa de lucro sem
elevação do crescimento do produto e, obviamente, com concentração de renda e acumulação em
oligopólios.
9 As repostas de governos dos países centrais e da classe capitalista apontam para necessidade
de recuperar a confiança nos mercados, através da recuperação do poder estatal, da reformulação
de organismos internacionais para criar alguma forma de regulação das finanças mundiais e de
políticas anti-cíclicas.
10 Sem considerar uma visão sobre a crise que inclui a desvalorização do trabalho como uma das
causas centrais haverá a supremacia de saídas absolutamente técnicas e monetaristas, alinhadas
à busca de recuperação da racionalidade econômica. Com efeito, o centro da luta imediata gira
em torno das demissões, da intensificação das jornadas de trabalho e dos bloqueios sobre os
salários. Como fizeram no período do ajuste neoliberal, as empresas buscarão diminuir custos do
trabalho, aproveitando o argumento da crise e as contribuições dos governos nacionais - seja em
forma de financiamento público direto sem qualquer condicionante, seja pela omissão em termos de
regulação pública do trabalho.

11 Para o horizonte da classe trabalhadora, não faz parte da agenda política disputar qual
melhor versão de capitalismo pode ser alternativa ao padrão neoliberal. Durante o século XX, foi a
capacidade de pressão da classe trabalhadora, organizada em sindicatos e em partidos políticos,
que impulsionou o Estado de bem-estar social e a criação de organismos mundiais com papel de
estabelecer convenções internacionais sobre os direitos do trabalho (como a OIT). Porém, estas
foram respostas da classe capitalista ao avanço das forças socialistas ao redor do mundo. No
contexto atual, constatamos o enfraquecimento e a desarticulação das forças políticas de esquerda
no seio dos países desenvolvidos.

12 Recuperamos o Marx do Manifesto Comunista, com sua crítica à própria natureza do


desenvolvimento capitalista. Para ele, a globalização econômica é uma necessidade vital do
modo capitalista de produção. Por um lado, a internacionalização do capital geraria crescimento
e prosperidade ao mesmo tempo em que generalizaria a instabilidade, a violência, as crises
econômicas e as desigualdades sociais.
13
A luta internacionalista não se organiza por reverter a globalização, mas sim pela busca de
alternativa ao tipo de globalização produzida pelo sistema capitalista. A procura por mecanismos
de integração regional entre os povos, de maneira soberana e solidária, acompanhada por
democratização das relações de poder e universalização dos direitos sociais e do trabalho compõe
essa agenda alternativa. Trata-se do exercício de construir um programa de transição anti-neoliberal,
mas também anti-capitalista.
14 Na América Latina, já havíamos iniciado a deslegitimação da política neoliberal, seja com
mobilizações intercontinentais (contra a ALCA) seja com vitórias eleitorais de partidos e de
lideranças à esquerda do espectro até então intocado (Brasil, Venezuela, Equador, Argentina,

Caderno de Teses 47
TESE 4
Bolívia, Paraguai e seguimos). Porém, não avançamos na formulação de um programa que transite
para outro modelo. A transição encontra-se truncada.

II. Brasil: desbloquear a agenda da transição pós-neoliberal


15 Diferente da postura dos governos neoliberais que nos obrigam a uma conduta defensiva e
investem na criminalização dos movimentos sociais, o Governo Lula abriu um tempo de possibilidades
para a construção de alternativas e de avanços em termos de direitos sociais, trabalhistas e
sindicais. Em contradição, a políticas monetária e cambial seguem predominantemente liberais e
ainda não demos passos significativos para a superação do conjunto das medidas flexibilizadoras
implementadas pelo governo de FHC. A contradição central é que, a despeito disso, a partir da
opção por um modelo de Estado desenvolvimentista, presenciamos a recuperação do crescimento
econômico, uma leve recuperação do mercado de trabalho (com aumento do emprego, da
formalização do trabalho e da ação de fiscalização publica das relações de trabalho), a execução
de um ousado programa de investimento em infra-estrutura social e a recuperação de políticas
sociais até então alvo central do projeto neoliberal (educação em todos os níveis, saúde pública,
valorização do serviço público).
16
É fato que o emprego formal tem crescido e a taxa de desemprego diminuído, mas a quantidade
de desempregados continua grande, especialmente entre a população negra, mulheres e jovens.
A política de valorização do salário mínimo teve um impacto bastante positivo: houve elevação dos
salários e a conseqüente elevação da renda média. Entretanto, ocorreu majoritariamente para a
parcela dos/as trabalhadores/as que recebem bem próximo de um salário mínimo. Há significativas
mudanças no que diz respeito ao investimento em políticas públicas, mas é preciso cada vez mais
retomar o papel do Estado como indutor do desenvolvimento com distribuição de renda.

17 Há sinais evidentes de melhoria das condições de vida de boa parte da classe trabalhadora,
que são resultado da ação do Estado e do fortalecimento dos sindicatos nas negociações coletivas.
Em 2007, mais de 90% das negociações coletivas resultaram em aumentos reais nos salários,
revertendo a lógica perversa do período neoliberal, quando havia o enfraquecimento do sindicalismo.
18 Mesmo com avanços importantes para a vida da classe trabalhadora brasileira, do fortalecimento
do sindicalismo combativo e a despeito das possibilidades concretas de eleger uma candidatura
petista para um terceiro mandato, não podemos descartar a capacidade de recuperação do poder
social da direita brasileira e de recomposição dos interesses da classe capitalista.

19 A direita brasileira mantém sua capacidade de articulação política, conquistando vitórias no


Parlamento, e de mobilização da opinião pública a partir de sua principal ferramenta: a grande
mídia. Também dirige estados importantes da federação (a exemplo de São Paulo, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Distrito Federal), a partir dos quais continua implementando o projeto neoliberal:
criminalização dos movimentos sociais, privatizações, desestruturação e focalização das políticas
sociais.

20 A força política, econômica e cultural de predominância conservadora permanece viva e tem


várias expressões. Mantém sua influência sobre a política monetária (juros altos, superávit primário);
garante intocado o monopólio sobre os meios de comunicação de massa; nenhuma alteração
constitucional importante foi encaminhada no sentido de mexer na concentração fundiária; o poder
arbitrário dos empresários nas relações de trabalho sequer assumiu centralidade no debate sobre
a democratização do país.
21 Os conflitos do Governo Lula com sua principal base social organizada - o movimento sindical
- produziram símbolos negativos. Os dois mandatos do presidente Lula apresentam aspectos
desse recorrente litígio. No primeiro mandato (2003-2006), sofremos a aprovação da reforma
da previdência e da Lei de Falências. Neste segundo mandato – iniciado em 2007 –, sofremos
com a ausência de esforços para encaminhar a redução da jornada de trabalho e o fim do fator
previdenciário. No campo dos direitos sindicais, fomos derrotados em nossa plataforma por uma

48 Caderno de Teses
TESE 4
reforma sindical orientada pelos históricos princípios CUTistas. Além disso, a partir da entrega do
Ministério do Trabalho e Emprego nas mãos do PDT e, conseqüentemente, da Força Sindical,
ficamos estarrecidos com os retrocessos na estrutura sindical conservadora. O exemplo mais claro
é a extensão do imposto sindical aos (às) trabalhadores (as) do serviço público. Em todos os casos,
houve conflitos com a base social da CUT. E continua a ocorrer. Desta forma, devemos buscar
influir para que a construção de alianças partidárias se dê em torno de identidades programáticas
compondo um campo que fortaleça e impulsione o projeto democrático e popular.

SERVIÇO PÚBLICO
22 Não podemos permitir que direitos adquiridos sejam incluídos em negociações comerciais,
como por exemplo, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). É o caso da educação,
da saúde e da seguridade social.

23 É imprescindível a valorização dos/as trabalhadores/as do serviço público. A organização sindical


destes/as trabalhadores/as em todas as esferas de governo é a base construtora do fortalecimento
do nosso projeto de disputa contra-hegemônica. O fortalecimento do serviço público requer a
revogação da Lei de Responsabilidade Fiscal e sua substituição pela Lei de Responsabilidade
Social. As questões relacionadas aos gastos com saúde e educação devem ser tratadas como
investimentos.

EDUCAÇÃO

24 A luta imediata dos educadores e educadoras do país é para garantir a universalização do direito
à educação, com a implementação imediata do piso salarial nacional da educação em todas as
instâncias, inserindo-as nos respectivos planos de carreira e contra a política meritocrática. Compõe
essa agenda a necessidade de ingresso exclusivamente por concurso público e a profissionalização
dos funcionários das escolas.
25 Dentre as ações pelo fortalecimento do Estado e pela garantia do direito à educação,
participamos ativamente da Conferência Nacional de Educação – CONAE, em cada município
dos nossos estados. Estivemos presentes nas Conferências Estaduais defendendo propostas
como trabalhadores/as, como mães e pais da educação brasileira. Fortalecemos a luta contra a
mercantilização da educação sob suas várias formas, nos debates da Conferência e em todos os
sindicatos. Conseguimos debater e aprovar propostas avançadas, que serão enviadas ao congresso
para nortearem o próximo Plano Nacional decenal de educação.

III. POLITICA EDUCACIONAL NACIONAL


26 O segundo mandato do governo Lula promoveu avanços na política educacional no país
tendo em vista o acúmulo histórico da luta dos educadores(as). Apesar dos avanços, as políticas
educacionais aplicadas mantêm trava das políticas de governos anteriores, como a permanência do
veto ao PNE 10-01-2001, que previa a aplicação de 7% do PIB em Educação (em contraposição aos
atuais 4%), além dos mecanismos de avaliação (Prova Brasil, SAEB,ENEM, ENADE), que tornam-
se improdutivas não só por aferir o óbvio, além de poderem tornar-se mecanismo de punição e
premiação aos educadores nos Estados e municípios (avaliação por desempenho meritocrática,
substituindo reajuste e evolução na carreira por bônus). Avaliação deve ser desenvolvida no sentido
de tomar medidas sistêmicas que contribuam para melhor formação, valorização e qualificação dos
educadores, além das condições físicas de trabalho. É preciso superar o fundamento meritocrático e
de ranking das avaliações e sistema de ranqueamento entre escolas, que colocam um fundamento
capitalista no sistema educacional.

Caderno de Teses 49
TESE 4
Podemos avaliar como positivo alguns aspectos do PDE, a inserção do debate da Educação
na agenda social e política do país, embora sua gestação tenha excluído setores dos movimentos
sociais ligados à educação pública e optado pelo movimento todos pela educação, de cunho privado.
O programa Brasil alfabetizado, incorporado ao PDE, prioriza a alfabetização através das
27 instituições e dos educacionais públicas, o que representa maior garantia de continuidade dos
estudos pelos alfabetizados. A gestão democrática é um princípio fundamental para a qualidade
da Educação, portanto, deve estar associada à eleição direta para dirigentes escolares, algo
que não ocorre em todos os estados da federação. A sanção do FUNDEB em 20-06-2007 veio
de encontro com algumas das principais reivindicações da nossa categoria, ao incluir toda a
educação básica: a educação infantil, o ensino médio e a educação de jovens e adultos. No
entanto, devemos primar pela superação deste modelo de fundos, com a derrubada dos vetos ao
PNE em 2001, assim como a construção do sistema articulado nacional de Educação, que integre
a educação à creche ao Ensino superior, repactuando os entes federados, conforme aprovado na
CONAE e previsto na EC 59.
28 A proposta da CNTE original para o piso dos trabalhadores em educação (Piso Salarial
Profissional Nacional, Lei 11.738/2008), de R$ 1050 para o nível médio e R$ 1575 para o ensino
superior fora derrotada pelas barganhas nos estados por uma proposta de R$ 950 reais (atualmente,
com reajustes, em torno de R$1300). Vimos o aspecto de 33% da jornada extraclasse ser ignorado
pelos parlamentares dos estados, e posteriormente a ação direta de inconstitucionalidade movida
pelos inimigos da educação (Governos do RS. SC, PR, DF e CE, além de apoiados por SP e
MG). Também avaliamos como positivo a aprovação das diretrizes da carreira e o programa de
profissionalização dos funcionários de escola. Faz-se necessária uma maior mobilização dos
trabalhadores em educação para o embate com o poder público, a fim de consolidar efetivamente
tais conquistas.
29 Também comemoramos a aprovação das Diretrizes Nacionais para os planos de carreira
docente, pois estabelece marcos ou parâmetros, tais como limite de estudantes por professores
em sala e no total; exigência de realização de concursos públicos periódicos, quando o número de
temporários ultrapassar 10%, exigência dos estados e municípios elaborarem planos de carreira,
entre outros.
Fomos surpreendidos pelo debate sobre a Reforma do Ensino Médio no primeiro semestre
30
de 2009 que retomava aspectos preocupantes da proposta apresentada por Rose Neubauer e
Covas no ano de 2000. A proposta tinha um viés de política educacional norte americana, visava
diluir o conhecimento cientifico em grande ares e flexibilizar 20% da carga horária. Defendemos a
necessidade de superar a dualidade histórica existente no ensino médio (meio, de mediação, de
preparo e qualificação ao trabalho ou continuidade do estudos). Diversas investigações demonstram
a insatisfação da juventude com o atual modelo. A partir da aprovação da Emenda Constitucinal 59,
que torna o Ensino obrigatório entre os 4 e 17 anos, devemos encaminhar uma Reforma no Ensino
Médio, visando o tempo integral que articule as dimensões da vida aos estudantes trabalhadores
e filhos da classe trabalhadora, seja o profissional com o humanístico, cultural, acadêmico de
desenvolvimento da participação política, entre outros aspectos necessários à consolidação da
cidadania dos trabalhadores.
31 Desse modo, temos que discutir os fundamentos da indissociabilidade entre Trabalho e Educação
na sociedade em que vivemos, numa perspectiva de superá-la. Se toda educação organizada se dá
a partir do conceito e da existência do trabalho, que caracteriza a existência e realidade humana. O
trabalho é a ação sobre a natureza e sua modificação. Portanto, ao analisarmos os diferentes modos
de produção da existência ao longo da história da humanidade, observamos o papel conferido à
educação e formação necessária para a qualificação e garantia da existência.
32
Na sociedade capitalista, na medida em que o processo escolar se desenvolve, coloca-se
a exigência de que estas relações e os mecanismos que caracterizam o processo de trabalho
sejam explicitados. Na sociedade capitalista, a Ciência é incorporada ao trabalho produtivo,

50 Caderno de Teses
TESE 4
convertendo-o em potencia material. O próprio conhecimento converte-se em força produtiva. Essa
sociedade baseada na propriedade privada dos meios de produção, os trabalhadores devem deter
conhecimentos, pois do contrário não podem produzir, e assim, se não trabalham, não agregam
valor ao capital.
Sendo assim, a sociedade capitalista desenvolve mecanismos para expropriar o conhecimento
33 dos trabalhadores, elaborar e devolvê-los de modo fragmentado, como o fez no taylorismo. Neste
o trabalhador domina algum tipo de conhecimento, mas apenas aquele parcelado necessário a sua
participação no processo produtivo, de onde deriva a concepção de profissionalização e ensino
profissionalizante. Nesta concepão capitalista burguesa, formam-se trabalhadores para executar
com eficiência determinadas tarefas requeridas pelo mercado de trabalho.
34
Esta concepção baseia-se na divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, proprietários e
não proprietários dos meios de produção. Desta implica a divisão entre os que concebem, formulam
e controlam o processo de trabalho e os que o executam, como se expressa na divisão entre ensino
profissionalizante, destinado aos que executam, e o ensino científico-intelectual, destinado àqueles
que devem conceber e controlar o processo.

35 Propomos o debate de que a idéia de politecnia contrapõe-se a esta concepção, ao defender


que o processo de trabalho desenvolva, numa unidade indissolúvel, os aspectos manuais e
intelectuais. Parte do pressuposto de que não há trabalho manual e trabalho intelectual estritamente.
De acordo com a concepção politécnica, o trabalhador está em condição de desenvolver as
diferentes modalidades de trabalho, desenvolvendo-se multilateralmente, ao dominar os princípios
e fundamentos que estão na base da organização da produção moderna. Compreendemos que esta
proposta não está em curso no país, muito menos no estado de São Paulo e defende a realização
de uma ampla reforma no Ensino médio em um rumo progressista, que vise a formação politecnica,
humanística e que supere esta dicotomia e a histórica dualidade do Ensino Médio no país.

IV. O ESTADO de São Paulo na contramão das mudanças


36 Enquanto observamos os esforços no sentido de investimento no setor público para a superação
da crise internacional, o Estado de São Paulo anda na contramão. O centro do capitalismo no
país e da formulação política de resistência do neoliberalismo no pais aumenta os pedágios nas
estradas, onerando a produção com mais tributos; não investe em infraestrutura, saneamento, mas
em publicidade até no nordeste; privatiza os serviços e empresas públicos e propõe um modelo
educacional que não está sintonizado com um projeto que desenvolva o país numa perspectiva de
crescimento, distribuição de renda e construção do socialismo. Nós educadores temos que combater
este projeto, pois não coincide com os interesses dos trabalhadores

V. POLÍTICA EDUCACIONAL ESTADUAL em São Paulo


37 No Estado de São Paulo, observamos que estas diretrizes estão sendo utilizadas no sentido
da contrarreforma, de viés conservadora e retrógrada quanto aos direitos dos professores ACT (Lei
500 1974), que sofreram um revés no ano passado, tiveram perda salarial caso consigam passar
em um exame e contratos limitados, visando cortar direitos. Aprovou a esdrúxula Lei 1041/07,
que limita e controla as faltas-médicas dos professores em nome de uma suposta austeridade
e moralidade, ignorando as necessidades e a saúde do professor. Precarizou mais o trabalho
dos docentes que ingressaram após 2007, quando o Governo Serra realizou sua Reforma da
Previdência do Estado de Sâo Paulo (Lei 1010/2007) e enviou os professores que ingressaram
a partir daquela data ao INSS. Preparou o terreno para as precarizações e divisões da categoria,
consumada com a Lei 1093.

38 Além disso, o Governo restringe e dificulta mais ainda o ingresso dos Professores com a sanção
da Lei 1094/2009, que criava 80 mil vagas, e com a interposição de terceira fase de concursos.

Caderno de Teses 51
TESE 4
Autorizou um concurso e convocou apenas 10.038 professores, num universo de cerca de 100 mil
temporários, bem como aplicará a terceira etapa do concurso: escola de formação e novo exame,
antes do ingresso e do estágio probatório.
O governo Serra e seu secretário ex-ministro Paulo Renato aplicam a todo vapor o modelo
39 toytista neoliberal na educação, uma educação altamente padronizada, baseada em aspectos
quantitativos, utilizando-se do caráter meritocrático com a Lei 1097/10, restringindo reajustes
salariais para 20% dos profissionais que fossem aprovados em uma prova, excluindo os demais de
qualquer política salarial e de evolução funcional. Nós, trabalhadores em educação, movimentos
sociais e estudantes precisam apresentar uma proposta educacional que ultrapasse a versão
do governo Serra e sua relação altamente verticalizada da cúpula até a sala de aula, através de
videoconferências, apostilas e exames, voltada apenas à uma visão mercantil da educação, sem
vinculá-la a esfera da cidadania, da participação política e da democratização da gestão e sistema
de ensino.
40 Entendemos que a organização curricular e pedagógica da escola deva estar centrada no
processo de ensino e aprendizagem, a implantação do ensino em todas modalidades, infantil,
fundamental e médio, leva-nos a repensá-lo em seu conjunto – saberes, tempos, métodos, sujeitos;
ou seja, currículo como forma de encaminhamento e organização escolar, e não somente listagens
dos conteúdos ou ainda de competências e habilidades. A escola deve incorporar as necessidades
dos trabalhadores e seus filhos numa perspectiva que lhes possibilite a definição destas metas,
e não apenas de governantes iluminados que ditam a política educacional de acordo com as
necessidades de formação da força de trabalho de acordo com os interesses do capital.

V. Balanço da atuação da Direção da APEOESP no governo Serra(2007-2010):


retrocessos e cortes nos direitos dos trabalhadores em Educação
41 Em 2007, primeiro ano de seu governo do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB) tinha
como tarefa resolver tudo o que os anteriores não fizeram em relação aos temporários. Ao aprovar
a Lei 1010 (SPPRev), o governo conseguiu dar passos para precarizar o funcionalismo admitido
pela Lei 500 e dividi-lo em subcategorias, e preparou terreno para os ataques seguintes. Também
conseguiu aprovar a Lei 1041 que limita as faltas-médicas dos professores. Assumiu a Secretária
Maria Helena Guimarães, que propôs as chamadas 10 metas para a educação, que significam
mais municipalização, arrocho, aprovação automática no ensino médio, entre outras medidas que
precarizaram mais a educação.
42 Já no ano seguinte, em 2008, Serra foi paulatinamente implementando a sua proposta curricular,
que se tornaria o currículo oficial padronizado, visando uniformizar o sistema, a avalização, aplicação
da meritocracia, entre outras medidas, como a adoção de cadernos do professor e estudante. Neste
ano, o Governo cometeu erros ao propor através de Decretos 53037, que regionalizavam, demitiam
os temporários. Após as eleições sindicais, uma forte greve contra Decretos de Serra foi aprovada em
assembleia. Apesar desta greve ser reativa, fizemos dela uma avaliação positiva, pois conquistamos
a incorporação da GTE e conseguimos obter conquistas salarial de 5% e a promessa de 80mil
cargos de 10h. Apesar da questão ser lançada ao TRE Serra/Maria Helena conseguem aplicar a
prova para os ACTs, que posteriormente seria derrotada, devido diversos boletins de ocorrência
contra irregularidades no processo nada transparente. A atribuição foi realizada conforme o tempo
de serviço e a formação do professor (licenciatura plena e curso superior).
43 Em 2009, Maria Helena é demitida, devido a erros como a prova, vazamento de dados e erros
e obscenidades em livros distribuídos pelo governo. No entanto, a Direção da APEOESP não teve
um papel no sentido da politização e na mobilização da categoria: a própria divisão e configuração
geopolítica do equilíbrio das forças da direção do sindicato travou o movimento e permitiu que
Governo aprovasse as leis 1093, 1094 e 1097 na Assembléia Legislativa. A Diretoria promoveu
Assembléias esvaziadas, com apenas gritaria em frente à ALESP, sem nenhuma consequência.
Este erro contribuiu no sentido para que o governo se fortalecesse e no momento seguinte permitiu

52 Caderno de Teses
TESE 4
que ele se preparasse para dividir a categoria em diversas subcategorias, favorecendo a dominação
e a coerção, através da aplicação a prova do mérito e pagamento do bônus por desempenho,
visando dividir ainda mais a categoria.
44 A Direção do sindicato não fez uma análise correta do papel negativo que desempenhou ao
não jogar mais peso na convocação para estas lutas, considerando as próprias particularidades e
a divisão promovida e estimulada pelo próprio governo na categoria. Daí em diante, foi cometendo
uma sucessão de erros ao aprovar sem muito debate e apropriação pela base da proposta de
aprovação da greve decidida pela cúpula e anunciada por antecipação na IV Conferência
Educacional “Jeanete Beauchamp” no final do ano. Apostou-se no método do quanto pior melhor,
pensando equivocadamente que assim o/a professor/a aderiria ao movimento, sem fazer mediações
necessárias das ações do Governo para isolar e derrotar o movimento, entregando-lhe de bandeja
o que tínhamos de mais precioso: o nosso calendário de luta.
45 O ano letivo de 2010 iniciou com a atribuição após a imposição da prova aos ACTs, ainda que
com medidas paliativas, como o aspecto classificatório, mas que significaram um retrocesso no
respeito aos direitos do professor, no que diz respeito à formação em nível superior. Candidatos
não-habilitados passaram na frente de professores habilitados e licenciados por conta da prova, e
a liminar não deu conta de corrigir esta deformação, que significa a desregulamentação neoliberal
da profissão do professor. Nesta visão, uma prova elaborada pelo governo substitui a formação em
nível superior. Outra forma de dividir mais ainda a categoria.
Quanto à nossa análise da greve, ainda que não obtivesse êxitos do ponto de vista de sua pauta
46 econômica e educacional, observamos que ela teve um papel de denúncia e desmascaramento do
Governo José Serra, uma vez que todas as contradições e políticas educacionais que atacavam
a categoria foram aparecendo: as licenças médicas de professores, que aumentam a cada dia; a
falta de professores, aos improvisos e falta de planejamento do governo no concurso público, que
fizeram com que na prática o governo voltasse atrás na provinha e contratasse professores que não
a fizeram.
Apesar de todo este massacre governamental sobre a categoria, a Diretoria do sindicato não
47
fez uma avaliação necessária sobre as consequências futuras do desgaste do sindicato na base. As
disputas intestinas prevaleceram para ver qual setor sairia mais desgastado, até ao ponto de haver
declarações à imprensa burguesa do vice-presidente, dividindo o movimento, e a incapacidade de
negociação da Direção com a SEE, sendo frequentemente enrolada e desmoralizada perante a
base.

48 As péssimas condições de trabalho e a precarização da profissão de professor (condições


objetivas) não bastaram para mobilizar uma greve forte (salvo em algumas regiões, exceções que
confirmam a regra) para vencer um Governo fortemente blindado pela grande mídia paulista e
nacional. Principalmente se, do ponto subjetivo, fizeram com que o governo conseguisse dividir a
própria categoria e não fizeram com que os trabalhadores paulistas apoiassem nossa greve, que
ficou isolada e restrita ao assembleísmo às sextas-feiras, facilitando os ataques da mídia e dos
setores conservadores da sociedade, na medida em que a greve não ganhou outros contornos
e dimensões. Saímos da greve com um prejuízo para o movimento como um todo, sem atingir
nossas reivindicações imediatas, devido a uma visão estreita e restrita, limitando nossa pauta pelas
cobranças da base pela retirada das faltas do prontuário e com o Governo/SEE com a faca e o queijo
na mão. O que significa um retrocesso na consciência de luta dos trabalhadores e uma paralisia.

49 Há que se pensar em uma direção do movimento mais consequente, responsável e com


visão mais ampla, que não tema discutir todas as questões sem medos ou censuras, que seja
capaz de fazer análises corretas do movimento e prever as situações com antecedência, não tema
preservando o movimento para além de ocasiões como esta, e que não jogue a própria categoria
numa vala comum da desmobilização total no caso da continuidade deste projeto nefasto no Governo
do Estado de São Paulo.

Caderno de Teses 53
TESE 4
VII. Política Sindical e Propostas sobre Estatuto
50 Propomos que o debate sobre a questão da estrutura de poder da APEOESP seja feito
democraticamente e com a presença de toda categoria. Defendemos o campo do sindicalismo
CUTista socialista e democrático, atua na construção da agenda da APEOESP, da CNTE e da CUT.
Participando das instâncias da Coordenação dos Movimentos Sociais (MS).

51 No debate estatutário sobre a proporcionalidade, verificamos que o hegemonismo tão criticado


da Articulação Sindical também pode ser verificado em Subsedes em que militamos, que são
dirigidas por setores da Oposição Alternativa. Em alguns casos, são até mais antidemocráticos
ao não respeitar nem a proporcionalidade estatutária como critério de composição das Subsedes.
Portanto, posicionam-se à direita da proporcionalidade CUTista aplicada na Diretoria da APEOESP.
52 O balanço que realizamos neste período é de oito anos de gestão compartilhada entre a Art/
CTB e a Oposição Alternativa/Conlutas Intersindical é que houve a acomodação e burocratização
deste setores, que não conseguem mobilizar suas bases nem ao menos em situações defensivas,
como foram nos casos da votação das Leis 1093, 1094 e 1097.
Preocupa-nos o aspecto divisionista e o acerto de contas permanente entre setores da própria
53
direção, que só geram prejuízos para a categoria, destroem o sindicato e sua construção na luta por
mais conquistas e na defesa de direitos da categoria, seja qual for o governo ou ocasião. Propomos
um modelo sindical democrático, que una os professores aos trabalhadores em educação, com a
comunidade, em busca de uma escola e uma educação pública, gratuita, laica e de qualidade social
para todos.

54 Defendemos o encaminhamento do Fundo de solidariedade ser cumprido efetivamente,


e que haja um planejamento para greves futuras. O sindicato deve possuir um planejamento,
diferentemente do que ocorre, que a cada greve, destroi-se mais o movimento, não se constroi e
não se conscientiza para a luta, para a formação política, que também é Secundarizada no sindicato.
55 Defendemos a desprivatização do sindicato e financiamento público das tendências, que isto
seja regulamentado em congresso. Hegemonia no sindicato não significa aparelhamento, muito
menos apropriar-se indevidamente de recursos da categoria para sustentar colaboradores biônicos
nas regiões que nem foram eleitos pela base, muito menos encaminham a luta da categoria, como
na última greve, por exemplo.
56
Não somos favoráveis a conselheiros ou diretores biônicos nas regiões, que distorcem resultados
em encontros regionais, sem a consulta da base. O trabalho de base deve ser fortalecido, e o
sindicato trabalhar unido na luta da categoria, sem poderes paralelos e biônicos.

57 Defendemos a eleição de CER e CRR com voto em chapa, fortalecendo as propostas de


construção das Subsedes e o debate de idéias, ao invés do personalismo, a despolitização e a
formação de maiorias artificiais e descomprometias. Defendemos também eleição a cada três anos:
visar um projeto de trabalho com continuidade nas regiões, priorizando a organização e a luta da
categoria por sua pauta de reivindicações, ao invés do sindicato ter como sua razão de ser a disputa
interna constante, como promove atualmente.

VIII. Plano de lutas


58 A construção do socialismo democrático como projeto estratégico de sociedade, tendo como
objetico a emancipação dos trabalhadores seu centro, no país e no mundo; articulado à radicalidade
democrática e o combate às desigualdades entre gêneros, etnias, entre outras;
59 Aplicação na íntegra da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional (Lei 11.738/2008), em todos
estados e municípios da federação e Cumprimento das Diretrizes Nacionais dos Planos de carreira
para professores e funcionários de Escola (trabalhadores da educação);

54 Caderno de Teses
TESE 4
60 Aplicação da Emenda Constitucional 59: Ensino obrigatório dos 4 aos 17
anos,repactuação das responsabilidades federativas (municípios: creche e Educação infantil;
ensino fundamental; Estados: Ensino Fundamental e Ensino Médio; União: Ensino Superior),
combatendo a municipalização e fragmentações, rumo à noção de politecnia, com a reforma do
Ensino médio que articule o clássico, humanístico à vinculação técnica-profissional, visando um
projeto pedagógico dos trabalhadores que esteja sintonizado com uma visão crítica, questionadora,
voltada para a transformação social e a sua emancipação.
61 Aprovação pelo Congresso Nacional de todas as deliberações/indicações da Conferência
Nacional de Educação (CONAE 2010), entre elas: a destinação de 50% dos recursos do pré-sal
para a Educação; a elevação do PIB para 10 até 2014; a efetivação do Sistema Articulado de
Educação; A política de formação e valorização dos trabalhadores em educação, como a licença
sabática de professores; a efetivação da Gestão democrática nas escolas, com eleição de diretores,
conselhos de escola e participação popular nos Conselhos de Educação nos entes federativos; A
aplicação das políticas de inclusão e garantia de direitos para a diversidade.
62 Revogação das leis 1041, 1093, 1094 (Decreto escola e 3ª etapa concurso), e 1097 no Estado
de São Paulo. Convocação de todos aprovados no concurso e realização de novo concurso
classificatório;

IX. Políticas permanentes


63 Defendemos a retomada de coletivos setoriais, como o de sociologia, filosofia e psicologia;
a criação de um coletivo de saúde do professor, que acompanhe as questões relativas a assédio
moral, síndrome de burnout e readaptação; bem como a ampliação de um coletivo que pense a
comunicação estratégica do sindicato, visando utilizar mídias alternativas, rádios comunitárias web
etc; e que o sindicato amplie o estímulo à produções culturais dos professores.

Documentos base utilizados na elaboração da tese:


Contribuição sobre o tema de Educação IX Conferência da Democracia socialista (tendência
interna do Partido dos Trabalhadores, 2009).
Resoluções da III Conferência Nacional da CUT Socialista e Democrática – São Paulo, Março
de 2009.
Tese da CUT Socialista e Democrática ao XXX Congresso da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação Brasília, 2008.

Caderno de Teses 55
TESE 5
TESE 5
INTERSINDICAL - Instrumento de Luta e Organização da Classe
Trabalhadora

I. Conjuntura

É preciso mostrar o que os inimigos de classe tentam ocultar


1 As aparências enganam. Mais do que olhar as formas como as coisas aparecem e se expressam
é preciso ir além e ver seu conteúdo. Assim devemos ver o movimento cíclico e periódico das crises
produzidas na sociedade capitalista em que vivemos.
2 O Capital, seu Estado, seus ideólogos e muitos que se dizem representar os trabalhadores
tentam afirmar que a última crise é o exemplo para afirmar sua tese de um novo momento no
capitalismo mundial, ou seja, a predominância do capital financeiro, sobre o industrial.
3 Do que estamos a falar? Justamente do que os patrões, seus governos e os diversos instrumentos
que eles têm a sua disposição tentaram impor como verdade absoluta nas últimas décadas. Que a
concentração de lucros e riqueza não se dá no processo de produção de valor, mas sim em outro
espaço, ou seja, na esfera da circulação, em outras palavras, são os bancos e a especulação do
sistema financeiro que garantem muitos com muito pouco, e poucos com muito.
4 É como se afirmassem que as mercadorias que são transportadas de um país a outro, que são
comercializadas, que circulam a cada segundo no mundo, não fossem produto direto do trabalho
de homens e mulheres trabalhadores, como se ninguém os produzisse e já viessem ao mundo sem
produção nem valor.
5 Confundem forma com conteúdo. Tentam ocultar que a cada crise de superprodução do capital,
a sua expressão se mostra de uma maneira: na década de 70 crise do petróleo, no final da década
de 90 crise dos Tigres asiáticos e essa última, crise da bolha imobiliária nos EUA. Elas têm formas
de se expressar diferentes, mas carregam o mesmo conteúdo. Ou seja, dão nomes diferentes para
o mesmo movimento do Capital, que entra em crise de maneira periódica e em espaços de tempos
cada vez menores.
6 É preciso ver e compreender o que tentam ocultar, pois ao sabermos de fato como se dá
o processo de exploração a que somos submetidos no dia a dia, podemos avançar em nossa
organização e luta para enfrentar os patrões, suas explicações superficiais e suas medidas para
sair da crise.
7 Quando falamos em crise de superprodução estamos falando que os capitalistas para vencerem
a concorrência entre si investem cada vez mais na parte constante do seu capital, maquinas,
equipamentos, novas tecnologias e cada vez menos em seu capital variável, que é justamente a
força de trabalho dos trabalhadores aquela que gera o valor de todas as mercadorias. Só o trabalho
produz valor e mais valor do que ele mesmo vale.
8
O resultado disso é uma super produção de mercadorias e o capitalista que conseguiu vencer a
concorrência tendo uma mercadoria com valor mais reduzido que seus concorrentes, vê sua taxa de
lucro cair. Pois maquinas e equipamentos por mais modernos que sejam não geram valor, apenas
auxiliam, potencializam o aumento da produtividade. O que gera valor é o trabalho dos trabalhadores
e é por isso que as taxas de lucro despencam e a sociedade capitalista entra em crise.
9 Na forma de produção capitalista os que detêm os meios de produção compram a capacidade
de trabalho dos trabalhadores, através de um contrato, com uma determinada jornada de trabalho,
que será paga na forma de salário.
10 Mas no processo de produção o trabalhador é capaz de gerar mais valor do que vale sua força
de trabalho, em outras palavras: máquinas, prédios, matéria prima não geram valor e se desgastam
no processo de produção. A única mercadoria capaz de gerar outras mercadorias, carregadas de

56 Caderno de Teses
TESE 5
valor novo é a força de trabalho que quanto mais se desgasta no processo de produção mais valor
novo produz.
11 O valor gerado pelo trabalhador será apropriado pelo capitalista, que investirá parte desse valor
na manutenção dos meios de produção, aproximadamente 30% do resultado da produção. Outra
pequena parte que na maioria das vezes não chega a 10% pagará salários e o restante, ou seja, a
maior parte será seu lucro.
12 A crise está sendo produzida em pleno vapor no momento em que a produção está em alta, a
capacidade instalada da indústria está completa, as contratações aumentam, a produção aumenta.
Em outras palavras quando tudo está bombando para o patrão é nesse momento que ele está
entrando em crise. No momento de maior aceleração tem que frear bruscamente o processo de
produção.
13 Demissões, redução de direitos e salários, pátios cheios é o que a maioria da sociedade olha
como crise e não consegue enxergar que isso nada mais é do que a busca dos capitalistas para
saírem da crise que eles mesmos produziram.
14 O Estado na sociedade capitalista funciona exclusivamente para atender as necessidades de
concentração de lucro e para garantir as saídas das crises cíclicas e periódicas produzidas pelo
Capital. Além desse importante instrumento outros se colocam em movimento para administrar os
problemas dos patrões que para se recuperarem vão intensificar o ataque ao conjunto da classe
trabalhadora.
15 É preciso enxergar esse movimento do Capital, para entender a última crise e dessa forma dar
o necessário salto de qualidade na luta que temos para fazer contra aqueles que se enriquecem na
exata medida que nos exploram cada vez mais.

Na crise, o Capital faz o Estado se mostrar por inteiro. Instrumento fundamental para
ampliar e intensificar a exploração dos trabalhadores
16 A última crise deu seus primeiros sinais no final de 2007, estourou em 2008 e o ano de 2009
foi o momento das ações do Capital em busca de superá-la. Uma crise que não começou a partir
das economias dominadas, mas sim no coração do sistema capitalista, nos EUA e sua expressão
se deu como uma crise no sistema imobiliário, só a expressão de uma crise originada no processo
de produção de valor.
17 O Estado (instrumento que ora se coloca oculto ora se mostra por inteiro para socorrer o
capital) rapidamente se colocou em movimento para socorrer as grandes corporações industriais e
financeiras. O governo americano assumiu GM, Ford, Chrysler, Bancos e Seguradoras como num
processo de estatização, além de impor um programa de reestruturação profunda com demissões
e redução de direitos.
18
O índice de desemprego nos EUA subiu assustadoramente e a eliminação de vagas continua.
Novos sem teto se espalham pelo país, a violência aumenta e dados recentes mostram que mais de
50 milhões de americanos não têm acesso à saúde (o número aumentou na crise, pois nos EUA, só
idosos e pessoas com necessidades especiais têm acesso a saúde custeado pelo Estado). São mais
de 14 milhões de imigrantes ilegais trabalhando clandestinamente recebendo baixíssimos salários
que se colocam em luta e estão sendo duramente reprimidos pelo governo. O sonho de muitos
que o primeiro presidente negro no País seria a solução dos problemas, logo se desmanchou no ar
com a realidade: Barack Obama é mais um fiel escudeiro do Capital, responsável pelas principais
medidas de socorro as grandes multinacionais e como retribuição ao Premio Nobel da Paz, o
presidente enviou mais soldados ao Afeganistão, mantêm a ocupação no Iraque, segue no apoio
contundente a Israel que continua assassinando os palestinos e agora comanda mais uma ocupação
no Haiti. Além disso, mantém o embargo à Cuba e a invasão com bases militares em Guantánamo.
As guerras também são um instrumento utilizado pelo Capital através do Estado para queimar
vidas e mercadorias iniciando uma nova fase de concentração de lucros. No Iraque as indústrias
bélicas ganharam muito com a destruição e morte de milhares de crianças, homens e mulheres
trabalhadores e agora o setor da construção civil garante seus lucros através da reconstrução do
País. As guerras são mais uma forma do capital queimar seus excedentes e recuperar lucros.

Caderno de Teses 57
TESE 5
19 As medidas para sair da crise se alastram pela Europa, Ásia e América. Um Estado Mínimo
para as demandas públicas (saúde, educação, moradia, manutenção dos direitos básicos) e um
Estado Máximo para atender as necessidades do Capital. Quem passou as duas últimas décadas
denunciando “o neoliberalismo”, (que nada mais é do que uma das formas de expressão do Capital)
como um processo de ausência do Estado na economia, de entrega dos patrimônios dito estatais,
teve sérios problemas para entender como agora o Estado foi tão ágil em entrar com tudo no espaço
da economia para tentar resolver a crise. Com mais Estado ou com menos Estado sua natureza não
muda é o Estado do Capital.
Nada como os exemplos da vida real, para demonstrar como isso acontece: socorreu grandes
20
empresas do ramo financeiro como o banco Morgan Stanley e a Seguradora AIG que ao quebrarem
em 2008 rapidamente foram socorridas pelo Banco Central americano, o FED. Dentre as principais
ações do governo Barack Obama estão o socorro às grandes montadoras GM, Ford, Chrysler, ao
mesmo tempo foi um instrumento fundamental para o Capital impor a redução do preço da força de
trabalho nos EUA.
O governo americano libera verbas através do Tesouro e dessa maneira aumenta o déficit
21 público, criando uma bolha fiscal, um superprime (créditos com fundos públicos, diferente do
subprime que são créditos com recursos privados), essa bolha aumenta através da diminuição de
impostos pagos pelas empresas e aumenta os gastos do governo para salvar o Capital. Explode o
endividamento, agora do Estado.
22 O que começou nos EUA rapidamente se alastra pela Europa e Ásia. Bancos quebram,
empresas vêem seus lucros despencarem e as saídas são as mesmas: o Estado injeta muitos
recursos públicos para tentar diminuir o prejuízo das grandes corporações.
23 Aos trabalhadores a partir do final de 2008: demissões, redução de direitos e salários, aumento
da miséria, pois de todos os recursos que possui o Capital o mais eficaz de todos, é a diminuição
do preço da força de trabalho, a única fonte de produção de valor real.

Não acabou. O Capital não se recuperou plenamente e intensifica o ataque a nossa classe.
24
O ano de 2010 começa entre terremotos, inundações e tempestades que vão se somar as
destruições que já estão em marcha feitas pelo Capital. Destruição natural mais destruição social,
uma calamidade atrás da outra.
O mundo olhou para o Haiti por conta do terremoto e viu muito mais do que isso. Enxergou
25 a miséria a que são submetidos há muito tempo os trabalhadores haitianos. As empresas que já
estavam à espreita agora se instalam no país, com o discurso de “ajuda humanitária”, quando na
verdade estão interessadas em lucrar com a reconstrução do país e explorar ainda mais a força de
trabalho haitiana.
26 Em outros lados do mundo as catástrofes como no Chile, mais recentemente na China e as
enchentes em São Paulo, no Rio de Janeiro, Pernambuco Alagoas, e Paraíba, desvelam a ação do
Capital e do Estado contra os trabalhadores e os recursos naturais. O capital explora ao máximo
nossa força de trabalho e expropria os recursos naturais. O Estado entra em ação se ausentando,
ou seja, garante as demandas do Capital e não garante as mínimas condições de moradia,
saneamento e saúde à população trabalhadora. Esse é seu papel como o “Comitê de negócios da
classe economicamente dominante.
27 Nas crises é possível ver a composição orgânica do Capital. A produção se dá no processo de
produção de valor e o capitalista industrial se une ao capital financeiro que não tem como existir
sem a produção real de valor na produção de mercadorias. Dessa forma o primeiro busca aumentar
ainda mais seus lucros e o segundo consegue uma fonte de produção real de valor, portanto, uma
fonte de lucro. Irmanam-se e depois vão ver quem fica com o valor produzido por nós.
28 Quando apenas se olha a superfície, não é possível enxergar a gênese do Capital e aí as
conclusões se tornam rasteiras, do tipo: “o problema na atual conjuntura é a falta de investimento no
setor produtivo e a permissão da farra à especulação financeira”. Essas afirmações desembocam
numa conclusão que não leva a realidade em consideração e tentam deslocar os eixos das nossas
lutas.

58 Caderno de Teses
TESE 5
29 A especulação na esfera da circulação, como o próprio nome diz especula, para além da
produção real de valor, em outras palavras circulam hoje pelo mundo trilhões de dólares que são
fictícios, ou seja, não é a expressão de produção real de valor. Existem muitos capitalistas que
apostam no cassino do sistema financeiro e aí quando vem a crise real de superprodução quebram
ao perderem a concorrência, mas também por terem investido em valores irreais.
30 Ao mesmo tempo em que o capital industrial obtém lucro real através da força de trabalho
da classe trabalhadora, esse também se alia ao capital financeiro, seja na forma de aquisição de
bancos, investindo na bolsa de valores, em títulos da divida pública e dessa forma se inscreve numa
roda financeira onde circulam trilhões de dólares que estão descolados da economia real. É como
se o dinheiro ganhasse vida própria, quando não passa de uma expressão do valor contido nas
mercadorias. Essa junção do capital industrial e financeiro não é uma novidade dessa crise e sim
parte do funcionamento do próprio capital. A novidade dessa crise é que ela foi capaz de escancarar
a distancia entre a produção real de valor e de sua expressão na forma de dinheiro. Muito mais
cassino do que produção é dessa forma que aparece.
31
Na fase atual da crise vamos constatar o endividamento gigantesco do Estado, por conta do
investimento pesado nas grandes empresas industriais e financeiras, mas essa fatura não será
cobrada aos capitalistas, mas sim àqueles que são os responsáveis pela produção de riqueza; a
classe trabalhadora. Transformam as dividas privadas em dividas públicas, sendo essa uma das
mais importantes funções do Estado moderno.
32 Vamos aos exemplos da vida real para demonstrar o que estamos falando. Na Grécia no
inicio de 2010 o Estado, anunciou um pacote de austeridade que nada mais é do que atender as
demandas do Fundo Monetário Internacional, que colocou como condição para seguir garantindo
seus empréstimos, a redução dos gastos do Estado com os trabalhadores e a mudança na legislação
para facilitar a ações do Capital. No pacote as principais mudanças são o aumento da idade para
aposentadoria para todos os trabalhadores, diminuição e congelamento dos salários do funcionalismo
público e a redução de direitos. Os trabalhadores gregos só no ano de 2010 já realizaram 5 greves
gerais que pararam o país, além disso, greves por categorias como professores, trabalhadores na
saúde, controladores de vôo, trabalhadores na aviação, motoristas, são freqüentes até agora.
33 Na Espanha, o governo anunciou a redução e o congelamento dos salários do funcionalismo
público e o cancelamento dos programas sociais, como uma das principais formas de redução dos
custos do Estado. O desemprego no país em abril desse ano chegava ao percentual recorde de
20,05% da população trabalhadora e desde o inicio da crise o governo Espanhol e os economistas
do Capital já se colocaram em movimento para tentar buscar formas de redução de salários e
direitos dos trabalhadores nas empresas privadas. Trabalhar mais, extensiva e intensivamente com
menos salários essa é sua principal receita.
34
Em outras regiões da Europa mais ações do Capital para se recuperar. Em Portugal o desemprego
atinge mais de 10% da população economicamente ativa, na Irlanda também o desemprego
aumenta e a política aplicada pelo Estado é a mesma, redução de gastos públicos e mais arrocho
nos salários. No inicio do ano Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia, receberam o sugestivo apelido
pelos economistas do Capital de PIGS, em suas analises já não podiam a partir da realidade afirmar
que a crise tinha sido superada por completo.
35 Em outros países europeus as mesmas fórmulas: diminuição do valor das aposentadorias,
congelamento de salários, cortes no seguro desemprego e cancelamento de programas sociais. São
exemplos que mostram que caiu por terra o objetivo da Eurozona de se apresentar em condições de
ser o coração do sistema em sua fase superior.
36 Percorrendo esse mundo dividido em nações, para dificultar a luta do conjunto da classe
trabalhadora vamos até a China. O país tão propagandeado nos últimos anos por ter enormes
índices de crescimento baseia o mesmo na exploração da força de trabalho, extraindo dela a mais
valia absoluta, ou seja, intensificação do ritmo de trabalho aumento da jornada e pagando pela força
de trabalho salários menor ainda.
37 A China foi um dos espaços privilegiados que encontrou o Capital para ampliar e intensificar a
extração de mais valia absoluta dos trabalhadores. A maioria das empresas que estão no país são
multinacionais que se instalam, para garantir a custo baixíssimo a produção de suas mercadorias e

Caderno de Teses 59
TESE 5
depois exportá-las aos países de origem e colocá-las no comércio mundial. As grandes empresas
entram com o Capital, a China entra com a força de trabalho jovem, extremamente organizada e
barata, os trabalhadores chineses submetidos à intensa exploração, péssimas condições de trabalho
e baixíssimos salários têm se colocado cada vez mais em luta. Greves já são uma realidade na
China nos últimos anos, que não são noticiadas pelo patrulhamento do governo que tenta a todo
custo ocultar qualquer sinal de rebeldia
38 As multinacionais da Europa e EUA e seus respectivos Estados Nacionais já olham com
preocupação o momento atual da China e pesquisam outros pedaços do mundo para valorizarem
seu Capital, como por exemplo, Vietnã, Índia e Tailândia, lugares esses onde podem encontrar força
de trabalho ainda mais barata do que em seus países de origem para compensar a perda de lucros
que tiveram com a crise.
39
O Exército Industrial de Reserva parte constituinte dessa sociedade capitalista garante as
condições para reduzir ainda mais o valor da força de trabalho. Isso quer dizer que o desemprego
não é uma arma dessa fase do Capital, como alguns insistem em classificá-lo como “desemprego
estrutural”. A cada ciclo do Capital o desemprego aumenta ou diminui, mas ele está lá como
instrumento de pressão contra os trabalhadores.
40 Os que tentam afirmar a tese do desemprego estrutural têm muita dificuldade para entender fatos
da realidade, como por exemplo, mesmo tendo o desemprego aumentado, a classe trabalhadora
também aumentou em números absolutos principalmente nas regiões onde o Capital consegue
explorar ainda mais a força de trabalho. Ou seja, os capitalistas demitem e saem em buscas de
outros lugares onde possam comprar força de trabalho com salários ainda mais baixos.
41 Vemos isso há tempos bem de perto ou em lugares mais distantes, principalmente na década
de 90. Fabricas se fecham no ramo metalúrgico em São Paulo e se transferem para Manaus, Bahia,
Rio Grande dos Sul fabricas do ramo calçadista saem de Franca, vão para o Ceará e chegam
à China. Multinacionais americanas se instalam no antigo leste europeu e na Ásia. Distancias e
lugares diferentes, mas, o objetivo é um só: lugares e condições onde possam explorar ainda mais os
trabalhadores. Mantêm suas fabricas nos lugares de origem, fecham algumas plantas e se instalam
em novos espaços onde vão extrair a mais valia absoluta dos trabalhadores. Portanto o que é
parte estrutural do Capital é a produção de uma superpopulação relativa às suas necessidades, em
outras palavras é necessidade do Capital ter sempre trabalhadores sem trabalho, centros urbanos
lotados de gente a procura da sobrevivência.
42 A última crise não começou na periferia do sistema, a partir das economias dominadas, mas sim
no coração do sistema, nos EUA. E a quantas anda o império? Que como já vimos colocou toda a
estrutura do Estado para salvar as grandes corporações privadas e avançou contra os direitos dos
trabalhadores.
Mesmo com índices apontando uma retomada da produção real de valor, com o aumento do
43
uso da capacidade instalada da indústria e o aumento da produtividade, o desemprego já chega
a 12% nos EUA e os últimos índices apontam para uma desaceleração que ainda estava em seus
primeiros passos. Sinal de que o Capital ainda mantêm as medidas para a recuperação dos lucros, a
produtividade aumenta com menos trabalhadores, por conta das tecnologias aplicadas no processo
de produção, mas fundamentalmente pelo aumento da intensidade do trabalho.
44 O socorro de mais de U$80 bilhões vindos do governo estadunidense para as montadoras
acompanhado da exigência de um processo de reestruturação que significou diminuição dos direitos
sociais e salários dos trabalhadores foi fundamental para que essas multinacionais pudessem
espalhar ainda mais sua produção em outros territórios, intensificando a exploração da força de
trabalho.
45 Ainda não superaram a crise, mas isso não quer dizer que estão indo imediatamente para um
duplo mergulho que levará a uma depressão mundial a curto prazo. A produção real de valor no
coração do sistema ainda não cobriu os rombos daqueles que se aventuraram no cassino financeiro
e o endividamento do Estado cresce de maneira assustadora. Mesmo diante dessa conjuntura
nebulosa para o Capital e seus Estados nacionais, economias que estão entre as dominantes ou a
chamadas emergentes investiram e muito nos títulos do Tesouro americano, China U$ 1,2 trilhões;
Japão U$ 900 bilhões e Brasil U$150 bilhões. Se a crise vai ao duplo mergulho no coração do

60 Caderno de Teses
TESE 5
imperialismo, nas outras economias virá em dominó.
46 Por isso as saídas para a crise iniciadas em 2008/2009 se mantêm, ou seja, os ataques a classe
trabalhadora se intensificaram e felizmente as lutas também. Greves todos os meses na Grécia,
greves na Itália, França, Espanha, Turquia, greves em plena finalização das obras da Copa do
Mundo na África do Sul, o que nos falta agora é romper as cercas das nações e avançarmos para
uma luta que é comum a toda a nossa classe trabalhadora.

No Brasil não foi uma marolinha, como também não estamos numa ilha isolada do que
acontece no resto do mundo
47 Logo no inicio da crise o governo Lula esbravejou aos quatro cantos que o Brasil estava imune
contra a crise e caso chegasse até aqui, não seria mais do que uma marolinha.
48 Nada como a realidade para desmentir aqueles que carregados de retórica e desprovidos de
qualquer conteúdo tentam iludir a classe trabalhadora, ao mesmo tempo em que se transformam em
mediadores dos interesses do Capital.
49 Ao final de 2008 a ABIMAQ (Associação Brasileira de Maquinas e Equipamentos) anuncia uma
carnificina nos empregos. As férias coletivas e licenças remuneradas começam para na seqüência
as demissões chegarem com tudo, só no setor de autopeças 50 mil demissões no primeiro trimestre
de 2009 que se alastram para outros setores e categorias.
50 Portanto a marolinha anunciada por Lula se transformou num tsunami para os trabalhadores,
além das demissões, as propostas de redução de salários e direitos, foram aceitas por boa parte
das centrais sindicais.
51 A Força Sindical criada já com o objetivo de ser um braço dos patrões não só aceitou os acordos
de redução de jornada, com redução salarial e a suspensão dos contratos de trabalho, o chamado
lay-off, como fez a defesa do pacto com os patrões, onde os trabalhadores perdem ainda mais e as
empresas com isso vão buscando a recuperação dos seus lucros.
52 Já a CUT e a CTB essa última que não faz nada além de seguir o que a CUT defende
publicamente se diziam contra o chamado dos patrões para “celebrarem” acordos de redução de
salários e direitos, mas na pratica os fizeram em São Bernardo do Campo, Rio Grande do Sul e
Minas Gerais. Em Caxias do Sul/RS, o Sindicato dos Metalúrgicos dirigido pela CTB garantiu aos
patrões na Convenção Coletiva a redução de salários em épocas de crise. Esses são apenas alguns
exemplos no ramo metalúrgico, onde salários foram reduzidos, contratos de trabalho suspensos e
as demissões continuaram.
53 A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT assinou acordo com a ABIMAQ no primeiro
trimestre de 2009 onde as empresas teriam isenção de impostos desde que mantivessem o “nível
de emprego” de janeiro. As empresas desse setor fizeram todas as demissões que julgavam
necessárias antes de janeiro, portanto manter o nível de emprego se tornou uma boa para as
empresas. Pois, o acordo não impedia as demissões, ao contrario, os patrões poderiam demitir
desde que contratassem em igual número trabalhadores que poderiam receber salários menores.
Em outras palavras puderam com a anuência da CUT se utilizar da rotatividade para reduzir os
salários.
54 Esses instrumentos que deveriam estar com os trabalhadores agem hoje em defesa do Capital
sendo mediadores de suas demandas, além de defenderem todas as medidas do governo Lula
para salvação das empresas. Os exemplos do cotidiano dessas entidades mostram claramente
o que estamos falando. Vejam uma das resoluções do 6º Congresso dos Metalúrgicos de São
Bernardo do Campo/SP, dirigido por um dos principais sindicatos da CUT : “ Componente importante
dessa resistência será o apoio à todas as políticas de governo que reforcem a inclusão social, bem
como as medidas desenvolvimentistas contra-cíclicas e os investimentos públicos capazes de gerar
emprego e renda”
55 Força Sindical, CUT, CTB entre outros se “uniram” na representação formal das centrais para
buscarem soluções para crise, o resultado disso foi um chamado para marcharem em São Paulo
reivindicando uma mudança na política econômica, que se traduzia na palavra de ordem”. Juros
pequenos, Brasil grande”. Junto com essas centrais estiveram a Conlutas e os setores do Psol

Caderno de Teses 61
TESE 5
que romperam com a Intersindical. Ao invés de se somarem às ações de paralisação da produção
como a Intersindical fez, esses setores se diluíram numa manifestação que pela pauta até a FIESP
poderia participar.
56 A Intersindical não sucumbiu à parceria com os patrões e nem se pautaram pelas ações
institucionais que reivindicam do Estado, que esse se volte para os trabalhadores. O mesmo Estado
que serve para atender os interesses da classe economicamente dominante.

Também no Brasil o Estado de classe se revelou por inteiro


57 O governo Lula com a mesma rapidez que disse que aqui as conseqüências da crise não
chegariam ou seriam leves, logo se colocou em movimento para atender as demandas do Capital
58 Em fevereiro de 2009 a Embraer coloca no olho da rua 4200 metalúrgicos. O governo primeiro
diz que se indigna e depois diz que já sabia e continua a manter recursos para empresa via o
BNDES.
59 Com os recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) o BNDES garantiu fartos recursos
para as empresas que estavam demitindo, ou seja, um recurso proveniente dos trabalhadores
através dos FGTS foi usado pelos patrões para pagar boa parte das rescisões trabalhistas.
60 Além disso, Lula sem pestanejar diminuiu a arrecadação para garantir a redução de impostos
às grandes corporações, foi assim com a redução do IPI para as montadoras e as empresas da
linha branca (eletrodomésticos).
61 Também injetou recursos diretos do Orçamento para ajudar as empresas, cortou gastos com
políticas públicas como saúde, educação, reforma agrária, saneamento.
62 O funcionalismo público federal, estadual e municipal sofreu diretamente o corte no Orçamento
com a tentativa de congelamento dos salários e bem antes da crise os governos das 3 esferas vêm
aplicando um processo de reestruturação semelhante ao que os trabalhadores no setor industrial
viveram na década de 90. Hoje no serviço público é exigido produtividade, cumprimento de metas
que se não forem alcançadas terão como conseqüência a punição dos servidores e/ou não reajuste
salarial. O aumento da jornada de trabalho e o arrocho salarial daqueles que atendem diretamente a
população são parte do cotidiano do funcionalismo. Essas mudanças não significaram melhoria no
atendimento à população, ao contrario, os postos de saúde, as escolas, a previdência se tornaram
uma grande linha de produção onde os funcionários são tratados como máquinas e a população
trabalhadora não conseguem acesso aos direitos básicos.
63 Nada menos que R$ 500 bilhões foi o gasto do governo para ajudar as grandes empresas
industriais e os bancos. Aqui não foi diferente do que aconteceu nos EUA, Europa e Ásia, o Estado
socorreu com dinheiro público, com políticas fiscais de isenção e redução de impostos o Capital,
seja na forma de prêmios, incentivos, isenções, anistia de dívidas entre outras.
64 Aos trabalhadores uma prorrogação minúscula do seguro-desemprego. Nada mais. Dados do
inicio desse ano mostram as ações das empresas logo após serem socorridas pelo governo. A
Braskem empresa do grupo Odebrecht fez investimentos pesados em três setores estratégicos:
petroquímico, petroleiro e produção de etanol.
65
O grupo Odebrecht afirma que seus lucros e seus investimentos de hoje são conseqüência da
pronta ajuda que sempre recebeu dos mais diversos governos no Brasil e que além desses três
setores está em parceria como governo federal para as obras de infraestrutura e de habitação
popular especialmente no projeto Minha Casa, Minha Vida. As parcerias público-privadas é que dão
suporte para lucros cada vez maiores nesse setor.
66
O ramo da construção civil cresceu muito no Brasil nos últimos anos, principalmente em obras
e projetos do governo, um exemplo disso é ampliação e expansão da Petrobras que tem hoje
centenas de empresas contratadas e empreiteiras em suas áreas. Com isso parte significativa dos
milhares de trabalhadores que trabalham em suas plantas recebem baixos salários, sofrem com
as condições de trabalho, aumentando a desigualdade em relação aos trabalhadores efetivos na
Petrobrás.
67 As obras do PAC, como o projeto Minha Casa Minha Vida são feitos por grandes corporações

62 Caderno de Teses
TESE 5
do ramo da construção civil, que contratam terceiras que por sua vez para aumentar seus lucros,
não garantem o básico aos trabalhadores, ou seja, registro em carteira, direitos e condições de
trabalho.
68 A mesma Embraer que colocou mais de 4 mil trabalhadores no olho da rua e teve toda a ajuda
do governo, lançou novos modelos nesse ano ao mesmo tempo em que manteve a reestruturação
da fabrica, continua com demissões a conta gotas, não reajustou e tenta diminuir os salários
69 A Vale a maior empresa de capital privado no País, foi uma das primeiras empresas a demitir
quando as conseqüências da crise chegaram ao Brasil, é uma das principais empresas que insiste
numa nova legislação trabalhista que possa diminuir o valor pago pela força de trabalho e enfrentou
no Canadá uma forte resistência dos trabalhadores que se mantiveram em greve por 1 ano na Vale
Inco, contra as medidas da empresa em diminuir direitos.
70 O Estado ainda opera para garantir as condições de recuperação do Capital, o governo federal
em dezembro de 2009 garantiu mais R$ 80 bilhões ao BNDES para financiar projetos das empresas
privadas e decidiu renunciar a mais de R$ 3,2 bilhões em arrecadação para estimular a economia
no inicio de 2010, leia-se a prorrogação da diminuição do IPI que foi até o fim de janeiro. O BNDES
praticamente dobrou o dinheiro disponível para as empresas a baixíssimas taxas de juro de R$100
para R$180 bilhões.
O ano de 2009 fechou com quase 200 mil demissões no país e o governo se gabando em
71
conseguir rapidamente conter os efeitos da crise no Brasil. O que fez foi agilmente colocar a estrutura
do Estado para atender as necessidades dos patrões, que no momento atual mostram a utilidade
que tiveram. O investimento pesado do Estado e principalmente o aumento da exploração sob a
classe trabalhadora é que dão a impressão do Brasil estar blindado contra o ciclo da crise que ainda
não se fechou no mundo. Mais uma vez a aparência carregada de muita propaganda ideológica do
governo tenta ocultar a realidade.

Ora oculta, ora escancarada a luta de classes pulsa


Desde as medidas realizadas pelos patrões e dos investimentos do Estado nas empresas, já se
72
notava a partir do final de 2009 o aumento da produção industrial, que não veio acompanhada como
tentam dizer do aumento do emprego.
Produziu-se mais com menos trabalhadores. Os patrões conseguiram fazer isso aumentando a
73
jornada, através das horas extras e intensificando o ritmo de trabalho, onde se trabalham 3, agora
se trabalha 1 recebendo o mesmo ou menor salário.
Outra falsa propaganda é a afirmação de que os trabalhadores estão recebendo melhores
74
salários e consumindo mais por conta das facilidades de acesso ao crédito. A massa salarial
aumentou, proporcionalmente à diminuição dos salários, ou seja, os patrões têm cada vez mais se
utilizado da rotatividade para diminuir salários, demitem e depois contratam com salários inferiores.
Boa parte do índice que o governo utiliza-se para falar de aumento dos empregos, nada mais é do
que a regularização de registro em Carteira de Trabalho, pois uma parcela nada pequena de nossa
classe se encontra na informalidade submetida à precarização cada vez maior.
75 O que falar do crédito? Só no governo Lula o crédito quadruplicou para pessoa física e
quintuplicou-se para as empresas privadas. Mas é preciso perguntar, antes de aceitar qualquer
afirmação: Por que os trabalhadores recorrem cada vez mais ao cartão de credito, aos empréstimos
consignados em folha, ao crediário?
76 Justamente porque seus salários estão cada vez mais arrochados, portanto o salário não cobre
as despesas básicas com alimentação, moradia, vestuário e por isso os trabalhadores recorrem cada
vez mais ao crédito para complementar a renda. Hoje desde a geladeira e o fogão, eletrodomésticos
que fazem parte das necessidades básicas até o arroz e o feijão são adquiridos pelos trabalhadores
na forma do crediário.
77 Para complementar o que necessita para sobreviver a classe trabalhadora está cada vez mais
endividada, dados divulgados no Jornal Valor Econômico, mostram que as dividas com cartão de
crédito que temos comprometem 10 meses e 20 dias dos nossos salários, as dividas com cheque
especial e empréstimos já equivalem a 5 meses dos nossos rendimentos. Os trabalhadores

Caderno de Teses 63
TESE 5
aposentados já devem R$22 bilhões no crédito consignado para alegria geral dos bancos. Já são
581 milhões cartões de crédito emitidos no Brasil segundo o Banco Central e o endividamento já
bate o recorde de R$555 bilhões.
78 Na média nacional o aumento real nos salários de abril de 2003 até agora foi de 13,36% enquanto
o aumento da produtividade em igual período foi de 24,57%. Ou seja, os patrões conseguiram
produzir mais arrochando os salários e exigindo mais produção dos trabalhadores.
79 Mais de 60% dos trabalhadores no Brasil recebem até 2 salários mínimos, enquanto pela
legislação os reajustes salariais ocorrem uma vez ao ano, as contas que temos a pagar sofrem
reajustes freqüentes e o índice de inflação que corrige esses preços o IGPM (Índice Geral de Preço
ao Mercado) é sempre superior ao que corrige os salários, o INPC (Índice Nacional de Preço ao
Consumidor)
80 A rotatividade sempre utilizada pelos patrões consegue diminuir os gastos com a folha de
pagamento de 20 à 30%, é por isso que ela está espalhada em todas as categorias, principalmente
no setor produtivo.
81 Diante dessa realidade nossa classe reagiu, em lutas defensivas e também em lutas que
extrapolam as reivindicações imediatas e nós da INTERSINDICAL temos contribuído de maneira
determinante nesse processo.
82 Temos muito que fazer. Enquanto houver aqueles que se enriquecem na exata medida que
nossa miséria aumenta, enquanto nossas crianças morrem de fome ou a balas perdidas ou com
endereço certo, enquanto os trabalhadores adoecem e morrem vitimas das péssimas condições de
trabalho, enquanto as guerras e ocupações militares se mantiverem há que continuar a luta.
83 No Brasil estamos num ano eleitoral, onde se acentua a ideologia dominante de que esse é o
espaço onde os trabalhadores devem depositar sua confiança e esperança para que seus problemas
sejam resolvidos. Como se a luta de classes parasse para assistir ao espetáculo da democracia.
84 Demagogias de todo tamanho, como por exemplo, desengavetar o projeto de redução da
jornada de trabalho e as centrais como CUT, Força, CTB entre outras que na pratica aceitam banco
de horas e redução de jornada com redução nos salários, fazerem lobby no Congresso fingindo-se
defensoras da redução da jornada sem redução salarial. A redução só virá com a luta direta dos
trabalhadores.
O Congresso Nacional aprova o fim do fator previdenciário e na seqüência Lula veta, tudo num
85
jogo combinado e os trabalhadores seguem amargando esse mecanismo criado por FHC e mantido
por Lula que além de diminuir o valor das aposentadorias faz com que trabalhemos ainda mais.
O governo reajusta as aposentadorias em 7,7% e dá um show tentando dizer ser esse um
86
gesto de compromisso com os aposentados, mas não revela que desde 94 até agora as perdas já
ultrapassam mais de 42%.
Não somos parte daqueles que acreditavam que a vitória eleitoral de Lula com um extenso arco
87
de aliança com a burguesia, tivesse como conseqüência o avanço em reformas que contribuíssem
para o ascenso da luta de classes.
88 Como também não comungamos da visão rasteira e superficial que esse governo é o que é
porque traiu os trabalhadores. O PT chega ao governo no encerramento do ciclo de um partido
que nasceu com a classe, para depois fazer contra a classe, isso não se deu com a chegada à
presidência da Republica, mas foi construído ao longo das duas últimas décadas.
89 Vivemos num país onde o Capital hoje se encontra plenamente desenvolvido, seja na cidade
e no campo, onde a ação do Estado garante as condições de ser um país que podemos afirmar
cumpre uma função de país sub-imperialista na America Latina, ou seja, suas ações em relação aos
demais países como, por exemplo, Bolívia, Paraguai Equador, Venezuela tentam dar uma aparência
de solidariedade, mas nada mais são do que se apresentar como a economia dominante na região
a definir as regras e dessa maneira se constituir em um fiel escudeiro dos interesses imperialistas
não só na América Latina como em outros lugares como no caso da ocupação militar do Haiti e em
suas inserções no Oriente Médio.
90 Um presidente que baseia sua popularidade com programas sociais que não garantem o mínimo
necessário a população que nada tem e ao mesmo tempo tem total controle dos instrumentos que

64 Caderno de Teses
TESE 5
representam a maior parte da classe trabalhadora. Um presidente que é representante comercial
dos interesses da burguesia, viajando pelo mundo propagandeando as vantagens de se produzir
no Brasil, em outras palavras, como existe força de trabalho farta e extremamente produtiva a ser
explorada, além de ajuda garantida do Estado não só para se instalarem com para potencializar os
lucros das grandes corporações industriais. Enfim um presidente que demonstrou ter competência
para atender os interesses do Capital.
91 O exemplo da Sadia ilustra bem isso. Em uma de suas plantas instalada em Chapecó/SC os
trabalhadores têm 8 segundos para desossar as coxas de um peru, numa jornada prolongada, com
baixíssimos salários, acidentes que fazem parte do cotidiano, tendo trabalhadores com braços e
pernas amputadas, pois a regra na empresa é salvar as maquinas. Isso tudo possibilita ao dono da
Sadia Luis Fernando Furlan que já foi Ministro do governo Lula comemorar seus recordes de lucro.
Como já dissemos nesse ano teremos o espetáculo da democracia. De um lado os representantes
92
legítimos da burguesia que se expressam nas candidaturas do PSDB com apoio do DEM entre
outros que vão de Serra, o candidato que já demonstrou em seus governos seu ódio de classe,
criminalizando o movimento sindical e popular, apoiando todas as ações dos patrões contra os
trabalhadores, atacando o MST e o funcionalismo público, privatizando o pouco que ainda resta
de publico no estado de SP. Do outro lado aqueles que souberam em dois mandatos dar conta de
garantir as demandas dessa mesma burguesia que vão de Dilma junto com o PT, PCdoB, PMDB
entre outros e há aqueles que vão de Marina e se travestem de ecologicamente preocupados, mas
que são mais do mesmo, ou seja, prontos para mostrar que também são capazes de administrar o
Estado de acordo com os interesses da burguesia. Entre aqueles que se afirmam como Partidos em
condições de organizar a classe, está o PSOL que conseguiu fazer em dois anos o que PT demorou
mais de uma década para fazer, se tornou um partido pautado pela disputa institucional seja no
desespero de eleger seus candidatos proporcionais a qualquer custo, seja defendendo que a ação
da classe deve se deslocar dos locais de produção de valor e ser mais e mais uma reivindicação
dirigida ao Estado. O PSTU diz a cada eleição que está na disputa para mostrar que elas não
respondem as necessidades da classe, mas sempre se apresenta dentro dos limites da democracia
burguesa.
93
Nada melhor que a realidade para desvelar o que tentam a todo momento ocultar da classe
trabalhadora. Independente de quem se sentar à cadeira de presidente da Republica, vivemos numa
sociedade onde sua base, sua estrutura econômica é capitalista, portanto a superestrutura tem um
Estado que responde aos interesses dessa classe economicamente dominante. Ao afirmar isso não
estamos negando que alguns governos podem e de fato já se chocaram com os interesses dessa
classe economicamente dominante, o que ajuda no fortalecimento das lutas dos trabalhadores, mas
são extremamente limitados dentro da sociedade capitalista em que vivemos.
94 Por isso a principal tarefa no ciclo que se abre, mas que ainda carrega muito do velho que se
encerra é garantir a unidade e coerência entre nossa leitura da realidade e a ação pratica junto com
trabalhadores. Aprofundar a organização a partir dos locais de trabalho, moradia e estudo, criar as
condições de avançarmos na luta de classes que ora se coloca oculta e ora se mostra por inteiro. E
a cada passo de nossas lutas pelas necessidades imediatas, acumular força para a maior de todas
elas. A superação dessa sociedade de classes e a construção do socialismo.
95 As lutas de nossa classe no Brasil e no mundo embora ainda se mostrem fragmentadas,
defensivas em formas de mobilizações de resistência contra os ataques dos governos e dos patrões,
também dão sinais da necessária radicalidade e de uma disposição em se colocar em movimento
para além do imediato e corporativo.
96 Por isso este Congresso deve decidir que as ações no próximo período terão como objetivo a
necessária organização que acumule nas lutas a força necessária para destruir essa sociedade de
classes e construir uma sociedade onde os trabalhadores possam usufruir de maneira coletiva o
fruto do trabalho.

São Paulo mesmo caminho federal


97 Vivemos a vários anos o governo da ala mais atrasada da política brasileira, a direita globalizada.
José Serra governou este Estado de forma autoritária, com suas resoluções que retiravam direitos

Caderno de Teses 65
TESE 5 trabalhistas do funcionalismo público, na calada da noite, e de forma truculenta, com sua PM,
denunciada na ONU em 2010 por crimes contra os direitos humanos. Toda forma de repressão e
difamação, por parte da grande mídia paulista (Folha de São Paulo, Estadão, Rede Globo e etc),
foi utilizada para calar e abafar a contestação vinda das ruas. O governo de José Serra realizou
suas políticas de cortes de orçamentos, tudo em nome de bilhões que foram dados as montadoras
e para a FIESP em 2009, e das políticas impostas pelo Banco Mundial para o setor público e que
afetaram diretamente, e principalmente, os rumos da educação pública em São Paulo. As políticas
educacionais da gestão do PSDB a 16 anos destroem e acabam com nossa categoria, são políticas
ditadas por acordos internacionais, vindas do BID e do Banco Mundial. O Estado de São Paulo
seguiu, sem surpresas, e de forma fiel a cartilha ditada por Brasília e pelo capitalismo mundial. A
Secretaria Estadual da Educação funcionou como uma extensão da política educacional vinda do
MEC e do governo Lula, que acaba por praticar nos setores federais as mesmas teses de bônus e
da meritocracia, o arrocho salarial e repressão ao movimento popular e sindical.
98 Nunca o funcionalismo público, e principalmente os professores, passaram por um arrocho
salarial tão grande, são anos e anos sem aumento salarial de fato, e essa realidade agora vem
sendo escondida através das políticas meritocráticas, de aumento salarial virtual para a categoria,
para quem passar nas provas, e a critério do Estado. Nas escolas públicas existe uma defasagem
de 70.000 professores.
99 Mas, após oito anos sem greves, o governo Serra conseguiu com suas políticas nefastas fazer
a categoria se levantar em protestos novamente (desde 2000 não acontecia uma grande greve com
grandes mobilizações por parte dos professores). Em 2008 e 2010 colocamos todas as semanas de
nossas greves mais de 50 000 nas ruas da capital paulista e nas portas da Secretaria da Educação,
na Praça da República. Sem muita demora a repressão interna à greve, vinda dos assédios das
Diretorias de Ensino se apresentou nas escolas através das posturas de alguns diretores, e a
externa, da Polícia Militar, com infiltrações e pancadarias, se colocaram como um desafio para
nós. A nossa assembléia do dia 26 de março de 2010 se transformou em uma batalha nas ruas do
Morumbi. Vários professores foram machucados com balas de borracha ou passaram mal com a
grande quantidade de bombas gás-lacrimogêneo, falta de diálogo por parte do governo foi o que
não faltou nesses episódios.
100 Outro aspecto do caos social que se instala em São Paulo são as inúmeras imagens de ônibus
em chamas e bloqueios de grandes avenidas por parte de manifestantes das comunidades carentes
da capital. São inúmeros os levantes populares espontâneo por parte das comunidades, com
barricadas e pneus em chamas, e as causa são as mesmas de sempre, normalmente por causa
dos despejos e falta de moradia, devido a precariedade dos bairros causados pelo descaso público
de anos, frente as enchentes constantes na capital, como ocorreu no Jardim Pantanal este ano,
e também, constantemente, são manifestações contra a atuação violenta da polícia nos bairros
pobres, sobre os moradores e a juventude periférica da capital. Inúmeros foram os casos de levantes
populares no governo Serra, muitas vezes casos pouco esclarecidos na grande mídia, como ocorreu
em Heliópolis com a morte de uma adolescente, e a ocupação da favela de Paraisópolis em 2009,
uma das maiores do continente, com 60 mil moradores, onde a população ficou confinada pela
ocupação da Polícia Militar por meses no bairro, nos trazendo a mente às imagens e as mesmas
técnicas militares usadas por Israel para agredir o povo Palestino, isso tudo depois dos protestos
dos moradores por causa da atuação assassina da PM em Paraisópolis, que por ironia fica ao lado
do Palácio dos Bandeirantes e fincada no meio de um bairro nobre da cidade, o Morumbi.
O retrato do governo Serra e de 16 anos de PSDB no comando do estado, é o “resumo da
101
ópera” das políticas financeiristas destes governos, voltados para salvar a grande burguesia, e
encher as valas das periferias com muito sangue e repressão contra qualquer um que questione
a ordem estabelecida no estado mais rico da federação. Nós professores estamos no olho deste
furacão, de um lado vemos nosso poder aquisitivo cair de forma aterrorizante nestes últimos
anos, nossos direitos trabalhistas serem retirados de forma sorrateira, e de outro, presenciamos e
convivemos no holocausto urbano paulista, estamos diariamente nas escolas com alunos que são
frutos de uma realidade violenta e injusta, vindas das ruas, do descaso secular com os pobres e os
trabalhadores de São Paulo. Trabalhadores estes que fizeram a riqueza da burguesia deste estado,
como mão-de-obra barata, vindas de outras regiões do país, mas que hoje não podem desfrutar

66 Caderno de Teses
TESE 5
desta mesma riqueza que produziram. A única coisa que recebem é a criminalização e a violência
militar, vinda de um governo dito democrático e que lutou contra a ditadura em nosso país, mas que
ao mesmo tempo nada faz para acabar com torturas em delegacias, promove espionagem em cima
de movimentos sindicais e populares pacíficos e mantém sempre o batalhão de choque preparado
para reprimir qualquer manifestação contraria aos interesses da burguesia.

II. Reorganização do Movimento, nossa Concepção e prática

Com a classe trabalhadora e não em seu nome


102 A classe trabalhadora a cada momento histórico se coloca em movimento e constrói as formas
e instrumentos para sua organização e luta. Portanto nossa luta não começa e nem termina no ciclo
que se fecha no Brasil, ela vem antes de nossa conformação como classe e acentua-se a partir
disso. Uma luta que não começa e nem termina nos limites geográficos do País.
103 Portanto a construção da CUT é fruto das intensas lutas e das formas organizativas que nossa
classe foi capaz de realizar. Devemos isso aos que vieram antes de nós e nos deixaram uma
contribuição nada pequena. As lutas dos indígenas e negros, contra opressão e a escravidão. Já na
fase capitalista a garra e determinação dos Anarquistas e em seguida dos que se organizavam no
Partido Comunista.
104 Herdeiros dessas lutas no final da década de 70, a classe trabalhadora mais uma vez se coloca
em movimento. Greves gerais contra o arrocho salarial, as péssimas condições de trabalho e contra
a ditadura militar se alastram pelo país inteiro e os trabalhadores das mais diversas categorias se
colocam em luta. É nesse intenso ascenso da luta de classes que construímos a CUT.
105 Uma central que nasce com a classe a partir de suas lutas, afirmando a independência em
relação aos patrões, governos e autonomia em relação aos partidos, uma CUT pela base, que lutava
pelo fim da estrutura sindical oficial e do imposto sindical, rompendo o corporativismo avançando
numa luta do conjunto da classe trabalhadora.
106 A década de 90 será o momento onde a mudança de rumo na central começa com força total.
A central nascida com a classe bem antes do Congresso que reuniu mais de 5 mil delegados
vindos da base, em 1983, passa a privilegiar as representações dos sindicatos, tanto que o famoso
congresso no Anhembi/SP ocorrido em 1991 terá pouco mais de 1.500 delegados.
107 É nesse Congresso onde mais uma vez a aparência ficou evidente e não a essência. A CUT
deixará de ser a Central com a classe, para ser a Central pela classe. Mais do que a representação
formal ganhar espaço em detrimento da ação a partir da base, uma nova formulação se consolida
na CUT. Ao invés de enfrentar o Capital e trabalhar para acentuar a luta de classes, essa nova
concepção busca o pacto com o Capital mediado pelo Estado. Ao invés de avançar no acumulo de
forças para destruir a sociedade de classes, agora a tentativa é “humanizar” o capital.
108 Nada melhor do que conhecer a história, para não ser enganado por aqueles que tentam ocultar
a realidade das coisas. Mais do que uma disputa em relação à proporcionalidade, que significava
garantir a presença do conjunto das organizações que construíam a CUT nos espaços de direção,
a grande batalha no Congresso de 91 foi tentar manter os princípios e as ações que fundaram a
Central.
109 A década de 90 será o momento onde o Capital aproveitando-se de mais uma de suas crises
cíclicas, implementará uma reestruturação produtiva que além das demissões, reorganizará o
processo produtivo com a polivalência, a terceirização, a precarização ainda maior das condições
de trabalho. Mas junto a isso sua forma de frear a luta dos trabalhadores mesclará a repressão
às mobilizações ao mesmo tempo em que disputará com os sindicatos e demais movimentos a
consciência da classe.
110 A maioria da direção que se consolida dentro da CUT nesse período (que é a mesma direção
majoritária de nosso sindicato) lança uma nova formulação e a coloca em prática, dirigirá a classe
em direção a conciliação com o Capital. A partir daí: câmara setorial no ABC, tentativa de pacto
social com os patrões mediados por Collor, aceitação da reforma da previdência de FHC, trocando
tempo de serviço, por tempo de contribuição, comissões tripartites onde direitos serão reduzidos

Caderno de Teses 67
TESE 5
com anuência da central, dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) dentro da central e
com isso a Formação que era um instrumento para potencializar o saber e a luta dos trabalhadores
se transformará num espaço de formar “bons negociadores” capazes de mediar com os patrões e
os governos. Também se transformará no espaço para enganar os trabalhadores com os cursos
de qualificação profissional afirmando ser esse o caminho para que o desempregado voltasse a ter
emprego.
111 Portanto é falso afirmar que os problemas na CUT começam com a chegada do PT na presidência
da Republica. As políticas gestadas no PT e implementadas pela CUT, a partir do final da década
de 80 e durante toda a década de 90 fizeram com que a Central que nasceu com os trabalhadores
hoje faça contra os trabalhadores.
112 Durante o governo Lula vamos ver mais do que dependência, mas sim aliança e submissão ao
governo. Reforma da Previdência que atacou o funcionalismo público, tentativa de reforma sindical
e trabalhista com o objetivo de centralizar as decisões nas centrais sindicais e não respeitar as
decisão da base, para flexibilizar e eliminar direitos. Marchas a Brasília dizendo reivindicar aumento
do salário mínimo que nada mais eram que um momento de confraternização com o governo federal.
Em 2005 decidimos a partir da analise do momento em que vivíamos não mais disputar os
113
rumos da CUT em seus espaços de direção, mas diferente de outros setores como a Conlutas que
faz um sinal de igual entre todos aqueles que ainda estão na CUT, nós decidimos disputar a base
social da central. Ou seja, a CUT como instrumento capaz de unir a classe para enfrentar o Capital
e o Estado, tinha se transformado em seu contrário, mas centenas de sindicatos filiados a ela se
mantinham coerentes e comprometidos com a classe trabalhadora. É a partir dessa compreensão
apresenta-se a proposta de construção da Intersindical – Instrumento de luta e organização da
classe trabalhadora.
114 Um instrumento de organização e luta da classe trabalhadora, capaz de reunir os sindicatos que
já haviam rompido com a CUT, sindicatos que embora filiados não compactuavam com a política da
Central e vários, sindicatos, coletivos e Oposições independentes. As ações que realizamos nesses
4 anos confirmam o acerto de nossa iniciativa, como adiante vamos ver.
115 A Intersindical nasce com a tarefa de retomar as tarefas abandonadas propositalmente pelos
instrumentos que nasceram com a classe e depois se viraram contra ela. A partir das ações nos
locais de trabalho, moradia e estudo a organização da luta para enfrentar o Capital e seu Estado.
Um Instrumento independente em relação aos patrões e governos e autônoma em relação aos
partidos, que tem a Formação dos trabalhadores como arma que potencializa nossa organização
e luta, um Instrumento que restabelece a solidariedade ativa da classe para além das cercas das
categorias e nações. Um Instrumento que vai além das questões imediatas da classe e coloca a
necessidade de uma outra sociedade socialista.
116 Participaram junto conosco no inicio desse processo de construção, algumas correntes que
também foram parte da CUT, com os companheiros da ASS (Alternativa Sindical Socialista),
da Unidade Classista, as correntes internas do Psol; APS, Enlace e Csol, os companheiros da
Resistência Popular e vários coletivos independentes.
117
Em 2007, o governo Lula no mesmo dia em que dá um tapa nos trabalhadores no comércio
liberando o trabalho aos domingos em todo o território nacional, também envia projeto de lei
garantindo reconhecimento legal às centrais sindicais, mantendo o imposto sindical e garantindo
uma fatia do mesmo às centrais.
O alvoroço começa entre aqueles que já se submeteram a parceria com os patrões e ao governo,
118
mas também entre uma parcela daqueles que dentro e fora da CUT se mantinham em luta, todos
buscando desesperadamente o reconhecimento oficial do Estado para sua Central.
119 O PCdoB que desde a década de 90 estava na CUT, rompe com a Central para criar a CTB
(Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), não porque tinham divergências com o rumo
que tomou a CUT, mas sim porque agora tinham a possibilidade de criar uma central sob seu total
controle e o mais importante tendo estrutura garantida através do imposto sindical.
120 O PSTU que dirige a Conlutas e rompeu com a CUT em 2004, rapidamente tratou de se registrar
no Ministério do Trabalho e como sempre lançou mais um chamado a todos, que dessa vez tinha

68 Caderno de Teses
TESE 5
como conteúdo a construção de mais uma nova central que segundo sua analise seria a solução
para os problemas de fragmentação da classe trabalhadora.
121 Dentro da Intersindical as correntes do Psol submetidas à intervenção do Partido no movimento
sindical e afoitas por também buscar o reconhecimento do Estado, rompem com a Intersindical e se
juntam a Conlutas para tentarem decretar mais uma nova central.
122 A Intersindical em seu II Encontro Nacional realizado em 2008 não sucumbiu à tentativa de
repetir velhas fórmulas ao novo que apesar das dificuldades insiste em nascer. Não permitimos a
interferência partidária do PSOL e do PSTU que tentaram impor uma unificação meramente formal
e pautada pelo governo Lula através do reconhecimento legal das centrais sindicais. A proposta
desses setores parte de sua lógica institucionalizada afirmando a representação em detrimento da
organização junto à classe.
123 A ASS (Alternativa Sindical Socialista), a Unidade Classista, a Resistência Popular e vários
coletivos independentes agiram com a firmeza necessária em não admitir mais do mesmo, os velhos
erros cometidos na trajetória daqueles que foram parte do processo de construção da CUT.
124 Seguimos ampliando e consolidando a Intersindical- um instrumento de luta e organização da
classe trabalhadora, que já está presente em 14 estados do país, reunindo metalúrgicos, sapateiros,
operários na construção civil, professores, funcionários públicos, bancários, radialistas, vidreiros,
trabalhadores no ramos plástico e químico, urbanitários, trabalhadores nos Correios, motoristas,
vigilantes, têxteis entre outros. Sem ser central sindical fazendo boa parte das tarefas abandonadas
conscientemente pela maioria delas: reconstruir a unidade da classe a partir da lutas para que
possamos romper com as formas que nos dividem em categorias, entre formais e informais, entre
trabalhadores da cidade e do campo e avançarmos na luta da classe para si.
125
Já os que foram para o mais do mesmo, se chafurdando na disputa interna não conseguiram
sequer decretar a nova central.
126
As correntes do Psol que romperam com a Intersindical hoje não reivindicam a Intersindical,
mas sim tentam ficar a sombra do nome desse Instrumento que se amplia e contribui no processo
de reorganização do movimento.
Essas correntes, junto à Conlutas e outros setores gastaram os últimos 2 anos em reuniões,
127
seminários e mais reuniões para chegarem a Santos no que tentaram chamar de CONCLAT. Ao se
pautarem pela disputa interna e burocrática, sua estratégia busca respostas superficiais e somente
na institucionalidade para afirmar que têm a solução para o problema da fragmentação. Mais uma
vez, foram em nome da classe, sem a classe e sequer conseguiram decretar a sua nova central.
128 Os que romperam com o congresso em Santos e continuam afirmando a necessidade imediata
de construção de uma central, tentam ocultar que parte significativa ainda estão em sindicatos
filiados à CUT, como bancários de Santos e Espírito Santo, ao mesmo tempo em que se auto-
proclamam independentes dos patrões e governos, alguns seguem em federações orgânicas da
CUT para receberem o imposto sindical e outros recebem taxa negocial paga pelos patrões durante
as campanhas salariais como os Sindicatos dos Químicos que estão sob a direção de correntes
internas do Psol no estado de São Paulo.
129 Os que ficaram em Santos no lugar onde tentaram fazer um Congresso que de igual ao Conclat
que construiu a CUT só tem o nome, afirmam que uma Central Sindical e Popular foi criada e se
chama Central Sindical e Popular - Conlutas, demonstrando que saem do mesmo jeito que entraram.
Os que foram embora de Santos seguem em reuniões intermináveis para definir as condições para
retornarem ao espaço dessa pretensa central que de novo nem o nome tem.
130 Se tivessem conseguido resolver suas divergências, acomodando as reivindicações de cada
corrente, a central seria decretada e isso não passaria de um decreto, completamente distante da
classe
131 Ao afirmamos isso ao contrário do que muitos tentam nos acusar, não estamos negando a
necessidade e a importância da construção de uma nova central. A central sindical necessária será
fruto da ação que fizermos a partir da base da classe, que não se pauta no espontaneísmo e nem
espera pelo ascenso, mas se prepara e trabalha para que o mesmo se recoloque em lutas que
avancem para além da consciência em si e dêem o salto de qualidade da consciência para si.

Caderno de Teses 69
TESE 5
132 Existe uma diferença enorme entre os que dessas correntes foram tentar formar mais uma nova
central verbalizam do que de fato fazem. A Conlutas e as correntes do Psol falam em seus discursos
que lutam contra os patrões e os governos e denunciam as centrais sindicais pelegas como CUT,
CTB e Força, mas têm se assemelhado por demais em algumas praticas.
133 Já antes de nosso 10º Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, a
Conlutas, a CTB (que são os militantes do PCdoB que por muito tempo se apresentaram com o jornal
Alerta em nossa categoria) e o Psol que sem trabalho na base tenta ficar a sombra da Intersindical
utilizando-se indevidamente desse nome, se juntaram para tentar conformar uma oposição à atual
direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região.
134 Ou seja, aqueles que se colocam como a principal oposição ao governo Lula (Pstu e Psol)
e aqueles que apóiam cegamente o governo e na atuação sindical têm entregado direitos dos
trabalhadores, se juntam para tentar a todo custo voltarem para os espaços de direção do Sindicato.
135 Além disso, contam com o apoio de Sindicatos que hoje são dirigidos por setores que aceitam
dinheiro do patrão através da taxa negocial paga no período da data-base, como é o caso do
Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas, Vinhedo e Osasco que na última campanha
salarial aceitaram 6,5% de reajuste salarial. Não se dispuseram a organizar a categoria para lutar
por aumento nos salários e ao mesmo tempo tiveram 9% da folha de pagamento na forma de taxa
negocial depositada na conta do Sindicato. O mesmo que é feito em vários Sindicatos da Força
Sindical e da CUT. É com esse dinheiro que alguns setores que se apresentam como oposição a
direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região financiam seus materiais e atividades.
136 A Intersindical não esteve em nenhum dos conclat’s. Não temos tempo a perder e nem
concordância com os espaços que se pautam pela disputa interna dos aparatos, ou se colocam
em movimento para tentar eleger a sucessora de Lula, como foi o que reuniu CUT, CTB, Força
Sindical entre outras centrais sindicais e movimentos populares para construir uma agenda que
tem como objetivo “impedir a volta do neoliberalismo ao País”. Como se essa forma do capital se
manifestar a partir da década de 90 (e nada mais do que forma, aparência, pois no conteúdo é o
Capital intensificando a exploração ao conjunto da classe) tenha sido superada com a vitória do PT
em 2002, ou seja, essa encontro teve como objetivo colocar em campanha eleitoral as entidades
que o convocam para tentar emplacar a sucessora de Lula.
137 Não serão nas discussões com as representações descoladas da luta real da classe trabalhadora
que a necessária central sindical se concretizará, bem como a urgência do momento em que
vivemos não está na construção da nova central, mas sim na reconstrução da unidade da classe.
138 É nessa direção que a Intersindical seguirá. Ampliando-se como instrumento de
organização e luta e ao mesmo tempo reconstruindo a unidade na luta junto com as
organizações que não se submeteram aos patrões, aos governos e seus aliados.

Nossa lição de casa


139 A organização do sindicato não é um fim em si mesmo e deve viabilizar as lutas da categoria.
Mas a forma como o sindicato se estrutura pode tanto dinamizar quanto emperrar o movimento
dos professores em suas lutas. Portanto, para nós, os problemas do sindicato não se resumem à
questão da direção, ou seja, não basta trocar quem o dirige para que sejam sanados. É preciso
mexer na estrutura do sindicato.
140 A APEOESP tem princípios claros de “independência e autonomia face às organizações e
partidos políticos, organizações religiosas, entidades patronais e ao Estado”. É um princípio correto,
mas que tem permanecido letra morta, pois na prática nosso sindicato tem subordinado suas lutas
e sua estrutura organizativa ao eleitoralismo. O que mostra que não é para o nome e estatuto das
instituições que devemos olhar, mas para as suas práticas e relações sociais que ela adota em seu
interior.
141 A concepção de democracia, representação e o processo eleitoral de nosso sindicato acabam
reproduzindo a democracia burguesa em muitos aspectos, trazendo para dentro do sindicato
práticas típicas do sistema político da burguesia. Para muitos setores isso é positivo, pois basta
repetirem as mesmas práticas no sindicato e nas eleições gerais: personalismo, caciquismo, voto de

70 Caderno de Teses
TESE 5
cabresto, tratar o “eleitor” como gado, utilização da máquina para custeio de campanhas milionárias,
contratação de gente para fazer campanha, fraudes, etc.
142 O “eleitor” sindicalizado, tal como o eleitorado em geral, só é procurado em época de campanha,
não há uma relação regular entre sindicalizados e seus representantes, nem antes, nem depois das
eleições. Assim como, os políticos eleitos, os dirigentes sindicais em geral, passam a uma condição
privilegiada em relação à categoria; deixando o trabalho, recebendo complementações além do
salário regular muitas vezes.
143 Assim, a política assistencialista da burocracia sindical, somada à passividade das bases a
que foi muito conveniente à burocracia sindical não combater, mas alimentar-se dela, criaram uma
cultura na categoria, na qual o sindicato é visto como um escritório de despachantes e o sindicalista
como um office-boy. Isto não reflete uma “falsa consciência”, mas sim uma situação real e concreta.
144 Este conjunto de problemas tem feito do sindicato uma organização de representação, muito mais
do que de mobilização. Os sindicalizados não mais se apresentam então se deixam representar por
alguém que “luta por procuração”. O eleitor-sindicalizado vota e transfere toda a responsabilidade
política aos eleitos, eximindo-se de toda a participação política direta. Esta estrutura reforça o
comodismo de boa parte da categoria e garante o acomodamento da maioria instalada na burocracia
que fica mais “livre” para defender seus interesses sem a pressão da base.
145 A estrutura nos dias de hoje, tende a absorver os militantes que dela participam. Ao invés do
sindicato garantir que um conjunto de militantes sejam dinamizadores de luta e mobilização na
base, ele tem retirado muitos militantes sinceros da base.
146 O problema central para a categoria e para classe trabalhadora é que não bastam representantes
negociando, por mais bem intencionados que fossem para alcançarmos vitórias. Para vencer é
preciso participação e lutas massivas. A representação pura e simples pode ser muito adequada
à política da burguesia e àqueles que aspiram ao parlamento, mas é péssima para o conjunto da
categoria que não avança e sequer se defende sem participação coletiva. Portanto, aqueles que
enxergam no sindicato uma ferramenta de luta de nossa classe têm a obrigação de trabalhar para a
alteração da atual estrutura sindical, que não serve à luta. É neste sentido que defendemos alguns
pontos para alterar a estrutura do sindicato:

Fortalecer a organização de base, por local de trabalho (RE)


147 Nosso sindicato deve começar na escola, não na direção executiva estadual. A valorização
dos Representantes de Escola (RE), por local de trabalho é fundamental para dar nova vida aos
sindicatos. Aos RE´s tem sido colocada a função de “mensageiros” de suas Sub-Sedes, a eles
cabe levar as decisões e não tomar as decisões, já que na maioria dos casos é a própria executiva
da Sub-Sede quem decide quase tudo. E a executiva na maioria dos casos age desta forma nas
reuniões de RE: monopoliza a palavra, apenas passa informes e deixa muito pouco espaço para os
RE´s se manifestarem.
148 Os RE´s acabam então reproduzindo este mecanismo em suas escolas, ou seja, na medida em
que não puxam reuniões na escola e não ouvem os professores para levar uma posição coletiva,
os professores rapidamente passam a vê-los como a “pessoa da APEOESP” na escola e não como
o RE da escola na APEOESP. Este é um dos motivos pelos quais o professorado enxerga-se como
alheio ao sindicato. Isto reflete a famosa alienação, a inversão das coisas.

Direções eleitas devem ter caráter executivo e menos deliberativo


149 A direção executiva estadual e a executiva regional de cada sub-sede devem fazer jus a seu
nome e serem realmente executivas, pois em muitos momentos acabam sendo de fato deliberativas,
decidindo pontos relevantes para o conjunto da categoria ou dos professores da região sem nenhum
debate mais amplo. O poder deliberativo deve ser reduzido e as decisões tomadas referendadas
pelo RE no âmbito regional; pelo CER e/ou Assembléias no âmbito estadual.

Caderno de Teses 71
TESE 5
O CER como direção política
150 Caminhando no sentido de valorizar politicamente as bases de nosso sindicato, entendemos
que o CER deve decidir as questões políticas fundamentais de nosso sindicato, passando a ser
bimestral. Ressaltamos que o CER está subordinado às Assembléias Estaduais.

Unificação e Redução da Diretoria Estadual numa Direção Colegiada Executiva


151 Com o CER fazendo o papel de direção política não há sentido em manter duas diretorias a
colegiada e a executiva. Propomos apenas uma diretoria estadual, de caráter colegiado e executivo,
com 40 membros dividindo os cargos executivos conforme os resultados das eleições estaduais.
Entendemos que este número de diretores é suficiente para encaminhar a parte executiva da entidade
e reduz sensivelmente as despesas dos professores com a burocracia. Propomos também o fim da
figura do presidente com amplos poderes, limitando este cargo à função de um coordenador- geral
com atribuições executivas e deixando claro que se trata de uma diretoria colegiada, isto é, em que
todos os diretores têm o mesmo poder deliberativo.

Proporcionalidade direta em todas as eleições do sindicato


152 A categoria tem o direito de ver representada na direção estadual e nas executivas regionais
sua vontade expressa nas eleições. Não há nenhum motivo, exceto o controle político, para barrar o
acesso de chapas votadas pela categoria nas eleições estaduais. Na forma como estamos propondo
a diretoria estadual (40 membros), a chapa que alcançar 2,5% dos votos válidos estará representada
na diretoria estadual com 1 diretor.

Novos critérios para liberação de diretores


153 Um ponto fundamental a ser discutido é a burocratização. Não é apenas uma questão de
ética e de justiça, mas de considerar os reflexos perversos que a burocratização traz como a falta
de legitimidade perante a categoria, a noção de que o “sindicato resolve” sem necessidade de
participação; enfim, a imagem de que o sindicato representa os trabalhadores tal qual um deputado
do parlamento burguês o faz. Em síntese a burocratização mata o sindicato enquanto ferramenta
de organização e mobilização da categoria. Por tudo isso a questão é da maior importância e exige
propostas claras.
154 Devido à brutalidade e a alienação que o trabalhador está submetido em seu trabalho, muitos
acabam vendo no licenciamento uma forma de se livrarem dessa condição miserável e passam
a ter como objetivo de sua militância a liberação. Isso tem conseqüências porque mesmo esses
pequenos privilégios o diferenciam da categoria que representa. Há também uma conseqüência
política danosa que é o afastamento da “pressão” dos trabalhadores, pois só à escola de vez
em quando. O resultado é que, por suas condições materiais, suas necessidades passam a ser
diferentes dos demais professores.
155 Não pensamos que a burocratização seja inerente ao ser humano, mas ao sistema de dominação
que em busca da sua sobrevivência cria mecanismos ou soluções aparentemente mais fáceis para
atrair a consciência da classe trabalhadora. A burocratização, seja pelo parlamento, sindicatos ou
mesmo o partido, é um elemento objetivo e assim temos que lidar.

III. Política educacional

O sistema de ensino é o ensino do sistema


156 Nos últimos anos, temos assistido ao processo completo de mercantilização das mais diversas
esferas das relações sociais, nas quais a educação está inclusa. Primeiramente, a educação pública
de massas foi abandonada e sucateada, numa estratégia de corte de gastos e preparação para a
privatização. O salário dos professores, que já chegou a equivaler ao poder de compra de 10 salários
mínimos, hoje equivale a menos de 3 salários mínimos, após anos de compressão e arrocho, devido
à inflação e não-reajuste.
72 Caderno de Teses
TESE 5
157 Com o processo tecnológico, o desemprego, a precarização e flexibilização das relações de
trabalho, criou-se à demanda por uma educação de formação de mão-de-obra barata, adaptada
a apertar botões e se adaptar às mais diferentes condições de trabalho precário. Esta é a matriz
dos diversos discursos ao redor do tema “interdisciplinaridade” – a formação de uma mão-de-obra
flexível para a exploração flexível.
158 O Estado tenta reestruturar a educação sob moldes toyotistas. Essa é a causa das avaliações
de desempenho, dos sistemas de bônus e gratificações, da fragmentação da categoria, da pseudo
“gestão democrática” da escola, da intensificação do trabalho docente, da gestão repressiva sobre
os alunos, da educação orientada para fins de mercado em detrimento das necessidades humanas,
do gerencialismo tecnocrático sendo implementado nas escolas, etc.
159 Políticas de Fundos, como o FUNDEB, aceleram a municipalização das escolas, numa lógica
que descentraliza a gestão para aprimorar os mecanismos de controle gerencial, que inclusive
impedem a sindicalização e a resistência organizada dos trabalhadores. Mas na verdade se ilude
quem pensa que a municipalização significa descentralização: resultados escolares e meios
financeiros ficam centralizados por sistemas informáticos, nas mãos do governo federal, gerando
uma absurda centralização gerencial sobre as escolas e a perda de autonomia destas.
A municipalização assim se acelerou muito, no Estado de São Paulo, com o auxílio do FUNDEB,
160 amparado pela LDB. Além disso tudo, a conseqüência destas medidas é mortal para o sindicalismo
docente: instaura o espírito de competição entre professores e escolas, a auto-repressão entre
colegas, formas disfarçadas de opressão e quebra da isonomia salarial. A secretária da educação
propõe de início que os reajustes diferenciados sejam no Bônus através de avaliação. Quem não
garante que amanhã não serão nossas gratificações e depois de amanhã o salário-base? Agora
nosso reajuste salarial já se dá através da metirocracia, com a realização da prova. Isso tudo
representa um duro golpe na luta pela isonomia salarial.
161 A implementação de tal gerencialismo também é um duro ataque à autonomia escolar, que
tem sido constantemente violada pela política de projetos e o intervencionismo descarado de
supervisores e D.E.s nas decisões de conselhos de escola, que tem o seu poder efetivo esvaziado,
se reduzindo a meros organismos referendadores das decisões tomadas a priori pela tecnocracia.
Esta situação toda coloca em risco o próprio Estatuto do Magistério, que é uma arma de defesa dos
professores.
162 As políticas do PSDB nada mais são, portanto, que reflexo da política nacional do PT, que
representa o continuísmo da cartilha neoliberal de FHC e do PSDB, seguindo o modelo Chileno de
educação para a América Latina.
163 Com essas medidas, o governo nem sequer precisa “privatizar” a educação do ponto de vista
jurídico: ele já a está privatizando, ao impor a lógica administrativa, coercitiva e produtivista das
empresas privadas. Daí se entende como as fundações privadas e os lobbys dos tubarões do
ensino privado pretendem estender seus tentáculos à educação pública. Porém, com relação à
privatização já estamos vendo o Estado fazendo convenio com escolas de idioma para aplicar aos
alunos da rede pública, dinheiro público para instituições particulares.
Num momento em que nossos alunos padecem de falta de perspectivas no admirável mundo
164
novo do trabalho miserabilizado, exércitos de engravatados invadem as escolas para falar aos
jovens em “auto-empresariamento”, “publicidade”, “marketing de si mesmo”, “auto-ajuda” e outras
baboseiras que absolutamente nada tem a ver com as necessidades reais e concretas dos alunos,
da comunidade escolar e da classe trabalhadora.
165 Não bastaria, portanto, apenas reivindicar “mais verbas” para a educação. Isto é muito
importante, mas é necessário ir, além disso, a comunidade escolar e o movimento dos professores
se apossando da estrutura falida do Estado e mudar toda a estrutura escolar, não só do ponto de
vista dos conteúdos disciplinares, mas das formas. Não podemos esquecer que somos formadores
de futuros trabalhadores, e não podemos dar continuidade a um sistema de ensino destinado a
formar mão-de-obra submissa e adestrada aos ditames da produtividade do Capital.

Caderno de Teses 73
TESE 5
Fundeb
166 O Fundeb propõe a ampliação dos recursos destinados à educação, de 15% da arrecadação de
impostos como ICMS e IPVA para 20%. No entanto, mesmo com o incremento destes recursos, o
valor está sendo dividido por um número muito maior de alunos, uma vez que esse fundo contemplará
alunos desde a pré-escola até o ensino médio e não somente o ensino fundamental como ocorria
com o Fundef.
167 O aumento do recurso, quando dividido pelo número de matrículas, não garantirá avanços para
a ampliação e qualificação da educação no Brasil, na verdade, ao longo do tempo, o que ocorrerá
será a diminuição do valor anteriormente repassado pelo Fundef, que não servia nem para os
gastos mínimos com o ensino fundamental.
168 A medida provisória assinada em dezembro de 2006 definiu uma escala de 0,7 a 1,3 para
distribuição dos recursos. Nesta escala, o ensino fundamental tem peso 1 e os ensinos infantil e
médio peso 0,9 e 1,3 respectivamente. Isto significa que os Estados (responsáveis pelo ensino
médio) receberão proporcionalmente mais do que as prefeituras. Esta diferenciação na escala
poderá gerar “depósitos de crianças” no ensino fundamental em muitas cidades interessadas
apenas na verba recebida, uma vez que o dinheiro repassado pela quantidade de alunos no Ensino
Fundamental é maior do que no Infantil.
Se o Fundef já foi um dos grandes responsáveis pela municipalização da educação, o Fundeb
169
aparece como um incentivo extra por se estender ao ensino infantil, responsabilidade primeira dos
municípios. Esse processo crescente de municipalização, que tem início com as determinações da
LDB, impossibilita uma discussão ampliada de políticas públicas permanentes voltadas à educação,
assim como medidas que visam à formação dos profissionais ligados ao magistério e a unidade na
luta por melhores condições de ensino e de trabalho. Além disso, ao depender deste tipo de repasse
federal, os municípios podem ficar reféns de governos estaduais e do governo federal, tendo que
seguir as cartilhas e interesses políticos de partidos.
170 Como vimos, o Fundeb, apresentado como a salvação para os problemas educacionais
brasileiros, na prática reflete a continuidade da política educacional do PSDB. Por tudo isso, somos
contra a política de fundos na educação. Acreditamos , que a destinação garantida de no mínimo
15% do PIB brasileiro para educação , representa a melhor solução neste momento.

PDE
171 O PDE além de não resolver os problemas da educação provoca ainda mais brechas para
atacar o funcionalismo público. Os problemas de fundo como: a má remuneração dos professores,
a superlotação das salas de aula, a falta de verba para a educação, não são resolvidos. O Piso
Nacional para os professores, não vai fazer com que estes se dediquem exclusivamente para uma
rede, obrigando-os a trabalhar em duas ou três redes como acontece hoje, com isso, ainda falta
tempo para a sua capacitação, e para ações que busquem a melhoria do seu desempenho.
172 O Ideb, busca escamotear os problemas da educação, na medida em que os governantes
vão pressionar as escolas e os professores para que haja a aprovação dos alunos, pois, a taxa de
repetência e a evasão escolar são variantes deste índice e determinantes para que os diferentes
governos recebam verbas federais, e quando o rendimento dos alunos for baixo nas avaliações
federais, o problema vai recair exclusivamente sobre os professores, como ocorre hoje.
173 O estabelecimento de verbas diferenciadas através de diferentes índices de desempenho poderá
causar, além de maquiagens nos dados dos diferentes governos, gerando ainda mais mentiras e
corrupção, a escassez permanente de verbas para alguns municípios, ou então, o reverso, alguns
municípios poderão ficar com problemas na educação visando ajudas emergenciais do governo.
174 A realização de Provas de Avaliação Externas de rendimento, não pode ser considerada produtiva
quando os principais fatores que geram o mau desempenho dos alunos não são solucionados. O
acompanhamento individual dos estudantes se faz impossível com a quantidade de alunos que os
professores têm em sala de aula, assim como o acompanhamento de cada caso de evasão escolar.
175 Em relação à avaliação dos professores, o governo quer utilizar o desempenho dos alunos,
a assiduidade, o desempenho dos professores em provas. Aí retornamos ao mesmo problema,

74 Caderno de Teses
TESE 5
o desempenho dos alunos foge somente ao trabalho dos professores, por outro lado, a sua
assiduidade muitas vezes é prejudicada pelo excesso de trabalho causado pelos baixos salários
e pela necessidade de trabalhar em mais de um emprego e também pelas péssimas condições de
trabalho que geram afastamentos.
176 A avaliação externa no final do período probatório é uma forma de pressionar os docentes a se
enquadrarem no projeto educacional do governo, sendo menos questionadores em relação a este
mesmo projeto.
177 Enquanto isso, o governo deixa claro que não vai aumentar as verbas para a educação quando
defende que as comunidades e empresas privadas aumentem a sua participação na manutenção
dos prédios escolares, ou seja, se não há dinheiro nem para reformar imagine para construir.
178 A capacitação dos professores, segundo o PDE vai ser feita através de cursos presenciais e à
distância, a maioria realizada através de parcerias com instituições privadas. Mas esta não é uma
forma de aumentar os gastos com educação sem onerar o Estado, esta é uma forma de repassar as
verbas do Estado para as instituições privadas para que estas realizem as capacitações lucrando
com elas.
Além de tudo isso o PDE, com a sua verba diferenciada para quem tiver melhor desempenho nas
179
suas avaliações e as próprias avaliações de desempenho, abre espaço para que os trabalhadores
de educação tenham o seu reajuste calculado de acordo com este desempenho como o PSDB vem
fazendo no Estado de São Paulo e o empresariado.
180 O aumento do repasse das verbas para as escolas que cumprirem metas é incorporado no
PDE e defendido pelos meios de comunicação. O ex-ministro Paulo Renato e atual secretário,
por exemplo, defende que o piso nacional só seja pago para os professores que passarem em
uma prova certificadora. A grande imprensa não chega a este ponto, mas defende que aumentos
salariais só cheguem através destas avaliações.
181 Portanto, podemos perceber quais são os verdadeiros objetivos do PDE, sob a capa de buscar
a melhoria na qualidade de ensino busca-se retirar direitos dos trabalhadores e diminuir os gastos
reais com a educação pública prejudicando diretamente os profissionais da educação e a sociedade
e beneficiando, por outro lado, os grupos privados.

Educação Pública no Estado de São Paulo


182 O governo Serra intensificou o processo de demissão dos professores, aprofundando seu
projeto de fechamento de salas de aula e escolas, as municipalizações, abertura de concursos
públicos sem desenvolver uma política para tornar estáveis os professores com um determinado
tempo de serviço. São vários os casos de escolas que estão superlotadas, enquanto outras da
mesma localidade fecham suas salas e períodos por falta de matrículas.
183 A lei de reajuste salarial para os trabalhadores da educação (lei 1097/09) foi aprovada, pelo
PSDB, mesmo projeto que já foi aprovada a nível federal. Com isso acaba-se com a isonomia
salarial, os aposentados ficam sem reajuste, sem contar que é uma ínfima minoria que terá este
reajuste
184 Não podemos deixar de lembrar das políticas permanentes deste governo para a destruição
do magistério: a política de bônus, o ínfimo investimento na qualificação do professor, os poucos
repasses às escolas e à secretaria de educação, à implantação da promoção automática sob a capa
da progressão continuada, os concursos públicos que avaliam apenas os conteúdos formais de
conhecimento universitário, a tentativa de exclusão dos professores não concursados das escolas
sem uma política de recolocação, entre outras medidas, foram políticas empreendidas estadualmente
nos últimos anos que estão minando o papel da educação.
185 Atingindo todos os servidores públicos estaduais, foi aprovada em 01 de junho deste ano a Lei
1010/07 criando a São Paulo Previdência (SPPREV).
A pressão dos trabalhadores fez com que o projeto fosse alterado incluindo os contratados até a
186
data de publicação da lei. Os que começarem a trabalhar posteriormente serão vinculados ao INSS,
perdendo direitos destinados ao funcionalismo público.

Caderno de Teses 75
TESE 5
187 Em relação à nossa contribuição previdenciária, a lei não estabelece o valor a ser descontado.
Por enquanto continuamos contribuindo com 11% e o Estado com 22%. No entanto, este valor pode
chegar até 22%, como vemos em outros estados que adotaram previdências estaduais.
188 Recentemente o governo aprovou a lei 1093/09 que cria novas categorias aos professore OFA,
como o F, L e O. Precarizando ainda mais as condições de trabalho, institucionalizando a quarentena
para os professores, onde nos professores O terão de ticar 200 dias letivos sem pode trabalhar, se
trabalhou em um ano, no outro ele não poderá lecionar, os professores categoria L estão com suas
portarias congeladas até 2011.
189 Todo esse panorama que analisamos nos leva ao seguinte pensamento: ou nos organizamos
em nossas escolas ou estaremos pacificamente assistindo ao pior dos períodos que a escola pública
do Estado de São Paulo já viveu. Temos que ter ações mais duras contra a política de Serra de
destruição dos setores públicos. Nossa luta sindical tem que ser criada pelos professores, não por
burocratas oportunistas que abandonam a luta ou desmobilizam a categoria devido a conchavos
com o governo estadual e federal.

Violência nas Escolas: A barbarização das relações sociais


190 Outro grande fator que tem aumentado cada vez mais devido ao descaso pela educação publica
é a violência. Estamos vendo um grande número de professores que vem sofrendo violência dentro
e fora da escola, casos de grande repercussão na mídia.
191 A escola possuiu durante o século XIX na Europa, a função de universalização do conhecimento,
visando o aumento da possibilidade de existência de inovações tecnológicas. Esta função foi
possível em uma época na qual o desenvolvimento tecnológico não era tão grande. Hoje, com o
avanço extraordinário da tecnologia, o capitalismo necessita de pouquíssimas pessoas para serem
os cérebros que possibilitam o desenvolvimento tecnológico. Estes são os mais ricos, que estudam
em escolas de ponta. Caso algum pobre se destaque nos estudos, logo é “adotado” por um novo
mecenas.
A escola também possuiu a função de disciplinar as crianças, reforçando as reações sociais
192
hierárquicas que estas já vivenciam na sociedade capitalista, fazendo-as acreditar que tais relações
são imutáveis e únicas. Porém, hoje a escola não consegue mais reforçar estas relações como
outrora. Os casos freqüentes de violência na escola comprovam este fato.
193 A escola hoje passa a cumprir papel de “cadeia” para jovens onde os professores são os
“carcereiros”. Pois, assim, estas crianças e jovens ficam longe das ruas e dos espaços públicos
abertos, podendo causar menos danos para a burguesia e uma determinada aparência de
normalidade para a sociedade como um todo.
194 Assim, não adianta atacar as causas aparentes para resolver o problema. Neste sentido, as
causas da violência na escola são mais amplas do que algo regional e abrangem a função dos
sistemas de ensino no mundo hoje.
195 Além disso, a violência entre a juventude de periferia, que enfrenta índices altíssimos de
desemprego, é um fato, e a escola não é algo à parte da sociedade. Dados recentes demonstram
que 7 jovens de 18 a 29 anos, excluindo das estatísticas os menores de 18 anos, são presos
por hora no Brasil, como um reflexo da violência que assola nossa juventude. Portanto, apenas
modificando as causas da violência e a função da própria educação/escola no Brasil, será possível
resolver os problemas de violência nas escolas. Enquanto essa transformação mais profunda e
necessária não acontece, é necessário que cada escola tenha autonomia para decidir sobre o seu
funcionamento e as suas próprias regras. O que não pode acontecer é a existência de pressões
sobre as escolas para que estas não tomem providências contra atos violentos de quem quer
que seja. As escolas devem ter autonomia para estabelecer as suas próprias regras e aplicá-las,
sempre dentro da concepção de escola pública, que por isso mesmo deve ser gerida pelo público,
não por um poder acima e em nome do público e nem por gestores privados como querem nossos
governantes.

76 Caderno de Teses
TESE 5
Plano de Metas do Governo do Estado de São Paulo para a Educação
196 Entre as medidas estabelecidas pelo plano de metas para a educação do Estado de São Paulo,
está a que estabelece critérios para o reajuste por merecimento. Entre as metas a serem cumpridas
pelas escolas para obtenção desse aumento estão à economia de água, luz e telefone, assiduidade
dos professores e equipe e, claro, as avaliações dos alunos.
197 A mudança prevista no currículo do ensino médio será outro grande problema para nossa
categoria e também para os alunos e comunidade. A verdade, é que para implementar disciplinas
técnicas, obrigatoriamente, as demais terão de sofrer uma diminuição, o que podemos traduzir em
desemprego, diminuição de carga horária e complementação de jornada de efetivos em outras
escolas, além do aumento dos diários de classe e do trabalho burocrático do professor.
198 Além de sermos prejudicados em nossa jornada, o governo passará a interferir no próprio
conteúdo que trabalhamos em nossas aulas e fará uma avaliação a cada dois meses para verificar
a “aprendizagem” dos alunos.
199 Outra questão que precisamos estar bem atentos é a intenção do governo em “encher os
bolsos” de empresários às custas do sucateamento da educação, ou seja, se há violência nas
escolas, então contratam seguranças de empresas particulares e circuitos de câmeras para vigiar
e punir alunos “infratores” e de quebra controlam nós professores, acusando que não queremos
trabalhar. Se os alunos não dominam outras línguas ou computação, porque não fazer parcerias
com instituições especializadas e competentes? Se os professores estão desorientados em suas
aulas, porque não comprar materiais de empresas como Objetivo, Anglo, tão bem conceituadas no
mercado? A pergunta que não quer calar é a seguinte: será que é mais barato investir nas empresas
privadas do que nos serviços públicos que são um “bem” de toda a população?
Todas essas medidas do plano de metas, traduzidas em miúdos, representam: desemprego,
200
privatização do ensino, diferenciação salarial sem que haja um plano de carreira, rebaixamento da
qualidade de ensino – que já é precária; aumento da pressão profissional sobre o professor, com
todas as doenças de trabalho decorrentes, e agravamento do assédio moral e opressão no local de
trabalho.

Qual educação defendemos?


Defendemos que 15% do PIB seja o gasto mínimo aceitável para a educação, mas isto não
201
encerra as discussões. O nosso papel docente pode ser exercido de forma que se crie um aluno
crítico, pensador e resistente ao processo de exploração. Isso não pode ser obtido simplesmente
reproduzindo conteúdos ideológicos na orelha dos alunos, mantendo a estrutura opressora disciplinar,
pois dá no resultado oposto, além do que o discurso ideológico é algo fora do contexto imediato do
estudante e da comunidade escolar. Mas esse espírito de autonomia do futuro trabalhador pode ser
construído se questionarmos as formas concretas da escola, as hierarquias internas, os critérios
de educação e avaliação, de gestão, etc. Os problemas são as formas, mais que os conteúdos
discursivos.
202 Trata-se de conceber outra educação, que afronte e negue os critérios quantitativistas
e produtivistas do capitalismo e procure construir uma educação qualitativa, voltada para as
necessidades concretas e reais dos alunos e da comunidade escolar. Alguns podem argumentar
que defendemos desvincular a educação da produção. Sim, mas da produção capitalista. Mas uma
nova educação pode servir de base para a produção socialista, cujo critério seria a qualidade, a
necessidade, a utilidade, critérios concretos e humanos.
203 Defendemos desvincular a educação da lógica mercantil. Defendemos quebrar a estrutura
de empresa na gestão escolar, superando as hierarquias, e criando uma escola controlada pela
comunidade escolar, professores e alunos, que conjuntamente devem indicar as prioridades, formas
e objetivos da escola, de acordo com suas necessidades concretas.
204 É necessário criar um movimento que descubra as vantagens de uma educação básica popular
e de qualidade, que reivindique uma escola voltada às necessidades das comunidades, que se
aproprie da massa falida estatal e crie um serviço de educação pública anti-mercantil, de qualidade,
orientado em função de necessidades sensíveis e não da racionalidade abstrata do mercado. E

Caderno de Teses 77
TESE 5
como espaço social dos trabalhadores, se transformar em local de humanização e combate à
barbárie social que se alastra.
205 É preciso, para isso, romper com o discurso vazio do Estado, que nega isso dizendo não
haver “financiabilidade”. Não importa aos trabalhadores se o Estado afirma que não tem recursos.
Educação é um direito legal, um direito do homem, constitucional, e deve ser dada.

VI. Plano de Lutas


206 Educacional
• Escola pública, laica e de qualidade, definida pela comunidade;
• Escola com ampla participação da comunidade através da autonomia dos organismos
deliberativos e da discussão do planejamento escolar;
• Revogação da lei 836/97;
• Revogação das leis 1097, 1093;
• Redução do número de alunos por sala de aula para 25;
• Reaberturas de salas de aulas e períodos;
• Contra a política de fundos do governo federal – Fundeb- e pela destinação de 15% do PIB
na educação pública;
• Pela democratização do acesso ao Ensino Superior Público;
• Contra a municipalização do ensino;
• Contra o crédito educativo;
• Fim das terceirizações na educação. Estabilidade e concurso público a funcionários das
escolas;
• Não à reforma do Ensino Médio, manutenção do ensino médio regular de três anos;
• Que o ENEM não ateste a terminalidade do ensino médio
• Que a comunidade escolar decida a escolha do diretor da escola;
• Reabertura de cursos técnicos e Cefam’s;
• Fim da aprovação automática;
• Fim das parcerias com a iniciativa privada;
• Melhores condições de trabalho e salário aos professores que lecionam na Febem;
• Contra o Saresp, Saeb e Enem e avaliações internas aplicadas com a intenção de avaliar o
corpo docente;
• Melhores condições de trabalho aos professores, por um ambiente que garanta a segurança;
• Reconhecimento da lei 3048/99.
• Sem a diminuição de aulas das da sociologia e da filosofia;
• Organização de salas de informática, videoteca e biblioteca, através de profissionais
especializados contratados via concurso público.

207 Sindical
• Redução da jornada de trabalho para 20 horas semanais;
• Piso salarial segundo cálculo do DIEESE;
• Concurso público com critérios de avaliação que valorizem a experiência e formação do
professor que está na ativa;
• Estabilidade para todos os professores OFAs;
• Fim das perseguições políticas e readmissão dos professores demitidos na greve de 2000;
• Anistia das faltas dos professores grevistas;
• Formação para professores em Universidades Públicas;

78 Caderno de Teses
TESE 5
• Reposição de todas as perdas salariais;
• Incorporação de todas as gratificações ao salário, inclusive aos aposentados;
• Política salarial única para todos os integrantes do magistério;
• Pelo pagamento de salubridade e reconhecimento de acidentes de trabalho em doenças
psiquiátricas, da voz, e outras relacionadas ao trabalho no magistério;
• Revogação da evolução pela via não acadêmica vigente;
• Por um novo Plano de Carreira que atenda as exigências da categoria;
• Aposentadoria aos 25 anos (mulher), 30 (homem), sem idade mínima;
• Assembléias realmente deliberativas, passando todas as decisões por ela, inclusive as
deliberações das reuniões de conselho estadual;
• Defesa de assembléias unificadas com outras categorias do funcionalismo público estadual e
do magistério;
• Manutenção da lei 10858/2001 que garante a meia entrada para professores da rede estadual
de ensino.
• Suspender contribuição mensal à CUT e, abrir debate na base sobre a desfiliação da mesma.
• Não a Lei de Greve do governo federal.
• Salário do Dieese para todos os aposentados, pensionistas e inativos.

Geral
208
• Contra as Reformas neoliberais;
• Todo apoio aos movimentos sociais combativos;
• Contra a criminalização dos movimentos sociais;
• Contra os projetos privatistas das esferas estaduais e federais;
• Suspensão do pagamento da dívida publica (seja ela interna ou externa);
• Promoção de debates sobre revisão na LDB;
• Derrubada do veto do PNE.
• Pela reestatização da Vale do Rio Doce, sob controle operário, assim como todas as empresas
privatizadas nestes últimos anos;
• Pela Reforma Agrária;
• Não a utilização do FGTS, para investimento em infra-estrutura beneficiando os capitalistas.
• Investimentos em habitação popular e saneamento, controlados pelos trabalhadores, não ao
financiamento as grandes empreiteiras
• Pelo respeito e aprimoramento da legislação ambiental, sem respeito ao meio ambiente não
há desenvolvimento possível
• Mais investimentos em educação e saúde.
• Pelo fim das PPPs.

Nenhum direito a menos


Avançar rumo a novas conquistas!

Caderno de Teses 79
TESE 6
TESE 6
A Educação Pública em São Paulo Na Última Década

Este documento é uma contribuição aos debates do XXIII Congresso da APEOESP

Proletários da Educação

Apresentação
1 Desde Karl Marx, já se sabe que é a base material da sociedade que modela as ideias, a
cultura, as leis, a justiça, a educação. Esta base material, conformada pela propriedade privada
dos meios de produção (fábricas, terras, bancos, etc) tornou-se ainda mais absoluta com o advento
do capitalismo, modo de produção vigente e solidamente estabelecido desde meados do século
XIX, com a revolução industrial na Inglaterra, mas, antes disso, tem suas origens numa nova
classe emergente, que, paulatinamente foi surgindo após a derrocada do feudalismo, a burguesia
comercial. Do escravismo da antiguidade ao feudalismo após a queda do império romano e deste,
ao capitalismo, sistema de exploração de escravos modernos, é a base material que tudo determina.
2 A educação, como qualquer outra esfera social, está inserida nos moldes do regime capitalista,
por este é determinada até a espinha dorsal. A classe dominante, a burguesia, detentora do poder
e da propriedade privada, não abre mão de uma educação ampla e irrestrita para seus membros,
mas, às massas assalariadas exploradas, destina uma formação o menos restrita possível, para
formação de mão de obra (força de trabalho), apenas necessária para manter a aferição da
mais valia e de melhores taxas de lucro, do controle político e social dos oprimidos em vista a
permanência e da vigência da exploração do trabalho, adequando-se os mecanismos educacionais,
currículos, grau de importância as necessidades do grande capital. A educação no capitalismo visa
além da formação de força de trabalho uma dominação tanto ideológica quanto física (organizativa).
Ideológica, no sentido do disciplinamento à legislação oficial, à docilidade e pacificidade como
classe trabalhadora e consumidora essencialmente. Uma força de trabalho totalmente alienada de
si mesma, como classe para si. A educação no capitalismo visa a sujeição ao Estado, pela força das
leis, do parlamento e da igreja (religião); pela força física, pela repressão, pela polícia.
3
A história de todas as sociedades até os nossos dias tem sido a história da luta de classes:
burgueses (proprietários dos meios de produção) versus proletários / trabalhadores assalariados
(proprietários da força de trabalho). E a educação, principalmente a educação oficial, insere-se
nesse processo de luta de classes.

4 Uma atividade realmente transformadora por parte dos educadores e demais trabalhadores afins
do setor educacional só começará a fazer sentido, a dar resultado, se estes compreenderem que os
problemas por que passa a educação, principalmente a educação pública, têm origem no modelo
de produção vigente, no capitalismo (base material que modelo a sociedade); se compreenderem
aspectos da conjuntura mundial deste regime e as conseqüentes particularidades nacionais.
5 A ação prática, o trabalho militante, a organização nos locais de trabalho, nos sindicatos, deve
ser uma constância na vida dos educadores, caso contrário fica muito mais fácil para o Estado
burguês impor suas medidas e suas reformas, a exemplo do que ocorre com enfrentamento de
fachada que a APEOESP faz ao Governo de SP. Os professores da rede pública de SP já há
muito sofrem com as ações danosas dos últimos governos do PSDB e, para piorar, o Sindicato faz
mais é jogo de cena que qualquer outra coisa; sequer tem lutado coerentemente por salário digno
para os mestres; não mostra firmeza nas reivindicações mais básicas da categoria; não coloca
os professores em movimento para levar a cabo mudanças significativas na educação, pois o
método que usam (direção majoritária + oposição alternativa) é o do palanque eleitoral, da pressão

80 Caderno de Teses
TESE 6
parlamentar.
Nos últimos quinze anos, em São Paulo, O Governo do PSDB tem golpeado o professorado
6
com medidas as mais diversas, desde aquelas “legais” e disciplinadoras ao congelamento salarial
absoluto, ao mesmo tempo em que o custo de vida aumenta sem parar. Tem precarizado a educação
em todos os níveis, desde a formalização e oficialização da “melhoria” do ensino, com a diplomação
de milhares de estudantes em idade escolar (Progressão Continuada, aliás, Aprovação Automática)
e Ensino de Jovens e Adultos (EJA) até a contratação precária de professores e muita repressão
no interior das escolas.

7 O que importa para o Governo é melhorar os índices oficiais de escolaridade da população e


reduzir gasto do Estado na Educação, bem como na saúde e serviços sócias em geral. Para isto, a
aprovação automática e as péssimas condições salário e de trabalho dos professores constituem
um mero detalhe, sem nenhuma interferência na qualidade de ensino. A razão desta política se
deve à adequação do projeto neoliberal ditado pela ONU, por meio de seus departamentos com
FMI, UNESCO e UNICEF, que visa minimizar recursos e atender a demanda sem levar em conta a
(real) formação dos alunos.

8 O rebaixamento do nível d ensino é necessário tanto aos qualificados quanto aos não qualificados
profissionalmente, para que permaneçam escravos do sistema, praticamente impedidos de lutar e
reivindicar pelos seus direitos. Desta forma, a burguesia assegura o controle dos meios de produção
em suas mão, Somente uma pequena elite de técnicos, geralmente dos países imperialistas,
tem acesso à formação completa e ao domínio tecnológico, porém os “técnicos e a mão de obra
especializada” dos países oprimidos se encontram totalmente marcados pela divisão do trabalho, à
mercê das manobras em favor de maiores taxas de lucro.
9 Neste contexto, o jovem da escola pública se vê alijado do ensino, freqüentando a escola quase
sem nenhuma perspectiva de aprendizagem e muito menos de inserção no mundo do trabalho
tendo por base o conteúdo escolar, ou, mesmo quando inserido, em condições precárias e com
baixíssimos salários (por exemplo, operadores de telemarketing).
10 O alto desenvolvimento técnico dos meios de produção e a crise de superprodução capitalista
têm colocado na rua centenas de milhares de trabalhadores, sem nenhuma perspectiva de trabalho
digno num futuro próximo e, inevitavelmente, para continuar sobrevivendo, muitos são lançados
à informalidade. Quanto às exigências para trabalho especializado, que são bem particulares,
impedem a compreensão do processo de produção com um todo. Mesmo assim, a ganância por
manter e / ou aumentar as taxas de lucro, leva à implementação de novas tecnologias, tornando
obsoletos os objetos técnicos (celulares, mp3, mp4, iPods, computadores e internet), bem como, em
muitos casos, as especialidades. Por isso, várias profissões já desapareceram e mesmo disciplinas
escolares poderão deixar de existir num futuro próximo (disciplinas com Comércio Exterior estão
saindo de cena, pois as transações internacionais realizam-se, cada vez mais, entre as corporações
e suas filiais, além de empresas terceirizadas. Que dizer então de disciplinas como Física, Química
e até Matemática, tão necessárias à formação técnica e teórica? Notadamente para a juventude, o
quadro é bastante sombrio.
11 Com esses acontecimentos em larga escala, a burguesia e seus governos não dão a mínima
para escolarização dos trabalhadores. Quanto menos gastam, tanto melhor. Já que as empresas
dispõem de mão de obra à vontade (exército de reserva). O papel da educação, nestas condições,
resume-se em manter as aparências: a escola faz de conta que ensina e, por conseguinte, o
professor e o aluno são enganados e violentados.
12 Aprender realmente nunca foi uma tarefa fácil, em qualquer idade, mas quando se é criança,
o aprendizado é muito mais complicado que parece. Fatores como a inexperiência, maturidade
e a dispersão com o mundo à sua volta, tornam o ato bem mais complexo para a criança. Pouca
gente aprende de forma espontânea; em geral temos que nos concentrar para obtermos resultados.
Eis um dos maiores problemas para os pequenos de hoje: São influências de todos os níveis,

Caderno de Teses 81
TESE 6
com os chamados objetos técnicos a que nos referimos acima, os quais exercem influência quase
incessante na vida das crianças e adolescentes (estes, muitas vezes, até a idade pré-adulta),
tornando-os mais dispersos que o normal, com destaque para as tarefas escolares (desde as mais
simples). Não há a mínima concentração para os estudos, o que, consequentemente, quase que
inviabiliza o ingresso de muito jovens nas universidades públicas (do pouco que resta, as que
mantêm alguma excelência)
13 Todos esses problemas acabam por gerar uma tremenda barreira entre o ensino e aprendizagem,
fazendo com que a vida dos professores seja uma tormenta e caso de saúde pública.

Histórico
Mudanças e reformas educacionais em SP
As tarefas e os desafios do professorado e demais trabalhadores em educação

14 As mudanças introduzidas na educação pública oficial do Estado de São Paulo, a partir de


janeiro de 1995, ocorreram em função das deliberações da Conferência Mundial “Educação Para
Todos”, realizada em Jomtien, na Tailândia (1990), pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial.
15 Principais deliberações daquela Conferência:
Erradicar o analfabetismo;
a) Universalizar a educação fundamental;
b) Centralidade do aprender a aprender em contraposição ao ensino tradicional (transmissão
do conhecimento); como instrumento da modernização, comparece a ênfase primordial no
construtivismo.
c) Como forma de materialização de tais políticas se vislumbra o arcabouço de torná-las
necessidades, ou seja, da modernização e da melhoria da qualidade do ensino, de eliminar a
evasão e a repetência escolar;
d) Descentralização administrativa e financeira;
e) Aumentar a porcentagem do PIB-educação e a eficiência dos gastos, serviços e programas
de educação básica, de forma a otimizar recursos; priorizar a educação fundamental;
f) dividir responsabilidades entre Estado e a sociedade, através de parcerias com empresas,
comunidade, municipalização do ensino fundamental;
g) Introdução do ensino à distância e da aprendizagem voltada para as novas tecnologias, entre
muitos outros indicativos.
16 O governo brasileiro, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso, dando continuidade a
seus antecessores e aos ditames da Conferencia de Jomtien, por meio do MEC, criou um Grupo
Executivo, o qual fora constituído por representantes do próprio MEC, do Conselho Nacional de
Secretários Estaduais de Educação (CONSED) e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (UNDIME).
17 Instituiu, também, o Comitê Consultivo do Plano, integrado inicialmente pelas seguintes
entidades: CONSED e a UNDIME, Conselho Federal de Educação (CFE); Conselho de Reitores
das Universidades Brasileiras (CRUB); Confederação Nacional das Indústrias (CNI); Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil/Movimento de Educação de Base (CNBB/MEB), Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), UNESCO e UNICEF. Posteriormente, este
colegiado foi ampliado, incluindo-se o Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação, a Confederação
Nacional das Mulheres do Brasil (CNMB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério
da Justiça.

18 Enfim, com toda a pomposidade da participação democrática, se elaborou o Plano Decenal

82 Caderno de Teses
TESE 6
brasileiro, documento elaborado em 1993 pelo Ministério da Educação (MEC) e destinado a cumprir,
no período de uma década (1993 a 2003), as metas da Conferência Mundial de “Educação Para
Todos”, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990,
19
Em seguida, deram-se a aprovação da EC nº 14, de 12 de setembro de 1996 e da Lei 9.394 (a
LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996);

20 Em São Paulo, estas façanhas foram complementadas com dezenas de Resoluções, Portarias,
Orientações, Decretos e Leis, resultantes em mudanças significativas na estrutura administrativa,
de financiamento, de gestão do ensino e das relações trabalhistas professores/funcionários, da
avaliação da aprendizagem e dos próprios saberes dos professores da rede;
21 Como resultante destas medidas, temos a desvalorização dos professores, imposições para que
estes façam verdadeiros milagres em matéria de aprendizagem e disciplina, cujos resultados são
um verdadeiro caos para a educação, com piora significativa no ensino e aprendizagem, gerando
um ambiente ainda mais propício à violência, principalmente contra o professor. Uma barbárie!
Tais mudanças realizam-se sempre acompanhadas dos famosos discursos da universalização
22
do ensino, da modernização e da melhoria da qualidade do ensino/aprendizagem (toda mercadoria
para ser vendida necessita-se de ser cunhada algumas necessidades, ou melhor: se transformada
em necessidades);

23 Temos visto a escolha entre dois dos requisitos financeiros apontados na Conferência de
Jomtien, os quais enfatizavam a necessidade de se aumentar a porcentagem do PIB-educação e
a eficiência dos gastos, serviços e programas de educação básica, de forma a otimizar recursos.
24 Os governantes paulistas dos últimos anos seguiram à risca todos os princípios neoliberais
exigidos pelo grande capital imperialista e seus técnicos, e, entre estes dois indicativos, de aumento
do PIB-educação e eficiência dos gastos os governos paulista dos últimos 15 anos se enveredaram
apenas na contenção de gastos. Ver gráfico sobre a evolução orçamentária e a porcentagem gasta
na educação no Estado de São Paulo:

fonte: http://www.tijolaco.com/?p=10372

Caderno de Teses 83
TESE 6
A situação da rede do ensino oficial de São Paulo

25
I - Das fundamentações quanto às necessidades:
a) Universalização do ensino;
b) A modernização do ensino – esta deve dar lugar à aprendizagem, ao conhecimento, ao
pensar, ao refletir e ao resolver novos desafios das incontáveis atividades dinâmicas que
caracterizam a economia global dos tempos modernos, e tudo isso para acompanhar as
mudanças tecnológicas (formação das competências);
c) Sociedade do conhecimento;
d) Melhoria da qualidade do ensino;
e) Acabar com a repetência;
f) Inclusão social, quanto aos portadores de deficiências;
g) Inclusão social, quanto ao fim da repetência;
h) Ensino para o trabalho e para formar cidadãos;
i) Diante da globalização perversa – re-humanização do ser e do sistema econômico e social;
j) Dos processos seletivos (provas para atribuição de aulas), dos concursos públicos com
várias fases eliminatórias, da promoção pelo mérito, etc.

26 II - Como instrumento de diminuir os gastos com educação:


a) Fechamento de salas e escolas, com a consequente superlotação das salas de aulas;
b) Implementação da aprovação automática – como forma de os alunos permanecerem menos
tempo na escola. Eles fluem pela rede!
c) Diminuição dos funcionários e precarização da estrutura – escolas e salas de aulas sem
condições para quase nada.
d) Arrocho salarial – categoria sem aumento de salário há vários anos;
e) Limitação das licenças médicas e faltas que eram de direito
f) Contratação de funcionários terceirizados
g) Contratação de professores temporários e precarizados – trabalha um ano e fica outro ano
sem contrato para não se pagar direitos trabalhistas;
h) tentativas de implementar o trabalho voluntário na escola;
i) municipalização do ensino, como forma de se livrar de responsabilidade e do ônus financeiro,
maior precarização;

27 III - Da precarização do ensino em si; da divisão da categoria e dos


instrumentos pré-fascistas
A política das gratificações e do bônus-mérito versus campanha salarial
a) das gratificações e gratificações parceladas
b) do bônus-mérito
c) da prova como instrumento de atribuição de aulas e de aumento salarial
d) da municipalização do ensino
e) das provinhas para professor ter aulas atribuídas e do concurso público seguido de curso
com 3º fase do concurso
f) do fim da liberdade de cátedra
g) da gratificação diferenciada para gestores e a inclusão dos coordenadores pedagógicos
como gestores, da superioridade, do controle e supervisão destes sobre os docentes

84 Caderno de Teses
TESE 6
28 IV - do aprender a aprender (construtivismo) versus transmissão do
conhecimento como parte da implementação do toyotismo voltado para a
educação
a) Primeiro posicionamento valorativo: aquilo que o indivíduo aprende por si mesmo é superior,
em termos educativos e sociais, aquilo que ele aprende por meio da transmissão por outras
pessoas e
b) Segundo posicionamento valorativo: o método de construção do conhecimento é mais
importante que o conhecimento já produzido socialmente.
c) O terceiro posicionamento valorativo seria o de que a atividade do aluno, para ser
verdadeiramente educativa, deve ser impulsionada e dirigida pelos interesses e
necessidades da própria criança (centralidade do aluno, depreciação do professor).
O aluno, além de buscar por si mesmo o conhecimento e construir seu método, precisa
também que o motor desse processo seja uma necessidade inerente à sua própria
atividade, ou seja, é preciso que a educação esteja inserida de maneira funcional na
atividade da criança, na linha da concepção de educação funcional de Claparède (1954).
d) O quarto posicionamento valorativo é o de que a educação deve preparar os indivíduos
para que acompanhem a sociedade em acelerado processo de mudança, ou melhor:
• enquanto a educação tradicional seria resultante de sociedades estáticas, nas quais a
transmissão dos conhecimentos e tradições produzidos pelas gerações passadas era
suficiente para assegurar a formação das novas gerações, a nova educação deve pautar-
se no fato de que vivemos em uma sociedade dinâmica, na qual as transformações em ritmo
acelerado tornam os conhecimentos cada vez mais provisórios, pois um conhecimento que hoje
é tido como verdadeiro pode ser superado em poucos anos ou mesmo em alguns meses;
• O indivíduo que não aprender a se atualizar estará condenado ao eterno anacronismo, à
eterna defasagem de seus conhecimentos.
• Uma versão contemporânea desse posicionamento aparece no livro do autor português Vitor
da Fonseca, intitulado Aprender a aprender: a educabilidade cognitiva (Fonseca, 1998). Ao
abordar as mudanças na economia global e suas implicações para uma formação de recursos
humanos que esteja à altura dos desafios do século XXI, esse autor afirma o seguinte:
a) A miopia gerencial e arrogante e a resistência à mudança, que paira em grande parte no
sistema produtivo, devem dar lugar à aprendizagem, ao conhecimento, ao pensar, ao refletir e
ao resolver novos desafios da atividade dinâmica que caracteriza a economia global dos tempos
modernos.
b) Tal mundialização da economia só se identifica com uma gestão do imprevisível e da
excelência, gestão essa contra a rotina, contra a mera redução de custos e contra a simples
manutenção.
c) Em vez de se situarem numa perspectiva de trabalho seguro e estático, durante toda a vida,
os empresários e os trabalhadores devem cada vez mais investir no desenvolvimento do seu
potencial de adaptabilidade e de empregabilidade, o que é algo substantivamente diferente do
que se tem praticado.
d) O êxito do empresário e do trabalhador no século XXI terá muito a ver com a maximização
das suas competências cognitivas.

Caderno de Teses 85
TESE 6
e) Cada um deles produzirá mais na razão direta de sua maior capacidade de aprender a
aprender, na medida em que o que o empresário e o trabalhador conhecem e fazem hoje não é
sinônimo de sucesso no futuro. [...]
f) A capacidade de adaptação e de aprender a aprender e a re-aprender, tão necessária para
milhares de trabalhadores que terão de ser re-convertidos em vez de despedidos, a flexibilidade
e modificabilidade para novos postos de trabalho surgirão cada vez com mais veemência.
g) Com a redução dos trabalhadores agrícolas e dos operários industriais, os postos de emprego
que restam vão ser mais disputados, e tais postos de trabalho terão que ser conquistados
pelos trabalhadores preparados e diferenciados em termos cognitivos [Fonseca, 1998, p. 307].
(Duarte, Newton, 2003, p. 9-11).

V - As funções ideológicas desempenhadas pela crença na assim


29
chamada sociedade do conhecimento, segundo Duarte, 2003.
• enfraquecer as críticas radicais ao capitalismo e,
• enfraquecer a luta por uma revolução socialista que leve a uma superação radical do
capitalismo,
• gerar a crença de que a luta pela revolução socialista teria sido superada pela preocupação
com outras questões “mais atuais”, tais como: a questão da ética na política e na vida
cotidiana; pela defesa dos direitos do cidadão e do consumidor; pela consciência ecológica;
pelo respeito às diferenças sexuais, étnicas ou de qualquer outra natureza; pela cooperação
capital trabalho..

30 VI. As ilusões da sociedade do conhecimento:


• Primeira ilusão: o conhecimento nunca esteve tão acessível como hoje, isto é, vivemos
numa sociedade na qual o acesso ao conhecimento foi amplamente democratizado pelos
meios de comunicação, pela informática, pela internet etc.
• Segunda ilusão: a capacidade para lidar de forma criativa com situações singulares no
cotidiano, ou, como diria Perrenoud, a habilidade de mobilizar conhecimentos, é muito mais
importante que a aquisição de conhecimentos teóricos, especialmente nos dias de hoje,
quando já estariam superadas as teorias pautadas em metanarrativas, isto é, estariam
superadas as tentativas de elaboração de grandes sínteses teóricas sobre a história, a
sociedade e o ser humano.
• Terceira ilusão: o conhecimento não é apropriação da realidade pelo pensamento, mas sim
uma construção subjetiva resultante de processos semióticos intersubjetivos, nos quais ocorre
uma negociação de significados. O que confere validade ao conhecimento são os contratos
culturais, isto é, o conhecimento é uma convenção cultural.
• Quarta ilusão: os conhecimentos têm todos o mesmo valor, não havendo entre eles
hierarquia quanto à sua qualidade ou quanto ao seu poder explicativo da realidade natural e
social.
• Quinta ilusão:
a) o apelo à consciência dos indivíduos, seja por meio das palavras, seja por meio dos bons
exemplos dados por outros indivíduos ou por comunidades, constitui o caminho para a superação
dos grandes problemas da humanidade.
b) Essa ilusão contém uma outra, qual seja, a de que esses grandes problemas existem
como conseqüência de determinadas mentalidades. As concepções idealistas da educação
apóiam-se todas em tal ilusão. Essa é a razão da difusão, pela mídia, de certas experiências
educacionais tidas como aquelas que estariam criando um futuro melhor pela preparação das
novas gerações.

86 Caderno de Teses
TESE 6
c) acabar com as guerras seria algo possível por meio de experiências educativas que cultivem
a tolerância entre as crianças e jovens.
d) a guerra é vista como conseqüência de processos primariamente subjetivos ou, no máximo
intersubjetivos.
e) nessa direção, a guerra entre os Estados Unidos da América e Afeganistão, por exemplo,
é vista como conseqüência do despreparo das pessoas para conviverem com as diferenças
culturais, como conseqüências da intolerância, do fanatismo religioso.
f) deixa-se de lado toda uma complexa realidade política e econômica gerada pelo imperialismo
norte americano e multiplicam-se os apelos românticos ao cultivo do respeito às diferenças
culturais. (Duarte, Newton, 2003, p. 14-15).
g) Choque de civilizações não mais luta de classes. A partir de 90, com a queda do muro de
Berlim e o fim da guerra fria, com o fim do “comunismo” segundo a burguesia não há mais luta
de classes e sim choque culturais.

31 VII - A dança das categorias entre o professorado paulista:


• Categoria dos Efetivos (docentes concursados) – alguns cumprindo estágio probatório (são
avaliados por um certo período);
• Categoria “F” - Contratados até a Lei Complementar nº 1.010, de 1º de junho de 2007, que
passarão por uma Prova para concorrer à atribuição de aulas;
• Categoria “L” - que se encontravam admitidos após 1º de junho de 2007 até 17 de julho
de 2009, em função da Lei Complementar 1.093, de 16 de julho de 2009 de São Paulo - a
prorrogação da contratação até o final do ano de 2011, sem que haja interrupção do mínimo
de 200 dias;
• Categoria “O” - Contratados após 17 de julho de 2009. Conforme Lei complementar,
assegurou-se aos docentes temporários “categoria L”, que se encontravam admitidos em
17 de julho de 2009, a prorrogação da contratação até o final do ano de 2011, sem que haja
interrupção do mínimo de 200 dias.

32 Conclusões:
- Os últimos governos de São Paulo remeteram para a educação oficial a cartilha integral dos
organismos do grande capital internacional, da burguesia imperialista;
- além desta marca seguidista dos ditames imperialistas, estes governos, ao menos na
educação, mostraram-se incompetentes, com falta de planejamento de médio e longo prazo,
desorganizado e agindo com ações momentâneas, desajustadas, tentando consertar erros
grosseiros por medidas de linha dura e impopulares.
- Podemos com certeza afirmar que a marca registrada, destes governos do PSDB há 16 no
poder, foi o desrespeito à educação, aos professores, estudantes, enfim, aos trabalhadores que
são obrigados a manter seus filhos na rede pública.

33 E quanto ao futuro?! Na continuidade desta política, nada de bom podemos esperar.


Os professores devem retomar o Sindicato (Apeoesp) para os objetivos proletários, juntando-
se aos alunos (fortificar um poderoso movimento estudantil) e, juntamente com a comunidade,
organizar-se: unindo forças com o movimento operário, na luta direta e no poder da contra ideologia
burguesa, assumir a defesa da modernidade como sendo o planejamento da política educacional
guiada para a escola do trabalho, uma escola voltada no planejar e produzir a vida coletivo, para
todos, no interior do modo de produção capitalista, na luta de classe para si, visando o fim deste
regime. Uma escola voltada para os oprimidos e não para o capital, não voltada, como ocorre hoje,

Caderno de Teses 87
TESE 6
para a decadência do modo de produção capitalista, mas sim, por sua derrocada, com o planejar
e produzir para todos, não mais para a apropriação individual do trabalho coletivo, na inter-relação
teórico/prática e na conquista do conhecimento acumulado pela humanidade.

34 Devemos ter claro que:


- por trás do discurso de modernidade e de qualidade do ensino/aprendizagem, arrasta-se
uma crise estrutural do modo de produção vigente, sem precedentes na história, envolvendo
as forças produtivas no contraditório de alto desenvolvimento tecnológico, alta capacidade
produtiva e miséria humana, com estagnação e retrocesso destas mesmas forças produtivas
em sua totalidade, impondo mudanças nas relações de produção e também na educação oficial;
- as ambigüidades entre o tecnicismo produtivo, dos meios de comunicação e dos entretenimentos
modernos e as interferências na relação professor/aluno/escola;
- as forças produtivas atuais e, por sua vez, o nortear da educação oficial, se realizam ao
tom da busca de preparar força de trabalho e do exército de reserva no sentido de propiciar
melhores taxas de lucro, na concorrência desenfreada utilizando-se das novas invenções
tecnológicas, que se modernizam e envelhecem em questão de semanas e dias, afetando e
impondo modificações na composição da taxa de lucro;
- as mudanças em curso na educação de São Paulo atendem pressupostos de uma nova postura
do Estado (do público para o privado), da diminuição do Estado para os serviços públicos, a
exemplo do que ocorre na educação, saúde, previdência social, etc.;
- diante da barbárie econômica e social que reserva o modo de produção capitalista a democracia
deve ser aprimorada no sentido de dotar o Estado e a produção com instrumentos pré-fascistas,
de ilusões, de idealização do reverter a barbarização da sociedade, de humanizar o capital e de
uma re-humanização, no sentido da cidadania (conciliação de classes);
- com os objetivos da educação oficial nos patamares atuais, impõe-se um novo perfil e carreira
para o professor;
- o professor da modernidade, da educação norteada nas mudanças paulistas, de fato, se
proletarizará. Não no sentido do proletário moderno, como definido por Marx, mas de um
proletário que se guiará pelas cartilhas do Estado, pelas ordens da gestão, que apertará e
formará apertadores de botões, que tirará as rebarbas, mediando o diálogo em si, “quando
possível”, em uma educação da meia escrita, da leitura visualizada no sentido da volta para a
própria sociedade globalizada “do conhecimento”, no sentido do “contínuo aprender a aprender”,
na verdade, no “salve-se quem puder”;
- a precarização educativa e as relações trabalhistas comparecem com sinônimo de toyotismo
e de sociedade guiada pelo Estado pré-fascista.
35 Por meio da organização da luta em defesa da educação pública, científica, laica e de qualidade
como um direito de todos;
36 Da unificação do professorado com o movimento operário, estudantil e popular para
conquistarmos, na luta direta, defendemos:
- Salário mínimo vital em início de carreira (de 5 mil reais) por uma jornada de 20 horas
semanais, compatível coma as necessidades básicas, tais como alimentação da família, vestuário,
saúde, moradia, transporte, lazer, acesso à cultura e às artes, educação e aperfeiçoamento
profissional contínuo.
- Escala Móvel de salários, ou seja: aumento deste salário mínimo vital automaticamente de
acordo com o aumento do custo de vida;
- Escala móvel das horas de trabalho, ou melhor: distribuição das horas-aula da rede pública
a todos os profissionais habilitados, com a conseqüente redistribuição da jornada assim que
aumentar as horas-aula e os profissionais habilitados;
- No máximo 20 alunos por sala de aula no Ensino Fundamental. E no máximo 25 para o Ensino
Médio;
- Plano de carreira visando o aperfeiçoamento contínuo do professor / saber e à melhoria salarial;

88 Caderno de Teses
TESE 6
- Estruturação da rede pública com prédios adequados ao ensino/aprendizagem; funcionários,
apoio escolar com base no desenvolvimento tecnológico existente;
- Garantia e ampliação de todos os direitos sociais e trabalhistas conquistados;
- Fim de toda a legislação voltada para a precarização do ensino, para a violência contra os
professores, alunos, funcionários e comunidade;
- Fim das cartilhas, da aprovação automática, das provinhas e provões!
- Abaixo a política de bonificações!
- Abaixo a política de conciliação de classes e o eleitoralismo do PT, PSTU, CUT, Conlutas e
InterSindical!
- Abaixo o pré-fascismo do Estado!
- Abaixo o capitalismo decadente!
- Viva a socialização dos meios de produção, que significa, também, a socialização do
conhecimento, da cultura, das artes e da retomada do desenvolvimento humano!

Diadema/SP, 03 de setembro de 2010.


Assinam: Proletários da Educação
e-mail: proletarios@proletariosmarxistas.com

Referencias Bibliográficas
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COSTA, Áurea, NETO, Edgard, SOUZA, Gilberto, A Proletarização do Professor, Editora
Instituto, José Luis e Rosa Sudermann, São Paulo, 2009.
Duarte, Newton, Vigotski e o “Aprender a aprender”, Editora Autores Associados, 2000.
Duarte, Newton, Sociedade do Conhecimento ou Sociedade das Ilusões?, Autores Associados,
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Duarte, Newton, (organizador) Sobre o Construtivismo, Autores Associados, 2005.
HARGREAVES, Andy. O ensino na sociedade do conhecimento: educação na era da insegurança.
Porto Alegre: Artmed, 2003.
LEFEBRE, Henri, Lógica Formal, Lógica Dialética, Editora Civilização brasileira, Rio de Janeiro,
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Perrenoud, Phillipe, “A arte de construir competências”. Revista Nova Escola, São Paulo, Abril
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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.
VIGOTSKI, A formação social da mente, Martins Fontes, 2008.

Caderno de Teses 89
TESE 7
TESE 7
Em defesa da APEOESP independente e de luta.

Apresentação
1 Somos professores e professoras para quem o mais importante é da voz, vez e decisão
para base. O sindicato é da categoria. A diretoria tem um mandato que deve estar sobre o
controle da base. Organizar à luta pelas reivindicações específicas e gerais é o que garante a
democracia e a independência frente aos governos.Nós nos propomos apresentar uma tese
que ajude o conjunto dos(as) professores(as) na sua luta no dia-a-dia da escola convidamos
você a contribuir para essa discussão.

2 A democracia é também o respeito a quem diverge. Para buscar a divisão em nosso


sindicato temos que promover o debate livre, democrático e fraternal.

Conjuntura:
3 A política do imperialismo estadunidense de guerra e exploração, busca a submissão dos povos.
É o caso do Haiti, onde Bush e Clinton foram destacados para “ajudar na reconstrução”, ou seja,
aqueles que destruíram o país antes do terremoto são escalados para continuarem sua política.
Como afirma corretamente a CUT, o Haiti precisa de médicos, enfermeiros, engenheiros e não de
soldados. Por isso não é possível que o governo Lula mantenha as tropas naquele país.
4 A crise internacional, que continua, criou uma política de guerra. Desde o início da crise de 2008
foram cortados 52 milhões de postos de trabalho no mundo, segundo a Organização Internacional do
Trabalho (OIT). Hoje, para pagar a conta deixada pela política de salvamento dos bancos, acentua-
se a opressão sobre os povos que resistem e se levantam em vários países da América Latina e
também na Europa, onde o FMI passa a intervir diretamente com sua política como em Portugal
e na Grécia, aumentando a idade para aposentadoria, reduzindo salários, congelando pensões e
cortando verbas da saúde e educação.
5 As imposições do FMI à nação brasileira, como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
implementada durante a era FHC como garantia de pagamento da dívida, restringindo os orçamentos
de Estados e Municípios, hoje se comprovam medidas a serviço da especulação financeira. Enquanto
os servidores da saúde e educação buscam reajustes para cobrir as perdas salariais, os governos
se escoram na falácia da LRF, que contem qualquer gasto, menos o pagamento da dívida, interesse
de banqueiros e especuladores. Mais do que nunca se faz necessário um movimento nacional pela
revogação dessa “lei de rapinagem fiscal”! Este ano temos eleições e não queremos a volta dos
tucanos privatistas, aqueles que atacam os servidores, os trabalhadores sem terra e todo o povo.
Aqui no estado é preciso derrotar Serra e todos os partidos que, junto com ele, aplicam a política
do ajuste e jogam todo o “prejuízo” nas costas dos trabalhadores e do povo. É exatamente isso que
orienta toda a política de desmonte da educação no Estado de São Paulo.
6 O governo Federal deve findar os cortes na educação provocados pelo superávit fiscal e investir
10% do PIB no atendimento ao Custo Aluno/Qualidade inicial (CAQi)
7 A independência da APEOESP frente aos governos e partidos só é possível ao manter a
mobilização em defesa das bandeiras dos trabalhadores. Por isso a APEOESP deve estar ao lado
dos trabalhadores em defesa da nação, deve se dirigir ao governo Lula para que, enquanto durar
seu mandato, atenda às reivindicações populares, tomando medidas como, por exemplo, exigir a
aplicação da Lei do Piso nos Estados e municípios. Começando por ajudar a derrubar a ação (ADI
4.167) ajuizada pelos governadores do PSDB, que atacam a Lei do Piso como algo constitucional
e, na questão do petróleo, apoiar o Projeto de Lei da Federação Única dos Petroleiros (FUP), CUT

90 Caderno de Teses
TESE 7
e dos movimentos sociais, que retoma o monopólio estatal do petróleo para a Petrobras 100%
Estatal. É o que corresponde à defesa da nação contra os privatizadores.
8 Recentemente, o governo federal ampliou a taxação de calçados importados da China, uma
medida correta de proteção da indústria nacional e do parque fabril. Uma reivindicação dos sindicatos
do ramo calçadista que deve servir de exemplo a outros setores industriais. A luta pela manutenção
e ampliação de empregos não se separa da luta pela ampliação de direitos como a jornada de 40
horas sem redução dos salários no setor privado, pelo contrato coletivo de trabalho, pela ratificação
das convenções da OIT.

Eleições 2010 - Agir com firmeza e independência nas eleições!


9 Muita coisa estará em jogo nestas eleições. Os sucessivos governos do PSDB, com sua
base parlamentar (contendo PMDB, PSB, PPS e PV), atacam a categoria cada vez com maior
profundidade. A política educacional de Serra, pautada na meritocrática e na desregulamentação
causada pela falta de concursos, arrebentou a carreira e o salário dos professores ano após ano,
apesar de toda resistência da categoria. O que o próximo governador fará?
10 O sucateamento dos serviços público estadual provoca, com a privatização e a terceirização
das áreas de saúde e de educação, efeitos devastadores para os trabalhadores. A introdução das
Organizações Sociais na saúde, executada pelo Governo Serra, apoiado nas heranças legais
deixadas por FHC e mantidas por Lula, tem piorado o atendimento à população. A propaganda
governamental e eleitoral não mostra que há falta de remédios e equipamentos, que os profissionais
não são concursados, que não há encaminhamentos dos pacientes a outras unidades do Sistema
de Saúde Pública. Esse é o quadro de pilhagem da saúde pública criado com o repasse de verbas
públicas para o setor privado. Esse é o perverso caminho a ser aplicado pelo governo estadual na
evolução das “parcerias” nas escolas’, uma preparação para a intervenção de OS’s. É por isso que
defendemos que Lula aja pela revogação da lei das OS´s, obra de FHC, usada pelo Governo Serra
para privatizar os serviços públicos.
A APEOESP deve intervir no cenário eleitoral. Para isso, propomos que a Plataforma que
11 reivindicamos durante a nossa greve de 2010, um passo para a melhoria da escola pública paulista,
seja entregue ao candidato do PT – Aloísio Mercadante. Nesse ano houve um movimento, uma
greve em que Serra mais uma vez atacou os trabalhadores da educação, portanto devemos dirigir
aquele que tem condições de derrotar o PSDB e para implementar as aspirações da categoria.
12 Nela devemos exigir o compromisso dos candidatos com o respeito à liberdade sindical, com
o direito à manifestação e contra a penalização e multas aos sindicatos, a liberação dos dirigentes
(incluindo os das subsedes), o pagamento dos dias descontados em função de nossas greves, a
realização de concurso público e o compromisso com a aplicação do Piso desde a menor referência
da menor jornada dos professores e funcionários, respeitando o 1/3 da jornada prevista para
planejamento de atividades pedagógicas.

Em defesa da Educação!
13 Fizemos uma greve dura (33 dias) e tínhamos como reivindicações principais: 34,3% de reajuste
salarial, o fim da municipalização, o fim da política de bônus, o fim da avaliação de mérito, contra as
avaliações dos temporários e o fim do fatiamento da categoria.
14 A origem da meritocracia vem na Emenda Constitucional 19 (EC 19), a chamada reforma
administrativa, apresentada no governo de FHC e aprovada no Congresso em 1998. Desde a eleição
de Lula, os servidores recolocam, até agora sem sucesso, a exigência de sua revogação. Enquanto
isso, tramita no Congresso o Projeto de Lei Complementar (PLP) 248/98, que regulamenta a EC 19.
15 Para os servidores e o serviço público, as consequências da aprovação do PLP 248 seriam
terríveis. Introduziria a individualização das relações de trabalho e a competição entre servidores;
quebraria a paridade entre ativo e inativo; ameaçaria de demissão a todos por suposta insuficiência
de desempenho.
16 A pressão pela chamada “modernização” do serviço público vem dos organismos financeiros
internacionais como o FMI e o Banco Mundial.

Caderno de Teses 91
TESE 7
17 A introdução desses mecanismos não tem nada de novo nem de “moderno”. Por trás de uma
fraseologia aparentemente sofisticada, seu objetivo central é implantar a competitividade no serviço
público, transformar os servidores em trabalhadores dos governos e não mais do Estado, enquanto
os governos passam a ter o poder de demitir quem não lhes serve. Querem jogar na lata do lixo
conquistas históricas dos servidores públicos.
18 Na legislação nacional atual não faltam mecanismos para controlar e, eventualmente, punir
agentes públicos. A Lei 8.112, o chamado Regime Jurídico Único é um deles; a Lei da Improbidade
Administrativa é outra. Aqui temos uma clara demonstração de como se mira uma coisa quando se
quer acertar outra.
19 Diante das Avaliações Institucionais e da política meritocrática a APEOESP deve:
a) se posicionar contrariamente às avaliações externas. Ao contrário do que o governo apregoa,
o intuito de fato, é responsabilizar o servidor pelas mazelas causadas pela própria omissão do
governo.
b) fazer uma abordagem crítica contrária às das avaliações, revelando os aspectos de
dominação e controle inevitáveis ao sistema capitalista. Portanto, fazer qualquer concessão
às avaliações, é permitir o avanço do processo de responsabilização do servidor sobre a má
qualidade dos serviços, é alimentar na população a ilusão de que um governo comprometido
com os interesses privados poderá ter algum outro intuito, se não a precarização da educação.
c) deve liderar a luta para esclarecer a população quanto ao intuito do governo em opor os
interesses dos trabalhadores em educação aos interesses dos trabalhadores em geral. Deve
ser o primeiro a denunciar que a racionalidade administrativa, coroada pela política de controle
por meio das avaliações externas, visa desfocar o real problema – falta de investimento na
educação - para os seus efeitos.
d) deve apontar a avaliação como mais um instrumento disfarçado, que visa também a
perpetuação do modelo, além de tentar coibir os trabalhadores na luta pela sua valorização e
melhoria das condições de trabalho.
20 “1-) além da preocupação principal ser a condição trabalhista do professor( salário, saúde,
direitos...), estender às reivindicações da entidade a preocupação, reflexão e reinvidicação com
as condição de trabalho, além da já existente proposta em pauta de reinvidicação ao governo, da
diminuição do número de alunos em sala de aula: ausência do material de apoio à docência, em
substituição à ausência de laboratórios na grande maioria das escolas públicas, no que se refere
às ciências da natureza, e a disparidade entre as metodologias dos cadernos enviados pelo estado
para subsidio ao professor, e a realidade vivida, sendo esta última caracterizada pela carência de
recursos.”
21 Enquanto o governo responsabiliza os servidores da educação pelas mazelas enfrentadas,
nada faz para realmente enfrentá-las, como por exemplo, ações para a redução o número de alunos
por sala de aula. Na última conferência da CNTE (tabela abaixo) corretamente se propôs o número
de alunos por modalidade de ensino, observando um atendimento de qualidade:

0 a 2 anos 6 crianças por professor


EDUCAÇÃO INFANTIL 3 anos 10 crianças
4 a 5 anos Até 15 crianças
Anos iniciais 20 estudantes por professor
ENSINO FUNDAMENTAL
Anos finais 25 estudantes por professor
ENSINO MEDIO 30 estudantes

22 Apesar dos ataques à educação existem pontos de apoio extraídos pela resistência dos
trabalhadores! Em 2008, a luta de 30 anos pela aprovação da Lei do Piso Salarial do Magistério se
tornou realidade. Mas até hoje ele não foi implantado e muito menos estendido aos funcionários.

92 Caderno de Teses
TESE 7
23 A ação movida no Supremo Tribunal Federal (STF) por cinco governadores capitaneados pelo
PSDB, acabou servindo de desculpa para que ele não fosse aplicado na base do plano de
carreira do magistério. A Procuradoria Geral da República considerou improcedente Ação de
Inconstitucionalidade (ADI 4.167) ajuizada e destaca que a Lei do Piso é constitucional. Falta ainda
a justiça julgar o mérito sobre a vinculação do Piso aos vencimentos iniciais de carreira e sobre a
destinação de um terço da carga horária dos professores para atividades fora de sala de aula.
24 Não vamos esperar que o Judiciário decida sobre nosso direito ao Piso. A Lei está ai. Ela pode
e deve ser aplicada! Vamos exigir que o Presidente Lula tome todas as medidas para implementar
a Lei do Piso nos Estados, a começar por derrubar a ação no STF.
25 Mas, nossas dificuldades também têm outra origem: a APEOESP está paralisada diante da
discussão sobre valores do piso. Alguns dizem que é uma manobra de Lula e que seu valor baixo
relacionado à jornada de 40h não compensa a luta pela aplicação em São Paulo. O fato é que em
São Paulo a categoria não fez o debate necessário pela aplicação do Piso. Aqui, pouco se fez em
resposta aos inúmeros chamados da CNTE na luta nacional pelo piso.
A lei do Piso Nacional da Educação é uma vitória dos trabalhadores em educação, pois está
26
contra a política de municipalização da educação e de fragmentação da categoria, imposta nas
últimas décadas sob o impulso do Banco Mundial. O fato do valor definido na lei do Piso Nacional
da Educação ser de R$ 1.024,67 para a carga de até 40 horas semanais, não invalida a conquista.
Piso é um valor inicial e deve ser aplicado à menor jornada, consequentemente, majorando os
valores da carreira do magistério. Redução de salários, como alguns falsamente alardeiam, é
fantasia para confundir a categoria. O argumento de que o Piso é “Teto salarial” se ampara em
confusões gestadas por governos, a começar pelos do PSDB, que não querem aplicar a lei. Em
São Paulo, ampliaria as horas atividades, abrindo a necessidade de concurso público para mais
professores. Com a lei, um professor de Artes (ou Inglês) cumpriria seu horário num único período,
um professor de língua portuguesa cumpriria a jornada em menos de 5 dias da semana. Isso dá
um impacto imediato na vida dos que estão nas salas de aula, melhorando a qualidade e, também,
abriria milhares – 60 mil - de postos de trabalho.
27 A lei do piso diz respeito aos trabalhadores de São Paulo que priorizam a unidade, a independência
e a luta em defesa da educação pública nacional! São milhares de profissionais pelo Brasil afora que
ganham muito menos que os R$ 1.024,67 e sem horas/atividade. O engajamento da APEOESP na
luta nacional chamada pela CNTE pela aplicação da lei (com os R$ 1.312,85 reivindicados), contra
os governos do PSDB, é o caminho mais curto para impor o piso do Dieese e jornadas com 50%
de hora/atividade (reivindicação histórica e aprovada em congressos da categoria). Engajarmo-
nos na aplicação da Lei do Piso em São Paulo significa lutar por novos avanços – ampliar o valor
e estender a todos os trabalhadores em educação, exigir o fim do PDE que contem a avaliação de
desempenho, o fim da municipalização. A lei avança sobre a discussão de jornada, sobre a carreira
e a unificação de uma categoria nacional que se bate contra a flexibilização, o sucateamento e a
privatização.
28 Chega de vacilação! Precisamos colocar como atividade central da APEOESP a luta pela
implementação da Lei do Piso, na base do plano de carreira para todos os trabalhadores em
educação.

Plano de lutas específicas:


29
• Aplicação da Lei do Piso e extensão para funcionários de escola! R$ 1.312,85 desde a menor
jornada, incidindo e majorando os salários em todas as jornadas e níveis da carreira, com 1/3
de hora-atividade em todas as jornadas;
• Reajustar os salários em 34,3%!
• Revogar a Lei 1093 (provas dos professores contratados - OFAs);
• Revogar a Lei 1094 (concurso regional e escola de formação);
• Revogar a Lei 1097 (prova de aumento por mérito);
• Revogar a Lei 1041, que restringiu as faltas por motivos médicos a apenas seis por ano;

Caderno de Teses 93
TESE 7
• Redução do número de alunos segundo o estudo da CNTE;
• Aplicar a Lei do Piso Nacional do Magistério;
• Por um plano de carreira, com evolução real por tempo e títulos;
• Médico do trabalho na APEOESP, para fornecer o CID, que caracteriza doença profissional;
• Regulamentar o cumprimento da jornada/carga horária de 12 aulas em no máximo 2 dias na
semana;
• Pela Profissionalização dos Professores Eventuais com salário definido por jornada e carreira;
• Incorporação de todas as gratificações inclusive para os professores aposentados;
• Respeito à liberdade sindical: pela liberação de ponto dos dirigentes das subsedes;
• Pagamento integral e retirado do prontuário dos servidores os dias descontados por participação
em greves;
• Contra a meritocracia! Trabalho igual, salários iguais. Por isonomia salarial;
• Contra as ‘parcerias’ privatistas, não aos convênios com ONG´s e empresas privadas;
• Por concurso público classificatório para PEBI e PEBII e nomeações dos aprovados;
• Pelo direito à aposentadoria especial para os professores readaptados!
• Pelo fim da desregulamentação da docência: professor em regência tem de ser licenciado!
• Contra toda forma de terceirização!
• Pela redução e limitação do número de alunos por sala de aula.
• Pela reversão e fim da municipalização na educação!
• Por concurso público para Coordenadores Pedagógicos.

30 Lutas Gerais:
• 40 horas semanais: Redução da Jornada Sem Redução de Salário;
• Fim ao fator previdenciário;
• Por um novo marco regulatório do petróleo, apoio ao Projeto da Federação Única dos
Petroleiros, (FUP) e dos movimentos sociais, que retoma o monopólio estatal do petróleo para
a Petrobras 100% Estatal;
• Pela reforma agrária, atualização imediata dos índices de produtividade da terra;
• Reestatização da Companhia Vale do Rio Doce, Embraer entre outras empresas privatizadas;
• Revogação da Lei que criou as Organizações Sociais;
• Em defesa da liberdade e autonomia sindical, ratificação imediata da convenção 87 da OIT;
• Retirada das Tropas Brasileiras da Haiti. O Haiti precisa de médicos, enfermeiros e engenheiros
e não de soldados;
• Revogação da Emenda 40. Paridade entre ativos e inativos;
• Anulação do contrato com o Banco Mundial com o Governo do Rio Grande do Sul de
refinanciamento da dívida; Pelo fim do pagamento da dívida do Estado com a União!

Balanço da Subsede de diadema x municipalização.


31 Os companheiros da Oposição Alternativa fizeram muito pouco para combater a municipalização
e a Oposição Reconstruir só ficou na base da denuncia. Por isso faço um balanço negativo, sem
nenhum medo, já fiz nos RE’s, mas agora estou fazendo por escrito para toda a categoria.
32 Mesmo a APEOESP CENTRAL dando apoio político e material como: carro de som, não tinha
quem fosse falar com a comunidade, precisei pedir para a Central gravar um CD. E das 80 mil
cópias de carta aberta a comunidade sobraram mais de 30 mil. A Subsede de Diadema deixou muito
a desejar, pois desrespeita a luta contra a municipalização.
33 A COORDENAÇÂO da subsede Conlutas/Intersidical não convocou uma reunião da executiva
para organizar a luta e a resistência. As mobilizações só ocorriam nos dias das sessões. Poucos

94 Caderno de Teses
TESE 7
membros da executiva levaram essa luta a serio! Que balanço vão fazer os companheiros que não
lutaram? E os que não visitaram as escolas para barrar a municipalização? Os trabalhadores não
podem pagar pelos erros dos governos do PT. Devemos defender os direitos dos trabalhadores sim,
porque, estes não podem pagar pelos erros de qualquer governo. Mas os professores fizeram a sua
parte, foram à luta até o fim.
34 Com proteção policial, vereadores aprovam projeto do prefeito.
35 À medida que os manifestantes iam chegando, eram surpreendidos com o esquema de segurança,
da Guarda Civil Municipal: cachorros e cassetetes foram usados para reprimir o movimento.
36 Professores e professoras, diretores e diretoras, funcionários, e funcionárias de escolas, pais
de alunos, alunos e sindicalistas foram até a Câmara, para dizer não a municipalização. Mas foram
recebidos por uma forte repressão policial, montada para garantir a aprovação do projeto.
37 A sessão começou às 14h00min. E em meia hora, os parlamentares resolveram apreciar a
pauta do dia com 5 itens – a municipalização foi o ultimo a ser votado a toque de caixa.Foi ai que
começou a confusão, com o inicio da leitura do projeto.
38 A confusão começou com a leitura do projeto. Diante da reação de alguns professores pularam
a contenção que separa os vereadores do publico, o presidente da Câmara, vereador Maninho do
PT, acionou a Guarda Civil Municipal, que começou a jogar gás de pimenta nos trabalhadores da
educação, colocando em risco crianças e professoras grávidas que estavam presentes.
39 A forma, a qual foi ocupada, por alguns manifestantes que entraram quebrando os equipamentos.
Não ajudou, para barrar à votação e sim para mudar o foco da nossa luta, onde fomos chamados
de vândalos pela imprensa.
40 Vereadores que votaram a favor da municipalização: Zé Antonio (PT), Zé do Norte (PT), Orlando
Vitoriano (PT), Maninho (PT), Laércio Soares (PCdoB), Cida Ferreira (PMDB), Milton Capel (PV),
Pastor Edmilson (PRB), Talabi (PSC) e Zé Dourado (PSDB). Vereadores que votaram contra a
municipalização, mas votaram a favor das emendas: Vaginho (PSB), Célio Boi (PSB), Marcio da
Farmácia (PSDB), Lauro Michels (PSDB) e Marion (PTB) o único voto contrario o projeto e as
emendas foi o da Vereadora Irene (PT).

A luta deve continuar para revogar a municipalização do ensino.


41 Com a aprovação da Emenda Constitucional Nº 59, de 11 de novembro 2009, a educação básica
obrigatória e gratuita dos 4(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade. Precisamos dar continuidade
ao movimento pela construção de mais Creche e Escola Infantil, para evitar a municipalização.
42 Durante as visitas às escolas, no processo da municipalização recebi 1.532 assinaturas que os
professores pegaram, pois foi uma proposta votada na assembléia regional e a subsede não deu
continuidade.
43 Devido à municipalização das Escolas: EE José Martins, EE Átila, fecharam o período noturno
e agora são as Escolas: EE Mario Santalucia e o EE Piró. Mas os alunos e os professores da
Escola Mario Santalucia lutaram contra o fechamento do período noturno e a municipalização. No
dia 22/10/09 fizeram uma manifestação enfrente a Escola por 2 horas e a luta continuou. O dia
29/10/09 os alunos e os professores realizam uma passeata da Escola EE Piró até a Escola EE
Mario Santalucia, mesmo debaixo de chuva. Os alunos aprovaram em assembleia que iam usar a
Tribuna Livre da Câmara Municipal no dia 12/11/09 às 14h00min, para protestar contra o fechamento
do período noturno e a municipalização das escolas.
44 Ainda é possível a subsede da APEOESP de Diadema, levar o combate contra a municipalização
e juntar-se ao movimento dos alunos, o Comitê em defesa da educação mobilizar os professores e
a comunidade escolar, pela revogação da municipalização e o atendimento de todas as crianças de
0 (zero) a 5 (cinco) anos que estão fora das creches e pré-escoas.
45 No dia 2 junho, em reunião com os pais, o prefeito usou a premissa, que a municipalização
melhora a educação, porque a comunidade estar mais próxima do prefeito veja hoje eu estou aqui
com vocês, e o governador está muito longe, e podemos tomar as decisões mais rápidas!
46 Nós, professores (as), da rede pública estadual, lotados no município de Diadema, em

Caderno de Teses 95
TESE 7
desacordo com projeto enviado ao parlamento municipal de Diadema, resolvemos provar para os
parlamentares desse município os dados referentes ao quadro de Professores (as) e funcionários,
lotados por escola, com a sua respectiva função/cargo e situação funcional, como segue:
Escolas municipalizadas e as conseqüências: veja gráfico abaixo.
EE Profª Fabíola Lima Goyano .
EE Dr. Átila Ferreira Vaz.
EE Dr. José Martins da Silva.
EE Prof. Francisco Daniel Trivinho.
EE Inspetor Reinaldo José Santana (Piró).

EE INSPETOR REINALDO JOSE SANTANA (PIRÓ) – INAMAR.


Relação de Professores (as) e funcionários
Professor Professor Professor Professor Professor Professor Funcionários:
(a) PEB II (a) PEB II (a) PEB I (a) PEB I (a) PEB I (a) Diretor, PCP,
- Efetivo - *OFA - Efetivo - OFA - Efetivo - Readaptado Vice, etc.
Conveniado
10 07 25 25 23 04 13

EE PROFa. FABÍOLA LIMA GOYANO – INAMAR.


Relação de Professores (as) e funcionários
Professor Professor Professor Professor Professor Professor (a) Funcionários:
(a) PEB II (a) PEB (a) PEB I (a) PEB (a) PEB Readaptado Diretor, PCP,
- Efetivo II - OFA - Efetivo I - OFA I – Efetivo- Vice, etc.
Conveniado
0 03 30 10 04 03 07

EE Dr. ÁTILA FERREIRA VAZ – ELDORADO.


Relação de Professores (as) e funcionários
Professor Professor Professor Professor Professor Professor (a) Funcionários:
(a) PEB II (a) PEB II (a) PEB I (a) PEB (a) PEB Readaptado Diretor, PCP,
- Efetivo - OFA - Efetivo I - OFA I – Efetivo- Vice, etc.
Conveniado
09 10 26 14 09 0 08

EE Dr. JOSE MARTINS DA SILVA – ELDORADO.


Relação de Professores (as) e funcionários
Professor Professor Professor Professor Professor Professor Funcionários:
(a) PEB II (a) PEB II - (a) PEB I (a) PEB (a) PEB (a) Diretor, PCP,
- Efetivo OFA - Efetivo I - OFA I – Efetivo- Readaptado Vice, etc.
Conveniado
15 16 32 14 03 03 08

96 Caderno de Teses
TESE 7
EE PROF. FRANCISCO DANIEL TRIVINHO – CENTRO.
Relação de Professores (as) e funcionários
Professor Professor Professor Professor Professor Professor Funcionários:
(a) PEB II (a) PEB (a) PEB I - (a) PEB I - (a) PEB (a) Diretor, PCP,
- Efetivo II - OFA Efetivo OFA I – Efetivo- Readaptado Vice, etc.
Conveniado
04 06 22 16 09 02 06
*OFA: Ocupante de Função Atividade.

47 A municipalização em Diadema continua já são nove escolas. E das 15 escolas que estavam
prevista para municipalizar esse ano de 2010. Só foi escolhida uma no dia 30/08/2010.

Caderno de Teses 97
TESE 7
Proponentes:
Subdede Diadema.
Marina Inês do Nascimento – EE Pedro Madoglio (RE);
Francisco Gomes de Lima – EE Pedro Madoglio (RE);
Maria da Conceição Carvalho Pessoa – EE Orígenes Lessa (RE);
José Reinaldo de Matos Lima – EE Amadeu Odorico de Souza (Diretor Estadual da APEOESP);
Maria de Fátima Santos Ferreira - EE Amadeu Odorico de Souza;
Helaine C. Ferreira - EE - Amadeu Odorico de Souza;
Helione S. Piccolo - EE Amadeu Odorico de Souza;
Maria Eni do Carmo - EE Amadeu Odorico de Souza;
Ednéia Cristina Scapin - EE Amadeu Odorico de Souza;
Maria Lenir dos Santos Rodrigues – EE Amadeu Odorico de Souza Maria Aparecida Barros
Lemos Coutinho - EE Amadeu Odorico de Souza;
Eliane Maria de Lima Oliveira - EE Amadeu Odorico de Souza;
Sandro Pegaz - EE Amadeu Odorico de Souza;
Maria de Fátima Santos Ferreira - EE Amadeu Odorico de Souza;
Rosana Auxiliadora Finoti Domingos – EE Amadeu Odorico de Souza;
Rosana Vieira da Silva – EE Amadeu Odorico de Souza;
Alba Rodrigues Barbosa – EE Amadeu Odorico de Souza (RE);
Neide Aparecida Huggler – EE Amadeu Odorico de Souza (RE)
Vagner Rodrigues da Graça – EE Evandro Caiafa Esquivel (RE)
Marina Martins – EE Anecondes Alves Ferreira (RE);
Erivaldo Silva Freitas – EE Anecondes Alves Ferreira;
Telma Oliveira Flauzino – EE Tristão de Athayde (RE);
Daniel Carlos Pereira – EE José Fernando Abbud RE);
Eny Diniz Pacheco Santos - EE Rodrigo Soares Junior Jornalista;
Raimunda Helena Pereira - EE Arlindo Bettio;
Esmeralda Oliveira Vera Cruz - EE Aldemir de Souza Castro;
Walter Soares Vaz Junior EE José Piaulino;
Rosangela Maria S. F. Gloser - EE Diadema;

Subsede Osasco:
Cleide Donizetti Oliveira Rosa – EE Américo Marco Antonio;
Ana Paula dos Santos – EE Francisco Matarazzo Sobrinho:
João Domingos Sampaio – EE Prof Neuza de Oliveira Prévide;

Subsede Norte:
Heitor Cláudio Leite e Silva – EE Guilherme de Almeida;
Wilson Araújo – EE Guilherme de Almeida;
Nilzete Diogo Araujo – EE Guilherme de Almeida;
Rogério Luiz Fuzeto – EE Guilherme de Almeida.

Subsede Lapa:
Francisco Donizetti - EE Ciridião Buarque (RE);
Roberto Torres da Silva – EE Brigadeiro Gavião Peixoto;
Rogério Tadeu Gonçalves Martinelli - Conselheiro Regional.

98 Caderno de Teses
TESE 8
TESE 8
“POR UMA APEOESP INDEPENDENTE E DE LUTA”

Coletivo de Educadores Independentes e de Luta

I. Conjuntura Internacional

“Os donos do capital incentivarão a classe trabalhadora a adquirir, cada vez mais, bens caros,
casas e tecnologia, impulsionando-a cada vez mais ao caro endividamento, até que sua dívida se
torne insuportável” (Karl Marx)

Crise na América do Norte


1 A crise estrutural do sistema capitalista, que teve como estopim o colapso ou estouro da bolha
de crédito com o aumento da inadimplência dos títulos imobiliários nos Estados Unidos, centro
financeiro e pilar de sustentação de toda política de espoliação e exploração do trabalho em
nível mundial, mostrou mais uma vez a incapacidade de contenção do ímpeto do sistema de se
autodestruir e de se reconstruir através da reprodução do sistema com mais exploração. A crise,
que em seu início era apresentada como setorizada pelos controladores dos mercados financeiros
e não se tratava supostamente de algo estrutural, mostrou- se logo em sua realidade: uma crise de
todo o sistema, que poderia levar a bancarrota toda a economia capitalista.
2 No entanto, como é de praxe nestes momentos de turbulências, acabam-se os discursos dos
liberais e da burguesia financeira e industrial da auto regulação dos mercados, e, de conjunto,
defendem a intervenção do estado para salvar o sistema, principalmente o financeiro e bancário
que especularam com títulos da dívida imobiliária e apresentavam balanços fraudulentos com
a complacência do banco central (FED) e das grandes agências de avaliações de riscos que
supostamente auditavam seus balanços e saúde financeira. Exemplos disso foram falências de
grandes bancos, montadoras de automóveis e empresas de créditos imobiliários, entre elas o
Citibank, Chrysler e General Motors, ícones do capitalismo americano.
3 O processo de desconfiança esparramou-se por todos os setores da economia e com isso os
bancos começaram a ter perdas com os títulos, muitos deles com créditos duvidosos, e reduziram
seus financiamentos tanto para as empresas, como aos consumidores, além das quebras e falências
de vários deles, aprofundando mais ainda os efeitos da crise, visto que, a economia americana tem
forte base no consumo e no endividamento através do crédito. Em dezembro de 2007 a economia
americana já estava em recessão.
4 A economia americana, como tem influência e peso no PIB e comércio mundial, espalhou o
efeito de seus problemas, que já são tão profundos como aqueles causados pela crise de 1929, para
o resto do mundo como o desemprego altíssimo em suas fronteiras para os padrões americanos,
queda nos investimentos privados e cortes nos investimentos públicos, principalmente nas áreas
sociais.
5 O financiamento dado pelo governo Barack Obama e pelos estados (inclusive com a falência de
alguns, como é o caso da Califórnia) agora faz falta para a economia, pois os banqueiros, quando
se viram com financiamentos fartos e baratos, não pensaram duas vezes em reativar a ciranda e a
especulação financeiras agora com títulos públicos e com pagamentos de vultosos prêmios e bônus
para seus executivos.
6 Note-se aqui que os investimentos na máquina de guerra americana não têm sofrido abalo
financeiro, muito pelo contrário, seu orçamento só tem aumentado, inclusive com a anuência e
aprovação do Congresso. Porém sua atuação tem sofrido crítica, pois os resultados tanto no Iraque
como no Afeganistão por mais que a propaganda oficial tente apresentar avanços, não é o que

Caderno de Teses 99
TESE 8
tem acontecido, o que a realidade mostra é totalmente contrário aos desejos da Casa Branca e do
Pentágono, não existe possibilidade de vitória militar e de pacificação imediata.
7 A insurgência no Iraque e no Afeganistão está mais atuante e organizada e causando baixas
e instabilidade até no alto comando das tropas imperialistas, inclusive com críticas abertas dos
generais de campo às políticas de Barack Obama para a região e de como conduzir a guerra,
além é claro da opinião pública que as tem como batalhas perdidas e gastos desnecessários que
poderiam ser investidos na geração de empregos nos Estados Unidos. Não foi por acaso que o
presidente estadunidense anunciou a retirada das tropas do Iraque.
8 Enquanto isso, a economia não se recupera, a crise se aprofunda e agora a bola da vez são as
dívidas contraídas pelos países para salvarem seus sistemas financeiros. Segundo o “The New York
Times”, entre janeiro do 2009 e março de 2010 o banco central americano comprou no mercado
1,25 trilhões de dólares em títulos que têm lastros nas hipotecas que não vêm sendo pagas pelos
compradores de imóveis e 175 bilhões em dívidas de empresas que passaram para o controle do
governo e também 300 bilhões em títulos do tesouro, fundos estes que poderiam ser aplicados em
geração de empregos e nas áreas sociais para socorrer os milhares que estão desempregados por
todo o país.Tudo isso tem gerado aumento do déficit público e enorme desequilíbrio orçamentário.
9 Com todo esse arsenal de manobras, a economia americana não tem dado sinais de
aquecimento e recuperação, o consumo segue apertado, a poupança interna tem aumentado, pois
os consumidores têm contido suas compras com receio do endividamento e do desemprego. Com
isso, a recessão continua por mais tempo arrastando consigo toda a economia mundial. Segundo
os analistas do mercado, vários países ricos apresentarão índices de crescimento e PIB menor que
nos anos anteriores.

A crise na Europa
10
A crise, que num primeiro momento teve seu ápice na América do Norte, não demorou a atingir
os grandes centros financeiros do velho mundo: o continente europeu, por conta dos mercados
globalizados, característica própria do sistema capitalista contemporâneo.
11
A realidade das instituições financeiras européias não era e não é diferente daquela encontrada
na América do Norte: balanços manipulados e fora da realidade, instituições alavancadas para além
de suas garantias e títulos de origens e lastros duvidosos, além é claro, das desconfianças pela
quebra de grandes bancos e instituições de cunho multinacional.
12 Diferentemente do governo estadunidense, que no início acreditava que a crise era setorizada
no mercado imobiliário, os governos e bancos centrais europeus não demoraram em agir, injetaram
centenas de trilhões de euros e dólares na tentativa de conter a crise e evitar a quebradeira do
sistema.
13 A crise estrutural, que mostra a fragilidade do sistema capitalista e sua necessidade de
reprodução através da especulação financeira, alastra-se como pólvora pelo globo, levando consigo
as economias mais frágeis da periferia da zona do euro, ou seja, os elos mais fracos da corrente.
Países como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália estão com endividamento, em razão do
socorro estatal ao mercado financeiro acima dos índices acordados para criação da zona do euro.
14 Esse fato traz sérias e graves consequências não só para a manutenção da unidade monetária
européia, mas também para a unidade do bloco político como um todo. Os países endividados não
têm os meios necessários para honrar seus débitos e causam com isso mais desconfianças no
fragilizado mercado e nas economias de toda a Europa, levando seus títulos da dívida pública a
rebaixamentos e graus de riscos elevadíssimos e consequentemente a pagarem juros estratosféricos
para os padrões europeus e conseguirem o financiamento delas.
15 Neste ponto, conta também que esses países não podem contar com a emissão de moeda,
como faz os Estados Unidos, ou através da emissão de títulos da dívida pública, pois eles não têm
o mesmo peso da economia americana, porque, apesar da crise, seus títulos continuam a ter peso
e valor de mercado. A periferia da Europa necessita que as grandes economias da região façam os
empréstimos para sanear suas finanças.
16 Porém, países como a Alemanha não tem disposição para tanto, pois sofre pressões internas de

100 Caderno de Teses


TESE 8
sua população que argumenta que os países em dificuldades tem sido perdulários e se endividaram
acima de suas possibilidades e o povo germânico não tem que socorrê-los. O Banco Central
Europeu, juntamente com o FMI, agência esta não aceita na zona do euro com o argumento de que
os problemas europeus eles mesmos resolveriam, acabaram entrando com recursos para socorrer
as economias cambaleantes.
17 Para garantir os empréstimos e seu pagamento, essas instituições elaboraram um conjunto de
metas que devem ser cumpridas pelos tomadores e as mesmas não se diferenciam do receituário
neoliberal aplicado por décadas nos países do terceiro mundo, principalmente na América Latina.
18 Essas medidas vão de encontro às conquistas dos trabalhadores europeus depois de décadas
de lutas, como por exemplo, o sistema de aposentadorias e serviços médicos, passando pela
redução dos salários dos servidores públicos, aumento da jornada de trabalho da iniciativa privada
e elaboração da reforma trabalhista.
19 As saídas encontradas pelo capital, para conter as manifestações de sua crise estrutural, não
são diferentes daquelas aplicadas em outras épocas e regiões. São sempre jogadas nas costas
dos trabalhadores, sejam eles europeus, estadunidenses ou pertencentes ao terceiro mundo, os
chamados emergentes.
20 A aplicação das medidas ditadas pelo FMI tem encontrado resistências por parte dos trabalhadores
europeus, pois atacam seus direitos fundamentais. A Grécia, país mais atingido pela crise, ao tentar
conter o déficit público através principalmente da contenção dos investimentos estatais e do corte e
diminuição dos direitos do funcionalismo, teve como resposta várias greves gerais.
A violência das medidas como a reforma trabalhista, mudança na aposentadoria como a
21
elevação da idade e do tempo de contribuição tem colocado o velho continente e seu proletariado
em marcha e no caminho das mobilizações. Outros países como Espanha, Portugal, Itália, Irlanda
com suas economias afetadas pela crise e o alto endividamento têm sofrido os mesmos riscos, pois
o receituário é o mesmo aplicado na Grécia.

II. Conjuntura Nacional

A crise no Brasil
22 A crise econômica que abateu o capitalismo mundial afetou toda a economia globalizada. Porém
se começou nos Estados Unidos, e posteriormente se alastrou pela continente europeu, quando os
analistas internacionais avaliavam que era restrita ao mercado americano, mostrou seus efeitos
também nas chamadas economias emergentes que a princípio afirmavam que estavam descoladas
do centro da crise.
23 No Brasil, seus efeitos foram fortes, porém as condições eram favoráveis para amenizar seus
estragos, pois os indicadores econômicos facilitaram a aplicação de medidas por parte do governo.
Esses indicadores, lastreados por níveis de reservas em dólares em torno de 240 bilhões, deram
margem para que os efeitos da crise fossem amenizados, mantendo a confiança do mercado e dos
credores internacionais na capacidade do país honrar os compromissos com a rolagem da dívida
e o pagamento dos juros. Aliado a isso, o país tornou-se grande exportador de commodities, como
minério de ferro e produtos agrícolas, principalmente para o mercado chinês.
24 A turbulência econômica causou a desaceleração da economia, gerando por parte do setor
empresarial, principalmente o metalúrgico ligado às montadoras multinacionais, demissões em
massa, cortes nos investimentos e por conta também da crise em suas matrizes (GM, FORD),
alcançou o setor aeronáutico, com a Embraer demitindo por volta de 4500 trabalhadores. O
seguimento de mineração teve como carro chefe nas demissões a Vale do Rio Doce, juntamente
com o setor bancário que freou os empréstimos tanto para o crédito ao consumidor, como o
financiamento interbancário causando pânico no chamado mercado e derrubando o crescimento
econômico que vinha em trajetória ascendente até então.
25 Cabe ressaltar aqui, que os bancos nacionais não sofreram com os mesmos problemas que os
grandes bancos estadunidenses e europeus, pois se encontravam fortalecidos pelos altos lucros,

Caderno de Teses 101


TESE 8
por conta do PROER e da concentração bancária ocorrida e patrocinada no governo anterior. Alguns
bancos de pequeno porte tiveram problemas e foram adquiridos pelos grandes bancos nacionais
(compra do Unibanco pelo Itaú) ou pelos estatais (compra do Votorantin pelo Banco do Brasil).
26 No primeiro governo Lula, a Carta aos Brasileiros foi a chave para angariar o apoio de setores
refratários a candidatura petista e esta não traiu os compromissos assumidos com o grande capital,
tanto nacional como internacional, e não seria num momento de crise que o governo iria deixar seus
novos companheiros com o pires na mão e promover uma ruptura.Como afirmava o documento,
a política econômica continuou a mesma, ou seja, tudo para os empresários, latifundiários do
agronegócio e banqueiros e nada para os trabalhadores.
27 O governo Lula, aos primeiros sinais da crise, lançou um pacote de medidas para incrementar o
crescimento e o consumo lançando mão das isenções de impostos, créditos consignados, reduções
do imposto sobre produtos industrializados, tanto da chamada linha branca (fogões e geladeiras),
como automóveis e material de construção. Liberou e facilitou para as empresas o crédito via
BNDES com juros abaixo das taxas de mercado, além de incentivar o financiamento imobiliário pela
Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco do Nordeste. Todas essas medidas resultaram
no reaquecimento da economia e afastaram no momento o aprofundamento da crise. Por outro
lado, com todas essas facilidades para os empresários, os trabalhadores não tiveram vida fácil.
28 O controle por parte do governo sobre os movimentos reivindicatório continua firme, por meio das
centrais sindicais atreladas ao governo. Quando alguma categoria entra em luta, seja na iniciativa
privada ou no serviço público, é isolada e derrotada por conta da intransigência dos patrões e dos
agentes do governo em suas direções sindicais.
29 Aliada a esses entraves, a política assistencial com os programas de focalização como
Bolsa Família e outros têm contribuído para os índices altíssimos de aprovação ao governo e a
aproximação por parte dos movimentos sociais com o Partido dos Trabalhadores e a cooptação
do outrora combativo MST para cargos no governo, principalmente nas delegacias do INCRA,
junto com isso, as verbas, a fundo perdido, oferecidas pelo governo. Isso tem feito com que essas
entidades acabem por se confundir e defender as políticas de estado e arrefecer as críticas e os
enfrentamentos com as políticas de governo que vão de encontro aos interesses dos trabalhadores,
tanto do campo como da cidade.
30 Essa hegemonia das forças governistas sobre o movimento social e sindical causou estragos,
não só com a criminalização daqueles que não aceitavam sua tutela, como também auxiliou o
governo no aprofundamento das medidas que atacam e retiram direitos dos trabalhadores, a
exemplo da reforma da previdência, a manutenção do veto ao fator previdenciário, que diminui o
valor e aumenta o tempo para a aposentadoria, a aprovação da lei de greve, a falta de investimento
no ensino público e destinação de verbas públicas para o ensino privado, através do Prouni, e os
altos índices de desemprego entre a juventude até 24 anos, por volta de 15%, e 7% para aqueles
acima dos 25 anos.
Neste panorama de arrefecimento dos movimentos reivindicatórios e com um governo de frente
31 popular com índices de aprovação altíssimos, a luta passa pela reafirmação das bandeiras históricas
do socialismo e da independência de classes, pela denúncia do processo eleitoral e instituições da
burguesia, pela defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores, pela ruptura com o capitalismo
e ter o socialismo como saída para a classe trabalhadora.

III. Questão Educacional


32 A conjuntura para os trabalhadores, de fato, nunca foi favorável, mas nos últimos anos, tem se
agravado sistematicamente. Na área da educação não é diferente, e o que temos visto são medidas
de controle e desmonte da escola pública, com responsabilização dos professores pelo fracasso
escolar.
33 A política educacional nas diferentes esferas de governo (municipal, estadual e federal) segue
a lógica de organismos internacionais como o Banco Mundial, o BIRD e a UNESCO que orientam
aos governos a diminuição dos custos com o ensino público, flexibilização do ensino formal, mais
treinamento e menos formação especifica e o “saber fazer” em detrimento do investimento na
curiosidade epistemológica.
102 Caderno de Teses
TESE 8
34 Não há uma política pública que contemple a formação e a valorização dos professores e da
escola pública. Os salários dos profissionais da educação continuam desvalorizados, as condições
de trabalho continuam precárias - salas superlotadas, falta de material didático pedagógico de
qualidade, e de jornada de trabalho que contemple a formação continuada – são alguns exemplos
do descaso com a educação pública.
35 Defendemos uma escola pública gratuita, laica, democrática e de qualidade, para todos os
trabalhadores. Para isso é necessário que o salário do professor seja valorizado, que sua jornada
de trabalho contemple tempo para sua formação e preparo de atividades e que o número de alunos
por turma seja reduzido (15 alunos no ensino fundamental ciclo I, 20 no ensino fundamental ciclo II
e 25 no ensino médio).

Financiamento da Educação: A política de fundos de FHC e Lula


36 Desde os anos 90 no governo de FHC e agora, durante o governo Lula, temos presenciado a
aprofundamento de políticas neoliberais de esfacelamento do setor público, com verbas públicas
sendo destinadas ao setor privado e a implementação, seguindo a cartilha do FMI – Banco Mundial,
da política de fundos.
37 Foi assim que o governo de FHC criou o FUNDEF e o governo Lula, o FUNBEB dando
continuidade à política de fundos sob a alegação de que agora o fundo criado por seu governo
atenderia a todos os níveis da educação básica: ensino fundamental, ensino médio, a educação
infantil e a educação de jovens e adultos.
38 No entanto, como resultado dessa política, temos o avanço da municipalização, o ensino
fundamental de 9 anos, acabando com o terceiro estágio da educação infantil, recursos públicos
drenados para a iniciativa privada, já que o próprio FUNDEB prevê a parceria com as OSs, ONGs e
entidades filantrópicas e abandono do ensino superior, entregue, então, aos empresários de plantão.

Ensino fundamental de 9 anos – o descaso com a educação infantil


39 A ampliação do ensino fundamental para 9 anos, proposto pelo governo Lula em 2005, foi
mais uma manobra para referendar a política de fundos (neste caso o FUNDEB), em detrimento do
investimento real na educação básica. Essa política está coadunada com o ingresso de crianças
com menos de 6 anos no ensino fundamental. É uma medida que visa desafogar a demanda na
educação infantil, jogando para as escolas de ensino fundamental a tarefa de receber alunos com
idade inadequada, ignorando o desenvolvimento cognitivo dessas crianças, fazendo com que elas
pulem uma etapa na sua formação educacional.
40
A regulamentação da idade de ingresso no ensino fundamental depende de cada Estado. Na
Bahia, por exemplo, muitos municípios têm matriculado crianças de 5 anos e 6 meses. Há inclusive
um projeto de lei do Senador Flávio Arns (PSDB) aprovado na Comissão de Educação do Senado
que regulamenta essa idade para 5 anos. Após mobilização das entidades em defesa da educação
infantil, esse projeto ficou congelado.
41
Em São Paulo, tanto a rede municipal quanto a estadual implantaram o ensino de 9 anos, em
seus sistemas, a partir deste ano. No entanto, as escolas não têm condições estruturais para receber
alunos com essa idade. Não há mobiliário adequado e nem materiais pedagógicos específicos.
Como sempre, serão os professores e as escolas que deverão se adaptar à nova “realidade”, um
verdadeiro descaso com a educação pública.
42 O fracasso da escola pública está na falta de investimento por parte dos governos em seus
diferentes níveis (federal, estadual e municipal) e, portanto, o fato dos alunos aumentarem em
um ano a sua formação não garantirá melhoria em sua aprendizagem, ainda mais: não podemos
esquecer que esta política, na verdade, desvia verbas e tira da criança a possibilidade de frequentar
a educação infantil que tem sua particularidade e é tão importante para o seu desenvolvimento.
43 Somos contrários ao ensino fundamental de 9 anos, e devemos continuar a luta para que haja
investimento real em toda educação pública, garantindo assim que toda criança possa frequentar
uma escola, seja na educação infantil, no ensino fundamental, médio ou superior. Não ao FUNDEB;
pela aplicação de 15% no PIB em educação pública e estatal.

Caderno de Teses 103


TESE 8
Municipalização
44 A política de fundos incentiva a municipalização, na medida em que cresce o interesse dos
municípios em assinar o convênio para receber o repasse do fundo e não só isso, desobriga o
estado a atender a educação básica. O Fundef de FHC trazia isso no bojo de sua política que é
aprofundada pelo FUNDEB de Lula.
45 Em São Paulo, somente em 2009, 66 escolas estaduais de ensino fundamental de 1ª a 4ª séries
foram transferidas por meio da resolução SE 62, 20/08/2009, para a administração da prefeitura.
Estão nessa relação, escolas dos municípios de Diadema, Santa Isabel, Osasco, Aparecida,
Amparo, Caçapava e Bebedouro.
46 Esse é um exemplo da nefasta política de fundos que deve ser rechaçada por todos aqueles
que defendem uma educação pública de qualidade, gratuita, laica, para todos em todos os níveis.

Avaliações Externas: Política de Controle da Escola Pública


47 Nos últimos anos, temos visto uma série de avaliações externas que vêm sendo aplicadas nas
escolas públicas. No nível federal Provinha Brasil e Prova Brasil, além do ENEM (certificação do
ensino médio) e do ENAD (ensino superior). No nível estadual temos o SARESP e no município de
São Paulo, a Prova São Paulo. Em ambos os casos, a justificativa é a mesma: avaliar para conhecer
os problemas e melhor aplicar as verbas. Na prática não é o que ocorre, uma vez que as avaliações
têm sido utilizadas para desqualificar os professores, alunos e a educação pública em geral.
48 A lógica das avaliações externas é muito contraditória. Ao mesmo tempo em que todas as
teorias da educação apontam para a necessidade de se avaliar o aluno por diversas maneiras,
nesse tipo de avaliação, uma única prova é utilizada para apontar o rendimento de alunos e da
unidade escolar. E pior ainda, este resultado é utilizado para expor e penalizar alunos e professores.
Em 2008, as escolas que não atingiram a meta do IDEB, calculado a partir do resultado da Provinha
Brasil e da prova Brasil, receberam uma verba menor do governo federal. Já na rede estadual, o
IDESP, calculado a partir do resultado do SARESP, foi utilizado para o cálculo do bônus pago aos
professores e gestores.
Nos dois casos, vemos que não há nenhum interesse dos governos em melhorar a educação
49
pública, pelo contrário, o que há é uma penalização de alunos, professores e de toda comunidade
escolar.
O debate sobre a qualidade do ensino público não pode passar por avaliações externas. O
50
processo de ensino aprendizagem é muito mais complexo e requer intervenções político pedagógicas
e não provas. Certamente, a redução do número de alunos por turma, a melhoria das condições de
trabalho, com recursos materiais e pedagógicos de qualidade, salário digno para os profissionais
da educação, entre outros permitirão o melhor acompanhamento do professor na organização do
conhecimento.

Certificação no Ensino Fundamental e Médio: Precarização da Educação Básica


51 O incentivo e a valorização dos estudos em cursos presenciais, na modalidade da Educação de
Jovens e Adultos, estão cada vez mais ameaçados pela política educacional implementada pelos
diferentes governos. A brecha está na LDB que permite a certificação do aluno mesmo que este não
tenha freqüentado uma sala de aula, basta que seja aprovado em uma prova.
52 O ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos
– possibilita ao aluno conseguir um certificado de conclusão do ensino fundamental ou ensino
médio, desde que tenha sido aprovado na avaliação que acontece todo final de ano. O programa
sob responsabilidade do MEC é aplicado em todo Brasil, conforme adesão do sistema (municipal
ou estadual) de ensino. A única exigência é a de que o aluno tenha no mínimo 15 anos para a
certificação no ensino fundamental e 18 anos para a certificação no ensino médio. A partir deste
ano, também o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio será utilizado para certificar o aluno.
Neste caso, é necessário que se tenha concluído o ensino fundamental. É necessário que o aluno
obtenha 400 pontos em cada uma das provas da área de conhecimento e 500 pontos na redação.
A idade mínima exigida é de 18 anos.

104 Caderno de Teses


TESE 8
53 A última edição do ENCCEJA teve cerca de 370.000 inscrições em todo o país, um número
bastante elevado. A intenção do governo é eliminar a Educação de Jovens e Adultos presencial,
acarretando desemprego na categoria e a precarização da educação básica, uma vez que a
aprovação nos exames não garante a assimilação dos conteúdos mínimos exigidos na formação
teórico/científica do individuo.

Ensino médio inovador: mais um ataque à educação


54 O MEC propôs e o Conselho Nacional de Educação aprovou a nova reforma do ensino médio
que de nova não tem nada. Trata-se da reedição da Reforma de Paulo Renato, que, quando
ministro do governo de FHC, tentou implementar. O Ensino Médio Inovador prevê a substituição das
disciplinas por áreas de conhecimento, 20% de sua grade seriam de matérias optativas e poderiam
ser ministradas por ONGs, fundações, entre outras, além disso, estava previsto para 2010, a escolha
de 100 escolas para o recebimento de financiamento do ministério para promover a mudança.
Haverá dedicação exclusiva dessas unidades escolares, pois é exigência da reforma.
55 O resultado dessas mudanças serão entre outros fatores:
• a demissão dos professores, já que parte da grade pode ser ministrada por outros setores;
• mais uma vez recursos públicos destinados ao setor privado;
• a criação do professor polivalente, pois, os conteúdos serão ministrados por áreas;
• queda na qualidade de ensino.
É necessário lutar contra mais essa reforma do ensino médio, pois se trata de mais um ataque
56
à categoria de conjunto e à educação pública de qualidade para todos em todos os níveis.

Exame nacional de ingresso na carreira docente: mais um engodo para os professores


57 O Ministro da Educação, Fernando Haddad, publicou no Diário Oficial da União, em maio deste
ano, a Portaria Normativa nº 14 que institui o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente com
o objetivo de subsidiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios na realização de concursos
públicos para a contratação de docentes para a educação básica. Enquanto o magistério paulista
trava uma batalha contra Serra/ Goldman, o governo Lula implementa a mesma política no âmbito
federal. Tal proposta em nada melhorará as condições de trabalho dos professores, ao contrário,
fortalecerá os governos locais com a política de controle e precarização nos contratos de professores,
mesmo para os concursos públicos.
A justificativa é de que o exame pretende oferecer um diagnóstico dos conhecimentos dos
58 futuros professores para subsidiar políticas públicas de formação continuada e criar um indicador
qualitativo que poderá ser incorporado à avaliação de políticas públicas de formação inicial dos
docentes.
59 Na contramão dessa justificativa, temos visto cada vez mais a expansão dos cursos de formação
à distância, como o recém criado curso de Licenciatura em Ciências Biológica pela Universidade
de São Paulo, ou seja, o governo impõe medidas que visam responsabilizar o professor pelos
problemas na educação básica e ao mesmo tempo favorece a criação de cursos precários (como
os cursos à distância) de formação de professores.
60 Defendemos uma escola pública de qualidade em todos os níveis e, portanto, não podemos
nos iludir com essa medida que visa rotular e selecionar professores. Para melhorar os níveis da
educação básica, é necessário maior investimento na escola pública estatal e ampliação de vagas
em universidades públicas com cursos de graduação e de formação continuada, presenciais e de
qualidade.

A mercantilização do Ensino Superior


61 A demanda do ensino superior privado cresce em todo canto do país, motivada especialmente
pela política assistencialista do governo Lula que, via PROUNI, fortalece o capital por meio da
transferência de dinheiro público. Essa política assistencialista mascara a transformação da
educação em mercadoria e ao mesmo tempo promove uma falsa inclusão social.
Caderno de Teses 105
TESE 8
62 O ensino superior no Brasil tem se mostrado um negócio bastante rentável, o que tem levado
grupos estrangeiros a se apropriarem de parte significativa de instituições de ensino privadas.
Diversos foram os conglomerados educacionais formados somente no último período do governo
Lula (Estácio Participações S.A, Grupo Anhanguera-Morumbi e Rede Króton são alguns exemplos).
63 A expansão do ensino superior privado teve seu inicio na década de 90 no governo FHC e está
em pleno auge. O resultado dessa política é a formação precária dos profissionais nas mais diversas
áreas, sobretudo na educação, inclusive com a criação de cursos de graduação à distância, uma
vez que essas instituições de ensino não têm o compromisso de formar o indivíduo e gera uma
concepção absolutamente desfigurada de educação comprometendo gravemente a luta da classe
trabalhadora por uma escola pública e de qualidade.

PDE de Lula e as políticas de Serra/Goldman para a educação: partidos diferentes, mas


a mesma lógica neoliberal
64 O PDE (Programa de Desenvolvimento da Educação ou o PAC da Educação) institui a fórmula
empresarial para a educação pública, política fielmente aplicada pelo governo neoliberal do PSDB.
Agora é necessário o cumprimento de metas que serão aferidas pelo IDEB. Os sistemas de ensino
(municipal, estadual e federal) deverão alcançar a nota 6 até 2022.
65 Em São Paulo, o governo de Serra/ Goldman utiliza-se de um sistema semelhante ao IDEB, o
IDESP, para aferir as metas das escolas e pagar bônus mérito para os profissionais das unidades
que conseguirem cumpri-las. Qualquer semelhança não é mera coincidência.
66 O PDE instituiu o plano de cargos, carreiras e salários com seguintes critérios: avaliação de
desempenho, a formação e o mérito. No critério de mérito os professores devem ser avaliados de
acordo com sua pontualidade, assiduidade, desempenho e eficiência no trabalho. Os governos
municipais e estaduais entenderam bem a fórmula e aproveitam para culpabilizar o professor pelo
fracasso da educação pública.
67
O Piso Nacional Salarial do Magistério, proposto no PDE de Lula, tem como valor, atualizado
nesse ano, R$ 1.024,67 para uma jornada de 40 horas semanais. Uma proposta totalmente
rebaixada e que não contempla a reivindicação histórica do movimento sindical, o piso do DIEESE
(atualizado em julho para R$ 2.011,03). Além do mais o piso nacional do MEC é para uma jornada
de 40 horas semanais, um verdadeiro absurdo.
68 As leis recentemente aprovadas por Serra/ Goldman na ALESP, seguem o receituário do governo
federal, e prejudicam ainda mais os trabalhadores em educação. Dentre essas leis destacam-se: a
regulamentação na forma de contratação do OFA e a instituição de novas jornadas de trabalho para
o professor efetivo. Essas leis têm em comum a avaliação punitiva, além de ser um brutal ataque
à categoria de conjunto, pois precariza os contratos de trabalho, retira direitos, divide a categoria
em vários níveis, institui um cursinho de formação para os concursados, que só serão, de fato,
efetivados depois de duas provas e terem passado pelo estágio probatório.
69 A política educacional de Serra está embasada no PDE de Lula, porque ambas fazem parte
de um mesmo projeto político: avaliar para punir, drenar recursos públicos para o setor privado,
investimento mínimo nos setores públicos, política empresarial (cumprimento de metas) para a
educação, culpabilização dos professores pelo fracasso escolar.
70 Elencamos a seguir os principais ataques deferidos por Serra/Goldman, nos últimos anos, à
categoria do magistério:
Restrição da falta por motivo de saúde – Lei 1041/08
71 A lei 1041/08 foi mais um brutal ataque ao magistério paulista. As condições de trabalho e as
jornadas estafantes dos professores são fatores condicionantes que afetam a saúde do professor.
Apesar disso, o governo Serra/ Goldman aponta como saída a restrição da falta médica. Pela lei
aprovada em 2008, o servidor só poderá ter 06 ausências médicas no decorrer do ano e em caso
de comprovantes de horas, apenas para os professores que tiverem no mínimo 35 horas aulas
semanais. A justificativa é de que o professor utilize os momentos em que não está na escola para
realizar suas consultas médicas, como se dependesse do professor o dia e o horário de atendimento
no HSPE, um verdadeiro absurdo.

106 Caderno de Teses


TESE 8
72 A nossa luta é pela revogação dessa lei e pelo reconhecimento como doenças do trabalho,
àquelas em que os professores estão acometidos em decorrência das péssimas condições de
trabalho como a síndrome de Burnout, LER/DORT, etc.

Padronização do material didático


73 A distribuição das cartilhas, muitas vezes com erros crassos e expressões raciais como “samba
do crioulo doido” (volume 3 da cartilha de língua portuguesa da 8ª série/ 9º ano), além de ser uma
política de desrespeito à liberdade de cátedra do professor, impõe a padronização dos conteúdos
em todo o estado, desconsiderando totalmente às particularidades de cada região e de cada escola.
Nos últimos anos, o governo tem desperdiçado milhares de reais com a impressão dessas cartilhas
que muitas vezes são de péssima qualidade, um verdadeiro desperdício do dinheiro público.
74 É necessário que as escolas e docentes tenham autonomia e liberdade de cátedra para que
possam elaborar seus próprios materiais pedagógicos ou adquirir os de sua escolha.

Forma de contratação de professores – Lei 1093/09


75 A contratação de professores para a rede estadual ao longo dos anos tem se revelado um ato
de total desrespeito aos professores que passam por horas e horas de espera no momento da
atribuição de aulas.
76 A Lei 1093 aprovada no ano passado trouxe critérios que precarizaram ainda mais a forma de
contrato dos docentes Ofas. A imposição da “provinha” afastou da sala de aula inúmeros professores
com 10, 20 anos de experiência, criando o subemprego (jornada de 12 aulas, sem alunos). O recuo
do governo em maio de 2010 só ocorreu devido à falta de profissionais para completar o módulo nas
escolas, mas a lei da provinha continua em vigor.
77 Além da provinha, foram instituídas novas categorias de professores contratados: categoria
F (professor com aulas atribuídas até 02/06/07); categoria L (professor admitido após 02/06/07);
categoria O (professor contratado a partir de 17/07/09- lei 1093/09); categoria S (professor eventual
até 02/06/07); categoria I (professor eventual entre 03/06/07 e 17/07/09) e categoria V (professor
eventual contratado a partir de 17/07/09 – lei 1093/09).
78 Os professores OFAs da categoria F só poderão ser dispensados pelo governo se não se
inscreverem no processo seletivo. Se não forem aprovados, ficarão afastados da sala de aula e
receberão por 12 horas/aulas. Já os da categoria L, ficarão nas mesmas condições da categoria F
até 2011. A partir daí poderão ser dispensados. Para a categoria O, a lei obriga que esses cumpram
um interstício de 200 dias para que possam retornar a lecionar na rede estadual, ou seja, o professor
trabalha por um período de até um ano letivo e só poderá fazer novo contrato após 200 dias de
afastamento.
79 Essa medida em nada contribui para a melhoria da educação pública e nem beneficia os
profissionais em educação, pelo contrário, divide a categoria, prejudicando ainda mais as relações
de trabalho nas unidades escolares e não respeita o tempo de serviço do professor.
80 Pela atribuição de aulas classificatória, pela estabilidade do OFA.

As jornadas de trabalho e o “treinamento” dos concursados


81 Os docentes de São Paulo, estão sujeitos à quatro jornadas de trabalho diferentes. São elas:
Jornada Reduzida (10 h/a + 2 HTPCs); Jornada Inicial (20 h/a + 2 HTPCs); Jornada Básica (25 h/a
+ 3 HTPCs) e Jornada Integral (33 h/a + 3 HTPCs). Em todas essas jornadas, o tempo destinado à
preparação de atividades, bem como de formação para os professores é insuficiente, dificultando
assim o desempenho da profissão em sala de aula.
82 Para ingressar, como concursado, no magistério em São Paulo, não basta ser aprovado no
concurso público. É necessário que o professor faça um cursinho semipresencial (treinamento),
que seja aprovado para iniciar suas atividades em sala de aula e após o período de 3 anos (estágio
probatório) poderá ser efetivado (se atingir os 120 pontos na avaliação de desempenho).

Caderno de Teses 107


TESE 8
83 Defendemos concurso público classificatório de provas e títulos e em fase única e uma jornada
de trabalho de no máximo 30 h/a, sendo 50% para ministrar aulas e 50% para formação continuada
e preparo de atividades.

Promoção por mérito - Lei 1097/09


84 A promoção por mérito instituída pela Lei 1097 de 2009 foi mais um ataque à carreira do
magistério. Foram criadas cinco faixas para cada classe (professor, diretor e supervisor) e o interstício
de tempo para saltar de uma classe para outra é de 3 anos, além de ser necessário cumprir algumas
exigências como o tempo de lotação na mesma escola (80% do tempo de interstício), a assiduidade
(80% do tempo exigido na tabela de frequência) e a aprovação na prova obrigatória.
85 Por muitos anos, temos lutado por um plano de carreira digno, que valorize o professor e que
possibilite reajuste salarial considerando o tempo na carreira e os títulos (cursos de formação e
outros). A lei aprovada em outubro de 2009 não contempla nossas reivindicações, uma vez que
exclui parte da categoria deste processo, já que somente 20% dos profissionais poderão ser
promovidos e mesmo assim, se houver recursos financeiros disponíveis, acabando com a isonomia
salarial. Institui a meritocracia, política nefasta que penaliza os profissionais da educação.
86 A Apeoesp deve organizar a categoria para a luta pela derrubada dessa lei e pela implementação
de um plano de carreira que não tenha limite de faixas, que considere o tempo de trabalho do
professor e suas atividades de formação e de atuação na escola, como participação em projetos,
Conselho de Escola, APM etc. e que possibilite, de fato, ascensão salarial.

Programa Multiplicando Saber


87 O mais novo absurdo da política educacional de Serra/ Goldman é o Programa Multiplicando
Saber, projeto da SEE em parceira com o BID. Pelo projeto, alunos do ensino médio atuarão como
“professores” de matemática junto aos alunos do ensino fundamental (ciclo II), com dificuldades
nessa disciplina. Esses “alunos – professores”, denominados pelo governo como tutores, receberão
uma bolsa auxilio no valor de R$ 115,00 mensais e os alunos com dificuldades também receberão
uma bolsa no valor de R$ 50,00. O programa que se iniciaria em agosto desse ano foi adiado para
2011, devido repercussão negativa na mídia e no mundo acadêmico e certamente em virtude das
eleições gerais. O custo total do programa estava previsto em 663 mil dólares pelos três meses de
duração (setembro, outubro e novembro), ou seja, mais de 1 milhão de reais.
88 Dentre os vários absurdos desse programa, podemos destacar a desmoralização dos professores,
substituídos aqui por alunos do ensino médio; promoção da mercantilização da solidariedade em
sala de aula, uma vez que, eventualmente, ocorre entre os alunos (colegas de classe ou não) a
ajuda mútua para sanar dificuldades nas diferentes disciplinas e a “premiação” dos alunos com
baixo desempenho (incentivo monetário).
89 Entendemos que o sucesso escolar está diretamente associado à melhoria das condições
socioculturais dos nossos alunos e medidas eleitoreiras apenas servem para escamotear os
problemas que a sociedade e a escola pública vêm enfrentando em virtude da desigualdade social.
90 No mais, ações de apoio à aprendizagem, passam por intervenções pedagógicas desenvolvidas
por professores. Nesse sentido, defendemos formação de turmas de reforço escolar com no máximo
08 alunos e aulas atribuídas a docentes habilitados.

Bonificação de Resultados
91 A Bonificação de Resultados (bônus) está diretamente atrelada ao cumprimento das metas
estabelecidas para cada unidade escolar. As metas estão vinculadas ao Índice de Desenvolvimento
da Educação do Estado de São Paulo – IDESP, calculado a partir do desempenho dos alunos nos
exames do SARESP e o fluxo de aluno na escola (retenção e evasão).
92 Por este motivo, é comum nas escolas a forte pressão para que o plano de trabalho do professor
contemple a abordagem de temas/ conteúdos do SARESP, numa verdadeira afronta à capacidade
de trabalho do professor. Muitas vezes são organizadas avaliações, com questões do SARESP,
bimestrais, num claro objetivo de treinar o aluno para se ter um bom desempenho.
108 Caderno de Teses
TESE 8
93 Essa política de bonificação nos deixou reféns do SARESP, forçando as escolas a se adequarem
a este nefasto sistema. Nos EUA, onde o baixo desempenho dos alunos leva à demissão e o
fechamento de escolas, ocorreram fraudes de todos os tipos, levando alguns idealizadores dessa
proposta a recuarem. Recentemente, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou entrevista com a
ex-secretária adjunta de Educação dos EUA, com a seguinte manchete:
94 “Uma das principais defensoras da reforma educacional americana - baseada em metas, testes
padronizados, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno e fechamento de escolas
mal avaliadas - mudou de ideia. Após 20 anos defendendo um modelo que serviu de inspiração para
outros países, entre eles o Brasil, Diane Ravitch diz que, em vez de melhorar a educação, o sistema
em vigor nos Estados Unidos está formando apenas alunos treinados para fazer uma avaliação”.
95 Guardadas as devidas proporções entre o modelo norte americano e o brasileiro, o caminho
apontado pelas escolas é o mesmo: treinamento de alunos e não a melhoria na educação, fato
previsível, uma vez que o governo não ataca os problemas centrais da escola pública, como por
exemplo, as precárias condições de trabalho dos professores.
Somos contrários à política de bônus. Defendemos salário digno para todos os profissionais da
96
escola e não aceitamos que o professor seja responsabilizado pelo fracasso escolar.
97 Pela incorporação do bônus e gratificações ao salário. Em defesa do piso do DIEESE (R$
2.011,03) por 20 horas semanais.

IV. Sindical
98 A estrutura sindical brasileira desde Getúlio Vargas sofre a intervenção do estado no sentido
de regulamentar e controlar a atuação dos sindicatos e com isso acabar com a liberdade e
a independência da organização dos trabalhadores. Não é por acaso, que sob a falácia de
modernização da estrutura sindical, o governo Lula apresentou a reforma sindical, que impõe a
legalização das centrais, numa política de concessão do estado para sua representação, atrela
as centrais ao governo com o chamado imposto sindical e regulamenta a lei de greve com o apoio
da CUT, que além de ter recebido a verba do FAT (Fundo de Amparo ao trabalhador), unida a
outras centrais, serve de correia de transmissão do governo federal e negocia com o patrão direitos
históricos da classe trabalhadora.
99 Ao colocar que é necessário o sindicato avisar sobre o início da greve sob o pretexto de garantir
minimamente o serviço à população, abre espaço para que a patronal se organize e consiga
enfraquecer ou mesmo impedir o movimento. Tudo isso acordado com aqueles que deveriam
defender a classe trabalhadora, mas que, no entanto, depois do processo de burocratização e
cooptação de lideranças do movimento, defendem o interesse da burguesia, do patrão, enfim do
capital.
100 É a expressão da política de colaboração de classes, arrefecendo o movimento das massas
para que patrões e governos possam livremente atacar os direitos da classe trabalhadora.
101 A CUT há muito deixou de representar os trabalhadores e, em troca de cargos no governo
ou empresas, rebaixou suas bandeiras entregando de bandeja as conquistas históricas dos
trabalhadores obtidas por meio da luta de classes. Atuou como cabo eleitoral de Lula e agora de
Dilma Rousseff. O 1º de maio de 2010 foi marcado não só pelas festividades, mas também pela
campanha eleitoral explicita a favor da candidata do PT. Além disso, no mês de junho, promoveu
uma conferência no Estádio do Pacaembu em São Paulo junto com as demais centrais governistas,
com o propósito de aprovar uma pauta eleitoral com bandeiras rebaixadas, como por exemplo, a
diminuição da jornada de trabalho para 40 horas semanais.
102 Diante desse quadro de atrelamento dessa central, entendemos que não é mais possível
continuar filiados a CUT. Não é mais possível continuar enviando verba da categoria para um
instrumento que colabora com os governos, com os patrões e partidos. Arrefece a luta de classes
e possibilita a aplicação da política neoliberal de retirada de direitos. Uma central que notadamente
traiu trabalhadores e trabalhadoras do setor público e do privado.

Caderno de Teses 109


TESE 8
Conlutas
103 O processo de burocratização da CUT impossibilitou qualquer setor de oposição ao setor
majoritário implementar políticas de interesse da classe trabalhadora. Não foi mais possível avançar
na luta pela desburocratização, devido ao grau de degeneração e aparelhismo da direção cutista.
Assim, foi necessário romper e criar um novo instrumento de luta.
104 A Conlutas nasceu acertadamente da necessidade da classe trabalhadora de ter um
instrumento que realmente representasse seus interesses. Reuniu em seu interior parte dos setores
que romperam com a CUT e apresentou um caráter inovador ao incorporar o movimento popular,
estudantil e de luta contra as opressões.
105 Implementou, já, desde seu início, a luta contra as reformas do governo Lula realizando
mobilizações e dia de luta em todo país, organizando os trabalhadores e as trabalhadoras para o
enfrentamento contra a retirada e pela garantia de direitos.
106 Resgatou o 1º de maio classista e antiimperialista, o dia de luta dos trabalhadores e trabalhadoras,
nada de show e parceria com as empresas e governos, com farta distribuição de brindes e sorteios de
carro e apartamentos como fazem a CUT e demais centrais governistas. Outro aspecto importante
é sua autonomia e independência frente aos patrões, governos e partidos políticos.
107 A Conlutas, portanto, foi uma experiência positiva para a classe trabalhadora, pois, transformou-
se no instrumento que impulsionou as lutas e a resistência dos trabalhadores diante da ofensiva do
capital

Reorganização
108 Diante da ofensiva do capitalismo e de sua crise estrutural que hoje atinge milhares de
trabalhadores no mundo inteiro, tornou-se necessária a reorganização da classe trabalhadora para
que não fosse ela a pagar por mais uma crise. Para tanto, era preciso que setores da esquerda
combativa também se reorganizassem em torno de um programa, que pudesse representar as
demandas da classe trabalhadora e criassem um instrumento que, de fato, armasse os trabalhadores
para as lutas específicas de cada seguimento e também para a construção da sociedade socialista
. Assim, iniciou-se um processo de reorganização do movimento sindical e popular no sentido de
construir um novo instrumento de luta que unificasse a Conlutas, a Intersindical, MTST, MAS, MTL
e PASTORAL OPERÁRIA em uma nova central.
109 Diversos seminários foram realizados pelo país e o processo de unificação foi avançando. Havia
algumas divergências, no entanto, com o acordo de todos os setores, elas seriam resolvidas no voto
no congresso marcado para junho de 2010: no CONCLAT.
No CONCLAT, foi fundada a nova central, mas houve o rompimento da Intersindical, MAS e
110
alguns setores da Conlutas com o congresso. Os companheiros não entenderam a necessidade
da classe trabalhadora e decidiram não fazer parte da nova central que hoje tem por nome CSP-
Conlutas.
É bem verdade, que a CSP-Conlutas nasceu fragilizada, mas já está nas ruas defendendo a
111
classe trabalhadora da ofensiva do capital. Promoveu o dia nacional de lutas – 10 de agosto de
2010 com várias iniciativas em diversos estados do país como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia,
Goiás, Paraíba com as seguintes bandeiras:
• Aumento real de salários,
• Redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais sem redução de salários,
• Pela derrubada do veto de Lula ao fim do fator previdenciário,
• Em defesa dos serviços públicos e direitos sociais da população,
• Não à criminalização e à violência policial contra os movimentos sociais,
• Pelo pleno direito de greve,
• Por terra, trabalho e moradia.
112 Defendemos a construção da CSP-Conlutas, pois, é o instrumento necessário a luta da classe
trabalhadora, que aglutina setores da esquerda combativa, que é autônoma e independente de

110 Caderno de Teses


TESE 8
governos, partidos e patrões. Além disso, trouxe a experiência da Conlutas de ser uma central
sindical, popular, com a representação do movimento estudantil e de luta contra as opressões,
assim, consegue organizar aqueles e aquelas que perseguem a construção da sociedade socialista
que queremos.
113 É necessário, no entanto, continuar o diálogo com os setores que romperam para que venham
construir e fortalecer esse instrumento que representa os interesses da classe trabalhadora.

V. Balanço da APEOESP
114 O setor majoritário da diretoria da Apeoesp há anos vem implementando uma política de
colaboração de classe ao não preparar a categoria para a luta contra a ofensiva dos governos
estadual e federal, uma vez que é atrelada ao governo Lula. Não implementa uma luta contundente,
pois, teria que lutar contra o governo federal. Não por acaso a greve da categoria só fora deflagrada
em 2010, era preciso desgastar Serra e assim fortalecer a candidatura de Dilma Rousseff candidata
do PT à presidência.
115 Em São Paulo, em 2009, o governo Serra implementou vários projetos de retirada de direitos
dos profissionais da educação. Tais projetos aprovados pela Assembléia Legislativa promoveram
um verdadeiro massacre a categoria de conjunto. Para o Ofa, a instituição definitiva da provinha
para ter o direito de lecionar no Estado e contratos precarizados de serviço, como exemplo, os
professores categoria O, que trabalham por um período máximo de um ano letivo e, ao término do
contrato, ficam 200 dias fora da rede. Para o efetivo, redução de jornada e salário, ampliação de
jornada sem aumento salarial com a criação das jornadas reduzida e integral respectivamente. Para
o conjunto da categoria, o fim da isonomia salarial com o novo “plano de carreira” que acaba com a
carreira, ou seja, a instituição da prova de mérito para se obter aumento salarial.
116 Em 2010, a atribuição de aulas foi um verdadeiro festival de falta de respeito e descaso para
com profissionais que há anos dedicam sua vida ao magistério. Alunos passaram na frente de
professores formados com mais de 15, 20 anos de profissão, sem contar a humilhação sofrida por
não terem conseguido a nota mínima na prova.
117 Vale lembrar que a meritocracia não é só prerrogativa do governo Serra. Toda essa política está
galgada no PDE do governo Lula. Não foi por acaso que Haddad em entrevista disse ser favorável
à avaliação de mérito. É a lógica de mercado aplicada na esfera pública que bonifica os “melhores
profissionais” em detrimento da carreira. Política perversa que tem como fundo o esfacelamento do
serviço público, deixando a porta aberta para as terceirizações, parcerias, enfim para o setor privado
inclusive com drenagem de verba pública para esse setor.
118
Diante desse quadro, já em 2009 haveria condição para a greve, no entanto, ela só veio em
2010 depois que os projetos viraram leis, ou seja, a greve chegou tardiamente, não por acaso, como
dito anteriormente.
119 Outro fator de altrelamento desse setor ao governo federal é o fato de a presidenta da Apeoesp
fazer parte do CNE – Conselho Nacional de Educação que publicou parecer favorável à Reforma do
Ensino Médio – o Ensino Médio Inovador – proposto pelo MEC. Trata-se na realidade da Reforma
de Paulo Renato, só que agora com roupagem diferente, pois é o governo Lula quem está propondo,
então, agora é uma reforma vista com bons olhos pelo setor majoritário da direção da Apeoesp. É
preciso resgatar a Apeoesp de luta, de enfrentamento contra os governos que há anos massacram
nossa categoria. É preciso ser independe dos governos dos patrões e dos partidos políticos.

Balanço da Greve de 2010


120 Diante dos ataques do governo Serra, a categoria deflagrou a greve em 05/03/2010.
121 O inicio do movimento foi marcado pelo atendimento da categoria ao chamado da entidade e foi
para a greve com índices em torno de 60%, as escolas, que recebiam o comando, eram atingidas
pela greve total ou parcialmente. Para o governo, o índice não passava de 1% numa tentativa clara
de desmobilizar a categoria e passar a impressão de que não havia greve. Daí em diante foi uma
briga com o governo e com os meios de comunicação que diziam ser uma greve político-partidária.

Caderno de Teses 111


TESE 8
122 As passeatas gigantescas ocorridas na Paulista mostravam, no entanto, que a categoria estava
disposta a desmentir o governo e continuar na luta.
123 A exemplos de 2008, equivocadamente, muitos professores apenas paralisavam suas atividades
na sexta e voltavam para suas escolas na segunda e alguns aderiam a greve depois da passeata de
sexta. Foram 33 dias de movimento de convencimento e resistência de professores e professoras,
pois o governo não sinalizava com qualquer possibilidade de negociação. Impôs que só negociaria
se a greve terminasse e foi assim que em 8/04/2010, o setor majoritário e dois importantes setores
da oposição (Oposição Alternativa e Coletivo Apeoesp na Escola e na Luta) defenderam o fim da
greve e o movimento terminou sem que houvesse qualquer negociação com o governo. Foi uma
verdadeira derrota para a categoria, pois nenhum dos pontos de pauta foi negociado. Depois de
terminado o movimento, o governo chamou para negociar somente os dias parados, já que aumento
salarial não poderia ser dado e os demais pontos de pauta sequer foram objetos de análise, pois, se
tratam de questões que fazem parte do projeto político do governo.
124
Ora a greve não fora deflagrada apenas para que se negociassem os dias parados e, ainda
assim, com o desconto na folha de pagamento (13 dias no mês de maio e os demais em junho).
É preciso analisar o movimento desde 2009. É verdade que o sindicato chamou a categoria para
as votações dos projetos na Assembléia Legislativa em 2009, mas não houve uma ação mais
contundente para que de fato os professores e as professoras pudessem vir para o movimento.
Assim, o governo ficou livre e tranquilo para aprovar qualquer projeto, até porque tem maioria na
Assembleia Legislativa. A greve teria que ir até as últimas conseqüências e não terminada sem que
houvesse nenhuma vitória.
125 Colocar a categoria novamente de pé para lutar, será tarefa maior daqui para frente. É
necessário investir em formação e debate dentro das unidades escolares para trazermos de volta os
professores e professoras que estão cada vez mais distantes e descrentes do sindicato até porque
não entendem que o sindicato são eles.
126 Em relação à oposição, é preciso que ela de conjunto assuma o papel de impulsionadora da
luta e se diferencie do setor majoritário, não fique refém de calendário costurado por esse setor que
há muito vem arrefecendo a luta da categoria. É preciso lutar contra a burocracia nefasta à luta de
trabalhadores e trabalhadoras.

Balanço da CNTE
127 A Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação, a exemplo da CUT, tem servido de
correia de transmissão do governo Lula. Há muito não organiza os trabalhadores em educação
para o enfrentamento contra os governos municipal, estadual e federal que implementam a política
neoliberal de retirada de direitos do setor público. Não tem, por exemplo, unificado as greves
ocorridas em diversos estados do país, quando na verdade deveria ter encaminhado uma greve
geral dos trabalhadores em educação.
128 Tem como bandeira, hoje, a implementação da Lei do Piso Salarial Nacional e indicou para
2010, reivindicando o reajuste do FUNDEB, o valor de R$ 1312,85 para esse piso. A CNTE já havia
defendido um piso de R$ 1050,00 rebaixando sua bandeira histórica de luta pelo piso do Dieese,
quando do lançamento e aprovação da lei e agora continua com a mesma política.
129 Continuando sua política de entrega de documentos, chamou para o dia 16 de setembro um ato
em frente ao Supremo Tribunal Federal para entregar aos ministros um dossiê contendo denúncias
de estados e municípios que não cumprem a Lei do Piso. Além disso, lançou o documento
“compromisso com a educação pública de qualidade” com as propostas dos trabalhadores em
educação junto com uma carta compromisso para entregar aos candidatos nas eleições de 2010.
Ora, não tenhamos nenhuma ilusão com as eleições burguesas que apenas servem aos interesses
dos patrões, dos governos e de partidos que há muito não tem nenhum compromisso com a classe
trabalhadora.
130
Não é possível que a luta de trabalhadores e trabalhadoras em educação se resuma a isso, por
isso é preciso que a CNTE se desatrele do governo federal e implemente as lutas em todo o país,
saia dos corredores do planalto e unifique as lutas dos trabalhadores em educação.

112 Caderno de Teses


TESE 8
VI. Plano de Lutas
131 Diante da atual conjuntura, só nos resta um caminho: enfrentar os governos e os patrões. É
necessária a mobilização de todos os trabalhadores e trabalhadoras e a unificação das lutas por
todo o pais. Nesse sentido, propomos lutar:
• Pela aplicação de 15% do PIB na educação pública e estatal.
• Pelo direito à infância. Crianças de 6 anos na Educação Infantil. Não ao ensino de 9 anos.
• Contra o FUNDEB e o PDE de Lula/ Haddad.
• Contra o Ensino Médio Inovador.
• Abaixo o exame nacional de ingresso na carreira docente.
• Contra as avaliações externas. Avaliação é prerrogativa do professor.
• Em defesa do ensino público de qualidade. Abaixo o ENCCEJA.
• Pelo fim dos vestibulares. Ampliação de vagas nas universidades públicas. Abaixo o ENEM.
• Pela redução de alunos por turma. 15 alunos no EF (ciclo I), 20 no EF (ciclo II) e 25 no EM.
• Contra os cursos de graduação à distância.
• Pela aplicação do piso do DIEESE na Educação (R$ 2.011,03 por 20 h/a).
• Pela revogação das leis 1041/08 (falta médica) e 1093/09 (prova dos OFAs).
• Pela revogação da lei 1094/09 (regras do concurso). Por concurso público de provas e títulos
classificatório e em uma única fase.
• Pela revogação da lei 1097/09 (promoção por mérito). Por um verdadeiro plano de carreira.
• Contra o Programa Multiplicando Saber. Turmas de reforço/ recuperação com 08 alunos e
aulas ministradas por professores habilitados.
• Contra a política de bônus. Reajuste real de salários para todos.
• Pelo pagamento dos dias parados na greve de 2010 e retirada das faltas do prontuário.
• Pela estabilidade para os OFAs.
• Em defesa da jornada de trabalho de 30 horas/ aulas, sendo 50% com aluno e 50% para
preparo de atividades e formação.
• Em defesa da escola pública gratuita, laica, democrática e de qualidade para todos e em todos
os níveis.
• Contra a municipalização. Verbas públicas apenas para as escolas públicas.
• Pelo reconhecimento de doenças como a Síndrome de Burnout, LER/DORT, doenças da voz,
entre outras como doenças de trabalho.
• Por uma Apeoesp independente de governos, patrões e partidos.
• Para que o uso da estrutura da Apeoesp seja aprovado assembleia da categoria.
• Pela proporcionalidade direta e qualificada na base.
• Por uma CNTE de luta e que unifique as lutas dos trabalhadores em educação.
• Contra as reformas do governo Lula.
• Pela desfiliação da Apeoesp da CUT.
• Pela construção da CSP/Conlutas.
• Todo apoio às lutas dos trabalhadores no Brasil e no mundo.
• Contra a criminalização dos movimentos.
• Pela construção de uma sociedade socialista. Abaixo o capitalismo!

Caderno de Teses 113


TESE 9
TESE 9
OPOSIÇÃO DE LUTA

I. Política Internacional
1 A crise econômica mundial não estancou. Pelo contrário, existe um aprofundamento dela,
com vários países entrando em colapso. Apesar de todos os prognósticos otimistas, os países
imperialistas não alcançam a desejada retomada de crescimento e os países semi coloniais, por
serem economicamente dependentes, também não.
2 E, mais uma vez, são os trabalhadores que estão pagando por essa crise e o ataque sobre os
servidores públicos está sendo brutal.
3 Como forma de reduzir custos, os governos vem demitindo em massa os funcionários públicos,
seja por meio de privatizações, terceirizações, parcerias com setores privados ou diretamente
através do fechamento de postos de trabalho. E a Educação e Saúde são os setores mais atingidos.
4 Outra medida que também está sendo adotada por todos os governos é o aumento da idade
mínima e do tempo de contribuição para a concessão da aposentadoria. Em alguns países da União
Européia, como a França, o governo apresentou projeto no qual o tempo mínimo de contribuição
será de 41 anos em 2012 e, paralelamente, a idade para ter direito à aposentadoria integral dos que
não atingiram o tempo de contribuição exigido passará de 65 para 67 anos.
5 Na Grécia foi aprovado, em maio deste ano, um pacote de duríssimas medidas que incluem:
redução dos salários e fim do pagamento do 13º e do 14º salários aos funcionários públicos; redução
do valor das aposentadorias; aumento de impostos, incluindo o de Imposto sobre o Valor Agregado
(IVA), que subirá de 21% para 23% na venda de cigarros, bebidas alcoólicas e gasolina.
6 Insistimos, esses ataques estão ocorrendo em todos os países, sejam eles imperialistas ou
semi coloniais.

II. Política Nacional


7
Apesar dos discursos, o aprofundamento da crise atinge o país, tanto é assim que o governo já
está buscando medidas para que as finanças do Estado possam garantir os negócios dos bancos e
empresas. Para isto Lula cortou do orçamento da União R$ 31,8 bilhões, sendo que os ministérios
mais atingidos foram o da Educação e do Planejamento. Este último é o responsável pelos gastos
com o funcionalismo público. Além deles, foram atingidos Transportes e Fazenda. Mesmo Saúde e
Desenvolvimento Social não foram poupados.
8 A candidata do PT (Partido dos Trabalhadores), Dilma Roussef, já declarou que será necessário
aumentar o tempo de contribuição para o trabalhador brasileiro poder se aposentar, o que vai
significar, também, aumento da idade mínima.
9 Mantega afirmou que ninguém vai escapar de ter que fazer o controle das contas públicas, mas
o debate é sobre qual é o ajuste necessário, como fazer e em quanto tempo concluir o esforço.
10 Lula tem declarado, e muitos dos economistas burgueses concordam, que o crescimento
econômico do país dar-se-á através do aumento do consumo interno, e que, portanto o Brasil
passará pela crise relativamente intacto.
11 Mas o que está ocorrendo é um aumento do crédito fácil, para alguns setores eleitos pelo
governo, como capazes de alavancar a economia. O resultado não se fará esperar. Está sendo
criada uma “bolha de consumo”, através da concessão de crédito para a compra de carros, casas
e eletrodomésticos.
12 Embora o Ministro do Trabalho afirme que o número de empregos criados vem suplantando o
de desempregados, ainda sim está longe da promessa de Lula de criar 10 milhões de empregos
sob o seu governo. O endividamento das famílias brasileiras está aumentando a “bolha” financeira.

114 Caderno de Teses


TESE 9
13 A disputa eleitoral está reduzida ao debate de qual candidato está “melhor preparado” para
governar, já que eles não tem divergências quanto às medidas a serem tomadas para combater a
crise. Todos concordam que ela deverá ser paga pelos trabalhadores.
14 Querem também que essa disputa ocorra dentro de um clima social tranqüilo, através das
instituições da democracia burguesa, sem colocar em risco a governabilidade, e por isso os sintomas
perversos dela devem aparecer somente após as eleições.
15 Essa tranqüilidade social relativa, que interessa para os patrões e governo, continua sendo
garantida pelas direções políticas e sindicais dos trabalhadores, mediante troca de cargos nas
empresas públicas, Fundos de Pensões e do dinheiro recebido diretamente do governo.
16 É necessário preparar a classe trabalhadora para os embates que se avizinham, mostrando
que a saída não será dada através do processo eleitoral.
17
Independente de quem vencer essas eleições, a classe trabalhadora será atacada e é
necessário nos prepararmos para o enfrentamento contra a burguesia e seus governos. A
defesa de nossas conquistas e a luta pelo fim da exploração capitalista, só serão possíveis sob
um governo operário e camponês, sob a direção de um partido revolucionário, rumo a um Brasil
socialista, num mundo socialista.

As direções
18 Em nível internacional, as lutas estão se alastrando em vários continentes como a dos
pilotos da Lufthansa (Alemanha), dos condutores de ônibus e metrô (República Tcheca), dos
estudantes, professores e funcionários (EUA) e várias greves gerais ocorreram em Portugal,
Espanha e Grécia. As direções sindicais e políticas estão sendo obrigadas, pela pressão dos
trabalhadores, a convocarem essas mobilizações. Ao mesmo tempo, por serem reformistas,
defendem a essência dos ataques, garantindo sua aplicação pelos governos. E, porque
temem perder o controle do movimento, mantem as lutas isoladas nacional e internacionalmente
e transformam as greves gerais em protestos.
19 É necessário exigir das direções uma luta conseqüente até derrotar os planos dos diversos
governos. A essência dos ataques é o mesmo nos diversos países, por isso é necessário, nesse
momento, o chamado à luta unitária dos trabalhadores, como por exemplo, uma Greve Geral
Européia, contra o desemprego, por aumentos salariais, contra os cortes de direitos sociais.
Nada está decidido, vai depender do aprofundamento e extensão de nossas lutas em nível
internacional. Trata-se de um processo no qual se abre a possibilidade de derrotar as direções
reformistas e seus lacaios, pois, somente assim será possível sairmos do beco sem saída da
crise econômica do imperialismo em que elas querem nos meter.
20
Nacionalmente, por política das direções, as lutas seguem isoladas e quando não são
derrotadas, suas conquistas são pífias.
21 As direções políticas e sindicais dos trabalhadores garantiram neste primeiro semestre que
não houvesse unificação das lutas dos servidores do Estado de São Paulo. Isso é facilmente
percebido ao se verificar as datas de deflagração das greves. As direções esperaram que a
greve do magistério paulista terminasse para que fossem deflagrados os outros movimentos
grevistas. Com isso dão fôlego ao governo para desgastar esses movimentos e levá-los à
derrota.
22 No campo, a situação não está muito diferente, pois as direções do MST abandonaram a
luta direta pela reforma agrária no país, limitando-se a exigir mais verbas do governo para os
assentamentos. Isso garante a expansão do latifúndio em direção às matas da região amazônica
e do centro-oeste, assim como, dinheiro para a manutenção dos seus dirigentes.
23 Lamentavelmente, as direções que se dizem combativas e revolucionárias (Conlutas e
Intersindical), facilitam os ataques dos patrões e do governo, ao dividir as entidades, ao invés de

Caderno de Teses 115


TESE 9
organizar oposições na base das outras centrais sindicais. E estendem também essa divisão para
o movimento estudantil.
24 Diferente do que elas fazem, é necessário continuar impulsionando a luta direta dos
trabalhadores. Disputar a direção da CUT e de seus sindicatos, pois ainda representam a
maioria dos trabalhadores brasileiros. E defender a unidade do movimento operário com
uma só central sindical.

III. Política Educacional


25 O governo Lula realizou em 2009 uma série de conferências estaduais, municipais e
intermunicipais como preparação da Conferência Nacional de Educação (CONAE) neste ano,
que aprovou um Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação. Nesses
encontros foram apresentados seis eixos temáticos:
26 *Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de qualidade: Organização e
Regulação da Educação Nacional; *Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação;
*Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar; *Formação e Valorização dos
Profissionais da Educação; *Financiamento da Educação e Controle Social; *Justiça Social,
Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade.
27 Em 2009, a diretoria da Apeoesp transformou a 4º Conferência Estadual de Educação em
mais uma etapa da CONAE, pois apresentou para o debate os mesmos temas.
28 A direção do sindicato queria que as propostas do MEC fossem aprovadas como indicativo
da categoria. É por isso que a conferência foi realizada no formato de “mesas de interesse” em
torno dos eixos da CONAE. Os professores foram ouvintes dos apresentadores das propostas
do governo Lula.
29 O documento final da CONAE é enganoso, aparenta ser progressivo, mas seu conteúdo
é de ataque ao magistério pois os norteadores das resoluções foram o PDE (Plano de
Desenvolvimento da Educação) e a LDB de FHC.
30 Como exemplo, no tema “Formação e Valorização dos Profissionais da Educação” reivindica-
se “d) Aprovação do PL 1.592/03, que institui os princípios e as diretrizes da carreira”.
31 O artigo 67 desse Projeto de Lei prevê, entre outras coisas:
32 Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação,
assegurando-lhes, inclusive, nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério
público:
I - ingresso exclusivamente por concurso de provas e títulos;
II- aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico
remunerado para tal fim;
III – piso salarial profissional;
IV – progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação de desempenho;
33 Entre as metas do PDE, existem algumas que não são citadas pela diretoria da Apeoesp:
34 13ª) Implantar Plano de Carreira,Cargos e Salários privilegiando o mérito, a formação e
o desempenho;
35 15ª) Estabelecer o período probatório, efetivando a professora após a avaliação, de
preferência externa ao sistema educacional;
36 17ª) Fixar regras de mérito e desempenho para a nomeação e exoneração de diretor de
escola;
37 27ª) Firmar parcerias externas visando a melhoria da infra-estrutura da escola ou a
promoção de projetos socioculturais e ações socioeducativas.
38 As correntes Articulação Sindical, Artnova e CSC escondem o fato de que a política do

116 Caderno de Teses


TESE 9
governo federal para a Educação é a mesma que está sendo implantada no Estado de São
Paulo. A diferença reside no fato de que são elas que querem aplicar.

IV. Sindical

Balanço da greve de 2010


39 E apesar do descaso do governo, Articulação Sindical, Artnova e PC do B avaliam de que nossa
greve foi vitoriosa porque devolveu a dignidade para os professores. No entanto, dignidade não se
conquista com greves!
40 Para o próximo ano, podemos esperar mais ataques aos servidores da Educação e Saúde. É
isso que está ocorrendo nos países da Europa, tanto nos imperialistas quanto dos semi coloniais,
como a Grécia. Portanto, esperar que a situação se resolva por conta das eleições é uma tragédia.
41 Infelizmente foi esse o projeto do setor da diretoria ligado ao PT e PC do B. Deflagrar uma greve
com uma reivindicação salarial para desgastar politicamente Serra. Por isso, os discursos todos
eram voltados para “denunciar” a política de Serra para a Educação, pois como atacar medidas
que também são defendidas pelo governo Lula?
42 O eixo dessas direções era eleitoral. E a presidente do sindicato chegou a afirmar para a
imprensa que a greve não iria alcançar os outros pontos da pauta de reivindicações.
43 O que fez o setor da diretoria que se reivindica de “oposição”. O de sempre, capitulou à
direção que eles chamam de governista. E em todas as assembleias, as propostas defendidas
foram as mesmas. Não havia diferentes projetos.
44 Tendo como eixo a denúncia eleitoral de Serra, a greve foi se esvaziando e toda a diretoria, de
forma unificada, defendeu o fim dela, afirmando que só pelo fato da categoria ter saído em greve
já era uma vitória.
45 Quanto aos dias parados, defendeu a reposição, antes mesmo da garantia do pagamento dos
dias parados.
46 No CER que votou a avaliação da greve, dia 21 de maio, os principais setores da diretoria
acordaram que a discussão e deliberação sobre conselheiros que furaram a greve se darão no
Congresso do sindicato, a ser realizado em dezembro deste ano. Inclusive com a possibilidade de
alteração do artigo do estatuto que afirma que o conselheiro da entidade deve acatar as decisões
das assembleias sob pena de ser afastado do conselho, caso não cumpra. E o fato é que muitos
furaram a greve ou não a realizaram integralmente.
47 Para o PSTU a responsabilidade da derrota da greve cabe ao setor que eles chamam de
“majoritário” pelo motivo do mesmo não falar para a categoria que os planos do governo Lula para
a Educação é o mesmo que Serra já está aplicando.

Para nós, a responsabilidade pela derrota é dos dois setores. É de toda a diretoria!
48 O que derrotou a greve não foi o fato da categoria não ter percebido que os dois projetos para
a Educação são iguais. A greve de 2010 começou a ser derrotada em 2008. Quando a diretoria
defendeu um acordo com o TRT para poder suspender a greve. A partir daí, Serra não teve
dúvidas, se aproveitou da derrota para atacar mais ainda os professores.
49 Somos categóricos: os ataques ainda não acabaram. Muito pelo contrário, ainda existem
muitos a serem desferidos pelo próximo governo. Portanto, se não prepararmos a categoria para
resistir, a derrota será maior. Ainda existe a possibilidade de unificação de todos os setores de
servidores, tanto em nível estadual como nacional. Essa unificação será fundamental para o
enfrentamento.

A divisão do movimento
50 As direções sindicais e políticas estão dividindo o movimento dos trabalhadores, se utilizando
de inúmeras táticas que evitam a unificação das lutas e também através da formação de várias

Caderno de Teses 117


TESE 9
centrais, para garantir o controle dos aparatos sindicais.
51 Não estamos entre aqueles que aplaudiram e participaram da criação da Conlutas e da
Intersindical. E depois se digladiaram no congresso que seria para unificar essas duas centrais.
52 Defendemos:
Disputar a direção da CUT e de seus sindicatos, pois ainda representam a maioria dos
trabalhadores brasileiros. E a unidade do movimento operário com uma só central sindical.

V. Estatutos da APEOESP
53 Os estatutos do nosso sindicato devem se pautar na democracia operária. É necessário
retirar todo s os artigos que estão garantindo a burocratização do mesmo. E, também adicionar
aqueles que irão garantir o controle do sindicato pela base da categoria. Nosso sindicato deve
ser uma ferramenta na luta pela transformação da sociedade e não um colaborador do governo.
Total autonomia do sindicato frente a burguesia e seus governos. Total garantia de participação e
expressão às correntes minoritárias.

Assinam esta tese os professores da Oposição de Luta

118 Caderno de Teses


TESE 10
TESE 10
Educadores em Luta: Unificar a categoria e a oposição contra a
burocracia

UNIFICAR A CATEGORIA E A OPOSIÇÃO PARA ACABAR COM AS TRAIÇÕES E


DERROTAS DA BUROCRACIA E CONQUISTAR AS REINVINDICAÇÕES DOS PROFESSORES

Assinada por mais de 200 educadores


“Olhar a realidade de frente; não procurar a linha de menor resistência; chamar as coisas
pelo seu nome; dizer a verdade às massas, por mais amarga que seja; não temer obstáculos;
ser rigoroso nas pequenas como nas grandes coisas; ousar quando chegar a hora da ação”
Leon Trótski, in Programa de Transição

I - Nas eleições parlamentares gastos de R$ 30 milhões dos candidatos da


burocracia, mas para defender os professores não há recursos, nem luta
1 Os dois ex-presidentes da Apeoesp, Roberto Felício e Carlos Ramirez (“Carlão”), ambos da
Articulação/PT - que há mais de 30 anos domina a direção da entidade, anunciaram - oficialmente
- limites iniciais de gastos em suas campanhas eleitorais de R$ 3 milhões e R$ 5 milhões,
respectivamente; valores superiores aos anunciados por tradicionais gangsteres da política burguesa
como Paulo Maluf (PP) e inimigos dos professores como Gabriel Chalita (PSB), ambos milionários.
2
Somando-se outros candidatos ligados à burocracia do bando dos quatro (PT-PCdoB-Psol-
PSTU) que controla a direção da Apeoesp, os gastos anunciados excedem os R$ 30 milhões,
mesmo assim, a presidenta do sindicato anunciou no CR de agosto, com o maior cinismo, que os
candidatos “professores” Felício e Carlos vão fazer uma campanha pobre e precisavam da ajuda
financeira dos professores
3 Este volume de recursos contrasta de forma gritante, em primeiro lugar, com as precárias
condições de vida dos professores que recebem pisos inferiores a R$ 1.000,00, o que significa que
seria necessário recolher os salários de 100 professores durante quatro anos para chegar ao montante
previsto de gastos nas campanhas desses dois “candidatos-professores”. Contrasta também com
os minguados recursos que a burocracia destina à luta da categoria: não há campanhas reais (como
anúncios na televisão, outdoors, cartazes etc. etc.) para denunciar os ataques do governo tucano
e defender as reivindicações da categoria; na recente greve, a burocracia sabotou abertamente
a mobilização da categoria chegando a impedir a viagem de professores, estudantes e pais de
alunos para participar das manifestações, alegando entre outros absurdos que não havia recursos
para bancar tais despesas. Um dirigente da Articulação chegou a chamar a Polícia do Serra para
impedir que pais de alunos e estudantes ocupassem lugares vazios nos ônibus que vinham para a
manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes para apoiar os professores.
4 Mais grave do que tudo isso: o dinheiro que falta para impulsionar a mobilização e defender os
interesses dos professores jorra como água quando se trata de fazer campanha para os políticos da
burocracia em busca da conquista de mandatos parlamentares, que estão à serviço de uma política
oposta aos interesses da categoria, como é o caso da defesa pelos parlamentares do bando dos
quatro do piso nacional dos professores de R$ 1.024,00 por 40h/a semanais, bem de acordo com
a política dos governos inimigos a educação, como é o caso do governo do PSDB em São Paulo.
5 A esta situação, somam-se a muitas outras medidas, como o voto e a indicação da presidenta
da Apeoesp à favor da “promoção por mérito” no Conselho Nacional de Educação (CNE). Maria
Izabel Noronha é a relatora do parecer CNE/CEB nº 9/09, de 02 de abril de 2009, que institui
como diretriz para um novo plano de carreira e de remuneração do magistério a “avaliação por
desempenho”, nada mais que a “promoção por mérito”, forma utilizada por todos os governos

Caderno de Teses 119


TESE 10
tucanos para por fim à isonomia salarial e dividir o professorado na sua luta pela reposição das
perdas salariais- que evidencia que a burocracia é um verdadeiro câncer, um setor parasitário que
age no interior de nossa categoria para defender seus interesses e dos governos burgueses aos
quais servem, bem como seus privilégios totalmente à margem, e muitas vezes abertamente em
sentido contrário, aos interesses dos professores.
6 Esta situação em que as condições de vida da burocracia melhoram, crescem seus privilégios
etc. ao mesmo tempo em que retrocedem as condições de vida do professorado e aprofunda-se
a destruição do ensino público, evidencia que derrotar esta burocracia e construir uma nova
direção para as lutas da nossa categoria é a tarefa principal para quebrar a paralisia do nosso
sindicato, resgatar a força da mobilização e colocá-la no caminho de vitória contra a ofensiva
dos governos da “direita” ou da “esquerda”.

II - Greve de 2010: uma enorme traição da burocracia a serviço do governo


tucano contra os professores
7 Contra a vontade da maioria da assembléia que encerrou a greve, burocracia atuou unida, para
salvar Serra e sequer exigiu investigação e punição do governo pelos crimes contra a categoria.
Assim, nossa última greve terminou depois de 30 dias, em uma assembléia esvaziada - por uma
ampla operação de sabotagem da diretoria -, com cerca de dois mil educadores.

Conluio PSDB – diretoria da Apeoesp, contra os grevistas


8 Em reunião realizada na véspera, entre a diretoria da Apeoesp e o secretário Estadual
de Educação, Paulo Renato, o mesmo simplesmente anunciou que iria “abrir negociações”,
simplesmente para dar um pretexto à diretoria da Apeoesp para propor o fim da greve. Anunciou
ainda um ataque contra os grevistas, com o desconto de todos os dias parados, que só seriam
pagos (parcialmente) no caso dos professores os reporem, trabalhando sábados, feriados, no
período de recesso escolar etc.
9 Unificadamente as diferentes alas da diretoria defenderam desavergonhadamente esta proposta
como se os professores estivessem entrado na greve para “negociar”, não ganhar nada, ter os dias
descontados e ainda ter que trabalhar mais.
10 Mesmo em tais condições que evidenciaram uma enorme derrota da categoria, a presidente do
Sindicato, Maria Isabel Noronha, a “Bebel” - da mesma forma que outros diretores - ainda tiveram a
“cara-de-pau” de dizer que “a nossa greve já é vitoriosa, se colocou contra o governo.

Uma ampla operação de sabotagem


11 É verdade que a greve constitui-se em uma das maiores mobilizações dos últimos anos contra o
governo tucano (só se equiparando à espetacular luta dos estudantes e funcionários da USP), mas
isto - nem de longe - tem a ver com a política das direções sindicais que procuraram a todo custo
quebrar a mobilização feita pela categoria contra a vontade de milhares de burocratas sindicais da
área da educação. Para apoiar sua política, a diretoria da Apeoesp (120 membros) contou não só
com sua “força interna”, quase dois mil conselheiros regionais e estaduais que quando muito pararam
alguns dias e fizeram intensa campanha (desde o começo) pelo fim da mobilização, mas também
com o apoio de direções inteiras de outras entidades que não participavam da greve e que sempre
apoiaram o governo, como o Sindicato dos diretores de escolas (UDEMO) e dos supervisores de
ensino (Apase), entre outros.
12 A tentativa de quebrar a greve foi ficando evidente a cada passo da mobilização. Primeiro os
“sindicalistas” sempre estiveram contra as mobilizações na Paulista, chegando a fazer acordo com
a PM e o governo Kassab (CET) de que a Avenida não seria ocupada.
13 Foram contra a passeata dos professores até o Palácio dos Bandeirantes, onde apenas fingiram
que tinham feito uma “negociação”, com elementos do quarto escalão do governo.

120 Caderno de Teses


TESE 10
Uma conduta policialesca, do lado de Serra e da PM, contra os professores
14 A operação contra a greve por parte destes traidores ficou ainda mais clara diante do episódio
do policial militar (P2) infiltrado na greve. Depois que fracassou também a tentativa de golpe do
comando da PM, de apresentar como sendo professor um elemento que conduzia nos braços uma
policial militar, supostamente desmaiada, durante a manifestação do dia 26 de março, no Palácio
dos Bandeirantes, e tornou-se claro que se tratava de um policial militar infiltrado nas manifestações
(sabe se lá entre tantos outros). O que fez a diretoria da Apeoesp? Denunciou o governo? Propôs
na justiça, no Parlamento e nas ruas a sua punição por tal crime?
15 Não, ao contrário de lutar contra o governo tucano, a diretoria da Apeoesp, depois de se
lamentar, timidamente, do ocorrido, anunciou maior rigor “na fiscalização de quem entra nos nossos
ônibus”, inclusive ameaçou “exigir o holerite, para ter certeza de que aquela pessoa é professora
mesmo e essa história não se repita” (Terra Magazine, 29/04/2010).
16 Ao contrário de exigir a investigação e punição de Serra - que já foi assessor do grupo majoritário
da diretoria (Articulação/PT) no começo de sua gestão há cerca de 30 anos- a diretoria usou o
ocorrido como um pretexto para intensificar a sabotagem da greve, da mobilização da categoria,
por meio da “investigação sobre professores”. Ao invés de denunciar a espionagem policial de
Serra, Bebel e seus apaniguados ampliaram as ameaças e medidas de policiamento da categoria
para dificultar ainda mais a presença da categoria na mobilização, como solicitar documentos dos
professores que desejassem participar das caravanas etc.
17
É óbvio, até mesmo para um completo imbecil, que a PM e o governo, que estaria infiltrando
policiais no movimento dos professores, não teriam a menor dificuldade de falsificar holerites e
carteirinhas de professores ou o que mais fosse preciso para fazer com que esses agentes da
repressão se passassem por professores.
18 De que serviria então esta medida, proposta pela presidenta?
19 A burocracia buscou usar o episódio como pretexto para assumir uma conduta policial, criando
barreiras à participação na mobilização. Em primeiro lugar dos próprios professores demitidos (que
não pegaram aulas). As vítimas do Serra, seriam as primeiras vítimas da “investigação” da diretoria
da Apeoesp.
20 Para quebrar a greve, procuraram impedir a participação também de professores “temporários”
“O”, “L” e outros não filiados, que estavam impulsionando a luta. A burocracia buscou assim,
desmoralizar a mobilização, apoiando - desta forma - o governo tucano.
21 O cínico pretexto de cuidar de quem entraria nos ônibus, serviu cada vez mais ao longo da
greve de subterfúgio para obstruir a participação de quem se colocou à disposição e apoiou a luta
da categoria. Já que não conseguia impor sua política, a diretoria tratou de esvaziar e impor limites
às mobilizações, até que no dia 8 de abril, resolveu passar por cima, até mesmo da vontade da
maioria da assembléia, decretando o fim da greve, mesmo com a maioria dos presentes votando
pela sua continuidade.

Por uma nova direção para a luta da categoria


22 A cada dia da greve, novos golpes e sabotagens. A burocracia mostrou ser claramente o principal
obstáculo ao desenvolvimento e à vitória da mobilização da nossa categoria.
23 A força da greve, contra a qual a burocracia teve que lutar por todos os lados, foi os comandos
de base em todas as regiões, independentes da burocracia, que garantiram a mobilização. Por isso,
contra eles se dirigiram os ataques da burocracia e contra a oposição - Educadores em Luta - que
de forma consciente impulsionou esta perspectiva.
24 O fim da greve, sem que nenhum dos problemas da categoria tivesse sido resolvido, coloca
a necessidade de reorganizar a mobilização da categoria, o que só pode ser feito com base na
superação da política da burocracia e do fortalecimento da organização independente desta, a partir
das escolas e regiões e da organização de um poderoso movimento estadual de oposição.
25 Mais do que nunca, é preciso denunciar toda a sabotagem (ausência de ônibus, campanha
de conselheiros contra a greve, notícias falsas, falta de propaganda etc.), que contrasta com os
milhões colocados à disposição dos candidatos da burocracia nas eleições parlamentares.
Caderno de Teses 121
TESE 10
26 É urgente, avançar na construção de um poderoso movimento de oposição, em toda a categoria
- a partir dos locais de trabalho, que unifique todas as camadas de ativistas que buscam lutar de fato
contra a política do governo e superar a política da direção atual.

Unificar toda a categoria e a oposição contra a burocracia


27 Plenárias estaduais, reuniões regionais, boletins regulares amplamente distribuídos por
centenas e milhares de educadores são medidas necessárias para impulsionar esta perspectiva de
luta, pela vitória das futuras mobilizações que virão.
28 Todas as alas da diretoria (PT-PSTU-PCdoB-PSol) mostraram na greve e nas derrotas dos
últimos anos, sua total falência. A greve deixou totalmente evidente a necessidade da constituição
de uma nova direção classista e combativa para as lutas dos professores - que tendem a se
ampliar, ainda mais, no próximo período.
29 O exemplo da categoria dos correios, onde a revolta dos trabalhadores contra as traições da
burocracia levou à formação de uma frente reunindo 17 sindicatos e diferentes alas do movimento
(PCO, Movimento Resistência e Luta e outros setores da esquerda da CUT, Conlutas e Intersindical)
em torno de questões centrais para a luta da categoria (rejeição do acordo bianual e luta contra a
privatização), aprofundando a crise do bloco traidor (PT/Articulação e PCdoB) é um exemplo a ser
seguido. É preciso erguer um movimento de luta que impulsione a queda da burocracia e sirva à
construção de uma nova direção para as lutas da categoria.
30 Esta é tarefa principal que esta colocada na luta dos professores paulistas, assim como em todo
o movimento operário.

III – Congresso nas férias: enquanto a categoria é esfolada, a burocracia


“descansa” e prepara novos golpes para se manter na direção da
APEOESP
31
A diretoria da APEOESP (PT-PCdoB-PSTU-PSOL) convocou para dezembro o XXIII Congresso,
como um evento que nada tem a ver com a realidade e com os interesses da categoria e no qual a
lei máxima é manter o professorado longe de suas deliberações e discussões. Para esta burocracia
trata-se de realizar um encontro no qual o centro das discussões, como acontece no últimos anos
esteja nos seus próprios interesses (formação da diretoria, distribuição dos recursos da entidade
etc.), deixando de lado a situação de profundo retrocesso nas condições de vida e de trabalho dos
professores.
32 Uma demonstração disso é o fato de as teses para este XXIII Congresso, foram inscritas
até o dia 08 de setembro e os encontros regionais para eleição dos delegados ao Congresso
estabelecidos para duas semanas apo esta data. Só aí os pré-delegados presentes receberiam
os textos que devem totalizar mais 1 milhão de toques ou 200 mil palavras, para serem votadas.
É claro que, nestas condições, estas teses não se destinam à qualquer leitura ou discussão entre
os professores, nas escolas. Tampouco serve para que os delegados sejam eleitos com base
nas posições nelas expostas. São apenas uma cobertura para um processo no qual os poucos
mais de 2.000 delegados eleitos, em sua maioria, pelas correntes que compartilham a direção do
Sindicato, que são a representação não da categoria e dos seus interesses, mas de uma vasta
rede burocrática (120 diretores, mais de 700 conselheiros estaduais e quase 2.000 conselheiros
regionais) que conseguiram com tais métodos da “democracia” da burocracia assegurar a maioria
das vagas neste “congresso” e deliberar de acordo com seus próprios interesses contra os da
maioria esmagadora da categoria.
33
A farsa que começa bem antes do Congresso, se amplia no processo de sua preparação, com
o controle por parte da burocracia até mesmo das atas de eleição dos pré-delegados nas escolas.
Para controlar o processo de eleições de delegados, foi adotado, por exemplo, o inescrupuloso
processo de numeração e controle das atas para eleição de pré-delegados nas mãos da diretoria.
Na maioria das subsedes, conseguir uma ata tornou-se um verdadeiro desafio para os que não
integram a panelinha da burocracia.

122 Caderno de Teses


TESE 10
34 Tudo isso na tentativa de evitar ou conter uma possível eleição de delegados de base e de
militantes de oposição que não estejam totalmente integrados ao aparelho da APEOESP.
35 Dessa – e de muitas outras formas – a diretoria da APEOESP transformou o Congresso em
mais um “jogo de cartas marcadas”: controlando a eleição de delegados e buscando alijar do
processo os professores que não integrem as correntes políticas que dividem, há anos, o comando
da direção estadual e da maioria das subsedes.

Encontros Regionais: “ativistas” do ponto liberado e das mordomias


36 Nos encontros regionais mais golpes, com professores que não apresentaram teses sendo
impedidos de apresentarem propostas e sendo obrigados a se agruparem em torno das teses, que
sequer foram lidas pela maioria dos participantes. Estes encontros como aconteceram em outros
anos, podem ser unificados e realizados junto com outras atividades e em locais que garantam uma
maioria das alas da diretoria, como em Piracicaba, onde a diretoria sob a liderança de “Bebel Delúbio”
realizou o Encontro Regional, em 2007, nas véspera de um fim de semana com um Encontro de
Aposentados e outros convidados, com hospedagem, alimentação e outras vantagens asseguradas
para aqueles que, no dia anterior tinham votado, “democraticamente”, na tese principal da diretoria.
37 É claro que a maioria desta “vanguarda” que participa e disputa as vagas de delegados ao
Congresso nada tem a ver com a luta da categoria, estando ausente das mobilizações, assembléias,
reuniões em que se possa discutir assuntos relacionados com os interesses da categoria - a
exceção é claro daquelas com ponto abonado e outras vantagens para esses “combativos” ativistas.
Centenas de delegados eleitos para o Congresso são fura-greves e sabotadores da mobilização da
categoria.
38 Desta e de outras maneiras, o Congresso vem se constituindo a cada ano, na reunião em que
predominam os setores mais reacionários da categoria e do qual os setores mais combativos da
categoria, os novos ativistas e todos que não integram, de uma maneira ou outra, a rede burocrática
que domina a APEOESP estão alijados e suas deliberações, em tais condições, não podem
corresponder, senão aos interesses da burocracia.

“Farra” ou Congresso?
39 O Congresso foi marcado para o final do ano letivo, porque para a Diretoria e seus apoiadores,
trata-se de realizar, à custa do dinheiro recolhido dos professores, uma verdadeira farra, que nada
tem a ver com os interesses da categoria. Assim, o evento é realizado em um período (fim de ano,
festas, férias) inadequado para a realização de qualquer campanha em favor da categoria porque,
obviamente, não é este o objetivo da burocracia.
40 Como em todos os últimos congressos, os pontos centrais para centenas de “delegados”
trazidos ao Congresso pela burocracia são as festas, as mordomias, a discussões sobre eleições
e cargos a serem distribuídos etc. e, de modo algum, as discussões em torno dos problemas reais
da categoria.
41 O Congresso, com tais características, chega a ser apoiado pelo governo tucano que atribui
ponto aos participantes para fins de evolução funcional, concede liberação de ponto, etc.

Uma ditadura na APEOESP


Toda esta operação conta com a cumplicidade e participação de todas as alas da direção
42
(incluindo a “oposição” de mentirinha, a “Alternativa” do PSTU/Conlutas, PSOL/Intersindical e seus
satélites) e corresponde à crescente integração de todas as forças políticas que dirigem a entidade
ao Estado.
43 Querem impor à categoria - como vem fazendo nos últimos congressos - mudanças estatutárias
e outras que assegurem um maior controle da burocracia sobre a entidade e os cerca de R$ 50
milhões do seu orçamento.
44 Diante da desintegração da burocracia, totalmente rejeitada pela categoria, esta almeja eliminar
as assembléias, acabar com a proporcionalidade na direção da entidade, ampliar o prazo dos

Caderno de Teses 123


TESE 10
congressos e dos mandatos da diretoria etc. Ou seja, uma série de medidas que estabeleçam um
maior controle burocrático do sindicato pondo fim ao regime de co-gestão das forças que integram
a diretoria (PT/Articulação/ PT/Artinova, PCdoB, PSOL, PSTU, FOS etc.), seja no comando das 92
subsedes da entidade, onde são divididas parcelas minúsculas do orçamento milionário da entidade
(“mensalinho”).
45 Com estas e outras medidas, o setor majoritário da burocracia busca distanciamento ainda maior
das bases da categoria para fugir de qualquer controle dos trabalhadores e da enorme pressão que
estes tendem a fazer diante da onda de ataques dos governos inimigos da educação.
46 É claro que isto tende a alargar o abismo existente entre a categoria e a burocracia.
47 Além de satisfazer os apetites da burocracia por dias de lazer e diversão custeados pela
categoria, o Congresso constitui-se em uma reunião de integrantes da burocracia que “legislam em
causa própria”, destinando-se cada vez mais a deliberar sobre os interesses da própria burocracia:
eleições, verbas paras as subsedes, compra de patrimônio etc. Como aconteceu na última greve em
que as decisões das assembléias não foram respeitadas pela burocracia, como no encerramento
da greve.
48 O controle sobre o Congresso, as assembléias, eleições e todos os fóruns de deliberação da
entidade correspondem a uma medida de crise da burocracia que já não consegue obter o apoio
dos trabalhadores para sua política, na medida em que sustentam cada vez mais, abertamente,
a política reacionária dos governos da burguesia de “direita” ou de “esquerda” contra os
educadores e o ensino público.
49
Não podem permitir que a categoria delibere contra o arrocho salarial pois apóiam a política dos
governos estadual e federal de “austeridade fiscal”, de corte nas verbas para a Educação etc. Não
podem se opor à municipalização - que rebaixou os salários e deixou mais de 50 mil professores
sem emprego -, pois apoiaram o FUNDEB do governo Lula (sucessor do Fundef de FHC) que tem
com um dos seus pilares a distribuição de dinheiro para as prefeituras, ou seja, a municipalização,
para atender aos acordos com as máfias políticas que integram o atual governo, representantes
dos interesses dos banqueiros e demais grandes monopólios capitalistas, incluindo os poderosos
grupos privados da Educação, os “tubarões do ensino”. Não lutaram contra Serra e sua “reforma
da Previdência”, pois esta reforma contra os direitos dos servidores foi impulsionada de cima, pelo
governo Lula e porque a burocracia sindical tirou proveito desta “reforma” conseguindo cargos na
administração do SPPREV (como ficou estabelecido no projeto de sua criação) na condição de
“representantes” dos trabalhadores, conquistando altos salários e mordomias, tal como já o faz em
outros órgãos do Estado que já integra (conselhos, parlamento, governos etc.) defendo, sempre, os
interesses dos grandes capitalistas contra os professores e o conjunto da população trabalhadora.

Fora a burocracia da APEOESP!


50 O principal terreno de luta pela derrota desta burocracia, não está no Congresso manipulado e,
tampouco, nas eleições de mentirinha que se realizam nas subsedes. A questão central é discutir
esta situação nas escolas e colocar-se a tarefa de construir uma nova direção para a categoria a
partir da sua organização por local de trabalho e região, colocando-se de pé um amplo Movimento
de Oposição, independente de todas as alas que integram a diretoria.
51 Contra a política abertamente reacionária da burocracia, a tarefa do ativismo classista da
categoria é denunciar a farsa do Congresso e de toda esta operação contra os trabalhadores.
52 Propomos que os professores nas Escolas, nos Encontros Regionais e no próprio Congresso
rejeitem esta farsa, exigindo que os professores e os agrupamento organizados na categoria,
tenham o direito de apresentar suas propostas em todas as etapas do Congresso e em todas as
instâncias da APEOESP para que sejam discutidas pelo conjunto da categoria; que os delegados
sejam eleitos diretamente nas escolas na proporção de um delegado para cada 10 professores,
que o Congresso tenha como tema central a deliberação de um verdadeira campanha salarial em
defesa das reivindicações da categoria (reposição das perdas salariais, piso salarial que atenda
às necessidades do professor e de sua família, máximo de 25 alunos por sala, cancelamento da
municipalização etc. e que um verdadeiro congresso seja realizado no começo do ano letivo para
organizar a mobilização da categoria diante dos “novos” governos.

124 Caderno de Teses


TESE 10
53 Que a direção do Congresso e o comando de todas as instâncias deliberativas da APEOESP e
suas campanha de lutas sejam eleitas por assembléias (ou pelo plenário de milhares de delegados
no caso de um verdadeiro Congresso de base da categoria) para tirar da burocracia “mensalão”,
“mensalinho” ou “diariazinha” o controle sobre a entidade dos professores.

Fora a Burocracia da APEOESP e de todo o movimento Operário!


Por um verdadeiro Congresso de Bases dos professores, com delegados eleitos nas
escolas, no começo do ano letivo (março) para organizar a luta da categoria contra os “novos”
governos.
Por um Congresso que delibere sobre as reivindicações e necessidades dos trabalhadores
e não da burocracia Sindical!
Por uma verdadeira Campanha Salarial unificando professores e funcionários

IV – Conjuntura Nacional: o jogo de cartas marcadas das eleições, a


falência da direita e a necessidade da luta por um novo sindicalismo e um
verdadeiro partido dos trabalhadores

Um acordo contra os trabalhadores


54 A farsa das eleições, polarizadas entre os candidatos escolhidos pelas diferentes alas da
burguesia - Dilma, Serra e Marina - e o resultado destas, evidenciaram a crise dos partidos da
direita burguesa e de todo regime político, o que obriga a burguesia a se apoiar no governo da frente
popular (PT-PMDB-PP-PSB-PCdoB etc.), para assegurar os interesses dos bancos e de outros
grandes monopólios que não se cansaram de ganhar dinheiro graças à expropriação da população
ampliada no atual governo.
55 Para tanto, estabeleceu-se um amplo acordo político para tentar fazer com que a eleição
presidencial, bem como na maioria dos estados, fosse decidida no primeiro turno, visando dar aos
eleitos com o apoio do grande capital uma (falsa) autoridade política para tomar as medidas que a
burguesia vê como necessárias na próxima etapa, em que a crise capitalista tende a se aprofundar.
56 Encobrindo de forma acintosa a realidade, Lula, apesar de não ter cumprido nenhuma das
promessas que fez à população e ter frustrado todas as expectativas das massas pobres, mantendo
o desemprego, a fome e a miséria, foi apresentado como um verdadeiro “salvador da pátria” não
só pelo tradicional marketing eleitoral do Frente Popular, mas até mesmo pela imprensa burguesa,
que não se cansou de anunciar uma suposta popularidade do presidente que garantiu aos bancos
os maiores lucros de toda a sua história, cujo partido - depois de ter afundado nos esquemas de
corrupção do mensalão, sanguessugas etc. - foi obrigado a entregar sem disputa a maioria dos
estados e largas parcelas do poder central para o comando dos partidos e políticos da burguesia
amplamente repudiados pela população como os Sarney’s, Collor, Calheiros etc.
57 Como parte deste acordo, acertou-se a entrega pelo PT aos candidatos patronais do reacionário
PMDB e outros partidos, deixando - inclusive - de lançar candidatos em vários estados como
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Maranhão etc. ou lançando candidatos com menores
condições eleitorais em outros estados.
58 Esta farsa eleitoral repetiu - com muito maior envergadura - em operações semelhantes que
permitiram a vitória do PMDB em 23 estados nas eleições em 86, graças à fraude do Plano Cruzado
e a reeleição de FHC, em 98, com resquícios de popularidade do Plano Real. E foi estendida aos
principais estados, onde as eleições foram decididas no primeiro turno, graças ao acordo político
estabelecido pela burguesia e seus partidos.
59 Realizaram uma eleição com poucas disputas e muitos “candidatos únicos”, na qual coube ao
povo apenas referendar o que foi acordado pela burguesia.
60 Para garantir a “normalidade” desse “processo democrático estabeleceu-se um verdadeiro
cerceamento da esquerda nas eleições com impugnação de dezenas de candidatos, impedimento
de acesso aos debates e todo tipo de restrição.

Caderno de Teses 125


TESE 10
61 Graças ao cerco promovido pela máquina eleitoral da burguesia e seus governos em relação às
candidaturas da esquerda que se reivindicam como socialistas, nossos partidos foram praticamente
alijados do processo eleitoral pelos monopólios capitalistas da comunicação, com nossos candidatos
sequer ocupando 1% das imagens e informações que a imprensa nacional - totalmente a serviço
das candidaturas patronais - apresentou sobre as eleições 2010.
62 Como parte de um amplo processo de manipulação do processo eleitoral, que se soma à criação
de uma série de obstáculos ao registro de inúmeras candidaturas da esquerda, os grandes meios de
comunicação da imprensa capitalista só divulgaram os três candidatos preferenciais da burguesia,
Dilma Rousseff do PT, José Serra do PSDB e Marina Silva do PV.

A “estabilidade” a ponto de ruir


63 A razão principal para que a maioria da burguesia tenha sido forçada a apoiar um novo mandato
à frente popular, é a burguesia se encontra com a “corda no pescoço”, a falência dos seus partidos e
do seu regime diante da crise histórica do capitalismo, que tende a se aprofundar na próxima etapa,
ameaçando colocar por toda a falácia sobre “nova etapa de crescimento”, o que se refletirá também
no aprofundamento da crise política do já debilitado regime político em frangalhos.
64 Por detrás da aparente estabilidade, há uma enorme preocupação com o agravamento da crise
econômica que ameaça fazer desabar o regime político. A burguesia sabe que sem um confisco
significativo da classe operária, através do ataque aos direitos trabalhistas (Reforma) a economia
não se sustentará. Sem o confisco dos trabalhadores a situação teria - do ponto de vista da burguesia
- de evoluir para uma hiperinflação (outra forma de confisco).
65 Para o grande capital seriam duas as “alternativas” principais diante da crise: expropriar a classe
trabalhadora atacando o salário e os direitos através da Reforma Trabalhista ou expropriar as massas
através de um aumento generalizado dos preços. Outra possibilidade, que a burguesia procura
evitar é a chamada estagueinflação - estagnação econômica com inflação - devido às tendências
recessivas da economia mundial.
66 Nestas condições, embora a burguesia e seus governos tenha encontrado enormes dificuldades
para implementar uma ampla reforma trabalhista, vem procurando operacionalizá-la, por meio de
um conjunto de medidas parciais, uma vez que uma crescente expropriação dos trabalhadores é
uma necessidade do regime capitalista em crise, uma questão vital, pois a burguesia precisa dessa
expropriação dos trabalhadores para sobreviver e seguir lucrando.
Este confisco não pode ser pequeno e nem se limitar aos salários e direitos trabalhistas, pois
67
além dos interesses dos capitalistas industriais e dos bancos instalados no País precisam manter
o pagamento da dívida externa, garantir o superávit primário (saldo entre o valor arrecadado e os
gastos) por meio do corte de gastos públicos com saúde, educação, aposentadorias etc. os quais
precisarão ser ainda mais drásticos uma vez que uma economia em crise tende a cair a arrecadação.
Para manter os atuais eixos da política econômica, torna-se necessário um confisco violentíssimo
68 da maioria da população: matar mais pessoas de fome, cortar ainda mais os gastos com saúde,
aprofundar a falência do ensino público, atacar os salários, a classe média, aumentar a arrecadação
de impostos, etc.
69 Por tudo isso é que a burguesia teve de aceitar e apoiar um novo mandato da frente popular (PT,
PMDB, PCdoB etc.), apoiado pela burocracia dirigente da CUT e demais “centrais” que controlam
as direções de mais de 10 mil sindicatos, com mais de 300 mil dirigentes sindicais, além da UNE,
MST, UBES etc.
70 A burguesia depende da burocracia sindical para tentar impedir a rebelião dos trabalhadores
e para manter paralisadas as grandes organizações de luta construídas ou retomadas pelos
trabalhadores nas décadas passadas, como a APEOESP e, por isso, precisa de Lula, ainda que
este não esteja formalmente à frente do futuro governo.
71 Outros políticos foram e são merecedores da confiança da burguesia, tanto ou mais que Lula,
mas não apresentam a mesma confiança e relação com a burocracia sindical e, deste, modo não
são capazes tentar “segurar a onda” de ascenso da classe operária e do conjunto das massas.

126 Caderno de Teses


TESE 10
72 Essa situação é muito clara para nós profissionais em educação que, assim como todo
funcionalismo, perdemos com a Reforma da Previdência, onde todas as diretorias sindicais dos
servidores públicos, sejam eles municipais, estaduais ou federais, dispersaram toda luta do
funcionalismo nacional, para que Lula e os mensalões cortassem importante fatia dos salários
dos trabalhadores para entregarem aos banqueiros internacionais, como pagamento dos juros da
impagável dívida externa.
73 O apoio da burocracia sindical é justamente a principal arma com que a burguesia ainda conta,
graças ao controle que sua corrente (a Articulação, do PT) e seus aliados (como o PCdoB) tem
sobre a grande maioria dos sindicatos no país, na tentativa de conseguirem amarrarem as mãos da
classe trabalhadora brasileira.

Por uma alternativa dos trabalhadores


74 A retomada do ascenso operário depende destas crises e da evolução da reação da classe
operária diante delas. A subida da Frente Popular ao poder fez com que esta seja obrigada a
assumir responsabilidade pelas políticas antioperárias e antipopulares e pela sustentação do regime
burguês.
75 A grande mudança é que serve para aumentar o enfrentamento das massas com a frente
popular, torná-los abertos e acelerar a evolução política das massas. A lei mais geral dos governos
de frente popular é a de que estes são consumidos na tarefa de defesa da propriedade e do estado
capitalista. A presença de um partido operário com um programa revolucionário claro é decisiva
para aproveitar esta decomposição da frente popular para impulsionar amplamente a organização
e a ofensiva revolucionária das massas sempre e quando sejam capazes de atuar com completa
independência política e organizativa da frente popular.
76 Neste momento, o melhor do esforço político dos ativistas classistas do movimento operário deve
estar concentrado em buscar abrir caminho para uma evolução política classista e revolucionária
por fora do controle da frente popular. Para isso, é fundamental usar a luta contra as reformas e a
plataforma de reivindicações como forma de proceder uma revolução na organização das massas
através da formação de comitês de luta, de oposições sindicais e estudantis (corrente nacionais
classistas e revolucionárias nos movimentos de massas), renovação das organizações sindicais
etc.
77 O descontentamento com o novo governo da frente popular tende a aprofundar ainda mais a
ruptura com o PT e de sua política pró-imperialista e antipovo. Amplamente rejeitado pelas massas,
depois de anos servindo como mecanismo de contenção de um ascenso da classe operária, o PT
é o responsável direto pela evolução na consciência da classe trabalhadora, de que somente um
governo dos trabalhadores da cidade e do campo poderá atender às reivindicações populares,
de que é preciso uma verdadeira alternativa política, de que é preciso construir um partido operário
e de massas, que leve à frente a luta da classe trabalhadora por seu governo e por uma sociedade
socialista.

V – Conjuntura Internacional: a crise histórica do capitalismo entra em


uma nova etapa, na qual vão sem ampliar as tendências de luta dos
exploradas
78 Desde o final de 2007, a economia mundial entrou em uma nova etapa.
79 O enfraquecimento geral do imperialismo, do capitalismo, aponta para uma tendência
revolucionária na situação mundial. Não se trata simplesmente de esquema que prevê já uma
ligação “automática” entre a crise econômica e a revolução. O que temos na situação atual é um
enfraquecimento muito grande do imperialismo no terreno da política mundial, cujo centro é a
derrota da ocupação militar do imperialismo no Afeganistão e Iraque, acompanhado de uma crise
que o enfraquece no terreno econômico e isso cria tendências revolucionárias muito fortes que se
expressaram na vitória eleitoral de Obama e na sua crescente perda de prestígio junto à população,
bem como na desestabilização política em cadeia em várias regiões do mundo dos regimes pró-
imperialistas e do crescimento da resistência dos povos oprimidos.

Caderno de Teses 127


TESE 10
80 A economia mundial entrou em uma nova etapa, acentuando o fato de que a política do
imperialismo ingressou em uma nova etapa de crise.
81 Uma das características da crise atual é que esta não é uma “crise” a mais. Não há nenhum
regime inteiramente sólido no mundo neste momento.
82 A conclusão política geral aponta para o agravamento da crise do sistema capitalista geral, uma
crise revolucionária.
• Pela unidade socialista dos povos latino americanos
• Pela derrota militar do imperialismo na Palestina, Líbano, Iraque e todo Oriente Médio
• Fora as tropas americanas e de outros países do Iraque, Líbano e Afeganistão
• Fora as tropas brasileiras do Haiti
• Pela unidade internacional da classe operária. Pela reconstrução da IV Internacional,
partido mundial da revolução proletária.

VI – Política Educacional: salário e emprego do professor em primeiro


lugar
83 Nos últimos anos, os sucessivos governos patronais levaram adiante uma profunda campanha
de desmoralização e ataques contra os professores com o objetivo de minar sua resistência à
ofensiva desenvolvida contra o ensino público. Ou seja, trata-se de atacar os professores para evitar
que estes, juntos com a comunidade escolar, enfrentem a política de transferência de recursos da
educação para os cofres dos grandes capitalistas, como fazem os governos de Lula, Serra etc.
84 O centro desta política tem sido uma suposta “defesa da educação” ao mesmo tempo em que
os professores são condenados aos mais baixos salários de todos os tempos, suas manifestações
reprimidas e, a todo momento, responsabilizados pelos governantes como responsáveis por todos
os males da educação: a culpa é sempre do professor, isto é, querem colocar a culpa no professor
pelo fracasso da educação preparado por sucessivos governos corruptos..
85 As direções sindicais, acompanham esta política deixando de lado aquela que deveria ser a
missão número um do Sindicato, defender a melhoria das condições de vida (SALÁRIOS!!!!!) e de
trabalho dos professores e apresentando como disfarce generalidades como “colocar a educação
no centro das atenções”, “defender a escola pública” etc. Esta capitulação política e ideológica
corresponde à aproximação dos partidos que dirigem nosso Sindicato (PT, PCdoB, PSTU, PSOL)
dos partidos patronais e da própria burguesia. Essa burocracia abandonou a defesa do salário do
professor, defendendo apenas os seus próprios interesses no aparato do Sindicato e no Estado,
trocando a luta dos professores por cargos e bom salários, lutando apenas para eleger políticos que
nada fazem a não ser defender a direita e a burguesia no antro de corrupção que são os congressos
onde atuam.
86 É preciso derrotar esta política e colocar os milhões arrecadados pelo Sindicato a serviço de uma
verdadeira campanha de defesa de nossas reivindicações, EM PRIMEIRO LUGAR, O SALÁRIO.

Por um piso salarial, que seja suficiente para atender ao conjunto das necessidades
fundamentais do professor e de sua família: R$ 3.500,00
87
Com o salário atual o professor não dispõe dos recursos elementares para alimentar a si e a
sua família. Obviamente que em tais condições falar em capacitação profissional, aprimoramento
do trabalho docente, é mera demagogia.
88 Para assegurar ao professor condições para uma verdadeira evolução profissional é necessário,
antes de tudo, conquistar um piso salarial que atenda as necessidades do professor e sua família,
que deve ser o resultado de uma avaliação concreta dos preços dos bens necessários como aluguel
ou prestação da casa própria, alimentação, vestuário, transporte, saúde, limpeza e higiene,lazer,
educação e cultura, recreação etc.
89
Além do que o piso salarial deve contemplar os custos agregados ao valor da nossa força de
trabalho em função dos gastos despendidos com a qualificação profissional que obtivemos ao longo

128 Caderno de Teses


TESE 10
de pelo menos 5 anos de estudos. Portanto, o piso salarial de um professor em início de carreira não
pode ser hoje menos do que R$ 3.500,00, de forma que o professor tenha condições de ter acesso á
livros, jornais e outras publicações; possa viajar e tomar conhecimento de outras realidades e temas
que pretende ensinar aos alunos, tenha tempo livre e recursos para se dedicar ao conhecimento de
novas técnicas, ao aperfeiçoamento dos seus conhecimentos. Um piso salarial de 3.500,00 seria
necessário somente para repor aquilo que foi roubado dos professores por sucessivos governos da
frente popular pra cá.

O governo do PT aprofundou os ataques de FHC contra o Ensino Público


90 A educação pública no Brasil é de baixo investimento, de baixo custo. As verbas destinadas
pelas Organizações Multilaterais, como o Banco Mundial, são desviadas para as empreiteiras,
montadoras, etc. sobre o pretexto de que para os alunos chegarem às escolas é necessário construir
estradas, pontes, comprar veículos para o transporte das crianças etc. Desta forma, o dinheiro que
deveria ser destinado exclusivamente para a educação esta sendo transferidos para os cofres dos
capitalistas banqueiros e grandes empresários.
91 O FUNDEF de FHC foi trocado pelo FUNDEB de Lula (fundo que deveria ser investido somente
no ensino infantil e - “loucura pouca é bobagem”). Desta forma, enquanto o fundo de FHC previa
investir no ensino fundamental, o governo de Lula, com sua famosa política mentirosa e ilusória,
enganou a população propondo que o fundo deveria ser investido não só no ensino fundamental
mas sim em todo o ensino básico, isto é, do ensino infantil até o ensino médio, propondo investir
40% a mais do que FHC. Só que essa política mentirosa de Lula não contou ao povo todos os
detalhes, sonegando as informações, por exemplo, que aumentou o publico alvo em praticamente
100%, isto é, a verba para o ensino fundamental diminuiu. E como não bastasse, aquilo que foi
prometido pelo governo petista ainda não apareceu, a não ser o primeiro 1 bilhão que foi investido
em compra de veículos para transportar alunos, iludindo mais uma vez a população dizendo que
para melhorar a educação é necessário fazer o aluno chegar até a escola. Desta forma, mais uma
vez, este governo com fachada de defensor dos trabalhadores, mentiu para o povo transferindo
dinheiro público para as montadoras.
92 O governo Lula não investiu na educação nada mais do que o governo de FHC, sendo que as
verbas investidas na educação, garganteadas por estes governos burgueses PT/PSDB em épocas
de propagandas políticas, se quer, ultrapassaram a casa dos 4% do PIB, enquanto, as próprias
reacionárias organizações internacionais destacam a necessidade de que os países como o Brasil
invistam pelo menos 12% do PIB em educação.

Dinheiro do estado para os capitalistas da educação e para o FMI


93 Lula manteve e aprofundou a política colocada em marcha no governo FHC que foi a de transferir
os recursos do Estado nacional das escolas públicas para o ensino privado. Assim, com a cínica
proposta de atender a população mais pobre que não tem condições de entrar em uma universidade
pública, Lula criou o Prouni, transferindo milhões dos recursos públicos que deveriam ser investidos
no ensino público para os tubarões do ensino privado que encontravam-se praticamente a beira da
falencia devido a inadiprencia dos pobres trabalhadores, ou seja, o governo do PT aumentou ainda
mais os lucros dos banqueiros que controlam as universidades privadas.
94 No governo anterior o pretexto para esta transferência cada vez maior e para o ataque às
universidades públicas foi a de que seria necessário investir na educação de base. O que ocorreu
foi um investimento, não educação, mas nos capitalistas da educação.
95 Agora, o governo Lula deu um passo adiante reforçando o caixa das universidades particulares,
sob o pretexto de atender justas demandas da população mais pobre, ao mesmo tempo em que
deixava de investir no ensino público.
96 A destruição do ensino público vê seu aprofundamento no Governo Lula, o que desmente de
forma integral a propaganda do PT de que a educação está sendo solucionada.

Caderno de Teses 129


TESE 10
Nem quantidade, nem qualidade
97 O número de matriculados no ensino superior inclui uma minoria da população, resultado da
falta de perspectiva do ensino público ou a total ausência de vagas nas regiões mais pobres do país.
98 No ensino médio, dos cerca de 10 milhões de brasileiros entre 15 e 17 anos, apenas 33,3%
cursam o ensino médio, somados ainda ao índice de reprovação.
99 Estes são os resultados imediatos da política do governo do PT, levando à frente os acentuados
ataques da era FHC à educação. A privatização do ensino, o favorecimento dos capitalistas da
educação restringe à uma minoria o acesso ao ensino com uma qualidade razoável, ainda que em
muitos casos isso não chega nem próximo ao necessário. O sucateamento da educação básica é
um dos piores ataques do governo Lula à população, condenada à exclusão do sistema privado de
ensino.
100 Somente a classe trabalhadora pode apontar um caminho político que seja alternativa à política
de desastre nacional do regime burguês, seja ele dirigido pelo PT ou PSDB que apresentam
fachadas diferentes mas a mesma política de desmonte da educação brasileira. Neste sentido,
a luta pela defesa da educação pública gratuita e de qualidade para todos em todos os níveis,
só pode ter sucesso como parte da luta por um governo dos trabalhadores e pelo socialismo. A
classe trabalhadora e a juventude devem ter como reivindicação fundamental para a educação o
ensino público para todos, em todos os níveis e as verbas necessárias para que este tenha
a qualidade necessária.

Educar para a luta de Classe


101 A educação no sistema capitalista tem como objetivo central, principalmente no que diz respeito
ao ensino público, a formação de mão-de-obra para o mercado de trabalho e a “domesticação”
dos filhos dos operários e demais trabalhadores no sentido que o status quo vigente (de riqueza e
esbanjamento de poucos às custas da exploração e miséria da grande maioria) deve ser mantido.
102 Em um momento de crise histórica do capitalismo, de retrocesso das forças produtivas,
a “formação” de milhões de jovens anualmente para o mercado de trabalho é vista como mais
um excedente, ou seja, uma produção acima das necessidades do mercado e que, portanto, o
capitalismo deseja reduzir drasticamente. Por isso, ao mesmo tempo em que ataca, em todos os
países, conquistas históricas dos trabalhadores, a ofensiva contra a educação verifica-se por todos
os lados. É o que acontece, no Brasil, com o governo Lula que para cumprir a vontade do FMI e dos
grandes capitalistas mantém a política de cortes profundos no orçamento federal para a Educação
e de outros setores essenciais.
103
A decadência capitalista arrasta consigo todos os setores da atividade humana e o ensino não
constitui uma exceção. A decadência capitalista é, portanto, a decadência da educação.
104 O que está colocado, mais do que nunca, é a necessidade de colocar a serviço da luta de
classes, para pôr fim ao regime político e ao Estado burguês que destrói a educação de milhões
em favor dos interesses privados de uma ínfima minoria de exploradores. A educação necessária
passa pela luta contra a opressão capitalista que ameaça a existência do sistema público de ensino.
Desde cedo o papel do educador é evidenciar que sem luta, haverá um colossal retrocesso
105
nas condições educacionais e cada vez mais o ensino será transformado num privilégio.
Sem luta sequer estará assegurada a existência do ensino público amanhã.
A arma central do ataque do grande capital e seus governos contra o ensino público é o
106
esmagamento salarial e profissional dos trabalhadores da educação. Os governos não se cansam de
dizer que defendem a melhoria da escola pública, ao mesmo tempo em que lançam os trabalhadores
da educação nas piores condições de salários e de trabalho de todos os tempos.
A defesa do ensino público, gratuito, laico e de boa qualidade para todos os níveis e o combate
107 contra os projetos de destruição do ensino público do grande capital e seus governos, devem ter
como ponto de partida a defesa das condições de vida e de trabalho daqueles que “carregam nas
costas” a educação pública: os professores e demais trabalhadores da educação.
108 A tarefa, portanto, dos que desejam transformar a situação atual é colocar a escola a serviço

130 Caderno de Teses


TESE 10
da luta contra o regime político e o Estado burguês que atuam no sentido da destruição do
ensino público e são um entrave ao desenvolvimento social e cultural da maioria da população. Esta
tarefa só pode ser realizada através da mobilização dos setores mais oprimidos e mais dinâmicos
da comunidade escolar: a juventude estudantil, os professores e funcionários.

Gestão Escolar: Governo Tripartite e Autonomia total para a Escola


109 Muito se tem discutido sobre gestão democrática e autonomia escolar. Governo e entidades,
como a própria APEOESP, colocam a necessidade da participação dos pais e alunos nos conselhos
de escola e defendem, no caso das entidades, eleições diretas para diretor de escola, delegados de
ensino e membros do conselho estadual e municipal de educação para, segundo estes, transformar
a estrutura verticalizada de poder da SE.
Da parte do governo não se trata de mera demagogia. O discurso de que a comunidade deve
110 participar da vida escolar visa, na realidade, fazer com que esta assuma tarefas que o governo tem
deixado de cumprir, como por exemplo, manutenção do prédio escolar, limpeza, segurança, etc.
Ou seja, serve para encobrir o sucateamento das escolas que o governo vem promovendo com a
demissão de funcionários e seguranças.
111 Da parte das entidades e de “renomados especialistas”, trata-se de defender um arremedo de
participação e democracia, uma vez que os conselhos de escolas somente dão aval às coisas quase
que totalmente pré-estabelecidas por resoluções, decretos, deliberações, etc., além de serem na
maioria das vezes, totalmente controladas pelas direções da escola.
Quanto a proposta de eleição direta para diretor de escola, alem desta poder ser facilmente
112
manipulada, de nada mudaria a estrutura de poder na escola, que continuaria centralizada nas
mãos de uma única pessoa.
Entendemos que o diretor da escola é uma figura estranha ao contexto escolar. Muitos sequer
113 são oriundos da própria unidade escolar.
Participação, por sua vez, não significa somente “tomar parte”, mas também “fazer parte”, “ser
114 parte” e “ter parte”.
Por isso propomos que a comunidade participe do dia-a-dia da escola não para fazer reformas,
115 consertos, etc.. Defendemos que os pais, juntos com os demais segmentos reais da escola, -os
professores, funcionários e alunos-, administrem a escola.
116 Esse governo tripartite, representantes de professores, pais e funcionários para as escolas de
primeiro grau ou representantes de professores, funcionários e alunos para as escolas de segundo
grau, -deve ser eleito através de eleições diretas entre seus pares.
117 Defender o governo tripartite para a escola significa, não só denunciar o regime ditatorial vigente
na maioria das escolas, mas criar também uma arma importante na luta contra a destruição do
ensino público uma vez que, estando os pais engajados nos problemas do ensino estarão também
na luta pela melhoria do mesmo. Defendemos:
• Autonomia financeira para decidir onde e quando aplicar as verbas e também realizar gastos
necessários ao processo educativo;
• Autonomia didática e educacional para decidir como ensinar e o que ensinar, incluindo
disciplinas que a comunidade ache necessária;
• Autonomia administrativa para decidir sobre o funcionamento geral da escola, contratação de
pessoal, etc.;
• Estas reivindicações, no entanto, só poderão ser alcançadas através de um processo de luta
de todos esses setores e não através do apoio à política educacional do governo como faz a
APEOESP.

Avaliação: aprovação automática, mais uma das faces da destruição da Escola Pública
117 Desde 1995 o governo do PSDB em São Paulo, seguindo a política do imperialismo mundial,
realizou um ataque nunca visto à escola pública, tomando uma série de medidas, seguindo a LDB

Caderno de Teses 131


TESE 10
(lei de diretrizes e bases), para que o estado fosse liberado de suas responsabilidades com a
educação pública, que implicaria na economia de bilhões de reais para financiar os interesses da
alta burguesia e do imperialismo.
118 Esse ataque se iniciou com a chamada reorganização das escolas, o que levou a divisão entre
as escolas de 1ª a 4ª série, das escolas de 5ª a 8ª série e 2º grau, o que de imediato gerou o
fechamento de milhares de turnos escolares e centenas de escolas, gerando aproximadamente
100.000 demissões entre os professores e funcionários, o fechamento de milhares de vagas para
os estudantes, o sofrimento para pais e alunos, que tiveram que se transferir para escolas, muitas
vezes, distante mais de 5 quilômetros de suas residências, alem de se tornarem comuns, ás vigílias
semanais nas portas das escolas, na época de matrícula, para que os pais ou mesmo os alunos
consigam garantir uma vaga.
119 Essa foi a primeira parte do ataque, na segunda etapa o governo iniciou o processo de
municipalização, que desobriga o Estado de manter determinados níveis de ensino, passando as
responsabilidades para as prefeituras, que na sua grande maioria, estão completamente falidas.
120 Para conseguir seus objetivos o governo federal organizou uma política para comprar as
prefeituras, com a chamada verba - FUNDEB.
121 Todos esses ataques visam, como vimos acima atacar os trabalhadores da educação, mas
também os alunos. Nos dias de hoje, onde o desemprego impera no Brasil e em todos os países
do mundo, a atual LDB que tem como eixo a chamada “educação para a cidadania”, isto porque
não poderia estar escrito em todas as letras a “educação para o ócio”, baseia-se em expelir os
alunos da escola sem saber nada e jogá-los numa sociedade onde não existe emprego e nem
perspectiva de vida, dessa maneira fica justificado para o governo inimigo dos trabalhadores, a
chamada progressão continuada, ou melhor, a aprovação automática de todos os alunos, mesmo
aquele que não teve o mínimo aprendizado do mínimo que foi ensinado ao longo do ano. A falta de
perspectiva da juventude, diante de todo esse quadro econômico, político e social que aí está, leva
a todo um estado de desinteresse da sala de aula, o que é visto por grande parte dos educadores,
como indisciplina, gerando atitudes policialescas dos próprios professores, gerando inúmeros
conflitos. A próxima fase do ataque à juventude, vem com a reforma do ensino médio, que impõe o
processo de privatização, fazendo com que o Estado também se desobrigue de manter este nível
de ensino, passando para as mãos de empresários. O que fará com que milhares de estudantes
sejam obrigados a abandonar a escola por não terem condições de arcar com o pagamento.
122 A única saída para essa crise, que só ataca os trabalhadores, é a mobilização de todas as
comunidades escolares, professores, funcionários, pais e alunos, pelo cancelamento de todas as
medidas dos governos FHC, Lula, Alckmin e Serra contra a educação.

Não ao concurso-guilhotina: redução da jornada e estabilidade no emprego para todos


os temporários
123 O governo do PSDB inimigo e destruidor da educação mesmo depois de ter “jogado” a educação
pública do estado de São Paulo no lixo, o que fez levar o processo educacional do estado de
São Paulo ao caos, com classes superlotadas, jornadas estafantes aos professores, salários que
passaram de quase 12 salários mínimos no começo dos anos 90 para pouco mais de três nos dias
de hoje para jornadas de 40 h/aulas, aprovação automática, trabalhos aos sábados, domingos e
feriados, etc. Agora impôs aos professores ACT mais uma humilhação, ficando estes obrigados
a passarem por um concurso guilhotina, isto é, concurso corta pescoço. Ao invés do governo
estadual realizar concursos para efetivação de milhares de professores conforme a demanda
este, procura jogar toda a carreira do professor na lata d lixo, além de criar várias categorias de
professores (O,L,F...) um alfabeto da miséria. Aquele professor, mesmo com mais de 20 anos de
sala de aula que não conseguir passar no famigerado concurso guilhotina está desempregado e
mesmo aquele que passar no concurso ainda fica submetido a chamada quarentena, tendo que
ficar desempregado por 200 dias letivos, um verdadeiro descaso a uma mãe ou pai de família. Os
professores não podem aceitar estas medidas de ataques à sua vida profissional, devem dar um
basta neste governo, unir com funcionários, alunos e todo a comunidade escolar para derrotar

132 Caderno de Teses


TESE 10
este governo e exigir redução da jornada de trabalho para que todos trabalhem e estabilidade no
emprego para todos os professores temporários.

Revogação imediata da Lei que restringe o número de faltas médicas


124 Como não bastasse, o governo do PSDB limitou as faltas médicas para no máximo de 6
ao ano, Lei 1041. Sabendo que a maioria dos trabalhadores da nossa categoria são mulheres
e mesmo a Organização Mundial da Saúde indica que a mulher vá ao médico no mínimo duas
vezes ao ano, mesmo assim, todos sabem que sempre são as mulheres que acompanham os
filhos e maridos ao médico. Com o plano das 10 metas imposto pelo governo do PSDB e o PDE
do PT, implanta um sucateamento total da educação, tanto a nível estadual como Federal, o que
mostra o atrelamento desses dois governos burgueses: - salas de aulas com mais de 40 alunos,
jornadas de três períodos, escolas como se fosse uma fabrica de produção, salários cada vez
mais baixos, concursos guilhotinas, quarentenas, etc. estão fazendo com que os professores
(as) adoeçam, sendo submetidos a tratamentos médicos e licença saúde... o que ajuntando com
concurso guilhotina, quarentena, baixo salário, etc. , as escolas ficaram sem professores. A maioria
dos estabelecimentos escolares está dispensando os alunos no intervalo ou até antes, em alguns
casos como na área de exatas, algumas escolas estão sem professores desde o começo do ano e
muitas vezes dispensam seus alunos logo na primeira aula. Até mesmo as Universidades Públicas
com cursos de Licenciaturas não estão conseguindo fechar turmas, devido ao total desinteresse
nestas disciplinas. Nesse sentido, é necessário uma grande mobilização para por fim a lei que
restringe o numero de faltas médicas para os professores.

Desemprego e ataque aos alunos: fim do EJA e do ensino Noturno / ensino Médio não
presencial e Universidade virtual
Serra estabeleceu os cursos de ensino à distância em São Paulo. Em 1999 havia apenas
125
duas escolas de ensino à distância, em 2007 esse número passou para 104 instituições, sendo 62
privadas. Também foi criação de Serra a Universidade Virtual do Estado de São Paulo, Univesp,
com o objetivo de salvar os capitalistas da educação. Além de representar mais um elemento da
privatização das universidades públicas, a Univesp serve como todas as instituições de Ensino à
Distância como um nicho a mais de expansão dos lucros dos capitalistas da educação.
126
Agora, o governo Serra/Goldman procura concluir a eliminação do Ensino de Jovens e Adultos -
EJA. Por meio dos seus representantes nas diretorias de Ensino, já foi encaminhado o fechamento
de grande quantidade de salas do EJA. Com as últimas Resoluções adotadas pela Secretaria de
Educação Estadual, o EJA do 1º grau passou para 2 anos de curso e o EJA 2º grau passou para 1 ano
de curso, diminuindo drasticamente os números de salas de aulas e conseqüentemente, causando
mais desemprego entre os professores e colocando milhares de profissionais da educação no olho
da rua. O governo criou o ENCEJA o Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens
e Adultos. Esse exame é instituído objetivamente para ratificar todo o sucateamento proporcionado
pelo ensino a distância e praticamente o fim do EJA .
127 Com relação ao Ensino Médio, o governo fez ser aprovada a Deliberação Nº 77/08 do Conselho
Estadual de Educação - SP. Essa permite transformar 20% dos componentes curriculares da Base
Nacional Comum em “ensino semipresencial”. Considerando que a parte diversificada (25%) não
é obrigatória para aluno prosseguir os estudos. Conclui-se, que a obrigatoriedade do “ensino
presencial” fica restrita a 55%.
128 Com essas investidas o governo reacionário de São Paulo, além de decretar o fim do EJA,
prepara a imposição prática da transformação de parte do ensino médio à distância. Por isso,
quer implantar tais “escolas pólos” e promete fechar, não só o EJA, mas o ensino noturno na rede
estadual até 20l4, como já foi anunciado por representantes da SE. Todo o Sistema de Avaliações
Governamentais constitui-se em um aparato para dar seqüência à liquidação do sistema de ensino
estatal, além de impor desemprego massivo à categoria.

Caderno de Teses 133


TESE 10
As avaliações governamentais: desmonte do ensino público
129 O governo criou o ENCEJA o Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e
Adultos. Esse exame é instituído objetivamente para ratificar todo o sucateamento proporcionado
pelo ensino a distância e praticamente o fim do EJA . Como não bastasse, agora o ENEN- Exame
Nacional do Ensino Médio, também poderá aprovar no 2ª grau, qualquer aluno que já tiver idade e
obter uma média de 40 de acertos nesta prova, independentemente da série que ele estiver
130 Além do ENEM e ENCEJA, o governo Lula junto com os demais governos, implantaram nos
Estados, o Exame Probatório, Avaliação de Mérito e demais “Exames”. O Exame Nacional de
Seleção de Docentes instaurado em maio deste ano pelo governo Lula é equivalente à prova do
OFA de Serra em São Paulo e que pretende selecionar os professores efetivos desconsiderando o
tempo de trabalho. Já o, anteriormente instituído, Exame Nacional de Proficiência Docente, pretende
validar ou invalidar os diplomas de cinco em cinco anos. É o completo desmantelamento da carreira
do magistério e fim da estabilidade.
131 O desmonte do Sistema de Ensino Público é uma exigência do grande capital em escala
internacional. Diante da decomposição capitalista, a burguesia exige de seus governos a eliminação
dos serviços públicos e dos direitos trabalhistas em geral. É a fórmula utilizada para reduzir custos
e valor da mão de obra em favor dos capitalistas.
132 O SARESP é uma avaliação externa que nega as transformações pelas quais a escola pública
teria que passar para atender a demanda decorrente da universalização da educação. È uma
prova que homogeniza as avaliações, desconsiderando as necessidades particulares de crianças
e jovens das classes trabalhadoras. Seu único resultado concreto nesses treze anos em que é
aplicado foi penalizar professores, premiando alguns cujas escolas alcançam médias maiores, mais
um mecanismo de divisão da categoria aplicado pelo governo reacionário. Além disso, gestores
promovem um verdadeiro terrorismo sobre os professores para que as escolas melhorem seu
desempenho sem que haja nenhuma ação efetiva de transformação das condições de ensino a não
ser gastos exorbitantes com materiais impressos, além da indústria de avaliações que despeja nas
mãos de terceiros verbas que deveriam ser aplicadas nas escolas.
• Fim do Saresp e de todas as avaliações fraudulentas
• Abaixo a “avaliação por mérito” ou “avaliação por desempenho”.

NÃO AO FIM DA ISONOMIA DO “PLANO DE CARREIRA” TUCANO


134 A fragmentação dos professores em várias categorias por letras (o alfabeto da miséria),
imposição da prova do OFA e a política salarial com a diferenciação ( apenas 20% pode passar a
ganhar algumas migalhas a mais) representa uma profunda ataque à categoria do magistério. Um
Plano de Carreira que representa um ataque ao conjunto da categoria, procurando dividi-la para
facilitar a sua opressão pelo governo.
Esse plano não visa atender nem parte nem o conjunto dos professores. Ao excluir todos os
135
aposentados, professores que não conseguem ficar na mesma sede por pelo menos três anos,
professores que ficam doentes e precisam tirar licença etc. etc. constitui-se, de fato, em mais um
grande ataque à categoria, quebrando a isonomia na carreira e tentando dividir os professores,
além de retirar conquistas históricas, ainda retira a possibilidade de reajuste extensivo para toda a
categoria. Tudo isso feito com o apoio da burocracia da Apeoesp, incluindo o voto da presidenta da
entidade (“Bebel”) no CNE (Conselho Nacional de Educação) a favor da “avaliação de desempenho”,
ou seja, do fim da isonomia salarial.
136 Os professores não podem aceitar mais este desmonte. É necessário mobilizar pelo fim dessa
política e exigir um Plano de Carreira extensivo a todos os profissionais da educação.

VII – Plano de Lutas: por uma verdadeira Campanha Salarial


137 neste ano de 2010, foram aprovadas pelo governo do PSDB várias leis de ataque aos educadores
e ao funcionalismo (1.093 , 1.094, 1.097 etc.), as quais evidenciam uma unidade entre a política
dos governos federal do PT e Estadual PSDB e que contaram com o apoio da burocracia sindical.

134 Caderno de Teses


TESE 10
138 Ao mesmo tempo em que o governo federal estabelecia junto com o Congresso mensalão o
miserável Piso Nacional da Educação (hoje equivalente a R$ 1024), o governo Serra, no Estado mais
rico da federação, mantinha o arrocho salarial, pagando do 14º. Pior salário do País, anunciando,
no entanto, que este está acima do piso nacional, apoiado pela diretoria da APEOESP como mais
uma de suas “vitórias”.
139 Além do arrocho salarial, o governo Serra e seus deputados na Assembléia Legislativa aprovaram
a Lei 1.093 que criou o Concurso Guilhotina a Quarentena e ainda pior, jogou todos os professores
novos no INSS, ficando limitados a se aposentarem com salário mínimo.
140 Estas e outras medidas só triunfaram por conta da paralisia da direção da Apeoesp e de sua
sistemática traição à luta dos professores. A começar pela aberta sabotagem das campanhas
salariais, cujos resultados (enormes prejuízos à categoria) contrastam com a combatividade e
disposição de luta demonstrada pelos professores. Estes querem lutar, mas encontram na burocracia
do maior e um dos mais ricos sindicatos do País uma verdadeira muralha.

Fim das assembléias com sindicatos patronais e campanhas “UNIFICADAS” com quem
não quer lutar
141 Nas inúmeras campanhas salariais já se tornou um golpe tradicional da direção da Apeoesp para
conter o movimento transformar as assembléias dos professores em uma “assembléia unificada”
com meia-dúzia de entidades sindicais, alguma delas patronais (como é o caso dos “sindicatos” dos
diretores e dos supervisores de ensino, algozes da categoria e responsáveis pela implementação
e defesa da política de destruição do ensino levada adiante pelos sucessivos governos tucanos
no estado); se “unificaram” também burocracias que se posicionou inúmeras vezes contra a greve
dos educadores (como no caso da direção da Afuse - servidores) e até uma entidade dirigida por
políticos ligados ao governo tucano, como é o caso do CPP - Centro Professorado Paulista, cujo
último presidente eleito foi deputado da base do governo tucano, tendo sucedido a um malufista na
presidência.
142 Nessa “unificação”, os professores e a APEOESP entram com a mobilização, a greve, a presença
de cerca de 20 mil deles na assembléia e as demais entidades “colaboram” com discursos contra
a mobilização e conselhos para se chegar a um acordo com Serra e seja lá quem for que favoreça
apenas a seus interesses como a casta que vive da traição aos interesses dos professores.
143 Um dos resultados mais expressivos desta política se deu em 2007, quando depois de uma
mobilização “unitária” (21 dias de greves em que praticamente só os professores pararam), o
governo concedeu reajustes de até 16% para os “chefes” (que abandonaram a “unidade”) enquanto
os professores ficaram no 0% e de novo sob o ataque dos diretores, supervisores etc. nas escolas,
onde impera uma verdadeira ditadura contra o professorado e dos estudantes.
144 A verdadeira unidade que deve ser defendida pela categoria é entre professores, estudantes,
funcionários e pais de alunos. Unir aqueles que sofrem com a destruição do ensino público e com a
política de baixo investimento imposta pelos governos burgueses.
145 Aceitar uma assembléia em tais condições, seria como permitir que os chefes, gerentes e
supervisores tomassem as decisões em uma assembléia de metalúrgicos.
146 O golpe da burocracia visa apoiar o governo, desmoralizar a luta dos professores e funcionários
e impedir, de fato, uma ampla mobilização unitária de toda a comunidade, a partir das escolas,
por isso é preciso denunciar a fraude e exigir a convocação de uma assembléia exclusiva dos
trabalhadores da educação (professores e funcionários).
147 A tarefa é organizar em todas as regiões comitês de luta integrados por professores,
funcionários, pais e alunos e de todas as escolas que tenham como papel organizar a
mobilização de toda a comunidade escolar em prol das reivindicações dos educadores e de toda a
comunidade, em primeiro lugar, a reposição de 100% das perdas salariais dos governos tucanos.
Só é possível barrar a destruição da educação, valorizando os trabalhadores que, contra tudo e
contra todos, carregam o ensino público nas costas. Os planos do governo Lula (PDE) e de Serra
(“10 metas”) ignoram justamente isto, porque são a continuidade da ofensiva contra o ensino público.
Querem apenas encobrir o “apagão da educação”.

Caderno de Teses 135


TESE 10
• Abaixo o golpe dos atos com entidade patronais. Assembléias exclusivas dos professores
e funcionários para deliberar sobre a luta pelas reivindicações dos educadores.

Campanha Salarial por 100% de reajuste


148 Na questão salarial - que de fato tem importância para os trabalhadores -, a burocracia divulgou
nas inúmeras campanhas salariais que estaria considerando apenas as perdas de 1998 a 2010,
deixando de lado os primeiros anos do governo tucano (Covas) quando o próprio ICV (Índice do
Custo de Vida, do DIEESE) acumulou quase 50% de aumentos nestes anos (27,44% - em 95 /
9,94% - em 1996 e 6,11% - em 1997).
149 Desconsideram também - entre outras coisas - que graças à reforma da Previdência (aprovada
com apoio de petistas e tucanos, entre outros) nossos salários foram reduzidos com o aumento
de 5% desconto da previdência e que em 16 anos de governos tucanos, ficamos 15 anos sem
quaisquer reajustes, o que reduziu a menos da metade o poder de compra dos nossos salários.
150 Diante dessa situação é necessário um reajuste imediato de 100% nos salários e a incorporação
de todas as gratificações para fazer os salários recuperarem o seu poder de compra do final da
século passado.
• Reposição das perdas salariais dos governos tucanos: Incorporação das gratificações
e 100% de reajuste para recupera o poder de compra dos salários
• Piso salarial que atenda a necessidades do professor e de sua família (que hoje deveria
ser de R$ 3.500,00 por jornada de 20h/aula semanais em sala de aula);
• Máximo de 25 alunos por sala de aula;
• “Fim da aprovação automática” e de toda a política antieducacional dos governos
tucanos;
• Fim da municipalização e cancelamento das realizadas
• Abaixo a política de gratificações e bônus e a política de chantagear os educadores
através de “avaliações de desempenho” e outros meios

Formar Comandos de Base


151 A diretoria só fala de “vitórias” e “conquistas” (certamente porque a sua situação esta melhor do
que nunca), enquanto nós professores amargamos com salários arrochados, duplas (e até triplas)
jornadas, assédio e desrespeito de dirigentes, salas superlotadas, milhares de colegas sem aulas
etc.
152 É claro que precisamos retirar o comando de nossas lutas das mãos dessa direção.
153 Propomos a constituição em todas as regiões do Estado de comitês de luta, independentes
da burocracia (tal como se deu na última greve) e a eleição de um Comando Estadual de base
organizada a partir das escolas e das regiões que organize a luta e realize as negociações com o
governo.

154 Pauta de Reivindicações


Discutir em cada Escola os eixos da pauta para uma verdadeira campanha salarial:
Reposição salarial de todas as perdas salariais com o Plano Real
R$ 3.500,00 de piso salarial
Salário igual para trabalho igual. Não ao fim da isonomia salarial: abaixo a política de
bônus, reajustes diferenciados etc.
Redução do numero de alunos por sala de aula, máximo de 25 alunos no Ensino Médio e
15 alunos no Ensino Fundamental
Fim de todas as medidas antieducacionais do governos tucanos: “aprovação automática”,
municipalização; lei da falta-médica; não renovação das licenças médicas.
Contratação e efetivação de professores auxiliares com recebimento de jornadas integrais

136 Caderno de Teses


TESE 10
e em igualdade de condições com titulares
Estabilidade no emprego para os ACT´s etc.; fim dos concursos-guilhotinas
Por um piso salarial que seja suficiente para atender ao conjunto das necessidades
fundamentais do professor e de sua família: 3.500,00 por 20h/a em sala de aula
155 Com o salário atual o professor não dispõe dos recursos elementares para alimentar a si e a
sua família. Obviamente que em tais condições falar em capacitação profissional,aprimoramento do
trabalho docente, é mera demagogia.
Para assegurar ao professor condições para uma verdadeira evolução profissional é necessário
156
antes de mais nada conquistar um piso salarial que atenda as necessidades de um professor e
sua família, que deve ser o resultado de uma avaliação concreta dos preços dos bens necessários
como aluguel ou prestação da casa própria, alimentação, vestuário, transporte, saúde, limpeza e
higiene,lazer, educação e cultura, recreação etc.
157 Além do que o piso salarial deve contemplar os custos agregados ao valor da nossa força de
trabalho em função dos gastos despendidos com a qualificação profissional que obtivemos ao longo
de pelo menos 15 anos de estudos. Portanto o salário de um professor em início de carreira não
pode ser hoje menos do que R$ 3.500,00, de forma que o professor tenha condições de ter acesso á
livros, jornais e outras publicações; possa viajar e tomar conhecimento de outras realidades e temas
que pretende ensinar aos alunos, tempo livre e recursos para se dedicar ao conhecimento de novas
técnicas, ao aperfeiçoamento dos seus conhecimentos.

Redução do número de alunos por sala de aula


158 Para no máximo de 15 alunos nas salas de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental I e máximo de
25 alunos nas salas de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
159 A proposta de redução do número de alunos para 35 alunos por sala de aula como número
máximo de alunos por sala de aula, defendida pela direção do sindicato, está longe de ser o ideal e
o necessário para o bom andamento de todo trabalho pedagógico em sala de aula, pelo contrário,
ainda é um número absurdo, que desde 1994, nós professores já lutávamos contra esse número de
alunos no governo Quércia e Fleury.

Carga horária máxima de 20 hs/aula e jornada de 30hs semanais


160 Devemos lutar pela imediata redução das aviltantes cargas de trabalho que somos obrigados a
enfrentar para tentar garantir a sobrevivência às nossas famílias, defendemos a redução da jornada
de trabalho para 20 horas aula com alunos, 5 horas aula para as reuniões coletivas de planejamento
e 5 horas aula em local de livre escolha pelo professor para planejamento de aulas, correções de
trabalhos e avaliações, estudo e leitura

Fim da municipalização do ensino com a retomada das escolas já municipalizadas


161 É necessário unir todos os setores prejudicados com a municipalização e mobilizar toda
comunidade escolar para a sua derrota. Para isso é necessário construir comitês de base em todos
os municípios, integrados por pais, estudantes, funcionários, professores e todos os que estejam
preocupados em defender o ensino público desse brutal ataque dos governos burgueses e inclusive
do PT, que se tornou nos últimos anos um dos carros-chefes do processo de municipalização. Fim
da municipalização, cancelamento das municipalizações realizadas.
Não ao trabalho gratuito. Fim dos dias letivos em feriados e sábados sem pagamento de
horas extras.
Fim da aprovação automática

Cancelamento da “reorganização do ensino”: reabertura dos turnos e escolas fechadas


162 Para acabar com o desemprego na categoria, a alternativa real é a luta contra a superlotação
das salas de aula juntamente com a luta pela reabertura dos turnos de aula fechados e das escolas

Caderno de Teses 137


TESE 10
e salas fechadas no Estado, além da construção de escolas por todo o Estado, para atender as
necessidades da população.

Livre acesso à Universidade para garantir a evolução profissional e pessoal.


163 Para atacar o professor, o Estado faz permanentemente uma campanha procurando apresentar
o professor como incompetente, mal preparado. As dificuldades enfrentadas pelo professor não são
outra coisa que não seja o resultado de uma política consciente do Estado burguês de rebaixar a
patamares nunca vistos o ensino de todos os níveis, como o ensino superior, transformado em uma
máquina de fazer diplomas e gerar gordos lucros para os donos das faculdades particulares.
164 Para assegurar o livre acesso do professor aos cursos de graduação, pós-graduação e
complementação em nível superior é preciso ir além de um piso salarial que atenda às necessidades
do professor, a conquista do livre acesso às universidades com o fim do vestibular e do ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio), verdadeiro funil que serve para eliminar das universidades
públicas os trabalhadores e seus filhos.
165 O tempo gasto pelo professor no aprimoramento profissional deve ser pago pelo Estado como
hora de trabalho, dando condições reais para que o professor possa se dedicar à sua evolução e
de seus alunos.
Fora a PM das escolas e de todas as medidas coercitivas (câmeras dentro das escolas
etc.);
Escola pública laica, gratuita e de qualidade. Abaixo o Ensino Religioso nas Escolas.
Abaixo a Lei 1.097. Pela isonomia salarial: salário igual para trabalho igual
Fim da ditadura nas escolas: Eleições diretas para diretores, vice-diretores e
coordenadores

VIII – Um Sindicato feminino que não luta pelas reivindiações das mulheres
166 Cerca de 80% da nossa categoria esta constituída de mulheres, No entanto, a burocracia da
Apeoesp não leva adiante qualquer campanha real em favor das reivindicações das mulheres.
167 Na Apeoesp a questão da mulher é um problema relegado ao segundo plano tanto pela atual
diretoria quanto pela maioria da oposição.
168 Trata-se da questão da mulher como um problema que será resolvido com a criação de uma
Secretaria da Mulher, o que se segue os tramites burocráticos da maioria dos sindicatos. Em nenhum
momento coloca-se em evidencia os graves problemas que as professoras enfrentam no dia a dia
do seu trabalho no Estado de São Paulo.
169 As principais questões que envolvem o trabalho da mulher na categoria são simplesmente
esquecidas pela burocracia sindical.
170 Há muito tempo, todas as professoras que são ACT´s, ou seja, que não são efetivas do Estado,
não têm estabilidade no emprego quando período da gravidez.
171 Se por exemplo uma professora ACT estiver no sétimo mês de gestação e ficar sem aulas que
lhe foram atribuídas por prazo determinado ela estará simplesmente desempregada, sem direito a
nada, pois a lei prevê licença maternidade somente a partir do oitavo mês. Uma situação absurda
que ocorre na maior categoria do país e estado mais rico da federação, ou seja, em São Paulo, as
mulheres não têm direito nem mesmo os direitos conquistados pelos trabalhadores na reacionária
constituição de 1988, que não permite a demissão de gestante.
172 Isso é apenas um entre muitos casos que acontecem todos os dias nas mais de 5 mil escolas
do estado.
173 Além disso as estatísticas mostram que a mulheres sofrem mais todos os problemas de
saúde advindo do exercício da profissão. São as que têm mais problemas com a voz, mais abalos
psicológicos, são as que sofrem de longe, com os problemas de violência nas escolas, porque,
evidentemente, todos pressionam o lado mais oprimido, são as que têm mais dificuldade para
tirar licenças, e as que mais ficam pressionadas por isso, pois carregam o problema da escola e

138 Caderno de Teses


TESE 10
os afazeres de casa, de cuidar dos filhos etc. Para a professora coordenadora pedagógica, por
exemplo, está impedido o direito de ter um filho, pois se esta se afastar por mais de 90 dias do cargo
perderão o mesmo.
174 Diante de todas estas questões, a diretoria da Apeoesp nada faz para defender as professoras.
Pelo contrário, o setor jurídico da entidade orienta todas as subsedes e as mulheres que “legalmente
não há nada a fazer” que “se pode entrar na justiça, mas a derrota é certa”. Ora com uma diretoria
dessas qualquer ataque do governo será decisivo contra a categoria. Não há nenhuma preocupação
com uma mobilização pela defesa dos direitos da mulher, nada.
175 É preciso que o sindicato tenha uma política de mobilização e organização das mulheres, para
a defesa de suas mais amplas reivindicações. Por isso, fazemos um chamado às companheiras
professoras para construirmos uma nova direção para a categoria e para a luta das mulheres em
todo Estado em defesa de suas reivindicações centrais dentre as quais
176 Obrigatoriedade da instalação de creches para todos os filhos de professoras e
professores (ou pagamento de adicional suficiente para o pagamento de mensalidades em pré-
escolas privadas enquanto as crianças não forem atendidas devidamente pelo Estado)
• Contra a criminalização do aborto. Liberdade de decisão para as mulheres e sua
realização pela rede pública em condições adequadas
• Licença gestante de um ano para que a mulher possa atender adequadamente seu filho
nos seus primeiros momentos de sua vida e poder organizar sua vida como mãe
• Estabilidade para todas as professoras temporárias gestantes

Assinam esta tese de Educadores em Luta - Oposição de Verdade, os seguintes


professores militantes e simpatizantes da Corrente Sindical Causa Operária:

Coordenação:
Antonio Carlos Silva - PEB II - Matemática - São Paulo
Cláudio Roberto Vieira - Biologia - Assis
Marina Madeira - PEB II - História - Piracicaba
Roseli Moraes Batista - PEBI - São Paulo
Maria Dolores Zundt - PEBII - História - Assis

Educadores em ordem alfabética:


Aby Keila Rosa da Silva - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro - Geografia
Adalgiza A- EE. Prof. Walter Barreto- Artes
Adalton Vieira - Artes - Cunha
Adriano Barbosa-EE Fanny Altafim Maciel - PEBI alfabetizador
Adriano da Silva Rozendo - EE. Carlos Alberto de Oliveira - Filosofia/Sociologia
Almir de Moraes- EE. Adolpho Carvalho- Filosofia
Ana Cristina - Prof. Carlos Alberto Vieira - Letras
Ana Lucia Drudi- EE. Adolpho Carvalho-Educação Física
Ana Lucia Oliveira- EE. Plinio Ferraz- Biologia
Ana Maria Ortensi- EE. Prof. Stela Machado- Português
Ana Paula Gilioli- EE. Prof. Christiano Cabral - Português/Inglês
Ana Paula Lopes - EE. Prof. Walter Barreto- Português
Ana Regina Pasquarele - EE Cristiano Cabral - Letras
Ana Rosa S.P. Barreiro- EE. Prof. Christiano Cabral- Matemática

Caderno de Teses 139


TESE 10
Ana Sonia Oliveira - Iacanga
Anahi Lima Galvão de Oliveira - EE. Felipe Cardoso - Filosofia
Andre Boncini - Filosofia
André Ferraz de Toledo -EE. Prof. Walter Barreto- Matemática
Andréia Ramos da Silva - EE Carlos Alberto de Oliveira - Matemática
Andresa Fernanda Rizzo -EE. Adolpho Carvalho- Ciências
Angela Mazzola - Letras / Inglês EE Ubatuba
Angélica Mar - EE Prof. Carlos Alberto de Oliveira CEU - Linguas
Angélica Pomasi - Geografia
Aparecida Francisca A.- EE. Prof. Christiano Cabral- Português
Aparecida Zamboni Neves-EE. Ada C. Avalone-Português
Arary Lima Galvão de Oliveira - EE Abigail de Azevedo Grillo- Filosofia
Ariosvaldo Alves dos Santos - EE. Vera Campagnani - Filosofia
Banny Longhini Vieira - Artes
Camila Bloise Pieroni- EE Profª Sueli Ap. Sé Rosa- Educaçao Física
Carla Camara - EE Prof. Carlos Alberto de Oliveira - Letras
Carlos ALberto Montovani - EE Profa. Francisca Ribeiro de Mello - História
Carlos Caco - EE Dr Cláudio Souza - Quimica
Carolina Zundt - Geografia
Cássia Aparecida Ambrósio - EE. Prof. Maria Ângela B. Dias - Ed. Física
Cassia Eliana Vieira EMEF Casa das Meninas PB I
Cecília Andrea Tucunduca - Artes
Cecília Bia - EE Prof. Leo Pizzato - Sociologia
Cecilia Maria Bidia - EE Sud Minucci - Português
Célia Maria dos Santos Fetter - EE. Prof. Maria Ângela B. Dias- Matemática
Célia Regina - EE. José Gonçalves Mendonça - História
Célia Regina Vieira Simões de Almeida - EE Caetano de Campos - PBI
Celso Juliano Souza- EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro- História
Cesar marcos Vieira - EE São Joaquim - Ed. física
Claudia Somone G. Garcia- EE. Prof. Christiano Cabral- Matemática
Cláudio Claumar - José Gonçalves Mendonça - Física
Cristina A. Pompeo- EE. Prof. Stela Machado- Filosofia
Cristina Rocha Correa - EE Sud Minucci - Arte
Dani Barbosa - EE Quatá - Biologia
Dani Gafer -EE Osvaldo Moreira Silva - Artes
Daniel de Godoy Prado- EE. Prof. Christiano Cabral- Biologia
Daniele Mendes - EE Borá - Letras
Danielly Cresppi - EE. Adolpho Carvalho- Biologia
Daumerci de Lourdes Pino -EE. Adolpho Carvalho- Biologia
David Antonio - Prof. Carlos Alberto de Oliveira - Letras
Dirceu Evaldo Pereira - EE. Prof. Lea Rosa - Geografia
Dorival de Almeida- EE.Plinio Ferraz- Filosofia
Eder - história - Cruzalia
Edílson Garcia - EE. Prof. Maria Ângela B. Dias- Matemática
Edinei R. Teixeira - EE. Dona Cota - História

140 Caderno de Teses


TESE 10
Edlaini Farah - EE Prof. Clybas Pinto Ferraz - Letras
Edmar Oga - PEB II - Geografia/História
Edmeire Vargar - EE Cel. José Joaquim Bitencourt - CENI
Edna Beltrame – EE Maria de Lourdes Consentino – Agetnte Escolar
Edna Penheiro - História
Edna Regina Duarte Galhardo - EE. Prof. Plinio Salgado- Química
Elaine Epa -EE Prof. Ernani Rodrigues - Biologia
Elida Farias-EE. Pe Antonio Jorge Lima-Direção
Elisangela Camargo- EE Prof. Carlos Alberto de Oliveira - Biologia
Eliz Samara S. Porfirio de Oliveira- EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro - Inglês
Eunice Sylvia B. Moura- EE. Prof. Christiano Cabral- Geografia
Evaneide T. De Oliveira - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro- Português
Everson Carlos Paduan- EE. Adolpho Carvalho- Ciências
Fabio Biazini - EE Ubatuba - Matemática
Fabio Login - EE P. Prudente - Biologia
Fábio Teixeira Machadoa- EE. Prof. Christiano Cabral- História
Fátima Aparecida Pereira - História
Fernanda Bossi - EE .Carolina Mendes Thame
Fernando Cesar Rodrigues- EE. Prof. Christiano Cabral- História
Fernando Rezende - Historia
Flaik Rodrigo- Biologia
Flavia Prates - Sociologia
Francisco de Paula Mariano- EE Padre Antonio Jorge Lima - Física
Gabi Assin - EE Santos - Filosofia
Geni Spellfeld -EE. Adolpho Carvalho- Português
Geraldo Magela - EE Profa Lea Rosa - Química
Glaucia Rocha Baldasso - EE Sud Minucci - Português
Guilherme Perini - EE Prof. Leo Pizzato - Geografia
Inês Aparecida Giusti - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro- Sala de Recursos
Ivani Lúcia de Oliveira - EE. Prof. Maria Ângela B. Dias- Biologia
Jacqueline Soledade - EE Felipe Cardoso - Geografia
Jaerson Garca- EE. Prof. Christiano Cabral- Matemática
Jaime Moreira - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro- Educação Física
Jane Souza- EE. Prof. Christiano Cabral- Português
Janete Araújo Diniz - EE Sud Minucci - Biologia
Janete Cristina Pastorello- EE. Prof. Christiano Cabral- Português
Jaqueline Medeiros- EE. Prof. Christiano Cabral- Física
João Qluz - Letras
Joaquim Benedito Batista – EE. Prof. Adolpho Carvalho- Agente Escolar
Jocimar das Neves - EE Prof. Lea Rosa - Ed. Física
José Alves - EE. Dom Antônio José Dos Santos - Português/Inglês - Assis
José Carlos da Fonseca - EE. Prof. Hélio Penteado de Castro - Matemática
José de Oliveira - Aposentado
José Mário Caputo - EE Sud Minucci - EE Sud Minucci - História
José Roberto Santarem - EMEF Beija Flor - Eng

Caderno de Teses 141


TESE 10
Josiane Mattos- EE. Prof. Stela Machado- Matemática
Juliana Aguiar - EE. Alfredo Cardoso - Inglês
Juliana Barros- EMEF João Leão de Carvalho - PBI
Karina da Costa - EE. Pe Antonio Jorge Lima - Português
Leila Farhat Sardovelli- EE. Prof. Christiano Cabral- Geografia
Leila T. F. Negri - EE. Adolpho Carvalho - Direção Escolar
Leni de Souza Santos Gonçalves - EE. Adolpho Carvalho- Português
Lessandra Faganello - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro Português
Leticia M. Cordeiro de Campos- EE. Prof. Christiano Cabral- História
Lidia Ribeiro Martins- EE. Prof. Walter Barreto- História
Ligia Serrano Lopes-EE. Prof. Christiano Cabral-Matemática
Lisandra Correa - EE Carlos Alberto de Oliveira - História
Luciene Aparecida - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro LTP
Lucila Macher - EE Laranjeira - Maracaí
Lucimar Benetati - EE José Algusto Ribeiro - Biologia
Lucy M. Ortigosa - EE Sud Minucci - Arte
Luis Guilherme de Andrade - História
Luiz Antonio Aguiar da Silva- EE. Prof. Christiano Cabral- Matemática
Luiz Cardoso - EE José Algusto Ribeira - Matemática
Luiz Cesar Ribeiro - EE Dom Antonio José dos Santos - ED. Física
Luiz de oliveira - EE Caucaia do Alto - Ciencia
Luiz Tatu - Quimica
Magali Aparecida Gianoni- EE. Adolpho Carvalho- Geografia
Magno Rodrigues- História
Mara C. F . Santos- EE. Prof. Christiano Cabral- Psicologia
Marcel Torrescilha Falcão - EE. Prof. Christiano Cabral- Matemática
Marcia Riserio Souza - EE José Gonçalves Mendonça
Marco Santana - EE Francisca Ribeiro de Mello - química
Marcos Ribeiro de Santana – EE Profa. Maria de Lourdes Consentino – Filosofia
Margarida Castilho - EE Dr. José Augusto Carvalho - Letras
Maria Antonia Cordeiro-EE. Adolpho Carvalho- História
Maria Aparecida Leite- EE. Adolpho Carvalho - Categoria F
Maria Carolina Madeira – EE Catharina Casale Padovani – Agente Escolar
Maria Cecilia Rais -EE Cristino Cabral - Artes
Maria Elizabeth Mazaro - EE Toquarto Minhoto
Maria Goreti Prado- EE. Prof. Walter Barreto- História
Maria Marchi - EE Ernani Rodrigues - Ciências
Maria Martha Martins Ferraz-EE. Prof. Walter Barreto-Arte
Maria Pastora Correa Lopes - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro- Educação Física
Maria Raquel a. Hoppe - EE. Prof. Christiano Cabral- Ciências
Maria Reilza de M. Barreira - EE. Adolpho Carvalho- Ciências
Mariangela F. Motta- EE. Prof. Christiano Cabral- Arte
Marilisa Simões de ALmeida - Psicologia
Marina Saito Salgado- EE. Prof. Christiano Cabral-Matemática
Mario Augusto Gilbertti - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro -Geografia

142 Caderno de Teses


TESE 10
Marisa - EE Prof Carlos Alberto de Oliveira - Letras
Marisa de Fátima Bombo - EE Dr. João Guidotti - Matemática
Marlene Moreira- EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro Educação Física
Mary dos Santos- EE. Prof. Christiano Cabral- Inglês
Mauri Casale - EE Sud Minucci - Química
Maurício H. de OLiveira - José Gonçalves Mendonça - Matemática
Maurílio Baud - EE Francisca Ribeiro de Mello - História
Meire Cassador - EE. Prof. Carlos Alberto de Oliveira - Artes
Melissa Messa - EE Prof. Carlos Alberto de Oliveira - Letras
Messias Ishida - EE. Pedro Moraes Cavalcanti -Física
Michel Mendes dos Santos - EE. Prof. Maria Ângela B. Dias- Química - Paraguaçu Paulista
Miriam R. M- EE. Prof. Christiano Cabral- Português
Mônica Cast - EE. Nantes
Natali Maluf Mega - EE Profa. Lourdes Pereira - EV
Nerci Batista Torres - EE Isidoro Batista - Matemática
Nereide Felippe - EE Abigail de Azevedo Grillo - Educação Física
Nilton Delledono- EE. Prof. Christiano Cabral- Aposentado
Odenis Cardoso - EE Prof. José Algusto Ribeiro - Matemática
Orides Guiotti - EE Antonio Fontana - História
Orlando Moreira - EE Prof. Clybas Pinto Ferraz - Fisíca
Osmar Santana Junior - EE. Carolina de Mendes Thame- Filosofia
Paulo César de Sales - EE. Rage Anderaos - Filosofia - Nantes
Pedro Gandin - EE. Stela Machado - Inglês
Raquel R. Thomaz- EE. Prof. Christiano Cabral- Química
Regiane Farah - EE Prof. Lourdes Pereira - Letras
Regiane Rodrigues da Silva- EE. Prof. Christiano Cabral- Português
Regina Lúcia Belmides Lordello - EE Dr. João Conceição - Química
Reginaldo - EE Carlos Braga - História
Renata - EE Pontal - História
Renata Grangel da Silva-EE. Pe Antonio Jorge Lima-Português
Renato Galata - EE. Adolpho Carvalho- Biologia
Ricardo Augusto Oliveira Salgado- EE. Prof. Christiano Cabral- Português
Ricardo Delfino Barbosa - EE Margarida Pinho Rodrigues - Matemática
Ricardo Pedroso - EE Profa. Clarice Pelizoni Lima - Matemática
Ricardo Pereira de Oliveira - Historia - Visconde de Itauna
Rita Gonzaga - PEB I
Roberto Borelli- EE. Prof. Walter Barreto- Geografia
Rogério Feigo - Arte
Ronan Gomes Gonçalves - EE Prof. Carlos Alberto de Oliveira - Sociologia
Rosane P. Martins- EE. Prof. Walter Barreto- Física
Rose Piazza - EE. Avelina de Palma Losso- Matemática
Roselaine Santos Moraes - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro Matemática
Roseli Delfino Barboza de Souza - EE Marechal Floriano - PBI
Rosemeire Cristina Ferreira – EE. Prof. Adolpho Carvalho- Agente Escolar
Rosemeire D. Botão - EE Sud Minucci - Português

Caderno de Teses 143


TESE 10
Salete D. Jacintho- EE. Adolpho Carvalho- História
Samara Silveira Felix- EE. Prof. Christiano Cabral- Português
Sandra Barbosa - EE. Prof. Christiano Cabral- Inglês
Sandra C. Dos Santos - EE Sud Minucci - Matemática
Sandra Maria Zampiere – EE Augusto Saes – PEB I / Vice-Diretora
Sandra Mazzeo - EE. Prof. Adolpho Carvalho - Artes
Sandro - EE Prof. Leo Pizzato - História
Sebastião Gs - EE Maria Angela - História
Selma Botelho - EE Prof. David José Luz - Histéria
Sergio Kassuda- EE. Prof. Christiano Cabral- Matemática
Silvana Ap. Tinelli- EE. Adolpho Carvalho- Matemática
Silvia Leiko - EE Marília - química
Silvia Odete - EE José Gonçalves Mendonça
Simone Moscovo - Prof. Carlos Alberto de Oliveira - Letras
Solange Breda - EE Prof. Clybas Pinto Ferraz - Matemática
Sueli Cancian Oliveira- EE Profª Sueli Ap. Sé Rosa-Português
Sueli da Silva Boloni - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro- Português
Suely Paduanelo - EE José Gonçalves Mendonça - História
Tânia Rochelle Rizzolo - EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro- Matemática
Thais de O. Amorozini Giglioti- EE. Prof. Walter Barreto- Matemática
Ulisses Mendes Coelho - EE.Prof. Maria Ângela B. Dias - Filosofia
Valéria Cardoso - EE José Augusto Ribeira - Letras
Valéria Fernandes- EE. Adolpho Carvalho- Ed. Física
Valter Luis Barbosa- EE. Prof. Christiano Cabral- Geografia
Vanessa Mazero - EE. Felipe Cardoso - Química -
Vania Scudelari - Biologia
Vera Lúcia Munhoz- EE. Prof.° Hélio Penteado de Castro Matemática
Verusca da Silva Cruz- EE. Adolpho Carvalho- Inglês
Vicente Pousa Junior- EE. Prof. Adolpho Carvalho- Agente Escolar
Vilmar Ferraz de Oliveira- EE. Prof. Walter Barreto- Ciências
Willian Cirilo Teixeira Rodrigues - EE. Prof. Maria Ângela B. Dias- História
Zeyce Witaker- EE. Dr Luiz Zuiani - Letras

144 Caderno de Teses


TESE 11
TESE 11
NÚCLEO DA CTB/CSC PARA O XXIII CONGRESSO DA APEOESP

Por um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e


distribuição de renda.

I. Conjuntura Internacional
1 O mundo assistiu ao longo dos três últimos anos à maior crise econômica desde a histórica
Grande Depressão de 1929. Nesse período, o capitalismo mundial tem vivido uma nova fase de
debilitação extensa e profunda, um processo que afetou principalmente os países considerados
desenvolvidos. O epicentro da crise situa-se nos Estados Unidos, condição que revela não somente
as tendências regressivas do capitalismo, como o inquestionável fato de que os desequilíbrios da
economia estadunidense se irradiam para todo o mundo e provocam uma instabilidade geral.
2 Essa crise provocou muito sofrimento para a classe trabalhadora, com o crescimento do
desemprego (somente em 2009, cerca de 50 milhões de empregos desapareceram em todo o
mundo), arrocho dos salários e a redução de direitos. Mas é importante salientar que nem todos
perderam. Os ricos ficaram mais ricos ao longo de 2009, ao mesmo tempo em que o mundo passou
pela pior recessão em quase 80 anos. A análise do que ocorreu nesses últimos três anos evidencia
a lógica perversa do capitalismo.
3 O aumento mais acelerado de riqueza aconteceu na Índia, China e Brasil, alguns dos mercados
mais duramente atingidos em 2008. A riqueza na América Latina e Ásia-Pacífico chegou a níveis
recordes. As fileiras de milionários da Ásia subiram para 3 milhões de pessoas, equiparando-se pela
primeira vez à Europa, ao lado de uma expansão econômica de 4,5%.
4 A Europa, por sua vez, foi atingida em cheio pela crise. Os governos de países como Portugal,
Espanha, Grécia, Irlanda e Itália decidiram adotar medidas “de austeridade” para diminuir o impacto
da recessão sobre suas economias, por meio de pacotes que incluem aumento de impostos,
reduções de salários e direitos trabalhistas, alterações em regras de aposentadoria e outras afrontas
à população.
5 Em síntese, os governos desses países, apoiados por instituições como o Fundo Monetário
Internacional (FMI), decidiram que a crise criada pelo sistema financeiro internacional deveria ser
paga pela classe trabalhadora. Felizmente, seus milhões de cidadãos e cidadãs que viriam a ser
prejudicados deram um exemplo ao mundo ao longo de 2010, saindo às ruas em Atenas (Grécia),
Madri e Valência (Espanha) e Roma, entre outras localidades (Itália), realizando diversas greves
gerais de grande amplitude, recusando-se a serem os responsáveis pelos erros que não cometeram.
6 Há, no entanto, algo paradoxal nesse processo ainda em curso no Velho Continente: quando
se acreditava que a presente crise significaria o fim – ou ao menos o enfraquecimento – do
neoliberalismo, eis que o mundo observa a maioria dos governos da União Européia reincorporar
tais políticas.

América Latina acelera mudanças


7 Diante desse cenário mundial conturbado, cada vez mais as forças progressistas de todo o
planeta voltam seus olhos para o Brasil e a América Latina. Apesar de a crise econômica também
ter afetado a região (cerca de três milhões de empregos foram perdidos somente em 2009), sua
recuperação foi muito mais ágil do que a dos países desenvolvidos, localizados no olho do furacão
da recessão.
8 Assim como no restante do planeta, na América Latina o flagelo do desemprego vem
acompanhado do subemprego, da flexibilização, da precariedade e do empobrecimento, em um

Caderno de Teses 145


TESE 11
projeto arquitetado pelos mesmos capitalistas que criaram a crise, representantes de setores cada
vez mais concentrados em debilitar a capacidade de resposta dos trabalhadores do movimento
operário, atualmente em processo de reorganização no continente.
9 As forças conservadoras têm consciência das mudanças em curso na América Latina desde
1998, data da eleição do presidente Hugo Chávez na Venezuela – resultado que inaugurou a
série de vitórias eleitorais de lideranças progressistas em diversos países, como no Brasil, Bolívia,
Equador, Nicarágua, Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai.
10 O Núcleo da CTB da APEOESP entende que uma característica comum a esses governos bate
de frente com os interesses do capital no continente: todos abominam as experiências neoliberais
colocadas em prática na América Latina desde os anos 80, projetos que serviram apenas para o
benefício de uma pequena elite, cujo resultado se vê no prejuízo social causado a centenas de
milhões de famílias e de trabalhadores.
11 Os setores dominantes ultraconservadores tentam recuperar a iniciativa perdida de anos
anteriores. A primeira década do século 21 pôs em marcha a critica às políticas hegemônicas de
cunho neoliberal, principalmente na América do Sul, expressadas em governo de coalizão nos
quais, em alguns casos, a esquerda e os movimentos populares, com seus matizes, contradições e
diversos graus de amplitude e profundidade, puderam levar sua voz e suas propostas.
12 A partir desses processos de mudança política e especialmente daqueles de raiz revolucionaria,
voltou a ter sentido o imaginário de luta pelo socialismo, enfraquecido no imaginário popular desde
a derrocada da União Soviética e o apregoado “fim da história” encomendado pelo ideário neoliberal
dos anos 90.
13 Esse novo cenário leva as forças imperialistas a tomar medidas que preocupam àqueles que
lutam pela paz mundial. São evidentes as provas de que os Estados Unidos vêm realizando esforços
no sentido de militarizar a América Latina, assim como já o fizeram em outras partes do mundo.
Nesse sentido, as bases militares na Colômbia constituem uma parte essencial no projeto existente
para a região; é notório também quando renovam a agressão golpista como demonstraram em
Honduras – tudo com vistas a reinstalar, por todos os meios, a estratégia do livre-comércio (derrotada
no processo da Alca) e a renovação da dependência econômica, financeira, tecnológica e cultural.
14 Sob esse cenário atual, lamenta-se que o governo de Barack Obama seja uma completa
decepção, a despeito de toda a expectativa criada ao longo de sua campanha. No que diz respeito
à política interna, não somente foram perdidos milhões de empregos, como também milhões de
trabalhadores perderam suas casas e suas pensões. No que diz respeito à política externa, vê-se a
manutenção das guerras no Iraque e no Afeganistão, além da possibilidade de iminentes conflitos
com a Coreia do Norte e o Irã. Seu olhar sobre a América Latina, conforme descrito acima, é uma
mera cópia da visão limitada de seus antecessores a respeito do “quintal” estadunidense.
15 Dessa forma, no marco das comemorações dos bicentenários de independência de diversos
países da América Latina, é preciso analisar a atual crise econômica e a ofensiva militar do
imperialismo como grandes chances históricas para relançar, sob novas condições, o projeto
emancipador que já tem mais de 200 anos e que se soma à histórica luta da classe trabalhadora
na região.
Assim sendo, a unidade dos trabalhadores e a integração das nações latino-americanas são
16
uma necessidade do tempo que se inicia; são atributos imprescindíveis para enfrentar a ofensiva
das classes dominantes e uma garantia para arquitetar o futuro de uma sociedade sem explorados
e nem exploradores.

II. CONJUNTURA NACIONAL

Brasil tem novo status no cenário internacional


17 É indiscutível o fato de que, se há um setor do governo Lula que merece a admiração dos
brasileiros, trata-se de sua política externa. Ao longo dos últimos anos, o país deixou uma condição
de subalterno às decisões das grandes potências mundiais para assumir a posição de peça

146 Caderno de Teses


TESE 11
fundamental para o xadrez geopolítico da América Latina e de todo o planeta, em qualquer esfera
de discussão.
18 O Brasil, ao longo da história, sempre teve uma política externa voltada apenas para alguns
poucos países. Por isso, foi somente a partir dos últimos anos que o país conseguiu avançar,
construindo uma política multilateral. As relações externas implementadas a partir do governo Lula
se pautam pelo respeito às demais nações, sem ingerências em suas políticas internas.
19 Sob o governo Lula, o Brasil fortaleceu sobremaneira o Mercosul e toda a América Latina, abriu
seus braços para a África, aproximou-se dos chamados países emergentes, diversificou sua política
de exportações, otimizou sua relação com os Estados Unidos e a União Europeia e apostou pesado
no crescimento da China. Além disso, a diplomacia brasileira fez valer seu novo peso no cenário
internacional para se solidarizar a nações como Cuba, Iraque e Afeganistão, além de outros povos
constantemente agredidos pelo imperialismo.
20 Nos últimos anos, o Brasil se tornou um país preparado para enfrentar crises. Um cenário bem
diferente daquele vivido entre 1995 a 2002, quando a única solução diante de uma crise era buscar
a ajuda do FMI. Foi assim em 1997 (crise da Ásia), 1998 (calote da Rússia), 1999 (desvalorização
do Real), 2001 (racionamento de energia, 11 de Setembro nos EUA e crise na Argentina) e 2002
(fraudes contábeis de grandes empresas nos EUA).
21 Em linhas gerais, é preciso dizer que até o governo Fernando Henrique Cardoso o Brasil não
era levado a sério nas disputas internacionais, situação que passou por um giro de 180 graus –
a ponto de Obama ter chamado Lula de “O cara”, tamanho o seu respeito junto a instituições e
governantes de todo o planeta.
Já em seu discurso de posse, no começo de 2003, Lula dizia que a política externa do Brasil teria
22
outra dimensão a partir de seu governo, pois seria orientada a partir de uma perspectiva humanista
e teria o propósito fundamental de servir como um instrumento do desenvolvimento nacional.
Diferente do governo FHC, a política externa do governo Lula definiu como central a busca
23
por autonomia no âmbito internacional. Ao contrário do que os conservadores e a direita brasileira
profetizam, essa política é exercida de modo pragmático. Isso significa que o Brasil alcançou
resultados concretos com essa condução – não só em termos econômicos como também em
termos políticos. A política externa foi fundamental para, por exemplo, atenuar os impactos da
crise econômica do último período, para contribuir com a estabilidade interna, para fortalecer a
soberania nacional e também para iniciar a possibilidade de construção de relações internacionais
mais multipolares.
24 O âmbito internacional foi tratado pelo governo Lula também como uma arena possível para
alcance da justiça e do desenvolvimento sociais. As várias iniciativas de combate à fome e pobreza,
os inúmeros programas de cooperação na área de agricultura familiar, transferência de renda,
educação e saúde nos países em desenvolvimento demonstram que o Brasil pode exercer relações
baseadas na solidariedade entre os povos.

Brasil vive um novo ciclo político


25 Às vésperas do encerramento dos oito anos em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
permaneceu no poder, já é possível ter consciência de que esse período representa um novo
ciclo político, iniciado em outubro de 2002, no momento em que as forças conservadoras saíram
derrotadas das urnas.
26 Sob a administração do PSDB, o Brasil era um país inadimplente, cuja economia foi quebrada
por três vezes; sua população viu-se obrigada a conviver com as mazelas do racionamento de
energia, com o desemprego nas alturas, com o completo descaso social de seus governantes, com
a criminalização dos movimentos sociais, com o esfacelamento do patrimônio público por meio das
privatizações.
27 O Núcleo da CTB da APEOESP entende que a vitória de Lula é emblemática, pois significa
uma mudança de paradigma na histórica política do país. No entanto, se seu governo fosse um
fracasso, dificilmente outra candidatura de caráter progressista teria condições de se apresentar
como postulante à Presidência da República novamente.

Caderno de Teses 147


TESE 11
28 Mas não. Lula encerra seu mandato na condição de presidente mais popular da história do
Brasil, com grandes chances de contribuir para a vitória de sua candidata à sucessão: a ex-ministra
da Casa Civil Dilma Rousseff.
29 Neste momento em que o Brasil finalmente inicia um ciclo vigoroso de crescimento, fenômeno
que tem sido usufruído pela maioria da população, é extremamente necessário que os avanços do
governo Lula não sejam interrompidos.
30 Os números atestam a transformação social pela qual o Brasil está passando. Com Lula e Dilma,
o crescimento econômico e a distribuição de renda passaram a caminhar lado a lado. O resultado
é que, de 2003 para cá, 31 milhões de brasileiros entraram para a classe média, 24 milhões saíram
da pobreza absoluta e 13 milhões conquistaram um emprego com carteira assinada.
31 As desigualdades sociais e regionais diminuíram, a economia se estabilizou e a inflação foi
domada. A dívida com o FMI foi paga e, graças à força de seu mercado interno, o Brasil foi um dos
últimos países a entrar e um dos primeiros a sair da crise econômica que abalou o mundo no ano
passado.
32 O presidente Lula foi eleito o “estadista do ano” por várias instituições estrangeiras e ganhou
a admiração de povos e presidentes mundo afora. Desfrutando de um respeito inédito no cenário
internacional, o Brasil conquistou o direito de receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos
Olímpicos de 2016. E, segundo vários estudos, o país tem condições de erradicar a miséria e se
tornar a quinta maior economia do planeta já na década que se inicia.
33 O Brasil de hoje é um país muito mais justo e desenvolvido. Seu povo está pronto para dar um
novo e decisivo passo rumo a um futuro de mais prosperidade econômica e social, seja aproveitando
os caminhos já abertos, seja explorando novas riquezas, como o Pré-Sal, que vai dinamizar toda
sua base industrial e gerar milhões de novos empregos.
O apoio a Dilma é fundamental nesse momento. No entanto, seja quem for o(a) sucessor(a)
34
de Lula, ele(a) irá encontrar um país economicamente mais forte e socialmente mais justo. E uma
população muito mais satisfeita com o presente e confiante no futuro. Uma herança bem diferente
daquela que o próprio Lula encontrou em janeiro de 2003. Alguns dados corroboram esse cenário:

Agricultura familiar
35 Responsável por quase 38,8% do valor bruto da produção agropecuária do país, o setor tem
recebido investimentos significativos do governo federal. De 2003 a 2010, o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) teve seus recursos multiplicados quase sete vezes.
Para a safra 2010/2011, estão sendo destinados R$ 16 bilhões para financiamento da produção,
envolvendo custeio da safra, investimentos em máquinas, equipamentos ou infra-estrutura de
produção.

Redução da pobreza
36 Elogiado e adotado em vários países, o Bolsa Família é o maior Programa de transferência de
renda do mundo. E um símbolo do compromisso do governo Lula com a melhoria da qualidade de
vida da população mais carente. Criado em outubro de 2003, o Programa atende 12,6 milhões de
famílias cuja renda per capita não ultrapassa os R$ 140 mensais.
37 O mais recente monitoramento de frequência escolar do Bolsa Família, referente aos meses
de fevereiro e março, aponta que 95% dos 14,117 milhões de crianças e jovens beneficiados pelo
Programa cumprem a frequência exigida – 85% das aulas para alunos de até 15 anos e 75% para
adolescentes de 16 e 17 anos.

Investimentos
38 Criado em 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um novo modelo de
planejamento, gestão e execução do investimento público, que articula projetos de infra-estrutura e
medidas institucionais para ampliar o ritmo de desenvolvimento da economia.

148 Caderno de Teses


TESE 11
39 Na área de Energia, o Brasil já conta com mais 6,7 mil novos MW e já foram feitos 7,4 mil km
de novas linhas de transmissão. Além de 3,5 mil novos km de gasodutos e onze empreendimentos
de modernização do refino de petróleo foram entregues.

Desenvolvimento sustentado da economia


40 No final de 2002, o governo Fernando Henrique Cardoso entregava a Lula um país com
inflação de 12,5% e taxa básica de juros de 25% ao ano. O trabalho para reequilibrar a economia foi
intenso. Passo a passo, os resultados começaram a aparecer até que a ameaça de um novo surto
inflacionário desapareceu do horizonte econômico do país.
41 A taxa de juros herdada por Lula - 25% ao ano - travava o crescimento econômico e aumentava
a dívida pública. O controle da inflação e o fortalecimento da economia permitiram um corte drástico
da taxa fixada pelo Banco Central.
42 Durante as décadas de 80 e 90, o Brasil viveu o que alguns economistas chamam de “efeito
sanfona” – crescimento seguido de estagnação e vice-versa. Resultado de uma política econômica
baseada em juros altíssimos e numa grande vulnerabilidade a qualquer crise externa. Entre 1998 e
2002, o PIB brasileiro teve um aumento médio de apenas 1,7%.
43 A situação se inverteu no governo Lula. Com ele, o Brasil passou a viver um novo ciclo de
desenvolvimento econômico. O PIB cresceu em média 4,2% entre 2003 e 2008. E a média projetada
pelo Ministério da Fazenda, para o período 2009/2014, é de 6,5%.

Geração de empregos e ganho salarial


44 Entre 1995 e 2002, o Brasil gerou cinco milhões de empregos formais. Com Lula e Dilma, até
maio de 2010, já foram gerados mais de 13 milhões com carteira assinada. Mesmo no auge da crise
internacional, o país criou um milhão de postos de trabalho.
45 O governo Lula fez do crescimento econômico e da distribuição de renda as duas faces da
mesma moeda. Por esse caminho, reduziu a pobreza em ritmo impressionante e promoveu a
inclusão social de milhões e milhões de brasileiros. A título de comparação, vale lembrar que, em
2003, o salário mínimo comprava 1,4 cesta básica. Com Lula, passou a comprar 2,3 cestas básicas.
Já a massa salarial dos trabalhadores das regiões metropolitanas passou de R$ 15.2 bilhões, em
janeiro de 2003, para R$ 21.724 bilhões em março deste ano – um aumento real de 42%.
46 É possível notar que grande parte dos bons resultados obtidos pelo governo Lula se deve à
opção tomada, em especial no segundo mandato, de utilizar o Estado como um indutor fundamental
para o desenvolvimento. Vêm desse período também medidas como o reconhecimento das centrais
sindicais, a política de valorização do salário mínimo e um maior diálogo com os movimentos sociais.
47 É evidente que a realidade do Brasil ainda está muito distante daquilo que a maioria de sua
população deseja. No entanto, é necessário observar a história recente para se realizar uma análise
bem fundamentada das transformações que estão em curso.
48 Se por um lado o governo do presidente Lula foi capaz de uma série de avanços, é preciso
também que sua base de sustentação seja capaz de apontar quais foram suas falhas e trabalhar
para aprimorá-las, a partir do debate político e da disputa na sociedade.
49 Ao mesmo tempo em que a ampla composição político-partidária do atual governo é um trunfo
para a estabilidade do país, esse fator também acabou por se traduzir, em diversas ocasiões, em
ações pouco ousadas ou até mesmo retrógradas para a nação.
50 O Núcleo da CTB da APEOESP entende que a política econômica brasileira atual é mais
avançada em relação à do período Fernando Henrique Cardoso, mas a herança do neoliberalismo
ainda está presa às entranhas do país. A política de juros praticada pelo Banco Central, o superávit
primário e as facilidades encontradas pelo sistema bancário brasileiro são apenas alguns poucos
fatos que não foram enfrentados por Lula com a mesma astúcia que caracterizou seu governo de
modo geral.
51 A Educação, a Saúde e a Segurança Pública também foram questões nas quais se percebeu
certo avanço nos últimos anos, embora permaneçam como áreas delicadas, que demandarão

Caderno de Teses 149


TESE 11
cuidados especiais do próximo presidente. Para tanto, o governo federal precisa adotar uma nova
política nacional de desenvolvimento, com vistas a implementar uma série de reformas estruturantes
essenciais para o país.

III. Conjuntura Estadual


O PSDB completa o quarto mandato consecutivo à frente do governo estadual. Durante os
52
últimos 16 anos, o receituário neoliberal vem sendo aplicado “à perfeição”: privatizações em diversas
modalidades, (telefonia, Banespa, Eletropaulo, venda da Nossa Caixa) enxugamento do Estado
e dos serviços públicos, desindustrialização e desmonte do setor produtivo, desqualificação do
sistema público de ensino e da saúde, relações autoritárias com a sociedade, principalmente com
os trabalhadores e os movimentos sociais.
53 Durante a permanência do PSDB na Presidência da Republica, houve reforço mútuo e
alinhamento total entre o governo estadual e federal na consecução da mesma política antinacional
e antipopular. Por isso, o PSDB paulista encarna a principal representação dos interesses dos
grandes grupos da burguesia brasileira, associada ao capital financeiro internacional e adesista dos
propósitos do imperialismo norte-americano para o Brasil e a América Latina.
A permanência prolongada do PSDB à frente do governo estadual sufoca o potencial econômico
54 e social de São Paulo, trava a expansão da produção, rebaixa o valor dos salários, precariza as
relações e as condições do trabalho, impregna a sociedade e a vida político-cultural de um ranço
conservador, elitista e antidemocrático.
55 Durante o governo do presidente Lula, essas forças avessas aos rumos de mudança passaram
a atuar ofensivamente a partir do estado de São Paulo, colocando em movimento um poderoso
esquema de mídia, disseminando seu pensamento conservador e reacionário que penetra em
muitos setores da classe média paulista.
56 Para o Núcleo da CTB/CSC da APEOESP, é estratégico construir em São Paulo um novo
modelo de desenvolvimento, que contribua para impulsionar o crescimento de todo o Brasil de
forma sustentada e com justiça social. Isso exige novas formas de planejamento, nas quais o setor
público e os investimentos em pesquisa e infra-estrutura constituam a base logística e estratégica
para o desenvolvimento.
57 Durante os últimos quatro anos, Serra tentou se consolidar como a opção mais viável para
a sucessão de Lula na Presidência da República. Para tanto, procurou canalizar, a partir de São
Paulo, o apoio da maior parte possível das forças econômicas, sociais e políticas interessadas na
derrota do projeto democrático-popular. Neste caminho, estabeleceu sólida aliança com o atual
prefeito da capital, Gilberto Kassab – do DEM que representa o que há de mais atrasado na política
brasileira.
58
Diante do jogo de intrigas no interior do PSDB Alckmin emergiu como o candidato para a
manutenção do projeto neoliberal em São Paulo, trajetória que precisa ser interrompida por meio
do voto popular, em uma iniciativa conjunta de todos os movimentos que se contrapõem ao ideário
tucano.
59
Em sua busca desenfreada pela candidatura presidencial, Serra combateu duramente todos os
focos de resistência a suas políticas nefastas em âmbito estadual. Os movimentos sociais foram
agredidos e marginalizados . Professores, estudantes, policiais e trabalhadores do serviço público
em geral sempre encontraram as portas do Palácio do Governo trancadas. Suas vozes nunca
foram ouvidas pela atual administração, que não se furtou em até mesmo lançar bombas contra
manifestantes.
60 Não bastasse o apoio da mídia e de amplos setores empresariais conservadores, a atual gestão
tucana contou, mais uma vez, com ampla maioria de parlamentares na Assembleia Legislativa o
que garantiu a aprovação de seus projetos.
Nas próximas eleições é imperioso derrotar as forças conservadoras e mudar o rumo da política
61 no estado de São Paulo, elegendo Aloísio Mercadante para governador e uma grande bancada de
deputados estaduais e federais comprometida com o rumo da mudança em São Paulo

150 Caderno de Teses


TESE 11
IV. Questão Sindical

CTB – uma central classista e de luta


A história reservou ao trabalho e aos trabalhadores um papel central no desenvolvimento da
62
civilização e do próprio ser humano. Nessa trajetória, o trabalho tem sido a fonte do valor gerado na
economia, bem como a origem da riqueza social. Nas sociedades assentadas na divisão de classes,
que emergiram com o surgimento e difusão da propriedade privada, a força de trabalho tem sido
submetida a uma impiedosa exploração pelas classes dominantes.
Na sociedade capitalista moderna, após as experiências do feudalismo e da escravidão, a
63 exploração da classe trabalhadora ficou mais sofisticada e também atingiu seu auge. Em todo
o mundo, a classe trabalhadora reagiu ao capitalismo e, por meio de muita luta, impôs limites à
exploração de classes. Os sindicatos foram criados como um instrumento desta luta, com o desafio
e a função de unificar os trabalhadores e trabalhadoras nas batalhas contra a exploração capitalista,
por melhores condições de saúde e de trabalho, por maiores salários, pelos direitos humanos, pela
democracia, por dignidade.
64 Munida desse espírito, a CTB (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil)
nasceu, em fins de 2007, com o DNA da luta classista que perpassa toda a história moderna, num
momento em que o capitalismo internacional, liderado pelas potências imperialistas e embriagado
pela ideologia neoliberal, quer colocar abaixo o próprio Direito do Trabalho e todo o progresso obtido
nas relações sociais. A CTB surgiu como uma central sindical classista, unitária, democrática, plural,
de luta e de massas, compromissada com os seguintes princípios e objetivos:
• Unidade;
• Democracia;
• Independência Classista;
• Solidariedade e Internacionalismo;
• Ética na Política;
• Emancipação das mulheres e dos negros;
• Socialismo;
• Defesa dos direitos sociais;
• Transparência;
• Desenvolvimento Sustentável;
• Educação.
65 Em sua curta história, a CTB tem colocado em prática de maneira exemplar seus princípios e
objetivos, em consonância ao crescente fortalecimento do movimento sindical nos últimos anos,
após décadas de retração e enfraquecimento, consequência das políticas neoliberais colocadas em
prática no país.
O maior momento dessa trajetória se deu em 1º de junho de 2010, data na qual foi realizada,
66 na cidade de São Paulo, a 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, a Conclat — evento
proposto pela CTB desde sua fundação, uma iniciativa que reuniu 30 mil trabalhadores de cinco das
seis centrais sindicais reconhecidas pelo governo federal.
67 Juntas, CTB, Força Sindical, Nova Central, CGTB e CUT demonstraram para a sociedade
brasileira a capacidade de articulação das centrais sindicais do Brasil, ao organizar um evento da
magnitude e importância da Conclat. A partir desse espírito unitário foi possível aprovar, em uma
grande Assembleia, a Agenda da Classe Trabalhadora, documento com vistas a um novo projeto
nacional de desenvolvimento que tenha como principais características a soberania e a valorização
do trabalho.
68 A Declaração Política do 2º Congresso da CTB, realizado em setembro de 2009, já adiantava
como deveria ser o processo de constituição do evento realizado em 1º de junho deste ano. “Para
coroar o processo de unidade que já está em curso, a CTB propõe a realização de uma nova
Conclat — Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, reunindo milhares de sindicalistas de

Caderno de Teses 151


TESE 11
todas as centrais e entidades sindicais, independentemente das posições políticas e ideológicas,
sem discriminações. A Conclat vai elevar a um novo patamar o nível de intervenção e influência do
sindicalismo e da classe trabalhadora na vida nacional”, dizia o texto, já apostando na unidade da
classe trabalhadora como estratégia fundamental para se alcançar um novo protagonismo político
junto à sociedade.
69 Um evento dessa grandeza só foi possível graças a um processo de amadurecimento pelo qual o
sindicalismo do país vem passando. A criação da CTB é resultado desse momento histórico, no qual
um ex-torneiro mecânico chega à Presidência da República e inicia um processo de transformação
social que mudará a estrutura do Estado brasileiro. A classe trabalhadora não poderia estar ausente
desse processo de transformação. Ela tem potencial para ser protagonista das mudanças, assumindo
um papel que sempre lhe foi renegado pela elite dominante, desde os tempos de colônia.
70 Sem adotar uma postura de antagonismo diante da CUT, encarada como importante aliada, a
CTB acredita que esta padece de graves problemas e não tem mais condições de se colocar como
pólo de unidade dos trabalhadores. Um exemplo disso é o discurso contra a unicidade, feito a partir
da ótica liberal por dirigentes do campo majoritário da CUT, algo que representa um desserviço à
unidade da classe. Para os classistas, a unicidade garantida em lei é um contraponto às investidas
do capital para dividir os sindicatos e instaurar o “pluri-sindicalismo”, com a criação de milhares de
frágeis entidades nos locais de trabalho.

Sindicalismo internacional
71 A CTB, em sua condição de entidade classista, nasce determinada a não seguir algumas das
posturas que levaram seus principais dirigentes, reunidos na CSC, a deixar a CUT. O hegemonismo
de uma força majoritária, a partidarização e a falta de transparência em sua gestão são características
combatidas desde a primeira hora pelos “cetebistas”.
Desde sua fundação, a CTB defende uma tática muito clara em relação ao governo do presidente
72
Lula: evitar tanto a passividade acrítica da CUT como o voluntarismo esquerdista da Conlutas e da
Intersindical; uma postura que não seja chapa-branca, mas tampouco uma oposição sectária. Uma
estratégia que apóie as medidas progressistas do atual governo, mas pressionando-o de forma
constante, para que avance nas mudanças.
73
A CTB também tem procurado dialogar com as outras centrais sindicais legalizadas, sempre em
seus devidos fóruns – inclusive junto àquelas que, por sua constituição interna, acabaram trilhando
determinados caminhos que vão ao desencontro dos principais anseios da classe trabalhadora.
O atual cenário do sindicalismo internacional também corrobora os posicionamentos adotados
74 pela direção da CTB. Com a criação da Confederação Sindical Internacional (CSI), em 2007, a partir
da fusão de duas entidades (Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres e a
Confederação Mundial do Trabalho) que sempre cumpriram papel de freio da luta dos trabalhadores,
a jovem entidade pretendeu garantir a total hegemonia do sindicalismo internacional, impondo a sua
visão de defesa do capitalismo “civilizado” e de domesticação da luta de classe.
75 Ao contrário da CUT, que até hoje se mantém filiada à CSI, a CTB optou pela luta de
revitalização da Federação Sindical Mundial (FSM), ao lado de centrais nacionais de países como
Cuba, Venezuela e Bolívia. Fundada em 1945, no bojo da derrota do nazi-fascismo e do avanço
das lutas revolucionárias, ela sofreu duro golpe com a dissolução do bloco soviético no final dos
anos 80. Excluída do congresso de criação da CSI por defender uma visão classista, a FSM agora
ressurge como pólo de atração dos que se contrapõem às concepções conciliadoras e burocráticas.
A CTB decidiu se somar aos esforços de revitalização da FSM e de criação de um fórum sindical na
América Latina que ajude a unir forças no combate ao imperialismo e à ofensiva do capital.
76 Nesse sentido, em 2008 a CTB participou ativamente da criação do Encontro Sindical Nossa
América (ESNA), entidade movida pelas aspirações da classe trabalhadora no continente. Desde
sua criação, foram realizados três encontros bem sucedidos - o primeiro em Quito, o segundo em
São Paulo e o terceiro, em julho desde ano, em Caracas.
77 Em todas as edições do ESNA, a CTB conseguiu fazer prevalecer um de seus princípios
fundamentais: a busca pela unidade entre as centrais classistas, com vistas ao protagonismo da

152 Caderno de Teses


TESE 11
classe trabalhadora no continente. Todas as organizações envolvidas no ESNA têm consciência de
que não há saída para os projetos de desenvolvimento nacionais sem um caráter integrador.

Balanço da atual gestão da APEOESP


78 O Núcleo da CTB na APEOESP avalia como positiva a gestão da atual diretoria da APEOESP.
Ao longo dos últimos anos, foi feito o necessário enfrentamento as políticas antipopulares e elitistas
do PSDB, na Assembléia Legislativa, nas ruas, na mídia e na comunidade escolar.
79 A diretoria conduziu com firmeza os 30 dias de greve dos professores da rede estadual de
ensino de São Paulo contra o descaso, o desrespeito e os ataques desferidos pelo governo do
PSDB contra o sistema de educação paulista e seu corpo docente.
80 Após diversas tentativas de diálogo com o governo estadual, que optou por ignorar as
reivindicações da categoria e manter sua política de salários baixos, descumprimento da data base,
más condições de trabalho, superlotação das salas de aula, falta de funcionários, prova do OFA,
prova de mérito e de falta de respeito às nossas reivindicações, não tivemos alternativa senão ir à
greve.
81 O Núcleo da CTB na APEOSP faz um balanço positivo dos 30 dias de greve e entende que o
movimento foi de grande importância para mobilizar a categoria. Ao longo da paralisação, que contou
com a solidariedade da população e a participação de professores de todo o Estado, ficou ainda
mais evidente o descalabro da administração tucana em São Paulo. Os professores e o sindicato se
fortaleceram e mostraram disposição para não cessar sua luta por melhores condições de trabalho,
por salários dignos, pelo fim das provas de mérito e de OFA, por meio de uma resistência que se
revelou histórica.

V. Educacional

A escola que queremos


O Núcleo da CTB na APEOESP entende a educação como uma prática social. Dessa forma,
82
trata-se de ponto fundamental da luta hegemônica entre o capital e a classe trabalhadora. O papel
social da educação ao considerar a relação entre processo de produção e os processos educacionais
ou de formação humana, vem fortemente marcado por concepções conflitantes.
83 Ao capital interessa um novo padrão de acumulação que garanta maior produtividade com
menor custo para elevar suas taxas de lucro. A “nova” cultura decorrente da hegemonia dos valores
de mercado incide sobre a organização, os objetivos e, portanto, sobre a própria função social
da educação escolar. Essa relação é conflitante e antagônica, pois por meio dela se confrontam
as necessidades da reprodução e acumulação do capital e as necessidades humanas. É nessas
relações que se estabelece a correlação de forças dos diferentes grupos sociais, na definição da
hegemonia nos processos educativos.
84 As transformações tecnológicas e os sistemas integrados exigem um novo perfil do trabalhador e
assim se define um novo papel da escola na economia globalizada. Exige-se o saber do trabalhador,
sua capacidade de análise e de trabalhar em equipe.
85 Necessita-se de trabalhadores com uma capacitação teórica mais elevada, o que implica em
aumento do tempo de escolaridade e melhorias na qualidade da educação. Esse é também o desejo
da classe trabalhadora, porém, enquanto o capital visa à produtividade e o lucro, os trabalhadores
visam a sua qualificação humana e a melhoria da sua existência. O conhecimento, a formação
técnica, os processos educativos e sua democratização constituem-se em campos de disputa.
86
Tem-se a compreensão de que os avanços tecnológicos, mesmo sob as relações sociais de
exclusão, representam efetiva melhoria de qualidade de vida, que poderia ser para todos os seres
humanos. Com efeito, a nova realidade técnico-produtiva exige do conjunto de trabalhadores,
conhecimentos científicos que os torna capazes de resolver problemas em situações diversas, mas
que precisa visar, também, um trabalhador capaz de usufruir e consumir bens culturais mais amplos
através da socialização dessa produção.

Caderno de Teses 153


TESE 11
87 Trata-se de um trabalhador com capacidade técnica, mas com realização humana em todas as
dimensões da vida. Faz-se necessário desbloquear os mecanismos de exclusão que marginalizam
mais da metade da população brasileira e impedem o desenvolvimento humano em sua totalidade.
A educação tem papel fundamental na formação de pessoas conscientes desta realidade histórica
para que se transforme em elemento de ação política.
88 A escola pública unitária poderá ser a mola propulsora para que a democracia tenha condições
objetivas de se efetivar na sociedade brasileira. Nessa escola unitária, os processos educativos
dependem de uma construção intimamente ligada com a construção da própria sociedade, os quais
contribuem para a emancipação humana no plano do conhecimento e no plano político organizativo.
Ao conceber a relação da escola com a realidade social, coloca-se o desafio de se identificar e
construir “núcleos unitários” dos campos de conhecimento que permitam ao aluno, formular planos
de estudo, projetos de conhecimento, analisar e interpretar as infindáveis questões e problemas que
a realidade apresenta, tornando-se um aluno pesquisador.

A escola unitária
89 Entre as perspectivas da escola unitária destaca-se a superação das polaridades: conhecimento
geral e específico, teórico e prático, técnico e político, uma vez que todas essas dimensões ocorrem
numa mesma realidade concreta. A questão fundamental nessa perspectiva é definir qual é o
conjunto de conhecimentos a ser produzido juntamente com os alunos que, na sua unidade, permite
entender o diverso. Trata-se de buscar eixos básicos que levem a interpretar, a definir núcleos
de conhecimento, processos, métodos e técnicas, na unidade dialética entre teoria e prática.
Dessa forma a organização do trabalho pedagógico exige a interlocução dos diferentes campos de
conhecimento e um processo interdisciplinar, visando o desenvolvimento do ser humano nas suas
múltiplas dimensões e necessidades. Nesse sentido, o ensino não pode ser considerado como
uma relação somente entre alunos e professores, mas também entre professores e ambos com
a sociedade. A escola unitária indica a necessidade da constituição, no espaço escolar, de uma
comunidade de profissionais da educação que interaja entre si, que entenda as relações de trabalho
entre os colegas, que planeje e desenvolva projetos coletivos e sejam professores pesquisadores.
90 As comunidades profissionais de educadores são fundamentais para a mudança educativa.
Assim, a escola básica unitária e politécnica qualifica a força de trabalho para o processo social
em todas as suas dimensões, inclusive a formação técnica e profissional mais específica. Não
basta resistir às investidas do capital que propõe a lógica do mercado na produção e na formação
do trabalhador, é necessária a construção de uma alternativa que faça o enfrentamento ao projeto
neoliberal de exclusão.
91 O momento presente coloca um desafio fundamental para os trabalhadores em educação, que
vai além da esfera pedagógica, situando-se na contradição da sociedade moderna. A sociedade
capitalista contemporânea, ao mesmo tempo em que desenvolve o progresso material, tira da
maioria da população a possibilidade de acesso às condições necessárias à dignidade humana.
Essa compreensão mobiliza as energias coletivas para a busca de uma alternativa de organização
social e escolar que tenha em vista a defesa da humanidade.
Esse é o desafio da educação e de todos os agentes sociais que atuam na escola!

CONAE
92 Um passo importante para a construção da escola que queremos foi dado com a realização
da Conferência Nacional da Educação (Conae), no período de 28 de março a 1º de abril de 2010,
em Brasília-DF. Constituiu-se num acontecimento ímpar na história das políticas públicas do setor
educacional no Brasil e contou com intensa participação da sociedade civil, de agentes públicos,
entidades de classe, estudantes, profissionais da educação e pais/mães (ou responsáveis) de
estudantes.
93 A construção do Sistema Nacional de Educação, dará efetividade ao regime de colaboração
entre os sistemas de ensino ancorado na perspectiva do custo aluno qualidade (CAQ) que é uma
luta histórica da educação e da sociedade brasileira. O processo passa por uma gestão democrática,
gestão de financiamento e gestão de inclusão.

154 Caderno de Teses


TESE 11
94 Os Planos de Educação em todos os âmbitos (Federal, Estadual e Municipal), devem conter
diretrizes, metas e estratégias de ação que garantam acesso à educação de qualidade desde a
creche até a pós-graduação. Além disso, a conferência propôs alterações constitucionais, mudanças
em leis ordinárias (como a lei do Fundeb e a Lei que regulamenta os conselhos) e reforçou a
necessidade de aprovação de projetos de lei já em tramitação no congresso (como a lei de cotas
em universidades para alunos oriundos da escola pública e a que normatiza a eleição de diretores).
95 Outra deliberação importante foi o aumento do volume de recursos destinados à educação . A
proposta prevê o direcionamento de pelo menos 7% do PIB até 2011, percentual que deve seguir
crescendo progressivamente até alcançar 10% até 2014.
96 Na questão das cotas, foi aprovada a implantação da reserva de 50% para estudantes de
escolas públicas nas instituições públicas de ensino superior, respeitando a proporção de negros
e indígenas em cada estado – baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) – e terá um prazo mínimo de vigência de 10 anos, o que corrigirá as distorções impostas pelo
abuso do poder econômico e da discriminação racial no sistema educacional.
Além dessas resoluções, a conferência rejeitou a política aplicada no estado de São Paulo de
97 avaliar para premiar ou punir.
A criação do Fórum Nacional de Educação merece destaque especial dentre os resultados da
98 Conae. A partir desse passo, será possível monitorar o encaminhamento de cada uma das propostas
discutidas no evento, de modo a garantir que todas se transformem em políticas públicas e façam
parte do Sistema Nacional de Educação.
Por se tratar de uma conferência, as deliberações da Conae não têm força de lei, mas servirão
99 de diretrizes para a construção de um novo Plano Nacional de Desenvolvimento Educacional.
O Núcleo da CTB na APEOESP considera vitoriosa a realização da Conae, uma vez que esta foi
100 o maior evento de debate e deliberações sobre educação já feito no país. Sua realização representou
ganhos para toda a população, e não apenas para os profissionais do setor e estudantes, pois o
sistema educacional brasileiro entrou em pauta, da creche à pós-graduação.

A Educação em São Paulo


Em São Paulo, o governo do PSDB destruiu o sistema educacional do estado, transformando-o
101
em um verdadeiro caos que afeta alunos, pais, professores e todos os profissionais do setor.
A aprovação automática constituiu-se num verdadeiro instrumento de exclusão dos estudantes
102
de São Paulo do acesso à aprendizagem. Preocupado apenas com estatísticas, o governo não
investiu em infra-estrutura para implementar o sistema por ciclos, e o resultado alcançado é que os
estudantes estão concluindo o ensino médio com conhecimento de 8ª série.
103 Para prestar conta à população de que tudo tem feito para melhorar a qualidade da educação
vale-se até de propaganda enganosa sobre a presença de dois professores por sala de aula.
A Secretaria Estadual de Educação publicou a Resolução SE 86/2008, que limita o número
104 de estudantes por sala de aula e o que vivenciamos é a superlotação de salas num flagrante
descumprimento da sua própria resolução.
105 O governo se São Paulo também não cumpre a data base, que seria o momento de recomposição
dos salários, e impõe que a única forma de melhoria salarial é pela avaliação de mérito que exclui
80% da categoria e desrespeita o preceito constitucional da isonomia salarial.
106 No estado de São Paulo, o governo desrespeita a Lei do Piso Salarial Profissional Nacional
que dá a garantia de que um terço da jornada de trabalho seja cumprida extra classe, e continua
aplicando apenas 20% dificultando o desenvolvimento do trabalho pedagógico.
107 Para desrespeitar ainda mais a categoria o governo não realiza concursos públicos com a
periodicidade e amplitude necessárias, gerando excesso de professores temporários na rede de
ensino, com variadas formas de contratação. A precarização e a rotatividade dos docentes entre as
diversas unidades escolares provoca a descontinuidade do processo pedagógico na escola.
108 Não contente com tantos desrespeitos, e lançando mão de uma política ainda mais perversa,
institui como forma de contratação temporária o provão do OFA, desrespeitando o professor que
trabalha há anos na rede.

Caderno de Teses 155


TESE 11
109 Fruto desse descompasso educacional, a violência nas escolas estaduais atingiu níveis
insuportáveis. Muitos profissionais são agredidos e acabam desenvolvendo transtornos que os
impedem de exercer suas atividades.
110 Além da violência escolar os professores estão sujeitos ao desenvolvimento de várias
enfermidades inerentes ao exercício da profissão. Transtornos da voz, lesões por esforço repetitivo
(LER/DORT), estresse, Síndrome de Burnout, entre outras, sem ter direito a se ausentar do trabalho
para tratamento médico uma vez que a LC 1041/2008 limita o número de faltas médicas.
111 Desde 1998, o governo do estado vem municipalizando o Ensino Fundamental, se eximindo da
responsabilidade com essa modalidade de Ensino, causando um grande prejuízo à população que
vê seu direito à creche e pré-escola negado pelas prefeituras, além de desempregar os professores
da rede.
112 Para um bom desenvolvimento da educação é necessário antes de tudo valorizar os profissionais
com salários dignos, plano de carreira adequado e condições de trabalho.
113 A atual administração persiste em tratar a educação pública com viés administrativo e contábil,
considerando-a como gasto – e não como investimento. Ao determinar metas, o governo não leva em
consideração o dinamismo inerente ao processo educacional e impõe material didático elaborado
sem nenhuma participação dos professores e repleto de erros, ferindo assim a liberdade de cátedra,
elemento essencial para o bom desempenho da atividade pedagógica.

Manipulação dos índices do Saresp


114 O Saresp até 2008, oferecia quatro conceitos: abaixo do básico, básico, adequado e avançado.
Agora, o governo reduziu o número de conceitos. São apenas três. O básico e o adequado
transformaram-se em suficiente, puxando a média para cima. Até 2008, a Secretaria da Educação
considerava uma média de 190 pontos na prova de português da quarta série como básica. Agora,
de acordo com o novo critério, ela passou a ser adequada. Em outras palavras: o governo Serra
criou o conceito de suficiente, que une os estudantes que estão no nível básico e adequado.
115 O que se viu por meio dessa artimanha do governo tucano foi uma tentativa de manipulação
desses dados, com a finalidade de se alcançar números melhores para seu sistema de ensino. O tiro,
no entanto, saiu pela culatra, já que os resultados pífios dos alunos se somaram à desonestidade
para evidenciar, com ainda mais riqueza de detalhes, o nível lastimável de ensino no estado.
116 Os dados do Saresp mostram que a situação do ensino é cada vez mais alarmante em São
Paulo. Apesar desse cenário, a administração do estado mais rico da Federação não trabalha para
estabelecer uma política salarial para os professores. Em vez disso, o PSDB se vangloria de ter
implantado a política de bônus e promoção por mérito, medida que aniquila o Plano de Cargos e
Salários da categoria.
O fracasso da educação em São Paulo é provocado pela política educacional
117
do PSDB e não pela atuação dos professores como quer atribuir o governo.
Diante desse cenário, propomos:
• Fim da promoção automática;
• Reajuste salarial;
• Imediata aplicação da Jornada da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional;
• Realização de concurso público classificatório;
• Fim da prova do OFA;
• Fim da prova de Mérito;
• Revogação da lei 1093/2009;
• Revogação da Lei 1041/2008;
• Fim da Municipalização de Ensino;
• Novo Plano de Cargos e Salários;
• Cumprimento imediato da Resolução SE 86/2008, que limita a 25 o número de alunos por sala
de aula.

156 Caderno de Teses


TESE 11
VI. Políticas Permanentes

Igualdade racial e combate ao racismo


118
Sancionado pelo presidente Lula no último dia 27 de julho, o Estatuto da Igualdade Racial
inaugurou um marco para o movimento negro, representando um novo patamar tanto na luta pela
erradicação da discriminação racial no país, como pelo combate às desigualdades de oportunidades
entre os povos historicamente marginalizados.
Trata-se de um passo muito importante para o desenvolvimento da democracia brasileira, já que
119 este é um país com cerca de 92 milhões de negros – o equivalente à metade de sua população. É
um avanço no sentido de mostrar à sociedade que não é possível manter o povo unido perpetuando-
se por séculos a desvantagem racial.
120 Sabe-se que as palavras “democracia” e “racismo” são completamente antagônicas entre si. O
Brasil evoluiu a ponto de entender que um país democrático distribui justiça com igualdade entre
todos os seus cidadãos. Esse é o cerne do Estatuto.
121 O governo federal também dá um salto gigantesco ao reconhecer que a desigualdade sócio-
econômica que subordina a população negra é amplificada pelo racismo. Nesse aspecto, os
movimentos sociais foram de grande importância para tornar cada vez mais relevante o papel do
Estado na construção da igualdade.
122 Outro avanço incluído no Estatuto é o reconhecimento da importância de instrumentos jurídicos
eficazes para regular a intervenção do Estado. Trata-se de um paradigma no enfrentamento ao
racismo, em um momento no qual alguns setores políticos e até mesmo uma certa intelectualidade
retrógrada tenta rever os conceitos discriminatórios que caracterizaram a história do Brasil.
123 Diversas políticas históricas do movimento negro foram contempladas pelo Estatuto. A adoção
de ações afirmativas na educação, a ampliação do acesso a financiamentos para comunidades
negras rurais, a criação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial e o financiamento
de iniciativas de Promoção da Igualdade Racial são alguns dos itens que merecem o apoio daqueles
que estão comprometidos na luta por um país mais justo.
124 Nesse momento de avanço, é preciso ressaltar, no entanto, que assim como no plano político
mais amplo, a elite econômica e partidos políticos como o Democratas têm procurado confrontar
todas as iniciativas que têm garantido aos negros sua inclusão na sociedade. Esses grupos foram
contra as cotas, a política aos quilombolas, a existência da SEPPIR, as viagens diplomáticas e a
nova relação estabelecida com a África pelo governo Lula, ao próprio Estatuto da Igualdade Racial
e uma série de outras políticas progressistas.
125 É preciso ter em conta que o racismo e a escravidão são as piores chagas da história brasileira.
A elite do país, responsável e herdeira desse cenário, não aceita a perda de privilégios, tampouco a
ideia real de democracia, sistema no qual a igualdade racial é condição fundamental e inquestionável.
O movimento sindical deve permanecer atento e pressionar as diversas instâncias de governo no
sentido de conquistar novos avanços.
126 É importante ressaltar a participação da Apeoesp, por sua Secretaria de Políticas Sociais e
do Coletivo anti-racismo “Milton Santos” nas atividades, promovidas pelo movimento negro no 20
de Novembro, dia da Consciência Negra, bem como nos atos de 13 de Maio e a publicação do
suplemento da Consciência Negra.
Para garantir o combate efetivo ao racismo é necessário exigir a implementação -
127
dentro da política de formação e valorização de profissionais da educação - da formação
para gestores/as de acordo com a Lei n° 10.639/2003 e suas diretrizes curriculares.

Defendemos:
128
• Criação de um Programa Nacional de Combate ao Racismo e ao Preconceito Racial no
ambiente escolar;
• Adoção de cotas para negros, indígenas e estudantes da rede pública, no ingresso às
universidades públicas e privadas;

Caderno de Teses 157


TESE 11
• Exigência de implementação da Lei 10.639/2003 e capacitação de profissionais;
• Financiamento à pesquisa sobre as relações raciais;
• Mudança da imagem das mulheres e dos homens negros na mídia, visando à superação de
antigos estereótipos e à valorização de seus papéis como agentes críticos e participativos;
• Ampliação e fortalecimento do relacionamento do Coletivo Milton Santos com o Movimento
Negro;
• Ações conjuntamente com a CNTE pela a reelaboração dos livros didáticos de todas as
disciplinas, adequando-os à Lei 10.639/2003.

129 Defesa de gênero:


A cada dia, dez mulheres morrem vítimas da violência no Brasil. A motivação desses crimes,
via de regra, é passional, segundo o estudo realizado em 2010 pelo Instituto Zangari, com base no
banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSUS).
130 Anônimas ou não, as mulheres ainda sofrem com a violência praticada pelos homens, como
nos recentes assassinatos de Elisa Samúdio, Mércia Nakashima, da cabeleireira Maria Islaine, de
Belo Horizonte, e da jovem Eloá Pimentel, de apenas 15 anos de idade, morta pelo ex-namorado
após ser mantida em cárcere privado por mais de 100 horas.
131 O estudo chamado “Mapa da violência no Brasil 2010”, revela que entre 1997 e 2007 41.532
mulheres morreram vítimas de violência praticada por seus parceiros – índice de 4,2 por 100 mil
habitantes. Embora a proporção de assassinatos de mulheres seja menor que de homens o nível
de homicídios femininos no Brasil fica muito acima do padrão internacional.
132 Os números mostram que casos como o que envolve o goleiro Bruno, do Flamengo, são mais
comuns do que a grande mídia costuma relatar. As taxas de assassinatos femininos no Brasil são
mais altas do que as da maioria dos países europeus, cujos índices não ultrapassam 0,5 casos por
100 mil habitantes, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul (25 por 100
mil habitantes) e Colômbia (7,8 por 100 mil).
A Lei Maria da Penha – Lei 11.340/2006 - , uma das principais conquistas do governo Lula,
133 tem permitido que os agressores de mulheres sejam presos em flagrante ou tenham suas prisões
preventivas decretadas e, principalmente, acabando com as penas alternativas que, antigamente,
condenavam o homem apenas a pagar cestas básicas ou multas. Além disso, provocou alteração
da Lei de Execuções Penais, permitindo que um juiz determine o comparecimento obrigatório do
agressor a programas de recuperação e re-educação.
134 As medidas promovidas pela lei não atingem apenas o agressor. A mulher agredida, a que está
em situação de agressão e a que corre risco de vida têm a seu favor diversas outras garantias, tais
como a saída do agressor de casa, a proteção dos filhos e o direito de reaver seus bens e cancelar
procurações feitas em nome do agressor.
Entre os avanços sociais da Lei 11.340, um dos mais importantes diz respeito à caracterização
135 da violência psicológica como violência doméstica, mazela que atinge, historicamente, a mulheres
de todas as faixas etárias e origens sociais. Seu texto define qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que cause morte, lesão, sofrimentos físico, sexual ou psicológico, dano moral ou patrimonial
como formas de violência doméstica.

Risco de retrocessos
136 Embora represente tantos avanços, a Lei Maria da Penha vem sofrendo diversos ataques que
podem intervir em sua eficácia correndo até risco de extinção. Este é o exemplo de diversos projetos
de lei que tramitam no Senado.
137 Entre as propostas mais prejudiciais está o PL 156/09 de autoria de José Sarney (PMDB-AP),
que altera o Código de Processo Penal, tornando a Lei Maria da Penha vazia e sem eficácia. Com
isso, a volta dos “acordões” e do pagamento de penas alternativas pode acontecer.
138 Levando isso em consideração, o governo federal, por meio da Secretaria Especial de Políticas

158 Caderno de Teses


TESE 11
para Mulheres (SPM) e diversos movimentos feministas e de gênero estão lutando para garantir a
integridade dos avanços conquistados com a Lei Maria da Penha. Debates, discussões e eventos
aconteceram e culminaram na redação de emendas que substituem partes do PL de Sarney e
asseguram a boa aplicação da Legislação, cujo apoio do movimento sindical é fundamental para
evitar quaisquer retrocessos. Por isso defendemos:
• Defesa da Lei Maria da Penha, contra qualquer projeto que represente retrocesso;
• Participação das atividades alusivas ao 8 de março – dia Internacional da Mulher;
• Publicação permanente do Suplemento Especial da Mulher;
• Participação nas campanhas promovidas pelo movimento de mulheres.

Combate a homofobia
139 O combate a homofobia ainda precisar avançar muito no Brasil, em todos os setores da
sociedade. Mesmo o sindicalismo, em alguns casos, chega até a contribuir para o preconceito
baseado em orientação sexual ainda existente no país.
140 Atualmente, muitos setores já têm uma visão mais avançada em relação à homossexualidade,
mas em pleno século XXI isso ainda é muito pouco. Certos tabus ainda precisam ser quebrados e,
nesse aspecto, o papel do Estado é fundamental. O Brasil precisa de leis que garantam o direito à
livre orientação sexual e protejam Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros (LGBT),
por meio de políticas públicas de respeito à diversidade – incluída aqui a garantia de laicidade de
instituições públicas – e leis específicas que criminalizem a homofobia.
É preciso educar para a diferença e punir o comportamento homofóbico de modo exemplar e
141 impedir que aconteçam novas humilhações, ofensas verbais e físicas e até mesmo assassinatos.
Segundo algumas estatísticas, no país a cada dois dias uma pessoa é morta por ser homossexual.

O exemplo argentino
142 A união com plenos direitos civis entre pessoas do mesmo sexo é reconhecida nacionalmente
em nove países: África do Sul, Bélgica, Canadá, Espanha, Holanda, Islândia, Noruega, Portugal e
Suécia. No mês de Julho de 2010 a Argentina passou a fazer parte dessa lista .Esse avanço também
é reconhecido em alguns Estados dos Estados Unidos, da Austrália e na Cidade do México.
A Argentina o foi primeiro país latino-americano a reconhecer a união civil entre homossexuais.
142
143 A decisão do governo e do Poder Legislativo da Argentina deve servir de exemplo para o Brasil.
Já existem dez decisões de tribunais federais reconhecendo a união de pessoas do mesmo sexo;
a Caixa Econômica Federal já reconhece a união entre homossexuais para aquisição de imóveis;
a Procuradoria Geral da República tem uma ação questionando o Supremo Tribunal Federal sobre
o tema. No Brasil, casais homossexuais recorrem a contratos de união estável e sociedades como
forma de conquistar alguns direitos civis garantidos apenas a casais heterossexuais.
Na Apeoesp um passo importante foi dado na direção do respeito a diversidade com a criação
144
do coletivo LGBT “Prof. Fernando Schueler” e a realização do II Encontro LGBT.
Nosso sindicato também participa das lutas gerais de combate a homofobia.
145
146 A Apeoesp deverá continuar participando da Parada do Orgulho LGBT da capital e demais
cidades.
147 Devemos intensificar a luta pela aprovação do PLC 122/2006 que criminaliza a homofobia.

148 Defendemos:
• Lutar pela aprovação de legislação que garanta a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
• Continuar participando, com trio elétrico, da Paradas do Orgulho LGBT.
• Participar das lutas gerais de combate a Homofobia.
• Estimular a criação dos coletivos LGBT nas sub-sedes da Apeoesp.

Caderno de Teses 159


TESE 11
A saúde dos profissionais do magistério
149 Especialistas afirmam que o ato de ensinar possui características particulares, geradoras de
estresse e de alterações do comportamento dos que nele trabalham. Estudos realizados em diversos
países da América e da Europa têm demonstrado que os docentes estão permanentemente sujeitos
a uma deterioração progressiva da sua saúde mental.
150 Pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UNB), em convênio com a Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), revela que 15 em cada 100 professores da rede
pública sofrem da chamada Síndrome de Burnout, problema que causa esgotamento, cansaço e
falta de motivação. Os dados mostram também que 48% dos educadores sofriam com ao menos
um dos sintomas característicos desta síndrome.
151 O estresse já é reconhecido por organismos internacionais como “enfermidade profissional”, cujos
efeitos atingem inclusive o ambiente escolar. É considerado pela OIT (Organização Internacional do
Trabalho) não como um fenômeno isolado, mas “um risco ocupacional significativo do magistério”.
152 Entretanto, as atuais condições de trabalho, com baixa remuneração e falta de instrumentos e
suportes técnicos adequados, têm levado os professores a aceitarem trabalhar em duas ou mais
escolas diferentes, por dois ou até três períodos e a buscar, então, por seus próprios meios, formas
de re-qualificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de
trabalho.
153 Na última década, o trabalho docente tornou-se, por demanda do sindicalismo, tema de vários
estudos e de investigações, incentivando a formação de grupos e de redes de pesquisadores
organizados para esse fim. As precárias condições do trabalho docente mostram-se associadas
com os sintomas mórbidos e a elevada prevalência de afastamentos por motivos de doença na
categoria.

O cuidado com a voz


154 As doenças das cordas vocais, muito comuns em professores, nem sempre são associadas ao
exercício da profissão pelos peritos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
155 Estudo da UnB confirma que os professores são reconhecidamente a categoria que apresenta
os maiores fatores de risco para a doença vocais – afinal, mesmo sem a comprovação de doença
do trabalho, eles apresentaram a maior taxa de afastamento do serviço por essa causa. De cada
100 mil trabalhadores, 13,46% se afastam por problemas na voz.

IAMSPE
156 O governo do estado de São Paulo tem demonstrado total descompromisso com a saúde dos
seus servidores. O sistema de marcação de consultas do Instituto de Assistência Médica ao Servidor
Público Estadual (IAMSPE) vem sendo alvo de críticas há anos por parte dos pacientes.
157 Nas suas recorrentes campanhas eleitorais – para presidente, prefeito da capital paulista e
governador de São Paulo, José Serra sempre procura vender a imagem do político preocupado com
a saúde do povo. Porém, a prática mostra que a realidade desmente o seu marketing eleitoreiro.
158 O Núcleo da CTB da APEOESP entende que investir num projeto que cuide do tratamento e
da prevenção das doenças ocupacionais resultaria em menos afastamentos de professores da sala
de aula, além de uma categoria muito mais saudável e preparada para exercer plenamente sua
profissão.
159 A abordagem do profissional que adoece não deve se voltar apenas à pessoa do adoecido
para diagnóstico e tratamento, como ocorre atualmente, pois não cabe apenas a ela se cuidar para
não adoecer. É preciso buscar o nexo entre a doença e as condições de trabalho. Entre as causas
do adoecimento estão o assédio moral, as salas superlotadas e a baixa remuneração, problemas
presentes na maioria dos locais de trabalho e que precisam ser duramente combatidos.
160 Na questão da prevenção é importante ressaltar a oficina DST/AIDS realizada pela Secretaria
de Políticas Sociais e coletivos anti-racismo, gênero e LGBT da Apeoesp como parte do Projeto
EPT-HIV-AIDS, de iniciativa da Internacional de Educação (IE) em parceria com a CNTE.

160 Caderno de Teses


TESE 11
161 A defesa da saúde dos profissionais docentes passa também pelo fortalecimento do Sistema
Único de Saúde (SUS), que atende a todos os brasileiros de maneira indistinta, de forma que seus
profissionais possam vir a ter condições de prestar serviço de qualidade e de forma digna.
162 A defesa do SUS e do IAMSPE é, portanto, de vital importância para os servidores do Estado e
para a população em geral, levando em consideração a grande aberração e exploração dos planos
privados de saúde.

163 Diante disso, o Núcleo da CTB na APEOESP defende:


• Propor a aprovação de lei que especifique como doenças profissionais àquelas que acometem
os profissionais do magistério;
• A transformação do IAMSPE em Autarquia Especial, conforme Projeto de Lei 74/1999, de
autoria do então deputado estadual (e hoje vereador pela cidade de São Paulo) Jamil Murad;
• A contribuição paritária do estado, de no mínimo 2% da folha de pagamento do funcionalismo;
• A instituição do Conselho de Administração deliberativo e paritário;
• Destaque à defesa do IAMSPE nas campanhas salariais;
• Busca de alternativas jurídicas para que a falta de atendimento seja levada ao Ministério
Público, garantindo assistência ao servidor necessitado;
• Implementação nas escolas do projeto EPT-HIV-AIDS, de iniciativa da Internacional de
Educação (IE) em parceria com a CNTE.

NÚCLEO DA CTB/CSC NA APEOESP

Caderno de Teses 161


TESE 12
TESE 12
UNIDOS PRA LUTAR em EDUCAÇÃO

PELO COMBATE À BUROCRATIZAÇÃO E GOVERNISMO DAS ENTIDADES DOS (AS)


TRABALHADORES (AS): UNIDADE MILITANTE PARA ALAVANCAR A LUTA!

I. Conjuntura Internacional

A crise econômica mundial é a crise do sistema capitalista


1 Desde 2008, o mundo acompanha pelos noticiários e, milhares de trabalhadores na vida real,
os efeitos da crise econômica que se iniciou no centro do capitalismo, os Estados Unidos. Tudo
começou com a crise imobiliária, quando os bancos passaram a oferecer grande quantidade de
crédito imobiliário, incentivando demais o setor, e fazendo muitas pessoas procurarem esses bancos
atrás de financiamento para a compra de casas. A alta procura pelas casas, fez com que o preço
dos imóveis subisse de forma repentina e constante.
2 Muitas pessoas passaram a pagar altas taxas de juros das hipotecas o que fez crescer a
inadimplência. Isso provocou um endividamento geral dos consumidores.
3 Instaurou-se a crise, menos crédito na praça, mais inadimplência, diminuição nos preços dos
imóveis e quebradeira geral.
4 Essa situação que muitos economistas chamaram de “crise de administração do sistema” e que
gerou até a demissão de executivos de bancos e multinacionais, na verdade representou o início de
uma crise de contornos mundiais que atingiu empresas e bancos de vários países do mundo todo.
Foi de tamanha magnitude, que esses mesmos economistas, apesar de caracterizar a crise como
um problema administrativo, não se furtaram em dizer também, de que se tratava de algo muito
abrangente e sério.
5 O que esses economistas não disseram, e de propósito porque significaria colocar em xeque as
estruturas do sistema capitalista, é que essa crise é a expressão de um momento do desenvolvimento
do capitalismo chamado retração da economia.
6 Basicamente o sistema capitalista é estruturado sobre uma contradição que não tem solução nos
marcos do próprio sistema: a produção da riqueza material, dos bens de consumo e dos produtos
em geral, é coletivizada, através do trabalho de centenas de milhões de trabalhadores do mundo
todo e em todos os países. Porém a apreensão desses bens (a propriedade, portanto) é privada,
circunscrita a uma parcela infimamente menor que o conjunto de trabalhadores do mundo.
7
Essa contradição cria um movimento próprio do sistema que lhe confere essa característica
cíclica e as crises constantes e estruturais.
8 Grosso modo podemos dizer o seguinte, há dois grandes períodos do desenvolvimento histórico
do capitalismo, a expansão e a retração, ambas significam a grande exploração do trabalho humano
e do trabalhador que o exerce. Sendo assim temos:
Capitalismo
Período de Expansão do capital:
AUMENTO DA TAXA DE LUCRO (PARA OS CAPITALISTAS) E
EXPLORAÇÃO SOBRE O TRABALHADOR
Período de Retração do capital (crises):
DIMINUIÇÃO DA TAXA DE LUCRO (DOS CAPITALISTAS) E MAIS
EXPLORAÇÃO SOBRE O TRABALHADOR

162 Caderno de Teses


TESE 12
9 Em cada momento da história o capitalismo procurou absorver elementos para que pudesse
se reproduzir e desenvolver formas e mecanismos para manter e ampliar a exploração sobre
os trabalhadores. No período pós-guerra, houve um grande avanço da ação das empresas
multinacionais, sobretudo as oriundas do centro do capital e países imperialistas, que interferiram,
sobremaneira na produção em países mais pobres, ainda colônias ou semi-colônias pela África,
América Latina e Ásia.
10 Um fenômeno que também ganhou destaque após esse período da segunda guerra foi a presença
das chamadas “bolsas de valores”, os centros de comercialização de ativos de empresas que, com
o passar do tempo, passaram a comercializar também “valores” que não tinham, necessariamente,
lastro na produção material. Surge o fenômeno da “volatilidade do capital”, ou seja, as bolsas de
valores passam a comercializar ações de empresas que, na verdade, representam um indício do
que se acredita ser o valor dessa ação. Aparece a figura da especulação financeira, marca do
período atual do desenvolvimento do capitalismo.
11
Mas essa marca não retira da estrutura do sistema, sua contradição insolúvel. A crise econômica
iniciada em 2008, por sua magnitude, demonstrou todas as contradições do sistema e, ao mesmo
tempo, certa “fragilidade”, visto que se permite a quebradeira de empresas seculares.
O problema para os trabalhadores é que, a resposta da burguesia e seus estados é sempre a
12 mesma: transferir para os trabalhadores a conta negativa da crise econômica. Por ser estrutural,
sempre que isso acontecer, a saída, por parte da burguesia será a mesma: demissões, arrochos
salariais, diminuição de gastos com serviços públicos (muitos essenciais) etc. Ou seja, a resposta
sempre será o ataque ao conjunto de trabalhadores do mundo todo.
13 Por isso podemos afirmar que a crise econômica iniciada em 2008 é expressão da crise
estrutural do sistema capitalista. Caso o capitalismo sobreviva a ela (e se isso acontecer, será a
custa do desemprego de muitos trabalhadores), inevitavelmente num período adiante viverá outras
tantas crises.
14 Cabe aos trabalhadores, se organizarem para varrer do mapa da história da humanidade,
esse sistema perverso que cria a fome, a miséria, o trabalho infantil, a prostituição e tantas outras
situações de barbárie humana a que estão submetidos os trabalhadores e as trabalhadoras do
mundo todo!

O imperialismo e guerra
15 Nos últimos 20 anos, os EUA intervieram no Iraque (duas vezes) e no Afeganistão, além da
cooperação que fazem com o Estado de Israel e as ações militares por ele controladas, como é o
caso do Haiti.
16 Desde o início da década de 1990 na região do Oriente Médio (Iraque e Afeganistão), as tropas
dos EUA (ajudadas por outros tantos países) já consumiram 1,4 trilhão de dólares, para manterem
quase 200 mil soldados nesses dois países, além de somarem quase 7 mil mortos (forças de
coalizão) e 18 mil mortos locais. (dados oficiais)
A ação de rapina do imperialismo tem sido cada vez mais agressiva, porque significa o “outro
17 lado da moeda”, ou seja, as crises econômicas capitalistas têm sido cada vez mais presentes,
constantes e fortes. A recuperação da economia capitalista, somente com reformas econômicas
tem tido cada vez menos fôlego para manter as taxas de lucro e patamares necessários para a
reprodução do capital. A guerra tem sido a saída cada vez mais procurada por esses países.
18 Recentemente foi criado um site chamado “wikileaks” que divulga na Internet documentos de
ações políticas e militares do governo, dos quais ninguém teria acesso (muitos assessores e ex-
assessores dessas agências têm entregue secretamente esses documentos ao donos do site, pura
contradição do sistema e informação). Ao que consta nas últimas divulgações, sobretudo referente
a guerra no Iraque e no Afeganistão, as evidências são claras: os EUA perderam qualquer controle
sobre o que se passa nesses países, o moral da tropa é baixo e seu significado, para os soldados,
é nulo.
A resistência no Iraque e no Afeganistão tem dado o tom da guerra. No Afeganistão, por
19
exemplo, a milícia Taleban tem derrubado aviões dos EUA com mísseis antiaéreos de curto alcance.

Caderno de Teses 163


TESE 12
20 O impasse está instalado no centro do império, tanto o presidente Obama, quanto muitos de seus
generais, sabem que as guerras no Iraque e no Afeganistão podem até se arrastar, mas uma vitória
dos EUA é cada vez mais remota.
21 Infelizmente, com a agudização dos efeitos da crise, alguns movimentos alimentados pelo
capitalismo também se apresentam entre os trabalhadores. Foi assim na Inglaterra que, aos ver os
primeiros trabalhadores perdendo seus empregos, presenciou manifestações de cunho xenófobo,
onde a reivindicação diante dessa situação era “emprego na Inglaterra para ingleses”. E mesmo
nos EUA onde a nova legislação sobre a imigração tem levado muitas pessoas a serem presas.
O congresso americano quer modificar o item da lei que garante cidadania americana a qualquer
criança que venha a nascer em solo estadunidense, dizendo que isso incentiva o “turismo de parto”,
alusão ao que seria um movimento de mulheres imigrantes que, grávidas, vão para os EUA, ter
seus filhos. Ou seja, criminalizam o efeito, não a causa de estas mulheres se deslocarem de seu
país, colocando em risco suas vidas e de seus bebês.
22 O movimento sindical precisa combater esse tipo de ação do capitalismo, que procura dividir a
classe operária, fazendo emergir os nacionalismos e patriotismos, que nada tem a ver com a luta
dos trabalhadores.
Ao mesmo tempo é animador para a luta de classes, do ponto de vista dos trabalhadores, ver a
23 resistência do povo iraquiano e afegão que, tudo indica, não vão desistir até que todas as tropas de
ocupação deixem seus territórios.
Da mesma forma que vemos com muita esperança a ação dos trabalhadores de vários países
24 da Europa, que têm resistido bravamente às medidas de seus governos de ataque aos direitos
trabalhistas. Em particular na Grécia, cujo pacote governamental inclui demissões, redução
de salários e congelamentos gerais dos salários, além da proposta da reforma da previdência,
ampliando a idade mínima para aposentadoria. Esses trabalhadores estão mostrando a todos que
o caminho tem de ser um só, a luta!

O Brasil e a crise capitalista


25
Como grande produtor de matérias primas, produtos industrializados e local de muita
especulação financeira, o Brasil também foi atingido pela crise econômica. Apesar do governo
dizer que se tratava de uma “marolinha”, que o país estava preparado e que ninguém sofreria das
conseqüências dela, o que se viu foi o repasse de muito dinheiro público para empresas, além de
medidas do governo federal, no sentido de incentivar o consumo, tais como redução do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), mudanças nas alíquotas do imposto de renda, além de
créditos para exportadores (feitos pelo BNDES), crédito para o setor agrícola (grandes produtores),
crédito para empresas, linha de crédito para veículos, crédito para aquisição de bens de consumo
(feito pela CEF) e medidas de isenção fiscal. Com isso, estima se que o governo brasileiro já tenha
utilizado mais de 250 bilhões de reais nas medidas anticrise.
26 A lógica é a mesma, permitir que as empresas demitam trabalhadores, permitir que os patrões
negociem a redução dos salários (e sem a garantia do emprego), negociar com as centrais
governistas (CUT, Força, CTB, UGT, CGTB) direitos e conquistas da classe trabalhadora e, assim,
tentar diminuir a crise.
27 O grande medo que os capitalistas têm nesse processo é que a crise econômica se transforme
em crise política, e que a idéia do socialismo esteja na ordem do dia entre os trabalhadores,
tanto é verdade que, diante da crise estrutural, o presidente Obama soltou uma nota pública aos
trabalhadores dos EUA, em primeira pessoa, afirmando que a saída para ela não era o socialismo.
28 O modelo liberal de economia dos EUA, que não foi alterado em nada, sofreu críticas após a
falência de bancos centenários e a injeção de dinheiro público em empresas como a GM indicou
que o sistema capitalista tem suas contradições e que não pode responder às necessidades da
maioria dos explorados do mundo.
29
Foi contra esse receio latente que economistas, políticos, redes de televisão, analistas financeiros,
passaram a bradar uma série de teorias sobre a crise econômica, sendo a mais utilizada, a crise de
administração. Os EUA aprovaram um pacote de medidas que foi chamado de “reforma do sistema

164 Caderno de Teses


TESE 12
financeiro”, com o objetivo de aumentar a fiscalização das instituições e bancos do país, dentre a
quais: proibir o Estado de ajudar financeiramente as permutas entre investidores; criar uma agência
de proteção aos consumidores, criação de um conselho de vigilância de estabilidade financeira,
fusão de órgãos reguladores através de um escritório controlador da moeda americana, controle e
regulação de investimentos e investidores na bolsa, criação de agência pública de classificação de
risco, controle sobre a remuneração de salários dos acionistas das empresas, regulamentação para
as denúncias de crimes financeiros, empréstimos transformados em títulos que deverão manter 5%
de risco vinculado a esses empréstimos, todos os intermediários e assessores serão obrigados a se
cadastrarem na comissão de valores imobiliários dos Estados Unidos.
30
Enfim, tanto no Brasil como nos EUA, vemos o mesmo fenômeno, diante da crise aguda e
estrutural do capitalismo e da resistência que os trabalhadores do mundo têm demonstrado para
superá-la e, ao mesmo tempo fazer a luta política contra o grande capital, os capitalistas e seus
governos de plantão, utilizam de todo o repertório que podem: do discurso ideológico (na TV
brasileira chegamos a ver propagandas dizendo que “somente com a crise é que se supera os
obstáculos”), das reformas econômicas, dos ataques aos direitos trabalhistas, à intervenção militar
e os assassinatos de trabalhadores e trabalhadoras, para fazer girar novamente a roda capitalista
da produção.
31 Portanto a tarefa da classe trabalhadora no mundo não é qualquer coisa, há que se organizar
a luta, constituindo pólos de resistência ao avanço das reformas econômicas impostas pelos
governos e patrões, ao mesmo tempo, propagandeando o socialismo, única forma organizativa que
os trabalhadores podem construir, para superar a miséria a fome e a barbárie.

32 Defendemos:
- Saída imediata das tropas imperialistas do Iraque e Afeganistão;
- Saída imediata das tropas brasileiras do Haiti;
- Todo apoio a luta do povo iraquiano, afegão, haitiano!
- Todo apoio à luta do povo palestino contra o estado de Israel!
- Não ao pagamento da dívida externa!
- Pela autodeterminação dos povos!
- Em defesa do socialismo!

A América Latina
33
Os países circunscritos à América Latina passam, com gradações e mecanismos diferenciados,
pelo processo de inferência econômico e política dos países do centro do capital e, em particular,
dos Estados Unidos. A maioria dos países segue a risca o receituário neoliberal construído aos
países periféricos ao término dos anos 80. No entanto, a dominação tem suas nuances e, dentre
estas, encontramos países como Venezuela, Bolívia, Equador e Paraguai, cujos governos se auto
proclamam dos trabalhadores. Todavia, conforme os mandatos são cumpridos, verificamos que tais
governos, de fato, não os representam. Os casos mais emblemáticos são a Venezuela e a Bolívia,
países em que tem ocorrido enfrentamentos entre os governos e a classe trabalhadora, uma vez
que a crise econômica do capital também atinge estes países e a opção do poder tem sido onerar
ainda mais esta classe.

Venezuela: o “socialismo do século XXI” e a sua aliança com a burguesia


34 O caso da Venezuela é claro: diante da crise econômica, o governo Chavez ofereceu créditos
especiais aos empresários, dólar preferencial para importação, fusão de empresas estatais com
empresas públicas, redução dos gastos públicos, verba aos bancos privados, divisão em duas
partes do reajuste dos trabalhadores, manutenção da economia baseada no rentismo petroleiro,
exportado, prioritariamente, aos Estados Unidos, dentre outras medidas que servem ao grande
capital.

Caderno de Teses 165


TESE 12
35 Todavia, os trabalhadores não tem se calado aos pseudos governos socialistas, como o chamado
“Socialismo do século XXI”, proposto por Chavez e o engodo da revolução bolivariana. Os exemplos
são vários: o protesto popular contra o racionamento elétrico na cidade de Mérida, à greve da
empresa “Cemento Andino”, manifestações por habitações, água, dentre outras. O governo tem
sido duro, com a utilização de todo o aparato repressivo do Estado, em sua face jurídica e em sua
face armada, o que resultou nas mortes de vários militantes socialistas não alinhados ao chavismo.
36 É preciso salientar, todavia, que em nome da autodeterminação dos povos, nós, socialistas,
nos posicionaremos ao lado do povo Venezuelano sempre que um pais imperialista o ameaçar,
seja direta ou indiretamente. No conflito entre o ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe que, sob
a alegação de proteção às FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), por parte de
Chavez, ameaçava o governo venezuelano, nossa defesa era pela soberania do país atingido. A
atual reconciliação diplomática, proposta pelo novo governo colombiano, é mais uma expressão do
entreguismo chavista, uma vez que, ao invés de se apoiar no povo trabalhador venezuelano, busca
legitimação junto aos representantes do capital e seus governos. Vale observar que recém eleito
presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, tem um histórico muito similar ao seu antecessor e,
inclusive, partícipe de seu governo. O governo Chavez não representa os trabalhadores e são estes
que devem substituí-lo no poder e já demonstraram, em muitas oportunidades, serem capazes de
fazê-lo.

37 Defendemos
- Estatização de todas as empresas venezuelas;
- Pela organização do povo trabalhador em suas instâncias de representação, sem ingerência
do Estado;
- Por liberdade política em todas as instâncias;
- Prisão aos assassinos dos trabalhadores;
- Denúncia dos assassinatos dos trabalhadores;
- Nenhuma concessão aos Estados Unidos da América;
- Pela construção de um governo verdadeiramente socialista.

Bolívia: limites da aliança do discurso indígena com o grande capital


38
Em sintonia com o grande capital está também o governo “indígena” de Evo Morales, mantendo
a economia nacional, cujas principais riquezas são as indústrias extrativas de minerais e de
hidrocarbonetos, nas mãos das empresas transnacionais Petrobrás e Repsol. Enquanto os bolsos
dos patrões se entopem das rendas dos produtos extraídos do solo boliviano, o povo trabalhador
amarga um dos menores salários da América Latina. Similar ao que ocorre no Brasil, várias medidas
assistencialistas asseguram a reeleição dos governos, da “bolsa família” brasileira à “renda
dignidade” boliviana, a cobertura de eletricidade em regiões mais distantes (direito básico ainda não
garantido integralmente), distribuição de cargos públicos a dirigentes sindicais e comunais ( outra
similaridade com o Brasil), dentre outras práticas.
39 Todavia, onde há exploração o trabalhador resiste, na Bolívia não é diferente. Várias greves
seguem ocorrendo, como a dos 5.000 mineiros de Huanuni, das mobilizações da FEJUVE
(Federaçión de Juntas Vecinales) na região de El Alto, das mobilizações dos indígenas que lutam há
séculos pelo controle comunal, dentre outras. Apesar de a maioria do povo ainda acreditar que Evo
Morales seja o seu governo, já começa a se desenhar um descontentamento, expresso nas lutas
e materializado em ações para conformar uma alternativa socialista aos trabalhadores bolivianos e
que faça frente ao reformismo entreguista do MAS, partido do governo e com maioria no Parlamento.

Defendemos
40 • Nacionalização das empresas minerais e de hidrocarbonetos;
• Pela autonomia dos povos trabalhadores de origem indígena;

166 Caderno de Teses


TESE 12
• Expropriação das terras, sem indenização e sob o controle dos trabalhadores;
• Pela liberdade e autonomia sindical;
• Pela organização de base do povo, na perspectiva da construção do socialismo.

Haiti: de uma história de luta à vingança do capital


41
O povo haitiano foi um dos primeiros da América a expulsar os europeus invasores de seu
território e abolir a escravidão, então, o modo de produção reinante. Tais lutas custaram caro
ao Haiti, pois desde a França até o domínio estadunidense, através de seus governos títeres,
transformando-o num país dependente econômica e politicamente.
O terremoto recente, que dizimou milhares de vidas, causou outros milhares de feridos e
42
desabrigados, só é mais uma página da história do sofrido povo haitiano. Desde 2004 que esse
povo enfrenta a presença em seu território de forte armamento de guerra, sob a orientação da ONU
e direção militar e política do Brasil, é a chamada MINUSTAH
(Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti). Escondidos atrás do discurso de
43
“manutenção da paz” na região, seguem defendendo os interesses das multinacionais instaladas
na Zona Franca e dos parques industriais do Haiti (sobretudo o parque têxtil), pagando salários
irrisórios aos trabalhadores (menos de 100 dólares mensais), impostos reduzidos para a burguesia,
bem como tentando impedir a imigração de parcela da população aos Estados Unidos (os balseiros
haitianos). Dentre os que participaram de reunião com o representante da ONU no Haiti, Bill Clinton,
em meados de 2009, estava o vice presidente do Brasil, José de Alencar, dono da COTEMINAS,
grande empresa têxtil brasileira e que mantém “negócios” nesse país.
44 Tal reunião buscou informar aos empresários que mantém empresas no país, caso de Alencar,
do quão podem ser rendosos os seus investimentos. Então dá para entender os reais interesses do
Brasil em chefiar as tropas de intervenção no Haiti, ou seja, manter a paz, mas a “paz do capital”,
para que este possa seguir explorando com o mínimo de conflito possível.

45 Defendemos
• Suspensão imediata do pagamento da dívida;
• Toda solidariedade internacional ao povo haitiano e suas entidades de classe;
• Pela retirada imediata das tropas imperialistas: fora MINUSTAH!
• Pela autodeterminação dos povos – soberania do povo haitiano.

II. Conjuntura Nacional


46 Estamos nos últimos momentos do governo Lula e podemos fazer uma análise do seu
significado para a classe trabalhadora. Apesar de possuir uma boa avaliação segundo os institutos
de pesquisas graças ao seu marketing pessoal somada à políticas assistencialistas, sua gestão
caminha para o fim sem avanços para os trabalhadores. A ascensão do Partido dos Trabalhadores
ao poder significava, para muitos, esperança de mudanças sociais e o sentimento de frustração
pode ser medido pela enorme taxa de desemprego, falta de moradias populares, precariedade
nos atendimentos médicos e educacionais, etc.. Não compartilhávamos desta esperança há muito
tempo, pois avaliávamos que o partido nascido nas mobilizações dos trabalhadores espalhados
pelo país, em particular dos metalúrgicos da região do ABC, berço do sindicalista Lula, já não
representava a classe proletária.
47 Nos últimos 7,5 anos convivemos com a política Lulista e esta se mostrou uma reprise dos anos
FHC/Itamar/Collor/Sarney, com assistencialismo, corrupção e fisiologismo. Um partido com base
na classe trabalhadora passou, sustentado no pragmatismo, a repetir práticas que garantissem a
sua perpetuação no poder. O PT, que tinha no seu primeiro estatuto a luta pelo socialismo, figura
hoje como uma nova direita, interessada nas benesses que o poder traz. “Nunca antes, na história
deste país”, os banqueiros e empresários lucraram tanto. “Nunca antes, na história deste país”, a
burocracia sindical ocupou tentos cargos comissionados e arrefeceu a luta.

Caderno de Teses 167


TESE 12
48 Políticas reformistas foram lançadas com shows de pirotecnia, como o Fome Zero, e
abandonadas assim que outro espetáculo fosse preparado.
49 Principal projeto dos ocupantes do Palácio do Planalto, o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) não passou de uma grande jogada marketing com o intuito de catapultar a
candidatura daquela que Lula pretende fazer como sucessora. A desconfiança quanto à lisura
nas licitações, as ameaças ao meio ambiente além das disputas interpartidários são a ponta do
iceberg quanto a ineficácia do programa. Ou seja: mesmo políticas reformistas propostas não foram
realizadas, apesar de todo o gasto feito em propagandas. As visitas às obras não passaram de
“turismo institucional”, bancados pelo dinheiro dos trabalhadores.
50 O país carece de obras de infraestrutura, muitas das quais apregoadas no discurso de
lançamento do PAC, mas não podem ser feitas sem ampla consulta à sociedade e priorizando o
transporte coletivo público, construção de hospitais, escola e espaços de lazer. Faz-se necessário
uma ampla Reforma Urbana, com investimentos em infraestrutura, respeitando a natureza e levando
em conta os estudos técnicos. Urge uma grande reforma urbana que elimine a desigualdade social
evidenciada nas suntuosas construções contrastadas com as precárias moradias das ocupações
nas encostas de morros e margem de rios.
51
Precisamos também de uma Reforma Agrária, que garanta o acesso do trabalhador rural à
terra hoje improdutiva e a reorganização do espaço fundiário. A Reforma Agrária, que, segundo
promessas, seria concluída com uma “canetada”, não se tornou realidade. A violência contra os
trabalhadores do campo persiste.
52
A tônica da política federal petista, tocada no congresso por seus serviçais, não tem sido
pautada pela preocupação com o meio ambiente. No parecer de Aldo Rebelo, primeira parte de três
do seu relatório sobre a reforma do Código Florestal, não faltam exaltações ao grande ruralista. O
pecedebista mostra-se mais preocupado em abrir caminho para a acumulação capitalista do grande
produtor rural, flexibilizando a legislação ambiental e florestal. Sabemos que a concentração de
terras em poucas mãos significa desemprego no campo, prioridade para produtos de exportação e
consequente falta de gêneros agrícolas de primeira necessidade. Ganha a simpatia e o apoio dos
ruralistas, do agronegócio, detentores de verbas que podem financiar sua campanha de reeleição.
As congratulações recebidas pelo deputado, pronunciadas pela líder dos agropecuaristas, uma
senadora do Democratas de Tocantins e presidente da CNA (Confederação Nacional de Agricultura
e Pecuária do Brasil), mostra a opção ideológica do PCdoB.
53 O governo do Partido dos Trabalhadores foi benéfico apenas para a burguesia. Na prática
prevaleceu a super exploração do trabalhador, a concentração de riquezas, o apadrinhamento
político entre outras práticas nada louváveis.
54 As eleições gerais de 2010 seguem um roteiro previsível. Protagonizadas por PT e PSDB, a
disputa será para quem irá gerenciar o Estado Burguês. O abuso do poder econômico e a distribuição
irregular do tempo no horário político impedem, mesmo aos bem intencionados, de mudar o jogo a
favor dos trabalhadores.
55 A corrida eleitoral é um verdadeiro balaio de gatos. Devemos lembrar que nesta trama, para
torná-la ainda mais dramática, parte do PMDB está com Lula no cenário nacional e outra parte,
não menos fisiologista, na figura do ex-Governador Orestes Quércia, apoiando o PSDB. Também
o PSB, onde se aloja atualmente o ex-Secretário de Educação Gabriel Chalita, coloca os pés em
duas canoas. Com candidato a Governador em São Paulo, apoia o PT nas eleições majoritárias na
esfera nacional. Corremos o risco de ver o Campo Majoritário, da qual a Artsind e a Artnova fazem
parte, defenderem a candidatura do ex-tucano, inimigo dos professores.
56
A candidata inventada por Lula disputa eleitores no mesmo segmento que o candidato do
capital e da direita tradicional. A tática do denuncismo deverá ser a empregada nestas eleições. O
uso de dossiês e as disputas no Tribunal Superior Eleitoral vão esconder os programas neoliberais
de governo e prejudiciais aos trabalhadores.
57 Na lógica de dominação e para evitar contestação, a prática empregada tem sido perseguir
os movimentos sociais, que se opõe a política da nova direita e coloca os trabalhadores na rua,
para reivindicar e lutar por seus direitos básicos. “Nunca antes, na história deste país”, lideranças

168 Caderno de Teses


TESE 12
políticas não alinhadas com governo federal, tiveram seus antigos aliados como algozes. Esta
prática de calar os movimentos sociais se reproduziu na esfera estadual. A própria APEOESP, ao
atender decisão de assembleia e realizar uma passeata para tornar pública a nossa mobilização,
acabou multada. O então presidente da entidade, Carlos Ramiro, foi processado e condenado em
primeira instância.
58 A Central Única dos Trabalhadores (CUT), construída em meio às lutas dos trabalhadores
contra o Regime Militar, hoje, central chapa-branca, ocupa papel de destaque no governo do Sr.
Luis Ignácio Lula da Silva, ao ponto deste interferir diretamente nas eleições internas e determinar
quem devia presidi-la.
59 Para enfrentar a exploração, tornou-se necessária uma nova central, que representasse
realmente os interesses dos trabalhadores. Assim construímos a CONLUTAS (da qual era partícipe
a UNIDOS PRA LUTAR) e, nos últimos anos, preparamos o CONCLAT para a reorganização
da classe trabalhadora, visando a unificação das lutas com a INTERSINDICAL, MTL, MTST,
Pastoral Operária, MAS, Independentes, entre outros, que deveria resultar numa nova central dos
trabalhadores que respeitasse a independência e autonomia da classe trabalhadora, respeitasse
a democracia operária e compromissada com a ampliação da unidade na luta cotidiana. Sabemos
que somente com a união de todos os trabalhadores poderemos construir uma sociedade sem
exploradores e explorados. Continuaremos lutando por essa unificação da classe trabalhadora.
60
Mesmo com as dificuldades, os trabalhadores de todo o Brasil enfrentam o sistema ocupando as
ruas e reivindicando seus direitos. Entre as lutas mais recente podemos destacar a dos trabalhadores
da Embraer, contra as demissões de 4200 trabalhadores provocadas pela crise mundial, a greve dos
docentes da USP, acompanhada pela ocupação da reitoria, a greve dos Correios e a mobilização
dos servidores federais do Judiciário, em greve por mais de 100 dias.

III - Conjuntura Estadual


61 O Estado de São Paulo nos últimos 16 anos vem sendo administrado pelo PSDB. Durante
esse tempo se intensificou os ataques que o funcionalismo público estadual vem sofrendo em seus
direitos e conquistas. As políticas neoliberais que foram sendo implementadas pelo governo estadual
nesse período como terceirizações, PPPs, privatizações, SPPREV, são exemplos concretos e que
foram colocados em prática no governo José Serra.
62 As políticas neoliberais promoveram uma escassez de recursos nas áreas de educação,
saúde, habitação, ou seja, de todos os setores públicos. Essas políticas provocam o aumento do
desemprego, do arrocho salarial e da pobreza, criando assim as condições para o aumento da
violência e do crime organizado, principalmente entre a juventude.
Nesses quatro anos de governo Serra houve uma redução drástica nos recursos nas áreas
63 sociais.
Uma das categorias que mais sofreram ataques por parte do governo PSDB , foram os
64 trabalhadores da área da saúde. A fome privatista do governo tucano acarretou a precarização do
serviço da saúde , isso se materializa coma criação das Organizações Sociais (OSs). As unidades
de saúde deveriam ser administradas diretamente pelo Estado e com o controle e fiscalização da
população.
Se não bastasse isso, os trabalhadores das OS são terceirizados, sem nenhuma estabilidade e
65 submetidos a pressões para cumprir metas. A super exploração e o assédio moral que os funcionários
sofrem é fruto dessa política do governo e pela fragilidade da ação sindical nesse setor terceirizado.
A política neoliberal do governo PSDB parece não ter fim. Outro exemplo seria o processo
66 de concessões rodoviárias desenvolvidos pelos tucanos no seu governo. Nos últimos 13 anos de
governo PSDB, o número de pedágios no Estado de São Paulo passou de 40 para 227. Esse
aumento de praças de pedágios fruto das privatizações das rodovias ocasionou um alto custo para
os usuários , que vem pagando altas tarifas nos pedágios e ocaionando uma lucratividade cada vez
maior para as concessionários que administram essas rodovias estaduais.
67 Aliás, a prática de privatização do transporte está se cristalizando neste governo, uma vez que
propõe a entrega à iniciativa privada de toda linha amarela do metrô (linha 3). Com a privatização

Caderno de Teses 169


TESE 12
dos serviços públicos temos como conseqüência imediata o aumento exorbitante das tarifas.
68 Atualmente o governo está retomando os ataques à cultura do Estado, com a proposta de
privatização da TV Cultura que, caso não seja revertida, irá para as mãos de João Sayad, que
já propôs demitir cerca de 1.000 funcionários, já anunciando uma demissão imediata de 450
trabalhadores.
69 O governo PSDB nesses quase quatro anos foi marcado por inúmeras greves , entre elas,
podemos citar: os professores estaduais , servidores da saúde , agentes penitenciários, servidores
do judiciário, estudantes e funcionários da USP. Durante toda a sua gestão, Serra não negociou
com os sindicatos que representam os funcionários públicos do Estado, pelo contrário usou da
violência para reprimir as manifestações e assembléias das categorias que estavam em greve,
podemos citar como exemplos os funcionários e estudantes da USP e a repressão sofrida pelos
professores estaduais em assembléia em frente ao Palácio dos Bandeirantes.

70 Defendemos:
• fim das terceirizações e privatizações;
• fim das organizações sociais de saúde(oss) e retorno das unidades e serviços terceirizados
para a administração direta do estado;
• contra a 1093, 1094, 1041;
• pelo direito de greve;
• contra a criminalização dos movimentos sociais;
• em defesa do metrô 100% estatal: não à entrega da linha amarela!
• denúncia e repúdio as demissões e privatização da TV Cultura: defesa da TV estatal.
• em defesa do serviço público.

IV. Educacional

Plano de Desenvolvimento da Educação: um verniz ao PNE de FHC


71
O Plano de Desenvolvimento da Educação é na realidade um programa de ações do governo
federal, governo Lula, que tem como objetivo colocar um verniz programático sobre o Plano de
Educação de FHC, que expira no ano de 2011, mas que não altera substancialmente o que esta
proposto nesse plano, sobretudo no que se refere aos recursos para a educação. O PDE, mantém os
elementos nucleares do PNE, dentre estes a política de fundos, a manutenção da lógica meritocrática
em educação com a premiação por “merito”, as avaliações externas, fomento à municipalização,
dentre outros. Na realidade, na intenção de parecer diferente de seu antecessor, o governo Lula
apresenta o PDE em 2007, uma vez que o Plano Nacional de Educação de FHC só expirará no ano
de 2011 e era preciso, por conta da agenda eleitoral, lançar uma proposta que parecesse inovar.
As alterações residuais não mexem no ponto central que possibilitaria a melhoria da educação,
qual seja: o aumento dos recursos para a área. Ademais, é preciso lembrar que tal plano contou
com o apoio de inúmeros grupos vinculados ao grande capital, setores que historicamente tem se
apresentado contrários ao aumento das verbas públicas para a educação. Vejamos Saviani:
72 No contexto indicado, o PDE assumiu plenamente, inclusive na denominação, a agenda de
compromisso Todos pela Educação , movimento lançado em 6 de setembro de 2006 no Museu do
Ipiranga, em São Paulo,. Apresentando-se como uma iniciativa da sociedade civil e conclamando a
participação de todos os setores sociais, este movimento constitui-se de fato, como um aglomerado
de grupos empresariais como representantes e patrocínios de entidades como o Grupo pão de
açúcar, Fundação Itaú-Social, Fundação Bradesco, Instituto Gerdau, Fundação Roberto
Marinho, Fundação Educar-Dpaschoal, Instituto Itaú Cultural, Faça parte-Instituto Brasil
Voluntário, Instituto Ayrton Senna, Cia Suzano, Banco ABNReal, Banco Santander, Instituto
Ethos, entre outros. ( grifo nosso)
73 Como confiar num plano que tem o apoio desta casta privatista da burguesia nacional? Só pelo

170 Caderno de Teses


TESE 12
apoio já desconfiaríamos. Lendo o Plano, as nossas desconfianças se materializam, pois o governo
Lula/Hadad, apresenta o que é igual ao PNE/FHC com a pompa de inovador. Aquilo que poderia
ser visto como um avanço, o Piso Salarial Nacional, acaba se apresentando como um atraso, uma
vez que apresenta uma proposta de dois salários mínimos por 40 horas de trabalho e abandona a
defesa histórica do piso do Dieese por 20 horas-aulas e a jornada de trabalho dos professores, cuja
defesa histórica é a divisão entre 50% da jornada com alunos e 50% em atividades pedagógicas.

Introdução acerca do ato de avaliar: avaliar como condição intrínseca do fazer humano
74 Imbuídos pela lógica da meritocracia, aferida através de resultados, os governos nas diferentes
esferas (municipal, estadual e federal), vem insistindo, há mais de uma década, na aplicação, das
avaliações externas.
75 Tais avaliações seguem uma lógica educacional perversa para educadores e alunos, uma
vez que atendem a interesses alheios ao processo de ensino aprendizagem. Todo o processo é
externo: do receituário, originário das agências internacionais, sobretudo do Banco Mundial, seja
dos governos, prepostos destas agências e das burguesias que sobre estas exercem controle, seja
das empresas que elaboram as avaliações e que lucram com a política de falência da educação,
sobretudo da educação pública, vítima da redução de verbas para as políticas sociais.
76 Esta prática tem produzido efeitos negativos no meio docente e discente. Citemos alguns:
retira a autonomia pedagógica do professor, constrói uma imagem negativa do educador, que é
responsabilizado pelo resultado de seus alunos, induz professores a serem meros reprodutores de
apostilas que tem como objetivo treinar os alunos para as avaliações “oficiais”.
77 Os governos tentam construir uma geração de educadores que sigam as suas orientações para
o ensino formal/institucional, ou seja políticas que, entendemos, atendem aos interesses da classe
dominante.
78 Faz-se necessário, e mais que urgente, um debate profundo sobre as avaliações externas,
adotadas por governos diversos diversos, e impedir que se retire, definitivamente, a possibilidade
do educador avaliar o seu trabalho. O ser humano é o único ser que possui três dimensões: a
capacidade de projetar, prensar algo antes de fazer o algo, o ato de executar o algo pensado e
avaliar o algo já executado. Esta última dimensão é fundamental para a realização da humanidade
deste ser, sem o qual será um ser manietado, incompleto, portanto, “meio humano”. Cabe a nós,
todos que refletimos sobre a possibilidade histórica de um ser humano completo, a possibilidade da
onilateralidade porposta por Marx, impedir esta tentativa de nos reduzir a meros executores, a seres
incompletos. Contra as avaliações externas: SAEB; ENEM; SARESP, etc

Medidas que materializam a política meritocrática dos governos:


ENCCEJA E ENEM: mecanismos para dizimar o ensino presencial
79 O ENCCEJA – Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos, foi
criado no ano de 2002, já no governo Lula, e tem como objetivo substituir a EJA – Educação de Jovens
e Adultos e o ensino regular, uma vez que permite que se obtenha a certificação de conclusão do
ensino fundamental e médio através da eliminação de matérias, ou seja, a institucionalização pelo
Estado do velho e carcomido “Instituto Universal Brasileiro”, que tanto horror causa aos educadores,
um dos primeiros “institutos” a inaugurar a modalidade de educação à distância no país e que
cresceu sob a égide de duas ditaduras, pois fundado em 1941, ainda na ditadura.
Este programa, criado no ano de 1998, por Fernando Henrique Cardoso, Lula/PT não só
aplicacomo aprofunda o seu papel na educação. Até 2008, o ENEM, “apenas” concorria com os
vestibulares tradicionais, como funil para a entrada nas universidades. A partir de 2009 passa a ser
um instrumento, também, de certificação para a conclusão do Ensino Médio. Percebemos o caráter
perverso destes dois projetos, uma vez que descaracteriza a educação como um processo na vida
do educando, período em que as interações pedagógicas e afetivo/psicológicas se materializam em
saber historicamente construído.
80 A certificação formal é feita com a chancela das secretárias de educação, que também podem
emitir a declaração de eliminação de componentes curriculares. Os institutos federais de educação

Caderno de Teses 171


TESE 12
também poderão emitir certificado, dando assim legitimidade para a certificação. Essa medida
fragiliza a apreensão das Ciências por parte dos trabalhadores e seus filhos ( instrumento para a
garantia de emprego e para a luta contra a exploração), diminui o número de empregos na educação
e, ademais, fomenta a indústria perversa das apostilas e cursinhos preparatórios, em detrimento
das escolas formais, sobretudo, das escolas públicas.
81 Portanto, nos posicionamos contrários a este tipo de política: pelo fim do ENCCEJA, em
defesa da EJA! Pelo Fim do ENEM e vestibulares, universidade pública para todos!

Lula/Haddad, Serra/Paulo Renato, partidos diferentes, mesma política educacional


82 As políticas educacionais adotadas tanto por Lula/Haddad quanto por Serra/Paulo Renato
não se diferem. Meritocracia, jornadas excessivas, superlotação das salas de aula, avaliação
de desempenho, ensino a distância, arrocho salarial, avaliações externas, responsabilização do
professor pelo fracasso educacional, ausência de um plano de carreira que realmente atenda às
necessidades docentes, privatização do ensino, são alguns dos pontos comuns entre a política de
governo tanto no plano federal como no estadual, portanto não há diferença entre as propostas
educacionais de Lula/Haddad e Serra/Paulo Renato, Elas são as mesmas porque atendem as
exigências do neoliberalismo, no qual é incompatível um sistema de ensino público com qualidade.
Dessa forma, jogam pesado na destruição da escola pública e privilegiam o ensino privado.

SARESP : 14 anos de uma experiência inócua


83 Consoante com a política de avaliação de desempenho dos alunos e a sua vinculação com os
“proventos” dos professores, com a política anual de gratificação, desde 1996 o governo aplica as
provas do SARESP. Este mecanismo de avaliação desconsidera os vários elementos apresentados
em nossa introdução no que tange ao processo avaliativo:
- Secundariza os envolvidos diretamente no processo de ensino aprendizagem do ato de avaliar,
no caso os professores, procurando destituir parcela de sua humanidade;
- Atemoriza professores, uma vez a exposição dos resultados buscam responsabilizá-los pela
situação da escola pública;
- Procura opôr professores aos pais e alunos, fragilizando o elo de solidariedade da comunidade
escolar;
- Fere a isonomia salarial, vinculando o “desempenho” a salário, com critérios absolutamente
obscuros, com o auxílio do irmão gêmeo do IDEB, o IDESP;
- Enfraquece os instrumentos internos de avaliação, priorizando os externos.
84 Durante os 14 anos de vigência do SARESP, assistimos as verbas para a educação publica
diminuirem e as que existem sendo aplicadas em políticas desiguais, vide a bonificação, e, ao
mesmo tempo, as condições de aprendizagem e de trabalho se deteriorarem. Uma das mentoras
intelectuais das avaliações externas, Diane Ravitch, ex-secretária adjunta de educação dos Estados
Unidos, em entrevista à grande mídia, no dia 02 de agosto de 2010, afirmou:
85 Eu apoiei as avaliações, o sistema de accountability (responsabilização de professores e gestores
pelo desempenho dos estudantes) e o programa de escolha por muitos anos, mas as evidências
acumuladas nesse período sobre os efeitos de todas essas políticas me fizeram repensar. Não
podia mais continuar apoiando essas abordagens.O ensino não melhorou e identificamos apenas
muitas fraudes no processo.
86 Não precisaríamos utilizar tal “argumento de autoridade”, para nos convencermos de que o
SARESP tem sido uma política inócua para a educação. Todavia, como a aplicação desta política
ocorreu em muitos Estados norte americanos, por cerca de 20 anos, nos parece elucidativo que uma
de suas mentoras venha a público deslegitimá-la. Nossos governos, títeres que são das políticas
estadunidenses, bem que poderiam perceber que o império só reconhece os erros cometidos
quando perde capital com determinada atuação. Portanto, nem no “coração” do sistema, tal política
obteve êxito. Levantar uma campanha contra as avaliações externas nos parece fundamental, uma
vez que vem, nestes últimos 20 anos, ganhando corpo, também, no nosso país.

172 Caderno de Teses


TESE 12
87 Diante das políticas educacionais dos governos, federal, estaduais e municipais, para a
educação,

88 Defendemos:
• Contra o PDE do governo Lula/PT;
• Contra a política de fundos. Não ao FUNDEB;
• Mais verbas para a educação: no mínimo 10% do PIB;
• Verbas públicas exclusivamente para a rede pública de ensino;
• Piso do DIEESE, 50% da jornada de trabalho com aluno e 50% fora da sala de aula,
• Abaixo as cartilhas! Pela liberdade de cátedra;
• Contra a Reforma do Ensino Médio de Lula/Haddad;
• Boicote ao SARESP e pelo seu fim;
• Abaixo às avaliações de desempenho de alunos e trabalhadores;
• Plano de carreira aberto;
• Contra a reformulação da EJA;
• Revogar a 1093/07 que institui a prova eliminatória dos OFAS;
• Revogar a 1094/09 que instituiu o cursinho de 4 meses para efetivação;
• Revogar a 1097/09 que institui a avaliação por mérito;
• Menor número de alunos por sala.

Considerações sobre a contratação de docentes na rede estadual de ensino


89
A Lei Complementar 1093/09 instituiu uma nova forma de contratação de professores na rede
estadual de ensino. Segundo tal lei, todos os candidatos devem passar por um processo seletivo
(provinha). A instituição da prova provocou uma das maiores injustiças já cometidas pelo governo
contra os professores: ao desconsiderar o tempo de serviço, e sim, apenas prova, provocou o
subemprego (12 aulas) e o desemprego, somam-se a isso os velhos problemas de superlotação de
salas, fechamento de turnos e salas de aula.
90 A Resolução SEE 44, publicada em 25/05/10, é o exemplo cabal de que o governo estava
errado ao impor tal provinha. De acordo com a resolução mesmo quem não tenha realizado a prova
poderá ser contratado para ministrar aulas. O secretário Paulo Renato, foi taxativo ao afirmar que
a prova continua. O que estava ocorrendo era algo “excepcional”. Sendo assim, fica claro que o
“recuo” do governo ocorreu em função de uma necessidade objetiva. Desse modo, é importante
salientar que a prova para contratação de OFAS, não caiu. Esse foi, inclusive, um dos principais
motivos de nossa greve.

Sobre o concurso público e as novas jornadas do magistério


91 Mesmo com quase 100 mil professores temporários na rede o Governo Estadual realizou
concurso apenas para 10 mil vagas. Inscreveram-se para o mesmo mais de 250 mil candidatos.
Foram aprovados cerca de 56 mil profissionais (20%). Ressaltamos que para se efetivar o professo
terá ainda que participar do Curso Específico de Formação, “Escolinha do Paulo Renato”. Em reunião
com o sindicato, o próprio secretário afirmou que o “curso” será semipresencial. O candidato receberá
um bolsa de estudo mensal “no valor de 75% da remuneração inicial do cargo pretendido” (Decreto
56.002, de 12/07/2010). Após o “curso” será aplicada uma nova prova, de caráter eliminatório.
92 Ressaltamos que, após toda essa verdadeira via crusis, o aprovado entra em estágio probatório,
significando que sua efetivação concreta demorará ainda três anos.
93 Defendemos a efetivação imediata de todos os aprovados no concurso. Nada de “escolinha
de adestramento”. Concurso público de caráter classificatório para todas as disciplinas e para
professores do ciclo I do ensino fundamental.

Caderno de Teses 173


TESE 12
94 O Governo Estadual criou duas novas jornadas de trabalho para o magistério. A Jornada
Reduzida e a Jornada Integral. A primeira está relacionada a estabilidade dos professores que
tinham vínculo em 2007, quando aprovou-se a SPPREV – São Paulo Previdência – Regime Próprio
de Aposentadoria para os servidores do Estado de São Paulo – LC Nº 1010. De acordo com a
Lei 1094/09, nenhum professor poderá ser dispensado, e deverá cumprir, na escola, 12 horas de
permanência. Isso no caso não ter aula atribuída. A segunda nova jornada, de 40 horas, obriga o
professor a ficar mais de 80% da sua jornada dentro da sala de aula. São 33 horas-aula com aluno.
Um absurdo total.
95
Secretaria de Educação finge que cumpre Lei Federal. Alteração na LDB diz que pelo menos
33% da jornada do professor deve ser utilizada para realização de tarefas extra-classe (HTPC,
HTPL...). mesmo sendo pouco, Serra/PSDB nem mesmo cumpre a legislação federal que se choca
com a legislação estadual.
Defendemos: 50% da jornada de trabalho com aluno e 50% fora da sala de aula, ou seja,
96
40 horas semanais, sendo 20 em sala de aula e 10 na escola e 10 em local de livre escolha.
Claro, tudo isso com o Piso Salarial do Dieese (2.011,03), por 20 horas. Lembrando que o
Piso Salarial Nacional defendido pelo Governo Lula é para uma jornada de 40 horas. Tanto
em Brasília quanto em São Paulo a política de retirar direitos é a mesma.
97 Por um plano de carreira aberta: que nenhum professor precise sair de sala de aula para
auferir patamares salariais superiores, pois a hierarquização salarial entre as classes do magistério
tem como objetivo facilitar o controle.
Afastamento remunerado para cursos de atualização em universidades públicas: que
98 o nosso plano de carreira contemple a possibilidade de afastamento, com remuneração, para a
realização de cursos de atualização em universidades públicas. Embora a legislação permita o
afastamento remunerado para tal fim, o governo, há muitos anos não o tem concedido, há muitos
anos.

Sobre o estágio probatório


99
O Decreto 52.344/07 trata do Estágio Probatório para professores aprovados em concurso
público. De acordo com esse decreto o professor será avaliado durante três anos (1095 dias
de efetivo exercício). Quem avalia o professor? Comissão formada na própria unidade escolar,
composta por três servidores, indicados pelo próprio diretor da unidade, “de nível hierárquico não
inferior ao do avaliado” (Resolução 66, inciso I, de 02/09/2008).
100 O que relatamos acima é mais um absurdo transformado em LEI. O profissional devidamente
aprovado em concurso, será avaliado por outros colegas que darão nota em requisitos
bastante subjetivos:Assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa, responsabilidade,
comprometimento com a administração pública, eficiência e produtividade.
101 Fazemos questão de transcrever na integra o artigo 4, parágrafo 3, do decreto 52.34/07: “o
resultado insatisfatório obtido nas avaliações especiais acarretará a exoneração do respectivo
cargo, obedecidos os procedimentos de que trata o artigo 6 desse decreto”.
102 Somos radicalmente contra esse decreto que institui de forma arbitrária a possibilidade de
demissão de colegas pelos próprios pares. O objetivo do governo é “lavar as mãos” e dividir ainda
mais a categoria. Defendemos a revogação imediata desse decreto.

Sobre a prova de mérito – PLC 29, de 21/11/2009, ataque ao plano de carreira


103
A tentativa de dividir os professores não tem fim. É o que podemos dizer quando nos referimos
a instituição da famigerada PROMOÇÃO POR MÉRITO. A lei 1097/09, aprovada na Assembléia
Legislativa fere a isonomia salarial dos docentes. A nova “evolução” estabelece aumentos
diferenciados que atingi, no máximo, apenas 20% da categoria. A saber:
• Criação de cinco faixas para cada classes do magistério;
• Interstício de três anos entre uma evolução e outra;
• Classes: professor, diretor e supervisor;

174 Caderno de Teses


TESE 12
• Prova obrigatória para participar da promoção;
• Permanecer na mesma escola por pelo menos 80% do tempo equivalente ao interstício
exigido para a evolução;
• Ter obtido 80% na tabela de freqüência.
• Apenas 20% em cada classe poderá ter direito ao “aumento”
Fizemos questão de destacar o último item. É isso mesmo. Digamos que todos os candidatos
104
sejam aprovados na avaliação, até 20%, no máximo, receberão o reajuste. Ainda assim, dependerá
das condições orçamentárias do estado.
Essa proposta é ilegal, pois fere diretamente a isonomia salarial. Está, inclusive, sendo
105
questionada judicialmente pela Apeoesp. Nossa luta é por um plano de carreira que de fato valorize
os professores e que permita reajuste salarial independentemente de prova. Ressaltamos que o
boicote a prova de mérito continua. O boicote foi aprovado em assembléia e pela Conferência de
Educação, realizada pela APEOESP, na cidade de Serra Negra, em Nov/09.

Porque temos de dizer não à Reforma do Ensino Médio de Lula/ Haddad


106 Assim como a reforma proposta por Covas/Rose Neubauer apresentada em 2000, a proposta
de reforma do Ensino Médio de Lula/Haddad também é privatizante e pode gerar muito desemprego
para a nossa categoria.
107 Essa nova reforma do Ensino Médio mantém as possibilidades de flexibilização da educação
(inclusive as possibilidades de privatizações) da LDB de 1996, mantém como eixo norteador dos
currículos escolares para o Brasil, os PCNs e DCNs, tanto criticado por educadores de todo o país,
mantém e aprofunda a política de financiamento da educação, através da chamada “política de
fundos”, criando o FUNDEB (em substituição ao FUNDEF) que, na prática, significou a adição da
pré-escola e do ensino médio, aumentando os gastos, porém como aumentou também a demanda
de alunos, no final das contas, o gasto com educação diminuiu. Ou seja, o centro do debate desloca-
se da necessidade do aumento de verbas para a redistribuição das poucas que já existem para a
educação no país.
108 A proposta de Lula/Haddad traz a carga horária mínima de 3.000 horas, apresenta 2.400 horas
paras as áreas de conhecimento, da mesma forma que a proposta de SEE de 2.000. as 600 horas
restantes serão distribuídas em outras atividades, o que poderá significar a porta de entrada das
empresas privadas na educação.
109 Das áreas de conhecimento, a proposta de Lula apenas se diferencia da anterior de Covas,
porque retira, da área de ciência da natureza, a matemática, criando a quarta área (da matemática)
e somando-a a área das ciências humanas, área de códigos e linguagens e a própria área de
ciências da natureza.
110 A atividade docente deverá ocorrer em caráter de dedicação exclusiva à escola, o que dificultaria
ou impediria os acúmulos legais que os professores são, muitas vezes, obrigados a assumirem, por
uma questão de sobrevivência.
111 Nessa proposta também está implícita a proposta de ensino a distância –EAD-, visto que
permite a utilização de novas mídias e tecnologias como processo de dinamização dos ambientes
de aprendizagens (Ensino Médio Inovador MEC, 2009).
112 Por tudo isso, dizemos que ambas as propostas são similares, por isso devemos combater a
proposta de Lula/Haddad, por todas as suas consequências nefastas para a educação.

Ensino fundamental aos 5 anos?


113 O ensino fundamental que aos 6 anos já consideramos um absurdo, pois não respeita o
desenvolvimento da criança, pode piorar com o Projeto de Lei do Senador Flávio Arns, que prevê
a entrada das crianças no ensino fundamental aos 5 anos de idade. A entrada das crianças cada
vez mais cedo no ensino fundamental é induzida pelo FUNDEB, devido à distribuição das verbas,
que privilegia o ensino fundamental. Notamos que a lógica é meramente econômica, sem nenhuma
responsabilidade pedagógica.

Caderno de Teses 175


TESE 12
114 Além disso, aprofunda a destruição da educação infantil, e precariza ainda mais o ensino
fundamental. O ensino fundamental aos 6 anos já eliminou o terceiro estágio das EMEI’s e agora
essa proposta, se aprovada, pode eliminar o segundo estágio, praticamente acabando com o ensino
nas escolas de educação infantil. Mascara também a demanda, que é muito grande e as prefeituras
não demonstram nenhum interesse em atender, como a prefeitura de São Paulo-Kassab/DEM,
que tem como política de governo a terceirização dos centros de educação infantil (CEIs), por
meio de convênios com ONG’s, igrejas, etc. Assim, a prefeitura se desresponsabiliza da educação
infantil e privatiza o ensino repassando verbas públicas para a iniciativa privada. Por isso, somos
contrários às terceirizações: a prefeitura deve assumir os CEI’s conveniados e ampliar a rede direta,
atendendo todas as crianças.

Em defesa da saúde do professor


115 Estudos comprovam que nos últimos anos tem aumentado consideravelmente o número de
professores atingidos pelas conhecidas doenças da profissão. Basta fazer uma visita ao Hospital
do Servidor Público ou ao Departamento de Perícias Médicas que encontremos centenas de
professores com problemas de voz, audição, psiquiátricos, psicológicos, entre outros. O governo
só fez piorar a situação quando dificultou o direito a licença médica aprovando o Lei 1041/08.
Essa lei restringe sobremaneira o direito do professor de faltar por motivo de saúde. Só podem ser
entregues seis atestados médicos ao ano. Sendo um por mês. Assim, diz o artigo 1,
• Deixar de comparecer ao serviço, até o limite de 6 (seis) ausências ao ano, independente
da jornada a que estiver sujeito, ainda que sob o regime de plantão, não podendo exceder
1 (uma) ao mês
• Entrar após o início do expediente, retirar-se antes de seu término ou dele ausentar-se
temporariamente, até o limite de 3 horas diárias, desde que sujeito a jornada de 40 horas
semanais ou de no mínimo 35 horas-aulas semanais...
116 Segundo a lei ficar doente só seis vezes ao ano e em meses diferentes. Quem tem uma jornada
que não seja de pelo menos 35 horas-aulas não tem direito ao atestado de horas. Pior impossível.
O governo brinca com algo sério: a nossa vida.
117 A campanha pela revogação da Lei 1041/08 deve ser abraçada por todos. O que provoca
doenças são as péssimas condições de trabalho que o governo proporciona: salas superlotadas,
falta de material adequado, jornadas estafantes, baixos salários, falta de funcionários, falta de
segurança, entre outras.
118 Sabemos que a nossa categoria está ficando cada dia mais doente, precisamos travar uma
séria luta para que as doenças originadas das condições de trabalho sejam reconhecidas como
doenças do trabalho e tratadas como tal para efeito de licenças e aposentadoria. Não é uma tarefa
secundária de nossa entidade, deve estar inclusa em todas as pautas de negociação, bem como
objeto de denúncia em nossos fóruns.
Reconhecimento de várias doenças como “transtorno de humor”;
Contra o ensino fundamental de 6 anos e também de 5 anos;
Pelo fim do vestibular. Universidade pública para todos;
Readmissão dos professores demitidos na greve de 2.000;
Contra as avaliações externas

V. Política Sindical

FHC, LULA E SERRA: a política neoliberal faz escola


Quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o presidente brasileiro Lula,
119
era ”o cara”, fazia mais do que uma brincadeira. O burguesia internacional encontrou na figura do
metalúrgico Luis Inácio Lula de Silva, o personagem certo para implementar suas políticas neoliberais
num país considerado estratégico para os interesses de expansão do capital internacional. Nada

176 Caderno de Teses


TESE 12
melhor para o capital e para as corporações do que ter no poder homens e mulheres de sua total
confiança. O homem que no final da década de 1970 era o representante do sindicalismo combativo
e que contribuiu com a derrubada da Ditadura, transformou-se no representante do grande capital.
120 Expressando o continuísmo neoliberal, o governo de Fernando Henrique Cardoso, verificamos
que diante das lutas impetradas pelos trabalhadores, o PT, tem agido com os mesmos métodos,
quais sejam: interditos proibitórios, força repressora do Estado, recusa em negociar com os
trabalhadores do setor público, inclusive restringindo o seu direito de greve, congelamento de
salários, descumprimento de acordos, política de gratificação, dentre outros mecanismos de
coibição das ações reivindicativas.
121 Sabemos que o capitalismo, para manter a ordem sistêmica, atua de diversas formas, sendo
os mecanismos do Estado de direito uma destas formas. O Poder Judiciário, com suas leis e
seu braço armado – polícia e forças armadas stritu sensu – tem como principal objetivo manter a
ordem burguesa, e tal ordem se assenta na garantia de manutenção do lucro. Portanto, Lula/PT é
expressão não apenas de um modelo de manutenção da ordem, o neoliberalismo, mas um agente
estrutural da manutenção do capitalismo como sistema.
122 Todavia, o aparato do Estado não está imune às contradições do sistema, como expressões
disto, assistimos as várias greves organizadas pelos trabalhadores do setor público. No nível Federal
as recentes greves dos trabalhadores do Poder Judiciário, do INSS, do Ministério do Trabalho,
do FNDE, do IBAMA, etc, expressam o descontentamento com as políticas implementadas nesse
setor pelo governo. A resposta do governo tem sido basicamente a mesma de seu antecessor, a
deslegitimação da luta e a utilização do aparato repressor.
123 No Estado de São Paulo, do PSDB/Serra/Goldman, as políticas aos trabalhadores em geral e
em particular aos do setor público não tem sido diferente. A redução de verbas, a reorientação de
gestão (através das OSCIPS, OS e ONGs de toda ordem), a truculência diante das lutas etc, tem
sido a tônica. Exemplos emblemáticos foram as greves das universidades e do magistério estadual.
Em relação à primeira, diante da reivindicação de isonomia e reajuste salarial, pois apresentou
reajuste aos professores e desprezou a reivindicação dos funcionários, o governo utilizou vários
mecanismos para coibir o movimento, como o corte de ponto dos grevistas, de medidas jurídicas e
administrativas, do aparato repressor etc, todas medidas para sustentar a sua recusa em negociar.
A atuação do governo na greve dos professores(as) nos anos de 2008 e 2010 não foi diferente.
124
Nestas duas últimas greves ocorridas, o governo estadual utilizou fartamente o aparato repressor
para coibir o movimento, tanto em seu braço armado como em seu braço jurídico. Em todas as
manifestações ocorridas, o contingente policial foi digno de uma guerra civil. Somado a isto, o
sindicato foi duramente penalizado, sendo seus dirigentes criminalizados e o sindicato multado
em vultosas quantias. Estas ações expressam o processo crescente em todos os níveis de
criminalização das lutas, tanto no campo (onde era o seu epicentro) como na cidade. Ademais, no
que tange ao atendimento das reivindicações, também não foi diferente: uma constante recusa em
negociar. A greve do magistério de 2010, após 33 dias de paralisação, foi derrotada, ou seja, saímos
sem negociar, com os dias descontados e com a manutenção das faltas, mesmo após a reposição
de aulas.

CUT e CNTE: a burocracia faz escola


125 Já é lugar comum dentro do movimento combativo, afirmar que as centrais sindicais atuam
como departamentos do governo Lula e que a CUT, outrora combativa entidade, se entregou
aos privilégios de atuar como correia de transmissão do Planalto aliás, atuando em seu interior,
como representantes deste Estado, portanto, agentes da manutenção do sistema. Sustentando o
argumento de que haveria uma “burguesia reacionária” disposta a impedir a “governabilidade” do
PT e que o governo estaria “em disputa”, desde o seu primeiro mandato, Lula tem sido blindado pela
CUT, pelos sindicatos dirigidos por esta Central e pelo seu fiel escudeiro PCdoB. Desta Central os
trabalhadores não podem esperar mais nada, está visceralmente ligada ao aparato estatal.
126 Conduta similar tem a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE -
basta assistirmos a defesa inconteste aos projetos do governo. O Plano de Desenvolvimento da
Educação – PDE, espinha dorsal do projeto educacional do governo federal, obteve a aquiescência

Caderno de Teses 177


TESE 12
não apenas da CNTE, mas também dos sindicatos dirigidos pela corrente sindical Articulação e
CSC. É preciso salientar que tal plano foi ovacionado, em sua apresentação oficial, por setores
vinculados ao setor privado, dentre estes a Fundação Roberto Marinho, numa expressão clara dos
interesses que defende o PDE.
Outro exemplo deste atrelamento, é a defesa do Piso Salarial Nacional - PSN. Embora
127 defendamos, todos, um PSN, não podemos aceitar um piso rebaixado (R$ 950,00), bem como
a redução de nossa reivindicação de horário de trabalho livre. Ressaltamos que nossa defesa
congressual tem sido o Piso Salarial calculado pelo DIEESE, com 50% da jornada de trabalho
com alunos e 50% fora da sala de aula (10 HTPC + 10 HTPL). O piso rebaixado contribui, aos
Estados que já pagam o valor proposto pelo governo federal, para uma recusa em negociar com as
categorias em mobilização. É o caso de São Paulo, uma vez que o governo afirma já pagar o PSN,
bem como atenderia aos 33% da jornada prevista para ser cumprida fora da sala de aula.
Temos salientado, por conta das opções corporativas e regionalizadas, que a CNTE tem atuado
sem uma perspectiva de unificação das lutas. Vários Estados organizaram mobilizações durante
128
o período recente, todavia, em nome da “governabilidade” do Executivo Federal, a opção foi pelas
reivindicações parciais e centradas no Legislativo Federal, na crença de negociar algumas migalhas
com o seu principal parceiro institucional – o próprio governo e seus aliados.
Diante desta situação de entreguismo e fragmentação das lutas, defendemos a construção
129 de uma nova central de trabalhadores(as) no país, que venha cumprir a tarefa que a CUT não
tem cumprido. É responsabilidade dos setores não atrelados aos governos, envidar esforços para
que rompamos com o sectarismo, regionalismo, autoproclamação e monolitismo e que possamos
contruir esta necessária ferramenta de frente única, ferramenta a ser utilizada para alavancar a
classe e as instituições que afirmam representá-la.
Que a CNTE contribua no processo de unificação das lutas dos trabalhadores em educação
130 deste país, sob o risco de se cristalizar como mais uma instância formal do arcabouço sindical oficial
no país.

VI. Balanço - para que a burocratização não faça escola na APEOESP,


defendemos: Unidade da oposição na luta!
Burocracia é um conceito originado na história administração, tanto pública como privada, e
que prevê o funcionamento das instituições como um organismo, com cada órgão exercendo uma
131
função, portanto, uma engrenagem. Este seria um funcionamento “racional” das instituições. Vamos
nos referir, neste texto, às suas características manifestas na sociedade capitalista, mesmo que
seja um fenômeno anterior a este modo de produção.
Os sindicatos são instituições da sociedade capitalista, sistema em que o salariato teve a sua
forma mais acabada, tendo como uma de suas funções a manutenção do valor da força de trabalho,
132 ou seja, o trabalhador recebendo um salário que pudesse garantir a reprodução de sua força de
trabalho – que se alimente, se vista, tenha moradia, vá ao médico, estude etc. Mas sabemos que os
patrões e governos nem sempre pagam um salário que correponda ao seu valor, portanto, o salário
recebido (o preço pago) é menor do que o necessário à subsistência do trabalhador.
Para os socialistas, o sindicato, também, deve ser uma escola dos trabalhadores, que explicite,
133 através das lutas, a origem da exploração e formas de superá-la. Portanto, que o trabalhador possa
compreender que apenas sob novo sistema, o socialista, a exploração deixará de reinar sobre a
humanidade. Em não havendo mais exploração da força de trabalho, também, não haverá mais a
necessidade do sindicato.
Todavia, entre os trabalhadores explorados não há apenas socialistas, há aqueles que
134 acreditam em reformar o capitalismo, em melhorá-lo. Estes não atuam no sindicato na perspectiva
de que não haja mais o sistema de exploração, mas, quando muito, para amenizar a exploração.
Como não defendem o fim do sistema de exploração, também não defendem o fim do sindicato,
ao contrário, defendem a sua perpetuação, uma vez que são a origem e causa de sua existência
como burocratas de sindicato. Aqueles que assim atuam, entendem ser o sindicato uma instituição
que deve funcionar como qualquer instituição do Estado, uma lógica burocrata “racional”, cada um

178 Caderno de Teses


TESE 12
exercendo o “ seu papel”. Basta observamos a APEOESP e a atuação de seus dirigentes, com seus
departamentos, suas funções rígidas e estabelecidas, com seus chefes (diretores), subordinação,
por temor de demissão, de muitos funcionários etc.
A APEOESP é uma das principais expressões no país e na America Latina de uma burocracia
135 sindical. Esta é uma caracterização teórico-política, ou seja, o nosso sindicato é a expressão viva
de um fenômeno histórico do capitalismo.
Seguindo essa mesma lógica de funcionamento “racional” das instituições do Estado capitalista,
136 incluindo o próprio aparelho estatal, onde verificamos gestões mais ou menos democráticas,
gestões autoritárias, em suas versões ditatoriais ou bonapartistas, temos na APEOESP, também
estas versões. Como a lógica é a manutenção e funcionamento do aparelho sindical, com sua
vultosa arrecadação, a ação política está subordinada a este objetivo primeiro: a burocracia da
APEOESP age como o Estado quando se vê ameaçado por forças antagônicas, ou seja, atua com
instrumentos daa democracia burguesa ou com os da ditadura, de acordo com a sua conveniência.
No momento, a gestão “racional” do sindicato está sob o regime ditatorial, com sua faceta personalista
e centralizadora. Este epifenômeno, resultante da burocracia “racional” é manifesto não apenas no
aparelho sindical, mas de forma mais acabada no aparelho estatal, com seus caudilhos, “bonapartes”
e “stalins”.
Este imbricamento teórico-prático entre Estado e sindicato não se materializa apenas na
137
manutenção do aparelho, mas na aplicação de políticas. Como exemplo disto, temos a assunção por
parte da presidente do nosso sindicato, a uma cadeira no CNE – Conselho Nacional de Educação
e, conseqüentemente, a aceitação de projetos do governo federal que atacam a carreira dos
trabalhadores que deveria representar e defender. Sustentamos o nosso argumento no resultado
das políticas do CNE, órgao no qual atua como representante, uma vez que aprovou as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Este texto legal, desdobramento do PDE, mantém
a política de avaliações institucionais externas, conforme verificamos no inciso I, parágrafo 1º , do
artigo 10º, bem como no item II, do artigo 46º, publicado em 14 de Julho de 2010.
Na realidade verificamos um duplo posicionamento da direção majoritária da APEOESP
138 (Articulação, Artnova e PCdoB) em relação aos governos. Como base de sustentação do governo
federal, governos estaduais e municipais petistas, a APEOESP atua diante das políticas pontuais de
alguns governo e não às políticas de Estado, cuja matriz neoliberal é a mesma.
No Estado de São Paulo, atua com críticas ácidas ao governo estadual, uma vez que o seu
139 representante era Serra e ora é Goldman, expressões do PSDB, embora estes apenas reeditem as
políticas do governo federal. Vejamos três exemplos:

LULA/PT SERRA/PSDB
PDE 10 metas para a educação
SAEB SARESP
IDEB IDESP

Todavia, embora com um discurso ácido, a atuação da direção majoritária da entidade, diante
140 dos ataques de Serra é, no geral, recalcitrante. Embora para derrotar o governo, cujas medidas são
cada vez mais duras, as ações conflitivas sejam cada vez mais necessárias, estas só são utilizadas
em último caso, quando todos os esforços de conciliação se viram derrotados.
Diante do governo federal, como já afirmamos, o objetivo central é manter a chamada
141 “governabilidade petista”, ou seja, manter a ordem do aparelho estatal, para isto tentam engessar
a luta dos trabalhadores. No caso dos sindicatos, a exemplo da APEOESP, o objetivo é manter a
“governabilidade do aparelho sindical”, nas mãos da “burocracia racional”. Por isto, as mobilizações
da categoria são sempre um risco, pois pode catapultar os setores descontentes, geralmente,
propensos à mudanças e, quem sabe, a um giro oposicionista. Este é o principal risco da burocracia
sindical diante de uma greve de massa.

Caderno de Teses 179


TESE 12
142 Diante da recusa do governo em estabelecer uma política de conciliação, traço marcante dos
governos neoliberais, a direção majoritária da APEOESP apresenta a proposta de greve, aprovada
em assembléia e defendida pelo conjunto de forças que dirigem a entidade, nos anos de 2008 e 2010.
143 Como o ano de 2010 é ano eleitoral, a dúvida que pairava era se a greve tinha ou não finalidades
eleitorais, ou seja, elevar os índices de rejeição do candidato ao pleito executivo, José Serra/PSDB
e, consequentemente elevar os índices da candidata petista, Dilma Rousseff.
144 Entendemos que vários fatores influíram para que o setor majoritário defendesse a greve da
categoria, sendo alguns:
• A intransigência do governo em negociar com a entidade a sua pauta de reivindicações;
• Conseqüência da primeira, a tentativa de enfraquecer as entidades sindicais dos servidores,
dentre elas a APEOESP, sindicato, ainda, com maior poder de mobilização;
• Candidaturas PT e PSDB.
145 Não somos daqueles, como o fizeram um setor da Oposição, que aventaram não defender a
greve, por considerá-la eleitoreira. De fato, este elemento estava presente, todavia, era tarefa dos
socialistas, também dirigentes do movimento, impedir que tal variável fosse a principal para levar
a categoria à mobilização. Nesta tarefa, fomos derrotados. Dirigentes do nosso movimento deram
elementos à burguesia, vinculada ao PSDB e à mídia. Fundamentando o nosso argumento está
o fato de representante de nosso sindicato (Articulação) ter ido debater com a candidata petista,
em fórum no ABC, em plena greve da categoria, ou conceder, no mesmo momento, entrevista
em caderno panfletário, deslegitimando e ridicularizando a figura do dirigente sindical, bem como
um representante do PSTU ter concedido entrevista para a mídia burguesa, informando sobre os
vínculos entre a APEOESP e o governo federal, numa atitude irresponsável para um momento de
greve. Embora saibamos que estes vínculos existem, não consideramos prudente tal atitude num
momento em que a maioria absoluta da mídia burguesa estava “jogando pesado” contra a nossa
greve.
146 No entanto, estas não foram as causas de nossa derrota na greve de 2010. As causas, em
nossa avaliação, foram várias, de ordem estrutural e conjuntural:
• Política interna e externa de destruição das políticas públicas e, portanto, dos trabalhadores do
setor, ação deliberada dos Estados em consonância com os interesses da burguesia;
• Necessidade de enfraquecimento das entidades dos trabalhadores do setor público, política
neoliberal, e, neste caso, da APEOESP, seu principal representante;
• Recalcitrância de setores da oposição em defender a greve, pois não acreditavam na sua
realização, vacilando na sua defesa e, em alguns momentos, concertando com a burocracia,
sobretudo, no que tange ao fim da greve;
• Resultante das políticas divisionistas do governo, o elo de solidariedade da categoria estava
frágil e a sua direção política foi incapaz de soldá-lo;
• Descrédito no sindicato, por uma parcela da categoria, fruto das experiências da greve de
2000 e 2008, em particular na manutenção das faltas da greve;
• Mudança na pauta de negociação da greve, sem consulta a qualquer instância, priorizando
a questão salarial, em detrimento de outros itens, sobretudo da Lei 1093/09 que estabelece a
prova dos OFAS.

Posicionamento da UNIDOS PRA LUTAR diante da greve de 2010


147 Durante toda a greve a UNIDOS PRA LUTAR, buscou construir políticas unitárias com todos
os setores que a estavam dirigindo, mesmo o setor majoritário que, seja pelo desprezo com o
qual o governo lhe trata, seja pelas consecutivas derrotas em sua conduta conciliatória, seja para
catapultar a sua candidata ao Executivo Federal, naquele momento, também, encaminhara e votara
a proposta de greve. Nós entendiamos que para derrotar Serra era preciso a máxima unidade.
Fizemos um esforço para, neste processo unitário, evitar condutas divisionistas, pois sabíamos que
era a nossa chance de vergar o autoritarismo do governo. No entanto, as motivações e o ânimo da
direção da greve eram diferenciados.

180 Caderno de Teses


TESE 12
148 O setor majoritário, ao se ver negligenciado pelo governo, explicitou a sua política eleitoralista,
chamando para si a candidatura de Dilma Rousseff e proclamando na mídia a derrota de Serra. Se
teve um efeito ser um arauto do Executivo Federal, foi a desconfiança de uma parcela da população
e de nossa categoria com relação aos reais objetivos de nossa luta e uma multa para o sindicato, em
nome de sua representante legal. Óbvio, o governo não perde uma oportunidade para criminalizar
o movimento sindical e popular!
149 Parcela da Oposição, que já não acreditava na greve no início, ao ver baixarem os índices,
caíram no velho discurso de que “só a vanguarda ficaria na greve”. Na realidade, aguardavam um
recuo do setor majoritário, o que ocorreu no dia 08 de abril de 2010, para abraçarem a proposta de
fim da greve.
150 Avaliamos naquele momento que não era a hora de chamar o fim da greve, visto que o governo
não havia apresentado nenhuma proposta, os dias seriam descontados e a categoria sairia, ainda,
mais aviltada. Foi o que aconteceu. Com o fim da greve o governo abriu a sua caixa de ferramentas,
manteve a 1093/09, não apresentou qualquer reajuste salarial, descontou os dias da greve e,
ademais, alardeou na mídia o reajuste daqueles que fizeram a absurda “prova de mérito” (1097/09).
A cada derrota nossa, torna-se cada vez mais difícil trazer a nossa categoria para a rua, para a luta,
para a greve. Erro que, muito embora, o consideremos tático, na medida em que a greve continua
sendo o nosso principal instrumento de luta, pode contribuir para que o governo fragilize, ainda
mais, o nosso sindicato, visto que a categoria passa a vê-lo, também, com desconfiança.

UNIDOS PRA LUTAR e a sua atuação na diretoria da APEOESP


Após a instauração da proporcionalidade na APEOESP, há duas gestões, nós, da UNIDOS PRÁ
151
LUTAR, compomos a direção, eleitos pela chapa 2. Como instituição dirigida majoritariamente por
um setor que segue a lógica da “burocracia racional”, os setores que lá se encontram sofrem uma
tripla pressão: pela base, pelo Estado e pela burocracia.
É verdade que um setor da base, como é cada vez menos chamada a deliberar, pressiona os seus
152
dirigentes para resolverem os problemas de forma isolada, ou seja: “ o que o sindicato está fazendo
por nós”; por outro lado, o Estado tem como objetivo isolar a entidade, atuando diretamente com a
comunidade (mais no sentido ideológico do que de fato)ou de fazê-lo “seu parceiro”, pressionando-o
a ações não conflitivas ( como afirmamos nesse texto, sob o neoliberalismo, a política prioritária
é a de isolamento do sindicato por parte do governo. A burocracia, como controla o aparelho,
apresenta uma série de “condições de trabalho”o que, muitas vezes, colocam o dirigente numa
situação diferenciada dos trabalhadores da base. Se não há rodízio na assunção de cargos nas
entidades sindicais, o que “são condições” de trabalho, transformam-se em “situações de trabalho”.
O que é uma realidade inconteste para a Articulação Sindical, Artnova e PCdoB (CSC), uma vez
que, a maioria de seus dirigentes, se mantém em cargos “vitalícios” em entidades sindicais, só daí
saindo para ocupar assessorias, cargos no parlamento etc, raramente voltando para a base, não
corresponde ao que defendem os socialistas.
153 Salientamos que não há vacina contra a burocratização. Combater a burocratização é uma
tarefa que exige algumas ações: rodízio de militantes na direção das entidades, plenárias regulares
de base, definição das condições de trabalho dos dirigentes em assembléias eleições a cada dois
anos dentre outras que devem ser discutidas o mais coletivamente possível.
154 Entendemos que é preciso mudar os rumos da oposição, ou seja, agir da forma mais concertada
possível, no sentido de defender os interesses da base, para que haja a ampliação das instâncias
de deliberação e que combatamos, de forma unificada, o processo de burocratização.
155 A unidade da oposição não deve ser artificial, pontual, deve ser processual. Não deve ter como
objetivo principal o aparato sindical, mas construir políticas unitárias, o mais consolidadas possível,
para o enfrentamento ao Estado e ao reformismo que combatemos nas entidades dos trabalhadores,
dentre elas, a APEOESP.
156 A OPOSIÇÃO UNIFICADA E NA LUTA, deve ser mais do que uma frente eleitoral, deve se pautar
por instâncias regulares de debates. Construir políticas classistas e combater a burocratização da
APEOESP é a nossa tarefa prioritária, para que não secundarizemos a nossa categoria e não nos
acomodemos às ditas “condições de trabalho”.
Caderno de Teses 181
TESE 12
A atuação da UNIDOS PRA LUTAR diante dos ataques de Serra
157 O ano de 2009 foi um ano difícil para a categoria. Resultado da derrota da greve de 2008, quando
de forma precipitada uma parcela significativa da direção optou pelo recuo da greve - naquele
momento acreditaram nos acordos com o Tribunal Regional do Trabalho - o governo implementou
todos os projetos que deram sustentáculo legal às suas políticas. Assistimos, com paralisações de
um dia, a aprovação da 1041/09, da 1093/09, da 1094/09 da 1097/09 e de outras que poderíamos
aqui discorrer. Ao término do ano de 2009, o governo aplicou a prova de seleção aos professores
temporários da rede pública estadual. Foi um verdadeiro caos!
158 Diante deste caos, muitos ativistas da APEOESP não puderam gozar as suas férias, entre
estes, os militantes da UNIDOS pra LUTAR. Estivemos em todas as reuniões ocorridas no mês de
dezembro, bem como nas assembléias ocorridas em janeiro e fevereiro. Entendemos que o nosso
movimento foi fundamental para levar à ação o setor majoritário da entidade, uma vez que, no nosso
entendimento, este não acreditava no poder de mobilização dos professores que foram afetados,
em plenas férias, pela prova dos OFAs. Foram realizadas reuniões no dia 23 de dezembro, no dia
08 de janeiro, assembléia no dia 15 de janeiro, com cerca de 4.000 professores(as) e assembléia na
primeira semana de fevereiro. Foi um final e início de ano sui generis! Foram férias de luta!
Apesar de o governo ter feito duas listas de professores OFAs, os que obtiveram os índices
159 mínimos estipulados pelo governo e os que não obtiveram, avaliamos que, caso não estivéssemos
em mobilização, estes últimos não teriam sequer a chance de concorrer as aulas no ano de 2010.
O recuo do governo, ainda no primeiro semestre de 2010, permitindo a assunção de aulas de todos
os professores, mesmo aqueles que não fizeram a prova, é o resultado desta política demagógica
do governo - quase no meio do ano e a maioria das escolas estava sem professores.

160 Defendemos:
• Democracia sindical em todas as instâncias da APEOESP;
• Proporcionalidade direta e qualificada nas eleições;
• Pelo fim do “diretor vitalício”: máximo duas gestões;
• Trabalho de base nas escolas: toda escola com um RE deve ser a meta;
• Pelo combate à acomodação e burocratização nas instâncias da APEOESP;
• Condições de trabalho definidas em assembléia da categoria;
• Diminuição do número de diretores;
• Combate à centralização na direção das instâncias das entidades.

VII. Políticas Permanentes

O preconceito é o irmão gêmeo da ignorância.


161 As diferenças como dispositivos ideológicos das sociedades de classe
O capitalismo, como forma de organização social desigual, cria uma série de dispositivos
ideológicos que tem como finalidade dividir os trabalhadores. O machismo, o racismo, a homofobia
são expressões desta forma de atuar. Na realidade a divisão fundante é a de classe: burguesia e
trabalhadores. Todavia, as frações burguesas se unem quando estão na iminência da perda do poder
econômico e/ou político. No entanto, a burguesia criou, para a classe trabalhadora, dispositivos
que a hierarquizam e que dificultam a sua unidade. Portanto, trabalhadores (as) brancos(as)/
negros(as)/heterossexuais/homossexuais e assim por diante, são fracionamentos utilizados para a
referida divisão. Vamos operar com alguns destes dispositivos e mecanismos que entendemos são
importantes para superá-los.

162 A questão da mulher trabalhadora


A mulher foi inserida no mercado de trabalho, a serviço do capital, com o advento da revolução
industrial. Foi inserida de forma precarizada, obtendo salário inferior ao do homem. O capitalismo

182 Caderno de Teses


TESE 12
impõe seus mecanismos de dominação de forma particularmente nefasta às mulheres. Na inserção
da mulher no mercado de trabalho, verificamos que:
• Os patrões não construíram mecanismos para substituir os cuidados com as crianças, que
outrora ficavam sob responsabilidade da mãe em casa. Se, por um lado, a mulher percebeu
um novo mundo, de exploração diferenciada, as crianças agora não tinham mais cuidados em
casa, ficando, no geral sob os cuidados dos filhos maiores;
• A mulher trabalhadora se viu obrigada a cumprir a dupla jornada de trabalho, na medida em
que não tem aparelho público, como lavanderias, creches, escolas, aparelhos de esporte e
lazer etc. Ou seja, não mexendo na parcela da riqueza social em posse do dono do capital;
• No caso daquelas que resolvem se dedicar à luta política e sindical, a tripla jornada de trabalho
se torna uma realidade inexorável;
• Tem sido objeto de assédio por parte das chefias que carregam para o interior das empresas
a carga machista da sociedade capitalista;
• Utilização, por parte de muitas mulheres das classes médias, da mão de obra de outras
mulheres das classes populares, como trabalhadoras domésticas. Ou seja, exploram outras
mulheres em casa, enquanto são exploradas em outras funções. No geral, pagando ínfimos
salários que não condizem sequer com o salário base dessa categoria profissional.
163 Portanto, há que se construir reivindicações que realmente permitam com que a mulher, ainda
sob o sistema de capital, não se submeta a dupla exploração à qual está submetida. Nesse sentido,

164 Defendemos:
• a defesa aparelhos publicos que solucionem as tarefas domésticas, como, por exemplo
creches ( diurna e noturna), lavanderias públicas, aparelhos de esporte e lazer;
• Licença maternidade de, no mínimo, seis meses, obrigatórios;
• Defesa do direito ao corpo - em defesa da interrupção da gravidez em hospitais públicos,
impedindo assim, as centenas de milhares de mortes que ocorrem por ano entre as mulheres
pobres que recorrem ao aborto clandestino;
• Nenhuma forma de representação artificial nas entidades dos trabalhadores (as), como por
exemplo a exigência de cotas;
• Em todas as instâncias da APEOESP, a garantia de creche até 12 anos.

Sobre a questão da inclusão de crianças e adolescentes especiais


165 Todos sabemos que o ser humano é repleto de potencialidades e, por vezes, a ausência de
uma capacidade, como por exemplo, ouvir ou enxergar, não deve ser elemento de exclusão de uma
criança ou adolescente do convívio com outros(as) de sua idade, uma vez que este contato contribui
para o seu desenvolvimento. Ocorre, que a política de inclusão dos estudantes com necessidades
especiais na rede pública estadual tem se efetivado de forma perversa para toda a escola, sobretudo
para o estudante. Ou seja, as salas se encontram superlotadas, os professores não são informados
que irão atuar com estudantes com necessidades especiais, não há uma política responsável para
prepará-los para esta atuação. Na realidade, a política de inclusão torna-se, na prática, uma política
de exclusão
166 Quanto aos estudantes especiais com capacidade de apreensão de conteúdos acima da média,
estes logo se desinteressam pela apreensão do saber escolar, uma vez que o professor (a) tem
que dar conta de uma sala superlotada. Ou seja, ou o professor avança na proposta curricular para
acompanhar tal estudante ou prioriza a maioria acompanhando o rítmo médio da sala. Qualquer
opção resultará em descontentamento por parte do estudante, dos pais e do professor. Sendo
assim,

167 Defendemos:
• Redução do número de alunos em todas as salas e, em particular, naquelas onde se encontram
crianças especiais;

Caderno de Teses 183


TESE 12
• Permissão de afastamento do professor(a) para realização de cursos em universidades
públicas que permitam atuar com estudantes especiais;
• Adaptação de todas as escolas às diferentes necessidades especiais dos estudantes;
• Contratação de mais funcionários, via concurso, para o trabalho de apoio e acessibilidade dos
alunos aos diferentes espaços da escola;
• Contratação, via concurso, de profissionais especializados no atendimento e suporte a alunos
com necessidades especiais;
• Que haja, em todas as escolas, materiais pedagógicos, livros e todo tipo de suporte às crianças
com necessidades especiais;
• Campanha para que o Estado seja responsabilizado pela situação em que se encontram as
crianças especiais nas escolas públicas do Estado.

Sobre a homofobia
168
Os arautos da sociedade capitalista patriarcal, branca e heterossexual, criada sob os modelos
eurocentricos, buscaram, historicamente, perseguir, segregar, estgmatizar aqueles que consideram
uma “anomia”. A orientação sexual diferenciada, ou seja, o homossexualismo e seu exercício por
homens e mulheres (lesbianismo) tem sido objeto de todo tipo de perseguição. Inúmeros casos de
intolerância com este setor tem sido registrado ao longo da história.
169
Para além de situar a questão da sexualidade heterossexual, orientada por um padrão procriativo,
devemos nos ater à negação do prazer vinculada à tradição judaico-cristã, cristalizado pelo dominio
ideológico da Igreja durante séculos. Se é verdade que hoje, outros aparelhos ideológicos, substituem
a Igreja, em particular a grande mídia, é verdade também que a substituem mantendo-a como
matriz. Portanto, a apresentação da homossexualidade nos meios de comunicação se dá de forma
esteriotipada e muitas vezes jocosa. O que parece ser uma maior liberdade para as diferenças é,
de fato, uma depreciação à orientação sexual diferenciada do padrão “oficial”.
170 Se a sexualidade, nas diferentes sociedades de classe, está orientada para o padrão
procriativo, temos que o universo do prazer, parte intrínseca do ato sexual, é apresentado como
um desvio comportamental. Esta interpretação,altamente ideológica, não atinge apenas o universo
homossexual, mas também o universo heterossexual, causa, dentre outras, da manutenção histórica
do discurso: “mulher para casar e mulher para o prazer”, que referenda o comportamento machista.
171 É preciso que resgatemos a dimensão humana da sexualidade, entre homens e mulheres que
trocam histórias afetivas e manifestam a sua sexualidade sem as travas ideológicas inscritas pelos
arautos do patriarcalismo religioso.
172 Que a homofobia seja denunciada em todas as instâncias político-jurídicas da sociedade e do
Estado capitalista, uma vez que entendemos como dispositivo ideológico criado por esta sociedade.

173 Defendemos:
• Elaboração de cartilha sobre o tema para discutir com as crianças, em idade de compreendê-
la, bem como adolescentes, acerca das diferentes orientações sexuais que há em nossa
sociedade, com o objetivo de construir adultos capazes de entender e aceitar a heterogeneidade
do ser humano, contribuindo, assim, para evitar toda sorte de preconceito, em particular aqui,
a homofobia;
• Estas cartilhas devem ser entregues não apenas aos educadores, mas aos pais de nossos
(as) alunos e alunas, uma vez que percebemos preconceitos arraigados no núcleo familiar;
• Que diversidade humana seja objeto de nossas aulas e que para isto nos apropriemos da vasta
literatura científica que existe sobre o tema, tendo como objetivo a quebra de preconceitos, fruto
do obscurantismo e da ignorância.

Sobre o racismo
174 Diferentes sociedades no decorrer de sua história se utilizaram do regime escravista para
poder dominar outros povos e fazê-los sua força de trabalho. Como exemplo de modo de produção
184 Caderno de Teses
TESE 12
preponderante, tivemos a escravidão na Grécia e Roma antigas, os ingleses a utilizaram nas
colônias do Sul dos Estados Unidos, os espanhóis nas Antilhas e os portugueses no Brasil.
175 O Brasil, bem como nos Estados Unidos e Antilhas, utilizaram a mão de obra originária do
continente africano, cuja coloração da pele e modo de produção eram diferenciados dos europeus
dominadores. Estas duas características foram utilizadas pelo Estado e pela Igreja para afirmar
a “inferioridade” do povo de origem africana. Foram cerca de 400 anos sob tal informação. Este
discurso ideológico se inscreveu no imaginário e se expressou no universo de milhões de pessoas,
homens e mulheres. Embora produzido pela classe que dominou, passa a fazer parte do repertório
de milhões de trabalhadores (as).
176 Como resultado de um processo de dominação de um modo de produção sobre outro, portanto,
de um povo sobre o outro, temos que a maioria da população pobre ou abaixo da linha de pobreza,
são negros e negras (aqui não vamos operar com o conceito “mestiços”, os apresentando dentro
do universo de não-brancos). Esta hierarquia fez com que tal grupo de trabalhadores(as) fossem
os que menos acesso teve à riqueza social, seja ela expressa em bem materiais ou imateriais,
portanto, emprego e estudo.
No que tange ao estudo formal parte significativa do abandono da escola ocorre dentro da
177
população negra, pois os jovens, pela sua origem de classe, tem que adentrar , de forma cada vez
mais precária, ao mercado de trabalho e, ademais, parcela ínfima da população tem acesso às
universidades públicas.
178 Como resposta ao primeiro problema, só há uma: garantia de emprego a todos!
179 Como medida intermediária para o problema, propomos a redução da jornada de trabalho.
Sabemos que o capitalismo mantém um exército industrial de reserva, o que, estruturalmente,
dificultaria a nossa bandeira central de pleno emprego. Todavia, a redução da jornada de trabalho é
uma medida que reduziria a necessidade de as crianças adentrarem ao mercado de trabalho formal
e informal tão cedo.
180 Como proposta para o segundo problema, o acesso à universidade, o movimento negro e
setores sociais anti-racistas, promovem as chamadas políticas afirmativas, assentadas nas cotas.
181 Entendemos que estas medidas são insuficientes e, portanto, que qualquer medida que permita
o acesso ao ensino público, sobretudo aos cursos superiores, deve passar pelo fim dos vestibulares
e qualquer ou outro mecanismo seletivo como hoje é o ENEM.
182 Combater o racismo, comportamento que segrega, hierarquiza, inferioriza, não tem sido uma
tarefa nada fácil e, nesse sentido, há que se ter políticas consequentes para os trabalhadores(as)
negros(as), sem que resulte em segregação, disputas e manutenção do racismo que ora atua no
imaginário de muitos, inclusive, de nossa classe.

Política para o (a) professor (a) aposentado(a)


183 Sabemos que os governos têm sido nefastos no que tange à política para aposentados(as).
Basta verificarmos as reformas da previdência levadas a cabos pelos governos de FHC e Lula. Foi
uma sequência de retirada de direitos, combinando tempo e idade para a aposentadoria.
184 O atual governo federal, além de não revogar a retirada de direitos dos aposentados, impetradas
por seu antecessor, piorou ainda mais a sua situação, na medida em que aumentou a idade
necessária para se aposentar.
185 Quanto às condições salariais, já sabemos, bem piores que o professor não aposentado, uma
vez que perde todas as gratificações, um dos motivos que lutamos para o fim desta política.
186 Ademais, a paridade entre os professores aposentados e os que se encontram em sala de aula,
também é uma das nossas bandeiras, uma vez que anos e anos suados em sala de aula não podem
resultar em rebaixamento salarial. Como ter uma aposentadoria saudável se não conseguimos
sequer pagar os nossos remédios?
187 No momento que deveríamos tentar viver com mais tranquilidade, somos, muitas vezes,
obrigados a retornar ao mercado de trabalho, pela impossibilidade de sobreviver com salário tão
parco.

Caderno de Teses 185


TESE 12
188 É preciso ter uma política ampla para aquele que passou anos a fio sobrevivendo da venda de
sua força de trabalho, rediscutindo sobre o conceito de envelhecimento na sociedade capitalista,
elaborando políticas públicas para tais trabalhadores. Que a sociedade, de conjunto, assuma
a responsabilidade por uma aposentadoria digna que permita com que os trabalhadores não
mendiguem em filas quilométricas para garantir a sua precária existência.

189 Defendemos:
• Aumento imediato do salário mínimo;
• Paridade entre aposentados e não aposentados;
• Pelo fim da política de bonificação;
• Revogação das Reformas da Previdência de FHC e Lula;
• Envelhecer com dignidade é um direito!

VIII. Estatuto
190 Estatuto - Alterações propostas:

Capítulo II
191 Emenda supressiva
Artigo 9, item b – excluir a palavra Comissão de Ética;

Capítulo III
192 Emenda supressiva
Artigo 22, - suprimir do parágrafo 1º o item l;
Artigo 23,
193 Emenda substitutiva: O Congresso Estadual Sindical e Educacional ocorrerá a cada 2 anos.
194 Emenda substitutiva; substituir parágrafos 2º ao 8º, por: os delegados serão eleitos observadas
a proporção de 1 (um) delegado para cada 10 (dez) associados, nas respectivas unidades escolares.

Capítulo IV
Artigo 24,
195 Emenda substitutiva, substituir por: a Diretoria Estadual Colegiada é constituída por 45 membros.
Artigo 26,
Emenda substitutiva, substituir por: A Diretoria Estadual Colegiada, será composta pelo critério
196
da proporcionalidade direta e qualificada, sem corte.

Capítulo V
Artigo 46,
197 Emenda substiutiva: substituir por: a cada 2 anos haverá eleições gerais para a Diretoria da
entidade.
Emenda supressiva: suprimir: Parágrafo 4º do artigo 47.
198
Artigo 56,
199 Emenda supressiva: suprimir o artigo 56.
Artigo 57.
200 Emenda substitutiva: Substituir artigo 57 por : O Conselho Estadual de Representantes

186 Caderno de Teses


TESE 12
será constituído na proporção de um conselheiro estadual para cada 50 (cinqüenta) associados
vinculados à subsedes.

Assinam:
Subsede Lapa: Silvana, Marcos, Alexandre, Jorge, Margarete, Verônica, Vitória, Evaldo,
Demetrio, Valter, Gilmar, Riviane, Janaína, Aldemir, Diva, Rodrigo, Selma, Ivair, Tamiozzo,
Ubiraci, Gorete, Maristela, Eduardo Barbosa, Marineila Marques, Maria Inês Tamiozzo, Jorge
Henrique. Subsede Sul/Sto Amaro: Severino, Gigi, Erivaldo, Leninha, Claudia Martinho,
Valmira, Marlene, Eni, Paulo Moreno, Gilson, Algenor, Veridiana, Valmelírio, Adecir,AnaMaria,
Antonio José, Domingos, Celso, Eder, Fábia, Helga, Joaquim, Laedson, Leonardo, Marilene,
Oséias, Osvaldo, Tadeu, Teixeira, Valdeci,Vanessa. Subsede Avaré: Anita Aparecida Rodrigues
Marson, Andre Aparecido da Silva Barbosa, Abigail Puccini Rodrigues, Helio Ivan Marson e
Nancy Aparecida Guimarães. Subsede de São Bernardo do Campo: Sidnei Reinaldo. Subsede
Norte: Baltazar Sena. Subsede Sudoeste: Caio Leal Messias. Subsede Vila Prudente: Rafael
Godoi. Subsede São Carlos: Julieta Lui. Subsede Campinas: Elite Silveira. Subsede Jacareí:
Suzete Chaffin. Subsede Rio Claro: Daniel Mittmann. Subsede Marília: Tales Amaro Ferreira;
Edison Fermiano Soares, Sidnilson Roberto Minholi; Maria José Rodrigues de Souza; Eliano
Freitas Silva.

Caderno de Teses 187


TESE 13
TESE 13
“Luta pela organização política revolucionária do proletariado”

I. Conjuntura Internacional
1 A crise estrutural da economia capitalista é cada vez mais abrangente e acentuada. Se em
2008 veio à tona nos Estados Unidos por meio do crédito artificializado, essencialmente do setor
imobiliário, agora principalmente na Europa mostra seu caráter crônico.
2 O déficit público é um problema em todos os países. Trata-se da manifestação de uma das
versões da crise capitalista. Há pouco, os governos dos principais países da Europa (Alemanha,
Espanha, França, Grã-Bretanha e Itália) anunciaram um corte nas verbas públicas na ordem de
400 bilhões de euros, para dar garantias dos lucros aos grandes capitalistas, sem contar outras
investidas que tratam de reduzir custos em benefício dos monopólios.
3 O governo pró-imperialista grego, George Papandreou, também anunciou um pacote de medidas
com demissões e liquidação das conquistas históricas. Os trabalhadores, ao serem chamados pelas
direções sindicais para se contrapor à ofensiva governamental, junto com a juventude, responderam
com lutas de rua e fortes manifestações, praticamente sitiaram o governo, desenvolvendo violentos
protestos.
4
O governo francês Nicolas Sarkozy, diante do “crack” nos EUA, no final de 2008, realizou
enormes saques dos recursos públicos para socorrer os lucros e os negócios dos capitalistas,
depois (junho/2010), prognosticou mais uma sequência de saques contra a população em geral e
impôs o congelamento dos salários, demissões, corte de verbas e liquidação dos serviços públicos.
Além destes, também aumenta a idade de aposentadoria (reforma da previdência).
O FMI e União Europeia cobraram “menos blá, blá, blá” por parte do governo espanhol Luiz
5
Zapatero (Partido Socialista-PSOE) e ordenaram o efetivo encaminhamento da reforma trabalhista
que, segundo o órgão imperialista, se arrasta há quase dois anos. Exigiram que o PSOE, apoiado
por seu braço dirigente dentro do movimento operário (direção burocrática da União Geral dos
Trabalhadores-UGT), realizasse a implantação das orientações previstas no programa. Zapatero
declarou que “fará o que for necessário para merecer a confiança do mercado”. Estipulou o corte
de € 15 bilhões das verbas públicas; congelou os salários e aprofunda a imposição das reformas.
Essa ofensiva, praticamente, elimina o que resta da proteção dos trabalhadores. Como “socialista”
reforçou que “a greve não vai mudar o seu curso”.
6 Essa ofensiva “do capital” sobre as condições de vida dos trabalhadores espanhóis, com
desemprego em massa e eliminação dos direitos trabalhistas, remonta sobre um índice de
desemprego que já é superior a 20%! Entre a juventude essa taxa de desocupação chega a 40%!
7 Na Itália, Portugal e Alemanha, os déficits públicos, as declarações e resoluções dos governos
vão ao mesmo sentido. As mobilizações e protestos se difundem na Europa, os trabalhadores
tendem pela unificação das lutas como forma de se contrapor à investida dos capitalistas e seus
governos. A experiência histórica do movimento operário europeu, em certa medida, dificulta à
burocrática direção sindical (PSOE) manter os saques no subterrâneo.
8 Quando os reformistas da direção sindical falaram em greve geral, os trabalhadores
demonstraram força para responder à altura a ofensiva do capital: foram às ruas, desenvolveram
fortes ações com potencial de evoluir para um bloqueio geral.
9 Diante da tendência à radicalização das massas, as burocracias sindicais dirigentes da França,
Portugal, Itália, Espanha, Grécia e Alemanha, agora estão empenhadas em desviar os trabalhadores
do caminho das ações diretas, da luta baseada nos métodos da política revolucionária operária
para, ao mesmo tempo submetê-las ao parlamentarismo e demais instâncias do Estado burguês.

188 Caderno de Teses


TESE 13
Conjuntura Nacional
10 O governo Lula-PT, de uma só “tacada” cortou R$ 10 bilhões de verbas públicas, atacou os
servidores federais e aprovou Leis que anulam direitos trabalhistas e ampliam o desmonte dos
serviços públicos etc. Mesmo atacando as conquistas dos trabalhadores em prol dos capitalistas, o
governo brasileiro não tem enfrentado quase nenhuma resistência do movimento sindical. A relativa
facilidade que Lula-PT tem para impor o programa imperialista reside no alto grau de corrupção e
atrelamento à governabilidade burguesa das burocratas direções sindicais do PT, PDT, PcdoB, PSB
(respectivamente CUT, FS, CTB, Nova Central, CGTB).
11 Apesar das direções reformistas burguesas, de suas traições e manobras, é importante
destacar que os trabalhadores resistem à ofensiva pró-imperialista governamental. Os professores,
estudantes, funcionários da USP, trabalhadores dos correios, judiciários federais e estaduais de
São Paulo, entre outros, desenvolveram importantes lutas como forma resistir às investidas dos
governos.
12 Em meio aos protestos dos explorados, destaca-se a brava resistência dos funcionários da
USP que, por meio das ações diretas, não permitiram a desmoralização que o capataz de Serra-
PSDB, João Grandino Rodas tentou impor à greve. Os grevistas, junto a sua direção, apesar do
isolamento, entre outras limitações, responderam com garra, apoiando-se nos métodos de luta da
política operária, mostrando sua eficácia. Se não foi uma vitória completa, ao menos fizeram o
serviçal e tecnocrata acadêmico a ter de ceder: saíram da luta de cabeça erguida.
13
Os funcionários do judiciário de São Paulo realizam a mais longa greve de sua história, os
trabalhadores de base, bravamente recorreram aos métodos da luta de classe, desenvolvendo
ações diretas como forma de enfrentar os representantes do governo. Realizaram a ocupação de
fóruns, inclusive o maior deles (prédio João Mendes).
14 No entanto, em termos de organização sindical da categoria em nada pôde contar. Nestes
termos, o que existe oficialmente é um simulacro de sindicato cupulista e fechado à participação
política dos trabalhadores (Sindicato União). Não chama nem realiza assembleias, não é reconhecido
na base da categoria e estatutariamente impede a participação política dos judiciários de base no
seu interior.
15 Há também várias associações corporativistas controladas por camarilhas burocráticas e
divisionistas. Ou seja, a luta desses trabalhadores ainda não pôde contar com um sindicado que
organize e fortaleça a resistência da categoria aos ataques do governo; menos ainda, com uma
direção revolucionária, capaz de levar a luta independente desses trabalhadores à vitória.
16 Unidade e Luta! Pela unidade organizativa dos trabalhadores do judiciário-SP! Fim das
camarilhas divisionistas e corporativistas!
17 Em todos os países, os trabalhadores dão a resposta e fórmula para saída da situação imposta
pela crise capitalista que é por meio das ações diretas das massas. A resistência não é potencializada
nem levada à vitória, em razão da ausência de uma direção revolucionária (Partido Revolucionário).
18 A onda de protestos revolucionários desenvolvidos, principalmente na Europa, denuncia o
retrocesso que está sendo imposto aos níveis de vida do proletariado mundial, fazendo regredir a
patamares de quase um século atrás.
19 A resistência dos assalariados choca-se com a campanha ideológica burguesa das direções
burocráticas nos sindicatos que passam a falsa idéia de que o capitalismo continua forte, com
capacidade de desenvolver a produção e melhorar as condições de vida das massas; que as crises
são episódicas e produtos de “falhas” administrativas; que estas são localizadas e passíveis de
completa solução, sem que se precise acabar com a exploração capitalista. Procuram esconder o
caráter crônico e estrutural da crise de uma economia em decadência.
20
Os protestos que ocorrem nos vários países se contrapõem à propaganda burguesa, calam
a boca da imprensa, ideólogos e governos que agem como “papagaios da burguesia” repetindo
pérolas como: “é só uma marolinha”, “a crise já passou”. A resistência prática escancara a realidade
que os capitalistas querem esconder ao mundo, mostram que a exploração vem sendo intensificada
continuamente. O proletariado sofre com a imposição dos contratos precários, progressivo arrocho
salarial, desemprego e semi-escravidão. Estão sendo minadas as condições de vida. Enfim, a crise
capitalista não só não foi superada, como se aprofunda.

Caderno de Teses 189


TESE 13
Déficits públicos, terceirizações, demissões e fim dos serviços públicos são produtos da
exploração e decadência do capitalismo.
21 O desenvolvimento do capitalismo ocorre concentrando a riqueza e, paralelamente, produzindo
a miséria. O surgimento dos grandes monopólios internacionais de capitais é um fenômeno do
desenvolvimento natural do capitalismo. Sua predominância na determinação da economia e política
mundial dada no início do século XX (imperialismo), marca o fim do desenvolvimento capitalista e
início de sua decomposição, destruindo as forças produtivas.
22 O emprego da tecnologia pelos capitalistas se dá como forma de eliminar mão de
obra,desempregar para manter o lucro sobre uma produção que é constantemente restringida.
23 O capitalismo em sua fase de desenvolvimento das forças produtivas (industrialização,
ampliação da produção e do emprego) estabeleceu um enorme potencial de produção, porém ao
mesmo tempo criou um enorme fosso entre o grande potencial de produção e a massa miserável,
praticamente sem nenhum poder de consumo.
24 A contradição da exploração da capitalista (produção coletiva e apropriação privada) transforma-
se em trava do desenvolvimento da produção; a falta de mercado consumidor é uma das marcas do
seu esgotamento e superação.
25 Não há novos mercados a serem “descobertos”, todos os cantos do globo estão ocupados e
são explorados. O estreito mercado impossibilita o uso prático do potencial de produção existente.
A produção efetiva é condicionada a render lucro aos “parasitas capitalistas” que nada produzem e
acumulam riqueza, consomem no seu café da manhã o que muitas FAMÍLIAS operárias recebem de
salário para viver durante um mês! As relações de produção do obsoleto capitalismo impossibilitam
o avanço da produção geral, que passa a ser restringida.
A artificialização do crédito é feita como forma de compensar a tendência de queda das taxas de
26
lucro, que condicionado aos juros embolsados pelos capitalistas, transforma-se imediatamente em
importante meio de ampliação da exploração e expropriação do mínimo que resta aos trabalhadores
e das propriedades dos camponeses pobres.
Através do FMI e demais órgãos financeiros internacionais, com empréstimos a altos juros, os
27
grandes monopólios capitalistas detêm montanhas de títulos das dívidas públicas, principalmente dos
países semicoloniais, chamados pelos capitalistas de “países em desenvolvimento”. O Imperialismo
internacional, atuando por dentro dos Estados nacionais, impõe paulatinamente o desbaratamento
dos serviços públicos e eliminação dos direitos e conquistas dos trabalhadores.
Ao atingir seu ápice (predomínio dos monopólios) a produção capitalista passa a sofrer
28 constantes restrições. À classe patronal, torna-se imperativo intensificar a destruição das forças
produtivas com o desemprego crescente e superexploração. Só assim a exploração capitalista
(lucro) pode subsistir. O emprego da tecnologia se dá como forma de eliminar parte da mão de obra
(desemprego) e de intensificar o trabalho.
29 A pesada “dívida” da maioria dos países com os monopólios capitalistas, que os colocam
frequentemente à beira da falência, é produto do parasitismo financeiro. Este é resultado da ação
combinada entre os governos tutelados pelo capital e os organismos internacionais do imperialismo.
O predomínio da agiotagem financeira como forma de obtenção do lucro passa ser, no terreno
econômico, a parte principal e vital do decadente capitalismo.
30 Pela reconstrução da organização política revolucionária internacional dos trabalhadores (IV
Internacional);
31 Pela transformação das lutas dos trabalhadores em luta revolucionária para por abaixo o
capitalismo.

A decadência imperialista e o caráter prefascista do Estado burguês


32 Os gigantescos monopólios internacionais se mantêm por meio dos Estados-potência armados
até os dentes - E.U.A., Inglaterra, França, Japão e Alemanha - e dos organismos financeiros e
militares. Com esses elementos, eles colocam sob suas rédeas os Estados nacionais semicoloniais
transformados em correias de transmissão da política imperialista. Este conglomerado constitui o
que chamamos de ordem imperialista do capital ou Estado capitalista.
190 Caderno de Teses
TESE 13
33 Uma característica fundamental destacada por Lênin e Trotsky no que diz respeito ao caráter do
imperialismo, é sua incapacidade de conviver com qualquer traço de independência do movimento
operário, com a necessidade de sufocar a qualquer custo as organizações operárias.
34 Sob o imperialismo, o Estado burguês tem a necessidade de ampliar o caráter fascista. Atualmente
constituem-se e devem ser consideradas como parte do poder burguês os apêndices paramilitares e
mercenários. Tais apêndices ampliam-se assustadoramente pelo poder dos monopólios capitalistas
do campo e da cidade. O poder imperialista depende cada vez mais desses elementos.
35 Nas disputas interburguesas ou interimperialistas, com invasão dos países semicoloniais,
os grupos mercenários e paramilitares, são largamente utilizados pelos Estados das metrópoles
imperialistas. Os Estados nacionais se apoiam nestes mesmos mecanismos para o controle do
movimento operário que a burocracia não consegue conter ou abarcar com sua política. A própria
burocracia operária tem ampliado a prática fascista para conter a instintividade das massas e sua
ligação com elementos revolucionários organizados.
36 Conforme avança o grau de caducidade e decomposição capitalista, amplia-se o caráter fascista
do Estado burguês.
37 Diante da desmoralização e falência das Frentes Populares, os estalinistas e demais reformistas
burgueses, por não encontrarem qualquer base teórica à sua conduta de conciliação e traição,
adotam artifícios argumentativos na “tese” de um desenvolvimento nacional que conviva com o
imperialismo. Inventam o conceito de “Estado de bem estar social”, sobre o qual não pode ser
atribuído qualquer aspecto científico. Associada a essa abstração, adicionada-se uma outra: -
“Estado mínimo” ou “Estado parcial” – quer negar a tese leninista que aponta o imperialismo como
fase última e superior do capitalismo. A partir da qual se inicia sua degeneração com a destruição
progressiva das forças produtivas.
38 Atribuem o retrocesso imposto pelo capitalismo à vida das massas a um erro dos “neoliberais”
que aplicam o tal de Estado mínimo. Esses são “pintados” como uma espécie de “homens maus”
que optam por aplicar o Estado apenas na sua parcialidade. Neste caso, bastaria corrigir o pretenso
erro. Na verdade as acrobacias inventadas pelos reformistas não passam de malabarismos teóricos
para continuar a defender a exploração burguesa.
39 O marxismo, cientificamente, reconhece que o principal aspecto do Estado é ser um organismo
armado, de opressão e exploração de uma classe por outra. Esses aspectos nunca foram tão
intensos contra o proletariado mundial como atualmente. São também intrínsecos à fase imperialista:
1. Acelerado ritmo de destruição das forças produtivas;
2. Predomínio do capital financeiro;
3. Restrição da democracia burguesa;
4. Intensificação da repressão, militarismo e fascismo contra o movimento operário.

Educação Concepção de Escola


40 O homem produz sua humanidade a partir do trabalho, da transformação da natureza, que
resulta na produção em seu benefício. É no processo produtivo que reside a fonte principal e
essencial da produção do conhecimento científico e geral.
41 A posse dos meios de produção (propriedade privada) e o controle do processo produtivo
por parte da burguesia fazem com que, no capitalismo, a escola esteja separada do processo de
produção geral, o que lhe impede de ser fonte de produção do conhecimento geral e aprimoramento
da nova técnica. Esta, no máximo, realiza uma reprodução por meio de exercícios de memória e
repetições.
42 No capitalismo, a produção do conhecimento não passa pela escola. Os trabalhadores e sua
juventude estão alijados da produção e elaboração científica.
43 Com o avanço da indústria e da produção, a exigência de um certo grau de instrução técnica/
científica na formação da mão de obra operária é crescente. É elemento constituinte da força de
trabalho.

Caderno de Teses 191


TESE 13
44 Ainda que na fase de desenvolvimento do capitalismo e que os patrões reconheçam a necessidade
de uma mão de obra mais qualificada, sempre procuraram negligenciar aos trabalhadores essa
formação, uma vez que representa custo. A cobrança de instrução científica ganha peso entre as
reivindicações do movimento operário.
45 As conquistas dos trabalhadores nesse campo transformaram as quase inexistentes e
embrionárias redes de ensino estatais antigas em organismos com caráter de massa. Os servidores
da educação pública estatal, trabalham e dependem das conquistas do movimento operário. Sua
existência e manutenção estão ligadas diretamente à luta geral do proletariado no campo da
produção material.
46 Ao capitalismo entrar em sua fase de decomposição (fase imperialista), aumenta a negligência
da instrução científica aos explorados por parte dos capitalistas e seu Estado. A ofensiva da
burguesia, como atualmente, passa a ser de eliminar as conquistas dos trabalhadores, de liquidar
as já insuficientes e precárias redes de ensino estatais.
47 Os postos de trabalho sofrem restrições constantes (desemprego). O campo da pesquisa/
estudo e produção científica é tolhido e restringido a um número cada vez menor de pessoas e
laboratórios altamente controlados pelo poder do capital.

Características da degradação da escola pública


48 A decadência capitalista que atrofia e encarcera a produção geral é a mesma que impede
a produção do conhecimento e técnica em larga escala, bem como o acesso à tecnologia. O
condicionamento da produção ao rendimento de lucro aos parasitas, há muito passou a molestar o
potencial de produção e desenvolvimento tecnológico. O superado capitalismo não só representa
a decadência econômica, mas também científica; representa violência e embrutecimento dos
trabalhadores.
49
O retrocesso imposto ao ensino público é resultado da intensificação da exploração sobre os
trabalhadores que se traduz em corte de verbas, fechamentos de escolas etc.
50 A precariedade e péssimas condições de trabalho no interior das escolas, com salas
transformadas em “depósitos de crianças”, os baixos salários e estafantes jornadas de trabalho,
são resultantes da ação que os governos vêm realizando sob orientação do capital monopolista, no
que tange a desmontar o ensino público.
51 A superexploração capitalista que determina os salários miseráveis, o sub emprego, trabalho
semiescravo e desemprego crescente. É responsável pela imposição da miséria que barbariza as
famílias operárias, nas quais se encontram os alunos da escola pública. São-lhes arrancadas as
condições de estudo, seja em casa ou na escola pela falta de ambiente adequado, pela carência à
qual está submetida (alimentar, afetiva etc). São crianças e adolescentes que sofrem com a falta de
condições que os levam à perca de perspectivas, desmotivação e desinteresse geral.
52
Os defensores do capitalismo - reformistas e os pensadores corrompidos – falam da possibilidade
de uma escola de excelência, mantendo-se a exploração capitalista, ou seja, sem alterar a base da
produção social. Afirmam que a inexistência dessa, se deve ao fato dos trabalhadores em educação
falharem em suas funções pedagógicas. Essa concepção é transformada pela imprensa, governos
e ideólogos burgueses em campanha ideológica contra os educadores e trabalhadores em geral.
53 Na Apeoesp essa “tese” burguesa é repetida pela direção governista (Articulação Sindical-
PT), através das consígnas: “escola libertadora emancipadora”, “escola de qualidade para todos”.
Defende toda política governamental geral e submete a luta dos professores à política parlamentar
burguesa, enfraquecendo e levando-as às derrotas. Se contrapõe à luta baseada nos métodos da
política operária, revolucionária e anticapitalista.
54 No capitalismo, o trabalho e o processo de produção representam apenas fonte de exploração
e alienação. Para que o ensino e a escola sejam libertados do retrocesso imposto pela burguesia
(dicotomia entre a teoria e a prática/trabalho) é preciso que os trabalhadores arranquem das mãos
dos capitalistas o controle sobre a produção geral e os meios de produção.
55 Somente com a quebra da propriedade privada dos meios de produção, com o fim do modo
capitalista de produzir, a produção pode ser desenvolvida e colocada como fonte do conhecimento

192 Caderno de Teses


TESE 13
ligada à escola. Dessa forma os trabalhadores sua infância e juventude poderão deixar de ser
apenas peças para produzir lucro e ter o cérebro libertado para o desenvolvimento das ciências.
56 Por esta razão, a luta dos trabalhadores em defesa da escola pública, científica e ligada à
produção, é parte da luta revolucionária pela derrubada do capitalismo. Só pode haver vitória ou
conquistas com essa forma de luta.
• Pela escola científica e ligada à produção, sob controle dos trabalhadores.

II. Política Educacional


A atual estratégia política do capital internacional em relação ao ensino estatal nos diversos
57
países é a sua liquidação. Foi traçada na década de 90 e tem sido encaminhada de forma combinada
entre os organismos internacionais do capital – Banco Mundial, FMI e ONU-UNICEF – e governos
nacionais.
58
O estágio de decomposição capitalista choca-se frontalmente com a manutenção da escola
pública como conquista dos trabalhadores. A burguesia exige de seus governos, a aplicação das
medidas para a eliminação dos direitos trabalhistas, sendo a liquidação do sistema estatal de ensino,
parte dessa ofensiva sobre o valor do trabalho.
59 A pressão dos capitalistas estende-se a todos os países e resulta em planos para cortar gastos
com serviços públicos em geral. Nos EUA, conforme artigo publicado no Wall St. Journal; O estado
de Utah está seriamente determinado a eliminar um ano da escola secundária ou torná-lo opcional.
60 No Brasil, o governo federal-PT executa totalmente as ordens do imperialismo, encaminha de
forma progressiva. Já o governo de São Paulo-PSDB, chega a se antecipar para impor a ofensiva
burguesa. Em certa medida, esses partidos (PT e PSDB) disputam quem melhor serve ao capital.

Educação - Conjuntura
Os governos Estadual-PSDB e Federal-PT vêm agindo em sintonia para cumprir com as
61
determinações exigidas pelo grande capital. Dão continuidade ao fechamento do ensino estatal.
62 Governo Estadual: Serra/Goldmam - A fragmentação dos professores em várias categorias
designadas por letras, imposição da prova do OFA e a política salarial com diferenciação (apenas
20% pode passar a ganhar alguma migalha a mais) representou um profundo golpe à carreira do
magistério. Mais do que isto, são mecanismos que abrem caminho à imposição de ataques mais
intensos.
Ações do governo, incluindo o concurso de PEB II com o reduzido nº de vagas e intermináveis
63
etapas à cumprir não deixam dúvidas sobre seus objetivos.
Por meio dos seus “representantes” nas Diretorias de Ensino, o Governo Serra/Goldmam já
64
realizou o fechamento de grande quantidade de salas do Ensino de Jovens e Adultos-EJA. Agora,
trata de concluir a eliminação dessa modalidade de ensino presencial.
Com as últimas resoluções adotadas pela Secretaria de Educação Estadual, na prática, o EJA
65
presencial fica extinto uma vez que os alunos que já frequentaram essa forma de ensino e desistiram,
não podem voltar a se matricular, ficando condenados ao ensino à distância e a serem aprovados no
Exame Nacional para Certificação de Competência de Jovens e Adultos – ENCCEJA. A instituição
do exame tem por finalidade ratificar o fechamento dessa modalidade de ensino.
66 Em relação ao Ensino Médio, o governo fez ser aprovada a Deliberação N° 77/08 do Conselho
Estadual de Educação – SP. Essa permite transformar 20% dos componentes curriculares da Base
Nacional Comum em “ensino semipresencial”. Considerando que a parte diversificada (25%), não
é obrigatória para o aluno prosseguir os estudos.
67 Conclui-se que a obrigatoriedade do “ensino presencial” fica restrita a apenas 55%. A investida
governamental em S. Paulo, além de decretar o fim do EJA, prepara na prática a transformação de
parte do ensino médio
68 A instituição e obrigatoriedade do ENEM têm por objetivo “legalizar” essa mudança, que decreta
o ensino a distância no nível médio. A promessa de fechar, não só o EJA, mas todo o ensino noturno

Caderno de Teses 193


TESE 13 na rede estadual até 2014, anunciado por representantes da S.E. e a implantação das tais “escolas
pólos” fazem parte de uma mesma estratégia.
69 Governo Federal: Lula - Além das avaliações: de mérito, Probatório, Prouni, obrigatoriedade
do ENEM e ENCCEJA; o governo federal em parceria com os demais implantam mais “exames”. O
Exame Nacional de seleção de docentes, instaurado pelo Governo Lula-PT em maio, é equivalente
à prova do OFA de Serra-PSDB em S. Paulo.
70 Com esse instrumento pretende-se selecionar os professores nacionalmente, inclusive
os efetivos, desconsiderando o tempo de trabalho; basta os Estados e Municípios firmarem
convênios.
71 Já, anteriormente instituí o Exame Nacional de Proficiência Docente tem por meta validar ou
invalidar os diplomas dos educadores de cinco em cinco anos! Trata-se do desmantelamento da
carreira do magistério e fim da estabilidade.

As avaliações governamentais
72 O sistema de Avaliações Governamentais : de mérito, Probatório e demais , constitui-se em
mais um aparato para dar sequência à liquidação do ensino estatal, que envolve o desmantelamento
da carreira do magistério, fechamento de modalidades de ensino, municipalização, quebra da
estabilidade, inclusive dos concursados e demissões.
73 O governo Lula instituiu também o ENCCEJA que complementa a extinção do EJA presencial
em escala nacional e para respaldar o aniquilamento do Ensino Médio presencial, decreta também
a obrigatoriedade do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM a partir de 2011. Ou seja, esses
dois exames são complementos importantes para liquidação dessa parte do ensino estatal.
74 Com essas medidas o governo federal avança com determinação do grande capital em escala
internacional, que diante da decomposição capitalista, exige de seus governos a eliminação dos
serviços públicos e dos direitos trabalhistas em geral. É a fórmula utilizada para cortar despesas
com a mão de obra, desvalorizando-a em favor do lucro capitalista.

III. Política Sindical


75 “Para aqueles que não desejam defender os partidos burgueses, a clareza da consciência
política e a clareza da posição de classe estão acima de tudo. Isto não exclui, está claro, em
determinadas condições de natureza especial, ações conjuntas temporárias de diversos partidos,
porém isto exclui de forma absoluta toda atitude contrária ao espírito de partido todo debilitamento
ou ocultamento deste espírito de partido ... manter vigorosa vigilância para que o espirito de partido
se traduza não somente em palavras, mas em fatos.” Lenin (uma vez mais sobre o partidarismo
e o apartidarismo)

Conjuntura
76 Combater a política de conciliação e traição da direção sindical com a orientação
consciente revolucionária
77 Internacionalmente os “reformistas”- “social democracia cristã”, “estalinistas” e direções traidoras
em geral - dirigem burocraticamente os sindicatos e Centrais sindicais internacionais, às quais
encontram-se filiadas as Centrais Sindicais nacionais como as brasileiras (CUT, Força Sindical e
CTB), também dirigidas por partidos reformistas burgueses ou sociais democratas.
78 No último período, para se contrapor a investida da burguesia que tem destruído uma a uma as
conquistas do proletariado, internacionalmente os trabalhadores desenvolvem várias lutas ao redor
do mundo com greves e protestos nacionais.
79 Para rechaçar os saques capitalistas dos governos, os trabalhadores gregos, franceses,
espanhóis entre outros, recentemente realizaram grandes greves e duros protestos. Lutas
semelhantes, e pelos mesmos motivos, foram realizadas em todos os países importantes da Europa.
Apesar das direções procurarem enfraquecer e debilitar, a radicalidade foi a marca registrada da
resistência.

194 Caderno de Teses


TESE 13
80 A direção sindical reformista na Europa procurou isolar as lutas ao máximo. Diante da tendência
explosiva das massas que recusaram os métodos pacifistas e derrotistas da burocracia dirigente,
essa imediatamente tratou de desarticular as lutas em curso, impondo o refluxo e imobilismo.
81 Esses fatos mostram a completa impossibilidade da resistência dos trabalhadores ser levada
à vitória, ou a barrar a ofensiva capitalista, sem um plano geral e estratégico de combate à política
burguesa.
82 Uma oposição localizada e pontual à burocracia dirigente é praticamente nula, é necessário
que a entabulação dessa seja, ao mesmo tempo, um fenômeno que signifique a organização
da vanguarda pela construção do partido classista, eregindo-se como direção revolucionária do
proletariado.
83 No Brasil praticamente todos sindicatos encontram-se sob a orientação política reformista e
traidora do PT, PDT, PC do B e Igreja. Estes constituem as principais burocracias que dirigem
respectivamente os sindicatos ligados a CUT, Força Sindical e a CTB. Atuam em aparatos (Centrais)
separados, porém, com a mesma política conciliadora e burocrática; conformam uma camarilha
sindical corrompida e completamente atrelada aos governos e a política oficial burguesa.
84 O governo Lula-PT e os demais, atacam as conquistas dos trabalhadores, enquanto as direções
sindicais do PT na CUT, PDT na Força Sindical, PCdoB na CTB,em razão do atrelamento ao governo
e à política burguesa, fazem tudo para debilitar as lutas que surgem, como foi feito com a greve dos
trabalhadores dos Correios e professores estaduais-SP, entre outras.
Para defender a continuidade do capitalismo, os reformistas conciliadores (Igreja, PT, PcdoB,
85
PSOL) estão sempre vendendo ilusões, em torno da possibilidade de melhorias nas condições de
vida das massas sem que precise colocar um fim no sistema de exploração burguesa. Esse é um
dos principais artifícios dos oportunistas.
86
O capitalismo, requer a sequente desvalorização da mão de obra. Precisa aniquilar os direitos e
conquistas da classe operária como estabilidade no emprego, serviços públicos e direitos trabalhistas,
etc. Porém, isso só é possível com a colaboração das corrompidas direções “reformistas burguesas”
(burocracia).
87
Sem que o capitalismo seja eliminado, as conquistas operárias estão sob ameaças. Qualquer
ganho que, na luta, os trabalhadores venham obter, terá caráter precário.
Lutar para defender as conquistas do proletariado é lutar pela derrubada do capitalismo.

Independência
88 A burocracia reformista que dirige a Apeoesp (PT e PC do B), assim como as direções das
principais Centrais sindicais do país, é uma direção completamente atrelada ao governo federal e
defende toda política da governabilidade burguesa.
89 Perante a imposição das medidas do governo estadual - PSDB de desativação da escola pública
a Articulação Sindical-PT apenas adota uma postura que simula combater a ofensiva governamental,
pois trata-se de uma política complementar à do governo federal – PT, que é defendida por essa
direção.
90 Para ocultar sua real posição perante as investidas dos governos, a direção da apeoesp distorce
e omite as reivindicações dos professores. Em relação a questões como a carreira, evolução,
duração da jornada e avaliações governamentais, procura se safar com abstrações e adjetivos como
“avaliação inclusiva”, “avaliações classificatória” ou “pela valorização, dignidade e pelo respeito ao
magistério paulista”. Trata-se de um artifício para defender as avaliações governamentais, é por isso
que troca a reais reivindicações dos professores relativas à carreira do magistério por generalidades
como “dignidade”, “respeito”, “valorização”.
Tanto na CNTE como na direção da Apeoesp, a burocracia (Articulação Sindical e CSC) faz
91
uso dessa verborragia vazia, para esconder sua traição aos olhos dos trabalhadores. Como pode
ser visto, não há nenhuma independência da direção em relação à burguesia, seus organismos e
governos.
92 A conciliação de classe (traição) e atrelamento ao Estado são aspectos complementares e

Caderno de Teses 195


TESE 13
advém dos partidos burgueses dessas camarilhas sindicais. O combate a essa política exige uma
elaboração geral de caráter classista e não corporativista ou meramente sindical.
93 A independência dos sindicatos perante a política burguesa é um requisito indispensável à
possibilidade de vitória da luta dos trabalhadores.
94 Esse atributo do qual nenhum trabalhador pode abrir mão, está condicionado ao combate a
todos partidos e organizações burguesas na luta de classe. Só pode ser conquistado mediante
a firme e íntima atuação do partido revolucionário da classe, junto às organizações frentistas dos
trabalhadores (sindicatos, oposições, comitês etc).

A Crise de direção revolucionária


95 A questão chave para os trabalhadores em geral é a crise de direção revolucionária do
proletariado - ausência do Partido Revolucionário- que se mostra de forma muito clara dentro da
atual conjuntura política nacional e internacional.
96 O aspecto primordial e primeiro para a atuação dos marxistas junto ao movimento operário
deve ser desenvolver e organizar o partido.
97 O oposicionismo sem cunho partidário, além de ser débil, caminha para o aparelhismo. Constituem
bons exemplos para a questão, as experiências do movimento operário internacional e as lutas
operárias de 1978, 79 e início da década de 80 no Brasil. Estas que marcaram o cenário da política
nacional, abriram um novo e rico ciclo no movimento operário que criou condições favoráveis para
avançar na consciência classista, ou seja, para a organização do partido revolucionário da classe
operária. Porém, através da influência dos partidos burgueses que atuavam junto ao operariado
(sociais democratas, Igreja e Estalinistas), essa construção da organização política independente
foi inviabilizada. No seu lugar foi imposto um partido de caráter burguês reformista - o Partido dos
Trabalhadores.
98 Nesse processo de tentativa de organização política independente no movimento operário,
o bloco “reformista burguês” em determinado momento foi chamado de “cento e treze”, e depois
“Articulação” (Igreja e social democracia). Desde o início, essa ala combateu as tentativas de
construção de um partido de caráter revolucionário e marxista.
99 Em 1980 é fundado o PT sob o tacão da política conciliadora (traidora) dos reformistas sociais
democratas e da Igreja católica.
100 Sob a mesma orientação política reformista, foram organizadas as Oposições no campo
sindical. Essas constituiam-se como blocos que reuniam os setores da igreja, grupos de “esquerda”
que vinham da clandestinidade e núcleos minoritários que se reivindicavam trotskistas.
101 Apesar de combativas, essa oposição estruturadas e tinham seu funcionamento talhado sob o
signo do “apartidarismo”. Prevalecia a tática dos reformistas que se diluiam (mascaravam-se) no
sindicalismo, ao mesmo tempo que desenvolviam o sectarismo em relação à posição partidária dos
marxistas que se colocavam pela atuação nas oposições, expressando-se em nome do partido,
portanto, pelo estímulo à auto-seleção consciente dos elementos soltos da vanguarda, estes sempre
foram hostilizados pelo apartidarismo pequeno-burguês.
102 Assim, realizaram-se as disputas contra as antigas e burocráticas direções ligadas aos militares
(governistas). Essa oposição, que continuou a desenvolver-se, conquistou vários sindicatos e
construiu-se a CUT em 1983.
103 Essas ações determinaram o caráter anti-marxista dessas oporições, seu aparelhismo crescente
e o desenvolvimento do burocratismo contra-revolucionário, que é representado pela atual direção
burocrática (PT/PC do B), antes oposição.
104 Contra a posição dos “reformistas”, “centristas” e grupos sectários, inclusive de oposição, a
Liga Proletária Marxista defende a íntima participação dos partidos revolucionários nos organismos
frentistas (oposições, sindicatos, comitês), expressando-se em nome próprio e com total liberdade
de crítica.

196 Caderno de Teses


TESE 13
O surgimento de mais uma Central Sindical: PSTU, PSOL e Igreja
105 A fusão da Conlutas/Intersindical e fundação de mais uma Central almejada pela direção do
PSTU, PSOL e Igreja no Conclat de Santos/2010 não foi possível pelo fato de que para esses
blocos a Central a ser construida cumpriria o papel de suporte da “Frente de Esquerda” inviabilizada
anteriormente, principalmente, em razão de “racha” entre os blocos reformistas e eleitoralistas no
interior do PSOL (a ala de Heloisa Helena à revelia do partido, apoia a candidatura de Marina).
Esse, por sua vez, inviabilizou um acordo eleitoral com o PSTU que lançou candidatura própria.
106 Como no processo de fusão (Conlutas / Intersindical) para fundar a nova central, prevalecia
os interesses eleitorais de caráter frente popularesco, e como no PSOL, os diferentes setores
encontram-se divididos em relação às eleições (“meninas dos olhos”), se tornou impossível
acomodar os interesses dos grupos eleitoralistas.
107 A engenharia dessa da fusão baseava-se em acordos burocráticos, não tinham a pretensão
de romper ou suplantar o reformiso e oportunismo eleitoreiro e pequeno-burguês. Os “acordos”
realizados pelo PSTU, PSOL, Igreja, MST, não eram fruto da necessidade de desenvolver lutas
em curso a serem impulsionadas e nem de demanda dessas. Não se tratavam de ACORDOS
PRÁTICOS PARA LUTAR, tratava, isto sim, de acordos oportunistas.
108 Os traços de Frente de Ação e luta que a Conlutas apresentava na sua orígem, e que determinava
sua importância para o movimento operário, ao que tudo indica, estão completamente aniquilados,
rifado pela postura centrista de sua direção.
109 O marxismo/trotskismo não condena os acordos práticos para lutar, ao contrário. Porém, a
postura centrista que o PSTU coloca em prática junto com a Igreja e direção do PSOL se constitui
em apoio e respaldo para o desenvolvimento do reformismo oportunista e contra-revolucionário.
110 O esfacelamento do Conclat, em certa medida, escancara os interesses mesquinhos
aparelhistas e oportunistas impulsionados por esses setores de direções.
111 O aparelhismo exarcebado dos setores reformistas da Intersindical e da direção da Conlutas
fez esplodir os acordos de cúpulas contra a base do Conclat fracassou. No entanto, os esforços à
fusão continua sendo feito pelas direções dos dois blocos. Estes se reivindicam e prometem fazer
oposição ao governo Lula-PT.
Como os esforços e empenho de seus dirigentes dedicaram-se apenas à consolidação e
112
renovação do oportunismo, emprestando-lhe um verniz oposicionista.
113 O aspecto progressivo para as lutas representado pela Conlutas no seu nascedouro, foi sendo
eliminado paulatinamente. Nos últimos três anos, no conjunto do movimento operário e nas bases dos
trabalhadores, o papel desempenhado pela direção da Conlutas foi de compor uma barreira contra
as lutas. Tem se juntado aos blocos governistas da CUT, CTB e Intersindical contra as iniciativas
de luta, nas principais e últimas lutas protagonizada pelos trabalhadores do país: demissões dos
metalúrgicos, Estudantes da USP, correios, professores, bancários.
114
Em escala nacional a direção da Conlutas, em nome da “unidade”, subordinou as ações ao
reformismo burguês. Atuou junto com as Centrais e direções declaradamente pró-burguesa e
governista (CUT, CTB, Força Sindical...) combatendo as iniciativas de luta que surgia na base das
diversas categorias de trabalhadores; transformou-se e reforçou-se como um aparato contra as
lutas.
115 Diante das demissões nas indústrias; Embraer e outras. O PSTU, enquanto direção da Conlutas,
se juntou aos governistas da CUT e Intersindical, e de maneira dissimulada pede à aprovação, por
parte do governo e Estado burguês, medidas para evitar as demissões etc. Negou a ação direta
como método de luta fundamental dos trabalhadores, rebaixou as reivindicações, transformando-as
em patéticos pedidos ilusórios aos governos e patrões.
116 Tem ajudado os governistas do PT a trairem outras lutas com os tribunais burgueses (acordo
no TRT-professores-SP ). Une-se ao “cretinismo parlamentar” do PT, PSOL, CUT e demais Centrais
governistas para pedir que Lula, sancione a eliminação do “Fator Previdenciário”. Cria falsas ilusões
entre os trabalhadores, como forma de tentar esconder sua atuação abertamente contra as lutas
nas bases.

Caderno de Teses 197


TESE 13
A unidade do movimento operário
117 No surgimento da Conlutas e princípio do rompimento de alguns sindicatos com a CUT, se
deu sobre dois aspectos básicos: de um lado, existia a demanda das lutas em desenvolvimento,
principalmente, nas categorias que estavam em greve; por outro lado, as direções destas categorias
- ainda na CUT – mesmo sustentando a política reformista contra a revolucionária, procuravam
fugir do rótulo “governista”. Além do aparelhismo, buscam uma nova roupagem para o seu velho
reformismo. Ser “governista” naquele momento, significava apoiar as reformas governamentais que
os trabalhadores combatiam com as greves.
118 Na Conlutas, ainda que esses setores de direção não tenham abandonado o reformismo
burguês. Esses aspectos não tiravam o caráter progressivo que representava a Conlutas, uma vez
que se propunha a organizar e apoiar as lutas em curso, nesse sentido, seria um erro não procurar
desenvolver esta enquanto uma Frente de Luta.
119 Se alguns sindicatos, em razão das lutas, tinham motivos para se desfiliarem da CUT e se
organizarem na Conlutas, hoje já não se pode dizer o mesmo. A postura política que vem sendo
implementada pela direção da Conlutas de combate à ação direta enquanto método de luta, em
prol do pacifismo burguês, a prática dos acordos burocráticos sobrepondo-se ao desenvolvimento
da democracia operária e desenvolvimento da Conlutas como órgão de real frente de luta e a traição
às lutas por sua direção, liquidam os argumentos para a luta. Mediante a politica que se consolida
na Conlutas, não há justificativa para se chamar a desfiliação, seja da CUT ou de qualquer outra
Central, em prol da Conlutas ou bloco resultante da fusão.
120 A desfiliação de um sindicato de qualquer aparato burocrático (centrais existentes) só pode ser
justificada por ser uma exigência e demanda direta para o desenvolvimento das lutas. Só haveria
sentido chamar os sindicatos a se desfiliarem da burocracia que se encontra e se filiarem à conlutas
caso essa se desenvolvesse por meio do impulsionamento das lutas e que para sua realização, se
tornace necessário a saída das Centrais governistas. No entanto a Conlutas se encontra em uma
rota opostas às lutas.
121 As organizações que se reivindicam revolucionárias e continuam chamando a desfiliação
dos sindicatos das demais Centrais para se filiarem à Conlutas tornam-se em espécie de “enfeite
esquerdista” da Conlutas e termina por alimentar o divisionismo oportunista que já vem sendo
aprofundado pelas corrompidas burocracias da CTB, UGT, CUT, FS entre outras que dividem os
trabalhadores em diversos aparatos (Centrais Sindicais), que ao mesmo tempo que divide a base dos
trabalhadores se unem enquanto direções contra as lutas e pela defesa da política governamental
contra os esplorados. Dentro desses aparatos deve ser travadas uma constante campanha de
denùncia, propaganda e agitação revolucionária. Defender a luta em torno do programa e política
revolucionária, com os métodos da luta direta, da democracia sindical; desenvolver o combate e
denúncia do oportunismo reformista.
122
Lutar pela estruturação da unidade orgânica do movimento operário, que passa por impulsionar
as lutas, combate à burocracia. Por uma única Central Operária com independência de classe.
Lutar no interior dos sindicatos e nesses aparatos defendendo: as reivindicações imediatas dos
trabalhadores combinadas com as de transição, a derrubada revolucionária do capitalismo e
construção do socialismo por meio da ditadura do proletariado.

Oposição
123
No movimento operário nacional, assim como na apeoesp, não se estruturou uma real oposição
à corrompida burocracia reformista do PT, Igreja, PCdo B, PDT. Nas alas da oposição na apeoesp
estão presentes, além do “reformismo aparelhista” e “centrismo” do setor majoritária, por parte
de alguns grupos menores, destacam-se o “apartidarismo” e “ativismo” que consequentemente
terminam por promover o aparelhismo e sectarismo.
124 O maior setor de oposição é marcado pelo “centrismo político” de sua direção (PSTU) que, junto
com lideranças eis petistas, continua a bajular e nutrir o espontaneísmo, apartidário. Dar Respaldo
e termina promovendo uma política anti-marxista, anti-revolucionária e burocrática.
125 Essas características conferem à essa direção uma postura política que conclui com a colaboração

198 Caderno de Teses


TESE 13
com a burocracia reformista, portanto, completamente nula do ponto de vista do combate às traições
da política da “direção governista” do (PCdoB) e do PT. Esses aspectos podem ser confirmado pela
conduta política da direção da Conlutas nacionalmente, e da Oposição Alternativa na apeoesp.
Nos últimos anos essas características ficaram evidenciadas nas campanhas e mobilizações,
especialmente nos momentos de luta. A postura política tem sido de auxiliar e complementar da
ação da “burocracia governista”.
126 Já alguns grupos menores de oposição orientam-se basicamente pelo ativismo espontaneísta e
o apartidarismo sectário. Estes, mesmo que localizadamente, apresentem alguma questão pontual
acertada, no posicionamento mais amplo de combate ao reformismo, tem mostrado toda uma
impotência política e inclusive equívocos que fortalecem a política da burocracia dirigente.
127 Grupos dessa natureza, além da debilidade, historicamente, quando não são arrastados pelo
aparelhismo e burocratismo desenfreado, como já ocorre na apeoesp, passam a restringir-se
gradativamente, entrando em uma espécie de gueto. Condição que é determinada não em razão da
defesa da política revolucionária marxista, mais por consequência do aparelhismo e sectarismo que
passam a desenvolver cada vez mais, em relação às correntes organizadas.
Esses vícios vêm do “reformismo-berço”, dos líderes desses grupos, que na década de 80
128
arrastou um bom número de combatentes das fileiras operárias que foram integrados às camarilhas
burocráticas e outros estão em processo de integração.
Desenvolver uma oposição marxista é desenvolver o partido marxista. Desenvolver outra
129
natureza de oposição é desenvolver outros partidos (centrista, reformista, reacionário) não marxista.
130 O apartidarismo pequeno-burguês, como parte natural da política reformista significa debilitar, e
por fim atraiçoar o movimento operário. A construção de oposições sindicais sem cunho partidário,
desemboca sempre no aparelhismo, corporativismo impotente e no burocratismo.
As disputas através de blocos antipartidários, por mais radicais que sejam, não passam de
131
meras disputas aparelhistas. Mesmo que inexperientes e não-corrompidos ainda, se não rompem
com essa postura e ciclo vicioso, a própria evoluçao desses blocos reforça seus traços contra-
revolucionários, anti-marxistas e burocráticos.

Avaliação da greve
132 A greve e a necessidade de reorganizar a luta - A última greve dos professores teve como
reivindicações:a revogação da prova do OFA (PL 1093) instituída em 2008 , contra a avaliação de
mérito e reajuste salarial.
133 Como ponto principal os professores lutavam contra a prova dos OFA, sobre a qual a direção da
do sindicato tinha entrado em acordo com o governo. Este (introdução da prova dos OFA) feito entre
a burocracia dirigente da Apeoesp e o governo no Tribunal Regional do Trabalho-TRT.
134 Na época, Articulação Sindical-PT afirmava que a avaliação governamental era “classificatória”
e, portanto, não prejudicial. O “acordo” firmado pela direção petista da Apeoesp com o governo
Serra-PSDB realizado às costas do professorado, contou com a ajuda da direção da Oposição
Alternativa (PSOL e PSTU).
135 Os professores objetivaram derrubar a prova. Desde o início da Greve, com manobras nas
assembleias, a Articulação Sindical-PT procurou impedir que as iniciativas da categoria desse o
tom da luta; montou uma unidade de cúpula com as demais diretorias pelegas (Udemo, Afuse, CPP
e Apase) que foi usada para conter e domesticar a resistência. Fez de tudo para reduzir a luta, a
meras manifestações corriqueiras e pacifistas, tirar a luta do caminho da política operária e seus
métodos da ação direta.
A Liga Proletária Marxista que no seu 1º boletim referente à greve destacara a necessidade de
136 romper com o “pacifismo” imposto pela burocracia, apontou os métodos de ocupação, bloqueios e
paralisação de órgãos do governo, apoiou e defendeu a proposta de “ocupação e bloqueio da S.E.”.
Proposta que foi aceita por parte significativa da assembleia.
137 A burocracia diante da situação apoiou-se em um setor da oposição que, equivocadamente,
defenderá a proposta pacifista de “acampamento”. Para reforçar sua posição imobilista, a direção

Caderno de Teses 199


TESE 13
utilizou-se deste setor de oposição defendendo também sua proposta, fazendo a junção: “vigília
/ acampamento”. Com isso, conseguiu deter mais uma iniciativa e desviá-los do caminho da
radicalização da luta. Somente por meio das ações massivas e radicalizadas era possível colocar
o governo contra a parede.
138 A massa de professores (60, 70 mil) nas assembleias era suficiente para bloquear e paralisar
o principal órgão do governo (S.E.), que na greve, foi usado para intimidar e perseguir os grevistas.
Unicamente com a fusão entre a energia extintiva da luta e a teoria revolucionária consciente e
organizada, é possível interpor uma real oposição à direção traidora da Apeoesp e à burocracia em
geral.
• Defesa dos métodos da luta revolucionária;
• Defesa do salário mínimo vital como piso salarial;
• Defesa da escala móvel de salário e horas de trabalho;
• Pela autodefesa dos trabalhadores contra a violência reacionária da patronal;
• Terra aos trabalhadores expropriação dos latifúndios;
• Pelo controle operário da produção
• Serviços públicos sob controle dos trabalhadores;
• Lutar pela unidade do movimento operário (um só sindicato por industria ou ramo de trabalho);
• Organização de base por local de trabalho;
• Por uma única Central Sindical;

IV. Plano de Luta


O professorado deve combater à ofensiva governamental. Para tanto, é necessário, além
139
da unidade e participação organizada no sindicato, superar a postura governista da direção da
apeoesp. É preciso impulsionar uma campanha e mobilização que denuncie e combata o conjunto
da política governamental. Que unifique a categoria em torno das reivindicações de defesa do
salário, da carreira docente e da escola pública.
140 Refutar as avaliações governamentais e exigir o direito ao aprimoramento profissional bancado
pelo governo, com cursos gratuitos de atualização de cinco em cinco anos a todos professores nas
universidades públicas. Somente com independência em relação à política do capital (governamental)
é possível enfrentar sua ofensiva:
1-) Campanha contra o conjunto da política governamental;
2-) Luta baseada nos métodos da política revolucionária operária;
3-) Construir a luta e eleger, na mesma, sua direção política independente
• Assembleia Geral amplamente convocada para reorganizar a luta e votar a normatização do
Congresso;
• Contra o ENCEJA e o ENEM! (avaliação e certificação são prerrogativas das escolas e não
do governo);
• Contra as avaliações governamentais;
• Estabilidade a todos professores;
• Reposição das Perdas Salariais;
• Piso (Salário Mínimo Vital aprovado pelos trabalhadores);
• Isonomia salarial (trabalho igual, salário igual! )
• Redução da Jornada de trabalho (50% de trabalho em sala e 50% de trabalho extra-sala);
• Contra a Lei 11738/09 que dita a jornada de 40 horas de trabalho semanal e miserável salário
de R$ 950,00;
• Formação e atualização profissional bancada pelo governo por meio de cursos oferecidos

200 Caderno de Teses


TESE 13
pelas universidades públicas;
• Contra o Ensino à distância;
• Obrigação da oferta do ensino público e gratuito em todos os níveis.

V. Emendas ao Estatuto

Capítulo I
Art. 2º susbstitutiva na letra “c”: lutar, juntamente com outros setores da população, pela
141 melhoria do ensino, em particular pelo ensino público e gratuito, em todos os níveis;
Por: a) Lutar, juntamente com os demais setores dos trabalhadores pela conquista do Sistema
Único Estatal de Educação em todos os níveis e seu controle pelos trabalhadores.
142
Art. 3º - aditiva/supressiva na letra “a”) independência e autonomia face às organizações e
partidos políticos, organizações religiosas, entidades patronais e ao Estado;
Por: independência e autonomia face aos partidos políticos burgueses, seu Estado e demais
organizações da burguesia.

Capítulo II
143 Art. 9º - supressão da letr “b” que afirma: Os sócios serão excluídos da entidade b) por aplicação
de sanção de expulsão, depois de processo regular, instruído pela Comissão de Ética, julgado pelo
Conselho Estadual de Representantes e referendado por Assembléia Geral, assegurado amplo
direito de defesa.
144 Art. 11º - Aditiva/substitutiva: A contribuição dos associados será fixada pela Diretoria e aprovada
pelo Conselho Estadual de Representantes.
Por: A contribuição dos associados será fixada pela Assembleia Estadual.
145 Art. 13º - Deveres dos associados
146 Emenda : Aditiva/substutiva na letra “b”: acatar e colocar em prática todas as decisões tomadas
pela entidade “APEOESP –Sindicato Estadual”:
Por: acatar e colocar em prática todas as decisões tomadas pela Assembleia Etadual e pelos
Congressos Estaduais durante sua vigência.
147 Emenda: supressão da letra “f” que afirma: cumprir e fazer cumprir o regimento disciplinar
estabelecido pelo Conselho Estadual de Representantes.

Capítulo III
148 Art. 15 – Emenda substutiva – onde afirma: A Assembleia Regional é a Assembleia dos
sócios da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” por Regional ou Subsede, convocado para
as finalidades pre-vistas no artigo 18 (dezoito) e/ou durante processosde grande mobilização e/ou
antecedendo grandes eventos.
Por: A Assembleia Regional é a Assembleia dos sócios da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual” por Regional ou Subsede, convocada sempre que sempre que necessária pelo Conselho
de Representantes de Escolas, direção regional ou 1/3 dos sócios da subsede ou Regional.
Emenda Aditiva
149
acrescentar ao Art. 15: Durante as lutas e grandes mobilizações a Assembleia Regional deve
ser aberta à participação, com direito a voz e voto, da comunidade escolar participante da luta.
150 Art. 16 – Emenda aditiva/substutiva: A Assembleia Geral é a Assembleia de todos os sócios
contribuintes da entidade“APEOESP – Sindicato Estadual”:
Por: A Assembleia Geral é a Assembleia de todos os sócios contribuintes da entidade“APEOESP
– Sindicato Estadual”. Durante processos de luta e grande mobilizações, aberta à participação da
comunidade escolar com direito a voz e voto.

Caderno de Teses 201


TESE 13 Emenda aditiva/substutiva § 1º: Compete à Assembleia Geral decidir soberanamente sobre
151
todos os assuntos que dizem respeito à entidade desde que não contrariem este Estatuto e as
deliberações dos Congressos Estaduais.
Por: Compete à Assembleia Geral decidir soberanamente sobre todos os assuntos que dizem
respeito à entidade.
152 Emenda/supressiva aditiva: da letra “a” do § 3º - As AGOs serão convocadas: a) para deliberar
sobre a campanha salarial;
Por: a) A 1ª AGO será convocada até a primeira quinzena de março, após as reuniões de REs
e CER.
153 Art. 21 – Emenda aditiva/supressiva: As Assembléias só poderão manifestar-se sobre os pontos
de pauta, salvo a decisão da maioria absoluta dos associados presentes e nos casos que não
contrariem expressamente este Estatuto.
Por: após sua abertura a assembleia aprovará a pauta.
154 Art. 22 – emenda aditiva : O Conselho Estadual de Representantes é a reunião dos
representantes de Subsedes/Regionais e a Diretoria.
Por: O Conselho Estadual de Representantes é a reunião dos representantes de Subsedes/
Regionais e a Diretoria. Aberta à participação de professores de base apenas com direito à voz.
155 Emenda supressiva: supressaão das letras “E”, “F”, “L”e “M”
156 Art. 23 emenda aditiva/supressiva: - O Congresso Estadual (Sindical) é a instância máxima
de deliberação da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” e será realizado a cada 3 (três ) anos,
obedecendo a seguinte ordem: Congresso Sindical, Eleições
Por: O Congresso Estadual (Sindical) é a instância máxima de deliberação da entidade
“APEOESP – Sindicato Estadual” desde sua realização até a seguinte Assembléia Estadual, à qual
será submetida as decisões congressuais.
157 Art. 26 – Emenda aditiva/supressiva - A Diretoria Estadual Colegiada será composta pelo
critério da proporcionalidade,de acordo com os votos obtidos por cada chapa na eleição, atendidas
as seguintes condições...
Por: A Diretoria Estadual Colegiada será composta pelo critério da proporcionalidade direta e
qualificada

Assina: Liga Proletária Revolucionária

202 Caderno de Teses


TESE 14
TESE 14
Coletivo Apeoesp na escola e na luta

NAS LUTAS DA ESCOLA PÚBLICA PELO SOCIALISMO

“Contra as ideias de força a força das ideias socialistas” Florestan Fernandes

Apresentação
1 Somos o coletivo Apeoesp na Escola e na Luta. A escolha do nome do nosso coletivo não é ao
acaso, ela revela uma concepção de militância sindical e educacional.
2 Somos antes de tudo defensores da escola pública. A universalização do direito à educação
pública de qualidade é uma das condições indispensáveis para existência de uma sociedade
igualitária, livre de opressões, socialista – direito que somente se efetivará como conquista dos de
baixo, não como uma concessão das classes dominantes. É preciso combatividade para avançar
na luta social.
3 Discordamos da visão que encara a escola pública apenas como um aparelho ideológico do
Estado burguês, onde o que caberia ao professor militante é fazer a denúncia do sistema e angariar
novos militantes para a causa socialista. Nessa concepção, a ação militante volta-se mais para fora
da escola e menos para vivência escolar; a prática militante fica dissociada da prática pedagógica.
4 A escola é para nós um campo de disputa. Se é verdade que a escola opera a partir de
determinações desse Estado que aí está, é verdade também que ela é um espaço que permite a
socialização dos meios intelectuais de compreensão crítica da realidade, de formação e exercício
do intelecto, autônomo e libertário do senso-comum.
5 O desafio consiste em encontrar as mediações em que as lutas anticapitalistas, as mais gerais,
se encontrem com as escolares, as mais específicas, no reconhecimento do que a escola pública
carrega de perspectivas emancipatórias e também ao reconhecer seus limites.
6 Não restringimos, portanto, a luta em defesa da educação e por igualdade social aos
espaços sindicais e às manifestações de rua. Lutamos também, e antes de tudo, no dia-a-dia
da escola. Somos professores porque somos lutadores. Por isto defendemos uma Apeoesp na
Escola e na Luta.

I. Conjuntura Internacional

O capitalismo domina o mundo


7 As formas de produção e de distribuição de riqueza no planeta são hoje, salvo raras ilhas de
exceção, determinadas pelo lucro e pela divisão social entre proprietários e trabalhadores. A corrida
por maiores taxas de lucro transforma o mundo constantemente. Não obstante, deixa intocado o
que é mais elementar ao capitalismo: a exploração do homem pelo homem e do capital sobre o
trabalho.
8 Enquanto uma parcela diminuta da população mundial tem acesso ao consumo de mercadorias
e de serviços tão sofisticados quanto supérfluos, a maior parte da humanidade, os trabalhadores,
não tem garantido nem o necessário, vê seus direitos mais básicos regredirem e faz da vida uma
luta cotidiana pela sobrevivência. Nunca houve na história tanta riqueza e tanta desigualdade.

Caderno de Teses 203


TESE 14
O neoliberalismo
9 O neoliberalismo é a roupagem mais recente do capitalismo. Seu princípio é a suposta
racionalidade auto-reguladora do mercado, consistindo, grosso modo, em abertura comercial,
privatizações, terceirizações, ajuste fiscal para o pagamento de juros da dívida, controle da inflação,
redução de impostos para o capital e de direitos para os trabalhadores e especulação financeira em
escala global.
10 As reformas neoliberais modificaram profundamente os Estados Nacionais, que perderam
atribuições e capacidade de planejamento. O ideal perseguido é o do Estado Mínimo: mínimo
naquilo que é direito e proteção social, mas continua como um poderoso instrumento dos interesses
do capital, arbitrando e intercedendo em sua defesa.
11 O ajuste fiscal, o superávit primário e o pagamento de juros e serviços da dívida tornaram-se
sagrados, a chamada lição de casa. Garantem a remuneração dos credores, ao mesmo tempo em
que congelam os investimentos e os gastos sociais. Isso, somado às privatizações e à transformação
de direitos em serviços, gerou ainda mais pobreza e desigualdade.
12 O neoliberalismo gerou uma profunda regressão democrática em que os direitos sociais são
convertidos em serviços e cidadãos em consumidores. O Estado não garante direito – e, portanto,
também não gasta recursos necessários para garanti-los.
13 A pressão pela abertura total das relações comerciais ameaça aprofundar as diferenças entre
os países. Enquanto os de capitalismo mais desenvolvido terão competitividade suficiente para
exportar serviços e mercadorias de alto valor agregado, os países da periferia se consolidarão como
vendedores de recursos naturais e de produtos agropecuários, bem como oferta de mão-de-obra
barateada. Qualquer semelhança com o antigo Pacto Colonial não é mera coincidência.
14 O programa neoliberal foi implementado desde o centro até a periferia do mundo, em maior
ou menor grau a depender da resistência encontrada. Os efeitos foram socialmente desastrosos e
desencadearam uma grave crise econômica.

Crise econômica
Como é recorrente no capitalismo, a crise veio. O ciclo de realização de lucros promovido pelo
15 neoliberalismo resultou numa crise econômica de grandes proporções e cujo desfecho, a despeito
do que dizem a mídia e os grandes partido no Brasil, ainda não se deu.
16 Para salvar o capitalismo dos capitalistas os governantes e os organismos internacionais tiveram
de abrir mão do princípio liberal de que a economia é capaz de se auto-regular. Governos ao redor
do globo socorreram com dezenas de trilhões de dólares os bancos, montadoras e inúmeros outros
conglomerados econômicos.
Entretanto, essa maximização do Estado ocorreu apenas para socorrer o capital. Para os
17
trabalhadores o Estado continuou mínimo, ou o que é pior, está se reduzindo. Tomemos o exemplo
da Grécia, onde, mas não apenas lá, a crise prossegue forte. O governo local e a União Europeia
querem transferir para os trabalhadores gregos toda a conta, com redução de salários e reformas
para retirar direitos. O grande capital quer fazer da Grécia um laboratório de socialização das perdas.
A resistência do povo grego é paradigmática para toda a classe trabalhadora mundial.
18 Certo é que a crise não é apenas financeira, apesar de ter se desencadeado a partir da esfera
especulativa. Estamos em meio a uma crise ambiental, energética, social, política, enfim, uma crise
civilizatória, desse modelo de civilização, do sistema capitalista.
19 Ainda que os efeitos mais evidentes da crise tenham arrefecido, as sua causas mais profundas
continuam existir. Os ajustes ocorridos foram suficientes para abaixar a febre, mas não para curar
a doença.

A crise ambiental
20 A irracionalidade do capital, além de perpetuar a profunda desigualdade social, está promovendo
a poluição do planeta, alterando o seu equilíbrio ambiental e esgotando os recursos naturais

204 Caderno de Teses


TESE 14
fundamentais para sobrevivência de várias espécies, inclusive a humana.
21 A situação é de tamanha gravidade que a burguesia mundial não consegue mais negar a
existência do problema. Isso tem dado força aos discursos de sustentabilidade ambiental. Uma
panaceia, uma espécie de “Emplastro Brás Cubas” para todos os males da humanidade.
22 Não há sustentabilidade ambiental possível num sistema baseado na crescente produção de
mercadorias e na busca do lucro como princípio, meio e fim da humanidade. Esse ambientalismo
serve, na melhor das hipóteses, para minorar os efeitos mais danosos de um capitalismo hiper-
predatório, e na pior delas, para escamotear a questão de fundo: o capitalismo é necessariamente
destruidor da natureza. Não é a toa existir entre os chamados “verdes” desde pessoas inocentemente
bem intencionadas até os mais charlatões da política.
23 A questão ambiental somente pode se solucionar com a mudança do sistema. Mais do que
isso, a viabilidade de uma nova ordem, igualitária, dependerá estruturalmente da invenção de um
novo padrão civilizatório em que a relação da humanidade com a natureza seja distinta da que o
capitalismo engendrou.
Ademais, a escassez dos recursos naturais está abrindo o cenário para o crescimento das
24 disputas geopolíticas e dos conflitos armados, recrudescendo o imperialismo das grandes potências.

O imperialismo
25 Apesar da crise econômica e da competição com a China (que adota o capitalismo de partido
único) ainda cabe à burguesia estadunidense o papel de liderança das forças do capital. Ela tem a
seu favor uma economia nacional ainda incomparável e uma poderosíssima arma – o governo dos
EUA.
26 Desde o fim da URSS, os EUA tornaram-se a maior potência mundial de forma incontrastável
e fizeram avançar o seu domínio imperialista pelo mundo numa escala sem precedentes. Para
garantir a sua liderança, lançam mão das instituições e organismos internacionais sob o seu controle
ou forte influência – ONU, OMC, Banco Mundial, FMI etc. Tudo aquilo que não resolvam por meio
da diplomacia, dos acordos comerciais ou da pressão financeira, é solucionado por meio do seu
gigantesco arsenal militar.
O imperialismo estadunidense ganhou impulso com a eleição de Bush e o 11 de setembro
27 serviu de pretexto para uma nova fase de ação militar. Iniciaram uma cruzada de suposto combate
ao terrorismo e de defesa da democracia. A eleição de Obama encheu de esperança, e de ilusão,
muitos ao redor do globo. Obama manteve a política imperialista. Após terem cumprido a função de
tornar o Iraque uma espécie de protetorado dos EUA, as tropas estão sendo retiradas, ou melhor,
deslocadas mais à leste, onde a guerra no Afeganistão se intensifica.
28 O apoio integral ao massacre promovido por Israel, seu aliado estratégico na região, contra
os palestinos foi mantido. Além disso, seguem ameaçando atacar aqueles que não se curvam aos
seus ditames, como o Irã. A mentira da luta pela liberdade e democracia continua a ser usada para
a ocupação militar de posições geopoliticamente estratégicas, ricas em petróleo e outros recursos
naturais.
Na América, os EUA mantêm tropas na Colômbia a pretexto de combater a produção de
29 drogas (que têm como principal mercado os próprios EUA) e ameaçam ampliar sua intervenção na
Amazônia, de grande riqueza natural e de enorme biodiversidade.
Em Honduras houve um golpe que contou com a participação do governo estadunidense e a
30
postura de Obama foi decisiva para que o golpe se consolidasse. Além disso, as diversas ações
militares dos EUA levaram o país à “terceirizar” as intervenções, como no caso do Haiti, onde o
Brasil, infelizmente, mantém tropas de ocupação numa suposta missão de paz que, na verdade,
mira uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.

Na América Latina
31 A América Latina tem sido na última década o palco do mais interessante e conseqüente
movimento desta resistência ao neoliberalismo. As políticas neoliberais implementadas pelos

Caderno de Teses 205


TESE 14
governos do continente, sobretudo nos anos 90, criaram um grande ambiente de insatisfação
popular girando os processos políticos e eleitorais dos países para a esquerda.
32 A eleição de Chavez e o chamado bolivarianismo iniciaram uma mudança no equilíbrio geopolítico
do continente, fortalecendo a luta antiimperialista. Isto levou o governo venezuelano a um confronto
direto com a elite local, com os EUA e com o governo lacaio da Colômbia.
33 A Venezuela passa por transformações que muito se assemelham ao programa democrático
e popular proposto, não muito tempo atrás, pela esquerda e pelo movimento social brasileiros. O
processo em curso no país serve de referência para a esquerda e para os movimentos populares
do continente e do planeta, não somente pelas ações e discursos do seu governo, que fala em
“Socialismo do Século XXI”, como também, e especialmente, pela força do povo organizado que
faz o processo avançar. Seu desfecho é ainda incerto e não ocorre sem contradições. Contudo, o
seu sentido é claro: avança na construção de uma contra-hegemonia às forças do imperialismo, do
neoliberalismo e do capitalismo, podendo se transformar em construção do socialismo.
34 Situação bastante semelhante vive a Bolívia. A força do radical movimento social boliviano, em
particular o indígena, elegeu Evo Morales à presidência, sustentando e exigindo a implementação
de um programa de reformas populares e de defesa da soberania nacional frente aos interesses
do capital internacional que sangravam a Bolívia desde há muito tempo. O governo não se rendeu
à lógica de uma governabilidade sem conflitos. Enfrentou empresas estrangeiras, dentre elas a
Petrobrás, defendeu uma constituinte que avançou nas conquistas populares e conseguiu uma
expressiva reeleição a despeito das elites regionais golpistas.
O movimento popular no Equador e a eleição de Correa à presidência reforçaram este processo
35
no continente. O caso equatoriano é emblemático devido, sobretudo, à auditoria da dívida pública
que ocorre no país. O Equador, um país pequeno, tem demonstrado que é possível enfrentar o
capital especulativo quando o compromisso com o povo é maior.
36 Não nos esqueçamos ainda a longa e heroica Revolução Cubana, mesmo após tantas
sabotagens e embargos. Merece destaque a recente autocrítica de Fidel em relação à perseguição
aos homossexuais. Isso mostra que o processo revolucionário cubano ainda tem energias vivas
e nos alerta para os erros que a esquerda pode cometer em nome da igualdade. De todo modo,
Cuba, apesar de não estar livre de contradições, segue como exemplo vivo de que é possível viver
sem se curvar aos EUA e de que o capitalismo não é a única alternativa.

A resistência dos povos


O avanço do neoliberalismo e do imperialismo agravou a situação dos trabalhadores e afetaram
37
as suas forças para resistir. A luta hoje acontece em condições mais difíceis do que outrora. O
desemprego e o subemprego atingiram em cheio o mais tradicional meio de luta da classe
trabalhadora, o movimento sindical. Soma-se a isto o fato de que, desde o fim da Guerra Fria, a
esquerda mundial ainda não conseguiu emergir completamente da crise para reorganizar um novo
projeto socialista de superação da ordem vigente.
38 Ademais, não foram poucos os socialistas que trocaram de lado e aderiram ao ideário do
neoliberalismo. Uma adesão particularmente perversa quando essa parcela egressa da esquerda e
da luta dos trabalhadores ainda se apresenta como se fosse de esquerda, mesmo defendendo todo
o receituário neoliberal. O resultado é a confusão nas trincheiras da resistência e o fortalecimento
das forças conservadoras do capital.
39 Seja como for, a resistência persiste e, após um momento de baixa nos anos 90, vem crescendo
paulatinamente. Os processos na América Latina estão abrindo o caminho. Greves e grandes
manifestações de rua contra as reformas não deixaram de ocorrer nos países centrais, sobretudo
na Europa, na realidade, ganharam impulso com as consequências da crise. O capitalismo não
se dá sem resistência dos povos e das classes oprimidas. A história não chegou a seu fim e a luta
contra a ordem vigente e pela construção de outra ordem, sem exploração e desigualdade, portanto
socialista, segue viva. Ou o socialismo, ou a barbárie.

206 Caderno de Teses


TESE 14
II. Conjuntura Nacional
40 Estamos num momento de alta popularidade do governo federal, que provavelmente resultará
na eleição de Dilma. Essa popularidade está baseada na melhora de índices sociais e econômicos
e na liderança carismática de Lula. A melhora nos índices, entretanto, não é parte de um processo
de transformação estrutural do país. Ao contrário, é derivada de um conjunto de ajustes e de
concessões que visa, sobretudo, a preservação da essência do neoliberalismo herdado dos tucanos.
Esses ajustes e concessões foram fundamentais para a manutenção das estruturas de uma ordem
desigual e injusta. Era preciso que as coisas mudassem um pouco para que permanecessem como
são. Mais um governo de neoliberalismo puro como o de FCH criaria muita instabilidade política e
social e poderia colocar em risco a continuidade do modelo.
41 As mudanças havidas, portanto, não alteraram o cerne do governo FCH - a política econômica
baseada nos juros altos, no ajuste fiscal, ou seja, no contingenciamento de recursos para as áreas
sociais, e no superávit primário para o pagamento de juros da dívida. A permanência do banqueiro
Henrique Meireles na presidência do Banco Central durante os oito anos de governo teve a finalidade
de garantir o cumprimento dessa política.
42 O que melhor revela a manutenção do modelo conservador no Brasil é o orçamento federal.
Vejamos o orçamento executado em 2009. O refinanciamento da dívida consumiu 19,67% dos
recursos e ao pagamento de juros e amortizações foram destinados 28,57%! Em contrapartida,
educação e saúde somadas ficaram com somente 6,01%. Por ano, mais 200 bilhões de reais,
quase vinte vezes mais do que a Bolsa-Família, vão para o bolso dos credores da dívida. É a Bolsa-
Banqueiro, o maior programa de transferência de renda existente.
43 E a dívida não para de crescer. A externa (que não foi paga, ao contrário do que dizem alguns
mentirosos) chegou a US$ 282 bilhões em dezembro de 2009. A externa ultrapassou a marca dos
R$ 2 trilhões! O orçamento explicita de forma inequívoca que o compromisso primeiro e maior do
governo é com a rentabilidade do grande capital.
44 A dívida pública, a despeito do silêncio da grande mídia e dos grandes partidos, à esquerda e à
direita, segue sendo a questão mais importante do Estado brasileiro. Não bastasse a obscenidade
de se gastar quase metade do orçamento com a dívida, sobretudo com juros, a dívida pública
brasileira não apenas é ilegítima, como boa parte dela é ilegal. A CPI da dívida realizada entre
2009 e 2010 já apontou para isso. É preciso haver uma auditoria para verificar contrato a contrato e
cancelar o pagamento do que é ilegal e do que já foi pago. A auditoria também abriria espaço para
o debate público sobre a ilegitimidade do pagamento da dívida e sobre a sua suspensão.
45 Outro aspecto absolutamente injusto do orçamento brasileiro é a tributação. A maior parte da
carga tributária incide sobre a classe trabalhadora na forma de impostos indiretos. O governo não
reverte essa situação e a taxação das grandes fortunas, por exemplo, é rechaçada pela candidata
governista. E o que é pior, quando autoridades governamentais falam sobre a reforma tributária a
sinalização é de desoneração do capital e não dos trabalhadores. É necessária a realização de uma
reforma tributária que desonere os mais pobres e taxe os mais ricos, estabelecendo, entre outras
coisas, o imposto sobre as grandes fortunas.
46 Não só a condução da política macroeconômica foi preservada, mas também o seu correlato,
as reformas, que seguem os mesmos objetivos que vimos na década passada: enxugar o Estado,
retirar direitos do trabalhador e privilegiar os interesses do capital. A Reforma da Previdência de
2003 foi aprovada seguindo os passos e os mesmos argumentos da anterior, repetindo a mentira do
déficit da Previdência, quando sabemos que o Sistema de Seguridade na qual a Previdência está
inserida é superavitário. Figuras ligadas ao governo indicam que uma terceira reforma está por vir
e que uma reforma trabalhista para flexibilizar direitos não foi descartada.
47 Ainda que não tenham acontecido privatizações como no governo tucano, nenhuma delas
foi revertida, nem mesmo a escandalosa privatização da Vale do Rio Doce. Além disso, outras
modalidades de transferência de recursos e patrimônios públicos ocorrem com as Parcerias
Público-privado (PPP), as organizações sociais (OS) e as organizações sociais de interesse
público (OSCIPs) - instituições privadas que atuam na gestão e gerência dos serviços públicos - as
concessões e os leilões, como os dos campos de petróleo. Para não falar do que ocorreu na fase
mais aguda da crise econômica, quando o governo destinou bilhões para salvar grandes empresas.

Caderno de Teses 207


TESE 14
48 Enquanto isso, as reformas de interesse popular não acontecem. A reforma agrária não andou e
a concentração fundiária segue inalterada. Segundo o próprio Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST), “assim como a política econômica do governo Lula, a política de Reforma Agrária
nada tem de original e repete os mesmos passos do governo Fernando Henrique Cardoso: inflaciona
números; contabiliza a reposição de lotes em assentamentos antigos como novos assentamentos e
assentamentos precários no norte do país em terras públicas, preservando os grileiros da região”.
Para pressionar o governo a realizar a reforma agrária participamos do plebiscito pelo limite da
propriedade rural.
A reforma agrária não ocorre porque o agronegócio é parte constitutiva do atual bloco de poder.
49
As íntimas relações do agronegócio com o governo não somente impedem a reforma agrária como
fazem avançar uma política antiambientalista. O novo código florestal apresentado pelo governista
Aldo Rebelo é a licença para desmatar. A produção de biocombustíveis, que vem revestida de um
discurso antipoluidor, tem menos a ver com a mudança da matriz energética e mais com a realização
de lucros para os usineiros, heróis nacionais de acordo com o presidente. O agronegócio perpetua
uma gama de mazelas – a insegurança alimentar devido ao seu caráter exportador, a concentração
fundiária, a desigualdade social, a superexploração do trabalho, a destruição ambiental, etc.
50 Ao se tratar da questão energética o debate sobre o Pré-sal é fundamental. Há dois aspectos
mais relevantes. O primeiro é o da pertinência de manter o modelo energético baseado no petróleo.
O segundo, é sobre o controle desses recursos. O governo brasileiro optou por um modelo que faz
muitas concessões ao capital privado. Defendemos que o Pré-sal seja 100% estatal.
51 A forma de governabilidade também não mudou. Continua imperando o fisiologismo no
congresso, na composição do governo e nas alianças eleitorais. Velhas e novas oligarquias estão
com o governo, como os Sarney no Maranhão e Renan e Collor em Alagoas. O vale-tudo eleitoral
chega ao ponto de vermos na mesma coligação parlamentares do PT com figuras como o palhaço
Tiririca.
52 Outro elemento que evidencia o compromisso do governo com as elites é o financiamento
eleitoral. Os banqueiros, os empreiteiros, o agronegócio, os industriais, enfim, o bloco de poder
doa milhões para as campanhas dos grandes partidos. Essa doação é na realidade uma compra,
ela garante que as políticas do eleito serão destinadas prioritariamente para a classe social que
financiou a sua eleição. Isso pode ocorrer dentro da lei, como na priorização do pagamento da
dívida, ou na ilegalidade, com o favorecimento das doadoras nos contratos com o governo. Uma
reforma política que estabeleça o financiamento público de campanha poderia diminuir parte da
corrupção, a que é advinda do financiamento privado.
53 Não é surpreendente neste contexto social, portanto, que a violência tenha ganhado contornos
tão dramáticos com milhares de jovens sendo atraídos para a criminalidade por falta de outras
perspectivas. O aumento da criminalidade serve de pretexto para governantes adotarem políticas
de criminalização da pobreza e dos movimentos sociais. Há um extermínio da juventude, sobretudo
negra, promovida pelo Estado. Essa política repressora está ligada à abertura de espaços urbanos
para a especulação imobiliária.
54 A realização da Copa e das Olimpíadas faz parte desse processo. A título de urbanizar os
grandes centros a população mais pobre vai sofrer com a desapropriação forçada e o crescimento
da violência policial para a segurança dos turistas. Ademais, as grandes empreiteiras, outro setor
integrante do atual bloco de poder, vão faturar alto, legal, ou ilegalmente.
55 Na política externa, área em que os avanços em relação ao governo tucano são mais notórios,
também há problemas. A intervenção no Haiti, já mencionada anteriormente, é um exemplo.
Outro caso é o objetivo da diplomacia brasileira nas negociações comerciais – exigir o fim dos
subsídios agrícolas da Europa e dos EUA em troca de abrir de vez nossas fronteiras para produtos
industrializados e serviços. Se é lucrativo para o agronegócio brasileiro, é péssimo para outros
setores; será a volta ao pacto colonial.
56 Por fim, a característica mais marcante do governo é gastar pouco com os mais pobres fazendo
parecer que é muito enquanto gasta muito com os mais ricos fazendo parecer que não é nada. Ainda
que a situação dos mais pobres tenha melhorado, como os ganhos dos mais ricos aumentaram
proporcionalmente mais, a desigualdade não diminui. Programas de transferência de renda, como a

208 Caderno de Teses


TESE 14
Bolsa-Família, importantes para combater a urgência da fome e reduzir os níveis de
miserabilidade, ficam descolados de um processo estrutural de redução da desigualdade, que
efetivasse as reformas agrária e urbana, por exemplo. O Brasil segue sendo um país profundamente
injusto e desigual. Mantido o atual modelo isso seguirá perpetuamente.
57 Lutar contra esse modelo deve ser tarefa de todas as entidades dos trabalhadores e de todos
aqueles que acreditam que uma sociedade justa e igualitária, sem a exploração do homem pelo
homem, é possível.

III. Conjuntura Estadual


58 O Estado de São Paulo tem sido governado pelo mesmo partido há quatro mandatos. Desde
os anos noventa o PSDB tem sido hegemônico no governo paulista e seguido à risca o receituário
da política neoliberal. São Paulo viu a dívida pública crescer exponencialmente concatenada com
as privatizações, concessões e parcerias com organizações não governamentais. Enquanto isso, o
cenário no campo das políticas sociais tornou-se cada vez mais alarmante. A Educação e a Saúde
em nosso Estado passam por grandes dificuldades e todos os indícios da crise apontam no seu
recrudescimento. A lógica do lucro ao capital prevalece no campo e na cidade, disputando terras e
expulsando a população dos espaços de direito econômico e social.
59 O acordo firmado entre a União e o Estado de São Paulo, no ano de 1997, transferiu 50,3
bilhões de reais, referentes à dívida a época, para o Tesouro Nacional e o enquadramento do Estado
de São Paulo no Programa Nacional de Desestatização, que terminou por transferir à iniciativa
privada setores estratégicos de planejamento e execução de programas de incentivo e fomento ao
desenvolvimento socioeconômico do Estado. À época argumentavam as partes acordantes que a
finalidade era o saneamento das finanças públicas e o retorno da capacidade de investimento do
Estado.
60 No entanto, passado mais de dez anos e não se atingiu nenhum dos objetivos. Quanto às
finanças públicas se constatou piora significativa. O volume da dívida elevou-se consideravelmente
e atualmente encontra-se no patamar de R$ 170 bilhões. O governo paulista gasta mais de R$ 9
bilhões com a dívida, o que compromete os investimentos nas áreas sociais. Esse valor é três vezes
maior do que o destinado para o ensino médio e 20 vezes maior que o investimento em assistência
social.O debate da dívida pública engloba a reivindicação de auditoria ampla e a investigação do
acordo que transferiu a dívida estadual à União. Ligada a federalização da dívida pública estão as
privatizações e as concessões em nosso Estado, ambas datadas do ano de 1997.
61 As privatizações não param. Serra vendeu o último banco estatal, a Nossa Caixa para fazer
caixa. E concessões de praças de pedágio crescem feito erva daninha. Em 1997, havia 40 praças
de pedágios estaduais, todas sob gestão estatal. Em 1998 houve a concessão para a iniciativa
privada e lá pra cá as concessões só aumentam. Em 2007 o Governo Serra recebeu o Estado
com 143 praças de pedágio e atualmente temos 227 praças de pedágio. Há inúmeros casos de
cidades que foram cortadas e mesmo isoladas por pedágios. Trabalhadores da educação que em
decorrência da municipalização do ensino ou do processo de atribuição de aulas trabalham em
cidades separadas por pedágios sofrem com a as tarifas que oneram o seu já minguado salário.
62 A “terceirização do orçamento público” se dá em todas as áreas de funcionamento do Estado.
Um caso especial é o que tem ocorrido na Saúde, com as Organizações Sociais de Saúde (OSS),
invenção tucana para destinar a gerência de hospitais públicos a grupos privados sem nenhum
controle ou regras. Todos os trabalhadores das OSs são terceirizados, portanto não têm nenhum
tipo de estabilidade. É esse o instrumental utilizado pelos administradores das OSs para fazer com
que sejam cumpridas as metas estabelecidas nos contratos de gestão. Assim, o menor número de
trabalhadores possível deve produzir o máximo possível, lógica comum no capitalismo.
63 O aprofundamento das políticas neoliberais por parte do Estado paulista tem levado a Secretaria
da Educação a tomar uma postura pedagógica que privilegia o ensino fragmentário e individualista.
Toda mobilização realizada pelo Estado em torno da conformação do novo paradigma educacional
é acompanhada pari passo por programas gerais de avaliação. Esses mecanismos de avaliação
funcionam, na verdade, como instrumentos para controlar e medir as reformas, obtendo uma visão

Caderno de Teses 209


TESE 14
ampla do alcance das novas medidas educacionais, possibilitando elaborar estratégias para corrigir
setores que ainda resistem às adequações.
O funcionalismo público federal e estadual são os primeiros que sentem o desmonte do estado
64
e sofrem com o arrocho salarial, a falta de profissionais, flexibilização da legislação trabalhista, as
péssimas condições de trabalho e a propaganda subliminar feita pelo próprio estado e engrossada
pelo setor privado de que tudo que é público não presta, preparando o terreno para o desmonte do
setor público. A categorias do setor público tem resistido aos ataques com mobilizações, passeatas
e greves.
65 A re-estruturação produtiva neoliberal também causou grande impacto sobre as formas de
ocupação da terra no Brasil e, em especial, em São Paulo, o centro produtivo e financeiro do país.
Todo território que ainda não estava plenamente mercantilizado passou a ser incorporado à lógica
do capital. De um lado, o campo ampliou seu caráter latifundiário e monocultor, essencial para a
consolidação do modelo agro-exportador do crescimento brasileiro.
66 Em 2006, 2,3% dos proprietários detinham 63% das terras agriculturáveis, em estabelecimentos
considerados “muito grandes”, com mais de 1400 hectares cada um. Enquanto isso, os restantes
187.209 produtores rurais ficavam apenas com 37% das terras. È evidente que a concentração
persiste até os dias atuais, considerando que nos últimos três anos, não se verifica qualquer fato
que indique reversão da concentração em favor dos pobres do campo. Pelo contrário, eles apontam
para o crescimento da concentração em áreas de expansão das monoculturas. O grande beneficiário
continua a ser o latifúndio travestido de agronegócio com forte presença e associação com as
grandes companhias transnacionais.
67 Na divisão internacional da globalização neoliberal, cabe ao Brasil garantir a produção de grãos,
carne, madeira, minérios, celulose e álcool e para isso cerca de 80% do território agriculturável
do estado é destinado prioritariamente à produção agro-exportadora Na questão agrária merece
destaque a monocultura que avança substancialmente em nosso Estado, com destaque para a
cultura de cana-de-açúcar, que quase duplicou a área plantada, e do eucalipto e pinus (matérias-
primas do papel e da celulose). A expansão dos desertos verdes representa um dos maiores fatores
de pressão sobre a biodiversidade no Estado, onde a degradação ambiental tem ocorrido em uma
escala sem precedentes pelo fato de São Paulo ocupar um lugar central para o avanço da política
do governo federal de produção de agrocombustíveis (por possuir os centros de pesquisa mais
avançados e importantes, além de ser o maior produtor de etanol).
68 O outro lado dessa concentração é sentido nas cidades. Segundo dados do DIEESE, o
desemprego no mês de maio de 2010 na região metropolitana de São Paulo é de mais de 1,4
milhões de pessoas, que representam praticamente 15% da PEA (População Economicamente
Ativa), de 10,7 milhões de trabalhadores. A falta de acesso ao trabalho leva ao aumento significativo
das favelas e de periferias precariamente atendidas pelos serviços públicos, com impactos para a
degradação social e ambiental.
69
A política habitacional implementada nas cidades do estado segue na contramão de uma solução
efetiva. Temos assistido a uma intensificação de despejos e remoções de milhares de famílias de
favelas, periferias e subúrbios nas grandes cidades brasileiras. Os trabalhadores – especialmente
os mais pobres – são expulsos para regiões cada vez mais distantes dos centros, para que as áreas
urbanas com maior infra-estrutura e mais valorizadas possam abrigar novas obras e terem uma
valorização ainda maior. Trata-se de uma política de “limpeza social”, onde as zonas urbanas de
maior interesse econômico devem ficar livres dos pobres.A aliança perversa entre Estado e capital
imobiliário reproduz uma lógica excludente e repressiva de desenvolvimento urbano.
70 A exclusão social de uma grande parcela da população e a discriminação sustenta o
neoliberalismo, criando um cenário propício para a proliferação de homicídios e encarceramentos,
visando garantir os interesses das elites econômicas e sociais. O capitalismo exerce o controle
social aprisionando e matando uma parcela cada vez mais crescente da sociedade. As chances de
se tornar vítima de um crime não são iguais para todos, variam de acordo com a área de residência,
a idade, o sexo, a origem social e racial. As vítimas preferenciais dos homicídios são moradores das
periferias, jovens, pobres, com pouca escolaridade e negros, revelando a estreita relação entre as
condições de vida e a violência.

210 Caderno de Teses


TESE 14
71 O avanço das políticas neoliberais no estado de São Paulo não se deu sem a resistência dos
trabalhadores: mobilizações, ocupações e greves foram importantes instrumentos de luta, ao que
o governo respondeu com a criminalização dos movimentos sociais e da pobreza. Para o próximo
período é imprescindível desvelar as mazelas do neoliberalismo, intensificar a resistência e seguir
na construção de um projeto de transformação da ordem econômica e social. A luta de classes
definirá qual projeto será vitorioso: socialismo ou barbárie.

IV. Educacional
72 Em defesa das lutas da escola
73 É comum ouvir dizer que a educação é importante, prioritária e coisa e tal, isto já se tornou
lugar comum a ponto de escamotear o curso histórico da conquista de um direito, antes privilégio de
poucos. A educação foi concebida privilegiadamente como um processo social de escolarização de
todos os cidadãos, desde a consolidação dos Estados Nacionais dentro da ordem burguesa.
74 O Estado deve ser o garantidor dos direitos conquistados, à revelia das classes dominantes. Com
a ascensão dos movimentos populares, nos anos 80, deu-se o impulso necessário à organização
de um amplo movimento em defesa da escola pública, culminando numa vigorosa intervenção
nos debates da Constituinte, a ponto de inscrevermos na Constituição a vinculação de recursos
para a educação, movimento que teve continuidade nos debates da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), nas edições do Congresso Nacional de Educação (CONED) e do PNE
da Sociedade Civil.
75 Entretanto, se contarmos entre as nossas conquistas a recente universalização do ensino
fundamental, é preciso reconhecer que já fomos mais fortes e que, a última década foi mais de
resistências para manter os direitos conquistados do que vitórias. Se o acesso ao ensino foi
massificado, as perspectivas históricas e democráticas de que era portador foi fechado, frente ao
neoliberalismo na educação. As consequências na sala de aula nós a conhecemos no dia-a-dia:
minam as possibilidades de satisfazer as melhores condições de trabalho e ensino, desde a infra-
estrutura escolar até a proporção de alunos por professor – em cada sala de aula, mas também no
conjunto de todas as salas a que o professor se dedica.
76 Não há como afirmar que a educação seja prioridade sem o comprometimento dos fundos
públicos voltados à educação e não há prioridade se ela não se traduz em investimentos. Tampouco
há solução, programa ou receita mágicas, como querem nos fazer crer os que confundem política
educacional com peça de campanha publicitária, que não passe pelo debate e o compromisso de
todos e, em especial, dos educadores diretamente envolvidos com os quefazeres da educação. O
financiamento e a gestão democrática da educação são os meios de promover as condições para
um ensino de qualidade social.

Educação em tempos de neoliberalismo


77 Ocorre, porém, que a conjuntura é adversa. A questão é saber como a educação foi inscrita na
reforma do Estado promovida nos anos FHC, de modo a baratear o chamado “custo-Brasil”. E, por
outro lado, é urgente saber como a educação pode ser inscrita, e por quais caminhos e estratégias,
num outro projeto nacional que supere as mazelas do sistema capitalista, promovendo justiça social.
78 Os governos de FHC e Lula em consonância com o neoliberalismo, adotaram políticas públicas
que acataram as exigências de contenção de recursos impostas pelos organismos internacionais,
em detrimento da ampliação necessária dos investimentos na área educacional e da expansão do
ensino público com qualidade social.
79 Esperava-se que governo Lula, como prometido no programa de governo, ainda em 2002,
desmontasse o “cerco das impossibilidades” a que nos destinou seu antecessor. Porém, chegamos
ao fim do seu segundo mandato e o Brasil continua realizando investimentos pífios na ordem de
4,5% do PIB. Os países que decididamente apostaram na educação para avançar economicamente,
com claros benefícios sociais e culturais, chegaram a investir anualmente taxas superiores ou
correspondentes à 10% do PIB. Para sanar a dívida histórica com a educação e sairmos do atraso

Caderno de Teses 211


TESE 14
educacional em que nos encontramos é imprescindível que chegássemos ao investimento de 10%
do PIB em educação no ano de 2010; tal era a meta que estabelecia o PNE da Sociedade Civil. Mas
na prática, o governo Lula manteve a continuidade da política econômica que impede que qualquer
política social de garantia de direitos universais a todos os cidadãos tenha êxito.
A realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE) veio tardiamente, e de forma
80
duvidosa, pois acena para a sociedade como um espaço para construção da política educacional
nacional ao mesmo tempo em que o governo implementa ações que alteram profundamente a
educação, como é o caso da Reforma Universitária, do novo ENEM, da implantação do “Ensino
Médio Inovador”, do REUNE, entre outras.
81 O Documento da CONAE é incongruente, na medida em que resgata uma série de conceitos
e princípios do PNE – Proposta da Sociedade, mas não faz qualquer balanço ou análise sobre o
porque de não estarem presentes nas ações governamentais durante todos estes anos. Se por
um lado há avanços no documento ao prever investimentos de 7% do PIB para 2011, por outro
lado, somos levados a crer que isso é mais uma propaganda publicitária. Pois se durante os dois
mandatos não houve alteração dos investimentos em relação ao seu antecessor não será de um
ano para o outro que os investimentos aumentarão 3%.

Planos e projetos educacionais na lógica neoliberal


82 Preserva-se o método antidemocrático de elaboração de tais planos, que saem dos gabinetes,
sem valorizar a contribuição do movimento organizado, tampouco o que há de consolidado – quer
no próprio PNE, quer no Plano de Educação Paulista, apresentado pelo movimento à Assembleia
Legislativa. Além disso, são planos carregados de pensamento tecnocrático, deslocando o foco do
campo dos direitos para o dos índices e estatísticas. O debate é assim esvaziado, centralizando
todo poder decisório da gestão educacional e da formulação e direcionamento das políticas públicas
nos órgãos centrais, impondo um único caminho a ser trilhado, em que qualquer resistência
passa a soar como corporativismo, conservadorismo ou mesmo estupidez dos que não querem a
“modernização”.

Não à avaliação de desempenho


83 O ponto crucial desses planos são as avaliações, aparentemente, uma avaliação técnica,
isenta, mas que não conseguem aferir com justeza o que se passa no dia-a-dia da sala de aula. São
antes mecanismos de controle, de regulação do sistema, baseados em instrumentos de avaliação
em larga escala – exames nacionais ou estaduais, periódicos. O que está implícito aí é a idéia de
que o desempenho dos alunos possa sofrer melhoras pela competitividade entre as escolas ou
sistemas de ensino, quer pela divulgação dos resultados em um ranking que induziria a mudança na
atitude dos gestores, quer pela premiação, gratificação ou o que o valha para aqueles com melhor
desempenho. E, mais uma vez: qualquer um que resistir às avaliações de desempenho é um vilão,
incompetente e que tem medo de avaliação.
84 Abandonam as políticas públicas universalistas – de efetivação de direitos sociais a todos –
para adotar aquelas cuja regra é a focalização, isto é, o direcionamento de recursos e esforços
para socorrer grupos específicos, ali onde o serviço é muito “mal prestado”, sem considerar, porém,
diferenças, desigualdades e especificidades de cada escola ou sistema de ensino, nem mesmo
a diferença valor custo-aluno efetivamente gasto com a educação. Se não for garantida condição
apropriada aos “socorridos” para continuarem seus investimentos financeiros e pedagógicos, essas
ações serão ineficazes.
85 A vinculação do bônus ao desempenho dos alunos tende a afastar professores daquelas
escolas em regiões mais carentes, cujo desempenho dos alunos, como as pesquisas têm sempre
demonstrado, é inferior em provas padronizadas. Afastam também os filhos dos que tem mais
condições financeiras daquelas escolas mal colocadas no ranking. Essa política tende a aumentar a
distância entre o desempenho dos alunos e não o contrário como em tese se pretende. Os sistemas
baseados em testes são eficazes para selecionar alunos, não para melhorar o desempenho da
média dos alunos como se espera de uma política de melhoria da educação básica.

212 Caderno de Teses


TESE 14
86 Outro impacto é o redimensionamento curricular. Como o desempenho é aferido em provas
nacionais padronizadas, impõe-se um padrão abstrato do que deva ser ensinado, a despeito da
diversidade regional e cultural. Assim, a escola vai incorporando métodos que em tudo lembram os
cursinhos pré-vestibulares: um treinamento para que os alunos resolvam as provas, que em muito
se distancia do que entendemos como educação de qualidade socialmente referenciada.

Por um verdadeiro Sistema Nacional de Educação


87 Quando da aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96),
o governo FHC excluiu a referência a um “Sistema Nacional de Educação”. Optou por sistema
nacional de Avaliação, que regula os sistemas a partir da competitividade que ele mesmo promove,
mantendo a pulverização e multiplicação de sistemas estaduais e municipais sem nenhuma
articulação entre si. Ora, isso pouco tem a ver com uma política cujo princípio seja o de assegurar
o direito à educação: articular, ordenar e planejar as ações da União, Estados e municípios em
regime de colaboração, redefinindo seus papéis e atribuições, como se define o Sistema Nacional
de Educação no PNE, com a União sendo um ente co-responsável pela educação básica brasileira,
e não meramente um ente regulador.
Neste aspecto, em nada avançamos no governo Lula. O que se mantém, entretanto, é o
88
instrumento de centralização da política “regulatória”. Segundo o que consta do PDE, o repasse
de recursos fica condicionado ao cumprimento de metas, devidamente indexadas através das
avaliações de desempenho – o Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (IDEB), que
pondera os resultados do SAEB, do Prova Brasil e dos indicadores de desempenho captados pelo
censo escolar (tempo médio para a conclusão de uma série). No caso paulista, o governo Serra
toma como base a avaliação através do Saresp e do fluxo escolar.

FUNDEB
A política de ajuste fiscal prevaleceu no FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
89
da Educação Básica e de Valorização do Magistério. A União assume o papel de regulador do
sistema, meramente suplementar e emergencial para aqueles fundos estaduais que não alcançarem
os valores mínimos estabelecidos. A centralização dos recursos pelo confisco de parte das verbas
municipais e estaduais destinadas constitucionalmente à educação para a composição dos fundos
estaduais e sua “justa” distribuição por aluno matriculado em cada sistema de ensino, reduz o
custo-aluno ao mínimo disponível – e perde qualquer referência à qualidade do ensino. Tudo não
passa de uma competente estratégia para manter, ao custo mais baixo que for tolerável para as
crianças pobres, e só para elas, uma escola pobre.

Municipalização induzida
90 Para reaver seus recursos do FUNDEB, os municípios superlotam as salas de aula; os
Estados, além disso, empurram para os municípios as suas responsabilidades para com o ensino
fundamental – a municipalização foi induzida pela forma e regramento do financiamento e está
repercutindo negativamente nas condições de ensino-aprendizagem dos alunos. Mais alunos por
sala economiza recursos, poupa os governos da contratação de mais professores.
91 O ensino fundamental de 9 anos é um meio de aumentar os repasses para os municípios pelas
regras vigentes do FUNDEB. Contudo, esquece-se da especificidade da educação infantil, dessa
série inicial incluída no ensino fundamental, onde os professores, as metodologias e propósitos
pedagógicos são outros. As crianças têm dificuldades de se adaptar precocemente às novas regras.
92 Quanto ao controle social e democratização da participação das entidades nos Conselhos
do Fundeb, o avanço é parcial. A medida incide apenas nos municípios, que também têm tido
dificuldades de constituir seus conselhos; para os Estados e para a União, entretanto, o conselho
gestor é dominado pelos representantes do governo. Ademais, tais Conselhos debaterão não o
conjunto dos recursos orçamentários da educação, mas apenas aqueles inclusos no Fundeb.

Caderno de Teses 213


TESE 14
Piso Nacional da Educação - Avanços e retrocessos
93 Foi preservada no Fundeb a destinação de 60% do repasse aos municípios e aos Estados para
a folha de pagamentos. Como o aumento dos recursos é irrisório, isso pouco impacta em nossos
salários. O Piso Salarial Nacional aprovado tem avanços e retrocessos. Avança ao propor um terço
da jornada de trabalho fora da sala de aula, mas este avanço ainda não se tornou realidade. Em
relação ao piso salarial houve um rebaixamento da proposta historicamente acumulada, atualmente
o piso é de R$ 1.024,67 por quarenta horas semanais e ainda assim muitos estados não pagam este
valor, uma vez que a lei está sob judice. Não há como falar em qualidade sem diminuição da jornada
de trabalho e, consequentemente, sem a diminuição da proporção entre número de professores e
número de alunos com a contratação de novos professores. Nós reivindicamos 50% da jornada fora
da sala de aula e a referência é o piso salarial do Dieese, para 20 horas semanais, estimado em
R$ 2.011,03 – em julho de 2010.

Reforma Universitária
94 Sobre o ensino superior, onde a participação da União é direta na manutenção das Instituições
Federais de Ensino Superior (IFES), o governo abriu novas escolas e campi universitários, o que
é positivo, sem dúvida. No entanto, as medidas e sinalizações do governo acerca da Reforma
Universitária vão ao encontro dos ditames do FMI e do Banco Mundial e em confronto com o acúmulo
histórico dos movimentos sociais.
A lógica é de fortalecer o privado e enfraquecer o público, como se deduz do Programa
95 Universidade para Todos, o ProUni, que expande o ensino superior através da iniciativa privada por
meio de isenção fiscal; as parcerias Público-Privadas (PPPs) que subordinam o interesse público
das IFES à lógica do mercado; a ampliação das fundações que privatizam o espaço público criando
“feudos” privilegiados dentro das universidades. Assim, ao contrário de romper com o modelo
herdado, a reforma caminha justamente no sentido de consolidá-lo.
Por outro lado, o governo quer fazer crer que os setores organizados da sociedade são contra
96
os alunos de baixa renda, e que por isso tanto criticam o ProUni. Para nós, o argumento despolitiza
o debate. Por que o governo não revê a Lei de Mensalidades, permitindo que os inadimplentes
possam permanecer nos cursos, bem como a reavaliação da Lei de Filantropia, com normas que
obriguem as instituições privadas sem fins lucrativos a conceder bolsas? Defendemos sim o acesso
à educação para os estudantes pobres, a partir de políticas cujo centro seja o da universalização da
educação básica com qualidade e da expansão do ensino superior público.
Uma das principais estratégias de diversificação da oferta de educação superior é a educação
97
a distância que teve um crescimento exponencial no governo Lula que flexibilizou a modalidade. O
número de estudantes de graduação na modalidade educação a distância cresceu mais de 8.000 %
entre 2000 e 2007. O setor mais afetado pela modalidade é justamente o que necessitaria de uma
formação mais densa e sistemática: os professores da educação básica.
Outro programa é o REUNI (Reestruturação das Universidades Federais) que é um contrato de
98 gestão em que as universidades públicas devem dobrar a relação entre o número de professores
e o número de estudantes, alcançando a proporção vigente nas particulares, em troca recebem
incentivos financeiros. Nesse caso, o custo aluno foi fortemente reduzido, devendo alcançar a meta
de redução de 50% em 2011. O REUNI também objetiva ampliar as matrículas em mais de 50%
sobre o total de 2006. O orçamento das Federais em 2011 não será muito diferente do existente em
1995, mas o total de matrículas certamente terá sido ampliado em mais de 100%.

A tecnocracia avança na educação paulista


99 A tecnocracia é a forma como no neoliberalismo se dá a gestão da coisa pública. Ela parte
de um pressuposto – de todo duvidoso – de que a condução das políticas públicas deva estar
protegida da própria política. A política é o lugar do conflito de interesses que imprimiria uma dose
de “irracionalidade” na administração pública. O antídoto a esta contaminação política seria então
fiar-se no saber-técnico dos especialistas, que ordenariam a gestão de modo mais “racional”,
estabelecendo metas a serem atingidas e definindo os procedimentos adotados sob critérios de

214 Caderno de Teses


TESE 14
eficiência. A tecnocracia desloca a política – lugar dos interesses corporativos – para fazer valer
apenas o caráter técnico-gerencial dos programas implementados. Trocando em miúdos, a gestão
torna-se essencialmente autoritária, definida pelos especialistas: não há lugar para a democracia
quando a política foi apartada.
100 Já durante o governo Covas foi realizada uma série de reformas num primeiro ciclo tecnocrático:
mudança da grade curricular, promoção automática, municipalização, fechamento de escolas,
autoritarismo, etc – tudo decidido nos mais altos gabinetes da Praça da República, sem nenhum
debate com os professores. Depois, de pouco em pouco, veio o SARESP e a política dos bônus.
No governo Serra, uma nova rodada de medidas tecnocráticas que aprofundaram o controle sobre
as escolas e o trabalho dos professores, fazendo de 2010 um ano emblemático: a prova de seleção
de OFAs passou a vigorar, a evolução por mérito se instituiu, a adequação das escolas ao SARESP
em busca do bônus e a imposição curricular estão se consolidando, a escola de formação para os
pré-aprovados no concurso está acontecendo e o governo tratou a greve da educação de modo
profundamente autoritário. Foram mais de 16 anos no governo do estado, ao longo do qual a escola
pública assistiu e assiste uma profunda crise.
101 Os professores então são responsabilizados pela crise e o sindicato é desqualificado como
educacionalmente atrasado e exclusivamente corporativista. A democracia é vista como avessa
à qualidade e à eficiência porque politiza o que deveria ser definido tecnicamente e porque os
profissionais são considerados incapazes, desmotivados, ou ainda, mal intencionados, não
podendo realizar o seu trabalho a contento sem que haja um rígido controle de seus “superiores”.
Os professores e o sindicato devem ser silenciados.
102 Fica claro, portanto, que a tecnocracia responde a uma política e está a serviço de um projeto
bastante específico. À coisa pública é imposta a lógica de gestão privada. A produtividade é o objetivo
a ser perseguido que somente se efetiva com a adoção de padrões de controle de trabalho típicos
da empresa privada, cuja regra é a racionalização dos custos. Quando tal lógica é transposta à
coisa pública, o contingenciamento orçamentário é o princípio que rege toda a administração. Deste
modo, os investimentos em educação, assim como em todas as áreas sociais, são reduzidos para
que os recursos sejam destinados para as prioridades do capital, sobretudo o pagamento de juros
da dívida pública. Não é à toa que o orçamento de educação em São Paulo vem proporcionalmente
caindo ano a ano, mais acentuadamente no que se refere ao pagamento de pessoal.
103 É no dia-a-dia da escola em que percebemos os efeitos danosos da tecnocracia. Salas de aula
abarrotadas de alunos, professores desmotivados ou esgotados pela intensa jornada de trabalho e
os salários minguados. E uma pressão enorme para que a educação tenha resultados verificáveis
nas avaliações. Neste sentido, a instituição da meritocracia é parte constitutiva da tecnocracia.
Os supostamente melhores devem ser premiados enquanto os considerados piores punidos. A
meritocracia se baseia no individualismo e na competitividade e faz avançar esses valores na
educação. A avaliação externa torna-se o parâmetro único, os índices estatísticos são a medida
da qualidade educacional, que poderia ser mais bem chamada de eficiência, ou de produtividade
educacional. As metas estatísticas estão para as escolas assim como a taxa de lucros está para o
capital. É a partir da avaliação externa que se normatizam o trabalho docente e a formação discente.
104 A docência perde o seu sentido quando o professor é transformado num operador de
procedimentos prescritos de cima para baixo. O magistério entra na linha de produção. Sem liberdade
ao professor, o ensino é só repetição e repetição. Liberdade é criação e crítica, pressupostos
para uma educação de qualidade. A especificidade de cada comunidade escolar é absolutamente
desconsiderada e são terceirizadas as responsabilidades com o plano de aulas, planejamento dos
cursos e a condução do projeto político pedagógico da escola.
105 Parcerias com entes privados para realizar desde a formulação da política educacional até
o oferecimento de cursos aos alunos são modalidades de privatização e de favorecimento de
empresas, que se dá através da compra de material didático, por exemplo. Aulas de apoio já se
utilizam de material didático da Editora Abril que mantém muitos contratos com o governo. O passo
seguinte é o estabelecimento de entidades privadas para ministrar aulas/curso no lugar de um
professor. Área de língua estrangeira é a ponta de lança para novos “negócios educacionais”.
106 Também a formação discente converte-se em adestramento. A educação se transforma num

Caderno de Teses 215


TESE 14
processo de treinamento para a realização de um teste de múltipla escolha. A questão de fundo aqui
é o adestramento do aluno para cumprimento de tarefas e de aceitação da ordem de forma passiva
e acrítica.

As medidas tecnocráticas: a meritocracia


A evolução por mérito é um dos pilares da tecnocracia na educação paulista. Seu objetivo
107 primeiro é a contenção de gastos. Uma conta rápida: aumentar em 25% os salários de (até) 20% de
quem está na ativa necessita de menos recursos do que para reajustar os salários de todos em 5%.
O bônus funciona dentro do mesmo mecanismo. No fundo, a questão é gastar pouco parecendo
que é muito. A propaganda cumpre esse papel. Os que se adéquam às regras são premiados e
tornam-se modelos para os demais indicando que o caminho é o invidualismo e à aceitação à
ordem. O problema aqui não é o conjunto de limitadores contidos na lei do mérito. A derrubada do
limite de 20% evoluírem por ano, por exemplo, não alteraria a sua essência, ao contrário, poderia
fazer crescer a adesão do professorado a essa política.
108 O impacto da evolução por mérito tende a ser desastroso para o sentido coletivo da educação
e, em especial, para o sindicalismo educacional. O fato de os grevistas terem o desconto da greve
no mesmo dia em que os aprovados nos critérios tiveram os seus salários aumentados em 25%
é emblemático do avanço da educação tecnocrática. As reivindicações coletivas perdem força e
cresce a atração para a adequação à política do governo. Por outro lado, a política educacional do
governo federal e o discurso eleitoral do PT dão guarida para a política meritocrática.
109 O binômio IDESP-bonificação é o outro pilar tecnocrático. A busca pela meta, ou melhor, pela
premiação em dinheiro, vai transformando a escola num centro de treinamento para testes de
múltipla escolha e condicionando todo o trabalho escolar. Ao vincular o desempenho dos alunos a
ganhos financeiros para os professores, o mais simples e eficaz é abrir mão de quaisquer princípios
educativos para treinar os alunos a um determinado tipo de exame, que passa a ser a finalidade e
não o consequente resultado do processo escolar.
110 Para poder medir o desempenho dos alunos, foi necessário padronizar os tempos e conteúdos
em cada sala de aula através de um currículo. A imposição curricular é a negação da docência
porque é perda da autonomia do professor. Defendemos a existência de parâmetros e de bases
curriculares, que é muito distinto da adoção de cartilhas que prescrevem o que, como e quando
fazer. A aplicação de cartilhas dispensa o trabalho docente: desde que se faça tal e qual está
prescrito, pouco interessa a formação específica do professor ou qual professor assuma as aulas.
Sua individualidade foi suprimida, pois o que a tecnocracia exige é a padronização de tudo: do
tempo, dos conteúdos, das abordagens.
Ora, a escola de formação para os pré-aprovados é o começo do enquadramento à educação
111
tecnocrática, podendo se tornar um meio de impedir o ingresso de professores indesejáveis ao
governo. Deve-se seguir o “padrão”. A justificativa para a sua existência é absurda: preparar o
ingressante para o magistério. Para que serve então a licenciatura? A formação será apenas para
peneirar quem mais esteja adequado para o uso das cartilhas.
No mesmo sentido, a prova para os OFAs é mais uma medida de finalidade meritocrática. O
112
objetivo do governo não é a de selecionar os melhores, mas tão somente fazer a sociedade e o
próprio professorado acreditar que é isso. Tanto é assim que a prova não teve efeito eliminatório
e a partir de maio até mesmo quem não a fez pôde participar da atribuição. Isso ocorre devido
à degradação da rede estadual não atrair mais profissionais em número suficiente sequer para
completar o saldo de aulas.

Vigiar e punir
113 O controle que a tecnocracia exerce sobre o dia-a-dia da escola não se resume às prescrições
e padronizações pedagógicas, mas vão além – para que o dissenso seja também suprimido.
O estágio probatório não tem outra função senão a de coagir os recém ingressos a seguirem as
determinações da direção escolar e da SEE. É a iniciação à subserviência. A atribuição dos

216 Caderno de Teses


TESE 14
efetivos sob controle da direção vai no mesmo sentido coercitivo. O diretor ganha um instrumento
para premiar os que se adéquam e punir os indesejados num processo de transformação da direção
escolar em chefia empresarial.
114 A nova coordenação pedagógica cumpre um importante papel nessa engrenagem tecnocrática.
O coordenador não é mais o professor eleito pelos seus pares para articular o projeto pedagógico
coletivo. Ele é agora um ocupante de cargo de confiança da dupla diretor-supervisor. Sua tarefa é
organizar o cumprimento da política educacional – atingir as metas – e fiscalizar os professores. O
coordenador é uma espécie de encarregado ou capataz. Desse modo, o assédio é parte estruturante
desse modelo educacional e não um desvio autoritário desse ou daquele dirigente.
115 A limitação das faltas médicas é outra medida que visa aumentar o grau de controle sobre o
professor, sendo particularmente perversa num contexto de agravamento das doenças de trabalho
devido à longa jornada e às condições de trabalho.

Fatiamento da categoria
116 A divisão do professorado em diferentes categorias é a clássica fórmula do dividir para governar.
Além disso, a categoria “O” é a instituição do contrato precário temporário. Está em jogo aqui a
contenção orçamentária, inclusive previdenciária. Entretanto, o governo terá dificuldades em fazer
valer a duzentena num contexto de falta de professores.
117 A criação das diferentes categorias veio na esteira da aprovação da SPPrev. A SPPrev foi a
adequação do estado de SP às reformas da previdência em nível federal, consolidando a super
taxação do funcionalismo. A aposentadoria é ferozmente atacada. O achatamento dos vencimentos
dos aposentados é ainda maior, porque a eles não são concedidas as gratificações e é vedada
a competição pelo bônus e pelo mérito. O achatamento dos seus vencimentos está relacionado
também ao modelo de previdência que vem sendo implementado com as reformas de FHC e de Lula
e com as reformas estaduais. Diante de perspectivas de rendimentos tão baixos, os professores,
assim como os demais funcionários públicos, vão sendo empurrados para a previdência privada.

A crise da educação e a qualidade para nós e para eles


118 Essas reformas na educação ocorrem num contexto em que todos sabem que a situação da
educação pública no Brasil é de crise. A defesa da educação virou um lugar-comum, presente na
boca de todos.
119 Mudanças são anunciadas como a solução da crise e vêm acompanhadas por uma infinidade
de publicidade oficial e de propaganda dos meios de comunicação privados a serviço do capital.
A imprensa apoia essas medidas por que elas não alteram a composição do orçamento mantendo
intocada a rentabilidade do capital. É mudança na gestão sem mudar o financiamento. Essas
mudanças encontram espaço para avançar também por em nível federal. Há diferenças entre os
projetos, é verdade, mas a convergência entre eles é grande, sobretudo quanto aos princípios de
contenção orçamentária e de avaliação externa e mérito que estão presentes aqui e lá.
A tecnocracia não resolverá crise da educação, ao contrário, vai aprofundá-la. Nos EUA, onde
120 as políticas baseadas no mérito foram fundo, educação está em crise. Mesmo os mais ferrenhos
defensores da meritocracia recuam de suas posições originais para apontar que os problemas
estruturais não foram e não serão resolvidos por esta política, enquanto insistirem em sistemas de
avaliação. Esta é a escola das estatísticas, que visam antes a produção de índices e indícios que,
com efeito, não alcançam o chão da escola.
121 Para haver qualidade educacional é preciso primeiro resolver problemas estruturais básicos
relacionados ao salário, à carreira e às condições de trabalho. Segundo, garantir a formação
continuada e a gestão democrática.
122 As consequências do arrocho salarial são desastrosas. Para fugir do empobrecimento a grande
maioria do professorado se vê obrigada a trabalhar duplas e triplas jornadas. Isso prejudica muito a
qualidade do ensino e afeta a saúde do professor. Os baixos salários também empurram a categoria
para as premiações do governo e para o endividamento o que acaba por dificultar os momentos de

Caderno de Teses 217


TESE 14
enfrentamento coletivo como as greves. Quem deve não é livre.
123 As condições de trabalho são super precárias. A começar pelo número excessivo de alunos por
sala, o que impossibilita qualquer relação que possa ser chamada de professor aluno, o que existe
é a relação professor-classe. A redução de alunos é central para a qualidade.
124 A infraestrutura escolar é sucateada. Muitas escolas têm instalações completamente
inadequadas, gerando risco para quem ali estuda e trabalha. Laboratórios não existem. As bibliotecas
são absolutamente precárias e não há bibliotecários. Na realidade não há funcionários para muitas
funções. Recentemente centenas de escolas ficaram sem funcionários devido à mudança de critérios
de contratação precária do governo. É a precarização da precarização.
125 Não existe carreira de fato. O que o governo tem chamado de plano de carreira é a instituição da
meritocracia, excludente por natureza. É preciso que todos possam evoluir. Os concursos públicos
contratam muito menos do que é necessário e mantêm critérios excludentes, acrescidos agora da
escola de formação.
Nesse contexto, não é surpresa que haja falta de professores para completar o saldo de aulas e
126
que a evasão de profissionais esteja crescendo. Os colegas que se exoneraram recentemente não
foram poucos. O magistério não é uma profissão atrativa, ou ainda, é atrativa apenas para quem
obteve uma precária formação em nível superior e não têm outra possibilidade de emprego.
A formação continuada não existe. Não há momento de formação coletiva e os cursos e
127
atividades organizada pelo governo têm se resumido ao treinamento para alcançar as metas. O dia
SARESP em agosto foi isso. Não há espaço para debate e dissenso.
A composição da jornada é danosa. Não há tempo para o debate coletivo e nem para a
128
preparação de aulas. A adequação à jornada da lei do piso seria um primeiro passo, mas nem isso
ocorre.

Qualidade social da educação


129 Será necessário reverter os avanços das políticas neoliberais na educação. Isto significa, em
primeiro lugar, ampliar os recursos para a educação para o correspondente a 10% do PIB – meta
que entra em contradição com as atuais prioridades de governo, a saber, o pagamento da dívida
pública. A auditoria da dívida pública, tanto a federal quanto a estadual, é estratégica para partirmos
de novos patamares na discussão sobre o financiamento da educação.
130 Em segundo lugar, é necessário um plano de carreira e de salários compatíveis com a função
docente. Além de aumento dos níveis salariais para todos, uma jornada de trabalho em que esteja
previsto todo o trabalho pedagógico extra sala de aula. Para cada aula com os alunos, uma hora
de trabalho pedagógico fora da sala de aula, para que seja possível o tempo para a formação
continuada em serviço, na escola.
131 Em terceiro lugar, é preciso reverter o conjunto de medidas e dispositivos legais aprovados pelo
governo Serra no último período que fazem valer a meritocracia na educação, a saber:
132 A primeira lei aprovada (LC nº1093/09) institui o “processo seletivo simplificado” para a admissão
em caráter temporário, ou seja, institui as famigeradas provinhas para os professores ACTs e
candidatos à admissão.
133 A segunda (LC nº1094/09, Art. 7º, §4º) altera a natureza dos concursos públicos: já não bastará
passar pela prova do concurso; após a aprovação nele, o candidato à efetivação ainda passará por
um “curso de formação de professores”, ao longo de 4 meses, ao fim dos quais será submetido a
uma nova prova, eliminatória.
134 A terceira (LC nº1097/09) institui a “valorização do mérito”, a progressão na carreira através
de mais uma prova: os professores poderão receber 25% de aumento caso estejam entre os 20%
melhor classificados na tal prova.
Em quarto lugar, é preciso e urgente que se estabeleça o número máximo de alunos por
135
professor e por sala de aula, o que aumentará a demanda por novas vagas e escolas.
136 Em quinto lugar, e não menos importante: democracia se aprende na escola. É preciso fortalecer
os conselhos de escola, ampliando a participação da comunidade escolar, com pais,

218 Caderno de Teses


TESE 14
alunos, professores e funcionários. Ademais, defendemos a eleição direta para diretores de escola,
de modo a contribuir com uma efetiva a autonomia escolar.
137 Defendemos uma educação que promova nos educandos o desejo de participar ativamente
do mundo, que se reconheçam como sujeitos da história. Educação com qualidade socialmente
referenciada é democrática, participativa e criativa – e não reprodutora de conteúdos apostilados. O
que a escola deve ensinar sobre a nossa participação neste mundo não é matéria que pudesse cair
em um exame do tipo vestibular, mas se dá na relação construída entre professores e educandos
quando juntos aprendem.

V. Sindical

APEOESP – um balanço necessário


138 Nos últimos anos a APEOESP tem organizado o professorado paulista para o enfrentamento às
políticas educacionais do governo tucano. Não foram poucas a lutas, como no combate ao PLC 26
em 2005 e nas greves de 2008 e de 2010, momentos de movimento de massa.
139 Contudo, é preciso reconhecer que essas lutas não conseguiram impedir o avanço das políticas
do governo, que classificamos de tecnocráticas. A resistência foi fundamental para minorar os
efeitos mais perversos de algumas medidas. Ganhamos algumas batalhas, é verdade, no entanto,
estamos perdendo a guerra. O momento é de avanço da tecnocracia, de aprofundamento de crise
na educação e de profunda dificuldade para o sindicalismo educacional.
O primeiro passo de um balanço é reconhecer essa derrota, o segundo é identificar as suas
140 razões. Isso pode nos colocar numa caminhada que resulte num novo ciclo de enfrentamentos.
141 Portanto, o balanço que a direção majoritária do sindicato tem expressado ao afirmar que
estamos num momento de conquistas é profundamente equivocado. Todos os professores sabem
que isso não é verdade. A direção majoritária chegou a defender que a greve de 2010 foi vitoriosa,
mesmo a greve não tendo nenhuma reivindicação atendida, e nem mesmo ocorrido a retirada das
faltas. Não se trata de adotar uma linha derrotista. A APEOESP tem de usar os exemplos de como
a resistência da categoria fez o governo mudar algumas de suas políticas. O que não é correto é
querer transformar, nos panfletos e discursos, as derrotas em vitórias. Essa postura não organiza
ninguém para os enfrentamentos futuros.
142 A greve de 2010 foi necessária. Ela mostrou mais uma vez para a sociedade que a educação
não vai bem e que os seus profissionais não concordam com as políticas governamentais. Foi
importante também para forjar novos ativistas e lideranças sindicais. Contudo, é preciso reconhecer
que não obtivemos uma vitória. Para entender tanto a greve de 2010 assim como todo o processo
de luta dos últimos anos é preciso avaliar vários fatores.
143 A força do governo paulista é grande, não somente nos aspectos coercitivos sobre o funcionalismo
público, mas também no poder ideológico que dão sustentação às suas políticas. A propaganda
política é crescente. Há uma avalanche de publicidade oficial nos meios de comunicação, em
especial sobre a educação. Além disso, a grande mídia defende a pauta educacional do governo e
cumpre o papel de desqualificar o professorado e o sindicato.
144 Sem dizer, que o discurso do mérito - de premiação dos melhores e de punição dos piores
- dialoga com o senso-comum do tempo conservador em que vivemos. Essa disputa ideológica
incide sobre os professores, muitos dos quais se graduaram em cursos cuja formação é orientada
pela ideologia conservadora.
145 O prolongado arrocho salarial e o consequente endividamento da categoria diminuem a
capacidade de resistência, sobretudo num movimento grevista. O endividamento é uma forma
de escravidão moderna. O impacto da consolidação da política de bonificação e, sobretudo, da
evolução por mérito, tende a ser desastroso para o sentido coletivo da educação e em especial,
para o sindicalismo educacional. É emblemático do avanço da educação tecnocrática o fato de os
grevistas terem tido o desconto da greve no mesmo dia em que os aprovados nos critérios tiveram
os seus salários aumentados em 25%. As reivindicações coletivas perdem força e cresce a atração

Caderno de Teses 219


TESE 14
para a adequação à política do governo.
146 Somam-se a isso, os instrumentos coercitivos: o desconto de dias parados, a não retirada das
faltas, o estágio probatório, a demissão dos categoria O, o poder da direção na atribuição de aulas,
a possibilidade de cessação da coordenação, a escola de formação.
147 A inexistência de um claro contraponto educacional em nível federal também dá margem para
o avanço da tecnocracia em São Paulo. Ainda que a política do MEC não seja exatamente igual
a dos tucanos em SP, há semelhanças entre elas, como no contingenciamento orçamentário, na
avaliação externa e no elogio ao mérito. Tanto assim que a ex-secretária Maria Helena via o plano
de metas do governo paulista e o PDE como convergentes.
148 A forma como a APEOESP é conduzida por sua direção majoritária é um elemento decisivo
para se entender o embate contra o governo. O coletivo na Escola e na Luta, no entanto, não
concorda com uma visão de as direções são a causa única de todos os males. Essa interpretação
é absolutamente reducionista e incapaz de ler a totalidade dos processos. (Quando lembramos que
nas votações de greve não houve divergências entre os que agora acusam e os acusados, essa
interpretação soa como oportunismo). Contudo, reiteramos que a responsabilidade da direção é
grande.
O grau de partidarização do sindicato é crescente. Na greve de 2010 isso foi explícito. Enquanto
149
o professorado enfrentava o governo para defender os seus direitos - num movimento político - a
direção do sindicato operava numa lógica em que o desgaste eleitoral do PSBD era o elemento
central - num movimento partidário. O que deveria ser um (desejável) efeito colateral tornou-se o
objetivo.
Há um longo processo de burocratização dos dirigentes sindicais, que ao se apartarem da
150 escola, perdem a medida do que é a realidade da comunidade escolar nos seus aspetos objetivos
e subjetivos. Além disso, passam a atuar mais em função da defesa da sua posição no sindicato
do que no enfrentamento ao governo. A finalidade desse tipo de sindicalismo, burocratizado, é a
perpetuação no aparelho sindical.
151 A APEOESP vem paulatinamente mudando a disputa de concepção educacional. O grupo
que compõe a direção majoritária participou ativamente do movimento em defesa da educação
pública nas décadas de 80 e 90. No entanto, a burocratização sindical e a transformação ideológica
promovida pelo governo federal estão sendo determinantes para essa mudança. Nos embates
contra as políticas do governo estadual tem sido recorrente a adoção de uma tática que prioriza
o enfoque nas consequências de uma ou de outra medida ao invés de a APEOESP articular um
enfretamento global ao projeto tecnocrático.
152 A formação política e educacional é praticamente inexistente, o que vai dando margem para um
sindicalismo coorporativista, incapaz de combater o projeto educacional tecnocrático absolutamente
articulado ao modelo de domínio político da nossa sociedade. Boa parte dos dirigente sindicais
não entende o processo em curso. Os congressos e conferências do sindicato poderiam cumprir
um importante papel, mas são eventos aligeirados, restritivos e avessos a qualquer debate mais
aprofundado.
153 Por fim, o momento é de imensa dificuldade para os que defendem a educação pública e
uma sociedade igualitária. Sem a mudança dos rumos da APEOESP e, principalmente, sem a
ascensão de um articulado movimento de massas na sociedade em contraposição à hegemonia
conservadora, o combate ao neoliberalismo e à tecnocracia seguirá muito adverso. Resistir, no
entanto, é necessário, na escola, nos embates sindicais, na disputa de opinião na sociedade, em
fim, em todos os espaços. É dessa resistência que nascerá um novo ciclo de lutas rumo à escola e
à sociedade que defendemos.

A reconfiguração do movimento sindical no governo Lula


154 A eleição de Lula em 2002 modificou a relação entre o movimento sindical e o governo. FHC
governou enfrentando o setor mais combativo do sindicalismo brasileiro, à época liderado pela CUT.
Hoje, a CUT assemelhasse muito à pelega Força Sindical e ambas fazem parte da base de apoio
ao governo.

220 Caderno de Teses


TESE 14
155 Desde o início dos anos noventa é possível identificar uma mudança na concepção e na prática
da CUT, que foi abandonando as reivindicações mais avançadas e os métodos mais democráticos
e autônomos de luta sindical por um movimento de aproximação com modelo sindical da Força
Sindical, que reúne os sindicatos mais burocratizados e conservadores. Essa mudança pode ser
compreendida sob dois aspectos.
156 Em primeiro lugar, a CUT perdeu autonomia em relação ao partido em que estão filiados os
seus dirigentes e se submeteu aos interesses de governo. Vários dirigentes sindicais foram para o
governo - Jacques Wagner, Ricardo Berzoini, Luiz Gushiken, Luis Marinho – num processo que ao
invés de tensionar o governo à esquerda acabou intensificando a domestificação da central.
157 Um segundo aspeto dessa mudança cutista se deve às estratégias utilizadas pelo governo para
envolver o movimento sindical com sua plataforma política. Foram criados organismos tripartites
para discutir as reformas – previdenciária, tributária, trabalhista e sindical - na tentativa de construir
consensos em torno das questões mais polêmicas e de minimizar uma eventual reação dos
trabalhadores às políticas a serem adotadas. Na verdade, o tripartismo foi uma forma de cooptação
e conciliação de classe.
158 Não é surpresa, diante disso, que a CUT e a Força Sindical, sua antiga adversária, acabaram
tornando-se parceiras no governismo. No segundo mandato do governo Lula, o Ministério do
Trabalho passou a ser ocupado pelo PDT, partido com o qual a Força Sindical se relaciona.
O cenário sindical brasileiro alterou-se significativamente durante esses dois mandatos do
159 governo Lula. Uma dessas alterações foi a proliferação de centrais sindicais. Essa nova configuração
do sindicalismo se deve, sobretudo, a dois motivos.
160 A insatisfação de uma parcela significativa do movimento sindical tanto com a política do
governo Lula de manter a essência do modelo neoliberal, tão combatido pela CUT no governo
FHC, quanto pelo o apoio da CUT a essa política. Outro fator foi a nova legislação sindical que trata
do reconhecimento oficial das centrais. A lei estabelece critérios de representação e assegura o
repasse de 10% da contribuição sindical para as centrais legalizadas.
161 Por dentro da CUT, ocorreram rupturas. Importantes sindicatos e setores combativos iniciaram
o processo de desfiliação da central para defender as bandeiras históricas da classe e os seus
princípios de independência frente a partidos, patrões e governos. Foram rupturas programáticas. A
saída da Frente de Esquerda que atuava na CUT para a organização da Intersindical é parte desse
processo.
162 Houve a criação de novas centrais como a UGT e a NCST por razões pragmáticas – a corrida
aos cofres públicos. Ainda que a criação da CTB pela CSC tenha sido influenciada pelo autoritarismo
da Artsind na direção da CUT, pesou muito a questão do recurso público, uma vez que não há
divergência de fundo entre a CTB e a CUT, sendo ambas governistas.

Intersindical - na construção de uma nova ferramenta de luta - Trabalhadoras e


trabalhadores unidos por uma sociedade socialista
163 Desde 2004, diversos setores combativos do movimento sindical decidiram construir uma
alternativa à CUT a sua descaracterização era irreversível, com a perda da democracia interna, da
independência de classe e da perspectiva socialista. Em 2005 foi realizada uma grande assembleia
de lutadores e lutadoras. Grande parte dos setores que dela participaram veio a constituir no ano
seguinte a Intersindical.
164 A Intersindical nasceu recusando a auto-proclamação e o sectarismo, ou seja, não se pretende
a dona da verdade nem o farol dos povos. Sua proposta foi a atuar no enfrentamento à retirada de
direitos conjuntamente com todo sindicalismo que não havia se rendido à conciliação de classe;
de recuperar a formação política e sindical; de organizar a luta a partir dos locais de trabalho; de
estreitar as relações com os movimentos populares. As jornadas de maio de 2007 mostraram os
avanços para um novo patamar, com manifestações massivas desde os grandes centros até os
locais de trabalho e de moradia.
Hoje chegamos a um momento decisivo. Não apenas precisamos, mas também podemos
165 fundar um organismo unitário, vigoroso e mais representativo para fazer frente ao processo de

Caderno de Teses 221


TESE 14
ataques do capital e dos governos às nossas condições de vida e trabalho que vitimam milhões de
trabalhadores e trabalhadoras.
166 Os desafios do atual momento nos mostram que é preciso combinar a ação direta nos locais
de trabalho com a luta geral da classe por meio de uma central de trabalhadores assentada na
independência de classe, autonomia das entidades de base, democracia, classismo, ação direta,
unidade, solidariedade de classe e internacionalismo. Uma central que possa unificar os sindicatos,
movimentos populares urbanos e rurais e lutadores do nosso país.
167 A Intersindical participou nesses últimos anos de debates com diversos setores do movimento
sindical e popular desse campo classista, escutando e refletindo sobre outras posições, a ponto
de mudar suas posições iniciais, como, por exemplo, a incorporação à central de movimentos
populares, não sindicais, mas de trabalhadores.
168 Entretanto, existem ainda muitas diferenças de concepções e de métodos, o que, em certa
medida, impossibilitou até o momento consolidar a construção de uma central verdadeiramente
unitária e classista. Por isso, continuaremos com nosso protagonismo de reorganizar a classe
trabalhadora, na perspectiva de superar a fragmentação e o divisionismo, fortalecer a unidade e
construir a resistência para derrotar os patrões e os governos neoliberais.
169 Nenhum direito a menos! Avançar rumo a novas conquistas!

VI. Políticas Permanentes

Gênero e políticas raciais


170 Compreender os meios em que se dá a dominação de classes exige uma análise mais ampla, que
combine as relações de exploração do trabalho pelo capital com outros elementos que aprofundam
a dominação entre sujeitos, como gênero, raça/etnia e orientação sexual. Conhecer e enfrentar
tais debates, estimulando uma prática militante que se contraponha a qualquer estrutura social
conivente com o machismo, o racismo ou a homofobia, é fundamental para nossa prática política no
sindicato, como também para nossa prática política na escola.

Gênero
171 As relações de gênero, desiguais, devem ser reconhecidas para serem desconstruídas. Entre
homens e mulheres, a relação sempre se pautou pelos papéis estabelecido cultural e socialmente. Não
são, com efeito, determinados por diferenças biológicas, que em nada justificariam comportamentos,
condutas, qualidades, responsabilidades, habilidades e direitos diferenciados. A capacidade da
mulher para gestar nova vidas não pode significar que, inata e naturalmente, ela tenha certas
qualidades que determinassem seu lugar na privacidade do lar e do cuidado com as crianças, por
oposição ao homem, que tem associado ao seu papel as idéias de força, iniciativa, independência,
responsabilidade com os assuntos públicos, com a política. É assim que as mulheres, quando
ingressam no mercado de trabalho, acumulam duas senão três jornadas de trabalho: a profissional,
antes privilégio dos homens, e a relativa ao lar, como dona-de-casa, além da maternidade.
172 Reconhecer tais papéis como formas culturais e sociais através das quais a dominação se
dá e se reproduz, sutil ou violentamente, exige uma reflexão contínua sobre práticas e condutas
que adotamos corriqueiramente, como cada um e cada uma irrefletidamente assumem tais papéis.
Exige empenho para que também as práticas e condutas possam ser transformadas, como anúncio
da sociedade que almejamos, sem nenhuma forma de exploração.

Por uma educação não sexista


A socialização de meninos e meninas, desde seu nascimento e durante toda sua escolarização,
173
reproduz os papéis previamente estabelecidos de homens e de mulheres. A organização e cotidiano
escolares, e o olhar que o(a) professor(a) tem de seus alunos, pode reproduzir as desigualdades de
gênero, com base na qual a educação de meninos e meninas se fundamenta. Por em prática

222 Caderno de Teses


TESE 14
uma educação não-sexista passa pela reconstrução de nossa própria experiência escolar, pela
percepção das formas pelas quais a escola busca moldar comportamentos, incidir naquilo que “está
fora do padrão”, reforçando formas de compreender o mundo que se baseiam na desigualdade.
174 Uma escola não-exista reconhece antes sujeitos. Alunos e alunas, professoras e professores.
Não os conhece apenas por suas características físicas, biológicas. Aposta sim no desenvolvimento
de todos como direito inalienável não impondo pontos de chegada, mas apresentando as diversas
possibilidades de caminho.

A presença feminina no magistério


175 O magistério é composto, em sua grande maioria, por mulheres. A partir da expansão da
escolarização para as camadas populares – não por acaso, no momento de proletarização e
desvalorização da categoria - é que houve a entrada massiva de mulheres como docentes da escola
pública. Baixos salários e más condições de trabalho acompanharam assim a entrada das mulheres
neste mercado de trabalho, aliado a um discurso corrente de má formação das profissionais. É
importante reconhecer ainda que nos diversos cargos de mando, a presença de mulheres se
mantém na base enquanto os homens ocupam os postos mais elevados. As relações de gênero
influenciaram e influenciam ainda hoje de modo determinante – mas não exclusivamente – para a
compreensão crítica do que vivemos em nossas escolas e em nossa categoria.

A participação política da mulher


176 Embora as mulheres sejam a maioria na categoria essa presença não se expressa nas subsedes
e na direção do sindicato. O debate acerca da participação política das mulheres ainda se coloca na
ordem do dia, com a necessidade de formação de todas as companheiras para vivenciar os espaços
de participação política e criação das condições para que possam participar de fato das entidades e
do movimento sindical. É necessário repensar os espaços de nossa entidade, que exigem de suas
participantes práticas muitas vezes vinculadas a um estereótipo de masculinidade. Contra isso, é
preciso defender no discurso e na prática que lugar de mulher é na política, estimulando e criando
condições para que as mulheres estejam na escola e na luta!
177 Produção de materiais e formação para uma educação não-sexista;
178 Divulgação da Lei Maria da Penha como instrumento de combate à violência contra a mulher.

Políticas raciais: derrotar o capitalismo e o racismo


179 No Brasil, 70% dos brasileiros que sobrevivem abaixo da linha de pobreza são negros. As
condições de vida da população negra, submetida à exploração econômica da elite racista
dominante, se reflete em desemprego, violência, ausência de direitos universais como saúde,
educação e cultura.
180 A resistência e a luta da população negra desde os navios negreiros até hoje, nas favelas,
cortiços, fábricas e escolas, servem de estímulo para a construção de outra sociedade, sem racismo
e discriminação racial, exploradores e explorados, opressores e oprimidos.

Cotas
181 As cotas são uma reivindicação do povo negro e não podem ser um fim em si mesmo.
Defendemos a política de cotas, enquanto tática, na medida em que constrói o norte estratégico da
igualdade. É um passo importante para quitar a dívida secular do estado brasileiro com os negros
e negras do Brasil.
182 Posições estreitas, como as vistas no último congresso, em que estar a favor ou contra as cotas
denunciaria o atrelamento ou não às políticas do governo federal, desvirtua o debate. Não se pode
jogar no limbo séculos de luta, que vem lá dos quilombos, priorizando a visão das organizações no

Caderno de Teses 223


TESE 14
interior da APEOESP.
Lei 10.639/03
A implementação da Lei 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História
183
e Cultura Afro-Brasileira, esbarrou na formação insuficiente para que fosse universalizada nas
escolas. A estrutura pedagógica, tanto da SEE quanto do MEC, não oferecem respostas à altura
desta nossa conquista.

O povo negro resiste


184 No último período, o movimento negro demonstra organização e garra na construção de sua
luta. O Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil (CONNEB), cujo mote foi “Construindo
um projeto político do povo negro para o Brasil”, trouxe as principais lideranças e organizações
nacionais do Movimento Negro apontando para uma ação comum, respeitadas as posições de cada
entidade, forjando um projeto para o povo negro que tenha, de fato, como protagonistas as negras
e negros de todos os cantos do país.
A partir da iniciativa de jovens negros no nordeste, que iniciaram o debate sobre a violência e
185
extermínio da população jovem negra, com o tema “Reaja ou será morta, reaja ou será morto”, o
Encontro Nacional da Juventude Negra realizou plenárias em vários Estados do Brasil. A juventude
negra paulista tem organizado plenárias em vários municípios de São Paulo, com riqueza nos
debates e propostas, também cerrando fileiras nessa luta.

186 Balanço do Coletivo Anti-Racismo “Milton Santos”


No último período, o coletivo anti-racismo pouco fez, nos limites da atuação sindical, na
perspectiva da transformação da situação da população negra. A implementação da Lei 10639/03,
que necessitava ser encampada também pela APEOESP, não teve respaldo pela direção majoritária.
Os debates limitaram-se aos dias 13 de maio e 20 de novembro.
A participação da APEOESP nas plenárias do CONNEB é ínfima. O sindicato limita-se a ceder
187 o espaço da sede central. A Secretaria de Políticas Sociais não esteve representada em nenhuma
plenária. O espaço nos Congressos é secundarizado (quando é dado), inviabilizando qualquer
formação ou debate. O material para discussão é pautado pelo calendário, não pela importância
dos temas relacionados à negritude, e raramente chega para os sócios. A discussão racial não é
pautada em seminários, simpósios, ou conferências, seja como temática central, seja incorporada a
outras de relevância para educação e sociedade.

188 Nossas Propostas:


• Promover atividades do coletivo anti-racismo nas subsedes no decorrer do ano letivo, bem
como nas datas do calendário de lutas;
• Defesa da política de cotas nas universidades;
• Participar efetivamente nas instâncias e deliberações do Movimento Negro;
• Construir maior aproximação com entidades negras e movimento hip-hop;
• Elaborar cartilha, com dados referentes à população negra, bem como trazer denúncia sobre
a violência policial que escolhe esta população como alvo.

224 Caderno de Teses


TESE 15
TESE 15
OPOSIÇÃO REVOLUCIONÁRIA

Quem somos e o que queremos.


1 A Oposição Revolucionária é uma frente programática voltada a divulgar e combater as políticas
do estado e as traições da burocracia sindical. Atuamos no interior da APEOESP defendendo a
democracia operaria a independência de classe, a luta direta, a unidade dos explorados, combate
as perseguições políticas e as discriminações.
Refutamos o papel da diretoria do nosso sindicato (Artsind) devido o seu compromisso com
2
a governabilidade e seus métodos que há anos tem nos levados a constantes derrotas com sua
política. Essa corrente usa o sindicato para servir nas eleições de seus parlamentares enquanto
sofremos no chão das escolas mais variadas formas de humilhações. Condenamos também o
centrismo e conciliação das lideranças das oposições como Alternativa, Apeoesp na escola e na luta
e outras que ajudam a articulação a combater a democracia operaria em detrimento das disputas
por cargos preferem as alianças com os cutistas governistas
3 Somos uma Oposição formada por professores independentes e organização que busca construir
um instrumento de emancipação da classe trabalhadora, o partido revolucionário. Defendemos em
primeira mão a bandeira da estabilidade e a necessidade de construir um amplo movimento com
pais e alunos na luta em defesa do emprego, da escola pública e do salário.
4 Conclamamos os congressistas que de fato querem estabelecer a derrota aos governos e sues
projetos de destruição dos serviços públicos a se somarem a nós na luta por sindicato classista. Não
disputamos cargos privilégios ou promoção em partidos eleitoreiros. Viva o socialismo!

A educação oficial segue os objetivos e metas do modelo capitalista


5 Além da ação prática, a premissa para uma atividade transformadora dos educadores é a
compreensão de que os interesses que norteiam mesmo a educação oficial, são os interesses da
classe dominante, é preciso compreender o modelo de produção reinante (base material/economia),
a conjuntura mundial deste sistema, seu estado bem como as particularidades nacionais.
6 O dominar os interesses que orientam os passos da classe dominante no poder é necessário
o estudo e a compreensão do sistema capitalista e seu estágio atual e seus aparelhos ideológicos.
Traçar o prognóstico que orientará nossas ações, transformando-as em uma educação voltada para
luta de classes. - EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADRES SERÁ UMA OBRA DOS PROPRIOS
TRABALHADORES.
7 A educação da classe trabalhadora e sua juventude é uma prerrogativa da conquista da luta
e classe não é um pressuposto do Estado capitalista. Assim, como os meus produtivos são meios
privados a instrução cientifica também o é. A burguesia sabe que os postos de trabalho encontram-
se em constante processo de eliminação (redução), em função da crise capitalista. Por isso não
interessa à burguesia a formação de mão de obra em larga escala, menos ainda, a instrução
científica geral.
8 As orientações dadas à educação pela burguesia, através do Estado, seguem as mesmas
aplicadas aos meios de comunicação, igreja, parlamento etc, são orientações e direcionamentos
que advêm da base material (propriedade privada dos meios de produção) com o intuito de manter
e reforçar a relação de exploração vigente.
9 A decadência da escola pública está ligada à crise crônica capitalista, que na era dos monopólios
aprofunda-se com maior rapidez na concentração da riqueza, alastramento da miséria, estreitamento
dos mercados e tendência da queda das taxas de lucro da burguesia. Isto obriga os capitalistas,
como temos visto mundialmente, a intensificarem a exploração, retirando direitos e conquistas dos
trabalhadores; entre essas conquistas encontram-se os Sistemas de Ensino Público.

Caderno de Teses 225


TESE 15
10 A decadência da educação se expressa através da precariedade das condições das escolas e
na degradação das condições de vida que estão submetidos os trabalhadores e seus filhos, fatores
estes que leva as crianças e jovens à apatia e à indiferença, a perderem perspectivas e abandonar
os estudos

I. Conjuntura Internacional

Superar a crise de direção. Rumo a revolução proletária


11 O regime de exploração capitalista tem por essência a propriedade privada dos meios de
produção, o que permite a apropriação privada da riqueza produzida pelo trabalho coletivo. O guia
e objetivo único da produção no capitalismo é a apropriação do lucro, da mais-valia, fazendo com
que aconteça a progressiva concentração da riqueza de um lado e aumento da miséria de outro.
A miséria produzida ao longo da história e do desenvolvimento do capitalismo atingiu dimensões
tais que há um grande abismo entre o poder de consumo das massas e o potencial de produção
existente; esses aspectos definem a crise de superprodução capitalista, a qual tem sua raiz na
contradição da produção ser coletiva e a apropriação ser privada.
12 O capitalismo foi responsável por um enorme salto qualitativo no desenvolvimento dos meios de
produção. Porém, a exploração e contradição deste sistema o levaram a esgotar sua capacidade de
ampliar as forças produtivas, encerrando sua fase de expansão e atingindo a fase imperialista (fase
última e superior do capitalismo).
A crise e decadência do capitalismo são crônicas e sem retorno, a concentração de capital e o
13 aumento da pobreza fazem do modelo de produção capitalista uma sociedade decadente. Depara-se
com a impossibilidade da aplicação de forma prática do potencial de produção já existente (recurso
tecnológico e mão-de-obra), o que caracteriza a crise de superprodução capitalista.
14 Esse regime, por um lado, faz com que tenhamos um alto grau de desenvolvimento, potencial
de produção e de outro, o alastramento da miséria, com exércitos de centenas de milhões de
famintos e miseráveis. Exército esse que aumenta cada vez mais, que não conhece e nem pode
usufruir deste desenvolvimento. Estão impossibilitados de consumir. As máquinas estão prontas
para produzir, porém com milhões de pobres que não podem comprar as mercadorias, estas tendem
a parar.
15 A necessária libertação das forças produtivas para que haja o atendimento das necessidades
humanas, principalmente, das massas do proletariado, implica em ter que ampliar a produção
em todos os ramos, duplicando-a, triplicando-a; requer a massificação do uso dos recursos
tecnológicos de última geração, que sob o modo de produção capitalista, obrigatoriamente estará
em restrição e limitado a ser aplicado apenas e somente em ilhas diminutas de consumo, destinado
ao atendimento das necessidades dos setores da burguesia. Significa dizer que, para além da luta
pelas reivindicações imediatas e conquistas pontuais, faz-se necessário que os trabalhadores lutem
por resguardá-las da ganância capitalista, lutem pela derrubada do poder da burguesia e a vitória
do proletariado sobre esta.
16 È preciso lutar para desenvolver o programa de emancipação do proletariado e as táticas para
vitória da revolução proletária com a destruição do sistema de exploração capitalista, instaurando
a produção socialista internacionalmente, garantindo sua organização e socialização através da
democracia e poder operário (ditadura do proletariado). A crise da qual é vítima o proletariado
só será barrada com a destruição do capitalismo e socialização da produção, para tal temos que
equacionar a crise de direção.
17 Enquanto parte da receita burguesa, as direções burocráticas combatem a política revolucionária,
divulgando o engodo reformista que cumpre o papel de desarmar as lutas. A burguesia esforça-se
para ocultar aos trabalhadores, a superação e decomposição do capitalismo, omitindo o caráter
crônico e sem retorno de sua crise.

226 Caderno de Teses


TESE 15
18 Pela política revolucionária! Abaixo o capitalismo! Resolver o problema da crise de direção
se resume em combater a prática e métodos burocráticos colocados no meio das lutas; construir e
desenvolver as lutas diretas dos trabalhadores, orientadas pela direção e política revolucionária no
interior dos sindicatos e das centrais sindicais, o que significa defender e implantar a democracia
operária, o programa, a política e os métodos de luta próprios da classe, o que exige a construção
do Partido Revolucionário Internacional (4ª Internacional Comunista), a partir das sessões nacionais.
19 • Pela estruturação da direção revolucionária, do Partido Mundial da Revolução Proletária!

A crise, o estado capitalista e o caráter pré-facista


20 A crise do sistema capitalista, aprofundada desde 2008 no epicentro do país imperialista
tem elevado o grau pré-fascista do estado burguês. As ações de grupos paramilitares em escala
continental têm servido de suporte as ofensivas da classe dominante frente às massas. As chacinas
e massacres são cada vez mais freqüentes, seja pela policia ou por grupos privados.
21 No campo político o imperialismo tem a necessidade de moldar e adaptar os Estados nacionais
dos países oprimidos a um comando cada vez mais uno e singular, dando a forma e o perfil do
poder burguês geral ajustado às necessidades decorrentes da concentração e posse da riqueza,
que para ser defendida como tal, necessita que se aprofundem ainda mais o aspecto oligopolista
e centralizado do poder, com controle direto dos monopólios sobre o Estado burguês, em escala
internacional através dos Estados-potências (poder imperialista
22 O capitalismo Impõe ao conjunto do proletariado as mais cruéis formas de relações;
desemprego crônico, sucateamento dos serviços públicos, redução dos direitos, trabalho semi-
escravos, xenofobias, em suma, arrasta a massa ao abismo da barbárie social. As instituições
políticas da burguesia que genuinamente são corruptas aplicam medidas de coações, perseguições,
discriminações aos movimentos e lideranças que fazem frentes a burguesia.
23 A fase imperialista e de guerra permanente do regime burguês torna-se cada vez mais improvável
a aplicação das forças produtivas. O potencial tecnológico e cientifico centralizadas em monopólios,
torna-se incompatível com o desenvolvimento e aprimoramento humano. Isso demonstra que o
sistema capitalista está mais que superado – liquidá-lo, significam dar continuidade a espécie e
a evolução das nossas relações. Nesse sentido os homens que cumpriram essa tarefa, precisam
superar os entraves das suas direções e levantar a bandeira da Revolução Proletária.

A crise avança
24 Os países do mercado comum europeu utilizam grande parte de seus esforços para salvar
seus membros que agonizam diante da crise mundial do capitalismo. Os pacotes dos países como
Alemanha, Espanha, França, Itália, Irlanda e Inglaterra estão cheios de cortes de verbas, redução
salarial e congelamentos.
25 A continuidade e aprofundamento da crise estrutural capitalista, com recessão, aumento da
concentração da riqueza, crescimento do desemprego e alastramento da pobreza pela qual passam
os vários países da América Latina, da África, da Ásia, da Europa e inclusive as economias dos
países imperialistas. Expressa o caráter estrutural da crise de super produção capitalista e seu
estágio de desintegração, colocando por terra todas as explicações dos teóricos da burguesia. As
receitas adotadas por seus governos, mundialmente, traduzem-se em mecanismos de intensificação
da exploração da classe trabalhadora.
26 As ações imperialistas intensificam as disputas comerciais por controle de mercados, saques
de matérias primam que desencadeiam as guerras, como ocorre em países do Oriente Médio.
27 A eleição de Obama em nada mudou as atuações dos monopólios estadunidenses frente aos
países atrasados e ao oriente médio, apesar dos discursos pacifistas e de democrática racial em
campanha, o governo de Obama continua com as intervenções militares subjugando as nações.
28 Em curso da crise as empresas recorrem ao seu Estado em busca de metidas protecionistas,
são bilhões liberados pelo banco central dos países com propósito de ajustar o mercado, vimos isso
ocorrer no Brasil, Alemanha, França, Inglaterra etc. as medidas intervencionistas são visíveis nas

Caderno de Teses 227


TESE 15
estatizações de diversos setores da burguesia, enquanto isso a classe trabalhadora através das
direções das centrais sindicais são convencidas a abaixarem a guarda em nome do crescimento
econômico e assistirem a liquidação dos seus direitos.
29 Diante dos ataques da burguesia e seus governos, que saqueiam direitos, agravando as
condições de vida dos trabalhadores, temos assistido em escala mundial a resistência, a exemplo
das greves na Grécia, Turquia, Peru, Brasil, Bolívia, Coréia e inclusive nos EUA etc. Apesar da
resistência e luta dos trabalhadores, as direções das centrais sindicais internacionais não adotam
políticas de unificação das lutas dos vários setores dos trabalhadores ao invés de aplicar a política
revolucionária do proletariado, com reivindicações classistas, métodos da democracia própria. As
direções têm feito conciliações, traindo os trabalhadores e feito acordos às suas costas.
30 Isso tem ocorrido porque a burguesia imperialista, os monopólios, através da conciliação,
corrupção política, carreirismo e eleitoralismo, controlam o movimento sindical mundial através de
suas direções burocratas internacionais da CIOLS e AFL-CIO, que por sua vez dão toda a linha
política pró-burguesa às suas filiadas pelo o mundo (CUT- Brasil, CTA- Argentina, COB – Bolívia etc),
por meio de suas direções também corrompidas e burocratas. Essas, com discurso aparentemente
antiimperialista, adotam toda uma política e prática pró-burguesa se contrapondo à política operária,
implantando a postura traidora de conciliação de classes, desenvolvendo o eleitoralismo burguês,
enfim, combatendo a democracia operária, o programa e seus métodos de luta.
31 • Pela solidariedade e Internacionalismo proletário!
32 • Pela derrubada da exploração capitalista via a revolução proletária!

America Latina
33 Os vários governos transvertidos de reformistas, perversamente classificados como socialistas
eleitos nos últimos anos em vários países como Chile, Bolívia, Venezuela, Brasil, Equador,
Argentina veio confirmar o caráter neopopulista e traidor das massas. Esses governos com artifícios
diferenciados têm gestado uma política pró-burguesa e imperialista, As várias lutas e protestos dos
trabalhadores, apesar de enfraquecidas por suas direções, são demonstrações da disposição em
combater e enfrentar a exploração capitalista.
34 Muitas organizações de esquerdas degeneradas afirmam que nesses governos estão o
socialismo do século XXI e que, portanto temos que defender suas políticas. Nessas afirmações não
há nada de cientifico, primeiro que na fase imperialista do capital não cabe reformas, ao contrário
a burguesia avança na liquidação da conquistas da classe trabalhadora para garantir a sobrevida
de seus monopólios mundialmente. Segundo. Conforme o marxismo já comprovou, não se constrói
uma sociedade socialista sem a violência revolucionária, sem a ditadura do proletariado.
35 É preciso derrotar e apartar o reformismo e nacionalismo burguês pacifista das lutas dos
trabalhadores, fustigando-os e denunciando o quão traidora são sua política perante as massas,
seu pretenso e falso apoliticismo e apartidarismo.

O capitalismo: vive, necessita e faz guerra.


36 A análise histórica dos mecanismos de funcionamento do capitalismo permite explicar a natureza
das guerras e mostra a verdadeira face deste regime estabelecido e sua ditadura de classe.
37 A concentração de capital, que se dá paralelamente ao aumento da miséria e diminuição do
mercado de consumo, levou o capitalismo à crise de superprodução, originando, em primeiro lugar,
as disputas comerciais, criação de monopólios, loteamento do globo e as guerras bélicas, em
segundo.
As guerras sempre foram uma necessidade vital do capitalismo e há sempre um pretexto para
38
tal. Em geral, as guerras de rapina são justificadas como forma de combate ao terrorismo e em
defesa da democracia. Este argumento tem sido persistentemente usado pelos governos dos
Estados Unidos, Inglaterra de Israel e outros.
39 As guerras imperialistas seguem uma lógica específica: primeiro destroem para depois reconstruir.

228 Caderno de Teses


TESE 15
Sem esquecermos que jogam bombas e depois “ajuda humanitária”. Eis a questão central. De um
lado, a destruição deixa satisfeita a grande burguesia imperialista, com seus lucros gigantescos;
de outro, segue a disputa para repartir o “bolo”, que significa nada menos que a reconstrução do
que foi colocado abaixo. É aí que entram os grandes conglomerados burgueses, ou melhor, os
consórcios formados por empresas que se encarregam de instaurar de vez a exploração capitalista.
Tais empresas se aproveitam do desemprego, da miséria e violência em que se encontram esses
países para elevar seus lucros, utilizando-se de mão-de-obra barata e abundante. E a burguesia
assim faz a propaganda de que a democracia venceu o terror. Mas na verdade só aprofundaram a
barbárie capitalista com o aumento exploração.
Esta dualidade “destruir-reconstruir” é uma característica marcante das guerras de rapina
40
imperialistas.

Oriente Médio
41 A política imperialista para o Oriente Médio é marcada pelas disputas bélicas, que se manifesta
sob dois interesses: o liderado pelos EUA e a Inglaterra fazendo as ocupações e intervenções
militares diretas, (Afeganistão, Iraque,) e quando isso não é possível, esse bloco (EUA e a Inglaterra)
utiliza-se do braço direito do imperialismo norte americano, na região, que é o Estado de Israel
para alcançar seus objetivos. Através deste, tem-se realizado intensos massacres à Palestina e
Líbano. Por outro lado temos um segundo bloco imperialista representado por França e Alemanha,
que não se colocam prontamente ao lado das ocupações realizadas pelos EUA/Inglaterra/Israel,
evidenciando seus laços comerciais existentes nesses países ocupados, tanto é assim que ao
mesmo tempo, procura através da ONU subjugar o Estado Libanês e os demais da região.
O método da paz armada só serve ás nações imperialista enquanto isso todas as demais países
42
sem tecnologia nuclear deve se sucumbir a armas dos imperialistas
43 As massas exploradas desses países têm lutado incansavelmente contra a exploração burguesa/
imperialista, que se dá com invasões, intervenção militar e guerras imperialistas por toda parte
(Afeganistão, Palestina, Iraque, Líbano). Em razão da ausência da direção classista revolucionária
do proletariado (o partido revolucionário da classe) mesmo mediante as pressões das massas,
as direções burguesas e pequeno-burguesas vêm conseguindo através do controle político e de
seus métodos (foquismo, terrorismo religioso...), condicionar a energia revolucionária das massas
a potenciar seu poder de barganha perante o imperialismo norte americano, no que diz respeito à
continuidade da exploração dos trabalhadores e das riquezas naturais da região.
44 As guerras imperialistas representado para os trabalhadores, a carnificina em massa que
ceifa milhares e milhares de vidas (mulheres, crianças, jovens idosos...) além de representar a
precarização ao extremo, das condições de vida daqueles que continuam a viver, lutar e trabalhar.
45 Os trabalhadores dessa região não devem tolerar nem a opressão imperialista norte americana,
através do Estado Sionista de Israel com a carnificina de suas guerras e invasões, nem as sanções
(via a ONU) contra seus povos, bem como, não deve suportar a continuidade da exploração da
burguesia nativa, que lhes impõe condições de vida cada vez mais miseráveis e a barbárie social
em que se encontra a juventude e massa trabalhadora dessa região.
46 Não esquecemos que os componentes dessa burguesia, tendem a manterem-se aliados
a um ou outro setor do imperialismo capitalista, que vivem da exploração das massas enquanto
verdadeiros magnatas, impondo-lhes os mais cruéis castigos e privações, e mantém seus regimes
de castas (Monarcas, xeiques etc).
47 Não devemos estimular nenhuma frente entre esses trabalhadores e sua burguesia nativa,
submetida ao foquismo nacionalista ou aos organismos desta. As massas exploradas devem lutar
junto a todos setores oprimidos do Oriente Médio, incluindo os setores “rebeldes” de sua burguesia,
intensificando as ações de combate à opressão, saques e invasões da ofensiva imperialista, porém
com independência, autonomia política e organizativa dos trabalhadores, através do desenvolvimento
e construção de seus organismos classista, e não submetidos e dirigidos pelas organizações da
burguesia (seitas, conselhos religiosos etc).
48 O combate das massas exploradas ao imperialismo é parte da luta contra a exploração

Caderno de Teses 229


TESE 15
capitalista, da defesa de suas condições de vida, das suas reivindicações imediatas e do programa
classista dos explorados; e não como guardas da riqueza e poder da burguesia nativa de continuar
lhes explorando.
• Pela derrota da intervenção imperialista no Oriente Médio, através de Israel!
• Pelas reivindicações e condições de vida dos trabalhadores do Oriente Médio!
• Pela união das Repúblicas Socialistas do oriente Médio!

II. Conjuntura Nacional


49 O governo Lula chega ao fim de seu mandato com um alto índice de aprovação segundo as
pesquisas encomendadas por setores ditos progressistas. O que os números não revelam são os
cortes do orçamento, onde o governo em nome do capital redirecionou bilhões das verbas públicas
aos setores privados, a fim de cumprir os acordos com o imperialismo. Essa aceitação tem marcos
importantíssimo. Primeiro, porque o governo atendeu as exigências da burguesia internacional
e nacional com aplicação das reformas e privatizações. Segundo pelo populismo das políticas
compensatórias e pelas ações traidoras que as centrais e sindicatos cumpriram em convencer os
trabalhadores que a política econômica do governo precisa de sacrifícios
50 Trata-se de um governo pró-burguês/pró-imperialista, que tem na sua base de sustentação
as principais lideranças das centrais sindicais, dos maiores e mais importantes sindicatos do país
e dos movimentos populares em geral. É um governo que se submete e defende abertamente os
interesses imperialistas, a submissão ao FMI e ao capital financeiro.
51 O governo Lula/PT avança no ataque aos trabalhadores, mostrando que em relação a FHC,
conseguiu ir mais longe com as medidas imperialista. Está administrando muito bem os negócios da
burguesia imperialista; os banqueiros, nesse período, foram os que mais lucro obteve. Os industriais,
os pecuaristas e os grandes latifundiários não reclamam. Além dos lucros recordes do capital
financeiro (bancos: Bradesco, Itaú etc), a reforma da previdência significou para esses banqueiros
aumento de somas gigantescas aos fundos de pensão privada, enquanto isso a sonegação por
parte dos grandes empresários em relação aos encargos sociais continuam.
52
A classe patronal sabe que a crise do capital segue seu curso, e , será preciso avançar muito
mais sobre as costas dos trabalhadores e por isso não querem arriscar em substituir o PT no
governo devido ao imenso controle dos sindicatos, inclusive da Apeoesp.
53 Todos os sindicatos filiados a CUT e a CTB trabalham para a eleição de Dilma sem debater com
seus filiados as reais conseqüências das reformas implantadas no governo petista
54 Por esse governo ter em suas mãos todo aparato sindical controlado pelos burocratas da CUT e
Força Sindical, além dos movimentos populares na sua maioria tem possibilitado a governo avançar
na materialização da reforma da previdência.
55 Observemos que, mesmo a corrupção sendo inerente ao sistema capitalista e estando presente
em todos os governos, o governo Lula/PT, ao se comprometer com as exigências do imperialismo,
se condiciona e se utiliza de uma grande teia de corrupção com propinas pagas aos parlamentares
para ter suas reformas anti-operárias aprovadas.
56 A demonstração de sua política no campo econômico tem sido no sentido de retirar,
paulatinamente, todos os direitos trabalhistas que foram conquistados ao longo de anos, para assim
repassá-los aos capitalistas e em troca, oferece demagogias paternalistas a alguns explorados e
propaganda mentirosa, servindo-se da miséria.
57 No campo militar, sua política tem sido de total alinhamento aos interesses bélicos norte-
americanos e suas ações, como a ofensiva militar na América Latina, Iraque, Palestina e agora ao
Líbano. A maior gratidão ao imperialismo norte-americano desse governo se confirmou quando a
ONU pede envio de tropas brasileiras ao Haiti para massacrar e controlar o povo oprimido desse
país, passando por cima de sua autodeterminação e autodefesa.
58 Nas eleições, os problemas do emprego, moradia, educação e saúde pública estão na pauta
de todos os políticos eleitoreiros, que prometem resolvê-los por meio de mágica ( em quatro anos),
como se o problema fosse de tempo ou de governo. Contudo, muita gente ainda acredita

230 Caderno de Teses


TESE 15
que algum dia é possível aparecer um “salvador da pátria” (vereador, deputado, senador, prefeito,
governador ou presidente) para salvar os trabalhadores das mazelas do capitalismo; assim,
continuam votando, apesar disso custar seus direitos e aprofundar a situação de miséria em que
vivem.
59 Nós da Oposição diante dessas eleições estamos chamando o voto nulo por entender que
a crise do capitalismo não está no modelo político e que não tem nenhum partido com programa
classista se apresentando ao conjunto dos trabalhares. Só existe um caminho para livrar os
trabalhadores da miséria e da violência: é a luta direta e ininterrupta contra a exploração e pelas
reivindicações imediatas. Tais lutas devem ser transformadas em uma luta política- de classe em
si para si (consciência de classe), tendo como objetivo o fim do capitalismo e a implantação do
socialismo.

III. Política Educacional

Educação ligada ao processo de produção


60 O fato de no capitalismo, o estudo e teoria estar separada da prática determina o aspecto
memorístico e repetitivo a que está condenada a escola. Sob este sistema os trabalhadores
estão limitados à condição de operar e impedidos de estudarem a produção material e social
vivida; estarão impedidos de elaborarem a partir de suas ações práticas no processo produtivo
(alienação).
É partindo da análise da experiência prática que podemos deduzir as leis que regem as
61
transformações da matéria, da realidade social construída. Para haver a produção do conhecimento
faz-se necessária a aplicação do princípio de pesquisa do uso do método científico, no qual teoria
e prática constituem uma unidade dialética, somente nessa relação teremos a matéria prima para a
transformação e produção do novo conhecimento. No ensino escolar essa condição é imprescindível,
requerendo que esse se desenvolva ligada ao processo de trabalho e à produção geral. No caso
da juventude, os alunos devem ter uma parte do tempo ligado á produção prática e outra parte na
escola. Conforme verificamos a experiência da União Soviética, nos anos vinte comandada por
Pistrak.
62 A escola deve ser o espaço que estuda, aperfeiçoa e projeta a produção coletiva. Espaço
onde se complementa a produção do conhecimento, das novas técnicas, do aperfeiçoamento
das máquinas, dos produtos e que consequentemente deduz as novas necessidades, as relações
sociais e, portanto, o novo homem.
63 Essa forma de ser é indispensável à realização e elevação da humanização; necessidade de
entender o que se produz, de compreender o mundo real construído pelo homem. A existência
dessa escola, onde haja a produção do novo conhecimento e promoção da liberdade humana, é
incompatível com os interesses da burguesia e seu sistema de exploração, pois nesse sistema,
a mão de obra e o processo de produção representam para a burguesia fonte de exploração e a
alienação e embrutecimento dos trabalhadores.
64 Sob os capitalistas a escola produtora do conhecimento está inviabilizada, no máximo, realiza
um ensino onde se decora conteúdos e técnicas já conhecidas. Nesse sentido, é falso discurso
reformista burguês, que diz ser possível reforma a educação, tornando esta inovadora e produtora
de conhecimentos novos da tecnologia, mantendo o putrefato capitalismo.
65 A educação pública, laica, ligada à produção material e social, com o método científico, é
parte do programa histórico de emancipação do proletariado do jugo capitalista.
• Por um único sistema estatal de ensino em todos os níveis sob controle dos trabalhadores,
fim da rede privada;
• Pela escola que baseada no conhecimento científico ligado à produção material e social.
• Formar trabalhadores conscientes das contradições do regime capitalista;
• Vagas para todos que queiram estudar em todos os níveis de ensino; fim dos vestibulares;

Caderno de Teses 231


TESE 15
• Emprego adequado ao estudo a toda a juventude proletária.
O ensino público não é prerrogativa do estado burguês. É uma conquista da classe
66
operária.
67 As primeiras escolas em si, surgem sem nenhum cunho de massa ou de prestação de serviço
social. Surgia da necessidade de instrumentalizar os escalões e destacamentos que exercia o poder
dos opressores. Na idade média, por exemplo, pelas iniciativas de alguns nobres, organiza-se a
escola de Cavaleiros.
68 Sob o feudalismo a escola tem um desenvolvimento muito insipiente. Após a revolução burguesa,
durante um bom tempo o embrionário ensino, foi mantido sob o predomínio da igreja, com a leitura
da bíblia etc; sob o terreno religioso. Fato que leva inclusive a burguesia revolucionária de então,
reivindicar o caráter laico do ensino.
69 Posteriormente, a burguesia assume uma postura reacionária, levando esta a abandonar a
defesa do ensino laico, para se apoiar nas forças do atraso, no obscurantismo, charlatanismo. Essa
postura assumida pela burguesia está ligada à sua necessidade de explorar e sufocar o operariado;
razão do aumento do reacionarismo, necessitando cada vez mais de negar, principalmente
às massas operárias, a clareza sobre as transformações materiais e sociais e o contato com o
método científico. Em que pese o papel reacionário da burguesia, é após o início do processo da
industrialização com o surgimento do operariado que as pressões no sentido do desenvolvimento
do ensino Público laico e de massa se acentua tomando forma marcante.
70 O desenvolvimento da produção e seus componentes (maquinaria, recursos e técnicas) tende
à necessidade de desenvolver uma instrução correspondente. A produção da força de trabalho
implica na aquisição de certa habilidade. As forças produtivas que eram colocadas em marcha pela
sociedade industrial impunham em certa medida necessidades culturais – cientifica e técnicas.
71 A necessidade do desenvolvimento da cultura aos trabalhadores, torna-se visível aos olhos da
burguesia, porém entre outras coisas, essa instrução demanda custo. Esse é o principal fator a fazer
com que a burguesia tenha sempre procurado negligenciar esse direito aos trabalhadores; além da
necessidade de negar ao proletariado, o conhecimento cientifico sobre as transformações materiais
e sociais. Qual é o custo de produção da força de trabalho? Qual o valor da mão de obra? Qual o
custo necessário para conservar o operário como tal e educá-lo para seu ofício?
72 “O homem, como a máquina, se gasta e tem que ser substituído por outro homem. Além da
soma de artigos de primeira necessidade exigidos para o seu próprio sustento, ele precisa de outra
quantidade dos mesmos artigos para criar determinado número de filho, que hão de substituí-lo no
mercado de trabalho e perpetuar a classe dos trabalhadores. Ademais, tem que gastar outra soma
de valores no desenvolvimento de uma força de trabalho e na aquisição de uma certa habilidade”
(K.Marx - salário preço e lucro)
Na medida em que surge e se desenvolve a classe operária começa a ter que lutar pelo salário,
73
por condições de vida e trabalho. Entre as necessidades para se manter tal e produzir o novo
trabalhador, a nova mão de obra, encontra-se a instrução técnica, científica. Desde o início do
século XVIII a reivindicação da instrução pública faz parte das lutas da classe operária.
A educação é um elemento necessário aos trabalhadores às suas vidas e de seus filhos. Como
74
essa necessidade choca-se contra a necessidade da exploração burguesa, o direito ao ensino
público é conquistado sob o terreno da luta de classes que se desenvolve em torno do processo de
produção, às custas da luta, sangue e suor do conjunto dos explorados.
Como se trata de uma conquista e elemento necessário à vida dos trabalhadores, portanto,
75
compõe parte do valor da mão-de-obra. Se a burguesia precisa desvalorizar a mão de obra, para
manter seu lucro, logo as conquistas necessárias a vida dos trabalhadores, necessariamente são
atacadas, entre elas a escola pública, o explica o seu estágio de deterioração.
O ataque à educação pública é parte da exploração burguesa (redução de custo), significa
76
desvalorização da força de trabalho do proletariado em favor do capital. É uma ação da burguesia,
deteriorando as condições de vida do proletariado, sua infância e juventude. A existência dessa
conquista depende dos rumos dados na luta de classe. Se a escola e a educação pública são
deterioradas, está sendo desvalorizada a força de trabalho, assim como as condições de vida do

232 Caderno de Teses


TESE 15
conjunto dos trabalhadores.
77 A existência e defesa do Ensino Público estão diretamente ligadas à resistência dos trabalhadores
contra a exploração burguesa que se dá no processo de produção. Ela diz respeito não só aos
trabalhadores que atuam diretamente na educação e os estudantes mas, antes de tudo, é uma
conquista que diz respeito ao conjunto do proletariado.
NÓS TRABALHADORES QUE ATUAMOS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA, REALIZAMOS
78 ESSA ATIVIDADE SOB A DEPENDÊNCIA DAS LUTAS E CONQUISTAS DO CONJUNTO DOS
TRABALHADORES ENQUANTO CLASSE. NÃO SOMOS UMA CATEGORIA DE TRABLHADORES
À PARTE, QUE INDEPENDE DO CONJUNTO DO PROLETARIADO.
79 A defesa do Ensino Público e gratuito implica, necessariamente, em se colocar contra a
continuidade da exploração burguesa. Fora deste contexto, não passa de atitudes particulares
que procuram à auto-valorização pessoal e individualistas, típicas da pequena-burguesia, ou de
fraseologia ligadas a enganação do eleitoralismo burguês.
80 Essa realidade deixa à vista quem é inimigo e quem pode se aliar em defesa da educação
pública. Isto mostra o caráter de classe que, necessariamente, tem que ter qualquer luta em defesa
da educação pública, e das atitudes para com essa conquista.
• A escola que reflita e estude a contradição de classes (interesses do proletariado e da
burguesia) com o objetivo de reforçar a luta dos trabalhadores contra a opressão e exploração
da burguesia.
• Escola que contribua com a tarefa histórica do proletariado que é destruir o regime de
exploração e estruturar a produção socialista.

As reformas na educação refletem o desmonte da escola pública


81
A educação brasileira esta a mercê de modelos externos, o capitalismo dita todas as regras.
Há uma sincronia mundial nas reformas educacionais, independente das diferenças regionais com
importante semelhança em todos os países, devido o avanço do imperialismo sobre todo o setor
publico.
82 A privatização e municipalização no setor educacional estão a passos largos onde a contenção
de custos materiais e humano se faz presente de maneira nefasta nas reformas de projetos
educacionais ,fazendo com que esses alunos a sejam realmente um “espectro” de projeto sem
condições nenhuma de se tornar um “trabalhador real”no mercado de trabalho. Os conteúdos
científicos necessário para um aluno desempenhar qualquer profissão ficam em segundo plano,
mascarando a aprendizagem necessária que este tenha direito.
83 As escolas estão se transformando em grande galpões formando uma juventude alienada onde
os governos burgueses ditam os caminhos a serem seguidos. A falta de expectativa para o trabalho
entre esses jovens é grande, visto que, todo o campo de trabalho transforma-se em um grande
cercado terceirizado, onde toda a mão de obra é explorada humilhada e desvalorizada. É sobre este
caótico prisma que se encontra o professor dentro da escola publica.
84 Os mecanismos para guilhotinar suas cabeças são vários: salas super lotadas sem recursos
básicos necessário onde estes professores tem que abrir mão do seu saber para dirigir cartilhas
propositais, criando assim um entrave entre a transmissão de conhecimentos entre aluno e
professor evitando assim o avanço de uma sociedade mais justa e significativa para todos. A
exaustão e a apatia estão tomando conta desses profissionais que a cada ano enfrentam uma
maratona de emoções negativas que são provocadas pelos mecanismos de avaliações e méritos,
como SARESP,PROVA BRASIL, ENEM e outros, relegando a nada todos os direitos conquistados
através de lutas anteriores como Estatuto do Magistério que está sendo rasgado através de leis
impostas pelos governos que obrigam os professores a fazerem avaliações para obter aumento
salarial e direito de lecionar. Literalmente os professores estão morrendo, pois a cada dia o seu
meio de subsistência está deixando de existir e as forças sindicais devem ser responsabilizadas,
pois todo chamado para uma luta verdadeira a favor da escola pública se faz de maneira camuflada,
priorizando somente interesses políticos eleitoreiros.

Caderno de Teses 233


TESE 15
85 A situação vivenciada pelos profissionais da educação, pais e alunos piorou na década que
se encerra com o Plano Nacional de Educação onde constam as reformas para os ensinos:
infantil, básico e superior. Já se encontra no Congresso Nacional o documento referencia, que
visa organizar o PNE ( 2011 a 2020), esse documento foi organizado na CONAE que ocorreu
no primeiro semestre deste ano , organizado pelo MEC e com intensa colaboração da articulação
sindical de nosso sindicato. Muitas mudanças já estão sendo colocadas em pratica como a reforma
do Ensino Médio aprovada no CNE (Conselho Nacional de Educação) em 2009, que deverá ser
implantada pelos estados pois os mesmos tem prazo para aplicar. Essa reforma consiste em
co ngregar as disci plinas da etapa a partir dos eixo s de trabalho: ci ênci a, tecn ologia e cu ltura.
Veja bem a situação da educação básica abrangerá os alunos de 4 a 17 anos, passando ser
obrigatório e priorizando o ensino fundamental. A situação para classe trabalhadora não muda,
pois os pais têm direito de deixar seus filhos em creches para trabalhar e o Estado continua se
desobrigando deste direito, mascara que as crianças ficarão mais tempo em escolas, e não tem
obrigatoriedade de oferecer creches as crianças de 0 a 6 anos.
86 A saída do professorado enquanto trabalhadores da educação pública, na luta por salário e
emprego (da escola pública), é uma só: desenvolver a unidade na luta, na categoria e com os demais
trabalhadores, colocando-se no contexto da luta do proletariado contra a exploração burguesa.“A
destruição e desmonte do Sistema de Ensino Público, não é uma escolha da burguesia, é uma
necessidade para o desenvolvimento do seu capital e sua existência! (...) Na mesma medida, a
revolução proletária, não é uma opção, mas uma necessidade inadiável dos trabalhadores, sob
pena de aprofundar-se e sucumbir na barbárie social.”
• Autonomia política pedagógica das escola através das decisões da comunidade
(trabalhadores da educação, pais e alunos);
• Refutar todos pretensos “projetos pedagógicos” impostos por governos. A questão
pedagógica é assunto dos educadores e da comunidade escolar.
• Direção escolar eleita em assembléia geral da comunidade (assembléia escolar), através de
projeto político-pedágogico;
• O Conselho de Escola atuante orientado pelas decisões e soberania das assembléias
escolares;
• Conquistar a liberdade de organização para formar os grêmios estudantis independentes das
direções, para lutar por uma escola que atenda seus interesses;
• Em defesa de um plano de carreira e salários constituído pelas reivindicações deliberadas
pela categoria!
87 1 - Pela Evolução funcional: por tempo de trabalho (automática, sem
condicionantes) e acadêmica (aberta e reconhecendo todos os cursos).Refutamos a “proposta de
evolução” dividida em “via acadêmica” e “via não-acadêmica” da tal “comissão paritária” (governo +
diretoria do sindicato), deputados e seus “acordos. Enganação! Nessa, o tempo de trabalho inexiste,
some!
88 2 - Estabilidade para todos os professores OFAs que atuam na rede .
89
3 - Professores eventuais:
a) - A contratação, de acordo com o tempo de serviço no Magistério por uma jornada de 20
horas-aula semanal, com isonomia em relação a salário e os direitos de todos docentes;
b) - Tendo a atribuição de aulas centralizada, inscrições por região, respeitando o tempo de
trabalho. Os professores eventuais farão jus à Estabilidade no emprego, sendo transformados em
Professor Adjunto.
c) - Para cada grupo de 05 professores “regulares” deverá ser contratado 01 professor eventual;
90 4 - Volta da grade curricular de 97 - 06 (seis) horas-aula de 45 min no período diurno e 05
(cinco) horas-aula de 40 min no período noturno, com todas as disciplinas de 97;
91 5 - Redução da jornada de trabalho sem redução de salário - 30 horas-aula (20 horas-aula
com alunos, 05 horas-aula de HTPC e 05 HTPL)
92 6 - Número máximo de 25 alunos por sala;

234 Caderno de Teses


TESE 15
93 7 - Salário Mínimo Vital calculado pelos trabalhadores e aprovado em assembléia; Incorporação
de todas gratificações, inclusive o bônus; Escala Móvel de Salário.
94 8 - Eleição direta para diretor e vice diretor;
95 9 - Aposentados: isonomia salarial e de todos os direitos entre os professores da ativa e
aposentados;
96 10 - Concurso público para o quadro de funcionário das escolas;
97 11 - Afastamento Sindical (liberação pelo Estado com remuneração relativa à sua carga
horária de trabalho);

IV. Conjuntura Sindical


98 Boa parte dos “setores minoritários” que compunham a direção cutista e que se encontravam
à frente das categorias em luta (professores, previdenciários, judiciários, bancários e outros) são
levados a entrar em choque com a ala majoritária (Articulação-PT e PcdoB) que apóiam as políticas
governamentais e o governo Lula. Esses choques têm como pano de fundo a resistência iniciada
pelos trabalhadores, destacando-se as lutas contra a Reforma da Previdência em 2004. Isto teve
como conseqüência a conformação de um bloco de oposição à CUT, encabeçado majoritariamente
pelo PSTU, culminando na formação da Conlutas.
Instintivamente iniciava-se também o rompimento e confrontação, de forma mais direta, dos
99
trabalhadores, suas reivindicações e lutas com a traição e os métodos burocráticos (divisionismo,
sabotagem das decisões de base,...) da direção governista da CUT. O choque e rompimento desses
trabalhadores com as amarras burocráticas dessa direção têm sido o desenho traçado e o rumo
apontado pelos que saíram em luta no último período, com o PT no comando do Estado burguês.
A tendência de rompimento dos trabalhadores que saíram em luta, contra as amarras burocráticas
100 da direção governista da CUT só poderia ganhar forças progressivamente se não fosse o centrismo
aparelhista do PSTU, PSOL e das correntes satélites que oscilam frente à luta de classe. No entanto
a criação da Conlutas teve um fim em si mesmo, capitaneado pelo PSOL e PSTU, logo passaram
a combater os métodos classistas e atuarem sob acordos burocráticos abafando todos os ímpetos
de luta.
101 Em plena luta contra os ataques do governo conta a classe trabalhadora a Direção da Conlutas
não foi capaz de chamar plenárias de base para fazer frente aos métodos da burocracia cutista,
ao contrario, uniu-se a ela para combater a unidade, a democracia operaria e os métodos de
radicalização das greves – resultado foi mais uma derrota para a classe trabalhadora.
102 Durante todo o processo de debate para o congresso de unificação que ocorreria em Santos,
não houve se quer uma votação, foi tudo na base do acórdão, assim, a unificação que era mais
uma farsa reformista não se concretizou, a intersindical se quer foi capaz de acatar as decisões
do plenário, arrastou consigo outros setores. Essas direções da Conlutas e da CUT devem ser
combatidas sem trégua em longa escala, cessar o repasse da CUT e denunciá-la é uma tarefa
desse congresso – devemos chamar a mais ampla unidade classista, pela criação de uma única
central rígida pelas plenárias de base e independência de classe.

Abaixo o sindicalismo prepositivo e eleitoreiro. Em defesa da política classista


103 Mesmo após o congresso ultimo que acabou não solidificando a fundação da nova Central, bem
como a definição de seu caráter político/organizativo, pela composição da direção da “Entidade
Nacional” (espécie de federação de direções) fundada no CONAT firmou aquilo que tínhamos
denunciado antes.
104 Ao manter-se dessa forma, ou mesmo que a Conlutas venha se consolidar enquanto uma
Central, após as negociações para os remendos, seja qual for o nome adotado, será um elefante
branco completamente burocratizado, não poderá servir como referência organizativa para os
trabalhadores que procuram romper com a política e controle burocrático de suas direções traidoras.
105 Independentemente da vontade e objetivos dos bandos de burocratas-reformistas que circundam

Caderno de Teses 235


TESE 15
em torno da Conlutas, (parlamentares e lideranças da esquerda do PT, da CUT, do PSOL) e da
direção do PSTU, a conquista da Central que unifique as lutas dos trabalhadores deverá ser objetivo
das organizações revolucionárias. Estaremos impulsionando o rompimento dos trabalhadores com
a política e controle burocrático das direções da CUT e Força Sindical, mas isso não significará a
automática filiação à Conlutas (Entidade Nacional). Devemos atuar no interior das organizações
de massa do proletariado na forma de FRAÇÃO PÚBLICA REVOLUCIONÁRIA (FPR) assumindo a
tarefa, tanto de apoio às iniciativas de rompimento dos trabalhadores com o controle pelas direções
traidoras como de procurar dar respaldo político e organizativo a estes trabalhadores e suas lutas,
organizando as oposições sindicais, comandos de base, assembléias etc. Nesse sentido, devemos
avançar e buscar reunir num Pólo Organizativo os setores de trabalhadores que ao se decidirem
pela luta, rompam com o controle burocrático de suas direções.
106 Um pólo que organize e reúna os trabalhadores em torno da orientação política classista e
independente, comprometido com a função de apoiar, construir e unificar as lutas em curso dos
diversos setores de trabalhadores Que perante o conjunto do movimento operário, popular e do
campo, se comprometa em construir a unidade dos trabalhadores; combater o divisionismo e
corporativismo imposto pelas camarilhas burocráticas da CUT, Força Sindical e Conlutas. Atuaremos
para denunciar as traições e conchavo das lideranças contra a política revolucionária.
107 1- lutar pela unidade dos explorados, através da defesa incondicional das Assembléias Unitárias
e da Frente Única de Ação
2- Nas organizações sindicais e nas lutas, defender a soberania das assembléias de base e
108 a eleição nestas, dos Comandos de Base para a condução das lutas, e como mecanismos que
permitam a base dos trabalhadores ganharem autonomia em relação ao controle das direções
corrompidas e burocráticas;
109 3- Defesa da democracia operária, com os comandos de base; direção e dirigentes com
mandatos revogáveis e sob comando das decisões de base;
110 4- Abaixo O Fórum Nacional Do Trabalho! Abaixo A Reforma Sindical E Trabalhista;
111 5- Defesa da ação direta enquanto método de luta dos trabalhadores.
112 6- Defender a unidade política e organizativa dos trabalhadores através da estruturação da
CENTRAL DE LUTA PROLETÁRIA com funcionamento de tipo sovietista, com Comando de base
deliberativo em escala regional estadual e nacional.
113 7- Defender a realização dos Encontros e Plenárias Unificantes de Base, regidos pela democracia
operária, aberto a todos os trabalhadores independentemente da Central que seu sindicato ou outro
organismo esteja filiado;
114 8- Defender o Salário Mínimo Vital calculado pelos trabalhadores e aprovados nas assembléias;
115 9- Lutar pela Escala Móvel de Salário e Horas de Trabalho;
116 10- Solidariedade e internacionalismo operário: apoiar o combate à intervenção imperialista no
Oriente Médio, Haiti.
117 11- Lutar para por abaixo o sistema de exploração capitalista, via a revolução proletária e
estruturação do Socialismo através do governo sovietista operário/camponês.

V. Balanço

Greve, diretoria e oposições


118 Desde a implantação do Plano Real que os trabalhadores aguardam reparações de suas
perdas salariais, porém o que receberam foi uma avalanche de medidas que inibiram o movimento
sindical. O governo de FHC e seus compatriotas mentores governando São Paulo desde a década
de 90 realizaram um trabalho perverso. Depois o governo Lula deu continuidade à política que tanto
criticava não mudando em nada a política da dinastia tucana no Estado de São Paulo.
119 Os sindicatos operários e do funcionalismo público de São Paulo que sempre foram referência
nacional caíram no ostracismo. O sindicato dos metalúrgicos do ABC e a Central Única dos

236 Caderno de Teses


TESE 15
Trabalhadores – CUT cumprem o mesmo papel de amortizar os impactos da política neoliberal
petista no planalto central enquanto as outras Centrais Sindicais que eram chamadas de traidoras e
patronais se sentiram mais a vontade e chegaram até a fazerem campanhas em conjunto com sua
arqui-rival do passado CUT.
A APEOESP não se posicionou frente aos ataques dos governos Mario Covas, Alckmim e
120
José Serra que conseguiram realizar o maior desmonte do serviço público no Brasil e o nosso
sindicato também. De um lado os trabalhadores da educação realizaram greves passando por
cima da diretoria, apresentou reivindicações de perfil nacional, pois denunciava as Dez metas de
Serra e o PDE de Lula, face da mesma moeda na educação. A diretoria da APEOESP de maioria
petista realiza uma política nefasta e arbitrária transformando um dos maiores sindicatos do país em
fantoche da política neoliberal do PT, resultando no descrédito dos professores como sindicato que
os representa e um processo de dessindicalização nunca visto na história da APEOESP..
Na última greve dos professores aconteceu aquilo que a Oposição Revolucionária denúncia à
121
décadas. Deflagrada a greve em 05 de Março-2010, enquanto a categoria respondia com a crescente
adesão nas escolas, passeatas e assembleias a diretoria executiva e suas subjulgadas subsedes
no Estado faziam corpo mole levantando a bandeira eleitoral. Enquanto os professores exigiam uma
postura firme nas propostas feitas em Assembleia a diretoria executiva tinha apenas a preocupação
de utilizar o consenso entre a Alternativa para conter os ímpetos dos professores e assim esvaziar
a greve. Realizaram uma denuncia ao governo de São Paulo apenas como candidato contrário ao
seu partido presidencialista.
122 A postura traidora da burocracia dirigente tem cumprido o papel de desencorajar parte
do professorado, criar o descrédito em relação ao seu sindicato enquanto organismo de luta,
transformando-o em um instrumento a serviço da conciliação, do assistencialismo, do carreirismo
eleitoreiro e meio de vida dessa casta dirigente.
123 As medidas governamentais e as traições da burocrática diretoria da Apeoesp, são as causas
fundamentais do enfraquecimento e derrotas das várias lutas travadas pelos professores, assim
como têm contribuído, e bastante, com a implantação dos planos do governo. Podemos afirmar que
a traidora direção da Apeoesp é uma parceira na implementação das medidas governamentais.
As derrotas que a categoria vem sofrendo com o sucateamento da educação pública (destruição
124
da carreira do magistério, demissões, aumento da jornada, precarização da previdência, arrocho
salarial...), são de reponsabilidade direta da direção da Apeoesp (Articulação/Artinova-PT e CSC-
PcdoB) que, apesar de negar, encontra-se entrelaçada e comprometida até a medula com a
governabilidade e o eleitoralismo burguês.
125 Diante dos planos do governo de sucateamento do ensino público e da carreira do magistério, a
direção da Apeoesp (Articulação/Artinova-PT e CSC-PcdoB), limita-se a questionar alguns pontos.
Como não pode apoiar diretamente as medidas governamentais, para simular que defende e
sustenta as reivindicações dos professores, essa diretoria atua constantemente contra a estruturação
e fortalecimento da luta real que se baseia nos métodos próprios dos trabalhadores, negando ou
sabotando as assembléias da categoria.
126 A Articulação Sindical-PT CHEGOU EM ASSEMBLÉIA DEFENDER A AVALIÇÃO DO GOVERNO
NO ANO PASSADO.
127 Em assembléia a diretoria mesmo perdendo as propostas ela não encaminha, boicota
e manipula os resultados. Repudiamos essas manobras realizadas pela diretoria da
APEOESP, e vergonhosamente, respaldada pela direção da “Oposição Alternativa” (PSTU)
APEOESP na Escola e na Luta.
128 É preciso rechaçar o eleitoralismo e as tais “pressões parlamentares” como método de “luta”.

Estruturar Uma Oposição Programática Na APEOESP


129 Na véspera da eleição passada para a direção central da apeoesp, formou-se a chamada
“Oposição Unificada”, composta majoritariamente pelo PT, PSTU e outras correntes menores.
Hoje, não se ouve falar mais nessa oposição. Já a “Oposição Alternativa”, dirigida majoritariamente

Caderno de Teses 237


TESE 15
pelo PSTU e que estava no interior da “Oposição Unificada” continuam sem romper com a prática
burocrática: 1- O afastamento pago à conselheiros e diretores às custas dos professores; 2 - apesar
de falarem em controle da base, não defendem a assembléia geral como instância máxima de
deliberação do sindicato; 3 - Na prática, combatem a proporcionalidade direta e qualificada, bem
como a democracia operária. 4 – Se opõem à realização de assembléias e em função do seu
apego ao carreirismo eleitoral, não defendem a ação direta como método de luta, contraposto ao
oportunismo e eleitoralismo burguês praticado pela atual direção. 5 - Através de sua direção tem se
juntado coma a Articulação Sindical-PT para se contrapor a realização de assembléia impulsionando
atos eleitoreiros
130 Oposições dessa natureza, que mudam a cada eleição, não só sua composição, mas os
princípios programa, (quando os têm!) demonstram que não abraça a luta e política para combater
a burocracia e governo. Portanto, ficam apenas no campo das disputas do aparelho e das eleições.
131 Para ser conseqüente com as lutas dos trabalhadores, é preciso o combate pela independência
em relação às organizações burguesas (inclusive seus partidos) e sua política. Estas precisam
ser desenvolvidas no sentido de atingir o patamar da luta de classe exigido, que mais do que
nunca, precisam ser transformadas em luta política contra a exploração capitalista. Nesse sentido,
a orientação política para a luta nos sindicato é a orientação da política revolucionária (programa,
métodos, princípios e táticas).“Sob o imperialismo, no interior dos sindicatos só são possíveis duas
políticas: Ou se atua e se luta sob a bandeira da política revolucionária, ou se coloca em colaboração
com a política burocrática burguesa”.

VI. Plano De Lutas


132 Somente através de lutas que se baseiam nas ações diretas e de massas dos professores
poderemos fazer frentes e estabelecer vínculos e unificação com os trabalhadores que atuam
diretamente na produção para que, através das assembléias unitárias e ações conjuntas possa
fortalecer e interferir diretamente na produção controlada pela burguesia.
• Iniciar desde já, uma campanha de mobilização da categoria anunciando que não há
negociação com o governo, que todas as suas medidas representam ataques à escola pública
e à carreira do magistério. Convocar assembléia gerais para a 2ª quinzena de fevereiro, a fim
de organizar a luta.
• AÇÕES DIRETAS das massas (greves, ações de rua, bloqueios e outros) Nada de submeter
as lutas dos trabalhadores às inócuas pressões parlamentares;
• Construir a unidade através das ASSEMBLÉIAS UNITÁRIAS com os demais setores em luta
• As assembléias gerais da educação deverão estar abertas à participação dos alunos e pais
juntamente com os professores decidindo os rumos da luta.
• Construir COMANDOS DE GREVE COM PARTICIPAÇÃO DA BASE, ELEITO EM
ASSEMBLÉIA.

VII. Estatuto
Propostas de Emendas

Capitulo I
133 Artigo I –
134 Artigo II – Emenda substitutiva na letra “C” com a seguinte redação: lutar juntamente com
outros setores dos trabalhadores pela melhoria e ampliação e conquista de um sistema
único estatal de ensino para todos os níveis.
135 Artigo III – emenda aditiva/supressiva Após a palavra “face” acrescentar: a burguesia, suas
organizações (partidos burgueses,
Organizações patronais e o Estado.

238 Caderno de Teses


TESE 15
Capitulo II
136 Artigo 8º
§ 3º - Emenda aditiva/ supressiva após associado acrescentar “até conseguir novo emprego,ou
sair por vontade própria.
137 Artigo 9º - suprimir na integra
138 Artigo 11- Emenda aditiva/supressiva – aditar a seguinte redação:A CONTRIBUIÇÃO DE
SOCIO SERÁ DISCUTIDA E APROVADA PELA ASSEMBLÉIA GERAL.
ARTIGO 15 – EMENDA SUBSTITUTIVA COM A SEGUINTE
139
REDAÇÃO: A Assembléia Regional é a reunião de professores Estaduais por subsede/
regional aberta a participação direta (com direito a voz e voto) da comunidade escolar.
140 ARTIGO 16 – EMENDA SUBSTITUTIVA, com a seguinte redação: A Assembléia Geral é a
reunião de todos professores do Q.M. aberta a participação direta da comunidade escolar
Artigo 16- EMENDA SUPRESSIVA/ADITIVA DO § 1º PASSA A TER A SEGUINTE REDAÇÃO:
141 § 1º - A Assembléia geral, é órgão máximo de deliberação e soberania para discutir todos os
assuntos que dizem respeito a categoria e da Entidade.
Artigo 16 - EMENDA SUPRESSIVA/ADITIVA NO § 3ºPASSA A TER A SEGUINTE REDAÇÃO:
142 A 1ª ASSEMBLÉIA DO ANO DEVERÁ SER CONVOCADA NO INICIO DO ANO LETIVO ATÉ A
PRIMEIRA QUINZENA DE MARÇO
143 Artigo 22- EMENDA SUPRESSIVA NO § 1º DAS LETRAS ‘E’, ‘F’, ‘L’, ‘M’
Artigo 22 - ADITIVAR UM § ENTRE O § 13 E § 14 DO ARTIGO 22 COM A SEGUINTE
144
REDAÇÃO: “as reuniões de C. R. devera ser seguida de Assembléia Geral”
145 Artigo 22 – No parágrafo 1º - Emenda supressiva/substitutiva - Compete ao Conselho de
Representante, discutir, e aprofundar e encaminhar as deliberações das assembléias.
Artigo 23 - Emenda aditiva/substitutiva: com a seguinte redação:
146
O Congresso Estadual é a estância máxima da Apeoesp durante sua realização, suas
deliberações deverá ser submetida a assembléia Geral da Categoria.
147 EMENDA SUBSTITUTIVA NO § 1º DO ARTIGO 23 – COM A SEGUINTE REDAÇÃO: - O
Congresso Estadual será convocado pelo presidente da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”
e será organizado e discutido pelas Estâncias da Entidade e aprovado pela Assembléia geral
148 EMENDA SUBSTITUTIVA NO § 2º DO ARTIGO 23 – COM A SEGUINTE REDAÇÃO: - os
delegados ao Congresso Estadual será eleito nas Unidades Escolares na proporção de 1 para cada
10 professores.

ASSINAM ESTA TESE PROFESSORES SIMPATIZANTES, MILITANTES DA OPOSIÇÃO


REVOLUCIONÁRIA E CLPI.

Caderno de Teses 239


TESE 16
TESE 16
OPOSIÇÃO ALTERNATIVA PARA O XXIII CONGRESSO DA APEOESP

I. Conjuntura Internacional

Capitalismo vive a maior crise econômica e financeira desde 1929


1 Está virando consenso entre os especialistas que a atual crise veio para ficar, que seus
efeitos colaterais serão notados por muito tempo na economia mundial e que ela é a maior desde
a grande depressão de 1929. Trata-se de uma crise cíclica de superprodução da economia
capitalista, agravada por uma especulação financeira sem precedentes na economia mundial. A
ofensiva neoliberal a partir de 1980 não se traduziu “apenas” em privatizações e retirada de direitos
trabalhistas, foi também uma total desregulamentação do mercado financeiro permitindo que, sem
qualquer controle estatal, capitais especulativos “viajassem” livremente pelo planeta. Para se ter
uma ideia, em 1980 o PIB mundial era de US$ 10 trilhões e os capitais especulativos somavam US$
12 trilhões. Em 2006, como produto do furacão neoliberal, o PIB do mundo somava U$ 47 trilhões e
a especulação movimentava US$ 170 trilhões. Ou seja, a especulação cresceu quase quatro vezes
mais que a produção.
2 Os especuladores se tornaram novos milionários. As ações subiram de preço artificialmente
com as empresas declarando lucros fictícios, se expandiu artificialmente o crédito através do
endividamento crescente de pessoas, empresas e governos (criando as chamadas “bolhas de
crescimento”), as carteiras de créditos foram negociadas no mercado financeiro, criando mais
capitais artificiais para gerar um maior endividamento e expansão artificial do crédito, possibilitando
mais papéis (hipotecas e créditos pouco confiáveis/subprimes). Isso gerou um ciclo aparentemente
interminável de especulação e lucros. Muitas empresas do setor produtivo participaram dessa
especulação financeira, comprando e vendendo papéis no mercado.

Do centro para periferia


3 Tal qual em 1929, a crise eclodiu e a “bolha” estourou no coração da economia capitalista,
os Estados Unidos. Muitas pessoas não tiveram como pagar suas hipotecas, gerando falências
no setor imobiliário. Depois faliram os bancos que financiavam as hipotecas. Depois vieram os
bancos de investimento que compravam as hipotecas dos bancos convencionais para negociá-
las no mercado financeiro. Logo após, foi a vez das seguradoras que vendiam seguros para dar
confiabilidade aos papéis negociados pelos bancos de investimentos. A consequência foi a redução
do crédito e do consumo, reduzindo a produção e levando a mais desemprego.
4 Nos EUA desde o começo da crise, mais de 1.700.000 pessoas, perderam suas casas. A GM,
maior montadora de automóveis do mundo, ficou à beira da falência, fechou duas fábricas, demitindo
2.700 trabalhadores. A produção industrial e o consumo diminuíram.
A crise chegou à Europa. Devido ao caráter global da especulação, o velho continente também
5
conviveu com a expansão artificial do crédito e com as negociatas nas bolsas, muitas empresas
europeias investiram no mercado financeiro norte-americano.
6 Na Europa, Acellor Mittal, maior siderúrgica do mundo e dona da Belgo Mineira no Brasil,
anunciou o fechamento de fábricas em vários países e milhares de demissões. A Renaut-citroen,
maior indústria de automóveis da França, anunciou a demissão de 25% de seus empregados
administrativos. O PIB da Inglaterra diminuiu 3% .
7 Como em 1929, a crise chegou à periferia do capitalismo, bateu na porta dos países emergentes,
inclusive o Brasil. O discurso de que nossa economia estava blindada, descolada do resto do
mundo fez água. As exportações diminuíram devido à queda nos preços das commodities (produtos
primários de exportação).

240 Caderno de Teses


TESE 16
8 Três grandes montadoras de automóveis reduziram a produção e deram férias coletivas a seus
trabalhadores (Fiat, GM e Volks). A Fiat ameaçou demitir mais de 1.000 em seu pólo industrial de
Betim-MG. Os juros do financiamento da casa própria pularam de 9% para mais de 12% ao ano.
Os juros de financiamento dos automóveis também aumentaram. Segundo o próprio governo, o
consumo diminuiu com o início da crise e está aumentando graças a incentivos governamentais
– isenções fiscais e empréstimos subsidiados – além da criação de uma “bolha” imobiliária com
programas de financiamento de imóveis a perder de vista pela CEF.

Depois da festa, a conta


9 Para responder à crise, Estados Unidos e Europa, através de vários pacotes, injetaram mais
de U$$ 24 trilhões de dólares no sistema financeiro e nas grandes empresas: dinheiro público para
socorrer os especuladores.
10 O governo brasileiro não ficou atrás, liberando cerca de R$ 300 bilhões para os bancos, vinte
vezes mais que o PROER de FHC. A CEF e o BB compraram sete carteiras de créditos de bancos
privados. A CEF foi autorizada pelo governo a emprestar dinheiro e comprar ações de construtoras
e o BC foi autorizado a comprar bancos em dificuldades. Mais linhas de crédito bilionárias foram
concedidas para exportadores e empresas em dificuldades por terem investido na especulação,
como Sadia e Aracruz. Tudo com dinheiro público, da educação, saúde, poupança e do FGTS.
11 O governo Serra não quis ficar para trás, de uma só tacada deu R$ 4 bilhões de subsídios às
montadoras sediadas no estado; leia-se Ford, GM e Volkswagen – o equivalente a suspeitíssima
venda do banco Nossa Caixa ao governo federal.
12 Os governos: federal e estadual juntamente com os empresários, estão apresentado a fatura
aos trabalhadores, funcionários públicos em particular; querem que nós paguemos a conta desta
gastança. Não fomos convidados para a festa, para a esbórnia do lucro fácil. E agora que a festa
acabou, querem que paguemos a conta. Os ricos-especuladores que causaram a crise é que devem
pagá-la.
13
Serra/Goldman/Paulo Renato nos condenam ao congelamento eterno de salários com a
promoção na carreira por mérito, com reajuste de 25%, para apenas os 20% melhor classificados
a cada três anos. Utilizam todas as formas de assédio moral, como por exemplo: a avaliação de
desempenho prevista nas “Dez Metas para a Educação”.
14
Lula/Haddad fazem o mesmo contra o funcionalismo federal, enviando ao congresso o PLP
549/2009, de autoria do executivo, que permite o congelamento dos investimentos públicos e dos
salários de todo o funcionalismo público da união por dez anos. Junto com isso, o decreto 6094/2007,
do presidente da república prevê avaliação de desempenho e meritocracia para os funcionários da
educação. Outro decreto, o 7133/2010, também da presidência da república, estende a política de
meritocracia/gratificações de desempenho e avaliação a todos os funcionários públicos federais.
15 Como os fatos provam, apesar de todas as tentativas feitas pelo bloco majoritário da APEOESP
(ARTSIND, ARTNOVA/CUT e CTB) de esconder a sete chaves dos professores durante nossa
greve; as políticas educacionais de Serra/Paulo Renato e Lula/Haddad são as mesmas.

Que os ricos paguem a conta da crise global


16
Devemos exigir a estatização do sistema financeiro sem indenização, o não pagamento das
dívidas interna e externa, o controle estatal sobre o fluxo de capitais (entrada e saída), câmbio e
juros, reajuste automático de salários pela inflação, estabilidade no emprego, redução da jornada de
trabalho sem redução de salários e expropriação de todas as empresas que demitirem trabalhadores.

Pelo fim do estado de israel


17 É evidente o caráter racista e genocida do Estado de Israel. As atrocidades cometidas na
Palestina e no Líbano levaram muitos que sempre defenderam o direito da existência de um Estado
judeu, como Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, a afirmarem que Israel é hoje um “estado
terrorista”.

Caderno de Teses 241


TESE 16
18 Um grupo de 45 intelectuais judeus britânicos, dentre eles Eric Hobsbawm, anunciou, em uma
carta enviada ao Jornal The Guardian, que renuncia ao direito de todo judeu, mesmo residente fora
do país, de possuir a cidadania israelense. Na carta, os intelectuais denunciam que o “direito de
retorno” é negado aos palestinos que foram obrigados a emigrar em massa. Finalizam dizendo que:
“A política de Israel é bárbara, não desejamos nos identificar de nenhum modo com o que Israel
está fazendo”.
19 Não haverá paz no Oriente Médio enquanto existir o Estado de Israel. Ele foi criado como
um enclave colonial que usurpou o território palestino e expulsou grande parte de sua população.
É, de fato, uma base militar do Imperialismo contra os povos árabes e muçulmanos. Trata-se da
quinta potencia militar do mundo, com o maior poder de fogo por habitante do planeta. Metade do
seu orçamento nacional é composto por fundos enviados pelos Estados Unidos. Israel é, enfim,
de acordo a sua Constituição, um Estado racista, cuja legislação só pode ser comparada à da
Alemanha nazista ou do Apartheid sul-africano.
Duas recentes demonstrações do caráter nazista e racista do estado israelense foram o bloqueio
20 à faixa de gaza – impedindo a entrada até de remédios e alimentos – e o ataque assassino a ajuda
humanitária enviada por mar a região; não por acaso, um rabino deixou escapar em sua pregação
o desejo de exterminar os palestinos – é o recibo passado do caráter genocida e nazi-fascista deste
Estado, da política oficial de limpeza étnica de Israel contra o povo palestino.
21 Ao contrario do fundamentalismo islâmico, que propõe a instauração de um Estado teocrático
na Palestina e em outras nações do Oriente Médio, reivindicamos a bandeira da fundação da OLP
(Organização para a Libertação da Palestina): uma Palestina, Laica, Democrática e Não Racista.
• Fora o Imperialismo do Afeganistão;
• Fora Israel da Palestina;
• Retirada das bases militares estadunidenses da Arábia Saudita e Kuwait;
• Nenhum acordo comercial com o Estado terrorista de Israel;
• Que os países do Mercosul rompam imediatamente o TLC que firmaram com Israel;
• Imediata ruptura de relações diplomáticas do Brasil com Israel;
• Pelo fim do Estado de Israel;
• Por uma Palestina, Laica, Democrática, Não Racista;
• Contra qualquer intervenção imperialista. Em defesa da soberania dos povos.

Haiti é aqui....ou logo ali.... fora Lula do Haiti


22 Seguindo a política externa dos Estados Unidos, senhor da guera do norte, o governo Lula,
demonstrando ser um fiel cão de guarda dos interesses norte americanos na América Latina, aceitou
comandar a ocupação militar do Haiti, sob o pretexto de pacificar o país. O que se vê, de fato, é a
repressão aos movimentos sociais haitianos pelas forças de ocupação, uma prova indireta disso foi
o, até agora inexplicado, suicídio do primeiro general brasileiro que comandou a Minustah, nome
oficial das forças de ocupação do país.
23
Depois do terremoto de 2009, que desabrigou quase toda a população do país, obrigando os
haitianos a viverem acampados nas ruas, sem luz, alimento e água potável; as tropas de ocupação
– comandadas pelo Brasil – cumprem um papel mais reacionário ainda; tornaram-se cães de
guarda das propriedades dos poucos endinheirados do país e dos prédios estatais, enquanto o
povo haitiano agoniza a espera da ajuda econômica que nunca chega – até agora apenas 2% de
toda a ajuda internacional chegou à população haitiana.
24 Os Estados Unidos com o apoio direto do governo Lula e da maioria dos governos do continente
americano, quer transformar o Haiti numa colônia, reescravizando seu combativo e heróico povo,
fazendo do país uma plataforma de exportação para as indústrias têxteis imperialistas, fazendo
dos haitianos mão-de-obra semi-escrava ou diretamente escrava. Por isso, as tropas de ocupação,
comandadas pelo governo brasileiro, estão a serviço da destruição da pequena produção local,
agrícola e artesanal, e da repressão aos costumes e rituais haitianos, como o VUDÚ, com o fim de
incutir no povo a mentalidade capitalista de “culto ao trabalho”, transformando-o num exército da

242 Caderno de Teses


TESE 16
mão-de-obra dócil e super-explorada.
25 O Imperialismo ianque se aproveita do fato dos haitianos adorarem o futebol e o povo brasileiro,
entre outros motivos, por haver uma profunda identidade histórica e cultural entre os dois países. O
Haiti é um país negro, o segundo a se tornar independente no continente, porém, diferentemente do
primeiro (EUA), a independência do Haiti foi uma revolução, que criou uma República Negra, que
aboliu a escravidão e o racismo, foi o terror de todas as elites brancas do continente, que, mesmo
após a independência, mantiveram a escravidão em seus países.
26 O Brasil é o maior país negro fora da África. O imperialismo quer apagar a memória da revolução
haitiana, usando para isso, “ironia da história”, os “serviços” do governo de um país negro, o Brasil.
• Por isso, o Congresso da APEOESP denuncia a ocupação militar do Haiti, não apenas
como uma agressão imperialista, mas também como ato racista contra o povo negro, com a
cumplicidade do governo do maior país negro fora da África.
• Exigimos a imediata retirada das tropas invasoras do Haiti incluindo as brasileiras, o Brasil
deve denunciar ao mundo o caráter racista da ocupação do país dos herdeiros de Dessalines e
Toussaint Louverture.

II. Conjuntura Nacional

Governo Lula – ataques aos direitos dos trabalhadores, euforia dos banqueiros
27 O governo enviou ao Congresso um projeto de lei complementar que limita a folha de salários
da União a um crescimento anual de 1,5% (já descontada a inflação) até 2016. Esta é uma das
medidas do PAC. Esse percentual não corresponde sequer ao crescimento vegetativo da folha de
pagamento, o que significa reajuste zero nos próximos dez anos. Dessa forma, se depender do
governo, 2011 será mais um ano de desemprego e arrocho salarial para os trabalhadores.
Os banqueiros são os verdadeiros governantes do país a ponto do Ministério da Fazenda ter
28
reduzido os juros da poupança a pedido da FEBRABAN, o que significará redução significativa dos
depósitos do FGTS, num verdadeiro assalto aos trabalhadores. Os banqueiros continuam batendo
recordes de lucros. O mais irônico é a defesa de Lula a estes lucros absurdos, afirmando que é
melhor os bancos terem lucros do que prejuízos. Esqueceu de dizer que estes lucros irracionais, são
resultado direto da política de arrocho salarial e escravização dos bancários, dos péssimos serviços
prestados aos clientes e da política econômica do seu governo, com as maiores taxas de juros do
mundo.
29 Outro mecanismo que o governo encontrou para favorecer os banqueiros é a troca da dívida
externa pela dívida interna. Enquanto a dívida externa foi reduzida de U$ 230 bilhões em 2003, para
U$ 203 bilhões em fevereiro de 2007, a dívida pública alcançou em julho de 2009 a ultra-gigantesca
cifra de R$ 2,160 trilhão ou cerca de mais de U$ 1,2 trilhão de dólares, uma política que fere a
Constituição Federal, que determina uma auditoria na dívida externa para identificar formalmente
quem ganhou de fato com a política sistemática do endividamento.
30 Em 2009, o governo Lula destinou 380 bilhões de reais do orçamento da União, para engordar
os lucros dos banqueiros, ao mesmo tempo gerou um superávit primário (economia de recursos
para o pagamento da dívida, obtida por meio de aumento de arrecadação de tributos e corte de
gastos públicos) equivalente a R$ 64,5 bilhões ou 2,06% do PIB (Produto Interno Bruto, tudo que
o país produziu durante o ano). Porém, este superávit não foi suficiente para pagar sequer os juros
da dívida, que atingiram 5,4% do PIB no período.
31 Vale ressaltar que o superávit primário não é a única fonte de recursos para o pagamento da
dívida, que também se reforça na emissão de novos títulos, da remuneração da Conta Única do
Tesouro, do lucro do Banco Central, dentre outras fontes, valendo enfatizar a destinação de todos
os superávits financeiros existentes em quaisquer contas ao final do ano, conforme a questionável
Medida Provisória 450, convertida na Lei nº 11.943, de 2009.
32
Analisando-se a execução do orçamento federal em 2009, podemos ver a distribuição de
recursos (que totalizaram R$ 1,068 trilhão no ano). As despesas com o serviço da dívida (juros

Caderno de Teses 243


TESE 16
mais amortizações, exclusive o refinanciamento) consumiram nada menos que R$ 380 bilhões,
ou 36% dos recursos do período e foram muitas vezes superiores aos gastos com áreas sociais
fundamentais, como saúde, educação e assistência social. Além disso, é quase nulo o valor
destinado a setores fundamentais como Organização Agrária (com apenas 0,23% dos gastos),
Transporte (0,75%), Ciência e Tecnologia (0,45%), Habitação (0,01%) e Saneamento (0,08%).
33 Na área da saúde segundo a ANS havia 44,7 milhões de usuários de planos de saúde em 2006,
na grande maioria com cobertura precária. Dá para entender a grande pressão da mídia para tirar
cada vez mais, grandes contingentes da previdência pública. O objetivo é abrir espaço para que
estes tubarões possam continuar absorvendo grandes levas de contribuintes, pois a previdência
está sendo privatizada gradativamente. O questionamento central seria o aumento sistemático do
déficit da previdência, pois eles não consideram o que determina a Constituição Federal, de que
a previdência integra o sistema de Seguridade Social. Esse sistema na verdade deu um lucro de
cerca de R$ 28,5 bilhões em 2006, segundo dados da ANFIP (Associação Nacional dos Auditores
Fiscais).
34
Em 2009 os encargos com a dívida pública federal – juros e amortizações – consumiram
35,57% do orçamento; mais do que a previdência social, saúde e educação juntas, que levaram no
total 33,43% do bolo orçamentário, ficando cada uma das principais áreas sociais do governo com,
respectivamente, 25,91%; 4,64% e 2,88%.
35 Os programas assistencialistas de Lula, incluindo o fome zero, consumiram apenas 3,09%
do orçamento, nem 10% do que foi doado aos agiotas da dívida pública brasileira; e quando foi
estabelecido o corte de R$10 bilhões do orçamento de 2010 para fazer frente aos efeitos da crise
mundial a equipe econômica de Lula não titubeou, cortou R$ 2 bilhões das verbas do ministério da
educação.
36 Por outro lado, a anunciada regulamentação da greve nos serviços essenciais, mostra que o
governo quer matar os trabalhadores de fome e transformar a resistência em caso de polícia. Essa
política deve ser seguida à risca pelos governadores e não é por acaso que Serra anunciou reajuste
zero neste ano, o que demonstra que o tratamento as reivindicações será cada vez mais duro, a
exemplo do que ocorreu na greve dos metroviários na qual 61 trabalhadores, incluindo dirigentes
do sindicato, foram demitidos. Na educação, ao anunciar o PAC do setor (PDE), o governo anuncia
velhas medidas neoliberais, como a avaliação do desempenho um mecanismo fundamental para
melhorar a qualidade de ensino. Uma cortina de fumaça para mascarar as verdadeiras causas do
caos da educação brasileira, setor em que o governo federal investe os mesmos índices de FHC.
37 Diante da crise financeira e econômica global Lula interveio sem pestanejar a favor do capital,
inclusive criando uma “bolha” imobiliária para favorecer o setor de construção civil usando como
desculpa um programa de moradia popular que até agora não atendeu nem 3% das famílias com
rendimentos de até três salários mínimos, a maioria da demanda por casa própria no país.
38 O governo isentou de tributos federais o setor de eletrodomésticos para alavancar o consumo
e os lucros dos capitalistas do setor, injetou dinheiro nos frigoríficos para financiar aquisições e
fusões, evitando a falência do Grupo Sadia – que perdeu recursos investidos na especulação global.
39 O escândalo maior fica por enquanto, com as negociatas da copa do mundo de 2014. Pulando
a parte das obras mal explicadas e super-faturadas, que não é nenhuma grande novidade neste
país – o governo Lula, atendendo exigência da FIFA, isentou a própria FIFA e seus parceiros do
pagamento de tributos e impostos – construtoras, bancos, empresas aéreas, etc, irão ganhar
verdadeiras fortunas sem pagar um centavo de imposto.
40
Enquanto isso, a conta começa a ser apresentada à população, a LDO – Lei de Diretrizes
Orçamentárias – de 2011 prevê reajuste zero para o funcionalismo federal; Projeto de Lei
Complementar 549/2009 permite o congelamento dos salários do funcionalismo por dez anos – bem
como dos investimentos públicos.
41
A candidata de Lula, Dilma Roussef, sentindo-se vencedora no primeiro turno das próximas
eleições já anunciou aperto fiscal e uma nova reforma previdenciária para 2011.
Não nos cabe arcar com os efeitos da crise econômica e financeira global, causada pelos
42
capitalistas especuladores e dos negócios mal explicados da copa do mundo de 2014. Exigimos a

244 Caderno de Teses


TESE 16
estatização, sem indenização, do sistema financeiro, o não pagamento das dívidas interna e externa,
o controle estatal sobre o fluxo de capitais (entrada e saída), câmbio e juros, reajuste automático de
salários pela inflação, estabilidade no emprego, redução da jornada de trabalho para 36 horas sem
redução de salários e expropriação de todas as empresas que demitirem trabalhadores.
43 Diante desse quadro, em que os ataques são cada vez mais duros, consolida-se a transformação
da CUT em departamento governamental, chegando ao ponto do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC não mover uma palha contra a demissão de diretores do próprio sindicato (funcionários da
Wolkswagem) só pelo fato de serem oposição à diretoria da entidade. Nossa tarefa é preparar
a luta contra as reformas, para isso é necessária a unidade dos que estão dispostos a fazer o
enfrentamento contra esse gigantesco ataque.
Nesse cenário exigimos reforma agrária e fim do latifúndio, educação pública-estatal de
44
qualidade para todos e redução da jornada de trabalho sem redução dos salários.

Eleições 2010: Eles não falam em nosso nome


45 A categoria tem razão em estar indignada com os tucanos, Serra, candidato a presidente e seu
assecla, Alckmin, candidato ao governo, representam o que há de pior para a escola pública e para
os trabalhadores; são nossos inimigos declarados.
46 A categoria repudiou, e repudia, sua política de avaliação de desempenho, aprovação automática,
meritocracia, privatização e municipalização do ensino; sem falar na sórdida e sistemática campanha
de difamação dos professores feita diariamente na imprensa.
47 Mas os tucanos não estão sozinhos; o governo federal, do PT, é cúmplice desta política. Paulo
Renato instituiu as provas para professores, o ministro da educação criou o exame nacional de
certificação – para toda a categoria; a meritocracia e a avaliação de desempenho também fazem
parte do PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação – do governo Lula.
48 O PV de Marina Cintra, que tem como candidato a vice-presidente o presidente da Natura –
processado por crime ambiental – só tem de verde os dólares que financiam sua campanha. É uma
legenda de aluguel; ora dos tucanos, ora do PT.
49 Independente de quem vencer as eleições, nossa luta em defesa da escola pública e de nossa
dignidade profissional vai continuar.
50 Em São Paulo, Alckmin e Mercadante representam a polarização petista-tucana no cenário
nacional; disputam entre si a condição de síndico dos interesses do capital contra a escola pública.
Nenhum destes nos representa.
51 Nenhum deles fala em nosso nome.

III. Sindical

A independência de classe e o movimento sindical cutista


52 As lutas dos trabalhadores brasileiros no final da década de 70 até meados de 90 confundem-se
com a história da construção da CUT contra o atrelamento do movimento sindical às políticas dos
governos e da burguesia.
53 O vigoroso movimento sindical priorizou organizar os trabalhadores para lutar por direitos e
mudanças profundas na sociedade (tendo como horizonte o socialismo), reafirmava a autonomia
sindical e negava acordos e pactos com a burguesia.
54 Essa marca refletia-se, por exemplo, na recusa da CUT em “comemorar” o 1o de maio com
shows e sorteios patrocinados pelos patrões servindo como instrumento de alienação da classe.
Essa data era um símbolo das lutas dos trabalhadores contra o sistema de exploração capitalista.
55 Apesar de algumas derrotas e das mudanças que ocorreram no mundo do trabalho, como o
aumento do desemprego (um dos efeitos do desenvolvimento tecnológico e do neoliberalismo) e da
diminuição da massa salarial, a CUT se pautava pela defesa dos direitos dos trabalhadores e contra
os ataques da burguesia e da sua imprensa.

Caderno de Teses 245


TESE 16
Do sindicalismo classista ao sindicalismo de colaboração
56 A “nova” CUT apresentava-se na defesa do banco de horas, das cooperativas de crédito e
de habitação; do acordo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com a Rede Globo (no projeto
Telecurso); na Apeoesp com o projeto “Educação no Centro das Atenções”, junto com a FIESP e nas
parcerias do Sindicato dos Bancários de São Paulo com os patrões para bancar “projetos sociais”.
Argumentavam que era o momento de formular políticas comuns com governos e empresas, no
interesse da sociedade.
57 O sindicalismo cidadão, de conciliação de classes, propositivo, começava a ser gestado.
Lembremo-nos que o próprio Lula montou uma pequena empresa e passou a aceitar favores de
“amigos” empresários.
58 A perspectiva de transformação da sociedade tornava-se, nos anos 90, cada vez mais distante
para uma parcela crescente de dirigentes sindicais cutistas, preocupados com a manutenção de
cargos – uma das principais características da burocracia sindical.
59 A luta contra a burguesia e seus representantes passou a ser travada dentro da CUT. Antigos
companheiros de luta passaram a conceber a central como ONG, e seus dirigentes como
administradores. Essa situação beirou ao ridículo quando a direção da CUT convidou José Aníbal,
então líder do governo FHC, para falar no 1o de maio, alegando que impedi-lo era anti-democrático.
Atualmente, patrões e banqueiros financiam as mega festas do 1º de maio da CUT e de outras
centrais pelegas que entregam nossos direitos à burguesia.
60 Na greve de petroleiros em 95, Vicentinho e Lula, articularam para derrotá-la e dividir a classe
trabalhadora, declarando intensivamente na mídia que a greve havia passado dos limites e que era
necessário deixar a radicalidade de lado e negociar, pois a população não poderia sofrer em função
da intransigência de “ambos” os lados.
61 A vitória de FHC, no ataque aos direitos previdenciários dos trabalhadores em 1998, só foi
possível graças à traição de Vicentinho, que sem consultar às instâncias da central, negociou com
o governo a retirada de nossos direitos, assumindo que a reforma era necessária para acabar com
os privilégios, em particular daqueles que gozavam de aposentadoria especial, o que se confirmou
com a promulgação da EC nº 20.
Com a chegada de Lula à presidência, o debate sobre autonomia e independência sindical
62
ganhou corpo, ao mesmo tempo em que a CUT vai se atrelando cada vez mais ao governo. A
Oposição Alternativa, naquele momento, afirmava: “A Central Única dos Trabalhadores encontra-
se numa encruzilhada: ou defende os interesses e reivindicações dos trabalhadores ou se conforma
com o papel de correia de transmissão da agenda do governo Lula”. e mais: “A independência
política e organizativa dos trabalhadores diante do Estado, dos patrões e do governo é uma questão
decisiva para a sobrevivência e fortalecimento dos sindicatos como legítimos representantes dos
trabalhadores”.
63 Nosso prognóstico se confirmou; a CUT assumiu a postura oficial de Central Chapa Branca:
fato constatado em diversos episódios, dos quais destacamos a colaboração e defesa da Reforma
da Previdência realizada por Lula, que eliminou direitos históricos dos servidores públicos, abriu
uma avenida para implantação de fundos de aposentadoria complementar privados; e manteve na
íntegra os prejuízos causados pela Reforma de FHC.
64 Em seu papel de governista, a CUT abandonou a defesa do piso do salário mínimo do DIEESE,
e passou a defender um plano de reposição para os próximos vinte anos, calcado na constatação
de que no governo Lula, a vida do trabalhador melhorou. Essa postura se traduz no recente
encontro no Pacaembu, reunindo milhares de trabalhadores de diversas centrais governistas para,
deslavadamente, declarar apoio a candidata de Lula a presidência da república.

O sindicalismo de esquerda combativo


65 Para o movimento sindical que se construiu na luta pela independência de classe e pela autonomia
sindical dos trabalhadores não restou outra saída a não ser romper com a CUT na perspectiva de
manter a construção classista do movimento sindical, popular, estudantil e de juventude.

246 Caderno de Teses


TESE 16
66 O Encontro Nacional de Sindicalistas de Luziânia, em março de 2004 deu início a um processo,
ainda não concluso, de debates sobre a formação de uma entidade que reúna os lutadores dos
movimentos sindical, popular e de juventude.
67 De lá para cá, avançamos. Foram passos importantes na construção da resistência, tanto aos
ataques do Governo Lula, como à política de conciliação de classes da CUT. Nossas organizações
foram as únicas que ousaram contestar e organizar manifestações a favor dos trabalhadores.
No entanto, ainda estamos distantes de ser efetivamente reconhecidos pela classe como seus
representantes. Nesse sentido, a unificação em torno de um projeto classista, apesar das divergências,
pode potencializar essa possibilidade, mesmo com as dificuldades impostas pela realidade.
68 A realização do Conclat abriu a possibilidade de unificação dos setores que se embasam na
luta de classes, na defesa de um programa e de um plano de lutas que dê conta do enfrentamento
necessário para armar a classe trabalhadora contra o capitalismo e a ditadura da burguesia e suas
instituições. Nesse sentido, a formação da CSP-Conlutas, no Conclat-Santos, é um importante
passo rumo as necessidades dos trabalhadores no enfrentamento aos inimigos de classe. Esse
avanço pode ser maior, na medida em que as lutas dos movimentos sindical, popular e de juventude,
alavancarem a unidade na luta contra o capital.
Apesar de ser um avanço, a unificação não está concluída, é um processo em curso; uma vez
69
que nem todos os setores representados no Conclat estão na nova entidade.
Temos uma tarefa histórica. Romper com os atuais limites da nossa ação nos movimentos
70
sociais. Desenvolver uma atuação sindical que organize os trabalhadores na luta pelas reivindicações
econômicas e imediatas, mas que também contribua para formar outra visão de mundo, radicalizando
na construção de formas de organização de base que confiram real poder de ação e decisão aos
trabalhadores.
Pensar e organizar a luta histórica pela função social da terra, no campo e na cidade, sob uma
71 ótica diferente e contrária á ideologia do mercado, eliminando o uso político-eleitoral dos movimentos
populares e direcionando nossas ações contra as grandes propriedades apropriadas, ao longo do
processo histórico, pelo capital e pelo Estado a serviço do capital.
Devemos discutir com os movimentos de luta por moradia a ocupação das terras das grandes
72 multinacionais e dos bancos, bem como as terras ociosas que estão nas mãos do Estado, tendo
como princípio à preservação ambiental e o combate á degradação do ar, da água, das matas e do
solo. Lutar contra o monopólio dos meios de comunicação de massas, principal difusor da ideologia
e do modo de vida capitalista.
73 Na APEOESP, considerando que, no governo Lula, a CUT passou a ser um braço do governo
no movimento sindical, escancarando sua traição. A Oposição Alternativa considera que já passou
da hora de rompermos com essa central e, por isso defende que junto com as próximas eleições
para a diretoria em 2011, seja realizado o plebiscito para definir a desfiliação da APEOESP a CUT.
• Independência e autonomia sindical em relação a governos e patrões
• Romper com a CUT governista – Plebiscito de desfiliação junto com as próximas eleições para
a diretoria;
• Pelo fim do Imposto Sindical;
• Contra o sucateamento dos serviços públicos;
• Contra as reformas: trabalhista, sindical, previdenciária e universitária;
• Salário mínimo de acordo com o valor determinado pelo DIEESE;
• Redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salários;

IV. Política Educacional

A política neoliberal de Lula e Serra: ataques a escola pública e aos professores.


74
A política educacional de Lula/Haddad, tem se caracterizado pela manutenção dos pilares da
política neoliberal tucana. A privatização mascarada de vagas no ensino superior através do PROUNI

Caderno de Teses 247


TESE 16 tem o propósito de conter e evitar a massificação da educação superior. O Brasil é ainda o país com
o menor número de alunos matriculados nas universidades, apenas 13% dos brasileiros entre 18 e
24 anos frequentam o ensino superior. Nos países da OCDE, a porcentagem é, em média, de 30%.
Na Coréia do Sul, chega a 60%. Apenas 9% da população brasileira terminam o ensino superior,
contra 26%, em média, nos países da OCDE.
75 O governo tem feito muita propaganda através da aprovação no CNE – Conselho Nacional de
Educação - e da consequente homologação pelo MEC de pareceres e resoluções que, via de regra,
retomam princípios neoliberais de outras normatizações.
76 Um bom exemplo desse procedimento ocorreu com o Parecer CNE/CP 11/09 (ensino médio
inovador) cujo texto rasga elogios a um dos maiores libelos neoliberais da educação, o Parecer 15/98
e sua Resolução 3/98, senão vejamos: “Este Conselho, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Ensino Médio, prescreveu organização do currículo em áreas de conhecimento e uso das várias
possibilidades pedagógicas de organização, inclusive espaciais e temporais, e diversificação de
programas ou tipos de estudo disponíveis, estimulando alternativas, de acordo com as características
do alunado e as demandas do meio social, admitidas as opções feitas pelos próprios alunos.
Enfatiza que o currículo deve ter tratamento metodológico que evidencie a interdisciplinaridade e a
contextualização”.
77 Utilizando conceitos pretensamente “avançados”, as referidas diretrizes, prescreveram a
imposição da organização curricular por áreas do conhecimento, que os tucanos tentaram impor
em São Paulo como uma espécie de laboratório e que a nossa categoria derrotou na greve de
2000. Parafraseando Saviani, por trás dos conceitos proclamados se esconde o objetivo real que é
a demissão de professores e o enxugamento da obrigação estatal com a educação pública e seus
profissionais.
78 Seguindo esse caminho o CNE aprovou em julho desse ano a Resolução 4, embasada pelo
Parecer 7; Definindo Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Nesse
conjunto de documentos a conceituação e o repertório, reafirmam todos os princípios da concepção
de educação neoliberal, flexibilizando direitos e centralizando para verticalizar as decisões dos
gestores e dos sistemas educacionais sobre os profissionais de educação.
79 Essa sintonia com os princípios, conceitos e projetos neoliberais, faz o Estado brasileiro atuar
como um limitador que comprometeu, por exemplo, o Parecer 9/2009, relatado pela Conselheira
Maria Isabel A. Noronha e que tratou das Diretrizes para os novos Planos de Carreira e de
Remuneração para o Magistério dos sistemas educacionais públicos do país.
80 A Resolução não avançou na questão da redução do número de alunos por turmas, como
passo importante para as condições de trabalho dos professores e generalizou quando se tratava
de responder os problemas enfrentados pelos professores temporários. Estas graves omissões se
inserem no contexto, onde tentar mudanças num Estado que na essência incorporou o repertório
neoliberal é praticamente impossível a não ser que haja uma gigantesca mobilização dos professores
e demais profissionais do magistério, apoiados pelo conjunto da classe trabalhadora.
81 A política do governo federal através do PDE e do Decreto da sua implementação, são incisivos
na opção pelo neoliberalismo e servem de guia para que os tucanos em Estados como São Paulo
institucionalizem os ataques contra a nossa categoria, política seguida, inclusive por governos
petistas nos municípios, a exemplo da municipalização imposta na porrada com gás pimenta e
bombas sobre os professores em Diadema; outro exemplo é a política de mérito do governo petista
da Bahia que limita os reajustes a apenas 10% dos professores estaduais.
82
O papel que a burguesia atribui à escola pública é o de formadora de acomodados ao sistema,
convertidos em mão de obra barata e adaptados ao mundo capitalista. Esses princípios inseridos na
LDB e nas diretrizes curriculares nacionais, estaduais e municipais assumem uma proclamação: “a
formação para o mercado de trabalho e a cidadania”, deixando claro o seu objetivo real que é uma
escola voltada para reprodução da ideologia dominante.
83 Na perspectiva da classe trabalhadora, a escola que defendemos deve ser pública-estatal,
capaz de possibilitar aos que nela atuam: professores, alunos e comunidade; a criticidade contrária
ao papel que governantes e mídia querem que a mesma assuma. Desta forma contribuiremos

248 Caderno de Teses


TESE 16
com uma nova visão educacional e escolar desmistificadora e transformadora dessa realidade de
exploração a que o capitalismo submete os trabalhadores.
84 Os projetos anunciados apresentam mais uma vez, a avaliação e o currículo como o grande
problema da escola. De novo os professores são responsabilizados pelos problemas que existem
ou surgem, ou seja, Lula com o PDE e Serra com as 10 metas e ações, tentam transformar os
trabalhadores da educação em algozes dos outros trabalhadores que exercem o direito à educação.
Acusam-nos de despreparo e descaso, apesar de recebermos ‘bons salários’ .
85 Na realidade a análise das mazelas da escola pública-estatal deve partir do seu interior
– feita pelos trabalhadores da educação e alunos. O centro está na ausência das condições de
funcionamento impostas pelos governos desde a falta de infra-estrutura até as péssimas condições
de ensino e aprendizagem.
86 Qualquer processo de avaliação parte do objetivo proposto anteriormente. E se o projeto
neoliberal tem por objetivo sucatear a escola pública para justificar a sua posterior privatização, as
políticas educacionais oficiais: estadual e federal estão em sintonia fina. Por isso, temos que ser
contra qualquer tipo de avaliação externa.
87 Lutamos por uma escola pública-estatal onde sejam desenvolvidos plenamente a aprendizagem
e o ensino. Para isso, é necessária uma nova estrutura que combine infra-estrutura adequada,
carreira e financiamento educacional compatível com esse objetivo.
88 Esse processo passa pela valorização do tempo de atuação no magistério como critério para a
estabilidade plena no emprego de todos os professores, evolução na carreira e também a pontuação
para os concursos a serem realizados.
89 Proposta pedagógica da escola constituída a partir do debate democrático envolvendo toda
comunidade escolar, respeitando a autonomia da escola, com o entendimento de que a única forma
de chegar a humanização plena é a superação da sociedade capitalista.
90 Profissionalização de todos os trabalhadores da escola com acesso apenas por concurso
público, salário digno e estabilidade. Em relação à formação docente a mesma deve ser permanente
e incentivada a partir de uma jornada compatível com o prosseguimento nos estudos para que
os professores possam fazer atualizações, especializações em quaisquer níveis acadêmicos, em
universidades públicas de ensino.

Financiamento
91 Aumento imediato do percentual do PIB destinado à educação para 15%, que busque
compatibilizar e equalizar o custo aluno/ano na educação básica e superior. Somos contrários a
política de fundos, pois os mesmos se inserem na lógica de concentrar os recursos existentes em
um determinado nível de ensino, não representando aumento nos investimentos em educação; via
de regra acabam fortalecendo a redução das receitas educacionais e o arrocho salarial. Verbas
públicas apenas para educação pública estatal. Gastos em educação entendidos apenas como
os recursos destinados para as atividades fins e respeitar a autonomia escolar na aplicação dos
recursos e desenvolvendo mecanismos de controle organizados pela própria comunidade escolar.

Concepção
Defendemos a escola pública-estatal organizada pelos trabalhadores como espaço alternativo
92
de construção de um conhecimento voltado para a transformação da sociedade capitalista fundada
na desigualdade social, que submete a imensa maioria social a exploração e a miserabilidade. Essa
escola deve corresponder as necessidades dos filhos da classe trabalhadora, com base no processo
de construção dos conhecimentos como instrumento de emancipação e libertação da opressão
capitalista. Nesse sentido os professores devem atuar como mediadores entre o conhecimento já
produzido e sistematizado pela humanidade e sua consequente apropriação pelos educandos. A
construção do conhecimento deve ser entendida como elemento constitutivo da própria construção
da identidade de classe.

Caderno de Teses 249


TESE 16
Gestão
93 A democratização da escola é um requisito fundamental para a garantia do seu caráter público e
estatal. Para atingir esse objetivo o conselho de escola deve ser constituído a partir de um processo
de debate com a comunidade escolar que resulte em eleição livre e direta através da participação
de representantes de todos que fazem a escola. Autonomia da gestão com eleição direta para a
direção, mandato revogável e extinção do cargo de supervisor de ensino. Cargo apenas de professor,
o acesso as demais funções deve ser determinado por decisão da comunidade escolar e a vida
administrativa e pedagógica, sendo definida pelo conselho de escola eleito democraticamente e
com caráter deliberativo.

Avaliação
94 A avaliação educacional externa tem sido desde os anos noventa apropriada pela política
neoliberal como instrumento de punição e perseguição aos professores. Num primeiro momento
com o pretexto de que o objetivo seria para diagnosticar as dificuldades dos alunos, o estado passou
a vincular a avaliação ao processo de progressão na carreira e o congelamento dos salários. Nesse
sentido a criação do IDEB pelo Ministério da educação tem sido um instrumento fundamental de
pressão sobre as escolas e os professores, congelamento salarial, terceirização e privatização da
educação pública.
95 A avaliação por desempenho ou meritocracia com base numa prova adotada pelos tucanos em
São Paulo, está fazendo escola. O governo petista da Bahia resolveu adotar este ano a mesma
meritocracia do governo tucano paulista, o que não é novidade visto que esta política foi deliberada
pelo governo federal através do Decreto 6094/07, artigo 2°, que prevê no inciso XIII - implantar plano
de carreira, cargos e salários para os profissionais da educação, privilegiando o mérito, a formação
e a avaliação do desempenho; XIV - valorizar o mérito do trabalhador da educação, representado
pelo desempenho eficiente no trabalho, dedicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade,
realização de projetos e trabalhos especializados, cursos de atualização e desenvolvimento
profissional; XV - dar consequência ao período probatório, tornando o professor efetivo estável após
avaliação; de preferência externa ao sistema educacional local.
96 Percebe-se que o governo Lula é o grande articulador de toda essa política aplicada pelos
governos tucanos, petistas e adjacentes em todo país. No Estado de São Paulo o SARESP tem
sido ao longo dos anos um poderoso instrumento dos tucanos para perseguir, punir e difamar os
professores, pois tem se limitado a medir as dificuldades dos alunos e fomentar políticas de assédio
moral, ataques e arrocho salarial, na medida em que o objetivo não é melhorar efetivamente a
educação pública e sim criar as condições para justificar a sua privatização.
97 Do ponto de vista da metodologia de avaliação na escola, permanece a política de aprovação
automática implementada em 1997, convertida num instrumento de desestímulo à aprendizagem
e de descaracterização do trabalho docente. Na maioria das escolas tanto no ensino fundamental
como no ensino médio, os professores são coagidos a aprovar os alunos independente destes
aprenderem efetivamente ou não, o que contraria inclusive a própria legislação educacional e fere
a autonomia e a liberdade de cátedra.
98 Nesse sentido, para que a escola possa garantir um processo de avaliação oportunidade e
melhores resultados faz-se necessário: JORNADA 20 horas aulas; sendo 50% em sala de aula,
25% em hora atividade coletiva e 25% em hora de trabalho de livre escolha do docente. Inclusão
das horas de janelas na jornada de trabalho docente; SALÁRIOS: Piso do DIEESE por 20 horas e
incorporação das gratificações e do bônus aos salários, Revogação da Lei Complementar 1097/09
e extensão a todos os professores dos 25% já concedidos. Reposição de todas as perdas salariais;
EVOLUÇÃO: por tempo e título, ou a combinação dos dois critérios, caso em que a evolução será
duplicada. Pontuação da participação do professor em atividades correlatas à carreira, para fins de
evolução. Cursos de graduação, pós graduação, mestrado e doutorado. Redução dos intervalos
de evolução para 2 anos e carreira aberta. CARREIRA: realização de concurso público para todas
as disciplinas e Revogação da Lei Complementar 1094/09. Efetivação de todos os aprovados
em concurso público, vínculo e garantia de salário para o professor eventual. Revogação da Lei

250 Caderno de Teses


TESE 16
complementar 1093/09. Transformação das funções temporárias em cargos em extinção, com
estabilidade até a aposentadoria. Readmissão dos professores demitidos em razão de greves ou de
perseguição política; HORA AULA: de 45 minutos no diurno e no noturno. DESBUROCRATIZAÇÃO
: fim do diário de classe impresso, desobrigação do preenchimento de fichas, tarjetas e do controle
de frequência por parte do professor.

Currículo
99 A centralização e verticalização curricular imposta pelo governo tucano em São Paulo, com
as cartilhas do programa “São Paulo Faz Escola”, impôs um currículo sintonizado com as políticas
públicas neoliberais induzindo a um ensino acrítico, reforçando a ideologia dominante e os
mecanismos de poder do Estado burguês liberal. Inclusive com a produção de materiais repletos
de erros grosseiros ou de conteúdo impróprio para a idade dos alunos, a exemplo de mapas
geográficos com o território sul americano desfigurado “dois Paraguais”, informações históricas
, entre outros. Esses episódios reforçam a nossa análise de que a classe dominante não tem a
mínima preocupação com a escola pública, a qual o papel reservado é apenas de fazer com que
os jovens passem pela escolarização sem a mínima preocupação com a formação dos mesmos.
100 Nesse sentido a grande maioria das escolas estaduais tem assumido um papel de reprodução
do repertório do sistema capitalista, inclusive com uma prática totalmente antidemocrática. Os
próprios projetos pedagógicos e os respectivos conselhos de escola têm sido composto sem o
processo democrático e sem a participação da comunidade escolar nas suas decisões.
101 Apesar dessa realidade entendemos a escola como um espaço de disputa política e de
concepção da sociedade, cabendo aos lutadores socialistas travar o combate necessário contra a
ideologia burguesa, tendo em vista que as contradições são cada vez mais agudizadas e marcados
por conflitos com a política neoliberal.
102 Professores, alunos e pais, devem intervir nesse processo, dando uma forma organizada para
as lutas que se travam no interior das escolas, exigindo a democratização dos instrumentos de
decisões, no sentido de que todos passem a ser sujeitos do processo educacional, enfrentando as
lutas sociais tendo como objetivo a construção de uma nova sociedade fundada nos valores coletivos
e socialistas. Temos claro o papel da escola na sociedade de classes, o que exige aproveitá-la
como espaço privilegiado da disputa ideológica, criando trincheiras de reafirmação do projeto de
transformação socialista.
103
Nesse sentido, defendemos que o currículo escolar deve ser resultado de uma ampla discussão
com a comunidade escolar de toda rede estadual e que os materiais didáticos devem ser produzidos
pelos próprios professores das escolas públicas em suas respectivas disciplinas.

104 Nossas Propostas


• Revogação da LDB;
• Abaixo o FUNDEB, contra a municipalização e pela desmunicipalização do ensino;
• Abaixo as parcerias com ONGs e instituições privadas de ensino;
• Elevação dos gastos em educação para 15% do PIB;
• Pela universalização do atendimento em creches e educação infantil pelos municípios;
• destinação das verbas públicas apenas para educação pública estatal;
• Redução do número de alunos por turmas para 25, 20 e 15.

V. Balanço

Greve: com luta organizada era possível derrotar o governo


105
A gestão da Apeoesp, no último período, tem se caracterizado pela burocratização e
individualização das decisões. Os materiais de divulgação, a página na Internet e outros, ao invés

Caderno de Teses 251


TESE 16
de priorizarem a organização da luta da categoria, mais parecem materiais de divulgação pessoal
da presidente do sindicato.
106 Por outro lado, do ponto de vista político, a Apeoesp tem guinado, cada vez mais para o
colaboracionismo e governismo, principalmente em relação ao governo federal, fato que limita a
atuação sindical pois os governos estaduais, inclusive Serra em São Paulo que implementa as
mesmas ações de ataque a educação pública e aos trabalhadores da educação.
107 Essa postura se refletiu inclusive na greve de 2010, uma greve necessária e justa, mas
considerada pela direção majoritária do sindicato, apenas como um instrumento de desgaste do
governo Serra.
108 Diante de tantos ataques à nossa categoria e do ódio da maioria dos professores ao governo
estadual, havia condições de fazermos uma greve forte em todo o estado e começar a derrotar esta
política anti-educativa perpetrada por Serra/Paulo Renato e respaldada pelas medidas idênticas
adotadas pelo governo federal Lula/Haddad contra os professores e escola pública.
109 A pergunta que fica é porque não foi assim? Nossa greve desde o início, apesar da disposição
de luta de boa parcela da categoria, expressa nas ações de rua com muitos milhares de professores,
principalmente na paulista, foi parcial na Grande São Paulo e não atingiu todas as regiões do interior.
Principalmente porque, mesmo tendo sido votada no final de 2009 na Conferência Educacional, não
houve uma política de preparação da greve pela direção majoritária artsind/artnova/Cut e CBT – que
limitou-se aos anúncios formais pela imprensa, o que não ajudou a superar as desigualdades na
categoria; um setor importante tinha receio de entrar em greve acabou não entrando por achar que
o governo era mais forte que o nosso movimento.
O segundo elemento foi a política deliberada de não denunciar o governo Lula/Haddad e sua
110
política educacional – idêntica ou igual a de Serra/Paulo Renato – e fazer uma greve, na prática,
apenas para desgastar e denunciar o governo estadual do PSDB. Para que fique claro; não somos
contrários a denúncia e desgaste de um governo que há dezesseis anos destrói a escola pública no
estado, mas a utilização das denúncias pela imprensa e pelo próprio governos dizendo se tratar de
uma greve eleitoral, aumentou os temores dos setores de não aderiram ao movimento importante.
O dever de uma direção sindical é dizer a verdade a categoria, os professes tiveram dois
111 inimigos na greve: os governos Lula/Haddad e Serra/Paulo Renato e suas políticas educacionais.
O governo federal respaldou e fortaleceu a truculência do governo estadual ao adotar as mesmas
medidas contra os professores e o funcionalismo – e a direção majoritária, por ser vinculada a ele,
escondeu isso da categoria.
112 O grande desafio para todos os professores e todos os trabalhadores brasileiros, nos próximo
período, para levar adiante suas lutas rumo à vitória é construir uma direção independente de
governo e patrões, comprometidos com as nossas reivindicações.

VI. Políticas Permanentes

Deficiência, acessibilidade e inclusão


113 Os projetos arquitetônicos das escolas públicas tanto as já construídas, como as que se
encontram em construção, impossibilitam tanto educadores quanto educandos com deficiência a
usufruírem do espaço escolar. Esta situação discriminatória em que vive a pessoa com deficiência
tem origem na formação cultural, onde são escolhidos, os ditos “normais”. É importante fazer uma
ampla reflexão e uma necessária releitura do nosso cotidiano. Devemos urgentemente passar por
um processo de “aculturação” onde a relação de igualdade solidariedade e compreensão do outro,
deve ter como base o direito a diferença, em condições de direitos e de respeito.
É nosso princípio a defesa de uma escola acessível, de qualidade e para todos, capaz de ser o
114
verdadeiro espaço de atuação que potencializa os trabalhadores a melhorarem sua atuação na luta
de classes. Uma escola que corresponda ás expectativas dos trabalhadores que a frequentam ou
nela tem os seus filhos.
115 Finalmente, uma escola pública-estatal que seja o instrumento principal com vistas a contribuir

252 Caderno de Teses


TESE 16
com a libertação dos trabalhadores. Portanto a Apeoesp tem o dever de cobrar do Governo todos os
compromissos, inclusive o cumprimento das Leis de Acessibilidade e Inclusão em todas as escolas
públicas.
116 Diante desse quadro, exigimos o cumprimento das seguintes medidas, (a começar pela própria
Apeoesp), compreender e reconhecer as desvantagens que constituem na falta de acessibilidade
nas Escolas Públicas, tanto para os educadores, como para os educandos.
117 Constituição de um coletivo de professores e professoras com deficiência, visando a sua
representação e organização na vida política da Apeoesp. Exigimos, que em todas os eventos,
da Apeoesp seja observada antecipadamente a possibilidade de participação dos professores e
professoras com deficiência e / ou mobilidade reduzida.
118 Que nos nossos Congressos e em reuniões das instâncias, tanto a Central como as Subsedes
devem dar total apoio, tanto estrutural como financeiro e logístico aos participantes com deficiência,
segundo o seu grau de impossibilidade. Que a Apeoesp organize para o próximo ano um Encontro
Estadual da pessoa com deficiência.

Saúde dos profissionais da educação


119 A vida funcional do profissional da educação modificou-se bastante nas últimas décadas. As
políticas para a Educação ditadas pelo Banco Mundial e acatadas e implementadas pelos Governos
Federais e Estaduais de plantão - Itamar Franco, FHC e Lula/ Covas, Alckmin e Serra- tornaram um
verdadeiro calvário a vida de milhares de professores. A busca de resultados, ainda que puramente
artificiais aliada ao sucateamento da educação, precarização, terceirização e privatização dos
serviços públicos, ignora a função essencial para toda a sociedade.
120 Com salários rebaixados (média de R$ 700 a R$ 1.200), professores são obrigados a terem
dois ou três vínculos empregatícios, com carga horária até 30 horas-aulas em cada um, salas de
aula com até 50 alunos e sem material pedagógico, o resultado não poderia ser outro: um índice
elevadíssimo de professores fora da sala de aula em Licença-Saúde por doenças psiquiátricas
(stress, depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Síndrome de Burnout, etc), ortopédicas e
musculares (tendinite, síndrome do túnel do carpo, fibromialgia, etc) e vocais (rouquidão, calos
nas cordas vocais, etc) - doenças que lideram este triste ranking, mas não são consideradas e
reconhecidas como doenças ocupacionais.
121 Para o professor admitido em caráter temporário, a vida é mais dura, pois seu vínculo depende
se será exitoso em uma brutal concorrência que divide a categoria e é estimulada pelo Estado: a
atribuição de aulas. O docente eventual e os outros precarizados pela lei 1093/09, simplesmente
não existem para o Governo, só recebe pelas horas-aula efetivamente ministradas(eventuais) e não
tem licença-saúde, gestante, ou qualquer direito trabalhista.
122 Hospital do Servidor não tem estrutura que comporte atendimento adequado para a categoria,
muito menos o terrível Departamento de Perícias Médicas do Estado – DPME, cujas denúncias
de humilhações e situações vexatórias são inúmeras além de resultados de perícias que são
sistematicamente negadas sem qualquer explicação, publicadas em diário oficial, muito tempo
depois da perícia. O atendimento aos professores que moram no interior não é menos precário,
houve o rompimento de convênios para atendimento médico em várias regiões do estado, obrigando
os usuários do IAMSPE a recorrerem à iniciativa privada ou ao SUS. Isto faz parte de uma política
de sucateamento para posterior privatização.
123 Tudo isto faz parte da política consciente do Governo Serra de superexplorar professores e,
quando estes não resistem e ficam debilitados são tratados como “lixo”, toda sua contribuição
profissional de longos anos é desconsiderada. Por sua vez, a direção majoritária da Apeoesp,
investe em convênios com planos privados de saúde.
124 A APEOESP não pode continuar se calando frente a esta situação caótica, por isso a OPOSIÇÃO
ALTERNATIVA propõe:
• CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – em todas as unidades escolares;
• Apuração Imediata de toda denúncia de Perseguição e Assédio Moral com punição exemplar
dos responsáveis;

Caderno de Teses 253


TESE 16 • Limitação de, no máximo, 35 alunos por sala de aula;
• Auditoria Técnica sobre o DPME com relação ao indeferimento de Licenças Saúde,
Readaptações e Aposentadoria e exigência de resposta aos requerimentos formulados em 10
dias úteis;
• Aposentadoria por Invalidez Permanente com proventos integrais para todos os casos;
• Realização de estudos para o levantamento de todos os casos de doenças ocupacionais do
professorado e exigência do seu reconhecimento para fins de Licença por Acidente de Trabalho
com remuneração integral;
• Atendimento médico pelo IAMSPE em todo o estado.
• Contra a política de convênios médicos privados.

Contra a opressão e a exploração da mulher e dos setores LGBTT


A situação das mulheres e demais setores oprimidos
125 As mulheres junto com os demais setores oprimidos deste país são as principais vítimas da
pobreza, do salário mínimo de fome; da ausência de políticas públicas tais como saúde, educação e
moradia; constituem a maioria dos/as desempregados/as; ocupam o mercado de trabalho em maior
número nas últimas décadas, empurradas principalmente pelo desemprego dos companheiros e
filhos, como mão-de-obra mais barata, sem a garantia de direitos essenciais como creche, auxílio
maternidade e geralmente encontram-se em profissões “guetizadas”, discriminadas salarialmente e
desvalorizadas socialmente, tais como o serviço doméstico, a educação, a saúde etc.
126 Essas trabalhadoras foram duramente atacadas com a Reforma da Previdência do governo
Lula, ao exigir de milhares de trabalhadoras rurais e domésticas comprovação do tempo de
serviço, aprofundando-o, ao ampliar em 7 anos a idade mínima para efeito de aposentadoria,
desconsiderando as múltiplas jornadas de trabalho e o aprofundamento de medidas neoliberais
ameaça retirar direitos conquistados pelos/as trabalhadores/as como o 13º salário, férias, multa
sobre o FGTS, e uma medida que atinge em cheio as mulheres, a redução da licença maternidade.
127 As mulheres lutam fundamentalmente combatendo o capitalismo que sobrevive da fome e da
pobreza de mais da metade da população mundial, da opressão, do racismo, do machismo, da
homofobia, da xenofobia e de tantas outras formas de intolerância no intuito de dividir para reinar.

Opressão da mulher e desvalorização profissional


128 A opressão da mulher justifica políticas de discriminação salarial e desprestígio social. Há entre
opressão da mulher e desvalorização do magistério relações diretas que explicam os baixos salários
e os rótulos de profissionais desqualificadas, despreparadas.
A luta das/os profissionais da educação, além da questão de classe dá-se, também, em outros
129
níveis, num tripé classe-gênero-etnia. O ensino pré-escolar no Brasil é 94,8% exercido por mulheres;
no ensino fundamental, 92,6%, ao passo que no ensino superior é minoria, 40,8% (IBGE). A maior
participação da mulher num ou noutro nível de ensino está fortemente vinculado ao valor salarial
e ao prestígio social, apesar da guetização atingir toda categoria. Outro fator a se verificar é a
presença maior ou menor de negras e afrodescendentes nesses níveis de ensino.
130 Na Rede Estadual, a política de Serra/Goldmann segue aprofundando essas discriminações.
As professoras têm múltipla jornada de trabalho; enfrentam cargas horárias estafantes e mal
remuneradas, sob a pressão constante de gestores exigindo produtividade e as péssimas condições
de trabalho têm levado a uma incidência cada vez maior do número de doenças e registros de
acidentes no trabalho de acordo com a OMS e OIT. Somado a isso, não há política de creches,
obrigando as/os profissionais da educação a delegar a terceiros os cuidados com os/as filhos/as.
131 No tocante a violência que sofre cotidianamente em seu ambiente de trabalho, inclusive os
casos de assédio moral e sexual, a professora encontra-se desamparada.

254 Caderno de Teses


TESE 16
Homofobia exploração e opressão
132 Na sociedade em geral, a discriminação e o preconceito são constantes nos locais de trabalho,
nos discursos e práticas religiosas, nas relações sociais, nos meios de comunicação etc. Não
raramente, o preconceito é fatal, o que faz com que o Brasil contabilize cerca de 2 mil homossexuais
assassinados somente nos últimos 20 anos.
133 Lamentavelmente, nas escolas a situação não é diferente. A homofobia é prática constante no
interior das salas de aula e dos professores. A violência (física, moral ou psicológica) atinge centenas
diariamente. Como também, o próprio conteúdo programático tende a acentuar os preconceitos.
Exatamente por isso, é fundamental que a Apeoesp desenvolva uma política clara e sistemática de
combate a homofobia, o que só pode ser feito através da organização no interior da categoria e da
aliança com os demais setores oprimidos e explorados.
134 Está é uma tarefa fundamental até mesmo porque, hoje, os setores majoritários do movimento
LGBTT aliaram-se ao governo e reproduzem seu discurso vazio – como o projeto “Brasil sem
homofobia” – que além de não combater, de fato, a homofobia, está inserido dentro da lógica
neoliberal, que iguala a conquista de direitos ao “acesso ao mercado” ou a uma “visibilidade”
completamente despolitizada (a exemplos do que vem ocorrendo com a maioria das Paradas do
Orgulho LGBTT).
135 Defendemos leis, como a de Parceria Civil, que obriguem o Estado a reconhecer direitos e também
exigimos uma legislação que puna os quem discrimine ou ataquem por meio de comportamentos
homofóbicos. Defendemos a formação de coletivos no sindicato e nas subsedes, abrir um processo
de discussão, organização e luta dentro de nossa categoria, construindo conjuntamente as lutas e
o combate a todos aqueles que nos dividem.

Balanço do coletivo estadual de gênero da Apeoesp


136 A questão de gênero na Apeoesp ficou limitada, mais uma vez, à ocasião do 8 de março. Além
das questões gerais, as específicas, tão prementes às mulheres, tais como creches públicas para
os trabalhadores e trabalhadoras, inclusive no período noturno, para professoras/es e alunas/os
sequer ousam fazer parte da pauta de reivindicações da Campanha Salarial de uma categoria
amplamente majoritária de mulheres.
No tocante ao “serviço” de creche nas atividades do sindicato: CER, Congressos, Seminários,
137
Encontros, Conferências e Assembléias”, é “natural” tropeçar em crianças de faixa etária variada,
deslocadas nas plenárias acaloradas. Quanto à delimitação da idade para creche em congressos,
o setor majoritário da diretoria considera que crianças de 12 anos podem muito bem se virar sem
as mães ou pais, contrariando a definição de criança do próprio ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente).
Outras importantes deliberações não cumpridas podem ser lembradas tais como o estudo em
138 parceria com as universidades públicas sobre a situação da categoria, em especial sobre as mulheres
(saúde, sexualidade, violência, etnia); a luta pela criação de um Centro de Atenção LGBTT nos
âmbitos municipal e estadual; a luta pela inserção, no currículo, da história da luta das mulheres e
outras tantas. Resoluções importantes, como as que seguem, precisam ser ratificadas pelo próximo
Congresso. Os delegados(as) devem exigir a imediata implementação das mesmas para que haja
de fato uma intervenção efetiva no atendimento às demandas específicas de Mulheres e LGBTT.
139 A existência do Coletivo Estadual de Gênero é positiva, pois como anteriormente apresentado,
as deliberações nas instâncias da entidade foram um avanço. No entanto, a sua não implementação,
a não inserção dessas discussões com o conjunto da categoria e a falta das especificidades das
mulheres e LGBTT na campanha salarial são dados que representaram um retrocesso. As questões
de gênero acabam ficando pulverizadas entre tantos temas que comportam a Secretaria de Políticas
Sociais.

Por isso, reafirmamos a urgência na criação da secretaria de mulheres e GLBTT.


140 A Apeoesp necessita de uma Secretaria de Mulheres e LGBTT que tenha a tarefa política

Caderno de Teses 255


TESE 16
de organizar e conduzir a luta da categoria contra a opressão da mulher e a exploração de
classe, o machismo e a violência sexista, enfocando as diversidades sexuais e o combate a
homofobia, em suas subsedes, impulsionando a criação das Secretarias ou Coletivos Regionais
de Gênero, orientando-os e subsidiando-os em suas necessidades, garantindo-lhes infra-
estrutura, formação etc.
141 É imprescindível a criação desta Secretaria, através da qual a execução de deliberações
congressuais seria mais eficaz, voltada para agir politicamente sobre a questão de gênero dentro do
sindicato, nas diferentes regiões e em negociação com o governo. Diluída na Secretaria de Políticas
Sociais, na forma de Coletivo de Gênero, não se conseguiu cumprir a demanda estabelecida pelo
congresso.
• Construção de creches para o atendimento de toda demanda hoje existente
• Política de formação sobre o tema opressão e superexploração de negros e negras, mulheres
e LGBTT
• Elaboração de materiais para as profissionais da educação abordando assuntos específicos
• Orientação sexual nas escolas
• Proibição da concepção educacional que orienta as mulheres para as tarefas domésticas
• Por uma nova didática de ensino que não utilize estereótipos discriminatórios
• Combate à homofobia
• Inserção no currículo: a luta das mulheres contra a opressão, o machismo e a violência sexista
• Direito ao aborto em hospitais públicos
• Acesso a métodos contraceptivos gratuitos e a tratamentos de fertilização
• Defesa da união civil homossexual
• Contra a obrigatoriedade dos exames ginecológicos para admissão
• Direito à licença para amamentação
• Por um salário família de meio salário mínimo do DIEESE por cada filho
• Ampliação da licença maternidade para seis meses e da paternidade para trinta dias
• Redução da jornada de trabalho para mães e pais no primeiro ano de vida dos filhos
• Pela descriminalização e legalização do aborto

142 NO SINDICATO:
• Criação da Secretaria de Mulheres e LGBTT
• Creche nas atividades do sindicato para crianças até 12 anos
• Estudo em parceria com as universidades públicas sobre a situação da categoria, em especial
sobre as mulheres

143 CAMPANHAS E AÇÕES:


• De combate à violência sexista
• Contra a impunidade dos crimes praticados contra as mulheres e GLBTT
• Pelo direito à saúde pública, com assistência integral à saúde da mulher

Questão racial uma luta, cada vez mais, de raça e classe


144
São raros os exemplos daqueles que localizam as enormes tensões raciais que verificamos
em todo mundo na sua verdadeira origem: as políticas neoliberais e a ganância sem limites do
capitalismo que, para sobreviver, não vacila, além de explorar o conjunto da classe trabalhadora,
em oprimir e marginalizar gigantescos setores da população, como negros e mulheres, para extrair
ainda mais lucros.
145 Nos encontros oficiais dos últimos anos e até no meio sindical, representantes do movimento

256 Caderno de Teses


TESE 16
negros e de vários países desconsideraram completamente o papel do Imperialismo tanto no que
se refere à diáspora negra quanto no que diz respeito à miséria que a maioria dos descendentes de
africanos enfrenta mundo afora.
146 Neste sentido, o governo Lula é um dos piores e mais lamentáveis exemplos. Lula e seus aliados,
inclusive na Apeoesp, vendem a idéia de que o Brasil é um exemplo do combate ao racismo. Para
tal, listam “iniciativas” que vão da implementação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial (Seppir) a programas como o ProUni e a proposta de cotas.
147 O que o governo e seus aliados “omitem” é que o Seppir é um órgão que sequer tem verba,
que o ProUni está jogando a população negra e carente em escolas privadas de baixa qualidade e
que a proposta de cotas está inserida no projeto de Reforma Universitária que tem como objetivo
fundamental privatizar o ensino público.
148 Ao contrário da propaganda, este governo está aprofundando o abismo racial no país, e não
combatendo-o. Algo que só seria possível através do enfrentamento com as velhas elites oligárquicas
racistas e do rompimento com o capital financeiro, através do não pagamento das dívidas, para que
fossem destinadas verbas, também, para projetos específicos para o combate ao racismo.

Nas escolas, a reprodução do sistema


149 O racismo é um sério problema no interior das escolas, não é novidade para ninguém. Livros
didáticos carregados de ideologia racista e conteúdo eurocêntrico, discriminação aberta contra
alunos e professores são lugar comum. Reivindicamos políticas pedagógicas para lidar com o tema.
150 Os que muitos se recusam a admitir é que esta situação – estimulada pelas políticas
governamentais e pela omissão ou cumplicidade dos movimentos negros e aliados do governo no
movimento sindical – só está piorando.

Em defesa das cotas raciais


151 A defesa das cotas raciais deve ser combinada com a ampliação dos serviços públicos e
um plano de obras, para gerar emprego e moradia para a população negra. Neste ponto, nos
diferenciamos tanto daqueles que se opõem às cotas com argumentos reacionários (como os
intelectuais que assinaram o manifesto “Todos têm direitos iguais na República Democrática”)
quanto dos governistas, que inseriram a proposta no projeto de Reforma Universitária ou daqueles
que defendem a cota por si mesma como solução para a questão racial.
152 Para nós, as cotas raciais são justas e necessárias para que o Estado comece a reparar a
população negra pelos séculos de racismo e escravidão. Neste sentido, também, defendemos
cotas raciais proporcionais ao percentual de negros existentes nas regiões em que se encontram
as universidades, escolas técnicas, serviços públicos, etc.
153 Evidentemente, toda a discussão racial, no nosso entender, deve-se combinar com as lutas
gerais dos trabalhadores e trabalhadoras, no sentido de discutir, como afirmava Malcolm X, que
“não existe capitalismo sem racismo”. Por isso, a luta pela real libertação de negros e negras deve-
se combinar com o não pagamento das dívidas, a ampliação de verbas para a educação, saúde e
demais serviços públicos, a redução da jornada de trabalho sem redução de salários etc.

Balanço do coletivo anti-racismo


154 É de fundamental importância que façamos um balanço da atuação do “Coletivo Anti-Racismo
Milton Santos”, pois, ele não tem existido na prática. Nenhuma das atividades nele aprovada foi
executada. Os motivos para tal são vários, mas no topo da lista deve estar a falta de estrutura
e o descaso com a luta contra opressão racial por parte da direção majoritária da Apeoesp.
Aproveitando-se da situação vivida pela categoria, o setor majoritário da Apeoesp (através da
Secretária de Políticas Sociais), além de não implementar as resoluções do Congresso, sequer
convocou reuniões da Coordenação do Coletivo para discutir atividades de combate ao racismo –
dentro ou fora do sindicato.
155 Diante desta situação, reafirmamos que, independentemente da direção política que assuma a

Caderno de Teses 257


TESE 16
Secretaria de Políticas Sociais, é necessário que o Coletivo seja reestruturado e que, este Congresso,
aponte políticas concretas para darmos um verdadeiro combate contra o racismo e a discriminação
que ainda existem nesse país, nas escolas e na própria entidade. O que, no nosso entender, só
pode ser feito através de uma luta sem tréguas contra este governo, os projetos neoliberais e o
sistema capitalista.
• Implementação, de fato, da lei 10.369, com destinação de verba para a formação dos
educadores;
• Denúncia do Estatuto da Igualdade Racial como mais uma manobra do governo Lula;
• Desenvolvimento de uma política de formação extensiva à comunidade sobre a questão étnica
e racial;
• Elaboração de um boletim do Coletivo, abordando temas específicos;
• Denúncia da violência policial e racial contra os negros, principalmente nas áreas periféricas;
• Reestruturação do Coletivo Milton Santos e sua real inserção na categoria;
• Exigir dos governos Lula e Goldman que 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra,
seja feriado nacional e estadual.

Em defesa das aposentadorias e dos aposentados


156 Para cumprir com seus objetivos, o governo federal e estadual tem retirado direitos dos
trabalhadores e em especial dos profissionais em educação, o que, por um lado dificulta o acesso
à aposentadoria para milhares de educadores com sucessivas reformas, que aumentaram a idade
mínima para aposentadoria e agora que acabar com direito a aposentadoria especial dos(as)
professores(as) e com a diferença de idade entre homens e mulheres e por outro lado precariza a
cada dia a situação dos professores(as) aposentados.
157 A discriminação dos governos se observa na vergonhosa política de gratificações e bônus
instituída pelo governo do Estado, fazendo que na hora da aposentadoria os professores(as) percam
até R$ 500,00 em seu salário, isso após uma vida dedicada à educação. Essa política do governo
também arrocha as aposentadorias que passam anos congeladas, tornando a cada dia mais difícil
a vida dos aposentados(as), que muitas vezes tem que voltar ao mercado de trabalho ou a viver
“pendurado” em vários empréstimos bancários.
Somos mais de 40 mil aposentados(as) associados à APEOESP. Temos que colocar na pauta
158 do dia as reivindicações de nosso setor; o que passa por exigir do governo a imediata incorporação
de todas as gratificações e bônus aos salários, o que representaria de imediato a volta da paridade
entre professores(as) em exercício e aposentados(as), além de exigirmos políticas públicas que
garantam qualidade de vida aos aposentados(as).
Para piorar a situação, Lula, ao vetar o fator previdenciário, aprovado no Congresso, dificulta
159 ainda mais a situação dos aposentados(as). Os professores(as) aposentados são parte fundamental
de nossa luta! Temos que tomar as ruas pelos nossos direitos e exigir que todos os direitos
conquistados sejam simultaneamente estendidos aos aposentados!
• Incorporação de todas as gratificações e do bônus aos salários!
• Reajuste salarial já, extensivo aos aposentados
• Políticas públicas que garanta qualidade de vida aos aposentados(as)!
• Formação e fortalecimento dos Coletivos de Aposentados da APEOESP nas subsedes!
• Que todos os materiais da APEOESP, tenha um espaço reservado aos aposentados!
• Pela derrubada do veto de Lula ao fator previdenciário.

160 A questão indígena


O processo de extermínio dos povos indígenas , é reforçado no Governo Serra/Goldmann. Se a
saúde e a educação do estado vivem hoje uma das suas maiores crises, o que é notório nos centros
urbanos, imaginem essa situação dentro das Aldeias Indígenas .

258 Caderno de Teses


TESE 16
161 A falta de compromisso , com os povos indígenas por parte de Serra e Lula aumentou ainda
mais o sentimento de impotência e a falta de expectativa de vida dos povos indígenas. Mas o que
dizer de um governo que não tem nenhum projeto político para as minorias?
162 As aldeias próximas ou dentro dos centros urbanos se transformaram numa extensão dos
bolsões de favelas .O índice de mortalidade infantil nunca foi tão alto e a FUNASA nada tem feito
para modificar essa situação .
163 Cabe a Apeoesp ser interlocutora na luta em defesa dos direitos dos povos indígenas.
Aprovamos em congressos anteriores a Carta de Princípios dos Povos Indígenas e a defesa da
educação indígena diferenciada de acordo com os princípios das culturas indígenas, como prevê
a própria lei. Não podemos admitir o desmando do governo em nenhuma escola e principalmente
nas escolas indígenas.
164 Propomos:
• Escolas indígenas desde o Ensino Infantil ao Ensino Médio;
• O fim da tutela;
• Que todas as terras indígenas já reconhecidas em todo estado sejam urgentemente
demarcadas;
• Que os órgãos governamentais voltados para questões indígenas estejam sobre o controle
dos próprios indígenas.

VII. Estatuto
165 Nos últimos Congressos, a Oposição Alternativa têm apresentado propostas de mudanças
estatutárias visando a melhoria da organização e da atuação da Apeoesp. Nesse sentido a conquista
da proporcionalidade, mesmo limitada, possibilitou democratizar em parte a estrutura do sindicato,
apesar do controle, burocratização e individualização das decisões ainda serem fortes.
166 Nesse sentido, é fundamental atualizar o Estatuto, visando aprimorar esses avanços evitando
mudanças que burocratizem ou inviabilizem ainda mais a democracia sindical. Avançando para
eleições nas subsedes, por chapa, respeitando-se na composição da executiva a proporcionalidade
direta e qualificada.
167 Não aceitamos a proposta do setor majoritário, gestada, desde o último congresso, de
Assembleias com credenciamento. Essa proposta acentua o engessamento do sindicato e inviabiliza
a democracia. A nosso ver, para isso mostra a intenção da Articulação Sindical/Artnova (se é que
ainda exista essa separação) de limitar a participação da base da categoria, uma vez que para isso,
as assembleias só poderão se realizar em locais fechados ou em ginásios de esportes, o que requer
um grande esforço estrutural.
É certo que as assembleias da categoria, em alguns momentos foram pequenas, mas no último
168 período, o governo só recuou com nossas grandes manifestações de rua. Limitar a participação
com o credenciamento em assembleias mostra a real intenção do setor majoritário da APEOESP de
não mobilizar para não enfrentar os governos e não desgastar o governo federal.
169 Também achamos completamente equivocada a proposta de aumentar a executiva estadual
para 35 membros – como propõe o bloco ARTSIN/ARTNOVA – pois é apenas uma fórmula para
aumentar o número de diretores liberados – mais gente afastada da sala de aula – sem nenhum ganho
importante para a organização da categoria – os professores precisam reforçar sua organização por
local de trabalho; não enfraquece-la afastando mais gente das escolas.
170 Propostas estatutárias:
Artigo 5º
171
Aditiva após o Parágrafo 3º:
A entidade “Apeoesp - Sindicato Estadual” contará com um fundo permanente de incentivo à
publicação de livros e atividades culturais de professores constituído de 0,5% da arrecadação das
contribuições dos associados.

Caderno de Teses 259


TESE 16
172 Artigo 8º
Substituir o final do Parágrafo 3º por:
“(...) Poderá continuar associado por um período correspondente ao tempo que contribuiu, não
inferior a 12 meses”.
173 Artigo 9º
Suprimir Comissão de Ética.
Artigo 13º
174 Nova redação:
e) “de acordo com o estabelecido pela assembléia da entidade”.
175 Artigo 16º
Modificar letra “a” do Parágrafo 3o:
“Antecedendo a data-base”.
Artigo 22º
176
Suprimir as alíneas “l” e “m”.
177 Artigo 23º
Periodicidade do congresso:
“Anual”.
178 Parágrafo 2o:
“Eleição de delegados nas unidades escolares na proporção de 1 para 10”
Suprimir o parágrafo 8o
179 Artigo 24º
Redução do número de diretores:
“Onde se lê 120 leia-se 90 e onde se lê 27 leia-se 20”.
Parágrafo 2o:
180
“Aprovar o regimento da diretoria no congresso”.
181 Parágrafo 3o:
“Os membros da diretoria só poderão concorrer por dois mandatos consecutivos”.
182 Parágrafo 4o:
“As condições de trabalho dos diretores têm que ter aprovação do congresso”
183 Artigo 26º
Proporcionalidade direta para composição da diretoria (adequação dos parágrafos).
Alteração da alínea “d” e “e” para:
d) “Será composta, no caso de haver chapa única concorrendo ao pleito, desde que obtenha o
percentual mínimo de 50% mais 1 (um) dos votantes”.
e) “as eleições das instâncias da Apeoesp terão que ter um quorum mínimo de 40% dos
associados”.
184 Artigo 41º
Emenda Aditiva:
185
186 Parágrafo 1º:
“Compete aos secretários de organização da grande São Paulo e do interior cuidar das questões
relativas à municipalização.
187 Artigo 43º
Emenda ao parágrafo 2º:

260 Caderno de Teses


TESE 16
“(...) podendo o substituído retornar a DEC”
188 Artigo 46º
Alteração:
“A cada dois anos, durante o bimestre de maio/junho, haverá eleições gerais para a diretoria da
entidade”.
189 Artigo 53º
Alteração:
“As eleições para o CER e CRR serão por chapas”.
190 Artigo 60º
Alteração:
“Mandato do CER e CRR de 18 para 12 meses”.

OPOSIÇÃO ALTERNATIVA

Caderno de Teses 261


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
Contribuição ao Debate
Por uma APEOESP participativa, democrática e inclusiva:
acessibilidade e inclusão social já!

“Se você gritasse,


se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro José...”

Carlos Drummond de Andrade

1 Segundo o censo de 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no Brasil


foram registradas 27 milhões de Pessoas Portadoras de Deficiência (PPD), ou seja, 14,5% da
população apresentam algum tipo de deficiência, seja ela física, visual, auditiva, intelectual ou
múltipla. Só na cidade de São Paulo (a maior da América Latina), foram registradas na época, três
milhões de pessoas com deficiência.
2 O mais alarmante é que o aumento da violência, o cotidiano estressante da população, o
crescimento do número das doenças degenerativas, como o câncer, diabetes, hipertensão etc. e a
precariedade no serviço de saúde, são fatores que ajudam a ampliação das estatísticas no tocante
à pessoa com deficiência. Sendo assim, já é de se esperar um aumento assustador nos gráficos do
IBGE neste censo de 2010.
3 À medida que o tempo passa, crescem as nossas chances de estar ingressando nessa parcela
da população, ou seja, a possibilidade de uma pessoa tornar-se portadora de deficiência cresce de
acordo com o aumento da idade. Um exemplo claro desta afirmação, se dá a partir dos 40 anos
quando mais de 20% da população pode adquirir algum tipo de deficiência. Sendo que esse índice
praticamente dobra quando se chega à faixa dos 60 anos. Como o brasileiro vive em média 68,5 e
a esperança de vida livre de incapacidade é de 54 anos, a população viverá em média 14 anos com
algum tipo de deficiência. Vamos refletir juntos:
4 Primeiro, do ponto de vista histórico o magistério é composto por uma grande maioria de
mulheres. Como já é de conhecimento de todos, a maioria da população feminina tem sido alvo do
câncer de mama, diga-se de passagem, o câncer que mais faz vítimas no mundo inteiro, quando
não deixa graves seqüelas, como amputação de mamas, depressão, problemas psicológicos, entre
outros. Esse vem a ser um dos fatores que mais contribui para o aumento da aposentadoria por
invalidez e para o aumento do índice da pessoa portadora de deficiência.
5 Segundo, os baixos salários, a superlotação em sala de aula, a violência como parte integrante

262 Caderno de Teses


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
do nosso cotidiano, uma escola pública totalmente degradada, a insegurança no trabalho, a exaustão
por excesso de atividades, a política terrorista que os governos do PSDB tem imposto sobre a
categoria do magistério (e não podemos esquecer, que esta política nazista vem sendo aplicada aos
professores (as) desde a ditadura militar), enfim, esse quadro, faz com que as relações trabalhistas
entre o professorado e o Estado, se confundam com um verdadeiro massacre, como se a cada
minuto um professor (a) recebesse um “tiro a queima roupa”. Chega a ser tão aterrorizante que nem
a APEOESP se deu conta (ou talvez finja não saber) da quantidade de professores e professoras
vitimas de câncer ou AVC (Acidente Vascular Cerebral). De modo que, nunca soubemos quantos
professores (as) portadores de deficiência há em todo o magistério paulista. Sabe-se que é uma
quantidade relativamente grande. Para se ter uma base, nós professores (as) somos a segunda
categoria com o maior número de deficientes e pessoas com mobilidade reduzida, só perdemos
para a Polícia Militar, os quais estão expostos e vulneráveis diretamente a violência.
6 Apesar de se tentar negar a existência de pessoas deficientes ou com mobilidade reduzida no
conjunto do professorado, a história nos revela outra realidade. Uma realidade baseada na violência,
na negação, no repúdio, na discriminação e na intolerância para com estas pessoas, consideradas
inferiores. Não dá para negar ou esconder essas modalidades de preconceito que se estruturaram
na sociedade ao longo da nossa história, afetando a população brasileira na sua globalidade.
7 Tanto o preconceito, quanto a falta de acessibilidade e inclusão da pessoa deficiente ou com
mobilidade reduzida, são fatores claros e notórios que visam justamente à eliminação sócio-cultural de
uma minoria vítima das perversidades do sistema, a partir da destruição violenta e do aniquilamento
daquele “cidadão” que participou diretamente da história de lutas e conquistas políticas desse país,
como por exemplo, a recuperação da APEOESP no final dos anos 70, a campanha por Diretas Já,
a luta por Anistia Ampla Geral e Irrestrita, entre outros.
8 A negação e a exclusão desse grupo minoritário são sinônimas de desumanização que, por sua
vez, se impõe como forma de esquecimento, de modo que, para algumas pessoas, na direção da
APEOESP, “é melhor ter o deficiente enclausurado, padecendo na solidão da impossibilidade, a vê-
los nos cobrando seus direitos de acesso”.
9 A tentativa de se afirmar a inexistência de preconceitos contra pessoas deficientes e com
mobilidade reduzida é baseada no mito da democracia racial, que tenta passar a imagem de um povo
cordial, vivendo bem com as diferenças, em plena harmonia e tolerância. A realidade, no entanto, é
bem diferente. A cordialidade existe desde que os deficientes bem como pessoas com mobilidade
reduzida, se mantenham segregados, isolados e não reivindiquem “o direito a ter direitos”, pois
quando reivindicam, distintos segmentos dentro da própria APEOESP reagem com intolerância e
truculência quanto às nossas reivindicações.
10 Desse modo, o preconceito e a intolerância dirigidos às PPDs e/ou com mobilidade reduzida,
é uma desumanização e uma negação do outro, provocando assim, uma destruição profunda,
um sentimento arraigado de inferioridade, levando as pessoas deficientes a se envergonharem
de si mesmas. Por isso, para combater e eliminar o preconceito e a intolerância é necessário
primeiramente, recuperar a identidade, a dignidade e a humanidade de um grupo social que teve
isto negado, respeitando e valorizando as diferenças a partir da construção da tolerância. Isso só
será possível quando as crenças ligadas a conceitos errôneos sobre as PPDs, que transformam a
diversidade em desigualdade, tanto física quanto social, forem abolidas do imaginário nacional. A
começar por nós sindicalistas!
11 Não podemos interpretar as diferenças em termos de superioridade e inferioridade, mas como
o direito de cada um afirmar sua identidade, preservar suas tradições, defender seus valores e

Caderno de Teses 263


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
continuar a desenvolver-se diferentemente, com “direito a ter direitos”, em uma sociedade onde haja
lugar para todos.
12 Esses argumentos deveriam ser fortes o suficiente para que nós professores (as), aposentados
e portadores de deficiência, criássemos uma grande aliança com o intuito de banir para sempre o
olhar preconceituoso sobre as PPDs e passássemos a enxergá-las como um ser humano comum:
com suas limitações e também potencialidades, sendo este o único caminho à plena democracia e
participação das minorias.

O caminho é construir o caminho! Vamos fazê-lo?


13 A Lei Federal 8.213 /91 ampara a pessoa com deficiência garantindo sua inclusão ao mercado
de trabalho. Conhecida como Lei de Cotas, estabelece assim, reservas de vagas para trabalhadores
habilitados ou reabilitados com deficiência. Esta lei abrange também os concursos públicos, e em
muitos eventos nos serviu e serve como referência no sentido de viabilizar a participação da pessoa
com deficiência e/ou mobilidade reduzida. Através desta lei, passou a ser atributo das instituições
governamentais, sociedade civil e empresa privada, propiciar acesso, em todos os sentidos, às
pessoas com deficiência em atividades das mesmas.

Das nossas reivindicações:


14 Como a APEOESP se estrutura em torno da Proporcionalidade desde 1998, o que entendemos
ser a maneira mais democrática, onde as oposições e grupos minoritários convivem em todas as
instâncias do sindicato, exigimos que ela não só assuma a luta em defesa da pessoa portadora de
deficiência, visando assim à eliminação do sentimento preconceituoso sobre as PPDs, como sejam
realmente colocados em prática, exemplos que incentivem a participação do deficiente através da
acessibilidade e a inclusão de todos associados PPDs e ou pessoas com mobilidade reduzida.
15 Nosso principal objetivo, além da participação, é criar condições para a construção de um grande
Congresso, não só em número de pessoas, mas também na qualidade dos debates. Desse modo,
propomos a reserva de 5% das vagas destinadas aos delegados (as) para Pessoas Portadoras
de Deficiência (PPDs) em todos os Congressos, Conferências e todos os eventos onde haja a
presença da APEOESP.
16 Propomos como critério para organizar as vagas reservadas à PPDs, termos como referência
a lei 8.213/91, a qual ampara a pessoa com deficiência e assegura a sua participação através da
acessibilidade e inclusão social.

17 Conclamamos a todos congressistas pela aprovação deste documento e consequentemente


de nossas propostas, pois esse quadro só poderá mudar quando nossas direções sindicais,
independentemente da conjuntura econômica ou das obrigações legais, assumirem sua parcela
de responsabilidade social ao abrirem espaço para as pessoas portadoras de deficiência, pois não
podemos mais conviver com essa sutil segregação.

18 Lembramos que admiráveis exemplos e iniciativas pioneiras nesse sentido já estão consolidados
em muitos lugares deste país e por incrível que pareça, em muitas instituições sindicais de direita.
Apresentamos aqui a nossa vontade de construir juntos um novo sindicalismo, solidário, plural,
combativo e que seja esta a resposta tão reclamada pela nossa categoria.

19 Finalizamos este documento esclarecendo a todos que em nenhum momento almejamos


privilégios, ao contrário, apenas o nosso direito à diferença: em condições de direitos e de diferenças,

264 Caderno de Teses


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
o que já está previsto pela Constituição Brasileira.
20 Assim, saudamos a todos congressistas e os convidamos para um debate fraterno e democrático.
Não podemos ser omissos! É chegada à hora de fazer a nossa parte!

Assinam este documento:


Gilmar Soares Sobrinho – Sociólogo, Aposentado, PPD – Subsede Pinheiros
Chico Buarque de Holanda – Cantor e compositor RJ
Sandra Senne – EE. Prof. Oguiomar Ruggeri – Subsede Osasco
Paulinho da Viola – Cantor e compositor
Paulo Gracindo Jr. - Ator
Diná Resnik – Professora – Subsede Santos SP
Credivanda Ferreira Dias – EE. Renato S. De Sá Fleury – Sorocaba SP
Rolando Boldrin – Apresentador, compositor, cantor e um caboclo bom e prosa
Thiago de Mello – Poeta – Barreirinha – AM
Dumara Lima – Professora da Rede Municipal de SP
Maria Helena de O Cruz – Professora da rede estadual – Santo Amaro SP
Itamar C Albuquerque – EE Prof Walter Negrelli – Subsede Osasco – SP
Marisa Di Clementi – EE Prof Oguiomar Ruggeri – Subsede Osasco SP
Ana Lucia Batista – EE Prof Oguiomar Ruggeri – Subsede Osasco SP
Odair Ferreira Dias – Professor Aposentado - São José dos Campos SP
Milton Gonçalves – Ator RJ
Airton Krenak – Líder Indígena – Nova Olinda – MG
Risomar Fasanaro – Professora Aposentada – Osasco SP

Bibliografia:
Clemente, Carlos Aparício – in Trabalhando com a Diferença; Responsabilidade Social e inclusão
de portadores de deficiência – 1ª edição
Baptista, Cláudio Roberto – in Conhecimento e Imagens – Editora Meditação RS
Andrade, Carlos Drummond de – in Antologia Poética
Marletto, Ana Cláudia – in Manual de Convivência – Sec. Municipal de Educação de SP.

Caderno de Teses 265


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
Contribuição ao Debate
Conjuntura internacional: a crise, as guerras e a resistência popular
1 A conjuntura internacional continua marcada por mais uma crise de superprodução do
sistema capitalista. Como sabemos, no capitalismo a produção não se organiza para satisfazer
as necessidades do conjunto da população. As mercadorias, antes de satisfazer as necessidades
das pessoas, devem satisfazer a necessidade de lucro do capitalista. Todavia, como, para garantir
a margem de lucro perseguida, a burguesia precisa aprofundar a exploração dos trabalhadores,
não existe mercado consumidor suficiente para que o lucro se realize à taxa desejada. Assim,
periodicamente, o sistema entra em crise, que, para ser resolvida dentro da lógica do capitalismo,
alimenta os elementos de uma nova crise.
2 Para estimular o consumo, a burguesia aplicou políticas de crédito, das mais variadas formas:
crédito consignado, cartão de crédito, cheque especial, etc. Todavia, esse mecanismo provocou
endividamento acima das possibilidades das famílias suportarem e uma onda de inadimplência
desencadeou a atual crise. Tentando superá-la, a burguesia aumenta os ataques sobre os
trabalhadores, arrochando salários, retirando direitos, precarizando as condições e relações de
trabalho de todas as formas.
3 As guerras imperialistas, são também utilizadas, como forma de destruir forças produtivas,
possibilitando uma aplicação lucrativa para os capitais empregados na “reconstrução” das regiões
atingidas. São essas necessidades da grande burguesia que explicam a pressão que o governo dos
EUA faz para impor uma guerra ao Irã.
4 Os trabalhadores e os povos tem resistido aos ataques. Até o momento, os acontecimentos na
Grécia são o maior exemplo, tanto das políticas que a burguesia precisa implementar para resolver
a crise a seu favor, como também do que devem fazer os trabalhadores para defender seus direitos
e conquistas. O proletariado grego enfrenta os ataques com greves gerais, foram nove greves em
cinco meses até o momento; e amplas manifestações, dando um exemplo de combatividade aos
proletários de todos os países.

Conjuntura nacional: reflexos da crise, controle social e fragmentação


das organizações dos trabalhadores
5 Atravessamos um período eleitoral, em que o PT e o PSDB apresentam os feitos de seus
respectivos governos, de maneira a nos fazer crer que ocorreram grandes mudanças no país a
favor dos trabalhadores.
6 No entanto, no dia-a-dia, o que assistimos, é a continuidade de altas taxas de desemprego,
do trabalho precário, do desespero durante as enchentes e desmoronamentos, da violência, da
infância e da velhice abandonada. Os servidores públicos da Educação são testemunhas diárias da
verdadeira situação na qual sobrevivem grande parte do nosso povo, porque é no serviço público
que essa situação estoura.
7 Dezenas de intervenções de representantes, conselheiros, ao longo de nossas reuniões, dão
o testemunho dramático de um cotidiano escondido pela imprensa burguesa e pela propaganda
enganosa, hipócrita, na qual aparecem escolas e hospitais limpinhos, equipados, mas que só
existem para a burguesia e na propaganda eleitoral.
8 Aquilo que estes partidos chamam de política social, à semelhança da maioria dos que o
antecederam, são políticas compensatórias, visando o controle social da insatisfação popular. O
famoso cala a boca, inflado pela propaganda e manipulado para fins eleitoreiros.
9 Além disso, aposta e estimula a fragmentação dos trabalhadores, seja apresentando alguns
setores como privilegiados, seja mantendo troca de favores com as centrais governistas, assegurando

266 Caderno de Teses


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
seu apoio às políticas de interesse do capital.
10 O real programa, tanto do PT como do PSDB, não foi apresentado na televisão, mas foi discutido
por suas assessorias e apareceram em matérias de jornais. Por exemplo, uma nova reforma da
previdência, com o aumento do tempo de contribuição está na agenda. Fala-se também numa
reforma sindical e trabalhista, na qual o negociado deveria se sobrepor ao legislado. Medidas
privatizantes, no estilo PROUNI, REUNI, etc, serão aprofundadas no futuro governo.
11 Por essas razões, os profissionais da Educação da rede estadual, reunidos no XXIII Congresso
de seu sindicato, conclama o conjunto da categoria a se preparar para enfrentar os novos ataques
que virão no futuro próximo, na forma de políticas restritivas de direitos, sobretudo numa conjuntura
de agudização da crise do capitalismo. Só a luta decidida de nossa categoria, organizada pelo
nosso sindicato, unida as lutas de nossa classe, poderá barrar as ameaças que se anunciam.

Sobre a educação
12 A educação em geral, e a educação pública em particular, estão no centro do debate há
décadas na sociedade brasileira. Inúmeras personalidades representativas das organizações dos
trabalhadores e da burguesia tem participado da discussão.
13 A educação é por todos apresentada como setor estratégico para a solução dos problemas
crônicos da sociedade. Muitas receitas são apresentadas. Nos dias que correm, o presidente da
FIESP promete generalizar o modelo do SESI, supostamente exemplar, para a educação pública no
estado de São Paulo, para dar um exemplo.
14 Muitos se espantam com o caos em que se encontra a educação pública. Consideram extrema
irracionalidade que os governantes, os políticos, como dizem, não percebam que a educação
merece maiores investimentos. Consideram absurdo que não se perceba que os profissionais da
educação precisam ser valorizados.
15 Não pensamos assim. Compreendemos que a maioria das pessoas assim pense, mas não
nos surpreende o caos em que se encontra a educação pública. Esse caos é programado e é
perfeitamente funcional à classe dominante na sociedade capitalista. A burguesia, através das suas
agências públicas e privadas, toma medidas para que as coisas funcionem desta forma, porque é
assim que ela preserva seus interesses de classe.
16 Para compreender tal situação, é preciso não colocar a educação acima da luta de classes.
É preciso superar os falsos consensos, os lugares comuns. É preciso assumir o ponto de vista do
proletariado na luta de classes.

As contradições capitalismo e o sistema educacional burguês


17 A sociedade capitalista é dilacerada por interesses antagônicos que separam a burguesia
do proletariado. O desenvolvimento dessas contradições, sempre que se resolvem a favor da
burguesia, significa para o proletariado o aprofundamento da sua situação miserável, expressa em
baixos salários, desemprego e todas as formas de sofrimento imagináveis.
18 Numa sociedade deste tipo, seria absurdo que a escola pública fosse uma ilha de excelência.
Como poderia a burguesia manter uma sociedade deste tipo, e ao mesmo tempo, uma educação
pública de boa qualidade, com profissionais bem remunerados, 25 alunos por sala de aula, educação
integral com tempo para aprendizado, recreação, prática de esportes e espaço para descanso?
19 Se a burguesia permitisse tal situação, seria uma classe suicida, e isso, sabemos que ela não
é. As contradições do capitalismo exigem uma escola que brutalize os filhos dos trabalhadores e a
escola pública é organizada para cumprir essa função.

Caderno de Teses 267


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
Uma educação para brutalizar os trabalhadores, uma cesta básica de
educação
20 A educação que o Estado burguês oferece aos trabalhadores, desde sempre, é uma educação
concebida como a mínima necessária para a reprodução da força de trabalho que a burguesia
necessita explorar para assegurar a acumulação de capital.
21 Da mesma forma como a alimentação física, a alimentação espiritual dos trabalhadores é
pensada como uma cesta básica, uma ração mínima necessária.
22 Nada de exageros, que possibilitem aos trabalhadores desenvolverem exigências que estejam
para além daquilo que o capitalismo pode oferecer. E o que é efetivamente apresentado como
proposta educacional para os trabalhadores são os cursos técnicos, ditos profissionalizantes,
como se isso apenas pudesse resolver o problema do desemprego. E quanto a passagem a níveis
superiores, nada se apresenta para universalizar o acesso. Ao contrário, enfatiza-se propostas que
capacitem uma parte da população em idade escolar para concorrer a uma vaga. Uma formação
superficial para responder testes.

23 O sistema educacional existente, é pensado como um complemento do sistema prisional. Os


gerentes deste sistema dizem isso, não abertamente, mas nas entrelinhas. Basta que sejamos
capazes de entender. Quando eles afirmam que é preciso aumentar o tempo das crianças na
escola, porque enquanto estão na escola não estarão na rua, eles estão afirmando que essas
crianças são potenciais delinqüentes. Quem afirma que é preciso construir mais escolas, para que
não seja necessário construir mais presídios, afirma a mesma coisa, apenas de outra forma, caindo
na armadilha da idéia de que a educação, por si só, pode resolver os problemas sociais, o que é
falso.

A produtividade na educação e o adoecimento do profissional de educação


24 A conseqüência dessa visão, se expressa na superlotação das escolas, onde as crianças são
jogadas, sem que haja funcionários nem recursos materiais suficientes para atendê-los.

25 Crianças deficientes são matriculadas, todavia, não há profissionais para assisti-las


adequadamente, pois os mesmos funcionários tem que atender as demais crianças e uma série de
outras demandas.
26 A lógica da produtividade capitalista, aplicada à educação, significa ter o máximo de crianças
nas escolas, com o mínimo de funcionários possível.

27 Decorrência desse processo é a deterioração do ambiente escolar. Excesso de crianças


nas escolas implica a necessidade de vários intervalos, barulho ensurdecedor constante, brigas
envolvendo alunos, trabalhadores,etc. Uma situação que provoca o adoecimento físico e psicológico
do profissional da educação.

Quem é o culpado por essa situação?


28 A culpa dessa situação é da burguesia, classe dominante na sociedade capitalista, pois o atual
sistema educacional é o que lhe interessa. Além disso, ela própria lucra com tal situação, já que
é dona das escolas particulares, para as quais uma parte da população envia suas crianças, na
esperança de uma educação e de um futuro melhor.

29 No entanto, através de uma poderosa rede de formação, informação e difusão, que inclui
as universidades, a imprensa burguesa e intelectuais a seu serviço, a burguesia joga a culpa
da precarização da educação pública nas costas dos profissionais da educação, que seriam os
responsáveis pelos problemas, porque seriam mau formados, porque faltam ao trabalho, porque
fazem paralisações, etc.
30 Embasados nesses argumentos, os governantes de plantão, em todos os níveis – federal,

268 Caderno de Teses


CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
estaduais e municipais – tomam medidas que , aparentemente, seriam para resolver os problemas,
mas que, na prática, servirão para atacar ainda mais os trabalhadores. Nessa lógica, estão as
avaliações externas e internas, as provas para ter aumento de salário, a terceirização dos serviços,
enfim, a privatização da educação pública.
31 Nessa direção, foi estabelecida uma parceria da Secretaria Estadual de Educação com o TPE
(Todos pela Educação), que em setembro de 2006, juntamente com o ministro da educação Fernando
Haddad, nas escadarias do museu do Ipiranga, deram o grito Todos pela Educação. Esse grupo é
formado por empresários, donos de algumas das maiores fortunas do país, como Jorge Gerdau,
Ana Maria Diniz (Pão de Açúcar), Fábio Barbosa, presidente do banco Real e Milú Vilela, acionista
do banco Itaú. Além de alguns dirigentes como a Viviane Senna, da fundação Airton Senna (uma
das fundações mais ricas do país). A campanha do TPE é mantida por organizações de cooperação
internacional. A TPE estabeleceu 15 metas para a educação até 2022, que culminou no Decreto
Federal n.6094 de 24/07/2007, no qual uma das metas é o aumento salarial para o professor,
por merecimento, verbas para escolas que atingirem essas metas, terceirizações, transformar os
métodos pedagógicos das escolas em empresas.
32 Essas são medidas que visam quebrar a solidariedade entre os trabalhadores da categoria e os
demais setores de nossa classe.
33 As avaliações externas entram nessa lógica perversa para culpabilizar os profissionais
da educação pela má qualidade do ensino, diante das demais categorias profissionais. Dessa
forma, os governos, sabendo de antemão do resultado de suas políticas, tratam de se isentar da
responsabilidade, apontando os professores como os principais responsáveis pelo fracasso escolar
das crianças.
34 Dessa forma, qualquer manifestação enfrenta a tentativa de desmoralização e isolamento
orquestrada pela imprensa burguesa.
35 Temos de vencer o desafio de nos organizarmos, a partir dos locais de trabalho, fortalecer o
nosso sindicato para superarmos o cerco a que estamos submetidos.
36 Precisamos criar espaços permanentes de diálogo com os estudantes, dentro e fora da escola,
que nos permita compreender conjuntamente o funcionamento do sistema educacional burguês
e sua função para a manutenção da sociedade capitalista. A partir daí devemos organizar lutas
comuns, que permitam estabelecer laços de solidariedade entre os profissionais da Educação, os
estudantes e o povo trabalhador em geral. O sindicato deve trabalhar com afinco nesta direção.

UC-TE – Unidade Classista – Trabalhadores da Educação


Contato: trabalhadoresdaeducacao@gmail.com

Arnaldo – subsede S.Miguel


Maísa – subsede Tatuapé
Hamilton e Fabíola – subsede Baixada Santista
Gustavo – subsede Santo Amaro
Messias – subsede São José do Rio Preto
Alexandre – subsede Taboão da Serra
Geliane – subsede Franca

Caderno de Teses 269


ESTATUTO DA APEOESP
Estatuto da APEOESP
CAPÍTULO I
DA DENOMINAÇÃO, SEDE, FINALIDADES, PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS
E PATRIMÔNIO

Art.1º - A APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo,
fundado na cidade de São Carlos (SP) em treze de janeiro de mil novecentos e quarenta e cinco,
sob a denominação de Associação dos Professores do Ensino Secundário e Normal do Estado
de São Paulo (APESNOESP), posteriormente denominado Associação dos Professores do Ensino
Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), organizado sem fins lucrativos, sem discriminação
de raça, credo religioso, gênero ou convicção política ou ideológica é uma entidade de caráter
sindical, assentada nos princípios insertos no artigo 8º da Constituição da República, cuja base
territorial compreende os limites geográficos oficiais do Estado de São Paulo, com duração por
prazo indeterminado, com sede e foro na Capital do referido estado da Federação e integrada por
docentes e especialistas em educação das Redes Públicas do Estado de São Paulo;
Parágrafo único - A APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de
São Paulo fará uso, para todos os fins e efeitos, internos ou externos, da expressão “APEOESP –
Sindicato Estadual”, como sigla oficial.

Art.2º - A entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”, que não possui fins lucrativos e que,
portanto, não distribui lucros, propõe-se a organizar e representar os docentes e especialistas em
educação das redes públicas oficiais do Estado de São Paulo e tem por finalidade:
a) defender os interesses e direitos, individuais e coletivos da categoria profissional que representa,
inclusive nas instâncias judiciais e administrativas competentes;
b) desenvolver e organizar encaminhamentos conjuntos visando à unidade e à unificação de todas
as entidades representativas dos trabalhadores em Educação, no âmbito do Ensino Público;
c) lutar, juntamente com outros setores da população, pela melhoria do ensino, em particular pelo
ensino público e gratuito, em todos os níveis;
d) manter intercâmbio e convênios com organizações de caráter sindical, educacional ou cultural,
nacional e estrangeiras, sobre assuntos de interesse da categoria;
e) lutar, ao lado de outros trabalhadores, por liberdade de organização, manifestação e expressão
para todos os trabalhadores;
f) – lutar pela proteção do patrimônio artístico, histórico e cultural em sua base de atuação territorial,
inclusive quando esta ação for complementar às demais finalidades tratadas nas alíneas “a” até
“e” do presente Artigo “.

Art.3º - São princípios organizativos da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”:


a) independência e autonomia face às organizações e partidos políticos, organizações religiosas,
entidades patronais e ao Estado;
b) revogabilidade dos mandatos individuais e coletivos;
c) respeito à unidade e à democracia de base do movimento, expressa na organização das
Subsedes/Regionais e sua representação no Conselho Regional de Representantes (CRR),
no Conselho Estadual de Representantes (CER), bem como nas Assembléias Gerais e no
Congresso Estadual como instâncias superiores de deliberação.

270 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
Art.4º - Constituem o patrimônio da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”:
a) as mensalidades ou anuidades e outras contribuições devidas pelos sócios e demais integrantes
da categoria profissional;
b) as subvenções ou donativos de qualquer outra natureza que lhes forem destinadas;
c) os valores depositados e/ou aplicados em estabelecimento financeiro, bem como os rendimentos
daí resultantes;
d) os bens móveis e imóveis que possua ou venha a possuir, bem como as receitas provenientes
desses bens.

Art.5º - As disponibilidades monetárias da entidade deverão ser empregadas em títulos garantidos


pelo Poder Público ou outros que mereçam notória credibilidade ou bens imóveis, a juízo da diretoria.
§ 1º - A entidade não contrairá dívida que exceda a receita, nem fará despesas para fins que não
essenciais aos seus objetivos.
§ 2º - Os sócios não respondem pelas obrigações sociais.
§ 3º - A entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” contará com um fundo permanente de
solidariedade, constituído de cinco por cento da arrecadação das contribuições dos associados.
§ 4º - As Subsedes/Regionais receberão um reforço de caixa, composto de 20% sobre o valor da
consignação bruta, descontada da folha de pagamento dos associados, ficando a Subsede/Regional
com a responsabilidade administrativa e financeira sobre o trabalho sindical dos seus conselheiros.
§ 5º - A entidade manterá, também, um fundo de solidariedade permanente em cada Subsede/
Regional movimentado pela própria Subsede/Regional. Esse fundo será constituído inicialmente
de uma parcela da verba da Subsede/Regional (a critério desta) e, a partir daí, sua movimentação
constante deverá se dar através de festas, bônus, shows ou outras formas de arrecadação.

Art.6º - O patrimônio social proverá a manutenção das finalidades da entidade.

Art.7º - No caso de dissolução, o que se dará por decisão da Assembléia Geral, especialmente
convocada para este fim, o patrimônio da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” será destinado
a uma organização congênere.

CAPÍTULO II
DO QUADRO SOCIAL: DIREITOS E DEVERES DOS
SÓCIOS E REGIME DISCIPLINAR

Art.8º - Têm direito a ser sócios da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” todos os
trabalhadores vinculados ao Quadro do Magistério ativos e aposentados das redes de Ensino
Público do Estado de São Paulo.
§ 1º - São dependentes dos associados, para fins de benefícios sociais e assistenciais oferecidos
pela entidade, o cônjuge ou companheiro(a), independentemente de diversidade sexual, os pais e
filhos menores e os demais dependentes legais.
§ 2º - Os dependentes de associados falecidos continuarão gozando dos benefícios sociais e
assistenciais desde que contribuam com as mensalidades.
§ 3º - “ Os dependentes dos sócios só serão assim considerados se estes próprios não puderem
se filiar ao sindicato. Em caso contrário, estes, para que possam fazer uso dos benefícios do
sindicato, deverão se filiar”.
§ 4º - Caso o professor ou especialista em educação venha a perder o vínculo com as redes

Caderno de Teses 271


ESTATUTO DA APEOESP
públicas oficiais de ensino do Estado de São Paulo, poderá continuar associado por um período de
até 12 meses.

Art.9º - Os sócios serão excluídos da entidade:


a) por manifestação de vontade própria do associado;
b) por aplicação de sanção de expulsão, depois de processo regular, instruído pela Comissão de
Ética, julgado pelo Conselho Estadual de Representantes e referendado por Assembléia Geral,
assegurado amplo direito de defesa.

Art. 10º - Os sócios são classificados nas seguintes categorias:


a) efetivos: os que preenchem os requisitos fixados no artigo 8º deste Estatuto;
b) honorários: os cidadãos que hajam prestado relevantes serviços à entidade ou tenham se
distinguido em atividades ligadas à Educação, de acordo com decisão de Assembléia Geral;
c) beneméritos: os cidadãos ou entidades que fizeram donativos consideráveis à APEOESP, de
acordo com decisão da Assembléia Geral;
§ 1º - Os sócios honorários e beneméritos não possuem o direito de votar ou serem votados para
os cargos eletivos previstos neste Estatuto.
§ 2º - Os sócios efetivos são contribuintes, exceto aqueles que cumprirem cumulativamente os
seguintes requisitos:
I - ser aposentado;
II - ter contribuído durante pelo menos vinte anos;
III - contar com pelo menos 65 (sessenta e cinco) anos de idade.
IV - comunicar por escrito à Diretoria da entidade a intenção de fazer uso desta remissão.

Art.11º - A contribuição dos associados será fixada pela Diretoria e aprovada pelo Conselho
Estadual de Representantes.

Art.12 - São direitos dos associados:


a) a defesa coletiva e/ou individual de seus direitos;
b) tomar parte e votar nas Assembléias Gerais e Assembléias Regionais;
c) votar nas eleições gerais desde que tenha se associado um mês antes da data das eleições
gerais para a Diretoria;
d) ser votado:
1. Nas eleições gerais desde que seja professor habilitado ou aluno regularmente matriculado
em curso de licenciatura, que esteja vinculado à Rede, ou aposentado da Rede Pública,
quando tiver no mínimo 6 (seis) meses de associação;
2. Nas eleições de subsedes e regionais, quando tiver no mínimo 6 (seis) meses de associação;
3. Nas eleições de Representantes de Escola ( RE ).
4. Nas eleições de Representante de Aposentados (RA), desde que aposentado.
e) requerer a convocação da Assembléia Geral, na forma determinada por este Estatuto;
f) propor a revogação de mandatos de acordo com este Estatuto;
g) solicitar perante a Assembléia Geral o exame de livros e documentos da entidade “APEOESP –
Sindicato Estadual”;
h) utilizar todos os serviços da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”;
i) votar ou ser votado como delegado para os Congressos realizados pela entidade;
§ único - O gozo pleno dos direitos está vinculado ao cumprimento dos deveres dos associados.

272 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
Art.13 - São deveres dos associados:
a) velar pela aplicação do presente Estatuto;
b) acatar e colocar em prática todas as decisões tomadas pela entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual”:
c) denunciar à entidade todos os casos de não cumprimento dos direitos dos trabalhadores em
educação, dos quais tenha conhecimento;
d) exercer vigilância crítica sobre órgãos da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”;
e) pagar as mensalidades de acordo com o estabelecido pelas instâncias competentes da entidade
que serão atualizadas anualmente quando a contribuição se der mediante desconto em conta-
corrente ou através do pagamento por carnê;
f) cumprir e fazer cumprir o regimento disciplinar estabelecido pelo Conselho Estadual de
Representantes.

CAPÍTULO III
DOS ÓRGÃOS DELIBERATIVOS

Art. 14 - A reunião regional trimestral de representantes de escola e de Representantes de


Aposentados, ora denominada simplesmente Reunião de Representantes, é aberta a todos os
professores com direito à voz. Apenas os representantes eleitos por escola e entre os aposentados,
além dos membros dos Conselhos Regionais de Representantes e do Conselho Estadual de
Representantes da região têm direito a voto.
§ 1º - Representante de Escola é o associado da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”, eleito
pelos professores da escola, até um representante por período, que tem por funções representar
os professores da escola junto à Direção da Unidade Escolar e à Regional ou Subsede da entidade
“APEOESP – Sindicato Estadual”; manter os professores informados dos encaminhamentos e
das atividades desenvolvidas pela entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” (sede central e pela
Regional/Subsede); realizar reunião dos professores de sua escola, antes de cada reunião de
Representantes de Escola.
§ 2º-Representante de aposentado é o associado da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”,
eleito pelos professores aposentados vinculados à subsede, na proporção de 1 (um) para cada 10
(dez), que tem por funções representar os professores aposentados regionalmente junto às instâncias
sindicais, manter seus pares informados dos encaminhamentos e das atividades desenvolvidas
pela entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” (sede central e pela Subsede/Regional); realizar
reunião dos aposentados de sua região antes de cada reunião de representantes.
§ 3º- As reuniões ordinárias de Representantes antecedem as reuniões do Conselho Estadual de
Representantes e dela participam, com direito a voz e voto, os Conselheiros Regionais e Estaduais
da respectiva Subsede, e têm por função deliberar sobre os assuntos que lhes digam respeito sem
prejuízo da unidade da entidade “APEOESP-Sindicato Estadual ”, respeitadas as deliberações das
instâncias superiores.
§ 4º- As reuniões dos Representantes serão convocadas pela executiva do Conselho Regional
de Representantes, salvo quando solicitadas por:
a) dez por cento do número de votantes nas últimas Eleições para os Conselhos Regional e Estadual
de Representantes;
b) trinta por cento dos representantes de escola;
c) pelo Conselho Estadual de Representantes;
d) pela Diretoria da entidade;
e) por Assembléia Regional;
f) por Assembléia Geral.

Caderno de Teses 273


ESTATUTO DA APEOESP
§ 5º - O quorum das Reuniões de Representantes (RR) será de 15% (quinze por cento) das
escolas da região e de 25 % (vinte e cinco por cento) do número de RA da Subsede/Regional.

Art.15 - A Assembléia Regional é a Assembléia dos sócios da entidade “APEOESP – Sindicato


Estadual” por Regional ou Subsede, convocado para as finalidades previstas no artigo 18 (dezoito)
e/ou durante processos de grande mobilização e/ou antecedendo grandes eventos.
Parágrafo único - O quorum das Assembléias Regionais será o dobro do previsto para as
Reuniões de Representantes (RR) conforme parágrafo 4º do artigo anterior.

Art.16 - A Assembléia Geral é a Assembléia de todos os sócios contribuintes da entidade


“APEOESP – Sindicato Estadual”:
§ 1º- Compete à Assembléia Geral decidir soberanamente sobre todos os assuntos que dizem
respeito à entidade desde que não contrariem este Estatuto e as deliberações dos Congressos
Estaduais.
§ 2º - Haverá Assembléias Gerais Ordinárias (AGOs) e Assembléias Extraordinárias (AGEs).
§ 3º - As AGOs serão convocadas:
a) para deliberar sobre a campanha salarial;
b) dois meses antes do término da gestão de uma Diretoria para prestação geral de contas e
instalação oficial do processo eleitoral;
c) até no máximo dia 30 de junho para posse da nova Diretoria eleita.
§ 4º - As AGEs serão convocadas pelo presidente da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”,
salvo exceções previstas neste Estatuto ou quando solicitadas:
a) por 5% (cinco por cento) dos associados;
b) pelo Conselho Estadual de Representantes;
c) pela Diretoria;
d) pela Assembléia Geral.
§ 5º - O quorum da AGO e da AGE será o dobro do número dos presentes à reunião do Conselho
Estadual de Representantes que a antecedeu, respeitado o mínimo de 1% (um por cento) dos
associados.

Art.17 - As Assembléias Regionais e as Assembléias Gerais serão convocadas até 24 horas após
o recebimento da solicitação e instaladas no dia, hora e local previsto pelos solicitantes, observado
o intervalo mínimo de 5 (cinco) dias entre a convocação e a instalação das mesmas.

Art.18 - Serão convocadas Assembléias Regionais e Assembléias Gerais em regime de urgência


a juízo da Diretoria, de Assembléia Geral ou do Conselho Estadual de Representantes, respeitado
o intervalo mínimo de 48 (quarenta e oito) horas entre a convocação e a instalação das mesmas.
Parágrafo único - As Assembléias convocadas em regime de urgência deverão convocar AGE
para referendar suas deliberações, de acordo como artigo 16, sem prejuízo do encaminhamento de
suas deliberações.

Art.19 - As Assembléias terão suas convocatórias publicadas em jornais não oficiais de grande
circulação e afixadas em lugar visível na sede da entidade e Subsedes/Regionais e através de todos
os meios de comunicação ao alcance da entidade.

Art.20 - Todas as solicitações deverão mencionar a pauta dos trabalhos a serem desenvolvidos
pelas Assembléias os quais deverão constar das convocatórias.

274 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
Art.21 - As Assembléias só poderão manifestar-se sobre os pontos de pauta, salvo a decisão da
maioria absoluta dos associados presentes e nos casos que não contrariem expressamente este
Estatuto.

Art.22 - O Conselho Estadual de Representantes é a reunião dos representantes de Subsedes/


Regionais e a Diretoria.
§ 1º - Compete ao Conselho Estadual de Representantes deliberar sobre todos os assuntos
de interesse da entidade “APEOESP– Sindicato Estadual” na forma que determinar este Estatuto,
respeitadas as deliberações dos Congressos Estaduais e das Assembléias Gerais, dentre eles:
a) propostas indicativas às Assembléias Gerais;
b) conflitos entre a Diretoria e os Departamentos ou comissões de Trabalho;
c) casos omissos de interpretação deste Estatuto;
d) convocação de Assembléia Geral, Regionais e reuniões extraordinárias do Conselho Estadual
Representantes;
e) decidir sobre o melhor momento para a realização da assembléia que irá deliberar sobre a
campanha salarial;
f) aprovação em primeira instância do projeto de orçamento anual da Diretoria;
g) aprovação em primeira instância dos regimentos internos da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual”;
h) aprovação em primeira instância da criação de novas Subsedes/Regionais;
i) definir a área de abrangência de cada Subsede/Regional;
j) eleger cinco de seus membros para fiscalizar a vida contábil da entidade;
k) elaborar o regimento das eleições dos Representantes de Escola, dos Representantes de
Aposentados, dos Conselhos Regionais de Representantes e do Conselho Estadual de
Representantes;
l) eleger cinco de seus membros para integrar a Comissão de Ética;
m) estabelecer as atribuições e o regimento interno da comissão aludida na alínea anterior bem como
definir o regime disciplinar a que estão sujeitos os associados da entidade, assim entendidas
as infrações éticas e as penalidades aplicáveis, assegurada a ampla defesa e o contraditório;
n) aprovar a indicação de membro da diretoria para ocupar uma das Secretarias da Diretoria em
caso de vacância;
o) aprovar a formalização das alterações estatutárias decididas no Congresso Estadual.
p) eleger delegados e representantes da entidade junto a organizações sindicais e similares,
nacionais ou internacionais.
§ 2º - O voto nas reuniões do Conselho Estadual de Representantes é individual e as decisões,
salvo exceção explícita, serão tomadas por maioria simples.
§ 3º - O conselheiro representante estadual terá seu voto garantido na reunião do Conselho de
Representantes Estadual desde que tenha comparecido à reunião regional dos Representantes de
Escola.
§ 4º- O membro do Conselho Estadual de Representantes perderá o direito de voto, caso não
tenha participado da Reunião de Representantes (RR) da sua região. Neste caso, o suplente
participará com direito a voto, desde que presente à Reunião de Representantes (RR), seguindo-se
a ordem de suplência.
§ 5º- Qualquer membro do Conselho de Representantes poderá solicitar vista da ata que
comprove a realização da Assembléia Regional e da Reunião de Representantes (RR)
§ 6º - O não comparecimento do conselheiro estadual ou do representante regional a duas
reuniões ordinárias consecutivas, respectivamente, do Conselho Estadual de Representantes ou

Caderno de Teses 275


ESTATUTO DA APEOESP
do Conselho Regional de Representantes, sem causa justificada, levará o Conselho Estadual de
Representantes a abrir o processo de exclusão do quadro de representantes. A deliberação dar-
se-á na reunião ordinária imediatamente subseqüente, após ouvir-se a avaliação de sua Subsede/
Regional.
§ 7º - O conselheiro deve justificar sua ausência em reunião do Conselho Estadual de
Representantes ou do Conselho Regional de Representantes imediatamente, por escrito, junto à
Executiva da Subsede.
§ 8º - O não encaminhamento das propostas aprovadas nas instâncias da entidade, levará o
Conselho Estadual de Representantes a abrir o processo de exclusão do quadro de representantes.
A deliberação dar-se-á na reunião ordinária imediatamente subseqüente, após ouvir-se a avaliação
de sua Subsede/Regional.
§ 9º - O Conselheiro deixará de compor o CER/CRR quando perder sua condição de associado.
§ 10º - As reuniões do Conselho Estadual de Representantes serão convocadas pelo presidente
da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” e será respeitado o prazo mínimo de 5 (cinco) dias
entre a convocação e a instalação das mesmas.
§ 11 - Haverá reuniões ordinárias do Conselho Estadual de Representantes trimestralmente com
pauta indicada pela Diretoria da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”.
§ 12 - Haverá reuniões extraordinárias do Conselho Estadual de Representantes tantas vezes
quantas se fizerem necessárias, desde que solicitadas por:
a) 1/3 (um terço) dos seus membros;
b) pela Diretoria da entidade;
c) pela Assembléia Geral;
d) pelo Conselho Estadual de Representantes
§ 13 - As reuniões extraordinárias do Conselho Estadual de Representantes serão convocadas
até vinte e quatro horas após o recebimento da solicitação no dia e hora previstos pelos solicitantes,
respeitados os prazos previstos no parágrafo 6º deste artigo, com pauta definida pelos solicitantes.
§ 14 - As pautas das reuniões constarão das convocatórias e poderão ser modificadas por decisão
da maioria absoluta dos membros presentes.
§ 15 - O quorum será de 1/3 (um terço) dos membros do Conselho Estadual Representantes,
desde que estejam representadas cinqüenta por cento mais um das Subsedes/Regionais.
§ 16 - Cada Subsede/Regional deverá estar presente às reuniões ordinárias do Conselho
Estadual de Representantes, com pelo menos vinte por cento dos seus representantes. A Subsede/
Regional que não preencher esse requisito por três reuniões consecutivas perderá o direito a voto
no Conselho , facultando, inclusive, nova eleição de Conselheiro Estaduais para região, conforme
os critérios previstos pelo artigo catorze, parágrafo terceiro, alíneas “a”, “b”, “c”, “d”, “e” e “f”, a menos
que o plenário do Conselho Estadual de Representantes concorde com a justificativa apresentada.
§ 17 - No caso de remoção ou ingresso, o representante, quando membro efetivo, participará do
Conselho Estadual de Representantes e do Conselho Regional de Representantes, com direito a
voz e voto, o mesmo ocorrendo na Reunião de Representantes (RR) ,ressalvado que:
a) o conselheiro que se enquadrar na situação do “caput” deste artigo será considerado, para efeito
de organização, membro da Subsede pela qual foi eleito;
b) o conselheiro que se enquadrar na situação do “caput” deste artigo deverá fazer, por escrito,
opção de militância entre a Subsede pela qual foi eleito e aquela onde ingressou ou para onde
foi removido;
c) o conselheiro não será substituído por suplentes, isto é, a composição das executivas não
sofrerá alteração;
d) tal situação, temporária, será permitida até que ocorra nova eleição.
Art.23 - O Congresso Estadual (Sindical) é a instância máxima de deliberação da entidade
“APEOESP – Sindicato Estadual” e será realizado a cada 3 (três ) anos, obedecendo a seguinte

276 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
ordem: Congresso Sindical, Eleições da Diretoria e Conferência Educacional. A Conferência
Educacional terá como objetivo de fixar as diretrizes da entidade no campo educacional, cultural e
outros eventos.
§ 1º - O Congresso Estadual e a Conferência Estadual serão convocados pelo presidente da
entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” e organizados exclusivamente pelo Conselho Estadual de
Representantes que definirá o temário geral, a dinâmica, o regimento e os critérios de participação,
respeitado o disposto neste Estatuto.
§ 2º - Desde que associados, os pré-delegados ao Congresso Estadual e Conferência Educacional
da APEOESP – Sindicato Estadual,serão escolhidos nas unidades escolares na proporção de 1
(um) para cada 10 (dez) associados, na respectiva unidade escolar.
§ 3º - Haverá escolha de pré-delegados também entre os sócios aposentados e os enquadrados
na situação tratada no § 3º do artigo 8º, que serão escolhidos entre seus pares na proporção de 1
(um) para cada 10 (dez) filiados.
§ 4º -Caberá a cada subsede uma cota proporcional de delegados, calculada com base no
número de associados a ela vinculados, observada a proporção de 1 ( um ) delegado para cada 70
( setenta ) associados à APEOESP – Sindicato Estadual .
§ 5º - A proporção aludida no parágrafo anterior não constitui quorum do Congresso Estadual e
deve ser considerada exclusivamente para a fixação das cotas de delegados.
§ 6º - Os delegados ao Congresso Estadual e à Conferência Educacional, a partir de pré-
indicações tomadas nos moldes descritos nos parágrafos anteriores, serão eleitos no âmbito de
cada Subsede/Regional em Encontros Regionais, Reunião de Representantes (RR) ou Plenárias.
§ 7º - Respeitado o disposto neste artigo, o número de delegados do Congresso Estadual e
Conferência Educacional e os critérios de distribuição das cotas proporcionais às Subsedes serão
fixados pelo Conselho Estadual de Representantes.
§ 8º- São delegados natos ao Congresso exclusivamente os membros da Diretoria Executiva.

CAPÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS EXECUTIVOS

Art.24 - A Diretoria Estadual Colegiada é constituída por 120 membros, dos quais 27 integram a
Diretoria Executiva, esta composta dos seguintes cargos: Presidente; Vice-Presidente; Secretário
Geral; Secretário Geral Adjunto; Secretário de Finanças; Secretário de Finanças Adjunto; Secretário
de Administração e Patrimônio; Secretário de Administração e Patrimônio Adjunto; Secretário de
Assuntos Educacionais e Culturais; Secretário de Assuntos Educacionais e Culturais Adjunto;
Secretário de Comunicações; Secretário de Comunicações Adjunto, Secretário de Formação;
Secretário de Formação Adjunto; Secretário de Legislação e Defesa dos Associados; Secretário de
Legislação e Defesa dos Associados Adjunto; Secretário de Política Sindical; Secretário de Política
Sindical Adjunto; Secretário de Políticas Sociais; Secretário de Políticas Sociais Adjunto; Secretário
para Assuntos de Aposentados; Secretário para Assuntos de Aposentados Adjunto; Secretário
Geral de Organização; Secretário de Organização para a Capital; Secretário de Organização para a
Grande São Paulo e dois cargos de Secretário de Organização para o Interior.
§ 1º - Os demais membros da Diretoria Estadual Colegiada exercerão o cargo de Diretor Estadual.
§ 2º - O Regimento Interno da Diretoria Estadual Colegiada regulará a participação dos seus
membros nas diferentes secretarias, bem como fixará as atribuições dos diretores estaduais,
garantindo-se a sua ação colegiada.
§ 3º - A Diretoria do sindicato exercerá suas funções gratuitamente.

Art. 25 - Na hipótese de uma das chapas concorrentes às eleições para composição da Diretoria

Caderno de Teses 277


ESTATUTO DA APEOESP
Estadual Colegiada, composta por menos de 120 nomes, desde que atendida a condição do Art.
47, em seu parágrafo 3º, obtiver mais do que 80% (oitenta por cento) dos votos, serão preenchidos
apenas os cargos correspondentes ao número de inscritos.
Parágrafo Único – no caso previsto no “caput”, os cargos da Diretoria Executiva deverão ser
preenchidos preferencialmente em relação aos demais.

Art. 26 - A Diretoria Estadual Colegiada será composta pelo critério da proporcionalidade, de


acordo com os votos obtidos por cada chapa na eleição, atendidas as seguintes condições:
§ 1º- a Diretoria Estadual Colegiada da “APEOESP- Sindicato Estadual”:
a) será composta, quando houver duas chapas concorrendo ao pleito, por aquelas que obtiverem,
no mínimo, 20 % (vinte por cento) dos votos.
b) será composta, quando houver mais do que duas chapas concorrendo ao pleito, por aquelas que
obtiverem, no mínimo, 10 % (dez por cento) dos votos.
c) contará com a participação de chapas minoritárias, quando houver mais de duas chapas, somente
se a soma dos votos das chapas minoritárias atingir, no mínimo, 20% (vinte por cento) do total
dos votos.
d) será composta, no caso de haver chapa única concorrendo ao pleito, sem que haja necessidade
de obtenção de qualquer percentual mínimo de votos necessários para composição da diretoria.
§ 2º - Para fins de composição proporcional da Diretoria Estadual Colegiada, do total de votos
colhidos no pleito, não serão considerados os nulos, brancos e os destinados às chapas que não
obtiveram os percentuais mínimos definidos no parágrafo anterior, servindo esse resultado para
o cálculo final da proporcionalidade cabente a cada uma das chapas em condições de compor a
Diretoria Estadual Colegiada.
§ 3º - A razão de proporcionalidade de que cuida este artigo será apurada dividindo-se o número
de votos obtidos pelas chapas em condições de compor a Diretoria Estadual Colegiada pelo número
total de votos válidos, assim considerando-se aquele obtido nos termos do parágrafo anterior,
multiplicando-se esse quociente por 100 (cem).
§ 4º - Definidas as chapas em condições de compor a diretoria estadual colegiada e a razão de
proporcionalidade, as chapas passarão a escolher os cargos da diretoria executiva que desejam
ocupar, da seguinte forma:
a) a chapa com o maior número de votos escolherá 1/3 (um terço) dos cargos a que faz jus, e
assim sucessivamente, até que todas as chapas em condições de compor a Diretoria Estadual
Colegiada, pela ordem decrescente de número de votos obtidos, procedam da mesma maneira.
b) após a operação descrita na alínea anterior, nova operação idêntica será efetivada e assim
sucessivamente até que todos os cargos da Diretoria Executiva sejam preenchidos.
c) os cargos de Diretor Estadual serão preenchidos pelos candidatos inscritos e mediante indicação
das chapas em condições de compor a diretoria estadual colegiada, obedecida a razão de
proporcionalidade de que trata o § 3º deste artigo.
d) para as situações previstas nas alíneas “a” e “b”, a proporcionalidade será aplicada sobre 27
(vinte e sete) cargos;
e) para a situação prevista na alínea “c”, a proporcionalidade será aplicada sobre 120 (cento e vinte)
cargos, subtraindo-se o número de cargos já escolhidos pela chapa.
§ 5º - havendo necessidade de arredondamento para que seja possível se concretizarem as
operações descritas no parágrafo anterior, este ocorrerá de forma que seja considerada tão somente
a primeira casa decimal do número que se pretenda arredondado, sendo certo que no caso do
número da primeira casa decimal ser maior ou igual a 5 (cinco), o algarismo da unidade eleva-se
em 1 (um) e no caso do número da primeira casa decimal ser inferior a 5 (cinco), mantém-se o
algarismo da unidade.
§ 6º- o arredondamento de que cuida o parágrafo anterior, nos casos em que o número da

278 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
unidade elevar-se em 1 (um), ocasionará para a chapa em questão o desconto de tantos décimos
quantos foram utilizados, sendo que o número originalmente obtido nos termos do parágrafo 3º,
com o desconto de que cuida este parágrafo, será aquele que determinará, após realizada nova
operação de arredondamento, o número de cargos a ser escolhido pela chapa na próxima rodada
destinada para esse fim.
§ 7º- o arredondamento de que cuida o parágrafo 5º, nos casos em que o número da unidade
mantiver-se constante, ocasionará para a chapa em questão o acréscimo de todos os décimos não
utilizados ao número originalmente obtido nos termos do parágrafo 3º, que após nova operação de
arredondamento será o número de cargos a ser escolhido pela chapa na próxima rodada destinada
para esse fim.
§ 8º - as operações descritas nos parágrafos anteriores continuarão a ocorrer até que todos os
cargos da diretoria tenham sido escolhidos.
§ 9º- em qualquer hipótese, se uma chapa obtiver um número de votos igual ou superior a 50%
(cinqüenta por cento) não poderá ficar com menos da metade dos cargos da Diretoria Executiva e
da Diretoria Estadual.
§ 10º- quando a diferença entre o número de cargos da diretoria executiva e da diretoria estadual
relativos a duas chapas mais próximas do empate for de apenas uma unidade inteira do número, e
a chapa mais votada estiver ameaçada de perder sua maioria pelo critério do decimal maior, esta
deverá ficar com o cargo em disputa, desde que a diferença entre as porcentagens das duas seja
igual ou superior a 30% (trinta por cento).
§ 11- no caso de haver empate entre chapas disputantes do pleito, para a fixação da ordem de
escolha dos cargos da Diretoria Executiva, será efetuado sorteio, de acordo com regras que serão
definidas pela comissão eleitoral.
§ 12- as regras de arredondamento previstas nesse artigo não se aplicam para os casos descritos
no § 1º deste mesmo artigo.

Art. 27 – À Diretoria coletivamente compete:


a) cumprir e fazer cumprir este Estatuto, os regulamentos e as normas administrativas da entidade
“APEOESP – Sindicato Estadual”, assim como as decisões dos Congressos, Assembléias
Gerais e do Conselho Estadual de Representantes;
b) organizar os serviços administrativos da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”;
c) elaborar o projeto de orçamento anual remetendo-o ao Conselho Estadual de Representantes
que deverá aprová-lo em sua primeira reunião anual;
d) reunir-se em sessão ordinária pelo menos 6 (seis) vezes ao ano (aproximadamente a cada
período de dois meses) e em sessão extraordinária sempre que for necessário
e) criar comissões de trabalho, desde que fixadas as devidas competências e seus membros
responsáveis;
f) assegurar o bom andamento das diversas comissões de trabalho, secretarias e departamentos,
tendo o direito de veto desde que os trabalhos firam normas estatutárias, programáticas, decisões
do Conselho Estadual de Representantes, Assembléias Gerais e de Congressos, cabendo
ao Conselho Estadual de Representantes decidir sobre eventuais impasses decorrentes do
estabelecido neste artigo.
g) contratar e dispensar funcionários;
h) responsabilizar-se pelas publicações oficiais da entidade, excetuadas as editadas pelas subsedes
ou regionais.
i) solicitar convocação de Assembléias Gerais ou Regionais, bem como de reuniões dos Conselhos
Regionais de Representantes e do Conselho Estadual de Representantes.
§ 1º- compete exclusivamente à Diretoria Executiva integrar o Conselho Estadual de
Representantes, como membros natos, e participar dos Congressos Estaduais na qualidade de

Caderno de Teses 279


ESTATUTO DA APEOESP
delegados natos.
§ 2º- os membros da Diretoria Estadual têm direito à voz no Conselho Estadual de Representantes.

Art.28 - Ao Presidente compete:


a) representar a entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” em juízo ou fora dele;
b) convocar e presidir as reuniões da Diretoria;
c) convocar e instalar a reunião do Conselho Estadual de Representantes;
d) convocar e instalar a Assembléia Geral;
e) convocar as eleições da Diretoria;
f) convocar e instalar os congressos da entidade;
g) abrir, rubricar e encerrar os livros da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”, podendo delegar
tais atribuições ao vice-presidente ou ao Secretário Geral;
h) movimentar, com o Secretário das Finanças, as contas da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual”.

Art.29 - Ao vice-Presidente compete auxiliar o Presidente em suas atribuições.

Art.30 - Ao Secretário Geral compete:


a) zelar pelo enquadramento da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual” nas exigências legais e
fiscais, assim como tratar de seus registros nas repartições competentes;
b) lavrar e subscrever as atas das reuniões da Diretoria, Assembléias Gerais e Conselho Estadual
de Representantes, bem como promover os registros destas junto aos cartórios competentes;
c) Substituir o Presidente em seus impedimentos ou ausências.

Art.31 - Ao Secretário de Finanças compete:


a) superintender toda a arrecadação e guarda de todos os valores pertencentes à entidade;
b) cuidar da escrituração dos livros contábeis e mantê-los rigorosamente em ordem, bem como a
respectiva documentação sob a responsabilidade de um contador legalmente habilitado;
c) movimentar, com o Presidente em exercício, as contas da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual”;
d) elaborar o balancete anual e o balanço geral no fim de cada exercício, assim como o orçamento,
a tempo de serem apresentados aos órgãos competentes.

Art.32 - Ao Secretário de Administração e Patrimônio compete:


a) zelar pela administração geral da entidade;
b) superintender a gestão das Colônias de Férias dos Professores;
c) administrar os recursos humanos da entidade;
d) supervisionar o setor de informática da entidade;
e) administrar os convênios firmados pela entidade;
f) zelar pelo patrimônio mobiliário e imobiliário da entidade;
g) promover inventário dos bens da entidade, mantendo o mesmo atualizado;
h) adotar todas as providências necessárias à regular conservação dos bens da entidade, bem
como desenvolver políticas de ampliação do patrimônio da entidade;
i) diligenciar no sentido de manter atualizados e em perfeita ordem a documentação e os registros
escriturais, inclusive os fiscais, relacionados com o patrimônio da entidade.

280 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
Art.33 - Ao Secretário de Assuntos Educacionais e Culturais compete:
a) organizar a Secretaria de Assuntos Educacionais e Culturais da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual”:
b) propor e organizar a realização de simpósios, seminários e cursos, congressos e outras atividades
culturais e educacionais;

Art.34 - Ao Secretário de Comunicações:


a) organizar a Secretaria de Imprensa da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”;
b) responsabilizar-se pelo contato e divulgação das atividades da entidade junto a todos os órgãos
de comunicação.

Art.35 - Ao Secretário de Formação compete:


a) desenvolver atividades de formação aos associados que venham a exercer funções de
representação na entidade;
b) documentar fatos relativos à entidade, buscando a construção permanente de sua memória
histórica;
c) estabelecer convênios ou acordos com entidades sindicais e centros especializados que possam
contribuir com as atividades da entidade.

Art.36 - Ao Secretário de Política Sindical compete:


a) elaborar e contribuir com estudos e projetos em relação às questões de política sindical;
b) promover a integração da entidade com outras organizações de caráter sindical.

Art.37 - Ao Secretário de Legislação e Defesa dos Associados compete organizar e zelar pelo
funcionamento da Assessoria Jurídica e da Assessoria de Defesa dos Associados.

Art.38 - Ao Secretário de Políticas Sociais compete:


a) contribuir para a elaboração das políticas sociais da entidade, compreendendo saúde, previdência,
meio-ambiente e ecologia, movimentos sociais;
b) coordenar a execução das políticas sociais da entidade;
c) estabelecer e coordenar a relação da entidade com as organizações e entidades do movimento
popular e da sociedade civil;
d) promover intercâmbio e atividades conjuntas com entidades e organizações que tratem das
questões sociais.

Art. 39 - Ao Secretário para Assuntos do Aposentado compete coordenar e desenvolver as


atividades pertinentes ao interesse específico dos associados aposentados, analisando e propondo
medidas necessárias para o melhor desempenho da entidade no setor.
Art.40 - Ao Secretário Geral de Organização, compete:
a) coordenar a Secretaria de Organização;
b) promover a coordenação geral das atividades de organização das Subsedes/Regionais da
entidade.

Art.41 - Aos Secretários de Organização para a Capital, para a Grande São Paulo e para o
Interior compete organizar a Secretaria de Subsedes/Regionais da Capital, Grande São Paulo e
Interior.

Caderno de Teses 281


ESTATUTO DA APEOESP
Art. 42 - Aos Secretários Adjuntos de cada secretaria compete auxiliar o secretário titular em
suas atribuições.

Art. 43 - No caso de vacância para os cargos da Diretoria Estadual Colegiada haverá substituição
do membro faltante, que será indicado pela chapa que originalmente havia indicado o diretor a ser
substituído, dentre os membros nela inscritos para o pleito estadual.
§ 1º - haverá vacância somente nos casos em que qualquer cargo da Diretoria Estadual
Colegiada restar vago:

a) – por eventos involuntários;

b) – por desistência ou renúncia do diretor;

c) – ou quando houver solicitação do cargo ocupado, por um diretor; pela chapa que no processo
descrito no Artigo 26, § 4º deste Estatuto, originalmente, escolheu o cargo em questão, desde que
a Chapa comprove a existência de Convenção neste sentido e após ouvida a DEC.

§2º - nos casos em que a substituição se fizer necessária na Diretoria Executiva, o substituto será
um membro da Diretoria Estadual;
§3º - nos casos em que a substituição se fizer necessária na Diretoria Estadual, o substituto
será um membro da chapa que originalmente havia indicado o diretor a ser substituído, dentre os
membros nela inscritos e que não esteja ocupando cargo na Diretoria Estadual Colegiada;
§ 4º- O diretor que ocasionar vacância pela renúncia fica impossibilitado de retornar à diretoria
até o término da gestão para a qual foi eleito.

Art. 44 - Haverá substituição, nos mesmos moldes descritos no “caput” do artigo anterior, quando
o afastamento do membro da diretoria estadual colegiada ocorrer em virtude de participação daquele
em qualquer eleição fiscalizada por qualquer dos tribunais regionais eleitorais, ou pelo tribunal
superior eleitoral, enquanto perdurar a necessidade do afastamento.

Art.45 - A executiva de cada Subsede/Regional é composta pelos representantes regionais no


Conselho Estadual de Representantes e Conselho Regional de Representantes, eleitos na forma
deste Estatuto e pelos membros da Diretoria Executiva cujas unidades escolares ou postos de
trabalho acham-se classificados na região. Os suplentes participam apenas com direito à voz.
No caso de ausência dos membros efetivos, os suplentes participam também com direito a voto,
observada a ordem de votação nas eleições do Conselho Regional de Representantes.
§ 1º - Dentre os membros da executiva da Subsede/Regional haverá um coordenador, um
secretário e um tesoureiro.
§ 2º - Os cargos referidos no parágrafo anterior poderão ser preenchidos pelos conselheiros
eleitos na região, excetuando-se os suplentes, e por membros da Diretoria Executiva da “APEOESP-
Sindicato Estadual”, ainda que estes não tenham participado das eleições para o Conselho Regional
de Representantes, podendo votar e ser votados nas eleições para a escolha dos ocupantes dos
cargos da executiva de suas respectivas subsedes mediante escolha a ser feita pelos seus pares.
§ 3º - As Subsedes/Regionais funcionarão com um Regimento Interno, o qual poderá receber
acréscimos não contraditórios com este Estatuto, desde que aprovados em Assembléias Regionais
ou nas Reuniões de Representantes (RR).

282 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
CAPÍTULO V
DAS ELEIÇÕES

Art.46 - A cada 3 (três) anos, durante o bimestre de maio/junho, haverá eleições gerais para a
Diretoria da entidade.

Art.47 - Os membros da Diretoria serão eleitos em chapas, observado o disposto no artigo 26


deste Estatuto, por votação direta e secreta dos sócios efetivos.
§ 1º- os cargos a serem escolhidos pelas chapas, em razão do princípio da proporcionalidade,
podem ser ocupados por qualquer de seus membros, mediante indicação das chapas que estiverem
em condições de compor a Diretoria Estadual Colegiada, sendo vedada, aos diretores, a acumulação
de cargos na Diretoria Estadual Colegiada;
§ 2º - dentre os componentes da chapa, pelo menos 11 (onze) devem ser do interior;
§ 3º - só serão registradas chapas completas, entendendo-se por completas as chapas que
sejam compostas por, no mínimo, 58 (cinqüenta e oito) membros e, no máximo, 120 (cento e vinte);
§ 4º - cada chapa deverá reservar, obrigatoriamente, uma cota mínima de 30% de seus membros,
para cada gênero, proporção essa que será necessariamente observada por ocasião da composição
da Diretoria Estadual Colegiada;
§ 5º - cada chapa poderá indicar um representante, obrigatoriamente associado da entidade,
para fiscalizar os trabalhos da Comissão Eleitoral e as atividades de coleta e apuração dos votos.

Art.48 - Até 60 (sessenta) dias antes das eleições, o Conselho Estadual de Representantes
marcará a data das mesmas, assim como designará a Comissão Eleitoral.
§ 1º - a Comissão Eleitoral será formada por cinco sócios efetivos, dentre os quais, um presidente;
§ 2º - a Comissão Eleitoral registrará em livro próprio as chapas concorrentes até 30 dias antes
das eleições.

Art.49 - O Conselho Estadual de Representantes dividirá igualmente entre as chapas concorrentes


os recursos disponíveis para fins eleitorais.

Art.50 - Será garantido o livre acesso das chapas concorrentes a todos os meios de divulgação
da entidade “APEOESP – Sindicato Estadual”.

Art.51 - A Comissão Eleitoral expedirá normas especificando modelos de cédulas e atas eleitorais
e condições de apuração dos votos.
§ único - O Conselho Estadual de Representantes determinará, a cada eleição, se as urnas serão
fixas e/ou volantes.

Art.52 - Os conflitos surgidos na Comissão Eleitoral serão resolvidos pelo Conselho Estadual de
Representantes.
Art.53 – Observado o prazo de duração dos respectivos mandatos, as eleições para o Conselho
Estadual de Representantes e para o Conselho Regional de Representantes ocorrerão, conforme o
caso, no período de maio/junho ou de setembro/outubro/novembro.
§ 1º - não há impedimento a candidatura simultânea à Diretoria e aos Conselhos de Representantes,
ficando, entretanto, proibida a acumulação de votos de diretor da “APEOESP – Sindicato Estadual”

Caderno de Teses 283


ESTATUTO DA APEOESP
e de conselheiro, devendo neste caso ser convocado o suplente para ocupar a vaga no Conselho
de Representantes Estaduais ou Regionais, conforme o caso, em caráter definitivo.

Art.54 - Nas eleições para representantes estaduais e regionais serão eleitos suplentes em igual
número ao de representantes.
§ 1º - para efeito do disposto no capítulo deste artigo, consideram-se suplentes dos representantes
estaduais os membros eleitos para o Conselho Regional de Representantes não eleitos para o
Conselho Estadual de Representantes, obedecida a ordem decrescente de votação.
§ 2º - Consideram-se suplentes do Conselho Regional de Representantes os candidatos não
eleitos nos termos deste Estatuto, respeitada a ordem decrescente de votação.

Art.55 - As eleições serão feitas pelo voto direto e secreto, ficando a critério da reunião de
representantes de escola a deliberação acerca de urnas fixas e/ou volantes. O número de votados
será igual até 30% dos inscritos, arredondadas as frações para mais.
Parágrafo único - A responsabilidade pelas eleições de representantes regionais e estaduais
caberá à Executiva da Subsede ou Regional, e onde não houver, o Conselho Estadual de
Representantes designará responsáveis.

Art.56 - O Conselho Regional de Representantes também denominado Executiva da Subsede,


é o órgão de direção local da entidade e será formado por representantes eleitos na proporção de
um para cada 50 (cinqüenta) votantes ou fração superior a 25 (vinte e cinco) conforme a tabela
seguinte:
• até 24 votantes: nenhum representante;
• de 25 a 74 votantes: 1 representante;
• para cada 50 (cinqüenta) votantes subseqüentes: mais um representante de acordo com o critério
para eleição do 1º representante.
Parágrafo único - O candidato deverá obter no mínimo 5% do total de votos para considerar-se
eleito.

Art.57 - O Conselho Estadual de Representantes será constituído na proporção de um


conselheiro estadual para cada 200 (duzentos) associados vinculados à Subsede, assegurada uma
representação mínima de 3 (três) representantes por Subsede.

Art.58 – A inscrição do candidato para o cargo de representante, regional ou estadual, é feita na


Reunião De Representantes (RR) de sua região.

Art.59 - Haverá único pleito para a escolha dos representantes estaduais e regionais,
considerando-se eleitos para o Conselho Estadual de Representantes, aqueles que, eleitos para o
Conselho Regional de Representantes que obtiverem o maior número de votos e observado o limite
de representantes da Subsede fixado no artigo 57 deste Estatuto.

Art.60 - Respeitada a ordem decrescente de votação os escolhidos para o Conselho Regional de


Representantes não eleitos para o Conselho Estadual de Representantes serão suplentes daqueles.
§ 1º: - Os eleitos para o Conselho Estadual de Representantes, observado o disposto neste

284 Caderno de Teses


ESTATUTO DA APEOESP
Estatuto, cumprirão mandato de 18 (dezoito) meses e tomarão posse na seguinte conformidade:
a) quando as eleições coincidirem com a eleição da Diretoria Estadual Colegiada, a posse ocorrerá
conjuntamente com esta;
b) quando as eleições se realizarem no período setembro/outubro/novembro, a posse ocorrerá, no
máximo, até 31 de dezembro do mesmo ano e será formalizada por ato da Comissão Eleitoral,
dispensada a realização de assembléia específica para este fim.
§ 2º - Aplicam-se, no que couber, as disposições do parágrafo anterior aos Conselhos Regionais
de Representantes.

Art.61 - Por decisão soberana da Assembléia Regional a Executiva poderá ser destituída no todo
ou em parte, desde que a Assembléia:
a) seja solicitada por um número de sócios da Subsede/Regional pelo menos igual a 10% (dez por
cento) do número de associados vinculados à Subsede;
b) eja convocada com antecedência mínima de dez dias;
c) tenha quorum correspondente a 10% (dez por cento) do número de associados vinculados à
Subsede;
d) a decisão seja tomada por maioria absoluta.
Parágrafo único - Se a Executiva não convocar a Assembléia num prazo de 24 horas após
receber a solicitação para a hora e local determinados pelos solicitantes, estes poderão fazê-lo.

Art.62 - Por decisão soberana da maioria absoluta, a mesma Assembléia de destituição elegerá
um Conselho Executivo de 3 (três) membros que se responsabilizará pela gestão da Subsede até a
posse dos integrantes da Executiva da Subsede eleitos nos termos deste Estatuto.
Parágrafo único - Nos casos de destituição de que cuida este artigo, serão convocadas eleições
para a Executiva da Subsede no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, cabendo à própria
Assembléia Regional ou, por delegação desta, à primeira Reunião de Representantes (RR),
imediatamente posterior, definir a data.

Art.63 - Por decisão soberana da Assembléia Geral a Diretoria poderá ser destituída, no todo ou
em parte, desde que a Assembléia Geral tenha:
a) sido convocada especialmente para este fim pelo Conselho Estadual de Representantes ou por
10% do número de associados;
b) tenha sido convocada por, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) mais um do número total de
membros do Conselho de Representantes Estaduais;
c) tenha sido convocada com antecedência mínima de 20 dias;
d) tenha quorum mínimo de 10% do número de associados;
e) a decisão seja tomada por maioria absoluta.

Parágrafo único – Não se aplicam as regras do presente artigo ao caso descrito na alínea “c”, do
parágrafo 1º do Artigo 43, do presente Estatuto.

Art.64 - No caso de destituição, a Assembléia Geral elegerá, por maioria absoluta, um Conselho
Executivo que se responsabilizará pela gestão da entidade até a posse da nova diretoria a ser eleita
nos termos deste Estatuto.
Parágrafo único - No caso de destituição de que cuida este artigo, deverão ser realizadas
eleições gerais para a Diretoria da entidade dentro de prazo mínimo de 60 e máximo de 120 (cento
e vinte) dias, cabendo à própria Assembléia ou por delegação desta ao Conselho Estadual de
Representantes definir a data.

Caderno de Teses 285


ESTATUTO DA APEOESP
Art.65 - O Presidente convocará a Assembléia Geral para destituição da Diretoria até 24 horas
após receber solicitação, em local e hora aprovados pelos solicitantes.
Parágrafo único - Caso o Presidente não cumpra, no todo ou em parte, o que está previsto neste
artigo, o Conselho Estadual de Representantes deverá fazê-lo.

CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art.66 - A APEOESP garantirá, na escolha das representações de que trata a alínea “o” do
parágrafo 1º, Art. 22 do presente Estatuto, uma cota mínima de 30% para cada gênero.

CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 67 - Este Estatuto poderá ser alterado, no todo ou em parte, apenas por deliberação da
maioria absoluta dos participantes do Congresso Sindical.

Art.68 - Este Estatuto entrará em vigor na data de sua aprovação pelo Congresso Estadual,
cabendo à Diretoria registrá-lo no prazo máximo de 30 (trinta) dias no Cartório de Registros de
Pessoas Jurídicas.

CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art.1º - Ficam ratificados e referendados todos os atos praticados pela Diretoria e pelo Conselho
Estadual de Representantes visando o registro e a investidura da entidade “APEOESP – Sindicato
Estadual” como Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

Art. 2º - Em caráter excepcional fica delegado ao Conselho Estadual de Representantes


competência para promover as mudanças no presente Estatuto Social, necessárias à sua adaptação
à legislação pertinente às entidades sindicais.
Parágrafo único - Caberá à Diretoria adotar as providências cabíveis à adequação dos registros
patrimoniais da entidade à nova razão social.

286 Caderno de Teses


Apresentação Expediente
Comissão Organizadora do Congresso
O XXIII Congresso Estadual da APEOESP irá se realizar em um momento particular da história Diretoria da APEOESP • Triênio 2008/2011
brasileira, após um processo eleitoral do mais disputados e que pode, objetivamente, alterar o
Diretoria Executiva: Presidenta: Maria Izabel Azevedo Noronha; Vice-presidente: Jose Geraldo Correa Junior;
quadro político no estado de São Paulo.
Secretário Geral: Fabio Santos de Moraes; Secretário Geral Adjunto: Odimar Silva; Secretário de Finanças: Luiz
Gonzaga José; Secretária de Finanças Adjunta: Suely Fátima de Oliveira; Secretário de Administração e
A APEOESP, independente da configuração partidária do governo, trabalha pela melhoria da Patrimônio: Silvio de Souza; Secretário de Administração E Patrimônio Adjunto: Fabio Santos Silva; Secretário de
Assuntos Educacionais e Culturais: Pedro Paulo Vieira de Carvalho; Secretária de Assuntos Educacionais e
escola pública, pelos direitos educacionais da população e, fundamentalmente, pelos direitos e Culturais Adjunta: Rita de Cássia Cardoso; Secretário de Comunicações: Paulo Jose das Neves; Secretário de
necessidades dos profissionais do magistério. Entretanto, não é indiferente à nossa luta, nem Comunicações Adjunto: Jose Roberto Guido Pereira; Secretária de Formação: Nilcea Fleury Victorino; Secretária de
Formação Adjunta: Magda Souza de Jesus; Secretário de Legislação e Defesa dos Associados: Francisco de Assis
poderia ser, o projeto político e educacional a ser implementado pelo Governo do Estado, pois Ferreira; Secretária de Legislação e Defesa dos Associados Adjunta: Zenaide Honorio; *Secretário de Política
ele afeta nossa vida profissional e a rede estadual de ensino. Sindical: Joao Luis Dias Zafalao; *secretária de Política Sindical Adjunta: Eliana Nunes dos Santos; Secretária de
Políticas Sociais: Francisca Pereira da Rocha Seixas; Secretário de Políticas Sociais Adjunto: Marcos de Oliveira
Soares; Secretária Para Assuntos de Aposentados: Silvia Pereira; Secretário Para Assuntos de Aposentados
Nesta publicação estão reunidas as teses que expressam o pensamento e as propostas das Adjunto: Gilberto de Lima Silva; Secretária Geral de Organização: Margarida Maria de Oliveira; Secretário de
Organização Para a Capital: Ariovaldo de Camargo; Secretário de Organização Para a Grande São Paulo: Douglas
diversas correntes de opinião que atuam no nosso Sindicato. Conhecê-las, estudá-las, debatê- Martins Izzo; Secretário de Organização Para o Interior: Ederaldo Batista; Secretário de Organização Para o
las são condição fundamental para que possamos escolher bem os delegados e delegadas que Interior: Ezio Expedito Ferreira Lima

nos representarão no Congresso e para que sejam encaminhadas as proposições mais adequa-
Diretoria Estadual: Ademar de Assis Camelo; Aladir Cristina Genovez Cano; Alberto Bruschi; Ana Lúcia Santos
das às necessidades da nossa categoria, da escola pública e dos trabalhadores brasileiros. Cugler; *Ana Paula Pascarelli dos Santos; Anatalina Lourenço da Silva; Anita Aparecida Rodrigues Marson; Antonio
Afonso Ribeiro; Antonio Carlos Amado Ferreira; Ary Neves da Silva; Benedito Jesus dos Santos Chagas; Carlos Alberto
Rezende Lopes; Carlos Barbosa da Silva; Carlos Eduardo Vicente; Carmen Luiza Urquiza de Souza; Cilene Maria Obici;
No dia 21 de setembro, em todo as regiões do Estado, milhares de professores e professoras Claudio Juhrs Rodrigues; Deusdete Bispo da Silva; Dorival Aparecido da Silva; Edith Sandes Salgado; Edna Penha
estarão reunidos nos Encontros Regionais Preparatórios ao Congresso. Fazemos votos de que, Araújo; Eliane Gonçalves da Costa; Elizeu Pedro Ribeiro; Emma Veiga Cepedano; *Fernando Borges Correia Filho;
Fláudio Azevedo Limas; Flavio Stockler de Ramos Lima; Floripes Ingracia Borioli Godinho; Geny Pires Gonçalves Tiritilli;
nesses encontros, o debate seja profícuo e que saiamos todos fortalecidos na nossa unidade e Gerson José Jorio Rodrigues; Gisele Cristina Da Silva Lima; Idalina Lelis de Freitas Souza; *Inês Paz; *Ivanci Vieira dos
na disposição para lutar for um futuro melhor para todos aqueles que atuam nas escolas públicas Santos; *Janaina Rodrigues Prazeres; Josafa Rehem Nascimento Vieira; Jose Luiz Moreno Prado Leite; Jose Reinaldo
de Matos Lima; Josefa Gomes da Silva; Jovina Maria da Silva; Jucinéa Benedita dos Santos; Juvenal de Aguiar
do Estado de São Paulo. Penteado Neto; Leandro Alves Oliveira; Leovani Simões Cantazini; Lindomar Conceição da Costa Federighi; Luiz Carlos
de Sales Pinto; Luiz Cláudio de Lima; Luzelena Feitosa Vieira; Maísa Bonifácio Lima; Mara Cristina de Almeida; Marcio
de Oliveira; Maria José Carvalho Cunha; *Maria de Lourdes de Souza; Maria Lícia Ambrosio Orlandi; Maria Sufaneide
Rodrigues; Maria Teresinha de Sordi; Maria Valdinete Leite do Nascimento; Mariana Coelho Rosa; *Mauro da Silva
Bom trabalho a todos. Inácio; Miguel Leme Ferreira; Miguel Noel Meirelles; Moacyr Américo Da Silva; *Orivaldo Felício; Ozani Martiniano de
Souza; Paulo Alves Pereira; Paulo Roberto Chacon de Oliveira; Ricardo Augusto Botaro; Ricardo Marcolino Pinto; *Rita
Leite Diniz; Roberta Iara Maria Lima; Roberta Maria Teixeira de Castro; Roberto Mendes; Roberto Polle; Ronaldi Torelli;
Diretoria da APEOESP Sandro Luiz Casarini; Sebastião Sergio Toledo Rodovalho; Sergio Albenes Soares da Silva; *Sergio Martins da Cunha;
Severino Honorato Silva; Silvana Soares de Assis; Solange Aparecida Benedeti Penha; Sonia Aparecida Alves de
Arruda; Stenio Matheus de Morais Lima; Suzi Da Silva; Tatiana Silvério Kapor; Telma Aparecida Andrade Victor;
Teresinha de Jesus Sousa Martins; Tereza Cristina Moreira da Silva; Uilder Cácio de Freitas; Ulisses Gomes Oliveira
Francisco; Vera Lucia Lourenço; Vera Lucia Zirnberger; Wilson Augusto Fiúza Frazão

*Afastado

Projeto Editorial e Gráfico: M.Giora Comunicação Setembro/2010


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