Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
SOCIAL E TRABALHISTA
MAPA DE EMPRESA
NOVEMBRO/2002
AMBEV
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
O mercado mundial de bebidas tem sofrido alterações significativas geradas pelo processo
de globalização da Economia. Além das tendências de formação de grandes grupos por
meio de fusões, concentração dos mercados e reestruturações produtivas, houve um
aumento da participação de mercado de outros tipos de bebidas como água mineral e
bebidas não-carbonatadas (chás, cafés e sucos).
No caso específico do setor cervejeiro, o processo de consolidação dos mercados da
Europa, iniciado em 1995, deverá estar concluído no ano de 2005, segundo o especialista
Paul Elshof, da Consultoria FoodWorld, exceto no leste europeu, onde ainda se apresenta
oportunidade de crescimento. A população jovem do continente tem optado
preferencialmente pelo consumo de outros tipos de bebida como os mixers (ex. Bacardi
Breezer, Smirnoff Ice). Além da Europa, a América do Norte e o Japão também estão com
os seus mercados saturados, em grande parte pelo baixo crescimento populacional desses
países e pelo elevado consumo per capita.
O quadro 1 mostra o consumo em alguns países saturados e outros com potencial de
crescimento:
Alemanha 131
Reino Unido 103
Estados Unidos 85
Espanha 66
Japão 57
México 52
Brasil 50
Argentina 33
China 15
Fonte: Brewers Association of Canada, Alaface e SINDICERV (1999-2000)
2
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
Na América Latina, o Brasil aparece como o país com maior potencial de mercado e de
capacidade produtiva. A criação da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) é parte
da estratégia de consolidação dos mercados latino-americanos, onde a competição com os
principais grupos internacionais é bastante acirrada.
Segundo Elshof, a liderança de mercado mundial será estabelecida pela empresa que
conquistar um máximo de 25-30% do market share.
3
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
Esse consumo confere ao país apenas a 29ª posição no ranking mundial, indicando o
potencial de crescimento do mercado nacional de cerveja. Mesmo sendo a bebida alcoólica
preferida pelos brasileiros, representa apenas 9% do total do consumo nacional de bebidas.
Além dos dados relativos à produção e ao consumo per capita, duas características
importantes do mercado nacional de cerveja devem ser observadas: a primeira é a pouca
representatividade de grupos internacionais, sendo a tentativa mais expressiva a compra da
Kaiser, com 14% de participação de mercado, pela Molson; a segunda é que a AmBev é a
maior cervejaria do país e do Mercosul, mas possui apenas domínio de caráter regional.
4
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
1.1.1 - TRIBUTAÇÃO
DISTRIBUIDORES
Valor agregado (ex-impostos s/ vendas) 0,26 9,4
Tributos sobre vendas (PIS/COFINS) 0,08 2,9
Receita bruta 0,34 12,3
VAREJISTAS
Valor agregado (ex-impostos s/ vendas) 0,63 22,7
Tributos sobre vendas (PIS/COFINS) 0,1 3,6
Receita bruta 0,73 26,4
5
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
As cervejarias normalmente se localizam perto dos centros consumidores. Por essa razão, a
maioria delas não cultiva sua própria cevada, sendo considerado como o início do processo
o recebimento do malte de cevada. As fases do processo de fabricação, incluindo a
maltaria, são as seguintes:
a) Malteação
→ umidificação da cevada – é a primeira etapa do processo de malteação e consiste em
umedecer a cevada com água morna para hidratar o grão e permitir que ele germine. Depois
disso, a água é drenada dos tanques.
→ germinação – é o processo de modificação, que implica na estimulação da ação
enzimática com o objetivo de converter algumas das fibras e os amidos em açúcares,
durante o processo de fabricação.
→ secagem do grão – é realizada em espécies de fornos, com o objetivo de reduzir a
umidade do grão germinado e interromper a ação enzimática, permitindo assim o
armazenamento dos grãos por longos períodos, bem como o seu transporte até a cervejaria.
Antes de o malte ser retirado da maltaria, são realizados diversos testes para a emissão de
um laudo com as suas características que serão utilizadas para a elaboração da blendagem
do malte na fabricação.
6
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
d) Fermentação e maturação
O mosto, após ser centrifugado, é enviado para as adegas de fermentação onde é resfriado e
aerado para criar condições mais favoráveis para a atuação da levedura. Logo após, a
levedura é inoculada no mosto frio e aerado, preferencialmente de uma única vez, durante o
início do enchimento dos tanques fermentadores/maturadores. Durante o processo de
fermentação, os açúcares contidos no mosto são consumidos gerando álcool, calor, CO2 e a
multiplicação do fermento. Por isso, os tanques devem ser refrigerados, a fim de manter a
temperatura interna controlada e adequada ao metabolismo da levedura. Então, o fermento
é retirado dos tanques e enviado para o seu armazenamento em tanques de fermento a uma
temperatura de 3ºC. O mosto, que foi transformado em cerveja, passa para o processo de
maturação, onde é mantido por alguns dias a uma temperatura perto de 0ºC para completar
a formação do flavor.
e) Filtração
O processo de filtração tem como principais objetivos retirar a levedura ainda restante na
cerveja e garantir a estabilidade físico-química do produto. Isso é realizado com a utilização
de filtros de terra diatomácea e de resinas de polieletrólitos (PVPP) e com a dosagem de
alguns aditivos. A cerveja filtrada é enviada para as adegas de pressão, onde fica
armazenada em tanques refrigerados, aguardando ser enviada para o envase.
1.2 – A AMBEV
7
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
1
obtidas no site http://www.mj.gov.br/cade/ambevfim.htm
8
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
O Conselho de Administração é formado por nove membros com mandatos de três anos, e
tem como atribuições básicas à orientação geral dos negócios da Companhia a definição de
diretrizes estratégicas e a escolha do diretor geral.
Os diretores são eleitos pelo conselho de Administração e têm mandatos até 2002, cabendo-
lhes a função de representação da sociedade e gerenciamento de suas operações. De acordo
com os princípios da Empresa, nenhum dos conselheiros participa da diretoria executiva.
Dessa forma, os cargos de presidente do conselho e de diretor geral são exercidos por
diferentes profissionais.
O conselho fiscal da AmBev possui caráter não-permanente e tem como função rever todas
as demonstrações financeiras da Companhia, reunindo-se com executivos e auditores
independentes.
9
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
Ricardo Scalzo
Antonio Carlos Monteiro
Luis Fernando Mussolini
Ary Waddington (suplente)
José Fiorita (suplente)
Marcelo Souza Muniz (suplente)
10
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
1.6 – AS MARCAS
2
Ver site – http:\ www.ambev.br
11
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
1.6.1 - CERVEJAS
O portfólio de cerveja é bem extenso, pois a Companhia acredita que, assim, torna-se
possível atender uma ampla gama de preferências, dependendo da região e do seu perfil
demográfico. Em relação às cervejas que estão incluídas nesse portfólio, temos as três
principais marcas do mercado brasileiro: Skol, Brahma e Antarctica.
A Skol tornou-se o padrão de sabor de mercado brasileiro, sendo hoje a marca líder, com
32,5% de participação (market share). A Brahma é a segunda marca de cerveja mais
consumida no Brasil, com 22,3% de participação no mercado. A Antarctica Pilsen briga
pela terceira posição do mercado e detém 11,4% de participação. Adicionalmente à marca
principal, a Antarctica possui um exclusivo portfólio de marcas especiais, com 3,3% de
participação no mercado, para diferentes gostos e consumidores: Pilsen Extra, Cristal,
Serramalte, Antarctica Original, Malzbier, Kronenbier e Chopp.
O portfólio de cervejas é complementado por marcas segmentadas, como Bohemia, Polar,
Caracu, Carlsberg e Miller. Deve ser ressaltado que a Bohemia foi a primeira cerveja do
Brasil, criada em 1853. A AmBev renovou a marca, mantendo suas características
originais, e a posicionou no segmento “super premium” no mercado brasileiro de cervejas.
Atualmente, é a marca que obtém a maior taxa de crescimento no portfólio da Companhia,
saindo do patamar de 0,6% para 1,2% de participação de volume no mercado nacional em
2001. O posicionamento das principais marcas de cerveja da AmBev é definido de forma
resumida da seguinte maneira:
• Skol: Leveza, Espírito Jovem, Ousadia e Inovação.
• Brahma: Refrescância, Alegria, Vigor e Descontração.
• Antarctica: Brasilidade, Qualidade, Autenticidade e Diversão.
12
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
O Lipton Ice Tea é lider de mercado no Brasil e para a sua produção e distribuição foi
constituída uma joint venture com a Unilever. Completando o portfólio, temos a marca de
isotônicos Marathon e a de água mineral Fratelli Vita.
Há também informações sobre outros produtos tais como: Água Mineral: Dias D’Ávila –
BA; Maltaria: Navegantes – Porto Alegre – RS; Fazenda de Guaraná: Santa Helena –
Maués – AM; Concentrados: Arosuco – Manaus – AM.
As quatro maltarias são responsáveis pela produção de cerca de 60% do malte utilizado da
Companhia. Em relação às fábricas de insumos, tem-se uma de concentrados para
refrigerante, uma fábrica de rolhas metálicas e outra de pré-formas de garrafas PET,
instaladas em Manaus.
1.6.4 - LOGÍSTICA3
A AmBev desenvolveu um sistema próprio de logística que cruza informações dos 550
distribuidores, 45 centros de distribuição e 38 fábricas no Brasil, além de 350 diferentes
itens de estoque (versões de embalagens das diversas marcas de bebidas da Companhia).
Esse sistema de malha logística analisa todas as variáveis de previsão de vendas, custo e
produção regional, e aponta a melhor alternativa de atendimento aos pedidos das áreas de
vendas e distribuição. O aumento da eficiência gerado com esse sistema representou para a
Empresa uma economia de R$ 19 milhões em processos de produção e logística no ano de
2001.
3
Após a fusão, a AmBev vem reestruturando radicalmente as áreas de produção e logística de distribuição de
cerveja no Brasil inteiro. No Rio Grande do Sul, a unidade produtiva de Estrela foi praticamente desativada,
sendo mantida unicamente para envase e distribuição. O sindicato considera que a estratégia da Empresa é
fechar essa unidade posteriormente, concentrando todas as atividades na unidade nova de Viamão – Porto
Alegre.
13
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
A AmBev também tem realizado muitos investimentos nos pontos de venda. Isso porque as
estatísticas mostram que grande maioria dos consumidores decide o que consumir dentro do
ponto de venda na ocasião da compra. Por isso a importância no reforço da preferência das
marcas AmBev, para garantir que elas sejam as escolhidas no momento da compra. Em
função disso, a Empresa decidiu investir em instalações de freezers especialmente
desenvolvidos para gelar as garrafas de cerveja na temperatura que normalmente agrada ao
consumidor brasileiro, (-5°C). Até o final de 2002, devem ser instaladas mais 50 mil
unidades, além das 70 mil já existentes, abrangendo 120 mil pontos de venda estratégicos,
nos principais mercados.
14
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
A AmBev tem como foco de atuação o Brasil, seu principal mercado onde a direção da
Empresa identifica as maiores oportunidades de criação de valor. Isso porque, além de ser a
maior economia da América do Sul, o consumo per capita de cerveja no país ainda é baixo.
Porém, a Empresa mantém operações nos principais mercados latino-americanos
(Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) e continua buscando novas oportunidades de
aquisições no exterior para expandir a sua participação, principalmente na área cervejeira.
Um exemplo recente dessa estratégia foi o anúncio, em maio de 2002, da celebração de um
acordo estratégico entre a AmBev e a empresa Argentina Quilmes Industrial S.A. (Quinsa),
propriedade do grupo Bemberg, com sede em Luxemburgo, de capital argentino. A Quinsa
é detentora da marca Quilmes, líder do mercado de cervejas na Argentina com participação
de 69%, e controla a operação na Argentina da Pepsi-Cola e a marca de água mineral Eco
de Los Andes. O objetivo do acordo é unir os esforços em um momento em que o mercado
cervejeiro está estagnado em ambos os países. Ele permite à Quilmes saldar as suas dívidas
de aproximadamente US$ 330 milhões de dólares, contraídas em função da crise Argentina,
e possibilita acabar com uma antiga guerra de preços que durante o ano de 2001 provocou a
diminuição dos rendimentos de ambas as empresas. Na avaliação de alguns especialistas4,
esse acordo de associação pode ser o primeiro passo para uma possível absorção da AmBev
com relação à Quilmes. Segundo informações que “vazaram” na Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa), a AmBev estaria pagando pelo contrato US$ 346,38 milhões em efetivo e
também cederia à Quilmes o controle de todas as plantas fabris da Argentina, Bolívia,
Paraguai e Uruguai, cujo valor é de aproximadamente US$ 230 milhões. Com isso, o valor
total da operação seria da ordem de US$ 600 milhões. Por sua vez, a AmBev receberia
230,92 milhões de ações, o que significa 36,05% do total de ações com direito a voto e
37,5% do valor da Companhia argentina.
4
Ver site http://www.rel-uita.org/sectores/bebidas/especial1.htm
15
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
5
Ver Site http://www.ambev.com.br
6
Jornal Gazeta Mercantil, 03/05/02.
7
No que se refere às unidades produtivas e operacionais da Empresa, constatamos que em função dos
processos de reestruturações, algumas unidades de produção foram praticamente desativadas. Os dados
disponibilizados pela mesma são incompatíveis com as informações obtidas com membros dos sindicatos
filiados à CONTAC. Também pudemos verificar algumas imprecisões e conflitos de informações nos
próprios dados disponibilizados pela Empresa.
16
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
17
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
8
Os dados obtidos através de pesquisa secundária mostraram-se insuficientes para obtermos resultados mais precisos.
Também quanto a esse item, verificamos diferenças entre as informações obtidas no site da Empresa e as informações
fornecidas pelos órgãos sindicais.
18
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
19
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
2. RELAÇÕES DE TRABALHO
9
Vale afirmar que os números fornecidos pelos representantes sindicais foram baseados em
aproximações/estimativas, não tendo portanto, muita exatidão.
10
Idem nota número 04.
20
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
21
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
de uma pesquisa mais detalhada, com acesso a dados primários junto aos sindicatos e à
Empresa.
Quanto aos benefícios, podemos verificar que as unidades produtivas da AmBev, em geral,
oferecem11:
Assistência Médica e odontológica extensiva aos dependentes; auxílio
transporte; auxílio filho - excepcional; auxílio doença acidentária complementar;
auxílio para material escolar; auxílio creche; PLR.
De maneira geral, esses benefícios foram estabelecidos por Acordo Coletivo ou por
deliberação da própria Empresa. O sindicato que registrou maior número de
conquistas/benefícios foi o Sindicato de bebidas da Bahia.
2.1.2 - TERCEIRIZAÇÃO
Segundo informações obtidas, todas as unidades fabris da AMBEV contam com serviços de
terceiros que atuam, geralmente, nos seguintes setores: restaurante; serviços de limpeza;
distribuição; serviços gerais; manutenção; segurança; serviços médicos; entre outros. O
quadro abaixo dá uma visão geral da utilização da força de trabalho terceirizada, as
atividades e os sindicatos que representam esses trabalhadores, segundo a realidade dos
sindicatos consultados:
11
Ver no anexo os benefícios específicos segundo cada entidade sindical.
22
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
12
grifo nosso
23
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
Empresa, embora a mesma tenha preferido mantê-los afastados alegando não ter como
absorvê-los. O retorno dos demitidos foi acontecendo lentamente e muitos foram
transferidos para outras localidades. Esse era o quadro em março de 2002. Atualmente, os
representantes da CONTAC afirmam que a unidade de Estrela está quase totalmente
desativada.
Vale destacar que a justiça tomou a decisão em favor dos trabalhadores, tendo como
referências as obrigações firmadas pelo CADE quando da fusão das empresas. Os aspectos
mais importantes do Termo de Compromisso foram destacados no primeiro item desse
relatório.
Em Salvador também houve demissões de sindicalistas e a AmBev, através de ação
judicial, reintegrou quatro sindicalistas demitidos em 23 de março. A decisão foi da Juíza
da 2ª Vara do Trabalho de Simões Filho, que concedeu liminar no dia 2 de maio
determinando a reintegração. A Empresa havia demitido o presidente, o secretário geral, o
tesoureiro e um diretor executivo da entidade sindical, no rol das mais de 100 demissões
praticadas no mês de março. As demissões dos sindicalistas foram consideradas um
desrespeito ao direito de livre organização sindical e estabilidade dos dirigentes, direito este
garantido pela Constituição. Segundo o Sindicato, a AmBev já demitiu metade do quadro
de pessoal existente na Bahia em 1999. São quase 400 trabalhadores dispensados.
O SINDIBEB (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Bebidas) denuncia que a
sobrecarga de trabalho é grande na Empresa, com empregados sendo convocados para
trabalhar nos dias de folga. A produção, que em 1999 era feita por 800 empregados, hoje é
feita por apenas 400 trabalhadores. O presidente do SINDIBEB, Roberto Santana, diz ainda
que a Empresa vem tentando retirar conquistas que há mais de 10 anos são percebidas pelos
empregados, como o auxílio material escolar, auxílio para compra de óculos e PLR.
24
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
jornada de trabalho, e que o sindicato tem problemas com o não-pagamento do piso salarial
e o não-pagamento de horas-extras e adicional noturno, além de problemas nas escala de
horários. Os sindicatos de São José (SP), Recife (PE) e Montenegro (RS) já tiveram
problemas relativos a afastamento, transferência e demissão de dirigente sindical.
Os representantes sindicais de Goiânia (GO), Montenegro (RS), Manaus (AM) e Salvador
(BA) declararam que não houve paralisações ou movimento grevista contra as empresas do
grupo AmBev nos últimos 3 anos, mas os dirigentes sindicais de São José (SP) e Recife
(PE) declararam que houve paralisação contra a implantação de banco de horas e
assembléias por atrasos de pagamentos.
De acordo com as declarações dos dirigentes sindicais, não foram registrados quaisquer
problemas com relação ao trabalho infantil. Porém, uma pesquisa sobre a cadeia produtiva
da AmBev deverá verificar a atuação da Empresa, nessa temática, em relação aos seus
fornecedores e, em especial, aos fornecedores de grãos, e também a própria atuação destes
em relação ao trabalho infantil.
Tal como tem sido observado em diversas pesquisas, a questão do trabalho forçado, para os
trabalhadores, é geralmente interpretada como excesso de horas-extras e banco de horas, o
que não corresponde ao conteúdo da convenção da OIT.
Os dados obtidos, até o momento, não são suficientes para fazermos comentários mais
consistentes sobre o assunto.
Com relação ao item saúde e segurança no trabalho, podemos constatar que os principais
problemas enfrentados pelos trabalhadores nas empresas se referem a: ruídos intensos;
esforços repetitivos; excesso de esforços físicos; exposição/manuseio de produtos
químicos; baixo incentivo ao uso de E.P.I.S; alto índice de acidentes em função de garrafas
quebradas; entre outros.
Os dirigentes das entidades sindicais consultadas afirmaram que os cipeiros (CIPA) e os
dirigentes sindicais das fábricas da AMBEV são liberados integralmente para atuar. A
única entidade que diz ter participação em Comissão de Conciliação Prévia foi o Sindicato
de Goiânia (GO).
25
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
2.2.5 – MEIO-AMBIENTE
Segundo dados da Empresa, foram investidos nos últimos cinco anos cerca de US$ 36
milhões em programas ambientais. Além disso, oito unidades fabris foram certificadas pela
Bureau Veritas Quality (BVQI), em conformidade com a ISO 14001. Outras iniciativas da
companhia incluem a Recicloteca, em associação com a ONG Ecomarapendi e a Fundação
do Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), instituição sem fins lucrativos,
constituída por um grupo de empresas privadas para promover e modernizar a reciclagem.
Uma primeira aproximação com os problemas ambientais da AmBev permitiu identificar a
existência de denúncias sobre contaminação de rios nas cidades de Recife (PE) e de
Montenegro (RS). Em se tratando de um setor que utiliza um enorme volume de água no
seu processo produtivo, cabe verificar mais detalhadamente possíveis problemas ambientais
com esse recurso que é um bem comum.
Nessa etapa inicial da pesquisa, podemos concluir que o setor de bebidas e, mais
especificamente, o setor cervejeiro, vem passando por um amplo processo de reestruturação
com o objetivo estratégico de ampliar o seu mercado nos países onde é alto o potencial de
consumo, tal como o Brasil. Entretanto, esse processo também tem provocado efeitos
negativos sobre os trabalhadores.
No caso específico da AmBev, vimos que há uma tendência à precarização das relações de
trabalho decorrente, principalmente da terceirização, assim como uma tendência para o
desemprego devido, em parte, ao fechamento de algumas unidades.
Para além das questões mais gerais, os problemas apontados pelos sindicalistas nessa
primeira etapa da pesquisa (redução dos salários, desrespeito à organização sindical,
redução das conquistas do acordo coletivo, dificuldade de comunicação com a Empresa,
não-compromisso com os trabalhadores, carga horária superior à permitida por lei, perdas
de benefícios, aumento de demissões em geral e também das demissões por justa causa -
sem motivo justificado -, acúmulo de função, muita pressão para aumentar produção com
aumento da jornada) permitem concluir que a AmBev não respeita várias das convenções
da OIT, nem tampouco as diretrizes da OCDE.
Nesse sentido, consideramos fundamental a continuidade desse trabalho para que
aprofundemos:
- Como ficará a reorganização da empresa após a fusão, quantas e quais unidades
produtivas serão mantidas;
- Qual o número de trabalhadores nessas unidades;
- Qual a condição de trabalho dos terceirizados, e que cargos e setores eles de fato estão
ocupando;
26
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
2.3.2 - RECOMENDAÇÕES
Diante dos dados que conseguimos levantar até o momento, consideramos fundamental que
a próxima etapa da pesquisa conte com o apoio e a participação da CONTAC e dos
sindicatos, principalmente daqueles onde estão instaladas as principais unidades:
- São José do Rio Preto / Jacareí – Sindicato Filiado à CUT e à CONTAC;
- Bauru (SP) – Unidade de Agudos – Sindicato Independente;
- Rio de Janeiro (RJ) – Sindicato filiado à Força Sindical e à CONTAC (Difícil
Negociação);
- Porto Alegre (RS) – Unidade de Viamão – Sindicato filiado à CUT e à CONTAC;
- Lages (SC) – (Verificar filiação);
- Cabo/Olinda (PE) – Sindicato filiado à CUT e à CONTAC;
- Anápolis (GO) – Sindicato Independente;
- Montenegro e Estrela (RS) – pelo histórico das demissões – Filiado à CUT e à CONTAC.
Os critérios utilizados na escolha dessas unidades foram a sua representatividade em
relação aos volumes de produção, a tecnologia empregada no processo de fabricação e a
sua localização geográfica. A observação nessas unidades é importante para avaliarmos o
quadro atual da Empresa e as tendências de mudança organizacional que afetem os
trabalhadores.
27
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
ANEXO
Nº de CNPJ: 25.103.912/0001-10
Tipo de entidade sindical (sindicato, associação etc.): Sindicato
Endereço: Av. Tocantins, 768 – Setor Central
Cidade/UF: Goiânia - Goiás (GO)
CEP: 74015-010
Telefone 1: (0**62) 225 4577
Telefone 2: (0**62) 225 9357
Fax: (0** 62) 224 6634
Correio eletrônico (E-mail) --------------------
Filiação:
- Federação dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação dos Estados de Goiás e
Tocantins
- Confederação Nacional dos Trabalhadores das Ind. de Alimentação e Afins – CONTAC
28
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
29
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
30
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
31
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
32
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
SINTRABEM – MANAUS – AM
Mandato: 06/2001 a 06/2005
Cargo Nome Sexo (F/M)
Presidente Arlindo Mota de Brito M
Vice-presidente Mario oliveira Cavalcante M
Secretário Geral Joaquim R. da Silva neto M
1º Secretário Herbet Camara Brandão M
Tesoureiro Arnaldo de Almeida Menezes M
1º Tesoureiro Adalberto J. F. da Silva M
Secretário de Formação
Secr. de R. Internacionais
Secr. de Política Sindical
Secr. de Políticas Sociais
Secr. de Organização
Secr. de Comunic./Imprensa
Outras Secretarias Edilson Guimarães da Costa M
33
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
Outras Secretarias
34
Observatório Social – Mapa de Empresa AMBEV
COORDENAÇÃO GERAL
Arthur Borges Filho - Coordenador Administrativo e Financeiro
Clemente Ganz Lúcio - Coordenador Técnico Nacional
Clóvis Scherer - Coordenador da Sede Sul
José Olívio Miranda de Oliveira - Secretário Geral Adjunto da CIOSL
Karina P. Mariano - Coordenadora da Sede SP
Kjeld A. Jakobsen - Secretário de Relações Internacionais da CUT Brasil, representante
no Conselho de Administração da OIT e Presidente do Conselho Diretor
Maria Ednalva B. de Lima - Coordenadora da CNMT/CUT
Maria José Coelho - Coordenadora de Comunicação
Odilon Luís Faccio - Coordenador de Desenvolvimento Institucional
Pieter Sijbrandij - Coordenador de Projetos
Rafael Freire Neto - Secretário Nacional de Organização da CUT
Rogério Valle - Coordenador da Sede RJ
Ronaldo Baltar - Coordenador do Sistema de Informação
ELABORAÇÃO
Coordenador – Rogerio Valle
Pesquisadores – Vera Maciel
Luiz Brettas
35