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DAS PESSOAS
LISBOA, 2009
1. Direito Civil: noção
- Critério de interesse
- Critério dos sujeitos da relação jurídica
- Critério da posição dos sujeitos na relação jurídica: o direito privado regula as
relações jurídicas estabelecidas entre particulares ou entre particulares e o
Estado ou outros entes públicos, mas intervindo o Estado ou esses entes públicos
em veste de particular, isto é, despidos de imperium ou poder soberano, isto é,
fora do exercício de quaisquer funções soberanas.
Direito Privado – Princípio da liberdade: é lícito fazer tudo o que não é proibido.
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direitos, inerente a uma qualidade e de que ela se torna imediatamente titular, ao
adquirir personalidade (artigo 66º)
Noção: são direitos que constituem atributo da própria pessoa e que têm por
objecto bens da sua personalidade física, moral e jurídica, enquanto emanações
ou manifestações da personalidade, em geral.
- Não disponíveis (ou indisponíveis): o seu titular não pode renunciar aos direitos
de personalidade nem limitar a sua titularidade – artigo 81º nº 1 e 2
- Objecto de protecção penal: o Código Penal pune como crimes as ofensas mais
significativas aos direitos da personalidade.
2- Antunes Varela e Pires de Lima – por aquisição derivada: o direito que alguém
vai adquirir já existia na esfera jurídica de outras pessoas (mortis causa de
direitos pessoais)
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2.2.3. Princípio da Liberdade
Noção: segundo este princípio é lícito tudo o que não é proibido. A ele se
contrapõe o princípio da competência em função só é lícito o que é permitido,
dominante no Direito Público.
- liberdade de celebração;
- liberdade de estipulação
- Uso – utilização
- Fruição – possibilidade de desenvolver actividades produtivas
- Disposição – possibilidade de desenvolver ou não as outras faculdades e a
susceptibilidade de transmitir o direito – entre vivos ou por morte.
A raiz do pp. da igualdade – deve tratar-se de modo igual tudo, o que é igual
e de modo diferente tudo, o que é diferente.
→ Proíbe a arbitrariedade (ex: incapacidade dos menores, há uma razão
objectiva que justifica esse tratamento diferenciado – protecção do menor)
No Código Civil o princípio da igualdade também se manifesta (ex: o senhorio
que tem uma casa para arrendar e, só deseja arrenda-la a raparigas – viola o
princípio da igualdade – isto se for em função do sexo, senão for não viola)
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2.2.5. Princípio da Responsabilidade Civil
Pressupostos de responsabilidade
Nexo de Causalidade
2 – Responsabilidade Objectiva pelo risco ou por factos ilícitos sem culpa – artigo
483º/2
Obrigação de indemnizar
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Classificação dos danos
- Morais ou patrimoniais:
Sentido de Boa fé
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- Para que a confiança seja tutela são necessários quatro requisitos:
- idoneidade valorativa – não admite que alguém utilize a própria situação jurídica
que tenha violado para tirar proveito contra outrem, em função do seu ilícito.
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• Exceptio doligeralis – no domínio do abuso do direito, o dolo consiste em
sugestões ou artifícios com carácter fraudulento do que o titular do direito se
prevaleça no seu exercício. Assim, a excepção de dolo actuaria como reacção,
pela via de paralisar ou impedir o exercício com dolo, logo abusivo, mediante a
atribuição de uma faculdade potestativa àquele contra quem o direito é exercido.
3. As pessoas
3.1. Personalidade jurídica – susceptibilidade de ser titular de direitos e de estar
adstrito a vinculações. É uma qualidade: ou se tem ou não se tem.
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• Genérica – abrange a generalidade de direitos e vinculações reconhecidos pelo
Direito
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3.3. Legitimidade – susceptibilidade de certa pessoa jurídica exercer um direito
ou cumprir uma vinculação resultante de uma relação existente entre uma pessoa
e o direito ou vinculação em causa.
3.5. Património
Funções do Património
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com eles, ou com o dinheiro obtido com a sua venda, se satisfazer o interesse do
credor – penhora.
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3.6. Situações jurídicas
- O Direito estabelece duas condutas que o homem pode ter relativamente aos
bens
- Situação jurídica absoluta – existe por sim, sem dependência de nenhuma outra
de sinal contrário. Esgota-se numa pessoa e na sua coisa. Exemplo: direito de
propriedade (artigo 1305º).
Relação jurídica – vínculo que existe entre, pelo menos, duas pessoas, pelo qual
uma delas tem o poder jurídico de exigir de outra uma conduta.
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3.6.4. Principais situações jurídicas activas
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- Poder funcional: situação de dissociação subjectiva entre a titularidade do poder
e a titularidade do interessado que é protegido. Ex: poder paternal.
- O ónus não é igual ao dever, pois quem está adstrito ao ónus pode ou não
adoptar o comportamento necessário.
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3.7. Dinâmica do direito subjectivo
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− Translativa: o direito transita de uma esfera jurídica para
outra tal como existia na anterior. Ex: artigo 879º, al. a)
- Noção de coisa
- Artigo 202º, nº1: esta noção tem sido criticada por ser demasiado ampla,
pois, entendida à letra, abrangeria as prestações, os direitos, os efeitos
jurídicos, as pessoas, tudo afinal quanto possa constituir objecto de direitos e
vinculações.
- Interpretação da noção
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mais vasto, não sendo, por isso, possível estabelecer-se, quando a elas,
relações jurídicas autónomas.
Critérios de classificação
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• No 204º distinguem-se:
Art.º 205º
Móveis é tudo o resto por exclusão de partes, porém, há móveis
especiais sujeitos a registo (ex: motos, automóveis, aviões etc.)
Art.º 206º
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Art.º 209º (divisíveis)
Critério jurídico – uma coisa que, qd é partida não perde o seu valor
Regime de imóveis
• Parte integrante – ligação material; carácter permanente; destaca-
se s/ a coisa imóvel deixar de existir.
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(ex: fruta de um pomar)
- Noção: extinção de direitos por efeito do seu não exercício dentro do prazo fixado na
lei, sem prejuízo de se manter devido o seu cumprimento como dever de justiça
- no prisma da Justiça, a prescrição não faz sentido pois o devedor que não realizou
a prestação deverá considerar-se vinculado até o credor lhe exigir, por muito tempo
que passe;
- Âmbito da prescrição
- A prescrição aplica-se à generalidade dos direitos, quando não haja prazo para o
seu exercício. Exceptuam-se, segundo a parte final do artigo 298º, nº1:
- direitos imprescritíveis por disposição da lei (artigo 298º, nº3): podem, contudo,
extinguir-se pelo não uso – não exercício reiterado do direito, sendo, em geral,
indiferente a causa de abstenção do seu titular.
Na prescrição, a lei fixa prazos a partir dos quais o devedor se pode opor ao
exercício do direito, por não ser mais razoável, embora seja possível exercê-los.
Invocada a prescrição, a obrigação subsiste como natural.
- Modalidades da prescrição:
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- prescrição ordinária: corresponde à noção de prescrição.
- a presunção é ilidível, por prova feita pelo credor no sentido de não ter havido
cumprimento. O único meio de prova de que o credor se pode socorrer é o da
confissão do devedor – artigos 313º e 314º.
- Prazos da prescrição:
• Relevância da vontade
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- Regra geral – artigo 306º, nº1, primeira parte: a contagem do prazo começa no
momento em que o direito pode ser exercido.
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- acto do devedor: verifica-se quando o devedor reconheça perante o credor, o
direito que lhe assiste (artigo 325º)
- Invocação da prescrição
- Quem pode invocar: este direito cabe ao devedor ou ao seu representante legal ou
ao Ministério Público no caso de ele ser incapaz- artigo 303º. A lei faculta ainda o
poder de invocar a prescrição às pessoas com “legítimo interesse” em a fazer operar,
se o devedor não tomar a iniciativa de a invocar e, mesmo, quando ele haja
renunciado à prescrição – artigo 305, nº1.
- Caducidade
- Noção: instituto pelo qual os direitos, que, por força da lei ou de convenção, se
devem exercer dentro de certo prazo, se extinguem pelo seu não exercício durante
esse prazo.
- Regra geral (artigo 298º, nº2): manda aplicar as regras da caducidade “quando,
por força da lei ou da vontade das partes, um direito deve ser exercido dentro de
certo prazo”.
- Modalidades da caducidade:
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- Artigo 328º: o prazo da caducidade, se a lei não admitir expressamente o
contrário, não se suspende nem se interrompe.
- Invocação da caducidade:
3.10. Ineficácia
- Inexistência
- A não produção de efeitos faz com que ao negócio inexistente não sejam
aplicados os regimes de conversão e de redução consagrados nos artigos 292º
e 293º.
- Invalidades (noção)
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O negócio nasce com um vício que se verificou até à celebração do contrato,
que o torna susceptível de não subsistir na ordem jurídica (vício genético). Não
existe, portanto, invalidade superveniente: não há nenhum negócio jurídico que
se torne inválido depois da sua celebração.
- Invalidade (modalidades)
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- Conversão: muda-se a tipologia do negócio – artigo 293º
- A nulidade pode ser invocada a todo o tempo. Mas, por razões de segurança
e certeza jurídica, aplica-se o regime da prescrição.
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4. Pessoas Singulares
4.1. Começo da personalidade
4.2. Nascituros
Estatui o nº2 do artigo 66º que “os direitos que a lei reconhece aos nascituros
dependem do seu nascimento”.
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nascituro implicaria também a atribuição da personalidade jurídica ao concepturo
que resultaria num grave factor de incerteza ao atribuir-se esta qualidade a um
ente nem se quer concebido.
- Dispõe o artigo 68º, nº1 que a “personalidade cessa com a morte”. Sobre a
morte rege a Lei nº141/99, de 28 de Agosto, determinando o seu artigo 2º que “a
morte corresponde a cessação irreversível das funções do tronco cerebral”.
4.4. Incapacidades
4.5. Menoridade
Noção – Artigo 122º – É menor quem ainda não tiver completado 18 anos de
idade.
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→ Ao menor não emancipado é vedado o direito de testar – artigo 2189,
alínea a);
→ O menor não emancipado não pode representar o filho nem administrar
os seus bens – artigo 1913º, nº2.
- No artigo 127º, prevê-se uma série de excepções a essa incapacidade ou, por
outras palavras, um conjunto de actos para os quais o menor é considerado
capaz.
O poder paternal
- Titularidade e exercício
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→ se os progenitores não estão casados um com o outro, releva sobretudo a
circunstância de haverem ou não reconhecido o filho e ainda a de viverem
ou não maritalmente.
Artigos 1901º e 1902º: determinam que o poder paternal deve ser exercido
pelos cônjuges de comum acordo (princípio da igualdade).
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Os efeitos da anulabilidade podem ser inoponíveis a terceiros de boa fé –
artigo 1902º, nº2.
A tutela
A tutela pode ser instaurada nos seguintes casos previstos no artigo 1921º,
nº1:
Formas de suprimento
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→ Representação – artigos 1878º e 1881º - aos pais cabe representar os
filhos observando, contudo, certas limitações a esse poder de
representação contidas no nº1 do artigo 1881º.
→ Assistência – caso previsto no artigo 1612º.
Os actos praticados pelo menor para os quais ele não tem capacidade de
gozo, que não tenham regime específico estabelecido na lei, são nulos.
Regra geral – os actos praticados pelo menor para os quais não tem
capacidade de exercício são anuláveis.
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administração desses continua entregue ao representante legal do menor até
à data do casamento, nunca podendo caber ao outro cônjuge – protege o
nubente menor contra acções inadequadas do outro cônjuge.
4.6. Interdição
• Regime rígido ou fixo: a incapacidade do interdito é fixada por lei, não varia
com a sentença de interdição e é, em princípio, comum a todos os casos de
interdição.
• Artigo 139º - a incapacidade por interdição é moldada sobre a de
menoridade. O regime da menoridade funciona como subsidiário do regime da
interdição.
• Capacidade de gozo dos interditos por anomalia psíquica:
− Não podem casar [artigo 1601º, al. b)]
− Não podem perfilhar (artigo 1850º, nº1)
− Não podem testar [artigo 2189º, al. b)]
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− Inibição de pleno direito do exercício do poder paternal [artigo 1913º, nº1,
al. b)].
Os interditos pelas demais causas não sofrem as limitações acima
mencionadas. A inibição do exercício do poder paternal por estas pessoas é
apenas parcial – artigo 1913º, nº2.
Nenhum interdito, independentemente da causa da sua incapacidade, pode
ser tutor [artigo 1933º, nº1, al. a)], vogal do conselho de família (artigo 1953º,
nº1), ou administrador de bens (artigo 1970º).
• Capacidade de exercício – artigo 139º: a incapacidade de exercício do
interdito é moldada sobre a do menor. Aplica-se ao interdito, portanto, os
artigos 123º e 127º.
4.6. Inabilitação
- actuais;
- permanentes;
- prejudiciais (incapacidade da pessoa para reger o seu património).
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- Situação jurídica dos inabilitados
- inabilitados em geral: não podem ser nomeados tutor [artigo 1933º, nº1,
al. a)], vogal do conselho de família [artigo 1953º, nº1], administradores
de bens (artigo 1970º);
- inabilitados por uma causa que não seja anomalia psíquica: sofrem
ainda de inibição legal parcial do exercício do poder paternal (artigo
1913º, nº2);
- inabilitados por anomalia psíquica: além das limitações do regime geral,
não podem casar [artigo 1601º, al. b)], e estão inibidos legal e totalmente
do exercício do poder paternal [artigo 1913º, nº1, al. b)]
- inabilitados por prodigalidade (regime mais atenuado que o dos
inabilitados em geral): podem ser nomeados tutor, estando apenas
impedidos de administrar os bens do pupilo (artigo 1933º, nº2) e de
praticar actos abrangidos nesta proibição; não podem ser administradores
de bens [artigo 1970º, al. a)].
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Artigo 257º- Aplicação genérica: qualquer pessoa perante a prática de
qualquer acto é potencia objecto de aplicação do regime deste preceito.
A sua função é proteger a incapacidade não decretada judicialmente ou por
menoridade: a pessoa quando praticou o acto, estava incapacitada naquele
determinado momento.
A previsão do artigo 257º estabelece dois requisitos para a incapacidade
acidental:
1- a pessoa encontra-se incapacitada de entender o sentido da
declaração ou de ter o livre exercício da sua vontade;
2- a incapacidade do declarante tem de ser conhecida ou notória (quando
uma pessoa de normal diligência a teria notado) do declaratário
4.9. Domicílio
Constata-se que a ligação da pessoa ao local onde decorre a sua vida pode
ser variada em função da sua maior ou menor estabilidade.
− Paradeiro: no artigo 82º, nº2, parte final dá-se alguma relevância a este
instituto. É o lugar onde a pessoa se encontra em determinado momento.
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→ Domicílio legal – é fixado, para certa pessoa, por uma norma jurídica.
Ex: artigos 85º, 87º e 88º.
- Relevância jurídica
4.10. Ausência
- Noção de ausência
- Tipos de ausência
- Fases da ausência:
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- Meio de suprimento: curadoria definitiva.
5. Pessoas Colectivas
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- Normativo: a atribuição é feita pela norma jurídica, de forma abstracta e
geral, a todas a entidades que observem certos que requisitos nela
fixados (reconhecimento genérico).
- Elementos externos:
• Fim: são os interesses que a pessoa colectiva visa prosseguir. O fim tem
de ser determinado, comum ou colectivo, lícito e possível.
5.3. Classificações
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- Egoísta: o interesse a prosseguir é o dos associados.
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− A responsabilidade dos sócios das sociedades civis simples segue o
modelo dos sócios das sociedades em nome colectivo
− Artigo 997º: para além da sua responsabilidade pessoal pela entrega dos
bens com que entram para a sociedade, este preceitos impõe-lhes a
responsabilidade pessoal e solidária pelas dívidas sociais.
• Tese negativista:
• Tese positivista:
5.4. Constituição
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- Denominação social: corresponde ao nome da pessoa colectiva; é o
elemento da sua individualização. Tem de observar os seguintes requisitos:
- Constituição:
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- quando viola o artigo 981º: a forma legal é exigida quando se tratam de
bens imóveis para a sociedade. Artigo 219º Artigo 294º - a
inobservância de forma legal devia determinar a nulidade do contrato.
Contudo o artigo 981º, nº2 estabelece que o negócio só determinado nulo
se não puder converter-se ou reduzir-se.
• Acto entre vivos: este reveste a forma de escritura pública – artigo 185º,
nº2;
→ Estatuto:
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− no caso de instituição por testamento – artigo 187º, nº 1 e 2,
cabe aos executores do testamento elaborá-lo ou completá-lo no
prazo de um ano. Se não o fizerem dentro desse prazo, encarregar-
se-á desta tarefa a entidade competente para o reconhecimento.
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• Elemento positivo: admite a possibilidade de a pessoa colectiva
ser titular dos direitos adequados à prossecução dos seus fins.
Não se exclui a hipótese de uma sociedade fazer donativos ou
liberalidades integrando movimentos de solidariedade social ou de
auxílio em situações de catástrofes.
• Elementos negativos:
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