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Apontamentos Teóricos
de
Matemática Geral
Luís Cotrim
Miguel Felgueiras
Pedro Matos
Departamento de Matemática
2009
Índice
Capítulo I. Lógica 1
1. Designações e proposições 1
2. Expressões designatórias e condições. 3
2.1. Expressões designatórias 3
2.2. Condições 3
2.3. Classificação de uma condição num dado universo 4
2.3.1. Condições impossíveis 5
2.3.2. Condições possíveis 5
2.3.3. Conjunto solução de uma condição numa variável 6
2.4. Equivalência de expressões com variáveis 7
2.4.1. Equivalência de expressões designatórias 7
2.5. Equivalência de condições 8
3. Operações entre condições e entre conjuntos 8
3.1. Disjunção de condições e reunião de conjuntos 8
3.2. Conjunção de condições e intersecção de conjuntos 11
3.3. Negação e complementação 14
4. Quantificadores e implicação formal 16
4.1. Quantificadores 16
4.2. Implicação 18
4.3. A equivalência como dupla implicação. 21
Bibliografia 199
CAPÍTULO I
Lógica
1. Designações e proposições
Exemplo 1.1.
Portugal; carteira; 10; 5 + 2; {1, 2, 3}.
Proposições são expressões acerca das quais faz sentido dizer se são verdadeiras ou
falsas.
Exemplo 1.2.
Portugal é um país da Europa; 3 + 2 = 5; 2 + 3 × 4 = 20.
Exercício 1.1.
Distinga, nas expressões seguintes, as designações das proposições:
(1) 6 + 24;
(2) 6 + 24 = 30;
√
(3) 7;
√
(4) 7 > 7;
(5) {1, 2, 3} ;
(6) 4 ∈
/ {1, 2, 3} ;
(7) m.d.c. (8, 12) ;
(8) m.d.c. (8, 12) = 4.
Exemplo 1.3.
4 + 5 = 6 + 3 pois 4 + 5 e 6 + 3 representam o mesmo número.
Exemplo 1.4.
Considere os seguintes pares de proposições equivalentes:
1
(1) 4 + 10 : 2 = 7 é equivalente a 5 + 2
= 3 (são ambas proposições falsas) ;
(2) 3 ∈ N é equivalente a 2 + 2 = 4 (são ambas proposições verdadeiras) .
Exercício 1.2.
Considere as designações seguintes:
√
• 22 + 32 • |5 − 52 | • m.m.c. (2, 4, 5)
¡√ √ ¢2
• (2−2 + 3−2 ) × 6−2 • m.d.c. (13, 52) • 5 − 45
Exercício 1.3.
Sejam p, q, r, s, t e u as proposições seguintes:
Exemplo 2.1.
Na fórmula que dá o perímetro de uma circunferência
2πr (em R) ,
Exemplo 2.2.
2.2. Condições.
Uma condição é uma expressão com variáveis que se transforma numa proposição
quando as variáveis são substituídas por constantes do seu domínio.
4 I. LÓGICA
Exemplo 2.3.
(1) As equações, as inequações, os sistemas de equações e os sistemas de in-
equações são exemplos de condições. Com efeito, 3x−6 = 0 é uma condição na
variável x, visto que se transforma numa proposição sempre que x é substituído
por um número real. Por exemplo:
x + 1 6= 3 ; x ∈ {1, 2, 3} .
Exercício 2.1.
Entre as expressões seguintes, indique as que são expressões designatórias e as que são
condições.
(1) 3x + 4 = 0;
(2) o dobro de x;
(3) |x − 2| < 3;
(4) 5x + 3;
(5) |x − 2| − 3;
(6) x2 − 3x + 2;
(7) x − 2 > 0;
(8) a soma do dobro de x com a sua metade.
2 × 1 + 3 > 4.
Diz-se então que 1 é uma solução da condição. Já o número 0 não é solução da condição,
visto que
2 × 0 + 3 > 4,
2. EXPRESSÕES DESIGNATÓRIAS E CONDIÇÕES. 5
Exercício 2.2.
Justifique que, nos universos considerados, são impossíveis as condições:
(1) x2 + 1 = 0, em R;
(2) x + 1 = 0, em N0 ;
(3) x2 + 4x = 0, em N;
(4) |x| − 1 = −2, em R;
(5) |2x + 3| + 1 < 0, em R;
(6) x > x + 1, em R.
Exemplo 2.4.
Exercício 2.3.
Justifique que, nos universos considerados, são universais as condições:
(1) 2x > 1, em N;
(2) x2 − 2x = 0, em {0, 2} ;
6 I. LÓGICA
(3) −x2 − 1 ≤ 0, em Z.
Exercício 2.4.
Dada a condição x + 1 > 3 indique um universo em que a condição seja:
(1) impossível;
(2) universal;
(3) possível mas não universal.
Exercício 2.5.
Classifique, em N e em R, cada uma das seguintes condições:
(1) x2 > 0;
(2) x2 + y 2 ≤ 0;
(3) |x| + 1 > 0;
(4) |x + 1| + 3 = 0;
(5) x2 − x + 5 = 0;
(6) x2 + 3x = 0;
(7) (x + 1)2 > 0;
(8) (x + 1)2 > 0;
(9) (x + 1)3 < 0;
(10) x2 + 4 6= 0;
(11) − (x + 2)2 < 0;
|x + 3|
(12) > 0.
5
Chama-se conjunto solução de uma condição p(x), num dado universo, ao conjunto
dos valores do universo que são soluções da condição, isto é, os valores que a transfor-
mam numa proposição verdadeira.
2. EXPRESSÕES DESIGNATÓRIAS E CONDIÇÕES. 7
Exemplo 2.5.
Tem-se como exemplos:
(1) Em N, o conjunto de solução da condição |x − 2| < 3 é {1, 2, 3, 4} .
£ £
(2) Em R, o conjunto de solução da condição 3x − 4 > 0 é 43 , +∞ .
Evidentemente uma condição universal tem por conjunto solução o universo, en-
quanto que o conjunto solução de uma condição impossível é o conjunto vazio.
Exemplo 2.6.
Como, em R, a condição x2 + 1 > 0 é universal, o seu conjunto solução é R.
Exemplo 2.7.
Em N, a condição 2x − 3 = 0 é impossível pelo que o seu conjunto solução é
{x ∈ N : 2x − 3 = 0} = ∅.
Exemplo 2.8.
Em R, temos por exemplo:
Exercício 2.6.
Mostre que, em R, são equivalentes as seguintes expressões designatórias:
(1) (x − 2)2 − 3 (x − 1) (x + 5) e 19 − 16x − 2x2 ;
8 I. LÓGICA
Exercício 2.7.
Mostre que, em R,
√
(1) x e x2 não são equivalentes;
q
(2) (x2 + 1)2 e x2 + 1 são equivalentes.
Exercício 2.8.
Mostre que as seguintes expressões são equivalentes e una-as com o sinal conveniente.
(1) 3x2 − 6x + 2 = 0 e x2 + x = 0, em N;
(2) (x + 3)2 − 3 (x + 1)2 + 4 (x − 1) (x + 1) e 2x2 + 1, em R;
(3) (2x − 3) (x − 1)2 − x2 (2x − 7) e 8x − 3, em R;
(4) 4 − 2x < −3 e |2x| > 7, em R+ ;
(5) |x − 1| = 3 e x2 − 2x − 8 = 0, em R;
(6) 3 (x − y)2 (x + y) − 3 (x + y)2 (x − y) e 6y 3 − 6x2 y, em R.
Exemplo 3.1.
Em R, a disjunção das condições x > 2 e x > 7 é a condição
x > 2 ∨ x > 7,
Exemplo 3.2.
Em R, a disjunção das condições x ≤ 0 e x > 2 é a condição
x ≤ 0 ∨ x > 2,
Exemplo 3.3.
Em R, a disjunção das condições x > 2 e x ≤ 3 é a condição
x > 2 ∨ x ≤ 3,
Exercício 3.1.
Determine, em R, o conjunto solução de cada uma das condições seguintes, utilizando
intervalos de números reais, sempre que possível:
Exercício 3.2.
Defina, em extensão, cada um dos seguintes conjuntos:
(1) A = {x ∈ N : 3x − 2 = 16 ∨ 12 − 2x = 0} ;
(2) B = {x ∈ N : |x| ≤ 3 ∨ |x| + 2 < 0} ;
(3) C = {x ∈ N : x2 − 7x + 12 = 0 ∨ |x| − 2 < 0} ;
(4) A ∪ B ∪ C.
(b) Conjuntos: P ∪ P = P
(4) A disjunção de uma condição qualquer p(x) com uma condição universal u(x)
é equivalente a uma condição universal. Em termos de conjuntos, a reunião de
um conjunto qualquer P com o universo U é igual ao universo.Tem-se assim:
(5) A disjunção de uma condição qualquer p(x) com uma condição impossível
i(x) é equivalente à primeira condição. Em termos de conjuntos, a reunião de
um conjunto qualquer P com o conjunto vazio é igual ao primeiro conjunto.
Tem-se assim:
p(x) ∨ i(x) ⇐⇒ p(x)
P ∪∅ = P
3. OPERAÇÕES ENTRE CONDIÇÕES E ENTRE CONJUNTOS 11
Exemplo 3.4.
Considere as seguintes condições e conjuntos
Exercício 3.3.
Simplifique as seguintes disjunções de condições:
Exemplo 3.5.
Em R, temos por exemplo:
x > 1 ∧ x ≤ 3,
[1, 3] .
Exercício 3.4.
Determine, em R, o conjunto solução de cada uma das condições seguintes, utilizando
intervalos de números reais sempre que possível:
(1) x > 2 ∧ x ≤ 3;
(2) x > 1 ∧ x ≤ −1;
(3) x > −1 ∧ x > 1;
(4) |x| ≤ 2 ∧ 3x + 1 > 0;
x−3
(5) + x ≤ 0 ∧ |x + 1| > 2;
2
(6) x2 − 9 6= 0 ∧ x + 1 > x;
x
(7) x > ∧ x > 3x − 4 ∧ x2 + 1 6= 0;
2
(8) |x + 1| = 0 ∨ (|x + 1| + 3 = 0 ∧ |x + 1| > 0) .
Exercício 3.5.
Considere os conjuntos:
P = {x ∈ R : x2 − 9 6= 0 ∧ 1 − 2x < 5} ;
Q = {x ∈ R : |x + 2| < 3} ;
R = {x ∈ R : x + 1 > 0} .
(1) P, Q e R;
(2) P ∩ Q, Q ∩ R e P ∩ Q ∩ R;
(3) (P ∩ Q) ∪ R e P ∩ (Q ∪ R) .
3. OPERAÇÕES ENTRE CONDIÇÕES E ENTRE CONJUNTOS 13
(5) A conjunção de uma condição qualquer p(x) com uma condição impossível
i(x) é uma condição impossível. Em termos de conjuntos, a intersecção de um
conjunto qualquer P com o conjunto vazio é o conjunto vazio. Tem-se assim:
Propriedades de ligação
(b) Conjuntos: P ∩ (Q ∪ R) = (P ∩ Q) ∪ (P ∩ R)
Exemplo 3.6.
Temos como exemplos:
Exercício 3.6.
Simplifique as seguintes condições em R:
(1) |x − 1| ≤ 0 ∧ x2 + 1 < 0;
(2) x2 > 0 ∧ x2 + 1 > 0;
(3) x2 − x + 5 6= 0 ∧ x2 + 5 ≤ 0;
(4) x2 > 2 ∧ |x| + 1 > 0.
Exercício 3.7.
P = {x ∈ U : x ∈
/ P}.
Exemplo 3.7.
Considere em R as condições:
∙ ∙
2 2
(1) q(x) : x > Conjunto solução : Q = , +∞
3 3
¸ ∙
2 2
∼ q(x) : x < Conjunto solução : Q = −∞,
3 3
Exercício 3.9.
Considere os conjuntos
4.1. Quantificadores.
Chama-se quantificador universal ao símbolo ∀ (lê-se: “qualquer que seja” ou “para
todo o”) que, aplicado a uma condição numa variável, dá origem a uma proposição
verdadeira se a condição for universal e falsa nos outros casos.
Exemplo 4.1.
(1) A condição x2 + 4 > 0 é universal em R; obtém-se uma proposição verdadeira
se escrevermos
∀x ∈ R: x2 + 4 > 0
ou
x2 + 4 > 0 : ∀x ∈ R.
Exercício 4.1.
Indique se as proposições seguintes são verdadeiras ou falsas.
x
(1) ∀x ∈ R, x > ;
2
x
(2) ∀x ∈ N, x > ;
2
2 2
(3) (x + 1) = x + 2x + 1, ∀x ∈ N;
(4) (x + 1)2 = x2 + 2x + 1, ∀x ∈ R.
Exemplo 4.2.
(1) A condição x + 3 = 0 é possível em Z; então se escrevermos
∃x ∈ Z: x + 3 = 0,
Exercício 4.2.
São dadas, em R, as condições:
1
|x + 1| + 2 > 0 , x2 = x e x2 + 3 = 2.
2
(1) Classifique cada uma delas.
(2) Diga se são verdadeiras ou falsas as proposições:
(3) ∀x ∈ R, |x + 1| + 2 > 0 ;
1
(4) ∀x ∈ R, x2 = x ;
2
1
(5) ∃x ∈ R : x2 = x;
2
2
(6) ∃x ∈ R : x + 3 = 2.
Exemplo 4.3.
Considere, no conjunto T dos alunos da turma, as proposições:
(1) ∀x ∈ T, x fez os trabalhos de casa.
(2) ∃x ∈ T, x gosta de matemática.
Em linguagem corrente, estas proposições traduzem-se, respectivamente, por:
(3) Todos aos alunos da turma fizeram os trabalhos de casa.
(4) Há pelo menos um aluno na turma que gosta de matemática.
A negação destas proposições em linguagem corrente é:
(5) Nem todos aos alunos da turma fizeram os trabalhos de casa.
(6) Nenhum aluno da turma gosta de matemática.
Traduzindo em linguagem simbólica, vem:
(7) ∃x ∈ T : x não fez os trabalhos de casa.
(8) ∀x ∈ T, x não gosta de matemática.
Portanto:
(9) ∼ (∀x ∈ T, x fez os trabalhos de casa)⇐⇒ ∃x ∈ T : x não fez os trabalhos de
casa.
18 I. LÓGICA
Conclusão:
A negação transforma o quantificador universal em quantificador de existência
seguido de negação:
∼ ∀ ⇐⇒ ∃ ∼ .
Exercício 4.3.
Negue cada uma das proposições seguintes:
(1) ∀x ∈ R, x > 2 ∨ x = 3;
(2) ∃x ∈ R : x > 5 ∧ x > 7;
(3) ∀x ∈ R, 1 ≤ x ≤ 5;
(4) ∃x ∈ R, ∀y ∈ R, x − y = 2;
(5) ∀x ∈ R, (x > 2 ∧ x < 5) ∨ x > 3.
4.2. Implicação.
Diz-se que uma condição p(x) implica outra condição q(x), se o conjunto solução P da
primeira estiver contido no conjunto solução Q da segunda. Assim:
p(x) ⇒ q(x)
Exemplo 4.4.
Tem-se por exemplo:
(1) x é homem ⇒ x é mortal
É uma proposição verdadeira.
(2) x > 3 ⇒ x < 1 (em R)
É uma proposição falsa pois ]3, +∞[ não está contido em ]−∞, 1[ .
4. QUANTIFICADORES E IMPLICAÇÃO FORMAL 19
Exercício 4.4.
Indique, em R, o valor lógico das proposições seguintes:
(1) x < −4 ⇒ x < 1;
(2) x = 2 =⇒ x2 − 2x = 0;
(3) x2 − 9 = 0 ⇒ x = 3;
(4) |x| < 1 =⇒ x + 3 > 0.
“x é um rectângulo ⇒ x é um paralelogramo ”,
ou seja,
“se x não for um paralelogramo =⇒ x não é um rectângulo”.
Exemplo 4.5.
Em R, x.y = 0 =⇒ x = 0 ∨ y = 0 ( lei do anulamento do produto ) . Então pela lei de
conversão, vem
∼ (x = 0 ∨ y = 0) ⇒∼ (x.y = 0) ,
ou seja
x 6= 0 ∧ y 6= 0 ⇒ x.y 6= 0.
20 I. LÓGICA
“x é um rectângulo ⇒ x é um paralelogramo ”
ou seja,
∃x : p(x)∧ ∼ q(x).
Exemplo 4.6.
Note que
¡ ¢
∼ x > 2 ⇒ x2 > 4 ⇐⇒ ∃x : x > 2 ∧ x2 ≤ 4.
Exercício 4.5.
Considere as seguintes proposições:
x2 = 4 =⇒ |x| = 2
é verdadeira .
Do mesmo modo,
|x| = 2 =⇒ x2 = 4
é equivalente a
x2 = 4 =⇒ |x| = 2 ∧ |x| = 2 =⇒ x2 = 4.
Exercício 4.6.
Diga, justificando, se são verdadeiras ou falsas as seguintes proposições (em R) :
(1) 6x = 0 ⇐⇒ (x2 + 1) 6x = 0;
(2) 6x = 0 =⇒ (x2 − 1) 6x = 0;
(3) 6x = 0 ⇐⇒ (x2 − 1) 6x = 0.
x é quadrado =⇒ x é rectângulo.
Basta, ou é suficiente, que x seja quadrado para ser rectângulo; e é necessário que x
seja rectângulo para ser quadrado.
22 I. LÓGICA
Assim se p(x) ⇒ q(x) for uma proposição verdadeira, diz-se que p(x) é uma condição
suficiente para que se verifique q(x) e q(x) é uma condição necessária para que se
verifique p(x).
Obviamente, resulta do que se disse sobre a equivalência entre condições, que se
p(x) ⇐⇒ q(x) então p(x) (respectivamente q(x)) é uma condição necessária e suficiente
para que se verifique q(x) (respectivamente p(x)) .
Exercício 4.7.
Considere, em R, as condições:
Cálculo algébrico
1.1. Definições.
• Uma expressão numa variável diz-se algébrica quando sobre a variável não
incidem outras operações além de adições, subtracções, multiplicações, divisões
ou extracções de raiz.
• Chama-se domínio da expressão algébrica, e representa-se por D, ao conjunto
dos números que substituidos no lugar da variável dão sentido à expressão.
• Chama-se polinómio de grau n numa variável x a uma expressão algébrica do
tipo
a0 xn + a1 xn−1 + · · · + an ,
com a0 , a1 , ..., an ∈ R ∧ a0 6= 0.
Exemplo 1.1.
Supondo que A = 5x2 − 3x + 4, B = 7 − 6x + 5x2 − x3 e C = 2x2 − 3x3 + 1 :
(1) Determinar A + B e A − B.
Resolução:
A + B = (5x2 − 3x + 4) + (7 − 6x + 5x2 − x3 )
= 5x2 − 3x + 4 + 7 − 6x + 5x2 − x3
= −x3 + 10x2 − 9x + 11
23
24 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
A − B = (5x2 − 3x + 4) − (7 − 6x + 5x2 − x3 )
= 5x2 − 3x + 4 − 7 + 6x − 5x2 + x3
= x3 + 3x − 3.
(2) Determinar A + B − C e A − B − C.
Resolução:
A − B − C = x3 + 3x − 3 − 2x2 + 3x3 − 1
= x3 + 3x − 3 − 2x2 + 3x3 − 1
= 4x3 − 2x2 + 3x − 4.
Exemplo 1.2.
Supondo que P = 3x2 − 5x + 8 e Q = 2x + 3x2 − 6, determine o valor de x, tal que
P − Q = 0.
Resolução:
Exercício 1.1.
Considere os polinómios
Calcule:
(1) (A + B) + C;
(2) A + (B + C) ;
(3) A − B;
(4) C − D;
(5) A − (B + D) ;
(6) A − B − D.
Soluções:
Exercício 1.2.
Simplifique as expressões seguintes:
Soluções:
(1) 8x2 + x + 1;
(2) x2 − 0, 2x − 3.
26 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
1.2.2. Multiplicação.
Exemplo 1.3.
Supondo que A = x − 1, B = 2x + 3 e C = 2x − 3, calcule.
A. (B − C) = 24 ⇐⇒ 6x − 6 = 24 ⇐⇒ x = 5.
Exemplo 1.4.
Resolva em ordem a x a equação
a (2x + 3) = ax + 2 com a 6= 0.
Resolução:
a (2x + 3) = ax + 2 ⇐⇒ 2ax + 3a = ax + 2
⇐⇒ 2ax − ax = 2 − 3a
⇐⇒ ax = 2 − 3a
1
⇐⇒ x = (2 − 3a) .
a
Nota: Se fosse a = 0, a equação ficaria reduzida a 0x+2 = 0 e, então, seria impossível.
1. EXPRESSÕES ALGÉBRICAS. POLINÓMIOS. 27
Exercício 1.3.
Calcule:
(1) −3 (x2 + 5x) ;
(2) 2x (x2 − 4) ;
(3) −2 (−3x + 8) ;
(4) 4x (−x − 2) ;
µ ¶
x 2 x 4
(5) − 4x − + ;
2 6 3
(6) (x2 − 4x + 4) 5x2 ;
(7) (x2 − 12x − 1) 6x2 ;
(8) (z 3 − 3z + 9) (−2z 2 ) .
Soluções:
(1) −3x2 − 15x;
(2) 2x3 − 8x;
(3) 6x − 16;
(4) −4x2 − 8x;
x2 2
(5) −2x3 + − x;
12 3
(6) 5x4 − 20x3 + 20x2 ;
(7) 6x4 − 72x3 − 6x2 ;
(8) −2z 5 + 6z 3 − 18z 2 .
Faz-se agora uma revisão dos casos notáveis da multiplicação de números reais.
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2 .
28 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
(a − b)2 = (a − b) (a − b)
= a2 − ab − ba + b2
= a2 − 2ab + b2 .
(a − b)2 = a2 − 2ab + b2 .
(a − b) (a + b) = a2 + ab − ba − b2
= a2 − b2 .
Exemplo 1.5.
Simplifique as seguintes expressões.
Exemplo 1.6.
Resolva as seguintes equações.
(1) (x − 1)2 − 5 (x − 3) = (x + 5) (x − 5) .
1. EXPRESSÕES ALGÉBRICAS. POLINÓMIOS. 29
Resolução:
(x − 1)2 − 5 (x − 3) = (x + 5) (x − 5) ⇐⇒ x2 − 2x + 1 − 5x + 15 = x2 − 25
⇐⇒ −7x = −41
41
⇐⇒ x = .
7
(2) 4 (x + 1)2 − (x − 1)2 − 3 (x − 2) (x + 2) = 0.
Resolução:
Exercício 1.5.
Prove que as igualdades seguintes são verdadeiras:
(1) (x + a)2 = (x − a)2 + 4ax;
2 2
(2) (2a)2 + (1 − a2 ) = (1 + a2 ) .
30 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
Exercício 1.6.
Resolva as seguintes equações:
(1) (2x + 1) (2x − 1) = (4x + 5) (x − 3) ;
(2) (x + 2)2 + (x + 1)2 = x (2x − 7) ;
(3) 5 (x − 2) (x + 2) − 5 (x − 4) (x + 6) = 0;
(4) (4x − 3)2 − (8x + 3) (2x − 3) = 0.
Soluções:
(1) −2;
5
(2) − ;
13
(3) 10;
(4) 3.
Em N, temos:
19 3
19 = 3×6+1
−18 6 logo ,
1 < 3
1
Dividendo : 19
Divisor : 3
sendo que
Quociente : 6
Resto : 1
Tal como em N, no conjunto dos polinómios, efectuar a divisão de um polinómio A(x)
por um polinómio B(x) é determinar o quociente Q(x) e o resto R(x),de modo que
Exemplo 1.7.
Determine o quociente e o resto da divisão de A(x) por B(x), sendo A(x) = −9x2 +
4 + 4x3 − 6x e B(x) = 1 − 2x + x2 .
Resolução:
4x3 − 9x2 − 6x + 4 x2 − 2x + 1
4x3 − 9x2 − 6x + 4 x2 − 2x + 1
4x
4x3 − 9x2 − 6x + 4 x2 − 2x + 1
−4x3 + 8x2 − 4x 4x
−x2 − 10x + 4
• Como o grau do resto ainda não é inferior ao do divisor, divide-se o primeiro termo
do resto pelo primeiro do quociente. Tem-se:
4x3 − 9x2 − 6x + 4 x2 − 2x + 1
−4x3 + 8x2 − 4x 4x − 1
−x2 − 10x + 4
32 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
4x3 − 9x2 − 6x + 4 x2 − 2x + 1
−4x3 + 8x2 − 4x 4x − 1
−x2 − 10x + 4
x2 − 2x + 1
−12x + 5
Quociente : 4x − 1
Resto : −12x + 5
Exercício 1.7.
Verifique este resultado, multiplicando o quociente pelo divisor e adicionando ao resto.
Exercício 1.8.
Calcule
¡ ¢ ¡ ¢
−x + 3x4 − x5 + 2 : −3x2 + 1 .
Solução:
x3 x 1 10 7
Quociente → − x2 + − Resto → − x+
3 9 3 9 3
Regra de Ruffini
Exemplo 1.8.
Determine o quociente e o resto da divisão de A (x) = x4 −3x2 +x−3 por B (x) = x−2.
1. EXPRESSÕES ALGÉBRICAS. POLINÓMIOS. 33
Resolução:
• Escrevem-se os coeficientes do dividendo, ordenados segundo as potências decres-
centes de x, em linha.
• No canto esquerdo escreve-se o número 2 que anula o polinómio divisor, (x − 2) .
1 0 −3 1 −3
2
1 0 −3 1 −3
2
1
1 0 −3 1 −3
2 2
1 2
1 0 −3 1 −3
2 2 4 2 6
1 2 1 3 3
Temos então:
• Q (x) = x3 + 2x2 + x + 3
• R (x) = 3
e consequentemente
¡ 4 ¢
x − 3x2 + x − 3 = (x − 2) (x3 + 2x2 + x + 3) + 3.
34 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
Observação:
D d D R
D = d.Q + R =Q+
R Q d d
Exercício 1.9.
Em cada um dos casos, efectue a operação indicada, e indique o resultado obtido na
D R
forma =Q+ .
d d
(1) (x3 + 1) : (x + 1)
(2) (x4 − 8) : (x + 2)
(3) (3x3 − 2x + 1) : (x2 − 2x + 1)
(4) (5x4 − 2x2 − 1) : (x2 − 3)
(5) (x2 + 3x − 2) : (2x − 3)
(6) (x − 1) : (2x + 3)
Soluções:
x3 + 1
(1) = x2 − x + 1;
x+1
x4 − 8 8
(2) = x3 − 2x2 + 4x − 8 + ;
x+2 x+2
3x3 − 2x + 1 7x − 5
(3) = 3x + 6 + ;
x2 − 2x + 1 x2 − 2x + 1
5x4 − 2x2 − 1 38
(4) 2
= 5x2 + 13 + 2 ;
x −3 x −3
19
x2 + 3x − 2 1 9
(5) = x+ + 4 ;
2x − 3 2 4 2x − 3
5
x−1
(6) = 12 − 2 .
2x + 3 2x + 3
Teorema 1.1.
O resto da divisão de um polinómio P (x) por x − α é P (α), isto é, o valor que toma
o dividendo quando se substitui x por α.
1. EXPRESSÕES ALGÉBRICAS. POLINÓMIOS. 35
Demonstração.
Seja Q(x) e R o quociente e o resto da divisão de P (x) por x − α. Tem-se :
P (x) = (x − α)Q(x) + R.
Como a igualdade anterior é válida para todo o x real, é em particular para α. Fazendo
então x = α, vem
P (α) = (α − α) Q(α) + R
P (α) = 0.Q(α) + R
P (α) = R (R constante) .
¤
Exercício 1.10.
Determine o resto da divisão do polinómio P (x) = 3x2 + 3x + 5 por x − 2.
O número real −2 é zero do polinómio enquanto que 1 não é zero do mesmo polinómio.
• Um número real α é zero ou raiz de um polinómio P (x) se e só se P (α) = 0.
• α é zero de um polinómio se e só se o polinómio é divísivel por x − α.
a0 xn + a1 xn−1 + · · · + an
a0 (x − α1 ) (x − α2 ) ... (x − αn ) , a0 6= 0.
Exemplo 1.9.
Decomponha, se possível, num produto de factores do 1.o grau, cada um dos seguintes
polinómios.
(1) 2x2 + 7x + 3.
Resolução.
Vamos calcular as raízes do polinómio utilizando a fórmula resolvente. Tem-
se:
√
2 −7 ± 49 − 24 1
2x + 7x + 3 = 0 ⇐⇒ x = ⇐⇒ x = − ∨ x = −3.
4 2
Temos então:
∙ µ ¶¸
2 1
2x + 7x + 3 = 2 x − − [x − (−3)]
2
ou
µ ¶
2 1
2x + 7x + 3 = 2 x + (x + 3)
2
1
(2) 4x2 − .
9
Resolução.
Sabendo que:
a2 − b2 = (a − b) (a + b)
vem
µ ¶2 µ ¶µ ¶
1 1 1 1
4x − = (2x)2 −
2
= 2x − 2x +
9 3 3 3
(3) x2 − 3x + 10.
Resolução.
Vamos calcular as raízes. Tem-se:
√
2 3± 9 − 40
x − 3x + 10 = 0 ⇐⇒ x = (Impossível) .
2
Como não existem raízes reais, não é possível decompor em factores do 1.o
grau este polinómio.
1. EXPRESSÕES ALGÉBRICAS. POLINÓMIOS. 37
Exercício 1.11.
Decomponha, se possível, num produto de factores do 1.o grau, cada um dos seguintes
polinómios:
(1) x2 − 5x + 6;
(2) 6x3 + x2 − x;
(3) x3 − x2 − 9x + 9;
(4) x4 − 13x2 + 36.
Soluções:
(1) (x − 2) (x − 3) ;
¡ ¢¡ ¢
(2) 6x x + 12 x − 13 ;
(3) (x − 1) (x − 3) (x + 3) ;
(4) (x + 2) (x − 2) (x + 3) (x − 3) ;
38 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
Exemplo 1.10.
Determine a, b, c e d ∈ R de modo que
x3 = ax (x − 1) (x − 2) + bx (x − 1) + cx + d.
Resolução.
Efectuando as operações, vem:
x3 = ax (x2 − 3x + 2) + b (x2 − x) + cx + d
Exemplo 1.11.
Determine k, m e n ∈ R de modo que
Resolução.
Efectuando as operações, vem:
4x2 + mx + n = x2 − 2x + 1 + kx2
4x2 + mx + n = (1 + k) x2 − 2x + 1.
2. FRACÇÕES ALGÉBRICAS 39
2. Fracções algébricas
2.1. Simplificação.
Para simplificar uma fracção algébrica factoriza-se o numerador e o denominador e
dividem-se os dois termos pelos factores comuns, não esquecendo o domínio em que a
simplificação é válida.
Exemplo 2.1.
Simplifique as seguintes fracções:
x+2
(1) 2 .
x + 4 + 4x
Resolução:
x+2 x+2 1
= 2 = e D = R\ {−2} .
x2 + 4 + 4x (x + 2) x+2
x2 + 1 − 2x
(2) .
x2 − 3 + 2x
Resolução:
x2 + 1 − 2x (x − 1)2 x−1
= = e D = R\ {−3, 1} .
x2 − 3 + 2x (x − 1) (x + 3) x+3
2 (x − 3)2 − 3 (x − 3)
(3) .
(x − 3)4
Resolução:
2 (x − 3)2 − 3 (x − 3) (x − 3) (2x − 6 − 3) 2x − 9
4 = 4 = e D = R\ {3} .
(x − 3) (x − 3) (x − 3)3
40 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
x2 + 5x
(4) .
−x3 − 6x2 + x + 30
Resolução:
• x2 + 5x = x(x + 5).
−1 −6 1 30
−5 5 5 −30 .
−1 −1 6 0
Logo,
−x3 − 6x2 + x + 30 = − (x + 5) (x + 3) (x − 2)
Assim,
x2 + 5x x(x + 5) −x
3 2
= = e D = R\ {−5, −3, 2} .
−x − 6x + x + 30 − (x + 5) (x + 3) (x − 2) (x + 3) (x − 2)
2. FRACÇÕES ALGÉBRICAS 41
Exemplo 2.2.
Efectue e simplifique.
1 x
(1) + .
x x+2
Resolução:
1 x x2 + x + 2
D = R\ {−2, 0} e + = .
x x+2 x (x + 2)
(x+2) (x)
2x + 1
(2) x − .
x−1
Resolução:
2x + 1 x2 − 3x − 1
D = R\ {1} e x − = .
(x−1) x−1 x−1
(x)
x2 + 3x x + 2
(3) × .
x2 − 4 x+3
Resolução:
D = R\ {−3, −2, 2}
e
x2 + 3x x + 2 x (x + 3) (x + 2) x
2
× = = .
x −4 x+3 (x − 2) (x + 3) (x + 2) x−2
x + 5 x2 − 25
(4) : .
2−x x+3
Resolução:
D = R\ {−5, −3, 2, 5}
e
x + 5 x2 − 25 x+5 x+3 x+3
: = × = .
2−x x+3 2 − x (x − 5) (x + 5) (2 − x) (x + 5)
Nota: As operações com fracções algébricas efectuam-se de uma forma semelhante
às operações com fracções onde não aparecem variáveis.
42 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
Exemplo 2.3.
Determine A e B de modo que:
7 A B
= + .
(x − 2) (x + 5) x−2 x+5
7 A B
= +
(x − 2) (x + 5) x−2 x+5
Ax + 5A + Bx − 2B
=
(x − 2) (x + 5)
(A + B) x + 5A − 2B
= .
(x − 2) (x + 5)
Temos que:
7 (A + B) x + 5A − 2B
= .
(x − 2) (x + 5) (x − 2) (x + 5)
Então:
⎧ ⎧ ⎧
⎨ 0=A+B ⎨ A = −B ⎨ A=1
⇐⇒ ⇐⇒ ,
⎩ 7 = 5A − 2B ⎩ 7 = −7B ⎩ B = −1
logo,
7 1 1
= − .
(x − 2) (x + 5) x−2 x+5
3. Equações
Exemplo 3.1.
Resolva, em R, cada uma das seguintes equações.
(1) x3 = x.
3. EQUAÇÕES 43
Resolução:
x3 = x ⇐⇒ x3 − x = 0
⇐⇒ x (x2 − 1) = 0
⇐⇒ x = 0 ∨ x2 − 1 = 0
⇐⇒ x = 0 ∨ x = −1 ∨ x = 1
logo
S = {−1, 0, 1} .
Resolução:
⇐⇒ 2x = 0 ∨ x2 − 5x + 6 = 0
√
5 ± 25 − 24
⇐⇒ x = 0 ∨ x =
2
⇐⇒ x = 0 ∨ x = 2 ∨ x = 3
logo
S = {0, 2, 3} .
Resolução:
2 1 −5 2
−2 −4 6 −2
2 −3 1 0
2x3 + x2 − 5x + 2 = 0 ⇐⇒ (x + 2) (2x2 − 3x + 1) = 0
√
3± 9−8
⇐⇒ x = −2 ∨ x =
4
1
⇐⇒ x = −2 ∨ x = 2
∨x=1
44 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
logo ½ ¾
1
s = −2, , 1 .
2
3.1. Equações fraccionárias.
Chama-se equação fraccionária a uma equação em que a incógnita figura no denomi-
nador.
Exemplo 3.2.
Determine o conjunto solução, em R, de cada uma das seguintes equações.
x2 + 2x − 8
(1) = 0.
3x − 4
Resolução: ½ ¾
A 4
já se encontra na forma = 0. O domínio é R\
B 3
Como
√
2 −2 ± 4 + 32
x + 2x − 8 = 0 ⇐⇒ x = ⇐⇒ x = −4 ∨ x = 2,
2
as soluções possíveis são −4 e 2. Atendendo a que ambas pertencem ao
domínio, tem-se:
S = {−4, 2} .
3
x + 4x
(2) = 0.
x
Resolução:
A
já se encontra na forma = 0. O domínio é R\ {0} .
B
Como:
¡ ¢
x3 + 4x = 0 ⇐⇒ x x2 + 4 = 0 ⇐⇒ x = 0 ∨ x2 + 4 = 0 ⇐⇒ x = 0,
|{z}
C.I.
3. EQUAÇÕES 45
S = ∅.
1 1 2x2
(3) + = 2 .
x−1 x+1 x −1
Resolução:
A 1 1 2x2
começamos por reduzir à forma = 0 a equação + = .O
B x − 1 x + 1 x2 − 1
domínio da equação é R\ {−1, 1} .
Temos:
1 1 2x2 1 1 2x2
+ = 2 ⇐⇒ + − 2 =0
x−1 x+1 x −1 x−1 x+1 x −1
(x+1) (x−1) (1)
2
−2x + 2x
⇐⇒ = 0.
x2 − 1
Como
−2x2 + 2x = 0 ⇐⇒ x (−2x + 2) = 0 ⇐⇒ x = 0 ∨ x = 1,
S = {0} .
Exercício 3.1.
Resolva cada uma das seguintes equações:
(x − 3) (x + 1)
(1) = 0;
x−3
2
x − 8x + 7
(2) = 0;
x−1
6
(3) = 0;
x−1
3+x
(4) = 5.
2−x
6x x x
(5) 2 + = ;
x −9 3−x x+3
3 1 1
(6) 2 = − .
x −1 x+1 1−x
46 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
Soluções:
(1) x = −1;
(2) x = 7 ;
(3) S = ∅;
7
(4) x = ;
6
(5) x = 0;
3
(6) x = .
2
Exercício 3.2.
x+1
Considere a expressão A (x) = .
(x − 3) (x + 2)
x+1 A B
(1) Determine A e B de modo que = + .
(x − 3) (x + 2) x−3 x+2
1
(2) Resolva a equação A (x) = .
x
Soluções:
4 1
(1) A = ; B = ;
5 5
(2) x = −3.
Como
A2 = B 2 ⇐⇒ A2 − B 2 = 0 ⇐⇒ (A − B) (A + B) = 0 ⇐⇒ A = B ∨ A = −B,
Exemplo 3.3.
Considere as seguintes equações irracionais.
√
(1) 2x + 3 + x = 6.
Resolução:
√ √
2x + 3 + x = 6 ⇐⇒ 2x + 3 = 6 − x =⇒ 2x + 3 = (6 − x)2
logo
S = {3} .
√
(2) 2x − 1 − x = −2.
Resolução:
√ √
2x − 1 − x = −2 ⇐⇒ 2x − 1 = x − 2 ⇒ 2x − 1 = (x − 2)2
⇐⇒ −x2 + 6x − 5 = 0 ⇐⇒ ⇐⇒ x = 5 ∨ x = 1.
logo
S = {5}
√ √ √
(3) x + 1 + 2x + 5 = x + 4.
48 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
Resolução:
√ √ √ ¡√ √ ¢2
x + 1 + 2x + 5 = x + 4 =⇒ x + 1 + 2x + 5 = x + 4 ⇐⇒
√ √
⇐⇒ 2 2x2 + 7x + 5 = −2x − 2 ⇐⇒ 2x2 + 7x + 5 = −x − 1 ⇒
⇐⇒ x = −4 ∨ x = −1.
Verifiquemos estas soluções:
√ √ √
x = −4 : −3 + −3 = 0 Proposição falsa
√ √ √
x = −1 : 0+ 3= 3 Proposição verdadeira
logo
S = {−1} .
Exercício 3.3.
Resolva cada uma das seguintes equações irracionais:
√
(1) 2x + 3 = x − 6;
√
(2) x − 4 = 4x − 19;
√
(3) 2 x2 − 16 = 4 − x;
√ √
(4) x − 2 − 3x − 2 = 6.
Soluções:
(1) x = 11;
(2) x = 5 ∨ x = 7;
(3) x = − 20
3
∨ x = 4;
(4) S = ∅.
Exercício 3.4.
Das seguintes afirmações diga qual é verdadeira.
(1) Se A = B então A2 = B 2 .
(2) Se A2 = B 2 então A = B.
4. INEQUAÇÕES FRACCIONÁRIAS 49
4. Inequações fraccionárias
x −∞ 1 4 +∞
−x + 4 + + + 0 −
x−1 − 0 + + +
−x + 4
− ss + 0 −
x−1
50 II. CÁLCULO ALGÉBRICO
Somatórios
1. Definição
Consideremos a soma:
12 + 22 + 32 + 42 + 52 + 62 + 72 + 82 + 92 + 102 ,
que representa a soma dos quadrados dos primeiros 10 números naturais. Como cada
uma das parcelas desta soma se obtém dando a k sucessivamente os valores 1, 2, · · · , 10
na expressão k2 , então podemos escrever de forma abreviada a soma anterior, utilizando
P
o símbolo de somatório - letra sigma maiúscula do alfabeto grego. Temos assim:
X
10
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = k2.
k=1
P
Assim, no caso geral, para representarmos uma soma com o símbolo temos de
identificar:
P
n
Assim, uk , k ∈ Z e n ≥ p, lê-se o somatório de uk desde p até n, isto é:
k=p
X
n
(1.1) uk = up + up+1 + · · · + un−1 + un .
k=p
Nota:
X
n X
n X
n X
n
uk = ui = uj = up = um + um+1 + · · · + un−1 + un .
k=m i=m j=m p=m
X
n
uk = un .
k=n
Exemplo 1.1.
P
4
(1) (k2 + 1) = (12 + 1) + (22 + 1) + (32 + 1) + (42 + 1) = 2 + 5 + 10 + 17 = 34.
k=1
P3
(2) (3 − 4k) = (3 − 4 · (−1))+(3 − 4 · 0)+(3 − 4 · 1)+(3 − 4 · 2)+(3 − 4 · 3) =
k=−1
= −5.
P3
(3) (3p − 2) x3−p = −2x3 + x2 + 4x + 7.
p=0
Uma aplicação:
Suponha que uma pequena empresa adquire uma máquina nova no início de cada ano.
O custo de uma máquina nova no início do 1.o ano é 100 unidades monetárias (u.m.)
e o preço aumenta 5 u.m. todos os anos. A despesa da empresa, na aquisição de
máquinas, no início do quarto ano pode ser representada por:
X
3
(100 + i) .
i=0
2. PROPRIEDADES 53
Exercício 1.1.
Escreva na forma de somatório a soma dos primeiros quarenta e cinco:
Soluções:
P
45
(1) (2k) ;
k=1
P
45
(2) (2k − 1) .
k=1
Exercício 1.2.
Escreva na forma de somatório a forma geral dos polinómio de grau n.
P
n P
n
Solução: ak xk ou ak xn−k .
k=0 k=0
2. Propriedades
Demonstração.
X
n
(uk + vk ) = (um + vm ) + (um+1 + vm+1 ) + · · · + (un + vn )
k=m
Demonstração.
X
n X
n
αuk = αum + αum+1 + · · · + αun = α (um + um+1 + · · · + un ) = α uk .
k=m k=m
Propriedade 2.0.3.
X
n
m+n
k= (n − m + 1) .
k=m
2
Demonstração.
Uma vez que
X
n
k = m + (m + 1) + (m + 2) + · · · + (n − 1) + n,
k=m
Propriedade 2.0.4.
X
n
1 − rn−m+1 m
rk = ·r .
k=m
1−r
Demonstração.
Análoga à anterior, tendo em conta que estamos perante uma progressão geométrica2
de razão r. ¤
1Recordeque, se (un ) é uma progressão aritmética de razão r, então a soma dos p primeiros termos
u1 + up
é dada por S = · p.
2
2Recorde que, se (u ) é uma progressão geométrica de razão r, então a soma dos p primeiros
n
1 − rp
termos é dada por S = · u1 .
1−r
2. PROPRIEDADES 55
Propriedade 2.0.5.
X
−m X
n
uk = u−k .
k=−n k=m
Demonstração.
X
−m
uk = u−n + u−n+1 + · · · + u−m−1 + u−m =
k=−n
X
n
= u−m + u−(m+1) + · · · + u−(n−1) + u−n = u−k .
k=m
Propriedade 2.0.6.
X
n+r X
n
uk = uk+r .
k=m+r k=m
Demonstração.
X
n+r X
n
uk = um+r + um+r+1 + · · · + un+r = uk+r .
k=m+r k=m
Propriedade 2.0.7.
X
r X
n X
n
uk + uk = uk , m ≤ r < n.
k=m k=r+1 k=m
Demonstração.
X
r X
n
uk + uk = um + um+1 + · · · + ur + ur+1 + · · · + un =
k=m k=r+1
X
n
= um + um+1 + · · · + un = uk .
k=m
¤
56 III. SOMATÓRIOS
Demonstração.
X
n
(uk − uk−1 ) = up − up−1 + up+1 − up + up+2 − up−1 + · · · + un−1
k=p
Exercícios 2.1.
P
5
(b) (3k) (45)
k=0
P
4
(c) (4j + 5) (65)
j=0
P
30
(d) (2 + 5k) (2385)
k=1
P
10 P
−3
(e) (5k 2 ) + (2k − 5k2 ) (−104)
k=3 k=−10
P
15 P
18
(f) k− k (−42)
k=2 k=5
P
500
(g) (1 − 7k) (−876184)
k=5
P
4
(h) 100 (p + 1) (1400)
p=−2
P
105
(i) (2i − 5) (10573)
i=−3
P
100
(j) (3k + 7) (15840)
k=2
2. PROPRIEDADES 57
P
5 ¡ 88573 ¢
(k) 32+n 27
n=−5
99 ¡√
P √ ¢
(l) n− n+1 (−9)
n=1
(2) Resolva em ordem a x cada uma das seguintes equações:
P
124 ¡ 71 ¢
(a) (k + x) = 12000 2
k=5
P
200 P
200 ¡1¢
(b) 4 (k2 + 1) = 20x (k2 + 1) 5
k=1 k=1
P
23 P
20
(c) 3 − x = k2 − (k + 2)2 (−526)
k=3 k=1
P
−5 26 ¡
P ¢ ¡ 28 ¢
(d) 2−k = 3x + 2k − 75
k=−26 k=2
CAPÍTULO IV
Definição 1.1.
Dados dois quaisquer conjuntos A e B, chama-se aplicação (função) de A em B a toda
a correspondência que a cada elemento de A associa um e um só elemento de B.
f : A −→ B
x −→ y = f (x).
Observação:
f (A) = {f (a) ∈ B : a ∈ A} ,
Definição 2.1.
Uma função real de variável real (f.r.v.r.) é uma aplicação de A em R, sendo A um
subconjunto de R.
f : A −→ R
x −→ y = f (x)
Observações:
Como as funções reais de variável real, são em geral definidas pela sua expressão
analítica (expressão designatória), é necessário calcular nesses casos o domínio da ex-
pressão que a define.
Exercício 2.1.
Determine o domínio de cada uma das seguintes funções definidas por:
(1) f (x) = x2 − 4x + 3;
4
(2) g(x) = 2 ;
x +5
x+2
(3) f (x) = ;
x+3
4
(4) h(x) = 2 ;
x − 2x
√
(5) t(x) = x −√4;
1− x−3
(6) j(x) = ;
√ x+5
(7) m(x) = 3 x − 4;
√
(8) p(x) = 4 x − 4.
3. GRÁFICO DE UMA FUNÇÃO. 61
O domínio de cada uma destas funções é o conjunto dos valores reais da variável
independente para os quais são possíveis em R as operações indicadas na expressão que
a define. Temos assim as seguintes soluções:
(1) Df = R;
(2) Dg = {x ∈ R : x2 + 5 6= 0} = R;
(3) Df = {x ∈ R : x + 3 6= 0} = RÂ {−3} ;
(4) Dh = {x ∈ R : x2 − 2x 6= 0} = RÂ {0, 2} ;
(5) Dt = {x ∈ R : x − 4 > 0} = [4, +∞[ ;
(6) Dj = {x ∈ R : x − 3 > 0 ∧ x + 5 6= 0} = [3, +∞[ ;
(7) Dm = R;
(8) Dp = {x ∈ R : x − 4 > 0} = [4, +∞[ .
Observações:
No cálculo dos domínios atrás, tiveram-se em atenção as seguintes situações:
Uma função f pode ser representada num plano, onde se fixe um sistema de eixos
Oxy, por um conjunto de pontos o qual se diz gráfico ou imagem geométrica de f .
© ª
G = (x, y) ∈ R2 : x ∈ Df ∧ y = f (x) .
Exemplo 3.1.
Considere as funções f : R → R definidas pela fórmula f (x) = mx+b, em que m, b ∈ R.
Funções deste tipo são representadas graficamente por uma linha recta; se m = 0, a
62 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
1
-2 -1 1 2
x
-1 -0.5 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
-1 x
-2 -2
f (x) = 2
Refere-se que mais à frente voltamos à representação dos gráficos de algumas funções
particulares de forma mais cuidada.
Apresentam-se de seguida alguns exemplos de gráficos que não representam funções.
Tem-se por exemplo:
1) 2)
x → 3x para x>2
e
x → x+1 para x < 2.
11
Para calcular, por exemplo, f (5) ou f ( ) consideramos
3
f (x) = 3x.
Temos então:
11
f (5) = 15 e f ( ) = 11.
3
Para calcular, por exemplo, f (0) ou f (−1) consideramos
f (x) = x + 1.
Temos então:
f (0) = 1 e f (−1) = 0.
ou ⎧
⎪
⎨ 3x ⇐= x > 2
x → f (x) =
⎪
⎩ x+1 ⇐ x < 2.
Exercício 4.1.
Considere a função g definida, em R , por
⎧
⎪
⎨ x−1 se x < 1
g(x) =
⎪
⎩ 3x − 2 se x > 1.
g(1 + h) + 3g(1 − h) = 1.
Soluções:
5. Função Módulo.
Por exemplo:
Assim, em R a função
pode escrever-se
⎧
⎪
⎨ x se x > 0
f (x) =
⎪
⎩ −x se x < 0.
4
y
3
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
x
6. CLASSIFICAÇÃO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 65
Exemplo 5.1.
Considere, a função real de variável real, g definida por:
g(x) = |x − 4| .
isto é: ⎧
⎪
⎨ x−4 se x > 4
g(x) =
⎪
⎩ −x + 4 se x < 4.
Definição 6.1.
Uma função real de variável real f : A −→ R (A ⊂ R) diz-se sobrejectiva se e só se
o seu contradomínio for R.
f é sobrejectiva ⇐⇒ ∀y ∈ R ∃x ∈ A : y = f (x).
Exercício 6.1.
Dos seguintes gráficos de funções reais, de variável real, diga justificando qual representa
uma função sobrejectiva.
1) 2)
4
y y
2 10
-4 -2 2 4
-2
x
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
-4 x
Definição 6.2.
Uma aplicação diz-se injectiva se e só se quaisquer dois objectos diferentes têm ima-
gens diferentes.
Exercício 6.2.
Dos seguintes gráficos de funções reais, de variável real, diga justificando quais repre-
sentam funções injectivas.
1) 2) 3)
10 4
y y y
20
2
5
-3 -2 -1 1 2 3 -4 -2 2 4
-2 x x
-3 -2 -1 0 1 2 3 -20
x -4
6. CLASSIFICAÇÃO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 67
Definição 6.3.
Uma aplicação diz-se bijectiva se e só se é injectiva e sobrejectiva.
Exercício 6.3.
Dê um exemplo de um gráfico que represente uma função real, de variável real, bijectiva.
Definição 6.4.
f é uma função par sse existem f (x) e f (−x) e f (−x) = f (x), ∀x ∈ Df .
Refere-se que mais à frente iremos verificar que se uma função é par, o seu gráfico
é simétrico em relação ao eixo dos yy. Isto verifica-se porque os valores da função são
iguais quando os valores da variável independente x são simétricos.
Definição 6.5.
f é uma função ímpar sse existem f (x) e f (−x) e f (−x) = −f (x), ∀x ∈ Df .
Do mesmo modo iremos verificar à frente que se uma função é ímpar, o gráfico é
simétrico em relação à origem do referencial. Significa isto que o gráfico da função tem
a origem como centro de simetria. Note que nesta situação, os valores da função são
simétricos, quando os valores da variável independente x, são simétricos.
Definição 6.6.
Uma função é periódica se existe um número a tal que
f (x + a) = f (x), ∀x ∈ Df
Exemplo 6.1.
y = sin x é uma função peródica de período fundamental 2π.
Com efeito:
sin(x + α) = sin x; α = 2kπ, k ∈ Z.
Definição 7.1.
Uma função f diz-se crescente (sentido lato) em A ⊆ Df se e só se para quaisquer
x, y ∈ A se tem
x < y ⇒ f (x) ≤ f (y).
Definição 7.2.
Uma função f diz-se estritamente crescente em A ⊆ Df se e só se para quaisquer
x, y ∈ A se tem
x < y ⇒ f (x) < f (y).
Definição 7.3.
Uma função f diz-se decrescente (sentido lato) em A ⊆ Df se e só se para quaisquer
x, y ∈ A se tem
x < y ⇒ f (x) ≥ f (y).
Definição 7.4.
Uma função f diz-se estritamente decrescente em A ⊆ Df se e só se para quaisquer
x, y ∈ A se tem
x < y ⇒ f (x) > f (y).
Definição 7.5.
Uma função limitada, é uma função cujo contradomínio é um conjunto limitado, ou
seja, um conjunto com majorantes e minorantes.
Definição 7.6.
Um número real M é majorante (respectivamente m é minorante) de um conjunto
A se e só se todos os elementos a ∈ A satisfazem a relação a ≤ M (respectivamente
a ≥ m).
Exercício 7.1.
Dos seguintes gráficos de funções reais, de variável real, diga justificando quais repre-
sentam funções limitadas.
1) 2) 3)
y 0.8
1.0 1 y
y 20
0.6
0.4
0.2 -4 -2 2 4 -4 -2 2 4
x x
-4 -2 0 2 4 -20
x -1
Definição 8.1.
Zeros de uma função são os valores da variável x para os quais a função se anula.
x1 é zero de f ⇐⇒ f (x1 ) = 0.
70 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
Exemplo 8.1.
Determine os zeros das seguintes funções, definidas, em R.
(1) f (x) = 3x + 6.
Resolução:
f (x) = 0 ⇐⇒ 3x + 6 = 0 ⇐⇒ x = −2
x2 − 4
(4) f (x) = .
x−1
Resolução:
x2 − 4
Temos que resolver a equação fraccionária = 0.
x−1
O domínio da equação é R Â {1} . Como
x2 − 4 = 0 ⇐⇒ x = −2 ∨ x = 2,
9.1. Soma.
Dadas duas funções reais de variável real f e g, chama-se soma de f com g à função
que se representa por f + g e que tem por
• domínio
Df +g = Df ∩ Dg
• expressão analítica
Exemplo 9.1.
Considere, em R, as funções definidas por:
x 1
f (x) = e g(x) = .
x−2 x
(1) Calcule Df +g .
Resolução:
Exercício 9.1.
Sejam r e t duas funções reais de variável real definidas por:
√
r(x) = 2 − 1 − x
e
t(x) = 3 + x.
(1) Defina r + t.
(2) Calcule os zeros de r + t.
Soluções:
(1)
r + t : ]−∞, 1] −→ R
√
x −→ 5 + x − 1 − x.
(2) −3.
9.2. Diferença.
Dadas duas funções reais de variável real f e g, chama-se diferença de f com g à função
que se representa por f − g e que tem por
• domínio
Df −g = Df ∩ Dg
• expressão analítica
9.3. Produto.
Dadas duas funções reais de variável real f e g, chama-se produto de f com g à função
que se representa por f.g e que tem por
• domínio
Df ×g = Df ∩ Dg
• expressão analítica
Exemplo 9.2.
Considere, em R,
√
h(x) = x−2−2
e
√
t(x) = x − 2 + 2.
(1) Determine a expressão analítica que define h × t.
Resolução:
¡√ ¢ ¡√ ¢
(h × t) (x) = h(x) × t(x) = x−2−2 × x−2+2 =
¡√ ¢2
= x − 2 − 22 = x − 2 − 4 = x − 6.
vem
Dh×t = Dh ∩ Dt = [2, +∞[ .
Assim, verifica-se que têm a mesma expressão analítica mas não tem o mesmo
domínio, pois Dh×t = [2, +∞[ e Ds = R, logo não são idênticas.
9.4. Quociente.
O quociente de duas funções f e g, reais de variável real é uma função que tem por
• domínio
D f = Df ∩ Dg ∩ {x ∈ R : g(x) 6= 0} .
g
74 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
• expressão analítica
µ ¶
f f (x)
(x) = .
g g(x)
Exemplo 9.3.
√ f
Sendo f (x) = x + 1 e g(x) = x2 − 2x, em R, defina .
g
Resolução:
Dg = R
© ª
{x ∈ R : g(x) 6= 0} = x ∈ R : x2 − 2x 6= 0 = {x ∈ R : x(x − 2) 6= 0} =
= {x ∈ R : x 6= 0 ∧ x − 2 6= 0} = {x ∈ R : x 6= 0 ∧ x 6= 2} =
= RÂ {0, 2}
vem
implicando que
f
: [−1, +∞[ Â {0, 2} −→ R
g √
x+1
x −→ 2 .
x − 2x
9. OPERAÇÕES COM FUNÇÕES 75
Definição 9.1.
Se f e g são f.r.v.r., com domínios Df e Dg , respectivamente, define-se fog, fazendo
(f ◦ g) (x) = f [g(x)] ,
Df ◦g = {x ∈ R : x ∈ Dg ∧ g(x) ∈ Df } .
Exemplo 9.4.
Consideremos as funções reais de variável real, definidas por
x
f (x) = 2x − 1 e g(x) =
x−2
e caracterizemos f og.
Resolução:
(1) Domínio. Sendo
Df = R
Dg = RÂ {2} ,
vem
½ ¾
x
Df ◦g = {x ∈ R : x ∈ Dg ∧ g(x) ∈ Df } = x ∈ R : x 6= 2 ∧ ∈R =
x−2
= {x ∈ R : x 6= 2 ∧ x 6= 2} = {x ∈ R : x 6= 2} = RÂ {2}
f ◦ g : RÂ {2} −→ R
x+2
x −→ .
x−2
76 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
Exemplo 9.5.
A função de domínio [−1, 1] definida por
√
y(x) = 1 − x2
g(x) = 1 − x2
√
f (x) = x,
tendo-se
y = f ◦ g.
√ ¡√ ¢2
(g ◦ f ) (x) = g [f (x)] = g( x) = 1 − x = 1 − x.
Nota:
∀ f, g , f ◦ g = g ◦ f .
Exercício 9.2.
São dadas, em R, as funções definidas por:
r(x) = x2 + 1
√
s(x) = x−5
t(x) = x − 4.
(1) Defina r ◦ s.
(2) Justifique porque não são idênticas as funções r ◦ s e t.
10. A FUNÇÃO IDENTIDADE E FUNÇÃO INVERSA 77
Soluções:
(1)
r ◦ s : [5, +∞[ −→ R
x −→ x − 4
(2) Têm a mesma expressão analítica, mas os domínios são diferentes pois
Definição 10.1.
Sendo A ⊂ R, chama-se função identidade à função
f : A −→ A
x −→ x.
Definição 10.2.
Sendo f uma função definida de Df em Df0 , a função inversa de f designa-se por f −1
e tem-se,
y = f (x), x ∈ Df ⇐⇒ x = f −1 (y), y ∈ Df0
Exemplo 10.1.
A função bijectiva de domínio R definida por f (x) = 2x + 5, tem por inversa a função
x−5
de domínio R definida por f −1 (x) = .
2
78 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
f −1 : R −→ R
x−5 .
x −→ y =
2
Nota:
(f ◦ g) (x) = x, ∀x ∈ Dg
e
(g ◦ f ) (x) = x, ∀x ∈ Df .
Definição 11.1.
A uma função real de variável real, que possa ser definida por um polinómio numa
variável, chama-se função polinomial.
Observação: Como uma função deste tipo está bem definida para todo o número
real, então o seu domínio é R.
¡ ¢
2x + 1; x2 + 4x + 1; (x + 1) 2x2 − 1 + 2x; ...
11. FUNÇÕES POLINOMIAIS 79
Definição 11.2.
Chama-se função afim numa variável real x a toda a função do tipo
f : R −→ R
x −→ ax + b
Exemplo 11.1.
Mostre que a função y definida, em R, por
(2)
y = (2x − 3)2 − x (4x − 1) ⇐⇒ y = −11x + 9.
Propriedades
y = ax + b com a, b ∈ R.
4
y
3
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
x
-1
x1 6= x2 =⇒ y1 6= y2 , ∀x1 , x2 ∈ R;
6
y
4
-3 -2 -1 1 2 3 4 5
x
-2
x1 6= x2 =⇒ y1 6= y2 , ∀x1 , x2 ∈ R;
Sinal
Função positiva Função negativa
b b
ax + b > 0 ⇐⇒ x > − a>0 ax + b < 0 ⇐⇒ x < −
a a
b b
ax + b > 0 ⇐⇒ x < − a<0 ax + b < 0 ⇐⇒ x > −
a a
82 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
x1 6= x2 =⇒ y1 6= y2 , ∀x1 , x2 ∈ R
y = ax + b ⇐⇒ y − b = ax
y−b
⇐⇒ x = .
a
Definição 11.3.
Função quadrática é toda a função que pode ser definida por um polinómio do 2o . grau
numa variável real.
f : R −→ R
x −→ ax2 + bx + c com a, b, c ∈ R e a 6= 0.
Zeros
b2 − 4ac
11. FUNÇÕES POLINOMIAIS 83
b
• 4 = 0 ⇒ há um zero real ( duplo): x1 = −
2a
Exemplo 11.2.
Calcule os zeros de cada uma das funções seguintes, definidas em R.
Exemplo 11.3.
Determine k, de modo que a expressão 2x2 −3x+k, defina uma função quadrática com:
(1) dois zeros;
resolução
9
4 > 0 ⇐⇒ 9 − 4.2.k > 0 ⇐⇒ k < ;
8
84 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
(2) um zero;
resolução
9
4 = 0 ⇐⇒ 9 − 4.2.k = 0 ⇐⇒ k = ;
8
(3) nenhum zero;
resolução
9
4 < 0 ⇐⇒ 9 − 4.2.k < 0 ⇐⇒ k > .
8
Estudo gráfico da função quadrátrica
x → y = ax2 , a 6= 0 e b = c = 0.
(1) a > 0
• Consideremos a função definida por y = 2x2 , cujo domínio é R.
• Considerando um referencial cartesiano ortogonal e monométrico, come-
cemos por determinar alguns pontos.
y 15
10
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
x
11. FUNÇÕES POLINOMIAIS 85
Esta linha chama-se parábola e, tem como eixo de simetria o eixo dos
yy; o ponto (0, 0) situado sobre este eixo é o vértice da parábola. Da
observação do gráfico conclui-se ainda:
— é decrescente no intervalo ]−∞, 0[ e crescente no intervalo ]0, +∞[ ;
— não é injectiva (justifique);
— tem como contradomínio o intervalo [0, +∞[ ;
— tem a concavidade voltada para a parte positiva do eixo dos yy
(para cima) ;
— não é sobrejectiva (justifique);
— é uma função par (justifique).
(2) a < 0
• Consideremos a função definida por y = −2x2 , cujo domínio é R.
• Tal como no exemplo anterior, atribuímos diferentes valores a x e calcu-
lamos os correspondentes valores de y.
Tem-se:
x
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
y
-5
-10
-15
— vértice na origem;
— concavidade no sentido negativo do eixo dos yy (voltada para baixo) ;
— eixo de simetria coincidente com o eixo dos yy;
— contradomínio o intervalo ]−∞, 0] .
• E a função é:
— decrescente no intervalo ]0, +∞[ e crescente no intervalo ]−∞, 0[ ;
— não injectiva (justifique);
— não sobrejectiva (justifique);
— par (justifique).
Nota:
Uma parábola tem:
• um eixo de simetria;
• o vértice (ponto da parábola que pertence ao eixo de simetria) ;
• concavidade voltada para cima se a > 0;
• concavidade voltada para baixo se a < 0.
Vamos agora mostrar como representar o gráfico da função quadrática (caso geral) ,
isto é, y = ax2 + bx + c com a, b, c ∈ R e a 6= 0.
É facil de verificar que para obter o gráfico de uma função quadrática, basta deter-
minar as coordenadas do vértice e os seus zeros, caso existam.
Exemplo 11.4.
Represente graficamente funções abaixo indicadas.
(1) f (x) = −2x2 + 8x + 10;
Resolução.
• Zeros:
f (x) = 0 ⇐⇒ −2x2 + 8x + 10 = 0 ⇐⇒ x = −1 ∨ x = 5.
• Coordenadas do vértice.
Atendendo a que a parábola tem um eixo de simetria, o vértice vai estar
exactamente a meio dos zeros, ou melhor, a abcissa do vértice é a média
11. FUNÇÕES POLINOMIAIS 87
−1 + 5
xv = =2
2
yv = f (2) = −8 + 16 + 10 = 18,
obtendo-se
V −→ (2, 18) .
• Gráfico.
Atendendo a que a concavidade é virada para baixo (a = −2 < 0) , podemos
representar o gráfico da função, tendo-se:
20
y
15
10
-2 -1 1 2 3 4 5 6
x
-5
g(x) = 0 ⇐⇒ x2 − 10x + 25 = 0 ⇐⇒ x = 5.
• Coordenadas do vértice.
Neste caso o zero é o vértice da função, visto a parábola ser tangente ao
eixo das abcissas.
• Gráfico.
88 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
10
y
-1 1 2 3 4 5 6 7 8
x
(3) h(x) = x2 + 4x + 5.
Resolução.
• Zeros:
√
2 −4 ± 16 − 4 × 1 × 5
h(x) = 0 ⇐⇒ x + 4x + 5 = 0 ⇐⇒ x = ,
2×1
h(x) = 5 ⇐⇒ x2 + 4x + 5 = 5 ⇐⇒ x2 + 4x = 0 ⇐⇒
⇐⇒ x (x + 4) = 0 ⇐⇒ x = 0 ∨ x + 4 = 0 ⇐⇒ x = 0 ∨ x = −4.
0 + (−4)
xv = = −2.
2
A ordenada é
yv = h(−2) = 4 − 8 + 5 = 1.
11. FUNÇÕES POLINOMIAIS 89
• Gráfico.
Sendo a = 1 > 0 (concavidade virada para cima) vem:
10
y
8
-5 -4 -3 -2 -1 1 2
x
Nota:
yv = f (xv ) .
Tem-se assim:
µ µ ¶¶
b b
V −→ (xv , yv ) = − , f − .
2a 2a
90 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
Definição 11.4.
Chama-se inequação do 2.o grau na variável x a toda a condição que se possa reduzir
à forma
com a, b e c ∈ R e a 6= 0.
Nota:
com a, b e c ∈ R e a 6= 0.
Para resolver inequações do 2.o grau basta estudar o sinal da função quadrática
y = ax2 + bx + c.
Note que qualquer função quadrática toma o sinal de a, fora do intervalo dos zeros,
e o sinal contrário ao de a, dentro do intervalo dos zeros.
Exemplo 11.5.
Resolva, em R, as seguintes inequações.
(1) x2 − 4x + 3 > 0.
Resolução.
Os zeros serão dados por
x2 − 4x + 3 = 0 ⇐⇒ x = 1 ∨ x = 3.
x2 + 4 < 3x ⇐⇒ x2 − 3x + 4 < 0 ⇐⇒ x ∈ ∅.
x −∞ − 72 − 12 0 1 +∞
2x2 + 7x + 0 − − − 0 + + +
−2x2 + x + 1 − − − 0 + + + 0 −
2x2 + 7x
− 0 + s/s − 0 + s/s −
−2x2 + x + 1
Verifica-se que as soluções da inequação são os valores de x tais que:
¸ ∙ ¸ ∙
7 1
x ∈ −∞, − ∪ − , 0 ∪ ]1, +∞[ .
2 2
Definição 12.1.
Dados dois números reais x e y, chama-se distância de x a y ao valor absoluto da sua
diferença:
d (x, y) = |x − y| .
Exemplo 12.1.
Determine a distância entre os números reais:
(1) 2 e 3.
Resolução: d (2, 3) = |2 − 3| = |−1| = 1.
(2) 0 e −3.
Resolução: d (0, −3) = |0 − (−3)| = |3| = 3.
(3) − 12 e − 34
¡ ¢ ¯ ¡ ¢¯ ¯ ¯
Resolução: d − 12 , − 34 = ¯− 12 − − 34 ¯ = ¯ 14 ¯ = 14 .
Definição 12.2.
Sendo a um número real qualquer e δ um número real positivo, chama-se vizinhança
12. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 93
Vδ (a) = {x ∈ R : |x − a| < δ}
= ]a − δ, a + δ[ .
Exemplo 12.2.
Considere as seguintes vizinhanças:
(1) V0,1 (2) = {x ∈ R : |x − 2| < 0, 1} = ]1, 9; 2, 1[ ;
(2) V0,01 (0) = {x ∈ R : |x| < 0, 01} = ]−0, 01; 0, 01[ .
Exercício 12.1.
Determine um valor de δ de modo que:
(1) Vδ (3) ⊂ V0,1 (3) ;
(2) Vδ (3) ⊂ ]2, 5; 3, 02[ .
Definição 12.3.
Sejam C um subconjunto de R e a um elemento de C. Diz-se que a é ponto interior
de C se e só se existe pelo menos uma vizinhança de a contida em C.
Exemplo 12.3.
Definição 12.4.
Sejam C um subconjunto de R e b um número real; b diz-se ponto fronteiro de C se
e só se as intersecções de qualquer vizinhança de b com C e com o seu complementar
forem ambas não vazias.
Exemplo 12.4.
Relativamente ao conjunto ]1, 2[ do exemplo anterior, os pontos fronteiros são 1 e 2 e
a fronteira é o conjunto {1, 2} .
Exemplo 12.5.
Seja B = ]−∞, 3] ∪ {5} . Então F r(B) = {3, 5} .
Exercício 12.2.
Determine o interior e a fronteira de cada um dos conjuntos de números reais:
(1) A = {2, 3} ∪ ]4, 5[ ;
¤ £
(2) B = −3, 12 ;
(3) C = {x ∈ R : |x + 1| ≤ 3} .
Exercício 12.3.
Dê um exemplo de um conjunto que:
(1) coincida com a sua fronteira;
(2) coincida com o seu interior.
Definição 12.5.
Sejam C um subconjunto de R e d um número real; diz-se que d é ponto de acumulação
12. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 95
Definição 12.6.
Chama-se ponto isolado de C a um elemento de C que não é ponto de acumulação.
Exemplo 12.6.
Seja A = ]1, 2[ ∪ {3} . Tem-se A0 = [1, 2] , 3 é ponto isolado de A.
isto é,
Observações:
Exemplo 12.7.
Dada a função definida por f (x) = x, represente-a graficamente e verifique ( grafica-
mente) que lim f (x) = a.
x→a
Resolução:
que todos os números reais. Estes dois números correspondem às noções intuitivas de
infinito positivo e infinito negativo.
Considerem-se dois elementos, não reais, representados por +∞ (mais infinito) e
−∞ (menos infinito) , verificando as seguintes condições:
• +∞ ∈
/ R , −∞ ∈
/ R;
• ∀x ∈ R , x < +∞ ; ∀x ∈ R ; −∞ < x;
• ∀x ∈ R , x + ∞ = +∞ + x = +∞;
• ∀x ∈ R , x − ∞ = −∞ + x = −∞;
• ∀x ∈ R\ {0} , |x| × (+∞) = (+∞) × |x| = +∞;
¯ ¯ ¯ ¯
¯ x ¯ ¯ x ¯
• ∀x ∈ R , ¯¯ ¯=¯ ¯ = 0;
+∞¯¯ ¯ ¯ −∞ ¯
¯x¯
• ∀x ∈ R\ {0} , ¯ ¯ = +∞;
0
• (−1) × (+∞) = −∞ , (−1) × (−∞) = +∞;
• (+∞) + (+∞) = +∞ , (−∞) + (−∞) = −∞;
• (+∞) × (+∞) = +∞.
Tem-se
x ∈ ]A, +∞[ ⇐⇒ x > A
x ∈ ]−∞, −A[ ⇐⇒ x < −A.
A definição de Cauchy pode agora generalizar-se aos casos em que a e b não são finitos.
Se a for infinito, Vδ (a) dá lugar a VA e se b for infinito, Vε (b) é substituída por VB .
Temos assim:
(1)
a∈R,b∈R
lim f (x) = b ⇐⇒ ∀ε > 0 ∃δ > 0 : x ∈ Vδ (a) \ {a} =⇒ f (x) ∈ V ε (b)
x→a
∀ε > 0 ∃δ > 0 : 0 < |x − a| < δ =⇒ |f (x) − b| < ε
(2)
a ∈ R , b = +∞
lim f (x) = +∞ ⇐⇒ ∀B > 0 ∃δ > 0 : x ∈ Vδ (a) \ {a} =⇒ f (x) ∈ VB
x→a
⇐⇒ ∀B > 0 ∃δ > 0 : 0 < |x − a| < δ =⇒ f (x) > B
(3)
a ∈ R , b = −∞
lim f (x) = −∞ ⇐⇒ ∀B > 0 ∃δ > 0 : x ∈ Vδ (a) \ {a} =⇒ f (x) ∈ V−B
x→a
⇐⇒ ∀B > 0 ∃δ > 0 : 0 < |x − a| < δ =⇒ f (x) < −B
(4)
a = +∞ , b ∈ R
lim f (x) = b ⇐⇒ ∀ε > 0 ∃A > 0 : x ∈ VA =⇒ f (x) ∈ Vε (b)
x→+∞
(5)
a = +∞ , b = +∞
lim f (x) = +∞ ⇐⇒ ∀B > 0 ∃A > 0 : x ∈ VA =⇒ f (x) ∈ VB
x→+∞
(6)
a = +∞ , b = −∞
lim f (x) = −∞ ⇐⇒ ∀B > 0 ∃A > 0 : x ∈ VA =⇒ f (x) ∈ V−B
x→+∞
(7)
a = −∞ , b ∈ R
lim f (x) = b ⇐⇒ ∀ε > 0 ∃A > 0 : x ∈ V−A =⇒ f (x) ∈ Vε (b)
x→−∞
(8)
a = −∞ , b = +∞
lim f (x) = +∞ ⇐⇒ ∀B > 0 ∃A > 0 : x ∈ V−A =⇒ f (x) ∈ VB
x→−∞
(9)
a = −∞ , b = −∞
lim f (x) = −∞ ⇐⇒ ∀B > 0 ∃A > 0 : x ∈ V−A =⇒ f (x) ∈ V−B
x→−∞
Exemplo 12.8.
1
Dada a função f definida por f (x) = , tem-se:
x
Quando x tende para zero, a imagem de f (x) não se aproxima de nenhum elemento de
R pelo que não existe lim f (x). Isto ocorre pois quando x tende para zero e x é positivo,
x→0
f (x) é arbitrariamente grande positivo, mas se x é negativo, f (x) é arbitrariamente
grande negativo.
12. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 101
lim f (x) = 3.
x→1+
Definição 12.8.
Seja f uma função real de variável real e a um ponto de acumulação do domínio de f .
Diz-se que b é o limite de f à esquerda (resp. direita) de a se para todo ε > 0 existir
um δ > 0 tal que
Teorema 12.1.
Seja f uma função real de variável real e a um ponto de acumulação do domínio.Para
b ∈ R,
lim f (x) = b ⇐⇒ lim+ f (x) = lim f (x) = b.
x→a x→a x→a−
Observação: Resulta deste teorema que se lim+ f (x) 6= lim f (x) então não existe
x→a x→a−
lim f (x).
x→a
Exemplo 12.9.
Observe-se o seguinte gráfico de uma função f .
• Tem-se:
lim f (x) = 1 , lim f (x) = 2,
x→−1− x→−1+
Exercício 12.4. ⎧
⎨ x2 + 1 se x>0
Seja t a função definida por t(x) = .
⎩ −1 − x2 se x<0
(1) O ponto 0 é ponto de acumulação de Dt ? Justifique.
(2) Esboce o gráfico da função.
(3) Graficamente, determine lim+ t(x) e lim− t(x).
x→0 x→0
(4) Existe lim t(x)? Justifique.
x→0
Exemplo 12.10.
√
Considere-se a função definida por f (x) = x − 2 cujo gráfico é o seguinte:
Verifica-se que:
Demonstração.
Suponhamos que
lim f (x) = b e limf (x) = c
x→a x→a
x ∈ Vδ (a) \ {a} ,
tem-se
f (x) ∈ Vε (b) ∩ Vε (c),
quer dizer ,
|f (x) − b| < ε e |f (x) − c| < ε.
|b − c| = |b − f (x) + f (x) − c|
|b − c| = |b − f (x) + f (x) − c|
≤ |f (x) − b| + |f (x) − c|
≤ 2ε.
Sendo ε arbitrário resulta que |b − c| = 0, isto é, b = c. Consequentemente lim f (x) é
x→a
único. ¤
12. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 105
Exercício 12.5.
Determine :
(1) lim 5;
x→3
(3) lim 0.
x→−∞
Exemplo 12.11.
Calcule lim (x + 3) .
x→2
Exercício 12.6.
Determine:
(1) lim (x + 2) ;
x→1
(2) lim (3 − x) ;
x→+∞
(3) lim (x + 5) ;
x→−∞
(4) lim (2 − x) .
x→−∞
Exercício 12.7.
Utilize esta propriedade para justificar que:
(1) lim [k.f (x)] = k.lim f (x) (k constante) ;
x→a x→a
h i2 h in
(2) lim [f (x)]2 = lim f (x) , mais geralmente lim [f (x)]n = lim f (x) .
x→a x→a x→a x→a
Exemplo 12.12.
Calcule lim (4x2 + 2x + 1) .
x→1
Resolução:
¡ ¢ ³ ´2
lim 4x2 + 2x + 1 = 4lim x2 + 2lim x + lim 1 = 4 lim x + 2 × 1 + 1 =
x→1 x→1 x→1 x→1 x→1
2
= 4 × 1 + 2 + 1 = 7.
Exercício 12.8.
Determine:
(1) lim (x2 + 3x + 2) ;
x→−2
Exemplo 12.13.
x
Determine lim .
x→2 x + 1
Resolução
x lim x 2 2
x→2
lim = = = .
x→2 x + 1 lim (x + 1) 2+1 3
x→2
Exercício 12.9.
Determine:
5
(1) lim ;
x→+∞ x2
1
2−
(2) lim x;
x→−∞ x2
2
x +3
(3) lim ;
x→0 x − 1
x
(4) lim − .
x→−1 x + 1
Exemplo 12.14.
5x
Calcule lim− √ .
x→8 6 − 5x − 4
Resolução:
5x lim− 5x
lim− √ = ¡ x→8 √ ¢=
x→8 6 − 5x − 4 lim− 6 − 5x − 4
x→8
40 40
= q = = +∞.
6− lim (5x − 4) 0+
x→8−
108 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
Exercício 12.10.
(1) Determine:
√
(a) lim 3 10 + 5x − x3 ;
x→−2
4x − 3
(d) lim − ;
x→−1 x + 1
x2
(e) lim − .
x→−3 x − 3
(b) Investigue se existe lim h(x) , calculando lim+ h(x) e lim− h(x).
x→3 x→3 x→3
(a) Mostrar que não existem lim f (x) nem lim g(x).
x→0 x→0
f (x) g(x)
(b) Determine lim e lim .
x→+∞ g(x) x→+∞ f (x)
12. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 109
Investigue se existe:
(a) lim t(x);
x→−1
12.6. Indeterminações.
Nas situações em que a aplicação das propriedades não permite chegar a um resultado,
estamos em presença de operações não definidas em R, a que chamamos indetermi-
nações. A resolução destas indeterminações deve ser feita caso a caso.
0 ∞
Vamos aqui ver métodos de resolução para as indeterminações ∞ − ∞, 0 × ∞, e .
0 ∞
12.6.1. Indeterminações quando x tende para a (finito).
Vamos verificar que todas as indeterminações deste tipo se podem reduzir à indeter-
0
minação .
0
x3 − 3x2 + 4x − 2
(1) lim
x→1 x2 − 3x + 2
0
Resolução. Aplicando o teorema do limite do quociente obtemos , o que
0
mostra que 1 anula os termos da fracção. Efectuando a divisão por, x − 1 pela
regra de Ruffini vem:
1 −3 4 −2 1 −3 2
1 1 −2 2 1 1 −2 .
1 −2 2 0 1 −2 0
Então:
x3 − 3x2 + 4x − 2 (x − 1) (x2 − 2x + 2)
lim = lim .
x→1 x2 − 3x + 2 x→1 (x − 1) (x − 2)
110 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
x3 − 3x2 + 4x − 2 x2 − 2x + 2
lim = lim = −1.
x→1 x2 − 3x + 2 x→1 x−2
√
x−3
(2) lim
x→9 x − 9
0
Resolução. Aplicando os teoremas sobre limites obtemos . Vamos multiplicar
√ 0
ambos os termos da fracção por x + 3, vem:
√ √ √
x−3 ( x − 3) ( x + 3)
lim = lim √
x→9 x − 9 x→9 (x − 9) ( x + 3)
x−9
= lim √
x→9 (x − 9) ( x + 3)
1 1
= lim √ = .
x→9 x + 3 6
∙ 2 ¸
x −4 3x + 1
(3) lim+ ×
x→2 x (x − 2)2
Resolução. Trata-se de uma indeterminação do tipo 0 × ∞ (porquê?) , mas se
efectuarmos a multiplicação vem
(x2 − 4) (3x + 1)
lim+ ,
x→2 x (x − 2)2
0
que é uma indeterminação do tipo . Tem-se sucessivamente:
0
∙ 2 ¸
x −4 3x + 1 (x2 − 4) (3x + 1)
lim+ × = lim
x→2 x (x − 2)2 x→2+ x (x − 2)2
(x − 2) (x + 2) (3x + 1)
= lim+
x→2 x (x − 2)2
(x + 2) (3x + 1)
= lim+
x→2 x (x − 2)
4×7
= = +∞.
2 × 0+
2x
2
(4) lim + x − 4 .
x→−2 5
x+2
12. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 111
∞
Resolução. Trata-se de uma indeterminação do tipo . Se efectuarmos previ-
∞
0
amente as operações indicadas obtém-se uma indeterminação do tipo . Vem:
0
2x
2 2x (x + 2)
lim + x − 4 = lim +
x→−2 5 x→−2 5 (x2 − 4)
x+2
2x (x + 2)
= lim +
x→−2 5 (x − 2) (x + 2)
2x 1
= lim + = .
x→−2 5 (x − 2) 5
µ ¶
1 1
(5) lim + + .
x→−1 x2 − 1 x + 1
Resolução. Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞ − ∞. Efectuando a
adição vem:
µ ¶ ∙ ¸
1 1 1 1
lim + = lim + +
x→−1+ x2 − 1 x + 1 x→−1 (x + 1) (x − 1) x + 1
1 + (x − 1)
= lim +
x→−1 (x + 1) (x − 1)
x
= lim +
x→−1 (x + 1) (x − 1)
−1
= = +∞
0−
12.6.2. Indeterminações quando x tende para +∞ ou −∞..
∞
De um modo geral as indeterminações reduzem-se ao tipo .
∞
2
6x + 7x + 3 ³ ∞ ´
(1) lim
x→+∞ 8x2 + 6x + 1 ∞
Resolução. Dividindo ambos os termos da fracção por x2 , vem:
7 3
6x2 + 7x + 3 6+
+ 2
lim = lim x x
x→+∞ 8x2 + 6x + 1 x→+∞ 6 1
8+ + 2
x x
6+0+0 3
= = .
8+0+0 4
1√ 2
(2) lim x +1 (0 × ∞)
x→−∞ 2x
112 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
1 + x12
= lim
x→−∞ 2x
√ |x|
1+0 1
= =− .
−2 2
4x µ ¶
x2
+1 0
(3) lim
x→−∞ x2 0
2x4 + 1
Resolução.
4x
2 4x (2x4 + 1) ³ ∞ ´
lim x + 2
1 = lim
x→−∞ x x→−∞ (x2 + 1) x2 ∞
4
2x + 1
8x5 + 4x
= lim .
x→−∞ x4 + x2
4
8x + 4x5 8+
lim 4 = lim x4
x→−∞ x + x2 x→−∞ 1 1
+ 3
x x
8+0
= = −∞.
0−
Resolução:
∙ µ ¶¸
3 3 3 2
lim (x − 3x + 2) = lim x 1 − 2 + 3 = +∞.
x→+∞ x→+∞ x x
¡√ √ ¢
(5) lim x2 + x − x2 + 1 (∞ − ∞)
x→+∞
12. LIMITES DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 113
x3 − 6x2 + 11x − 6
(4) lim+ (R : + ∞) ;
x→1 x3 + x2 − 5x + 3
x
lim √
(5) x→0 (R : 0) ;
x
x−1
(6) lim √ (R : 2) ;
x→1 x − 1
√
x− x
(7) lim 3 (R : + ∞) ;
x→0 x −√
+ x2 µ ¶
1− x+4 1
(8) lim R: − ;
x→−3
∙ x+3 ¸ 2
3x + 2
(9) lim (x2 − 1) (R : 10) ;
x→1
∙ x¸− 1
4x + 3
(10) lim x2 2 (R : 0) ;
x→0 x + 3x
114 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
∙ ¸
5
(11) lim − (x + 3) (R : − ∞) ;
x→−3 9 + x2 + 6x
1
(12) lim x (R : 10) ;
x→0 2x + 1
x2
x µ ¶
1 − x 2
(13) lim R: − ;
x→1 x + 2 3
2−1
xµ ¶
1 1
(14) lim − 2 (R : − ∞) ;
x→0+
µx x ¶
1 1
(15) lim − (R : − ∞) ;
x→−2+ 4 − x2 x + 2
3 + 7x
(16) lim (R : − 7) ;
x→+∞ 2 − x
2x2 + 5x
lim
(17) x→−∞ x2 + 3x + 2 (R : 2) ;
x3 + 5x
(18) lim (R : − ∞) ;
x→−∞ 7x2 − 3
x2
(19) lim 3 (R : 0) ;
x→+∞ x
∙ +9 ¸
x
(20) lim (x + 3) (R : 1) ;
x→+∞ x2 + 1
µ ¶ µ ¶
x2 1 1
(21) lim R: ;
x→−∞ 3x2 + 1 x 3
(22) lim (x3 − x) (R : − ∞) ;
x→−∞
lim h(x) = 1
x→2
Definição 13.1.
Seja a um ponto de acumulação do domínio de uma função real de variável real f .
Diz-se que f é contínua no ponto a se e só se existe lim f (x) e
x→a
Caso não exista lim f (x) ou este seja diferente de f (a), diremos que f é descontinua
x→a
em x = a.
Diz-se que f é contínua à direita ( resp. esquerda ) de a se e só se
Nota:
Não faz qualquer sentido falar em continuidade ou em descontinuidade
de uma função f num ponto a que não pertença ao domínio ( não
existiria f (a)) ou num ponto isolado do domínio (não faria sentido
falar em lim f (x)).
x→a
Resolução:
f é contínua em x = 1 se e só se existir lim f (x) e lim f (x) = f (1). Como
x→1 x→1
à direita e à esquerda de 1 a função está definida por expressões diferentes,
vamos determinar os limites laterais. Tem-se:
Como os limites laterais são diferentes, não existe lim f (x) e consequentemente
x→1
f não é contínua em x = 1.
Observação: Como lim+ f (x) = f (1), f é contínua à direita em x = 1.
x→1
13. CONTINUIDADE DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 117
Assim lim g(x) = 3. Por outro lado, g(−2) = 1, pelo que lim g(x) 6= g(−2) e
x→−2 x→−2
a função g não é contínua no ponto x = −2.
• Seja h a função definida em R, por
⎧
⎨ x3 − 5x + 2 se x > 0
h(x) = .
⎩ x+2 se x < 0
Exercício 13.1.
Resolva cada um dos seguintes exercícios:
(1) (a)
⎫
lim+ f (x) = ... ⎪
⎬
x→1
• =⇒ não existe lim f (x).
lim− f (x) = ... ⎪
⎭ x→1
x→1
• f não é .............. no ponto x = 1.
(c)
Estude a continuidade em x = 3.
(3) Seja t a função definida, em R, por:
⎧
⎪
⎪ 2
⎨ x − 3x + 1 se x > 0
⎪
t(x) = 2 se x = 0 .
⎪
⎪
⎪
⎩ x+1 se x < 0
Averigue se é contínua em x = 0.
(4) Seja g uma função real, de variável real, em que
g(x) = |x − 3| + x.
Propriedade 13.2.1.
Sejam f e g funções contínuas num ponto a pertencente a Df ∩ Dg e ponto de acumu-
lação de Df ∩ Dg . Então:
f
f + g, f − g, f.g e (g (a) 6= 0) ,
g
são contínuas no ponto a.
Demonstração.
As demonstrações resultam imediatamente das propriedades dos limites e da definição
de continuidade. Vejamos apenas o caso f + g, deixando os outros como exercício.
Sendo f e g contínuas em a tem-se:
Assim:
Propriedade 13.2.2.
Se p ∈ N e f é uma função contínua no ponto a, também são contínuas em a as funções
√
f p e p f (excepto se p par e f (x) < 0) .
Exemplo 13.1.
Considere os seguintes exemplos:
Exemplo 13.2.
Estude a continuidade da função f real, de variável real, definida por:
⎧
⎪
⎪ 2
⎨ x − 1 se x > 2
⎪
f (x) = 3 se x = 2 .
⎪
⎪
⎪
⎩ 7 se x < 2
122 IV. GENERALIDADES SOBRE FUNÇÕES.
Resolução.
Para x > 2 a função é definida por um polinómio, então f é contínua no intervalo
]2, +∞[ . Como para x < 2 f é constante, é contínua no intervalo ]−∞, 2[ . Resta
estudar a continuidade de f no ponto x = 2. Como:
Exemplo 13.3.
Para cada número real k a expressão seguinte representa uma função real, de variável
real: ⎧
⎪
⎪ 2
⎨ 2x
⎪ se x < 2
g(x) = k se x = 2 .
⎪
⎪
⎪
⎩ −x + 3 se x > 2
(1) Mostrar que para qualquer valor de k a função tem um ponto de descon-
tinuidade.
Resolução.
A função é contínua em ]−∞, 2[ e ]2, +∞[ por ser representada por polinómios.
Em x = 2, tem-se:
pelo que não existe lim g(x). Assim, o valor do limite não existe independen-
x→2
temente do valor de k, o que significa que a função é sempre descontínua no
ponto x = 2, qualquer que seja k.
(2) Qual deve ser o valor de k de modo que a função g seja contínua à direita de
2?
13. CONTINUIDADE DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL. 123
Resolução.
A função será contínua à direita de 2 se lim+ g(x) = g(2), ou seja k = 1.
x→2
(3) Indique os valores de k de modo que a função seja descontinua à esquerda e à
direita no ponto x = 2 (descontinuidade bilateral).
Resolução.
Para termos uma descontinuidade bilateral, temos que ter:
k 6= 1 (descontinuidade à direita)
e
k 6= 8 (descontinuidade à esquerda) .
Logo k ∈ R\ {1, 8} .
Teorema 13.1.
Seja f uma função contínua num ponto a do seu domínio e g uma função contínua em
b = f (a) então gof é contínua em a.
Nota:
Pelo resultado anterior,
ou seja
lim g [f (x)] = g [f (a)] ,
x→a
ou ainda
h i
lim g [f (x)] = g lim f (x) .
x→a x→a
Funções transcendentes.
Definição 1.1.
Chama-se função exponencial de base a à função real de variável real,
expa : R → R+
x 7→ y = ax , a ∈ R+ \{1}.
Propriedades 1.1.1.
• O seu domínio é R.
• O seu contradomínio é R+ .
• ax1 = ax2 =⇒ x1 = x2 , ∀ x1 , x2 ∈ R.
Assim, a função exponencial é injectiva.
(1) a > 1
• x > 0 =⇒ ax > 1;
• x = 0 =⇒ ax = 1;
• x < 0 =⇒ ax < 1;
• x1 < x2 ⇐⇒ ax1 < ax2 , ∀ x1 , x2 ∈ R (função estritamente crescente)
• lim ax = +∞; lim ax = 0;
x→+∞ x→−∞
• é contínua em todo o seu domínio;
• o gráfico da função quando a > 1 é:
125
126 V. FUNÇÕES TRANSCENDENTES.
15
y
10
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
x
(2) a < 1
• x > 0 =⇒ ax < 1;
• x = 0 =⇒ ax = 1;
• x < 0 =⇒ ax > 1;
• x1 < x2 ⇐⇒ ax1 > ax2 , ∀ x1 , x2 ∈ R (função estritamente decrescente)
• lim ax = 0; lim ax = +∞;
x→+∞ x→−∞
• é contínua em todo o seu domínio;
• o gráfico da função quando 0 < a < 1 é:
y 30
20
10
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
x
Exemplo 1.1.
Determine, em R, o conjunto solução de cada uma das seguintes condições:
Resolução:
¡ ¢
x2 × 3−x − 2 × 3−x = 0 ⇐⇒ 3−x x2 − 2 = 0 ⇐⇒
⇐⇒ 3−x = 0 ∨ x2 − 2 = 0 ⇐⇒ x2 − 2 = 0 ⇐⇒
√ √
⇐⇒ x = − 2 ∨ x = 2.
(como a função exponencial não tem zeros, a primeira equação, isto é, 3−x = 0,
é impossível). O conjunto solução é
n √ √ o
− 2, 2 .
2
(2) (0, 5)x > (0, 125)2x .
Resolução:
µ ¶x2 µ ¶2x µ ¶x2 µ ¶6x
x2 1 1 1 1
(0, 5) > (0, 125)
2x
⇐⇒ > ⇐⇒ > .
2 8 2 2
Atendendo a que a função exponencial de base menor que a unidade é decres-
cente, vem:
x2 ≤ 6x ⇐⇒ x2 − 6x ≤ 0 ⇐⇒ x (x − 6) ≤ 0 ⇐⇒ x ∈ [0, 6] .
O conjunto solução é
[0, 6] .
2 −3x
(3) 10x > 0, 01.
Resolução:
2 −3x 2 −3x
10x > 0.01 ⇐⇒ 10x > 10−2 .
O conjunto solução é
Exercício 1.1.
Considere a função real, de variável real, definida por:
f (x) = 1 − 72−x .
Exercício 1.2.
Determine, em R, o conjunto solução das inequações:
(1) 5x−1 > 55−4x ;
2 1
(2) 0.5x ≥ ( )3x .
8
Soluções:
(1) ]6/5, +∞[;
(2) [0, 9].
Exercício 1.3.
Considere as funções g e m, reais de variável real, definidas por:
µ ¶x−4
2x+x2 1
g (x) = 4 − 1 e m (x) = + 2.
3
(1) Indique o domínio e o contradomínio de cada uma delas.
(2) Calcule os zeros de g e os de m.
(3) Determine os valores de x tais que:
(a) g(x) = g(1);
(b) g(x) > 15;
1. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARíTMICA 129
Note-se que esta função tem todas as propriedades da função f (x) = ax , com a > 1 e
ainda,
ex − 1
lim =1
x→0 x
ex
lim p = +∞, p ∈ R .
x→+∞ x
Exercício 1.4.
Calcule cada um dos seguintes limites:
µ ¶
5x 5
(1) lim 3x ;
x−→0 e −1 3
ex+1 − e
(2) lim− (+∞);
x→0 x2
ln (1 + u)
(3) lim (1) .
u−→0 u
Definição 1.2.
Logaritmo de um número positivo x na base a, positiva e diferente de um, é o número
130 V. FUNÇÕES TRANSCENDENTES.
loga x = y ⇐⇒ x = ay .
e que,
loga ay = y.
Propriedades 1.2.1.
Sendo x e y números positivos e a e b números positivos diferentes de 1, tem-se:
• loga (x.y) = loga x + loga y;
• loga ( xy ) = loga x − loga y;
• loga xp = p loga x, ∀ p ∈ R;
√
• loga n x = n1 loga x, ∀ n ∈ N (Caso particular da propriedade anterior);
• logb x = loga x. logb a.
Definição 1.3.
Sendo a função exponencial uma função injectiva, admite inversa. Chama-se função
logarítmica à sua inversa.
+
loga : R → R
x 7→ y = loga x ⇐⇒ x = ay , a ∈ R + \{1}.
Propriedades 1.2.2.
• O seu domínio é R+ .
• O seu contradomínio é R.
• Tem um zero para x = 1, pois
loga x = 0 ⇐⇒ x = a0 ⇐⇒ x = 1.
1. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARíTMICA 131
(1) a > 1
• x > 1 =⇒ loga x > 0;
• x = 1 =⇒ loga x = 0;
• x < 1 =⇒ loga x < 0;
• x1 < x2 =⇒ loga x1 < loga x2 , ∀ x1 , x2 ∈ R+ (função estritamente
crescente);
• lim loga x = +∞; lim+ loga x = −∞;
x→+∞ x→0
• é contínua em todo o seu domínio;
• o gráfico da função quando a > 1 é:
2
y
1
-2 -1 1 2 3 4 5
x
-1
-2
(2) a < 1
• x > 1 =⇒ loga x < 0;
• x = 1 =⇒ loga x = 0;
• x < 1 =⇒ loga x > 0;
• x1 < x2 =⇒ loga x1 > loga x2 , ∀ x1 , x2 ∈ R+ (função estritamente
decrescente);
• lim loga x = −∞; lim+ loga x = +∞;
x→+∞ x→0
• é contínua em todo o seu domínio;
132 V. FUNÇÕES TRANSCENDENTES.
4
y
-2 -1 1 2 3 4 5
x
-2
Exemplo 1.2.
Considere os seguintes exercícios:
(1) Seja f a função real, de variável real, definida por:
Resolução:
1 5
2 + 3x < ∧ x ∈ Df ⇐⇒ x < − x ∈ Df .
3 9
O conjunto solução é
¸ ∙
2 5
− ,− .
3 9
1 1
y = 3+log7 (2x − 1) ⇐⇒ y − 3 = log7 (2x − 1) ⇐⇒
2 2
⇐⇒ 2 (y − 3) = log7 (2x − 1) ⇐⇒ 2x − 1 = 72y−6 ⇐⇒
1 1
⇐⇒ x = + × 72y−6 .
2 2
Exercício 1.5.
Considere a função real, de variável real, definida por:
Determine:
Exercício 1.6.
Caracterize a função inversa de cada uma das seguintes f.r.v.r.:
(1)
y −1 : ]1, +∞[→ R
x 7−→ 1 + log3 (x − 1) :
(2)
y −1 : R → ] − ∞, 13 [
1
x 7−→ 3
− 13 ( 12 )x :
(3)
y −1 : R → ] − 5, +∞[
x 7−→ −5 + 105−x .
1. FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARíTMICA 135
Exercício 1.7.
Determine o conjunto solução das condições:
(1) 4(ln x)2 − 3 ln x − 7 < 0;
(2) ex + 7e−x = 8.
Soluções.
7
(1) ]e−1 , e 4 [;
(2) {0, ln 7}.
Exercício 1.8.
Determine E, sabendo que:
1
ln E = ln x + 2lny + 1.
2
√
Solução: E = e.y 2 . x.
CAPÍTULO VI
Trigonometria
c
a
α
C A
b
Temos que:
a
sin α = logo a = c sin α
c
b
cos α = logo b = c cos α.
c
Pelo Teorema de Pitágoras:
a2 + b2 = c2 .
Então,
sin2 α + cos2 α = 1,
sabendo que √
3
tan α = .
5
Resolução. Tendo em conta a fórmula:
1
1 + cot2 α = ,
sin2 α
vem
25 1 3
1+ = 2 ⇔ sin2 α = .
3 sin α 28
Exercício 1.1.
√ 7
Sendo α um ângulo agudo e tan α = 5, calcule sin2 α + 2 cos2 α. Solução:
6
Exercício 1.2.
Sendo α um ângulo agudo, mostre que:
sin α 1 + cos α 2
+ = .
1 + cos α sin α sin α
140 VI. TRIGONOMETRIA
O A B
• •
Se a semi-recta OA ficar fixa (lado de origem) e a semi-recta OB (lado de extremidade)
rodar em torno da origem no sentido contrário aos ponteiros do relógio, obtém-se o
ângulo positivo AOB.
B
O
A
• •
Se a semi-recta OA fica fixa (lado de origem) e a semi-recta OB (lado de extremidade)
vai rodar em torno da origem no sentido dos ponteiros do relógio obtém-se o ângulo
negativo AOB.
A
O
2º quadrante 1º quadrante
y
C
+
x
A
3º quadrante 4º quadrante
O A x
•
Imaginemos agora que a semi-recta OB vai dar voltas completas em ambos os sentidos.
Os ângulos:
2.4. O radiano.
Na figura seguinte representou-se um arco AB cujo comprimento é igual ao raio da
circunferência.
Exemplo 2.1.
Reduza a radianos os ângulos 45o , 150o e −30o .
Resolução:
x = 18 y = 135 z ' 57
π 3π
Assim, rad correspondem a 18o , rad a 135o e 1 rad a 57o .
10 4
144 VI. TRIGONOMETRIA
Exercício 2.1.
Reduza a radianos cada uma das seguintes amplitudes:
³π ´
(1) 60o rad
3
³π ´
o
(2) 90 rad
2
µ ¶
o 7π
(5) 210 rad
6
µ ¶
7π
(6) −315o − rad .
4
Exercício 2.2.
Exprima no sistema sexagesimal:
π
(1) − rad (−60o )
3
2π
(2) rad (120o )
3
5π
(3) rad (300o )
3
11π
(4) rad (165o ) .
12
3.1. Definições.
Na figura seguinte o lado de extremidade do ângulo α intersecta a circunferência de
raio 1 e centro O no ponto P → (x, y) e a circunferência de raio r e centro O no ponto
3. GENERALIZAÇÃO DAS RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS 145
P1 → (a, b) .
Temos:
b y
sin α = = =y
r 1
a x
cos α = = =x
r 1
b y
tan α = =
a x
a x
cot α = = .
b y
−1 ≤ sin α ≤ 1.
−1 ≤ cos α ≤ 1.
Exercício 3.1.
Determine as razões trigonométricas de:
148 VI. TRIGONOMETRIA
√ √
π π 1 π 3 π 3 π √
(1) Solução: sin = , cos = , tan = , cot = 3
6 6 2
√ 6 2√ 6 3 6
π π 2 π 2 π π
(2) Solução: sin = , cos = , tan = 1, cot = 1
4 4 √2 4 2 4 4 √
π π 3 π 1 π √ π 3
(3) Solução: sin = , cos = , tan = 3, cot =
3 3 2 3 2 3 3 3
Exemplo 4.1.
Simplifique a expressão sin (3π − α) + cos (α − 7π) + tan (4π − α) .
Resolução. Temos:
Logo,
Exercício 4.1. µ ¶
π 3π 3π √
Sabendo que < α < e tan − α = 2, mostre que:
2 2 2
³π ´ 3 − 2√3
2 2 3
tan (π − α) − sin (α − 9π) + cos −α = .
2 18
Exercício 4.2.
³ π ´
Sabendo que cot − − β = 5 e que β ∈ ]0, π[ , mostre que:
2
³ µ ¶ √
π´ 5π 26 + 65
sin −β − + cos (π + β) − cot −β =− .
2 2 13
5. Equações trigonométricas
• Quando p ∈ ]−1, 1[ , há duas soluções em [0, 2π] e, se uma delas for α, temos:
π
sin x = −1 ⇔ x = − + 2kπ, k ∈ Z
2
π
sin x = 1 ⇔ x = + 2kπ, k ∈ Z
2
sin x = 0 ⇔ x = kπ, k ∈ Z.
Exemplo 5.1.
³ π´ 1
Resolva em R a equação sin 2x + = .
3 2
Resolução:
³ π´ 1
sin 2x + =
3 2
π π π π
⇔ 2x + = + 2kπ ∨ 2x + = π − + 2kπ, k ∈ Z
3 6 3 6
π π
⇔ x = − + kπ ∨ x = + kπ, k ∈ Z.
12 4
n π π o
S = x ∈ R : x = − + kπ ∨ x = + kπ, k ∈ Z .
12 4
Exemplo 5.2.
√
Resolva em R a equação 2 + 2 sin (3x) = 0.
Resolução:
√
2 + 2 sin (3x) = 0
√
2
⇔ sin (3x) = −
2
π π
⇔ 3x = − + 2kπ ∨ 3x = π + + 2kπ, k ∈ Z
4 4
π 2 5π 2
⇔ x = − + kπ ∨ x = + kπ, k ∈ Z.
12 3 12 3
½ ¾
π 2 5π 2
S = x ∈ R : − + kπ ∨ x = + kπ, k ∈ Z .
12 3 12 3
5. EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 153
Exemplo 5.3.
Resolva em R a equação sin3 (2x) − sin (2x) = 0.
Resolução:
½ ¾
kπ 3π π
S= x∈R:x= ∨x= + kπ ∨ x = + kπ, k ∈ Z .
2 4 4
Exercício 5.1.
Resolva em R as seguintes equações:
½ ¾
√ π 2kπ 2π 2kπ
(1) 2 sin (5x) = 3; S= x∈R:x= + ∨x= + , k∈Z ;
15 5 15 5
½ ¾
√ π 3π
(2) 2 − 2 sin x = 0; S = x ∈ R : x = + 2kπ ∨ x = + 2kπ, k ∈ Z ;
4 4
√ ½ ¾
7x 3 2π 4kπ 8π 4kπ
(3) sin =− ; S= x∈R:x=− + ∨x= + , k∈Z ;
2 2 21 7 21 7
• Quando p ∈ ]−1, 1[ , há duas soluções em [0, 2π] e, se uma delas for α, temos:
cos x = −1 ⇔ x = π + 2kπ, k ∈ Z
cos x = 1 ⇔ x = 2kπ, k ∈ Z
π
cos x = 0 ⇔ x = + kπ, k ∈ Z.
2
• Se p ∈ R \ [−1, 1] , a equação é impossível.
Exemplo 5.4. √
2
Resolva em R a equação cos (3x) = .
2
Resolução: √
2
cos (3x) =
2
π π
⇔ 3x = + 2kπ ∨ 3x = − + 2kπ, k ∈ Z
4 4
π 2kπ π 2kπ
⇔x= + ∨x=− + , k ∈ Z.
½ 12 3 12 3 ¾
π 2kπ π 2kπ
S= x∈R:x= + ∨x=− + , k∈Z .
12 3 12 3
Exemplo 5.5.
³ π´
Resolva em R a equação cos (5x) = − cos x + .
6
Resolução:
³ π´
cos (5x) = − cos x + [− cos γ = cos (π − γ)]
6
³ π´
⇔ cos (5x) = cos π − x −
6
5π 5π
⇔ 5x = − x + 2kπ ∨ 5x = − + x + 2kπ, k ∈ Z
6 6
5π kπ 5π kπ
⇔x= + ∨x=− + , k ∈ Z.
36 3 24 2
½ ¾
5π kπ 5π kπ
S= x∈R:x= + ∨x=− + , k∈Z .
36 3 24 2
Exercício 5.2.
Resolva em R as seguintes equações:
5. EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 155
³ √
π´ 3 n π π o
(1) cos x + = ; S = x ∈ R : x = − + 2kπ ∨ x = − + 2kπ, k ∈ Z ;
3 √ 2 ½ 6 2 ¾
2 3π 2 3π 2
(2) cos (5x) = − ; S= x∈R:x= + kπ ∨ x = − + kπ, k ∈ Z ;
2 ½ 20 5 20 5 ¾
³ π ´ 1 kπ π kπ
(3) cos2 2x + = ; S= x∈R:x= ∨x=− + , k∈Z ;
3 4 © 2 3 2 ª
(4) 4 cos2 x−12 cos x+5 = 0; S = x ∈ R : x = π3 + 2kπ ∨ x = − π3 + 2kπ, k ∈ Z ;
n π o
2
(5) sin x = − sin x cos x; S = x ∈ R : x = kπ ∨ x = − + kπ, k ∈ Z ;
n 4 o
π
(6) cos2 x + cos x = 0. S = x ∈ R : x = + kπ ∨ x = π + 2kπ, k ∈ Z .
2
Exemplo 5.6.
Resolva em R a equação tan2 (2x) = 1.
Resolução:
tan2 (2x) = 1
⇔ tan (2x) = ±1.
Exercício 5.3.
Resolva em R as seguintes equações:
156 VI. TRIGONOMETRIA
½ ¾
√ π kπ
(1) tan (2x) = − 3; S= x∈R:x=− + , k∈Z ;
½ 6 ¾2
π 3π
(2) cot x = cot (3x) , em [0, 2π] . S= , .
2 2
f: R→ [−1, 1]
x 7−→ f (x) = sin x.
1.0
y
0.5
-10 -8 -6 -4 -2 2 4 6 8 10
-0.5 x
-1.0
y = sin x
Temos:
• Df = R
• Df0 = [−1, 1]
• A função seno é contínua em R
• A função seno é limitada
• sin (2π + x) = sin x (A função seno é periódica de período 2π)
• sin (−x) = − sin x, ∀ x ∈ R (A função seno é uma função ímpar)
π
• A função seno tem máximos relativos para: x = + 2kπ, k ∈ Z
2
3π
• A função seno tem mínimos relativos para: x = + 2kπ, k ∈ Z
2
• A função seno tem zeros para: x = kπ, k ∈ Z
• A função seno não é injectiva: 0 6= π e sin (0) = sin π = 0 (por exemplo)
• Não existe lim sin x.
x→±∞
6. FUNÇÕES CIRCULARES DIRECTAS 157
Exemplo 6.1.
Determine o parâmetro real p, de modo que a expressão
3p − 5
2
possa representar o seno de um ângulo.
Resolução: Como o seno de um ângulo varia entre −1 e 1, terá de ser
3p − 5
−1 ≤ ≤ 1.
2
Então:
3p − 5 7
−1 ≤ ≤ 1 ⇔ −2 ≤ 3p − 5 ≤ 2 ⇔ 3 ≤ 3p ≤ 7 ⇔ 1 ≤ p ≤ .
2 3
Assim, ∙ ¸
7
p ∈ 1, .
3
Exercício 6.1.
Determine o domínio e o contradomínio das funções reais, de variável real, definidas
por:
³ π´
(1) p (x) = 2 sin x + ; Solução: Dp = R e Dp0 = [−2, 2]
3
(2) r (x) = −1 − sin2 (3x) . Solução: Dr = R e Dr0 = [−2, −1]
Exercício 6.2.
Considere a função real, de variável real, definida em [−π, π] por f (x) = 2 sin x.
(1) Determine o contradomínio, os zeros e os intervalos em que a função é cres-
cente e positiva.
(2) Indique um ponto em que a função seja máxima.
Soluções.
(1) (a) Df0 = [−2, 2] .
(b) Zeros: −π, 0 e π.
h π πi
(c) A função é crescente em − , , e é positiva no 1.o e 2.o quadrantes.
³π ´ 2 2
(2) S = ,2 .
2
158 VI. TRIGONOMETRIA
Exercício 6.3.
Considere a função real, de variável real, definida por f (x) = sin (2πx) .
Exercício 6.4.
Mostre que a função real, de variável real, definida por f (x) = 2 sin (2x) é ímpar.
1.0
y
0.5
-10 -8 -6 -4 -2 2 4 6 8 10
-0.5 x
-1.0
y = cos x
Temos:
• Df = R
• Df0 = [−1, 1]
• A função co-seno contínua em R
• A função co-seno é limitada
• cos (2π + x) = cos x (A função co-seno é periódica de período 2π)
• cos (−x) = cos x, ∀ x ∈ R (A função co-seno é uma função par)
• A função co-seno tem máximos relativos para: x = 2kπ, k ∈ Z
• A função co-seno tem mínimos relativos para: x = π + 2kπ, k ∈ Z
π
• A função co-seno tem zeros para: x = + kπ, k ∈ Z
2
6. FUNÇÕES CIRCULARES DIRECTAS 159
³π ´ µ ¶
π 3π 3π
• A função co-seno não é injectiva: 6= e sin = sin = 0
2 2 2 2
(por exemplo)
• Não existe lim cos x.
x→±∞
Exemplo 6.2.
Determine os valores reais de m tais que a equação
cos (x) + 1 − m2 = 0
−1 ≤ m2 − 1 ≤ 1.
Então,
h √ √ i
m2 ≥ 0 ∧ m2 − 2 ≤ 0 ⇔ m2 − 2 ≤ 0 ⇔ m ∈ − 2, 2 .
Exercício 6.5.
Considere a função real, de variável real, definida por f (x) = 1 + cos (x − π) . Indique:
(1) o domínio e o contradomínio de f ;
(2) os zeros e o sinal da função;
(3) os quadrantes onde a função é crescente e onde é decrescente.
Soluções:
(1) Df = R; Df0 = [0, 2] .
(2) Os zeros de f são todos os valores da forma 2kπ, k ∈ Z.
(3) A função é crescente nos 1.o e 2.o quadrantes e decrescente nos 3.o e 4.o qua-
drantes.
Exercício 6.6.
Determine o parâmetro real p, de modo que seja possível, em R, cada uma das seguintes
equações.
∙ ¸
1 − 3p 4
(1) cos x = ; Solução: p ∈ − , 2 .
5 3
160 VI. TRIGONOMETRIA
£ √ √ ¤
(2) 3 cos x − 1 − p2 = 0. Solução: p ∈ − 2, 2 .
" √ √ #
3− 5 3+ 5
(3) cos x = p2 − 3p + 2. Solução: p ∈ , .
2 2
Exercício 6.7.
Considere a funções reais, de variável real, definidas por:
Determine.
³π ´ ³π ´ ³π ´
(1) p +r −r ; Solução: 2.
³ π6 ´ ³ π ´4 2
(2) r .p ; Solução: 3.
6 3
Exercício 6.8.
Calcule o período da funções reais, de variável real, definidas por:
π
(1) f (x) = cos (4x) ; Solução: .
2
(2) g (x) = 4 + cos x; Solução: 2π.
(3) h (x) = 4 cos x; Solução: 2π.
10
y
5
-6 -4 -2 2 4 6
x
-5
-10
y = tan x
6. FUNÇÕES CIRCULARES DIRECTAS 161
Temos:
nπ o
• Df = R \ + kπ, k ∈ Z
2
• Df0 = R
• tan (π + x) = tan x, ∀ x ∈ Df (A função tangente é periódica de período π)
• tan (−x) = − tan (x) , ∀ x ∈ Df (A função tangente é uma função ímpar)
• A função tangente tem zeros para: x = kπ, k ∈ Z
• A função tangente é crescente em todos os intervalos do domínio.
Exemplo 6.3.
Considere a função real, de variável real, definida por f (x) = −1+tan (x + π) . Indique:
(1) o domínio e o contradomínio de f ;
(2) os zeros da função.
Resolução.
n π o n π o
(1) Df = x ∈ R : x + π 6= + kπ, k ∈ Z = x ∈ R : x 6= − + kπ, k ∈ Z ;
2 2
Df0 = R.
(2) Os zeros da função f são as soluções da equação f (x) = 0.
f (x) = 0 ⇔ tan (x + π) = 1
π
⇔ x + π = + kπ, k ∈ Z
4
3π
⇔ x = − + kπ, k ∈ Z.
4
Exercício 6.9.
³π ´
Considere a função real, de variável real, definida por f (x) = tan − x . Determine:
³π ´ ³π ´ 2
(1) f −f ;
2 4
(2) o domínio e o contradomínio da função;
(3) os seus zeros;
(4) o período de f.
Soluções:
(1) −1;
(2) Df = {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z} ; Df0 = R;
162 VI. TRIGONOMETRIA
π
(3) x = + kπ, k ∈ Z;
2
(4) π.
f : R \ {kπ, k ∈ Z} −→ R
x 7−→ f (x) = cot x.
A sua representação gráfica é:
y 10
-6 -4 -2 2 4 6 8
x
-5
-10
y = cot x
Temos:
• Df = R \ {kπ, k ∈ Z}
• Df0 = R
• cot (π + x) = cot x, ∀ x ∈ Df (A função co-tangente é periódica de período π)
• cot (−x) = − cot x, ∀ x ∈ Df (A função tangente é uma função ímpar)
π
• A função tangente tem zeros para: x = + kπ, k ∈ Z
2
• A função tangente é crescente em todos os intervalos do domínio.
CAPÍTULO VII
Cálculo diferencial em R
Recorda-se que a inclinação de uma recta é o ângulo que a recta faz com o semi-eixo
positivo dos xx. Assim o declive de uma recta que passa pelos pontos M0 = (x0 , y0 ) e
M1 = (x1 , y1 ) é igual a
y1 − y0
tg α = .
x1 − x0
Exercício 1.1.
Definição 2.1.
Seja f uma função real, de variável real, definida em ]a, b[ . Diz-se que f é derivável
em x0 ∈ ]a, b[ se existir e for finito
f (x) − f (x0 )
lim ,
x→x0 x − x0
a que se chama derivada de f em x0 .
f (x) − f (x0 )
Note-se que se lim for infinito, a função não é derivável em x0 , não
x→x0 x − x0
existindo f 0 (x0 ). Tal corresponde a uma recta tangente à curva de f em x0 paralela ao
eixo dos yy.
f (x) − f (x0 )
Vimos anteriormente que f 0 (x0 ) = lim . Assim, fazendo x = x0 + h
x→x0 x − x0
vem x − x0 = h, pelo que quando x tende para x0 , h tende para 0. Tem-se então
f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim .
h→0 h
Nota:
Uma equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (x0 , f (x0 ))
pode representar-se por
y − f (x0 ) = f 0 (x0 ) (x − x0 ) .
Exemplo 2.1.
(1) Considere-se a função f real, de variável real, definida por f (x) = x2 − 1.
Vamos verificar que esta função é derivável no ponto 1. Tem-se:
f (x) − f (1) x2 − 1 − 0 (x − 1) (x + 1)
lim = lim lim = lim (x + 1) = 2.
x→1 x−1 x→1 x − 1 x→1 x−1 x→1
Assim, f é derivável em x = 1 e f 0 1) = 2.
x
(2) A função f real, de variável real, definida por f (x) = é derivável no
x−1
ponto x0 = 0. De facto:
h
f (0 + h) − f (0) 1
lim = lim h − 1 = lim = −1.
h→0 h h→0 h h→0 h − 1
Exercício 2.1.
(1) Utilize a definição para calcular a derivada das funções nos pontos indicados:
(a) f (x) = x3 − 3x ; x0 = 1
1
(b) g(x) = 2 ; x0 = 3
x +1
x−1
(c) h(x) = ; x0 = 0.
x+1
(2) Determine uma equação da recta tangente ao gráfico de f definida por f (x) =
√
x2 + 9 no ponto de abcissa 4.
(3) Prove a partir da definição que sendo f (x) = xn , n ∈ N, se tem f 0 (1) = n.
y
4
-4 -2 0 2 4
x
Verifica-se que:
• Não existe recta tangente ao gráfico da função no ponto (0, 0) mas existem a
semi-tangente à esquerda e a semi-tangente à direita nesse ponto, no entanto
com declives diferentes.
• Não existe o número
f (x) − f (0)
lim
x→0 x−0
f (x) − f (0) f (x) − f (0)
mas existem lim+ (é igual a 1) e lim− (é igual a −1).
x→0 x−0 x→0 x−0
Diremos que a derivada lateral à direita em x0 = 0 é igual a 1 e que a derivada
lateral à esquerda em x0 = 0 é igual a −1.
2. DERIVADA DE UMA FUNÇÃO NUM PONTO; DERIVADAS LATERAIS. 167
Definição 2.2.
Seja f uma função real de variável real e x0 ∈ Df . Diz-se que f é derivável à esquerda
de x0 se existir o número real
f (x) − f (x0 )
lim− ,
x→x0 x − x0
f (x) − f (x0 )
lim+ ,
x→x0 x − x0
0 0 ¡ ¢ 0 ¡ +¢
f (x0 ) = f x− 0 = f x0 .
¡ ¢ f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 x−
0 = lim−
h→0 h
e
¡ ¢ f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 x+
0 = lim+ .
h→0 h
Geometricamente, a derivada à esquerda de x0 representa o declive da semi-tangente
à esquerda e a derivada à direita de x0 representa o declive da semi-tangente à direita.
168 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Exemplo 2.2.
Considere-se a função definida em R por
⎧
⎨ −x2 + 7 se x<2
f (x) =
⎩ x+1 se x≥2
Tem-se :
f (x) − f (2) −x2 + 7 − 3
lim− = lim−
x→2 x−2 x→2 x−2
− (x − 2) (x + 2)
= lim−
x→2 x−2
= lim− (−2 − x)
x→2
= −4.
Portanto f 0 (2− ) = −4. Por outro lado,
f (x) − f (2) x+1−3
lim+ = lim+
x→2 x−2 x→2 x−2
x−2
= lim
x→2+ x − 2
= 1.
Exercício 2.2.
(1) Verifique gráfica e analiticamente que a função f , definida em R por
⎧
⎨ x2 + 1 se x<2
f (x) = ,
⎩ 3x − 1 se x≥2
3. DERIVABILIDADE E CONTINUIDADE 169
é derivável para x = 1.
Tem-se
¡ ¢ f (x) − f (0)
f 0 (0) = f 0 0+ = lim+ = 1.
x→0 x−0
3. Derivabilidade e continuidade
Teorema 3.1.
Se uma função é derivável num ponto então é contínua nesse ponto.
Demonstração.
Suponhamos que f é derivável em x0 , isto é, existe e é finito
f (x) − f (x0 )
lim .
x→x0 x − x0
Como
f (x) − f (x0 )
f (x) − f (x0 ) = (x − x0 ) , x 6= x0
x − x0
vem
f (x) − f (x0 )
lim [f (x) − f (x0 )] = lim lim (x − x0 ) = f 0 (x0 ) × 0.
x→x0 x→x0 x − x0 x→x0
Como f 0 (x0 ) é um número real (finito), conclui-se que
isto é
lim f (x) = f (x0 )
x→x0
Exemplo 3.1.
Seja g a função definida em R por g(x) = |x + 1| .
(1) Mostre que g é contínua em x0 = 1.
Resolução: ⎧
⎨ x+1 se x ≥ −1
g (x) = ,
⎩ −x − 1 se x < −1
logo
lim g (x) = lim + (x + 1) = 0
x→−1+ x→−1
.
lim g (x) = lim − (−x − 1) = 0
x→−1− x→−1
Verifica-se que o recíproco do teorema anterior é falso, isto é, o facto de uma função
ser contínua num ponto não garante que seja derivável nesse ponto. Note que o teorema
anterior é falso se admitirmos que as derivadas podem tomar valores infinitos. Assim,
a função f : [0, 1] → R definida por
⎧
⎨ 1 se x ∈ ]0, 1]
f (x) =
⎩ 0 se x=0
4. FUNÇÃO DERIVADA 171
Exercício 3.1.
√
(1) A função m está definida por m(x) = x + 5.
(a) Aplicando a definição de derivada, calcule m0 (0) .
(b) A função é contínua no ponto 0?
(2) Considere a função real, de variável real, f definida por f (x) = |x − 3| .
(a) Mostre que f é contínua para x = 3.
(b) Calcule f 0 (3+ ) e f 0 (3− ) para verificar que não existe f 0 (3) .
4. Função derivada
Definição 4.1.
Seja f uma função real, de variável real. A função que a cada ponto do domínio faz
corresponder a derivada de f nesse ponto, caso exista, chama-se função derivada de f
e representar-se-á por f 0 .
Diremos que f é derivável num intervalo I ⊂ Df se for derivável em todos os pontos
de I.
Exemplo 4.1.
Determinar a função derivada da função definida em R por
⎧
⎨ x+1 se x>2
f (x) = .
⎩ 3x2 se x<2
Resolução:
172 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
f 0 : R\ {2} → R
⎧
⎨ 1 se x>2 .
x → f 0 (x) =
⎩ 6x se x<2
5. Regras de derivação
Demonstração.
f (x + h) − f (x) c−c 0
f 0 (x) = lim = lim = lim = 0, para todo o x ∈ R.
h→0 h h→0 h h→0 h
¤
5. REGRAS DE DERIVAÇÃO 173
Observações:
• A recta tangente em cada ponto coincide com a própria recta representa-
tiva da função.
• O declive de uma recta horizontal é igual a zero.
Exercício 5.1.
Indique a derivada das funções definidas por:
5 √
a) r(x) = −4; b) s(x) = c) t(x) = 2.
4
(2) Derivada da função identidade
Seja f a função definida em R por f (x) = x.
Tem-se:
f (x + h) − f (x) x+h−x
f 0 (x) = lim = lim = 1.
h→0 h h→0 h
Assim, se f (x) = x então f 0 (x) = 1 para todo o x ∈ R.
(3) Derivada de uma soma de funções
Sejam f e g deriváveis num intervalo I e x0 ∈ I. Então f + g é derivável em
x0 e
(f + g)0 (x0 ) = f 0 (x0 ) + g0 (x0 ).
Demonstração.
Tem-se:
(f + g) (x) − (f + g) (x0 ) f (x) − f (x0 ) g(x) − g(x0 )
lim = lim + lim =
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
= f 0 (x0 ) + g0 (x0 ).
174 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Assim f + g é derivável em x0 e
Exercício 5.2.
Determine a derivada de cada uma das funções definidas por:
(a) f (x) = x + 2;
3
(b) g(x) = + x;
4 √
(c) h(x) = x − 2.
Demonstração.
Tem-se:
(λf ) (x) − (λf ) (x0 ) f (x) − f (x0 )
lim = λ lim = λf 0 (x0 ) .
x→x0 x − x0 x→x 0 x − x0
Logo λf é derivável em x0 e
Exercício 5.3.
Calcule: µ ¶0 µ ¶0
0 1 1
a) (2x) ; b) − x ; c) 3 − x ; d) (−3x)0 .
3 3
(5) Derivada de um produto de funções
Sejam f e g deriváveis num intervalo I e x0 ∈ I. Então fg é derivável em I e
Demonstração.
Tem-se:
(f g) (x) − (f g) (x0 ) f (x) g (x) − f (x0 ) g (x0 )
=
x − x0 x − x0
e somando e subtraindo f (x0 ) g (x) vem:
(f g) (x) − (fg) (x0 ) f (x) − f (x0 ) g (x) − g (x0 )
= g (x) + f (x0 ) .
x − x0 x − x0 x − x0
Quando x → x0 , g (x) → g (x0 ) pois g é contínua (é derivável em x0 ), logo:
(f g) (x) − (f g) (x0 ) f (x) − f (x0 ) g (x) − g (x0 )
lim = g (x0 ) lim + f (x0 ) lim
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
0 0
= g (x0 ) f (x0 ) + f (x0 ) g (x0 ) .
Assim fg é derivável em x0 e
Exercício 5.4.
Calcule a derivada da função definida por f (x) = (x − 1) (x − 3) .
Exercício 5.5.
Calcule:
0 0 £ ¤0
a) (x3 ) ; b) (3x2 − 5x + 1) ; c) (x + 3)5 .
176 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Demonstração.
1
Vamos estudar em primeiro lugar a derivada de .
g
Tem-se:
1 1 1 1
(x) − (x0 ) −
g g g (x) g (x0 ) −1 g (x) − g (x0 )
= =
x − x0 x − x0 g (x) g (x0 ) x − x0
e portanto
1 1
(x) − (x0 )
g g g0 (x0 )
lim =− .
x→x0 x − x0 [g (x0 )]2
1
Assim é derivável em x0 e
g
µ ¶0
1 g 0 (x0 )
(x0 ) = − .
g [g (x0 )]2
Exercício 5.6.
Calcule: "µ
µ ¶0 µ ¶0 µ ¶0 ¶3 #0
1 3x + 1 3x2 + 4 x−1
a) ; b) ; c) ; d) .
x+3 x2 − 8x x2 + 9 x+3
5. REGRAS DE DERIVAÇÃO 177
Exercício 5.7.
Mostre que:
10 h i0 8x
−10 0 2 −4
a) (x ) = − 11 ; b) (x − 3) =− 5;
x (x2 − 3)
"µ ¶−3 #0
x−1 3 (2 − 3x)2
c) = .
2 − 3x (x − 1)4
Demonstração.
Logo g ◦ f é derivável em x0 e
Exercício 5.8.
Sendo f (x) = 2x − 3 e sabendo que g (1) = 4 e g0 (1) = 2, calcule:
a) (f ◦ g) (1) ; b) (f ◦ g)0 (1) .
Demonstração.
Seja y = f (x). Por definição, vem:
f (x) − f (x0 ) y − y0 1
f 0 (x0 ) = lim = lim = lim x − x .
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0 x→x0 0
y − y0
Exercício 5.9.
Sendo g uma função real de variável real invertível tal que g(2) = 10 e
0
g0 (2) = 4, calcule (g−1 ) (10) .
o que é equivalente a
1
f 0 (x) = √
n
.
n xn−1
¤
Exercício 5.10.
Derive cada uma das funções definidas por:
√ √
a) t(x) = 3 x; b) u(x) = 10 x.
Exercício 5.11.
µr ¶0
3
3−x
Calcule indicando o domínio de validade do resultado.
x−1
Observação:
√ 1
Tem-se n f = f n , n ∈ N pelo que podemos escrever
³ 1 ´0 f 0 (x0 ) 1
f n (x0 ) = 1 = nf n −1 (x0 ) f 0 (x0 ),
n (f n−1 ) n (x0 )
e a fórmula de derivação de uma potência de expoente inteiro pode generalizar-
se para um expoente racional nas condições acima indicadas.
Exercício 5.12.
h i
3 0
Determine (x2 + 3x + 1) 4 .
6. DERIVADAS DAS FUNÇÕES CIRCULARES 181
Demonstração.
Atendendo a que
p−q p+q
sen p − sen q = 2 sen cos
2 2
tem-se
µ ¶
h h
2 sen cos x +
sen (x + h) − sen x 2 2
lim = lim =
h→0 h h→0 h
h ∙ µ ¶¸
sen h
= lim 2 lim cos x + .
h→0 h h→0 2
2
Como a função co-seno é contínua, vem
h
sen (x + h) − sen x sen ∙ µ
h
¶¸
lim = lim 2 cos lim x + = 1. cos x = cos x
h→0 h h→0 h h→0 2
2
Assim a função seno é derivável e
(sen f )0 = f 0 cos f.
¤
182 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Exemplo 6.1.
Considere os seguintes exemplos:
(a) Sendo y = sen (2x + 3) , temos:
Exercício 6.1.
Calcule a derivada de cada uma das funções seguintes:
a) y = sen (2x + 1) ; b) y = sen5 (5x) ;
c) y = x sen x2 + 3 sen (2x) ; d) y = sen3 (x3 ) .
Demonstração.
³π ´
Atendendo a que cos x = sen − x , vem:
2
³π ´0 ³π ´
(cos x)0 = − x cos − x = − sen x.
2 2
Mais geralmente, sendo f derivável num intervalo I, cos f é derivável em todos
os pontos de I e
(cos f )0 = −f 0 sen f.
Exemplo 6.2.
Considere os seguintes exemplos:
(a) (x cos x)0 = (x)0 cos x + x (cos x)0 = cos x − x sen x.
6. DERIVADAS DAS FUNÇÕES CIRCULARES 183
0 0
(b) [cos (x2 + 3) + cos5 (2x)] = − (x2 + 3) sen (x2 + 3)+5 cos4 (2x) [cos (2x)]0 =
= −2x sen (x2 + 3) − 10 cos4 (2x) sen (2x).
Exercício 6.2.
Determine a derivada de cada uma das funções definidas por:
a) y = cos (3x2 − x) − x; b) y = 2 cos3 (1 − x) ;
c) y = cos x + x cos2 (x2 ) ; d) y = sen x cos x.
Exemplo 6.3.
Considere os seguintes exemplos:
(a)
√ 0 √ 0 √
[ x tg (2x + 3)] = ( x) tg (2x + 3) + x [tg (2x + 3)]0
1 √ 2
= √ tg (2x + 3) + x 2 ;
2 x √ cos (2x + 3)
tg (2x + 3) 2 x
= √ + 2
2 x cos (2x + 3)
184 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
(b)
0
[tg3 (sen x + 1)] = 3 tg2 (sen x + 1) [tg(sen x + 1)]0
.
= 3 tg2 (sen x + 1) cos x sec2 (sen x + 1)
Exercício 6.3.
Calcule a derivada de cada uma das funções definidas por:
µ ¶
1
a) y = tg ; b) y = tg2 (x2 + 1) ;
x+3
√
c) y = cos2 x + tg (x sen2 x) ; d) y = tg2 x2 + 1 + tg (cos x) .
Exercício 6.4.
Considere a função real de variável real definida por:
f (x) = 4 tg (4x) .
{x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z}
tendo-se
1
(cotg x)0 = − = −1 − cotg2 x = − cosec2 x.
sen2 x
Demonstração.
1
Como cotg x = , x 6= kπ, k ∈ Z, vem:
tg x
µ ¶0
0 1 (tg x)0 1
(cotg x) = =− 2 =− 2 .
tg x tg x sen x
¤
Exemplo 6.4.
Considere os seguintes exemplos:
(a)
£ ¡ ¢¤0 ¡ ¢0 ¡ ¢ ¡ ¢
cotg π3 − 3x = − π3 − 3x cosec2 π3 − 3x = 3 cosec2 π3 − 3x
(b)
¡ √ ¢0 √ ¡ √ ¢0
sen x cotg x = (sen x)0 cotg x + sen x cotg x =
√ 1
= cos x cotg x − sen x √ √ =
2 x sen2 x
√ sen x
= cos x cotg x − √ √ .
2 x sen2 x
Exercício 6.5.
Derive cada uma das funções seguintes: µ ¶
3 2 1 √
a) y = cotg (3x + 2x) ; b) y = 1 + cotg + x ;
x
c) y = tg (sen x) + cotg (cos x) ; d) y = cotg2 x2 + sen2 x2 .
(ex )0 = ex , x ∈ R.
Demonstração.
Tem-se
¡ ¢
ex+h − ex ex eh − 1 eh − 1
lim = lim = ex lim = ex .1 = ex .
h→0 h h→0 h h→0 h
¤
186 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Exemplo 7.1.
Considere os seguintes exemplos:
0
(a) (e3x+1 ) = (3x + 1)0 e3x+1 = 3e3x+1 .
¡ ¢0
(b) esin(3x) = [sin (3x)]0 esin(3x) = 3 cos (3x) esin(3x)
Exercício 7.1.
Resolva cada um dos seguintes exercícios.
(a) Seja f a função real de variável real definida por f (x) = e2x+5 . Escreva
uma equação da tangente ao gráfico de f no ponto de abcissa 2.
(b) Calcule a derivada de cada uma das funções definidas por:
x
(i) y = e− 2 ;
(ii) y = (x − 1)2 − e−x ;
1
(iii) y = ex sin x + e x .
Demonstração.
Uma vez que ax = ex ln a , vem
Exemplo 7.2.
³ ´0
2 0 2 2
2x +3x = (x2 + 3x) 2x +3x ln 2 = (2x + 3) 2x +3x ln 2.
7. DERIVADA DA FUNÇÃO EXPONENCIAL E FUNÇÃO LOGARíTMICA 187
Exercício 7.2.
Resolva cada um dos seguintes exercícios:
(a) A recta da equação y = 2x ln 2 + 1 é tangente ao gráfico da função real de
variável real definida por
t (x) = 22x .
(i) y = 2tg x ;
1 − 3x
(ii) y = ;
cos
√ x
(iii) y = e 3x + 5cos x ;
√
3x
(iv) y = e + 5cos x .
g : R → R+
.
y → x = ay
Então h é derivável em R+ e para todo o x > 0,
1 1 1
h0 (x) = = = .
g 0 (y) ay ln a x ln a
Se f é derivável em I e f (I) ⊂ R+ então loga f é derivável em I, tendo-se:
f0
(loga f )0 = .
f ln a
¤
188 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Exemplo 7.3.
(3x + 1)0 3
[log2 (3x + 1)]0 = = .
(3x + 1) ln 2 (3x + 1) ln 2
Exercício 7.3.
Calcule a derivada de cada uma das funções definidas por:
a) y = log3 (x2 + 1) ; b) y = log2 [tg (ex + x)] ;
c) y = log2 [tg (ex + x)] ; d) y = log7 (sen x2 ) ;
e) y = ln (x2 + 1) ; f) y = ln (e3x + x2 ) ;
g) y = ln (sen x) .
8. Derivadas sucessivas
Seja f uma função real de variável real definida em I ⊂ R cuja derivada é uma
função f 0 também definida em I. Se a função f 0 admitir por sua vez uma função
derivada, esta é dita segunda derivada ou derivada de segunda ordem de f e representa-
se por f 00 . Do mesmo modo, definem-se as derivadas sucessivas de f : f (n) é a derivada
da derivada de ordem (n − 1) de f , isto é,
¡ ¢0
f (n) = f (n−1) .
f (0) = f.
Exemplo 8.1.
Suponhamos que f (x) = ln x e procuremos uma expressão da derivada de ordem n.
Resolução:
1 1 2
f 0 (x) = ; f 00 (x) = − ; f 000 (x) =
x x2 x3
−3 × 2 4×3×2
f (4) (x) = 4
; f (5) (x) = .
x x5
9. REGRA DE CAUCHY 189
(−1)n+1 (n − 1)!
f (n) (x) = .
xn
Exercício 8.1.
Sendo y = sin (4x) , mostre que y 000 + y 00 + 16y 0 + 16y = 0.
Exercício 8.2.
Sendo g(x) = e5x−1 , determine g (n) (x) .
9. Regra de Cauchy
e se existir
Observações:
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→±∞ g (x) x→±∞ g (x)
∞
• É igualmente aplicável no levantamento de indeterminações do tipo , seja
∞
a finito ou infinito.
Exercício 9.1.
Mostre que:
cos x − 1 1 x3 + x2 ex − x − 1 1
a) lim+ =− ; b) lim = 0; c) lim = .
x→0 x sen x 2 x→+∞ x ex − x x→0 xex − x 2
190 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Gráfico1 Gráfico2
Gráfico3
Gráfico 4
Teorema 10.1.
Seja f derivável num intervalo ]a, b[ .
(1) Se para todo o x ∈ ]a, b[, f 0 (x) é positiva então f é estritamente crescente em
]a, b[ .
(2) Se para todo o x ∈ ]a, b[, f 0 (x) é negativa então f é estritamente decrescente
em ]a, b[ .
(3) Se para todo o x ∈ ]a, b[, f 0 (x) é nula então f é constante em ]a, b[ .
Exemplo 10.1.
Determinar os intervalos de monotonia da função definida por
x2 + 1
h (x) = 2 .
x −1
Resolução: Tem-se
−4x
h0 (x) =
(x2 − 1)2
h0 (x) = 0 ⇔ x = 0 ∧ x 6= 1 ∧ x 6= −1.
x −∞ −1 0 1 +∞
h0 (x) + s/s + 0 − s/s −
h(x) % s/s % 0 & s/s &
Exercício 10.1.
Estude a monotonia das funções definidas em R por:
x−1 1
a) p (x) = 1 − x − 4x3 ; b) q (x) = ; c) r (x) = ;
x−6 x
x2 − 4
d) g (x) = ; e) m (x) = (2x2 + 3) e−x .
x
192 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
Definição 11.1.
Sejam f uma função definida num intervalo [a, b] e x0 ∈ ]a, b[ . Diz-se que f atinge:
Exercício 11.1.
Indique os extremos relativos e absolutos das funções cujos gráficos são:
Teorema 11.1.
Se f tem um extremo em x0 ∈ ]a, b[ e se f 0 (x0 ) existe, então f 0 (x0 ) = 0.
Demonstração.
Suponhamos, por exemplo, que f (x0 ) é um máximo. A existência de f 0 (x0 ) implica a
¡ ¢ ¡ −¢
existência e a igualdade das derivadas laterais f 0 x+
0 e f
0
x0 . Como f (x) ≤ f (x0 )
para todo o x numa vizinhança de x0 , temos
¡ ¢ f (x) − f (x0 )
f 0 x+
0 = lim ≤ 0,
x→x0
x>x0
x − x0
¡ ¢ f (x) − f (x0 )
f 0 x−
0 = lim ≥ 0,
x→x0
x<x
x − x0
0
¡ ¢ ¡ −¢
donde f 0 (x0 ) = f 0 x+ 0
0 = f x0 = 0. ¤
y 8
6
4
2
-2 -1 1 2
-2 x
-4
-6
-8
Vimos que f pode ter extremos em pontos críticos. No entanto uma função pode
admitir um extremo em x0 sem ser derivável em x0 (diz-se então que x0 é um ponto
singular para f ): A função definida por f (x) = |x| tem um mínimo no ponto x0 = 0
mas não é derivável nesse ponto.
Podemos resumir da seguinte forma: Uma função definida num intervalo só pode
atingir um extremo num ponto crítico, num ponto singular ou nas extremidades do
intervalo.
x x0 x x0
f 0 (x) − 0 + ; f 0 (x) + 0 −
f (x) & Min. % f (x) % Máx. &
f 0 (x) − f 0 (x0 )
• Se f 00 (x0 ) > 0 ou lim = +∞ então f atinge um mínimo
x→x0 x − x0
relativo em x0 .
f 0 (x) − f 0 (x0 )
• Se f 00 (x0 ) < 0 ou lim = −∞ então f atinge um máximo
x→x0 x − x0
relativo em x0 .
• Se f 00 (x0 ) = 0, seja m a ordem da primeira derivada que é diferente de
zero no ponto x0 .
Exemplo 11.1.
Determinar os extremos relativos da função definida em R por g (x) = 2x4 −
12x2 + 10.
Resolução:
(a) Dg = R e g0 (x) = 8x3 − 24x, pelo que g só poderá ter extremos em pontos
críticos.
g 0 (x) = 0 ⇐⇒ 8x (x2 − 3) = 0
√ √
⇐⇒ x = 0 ∨ x = − 3 ∨ x = 3.
√ √
Assim os pontos críticos são − 3, 0 e 3.
196 VII. CÁLCULO DIFERENCIAL EM R
√ √
x −∞ − 3 0 3 +∞
8x − − − 0 + + +
x2 − 3 + 0 − − − 0 +
g 0 (x) − 0 + 0 − 0 +
g(x) & −8 (Min.) % 10 ( Máx.) & −8 (Min.) %
Exercício 11.2.
Determine, se existirem, os extremos relativos de cada uma das seguintes
funções definidas em R por:
2x
a) h (x) = x3 − 3x; b) m (x) = x4 − 2x3 + 2; c) n (x) = ;
x2+4
d) p (x) = log2 |16 − x2 | .
¡ ¢ f (x) − f (x0 ) ¡ ¢
• Se f 0 x+0 < 0 (ou lim+ = −∞ ) e f 0 x−0 > 0 (ou
x→x0 x − x0
f (x) − f (x0 )
lim− = +∞), então f atinge um máximo em x0 .
x→x0 x − x0
¡ ¢ f (x) − f (x0 ) ¡ −¢
• Se f 0 x+0 > 0 (ou lim = +∞ ) e f 0
x0 < 0 (ou
x→x+0
x − x0
f (x) − f (x0 )
lim− = −∞), então f atinge um mínimo em x0 .
x→x0 x − x0
Exemplo 11.2.
Mostrar que a função definida em R por
⎧
⎨ |x + 1| se x≤1
h (x) =
⎩ 3−x se x>1
3−x−2
(d) h0 (1+ ) = lim = −1.
x→1 + x−1
A função derivada tem domínio R\ {−1, 1} e é definida por
⎧
⎨ −1 se x < −1 ∨ x > 1
0
h (x) = .
⎩ 1 se −1 < x < 1
Assim não há ponto crítico e há dois pontos singulares, x = 1 e x = −1,
onde as derivadas laterais têm sinais contrários. Logo para x = −1, h
tem um mínimo que tem o valor h (−1) = −1 + 1 = 0 e tem um máximo
para x = 1 e o seu valor é h (1) = 1 + 1 = 2.
Bibliografia
199