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Agustina Bessa-Luís

Escritora portuguesa, Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís nasceu a 15 de Outubro de 1922, em Vila

Meã, Amarante. O Douro, onde viveu a sua infância e aonde, durante a adolescência, volta durante as férias

escolares, marcará indelevelmente o seu imaginário romanesco. Começou a escrever

muito cedo, ainda na adolescência, mas publicou a sua primeira obra de ficção, a

novela Mundo Fechado, apenas em 1948. Nessa altura já estava casada e a viver em

Coimbra. A partir de 1950 fixou residência no Porto, onde publica o seu primeiro

romance, os Super-Homens.

Embora sempre ligada à produção literária, exerceu o cargo de Directora do

jornal O Primeiro de Janeiro e depois de Directora do Teatro Nacional D. Maria II.

Pertenceu à Academia de Ciências de Lisboa, Classe das Letras, tornou-se membro da Alta Autoridade para a

Comunicação Social, da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e da Academia

Brasileira de Letras.

As suas obras revelam uma profunda reflexão sobre a condição humana. É o caso do romance A Sibila

(1954), que obteve um êxito considerável, tendo sido objecto de sucessivas edições e vários prémios, como o

Prémio Delfim Guimarães (1953) e o Prémio Eça de Queirós (1954), que a consagra como nome cimeiro da

novelística contemporânea.

Tendo merecido desde as suas primícias o reconhecimento de autores e críticos como José Régio, Óscar

Lopes, Eugénio de Andrade, Vitorino Nemésio ou Jorge de Sena, a sua obra viria a ser distinguida com os mais

importantes prémios literários nacionais: Prémio Nacional de Novelística, em 1967; Prémio Ricardo Malheiros da

Academia das Ciências de Lisboa, em 1966 e em 1977, Prémio PEN Clube e D. Dinis, em 1980, Grande Prémio do

Romance e da Novela da Associação Portuguesa de Escritores, em 1984 e Prémio Cidade do Porto. Os vários

romances publicados por Agustina entre os anos cinquenta e oitenta, onde, predominantemente, a terra duriense,

espaço mítico e cosmogónico, serve de palco para o desnovelar de "gestos e histórias de criaturas que a romancista

colhe sempre em estado de autodestruição" e onde só "as criaturas apoiadas no obscuro e no indisputável de

tradições ou carácter, gémeas da presença opaca da Terra, conservam o dom de resistir ao lento esfarelamento da

sua realidade" (LOURENÇO, Eduardo, op. cit., pp. 170-171), e ao longo dos quais se afina a acuidade com que se

compraz "em destruir as mil máscaras que permitem existir", num "furor de julgar e surpreender até o avesso das

intenções" (id. ibi., pp. 166-167), dificulta qualquer tentativa de divisão da sua vastíssima obra romanesca em

"fases" ou "momentos".

Entre os caracteres definidores que têm vindo a ser atribuídos à torrencial obra romanesca de Agustina

Bessa-Luís, o de neo-romantismo talvez seja o mais recorrente, epíteto, aliás, inaugurado por Eduardo Lourenço, ao

considerar que "pela poderosa vaga de fundo que agita ao integrar-se de corpo e alma a um mais geral movimento

da imaginação a braços com riquezas e terrores que são, em parte, os da vida, pela espécie de viagem no mundo

interior de mundos mais visivelmente iluminados por uma luz crepuscular que pelos "amanhãs que cantam", pela

busca ou contemplação de realidades extáticas no coração do que muda ou de guardiães do que é sempre igual,
estas novas terras romanescas entreabertas pela passagem de Sibila bem podem receber o nome de neo-

românticas." (LOURENÇO, Eduardo, op. cit., p. 162). Abrindo uma grande linhagem na novelística da segunda

metade do século XX, para Silvina Rodrigues Lopes, "A especificidade do romance de Agustina Bessa-Luís pertence à

afirmação decisiva da impureza do romance, que é o romance como crise permanente, desencadeada pela

manifestação de uma avalancha incontrolada de acontecimentos e reflexões que o indivíduo não domina mas

recebe, das múltiplas realizações da linguagem, literárias e orais", ao mesmo tempo que, "na relação com uma

essência da épica, que é a memória, não admira que o ritmo desta escritora seja um ritmo pessoal, determinável

pela memória própria e por uma relação com a memória dos outros, através de uma atenção ao saber, hábitos,

ritos ou lendas da tradição, e de uma atenção ao memorizável, cuja condição é, no entanto, o esquecimento, a

possibilidade de repetir em interpretações inéditas." (LOPES, Silvina Rodrigues - Agustina Bessa-Luís - As Hipóteses

do Romance, Porto, Asa, s/l, 1992, p. 21).

Prosseguindo a rota desconcertante encetada no início dos anos 50, ao longo de uma obra com já mais de

cinco dezenas de títulos, e que se multiplica, de forma multímoda, entre a ficção, o teatro, a crónica, os guiões, a

literatura infantil, a bibliografia ficcional de Agustina integra ainda uma série de ensaios romanescos de inspiração

histórico-biográfica, como Santo António, Florbela Espanca, Fanny Owen (resultado de um trabalho de pesquisa,

fundado em montagens sobre textos de Camilo), Sebastião José, Longos Dias Têm Cem Anos - Presença de Vieira da

Silva, Adivinhas de Pedro e Inês, Um Bicho da Terra, A Monja de Lisboa, Martha Telles ou As Meninas, tendo este

último sido escrito juntamente com Paula Rego.

Publicou ainda, entre muitos outros títulos, O Manto (1966), Canção diante de Uma Porta Fechada (1966),

As Fúrias (1977), O Mosteiro (1981), que ganhou o prémio D. Dinis da Casa de Mateus, e Os Meninos de Ouro (1983),

que recebeu o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores. O conjunto da sua obra mereceu o Prémio Nacional

de Novelística, em 1967, e o Prémio União Latina, em 1997. Vários dos seus romances (entre eles Fanny Owen, de

1979) foram adaptados ao cinema por Manoel de Oliveira. Em Maio de 2002, recebeu pela segunda vez o Prémio da

Associação Portuguesa de Escritores relativo ao ano de 2001, atribuído à obra Jóia de Família (2001). Esta sua obra

também foi adaptada ao cinema por Manoel de Oliveira, dando origem ao filme O Princípio da Incerteza. Na

sequência da triologia literária iniciada com esta obra, a autora, em 2002, editou um novo romance, desta vez com

o título A Alma dos Ricos.

Agustina Bessa-Luís foi distinguida com os prémios Vergílio Ferreira 2004, atribuído pela Universidade de

Évora, pela sua carreira como ficcionista, e o Prémio Camões 2004. Nesse mesmo ano, 2004, editou mais uma obra,

com o título Antes do Degelo.

A 22 de Março de 2005 foi distinguida, juntamente com o poeta Eugénio de Andrade, com o doutoramento

"Honoris Causa", atribuído pela Universidade do Porto durante a cerimónia do 94.º aniversário da sua fundação.

Agustina Bessa-Luís. In Diciopédia 2009 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2008. ISBN: 978-972-0-65264-5

Prof. Nuno Sousa - ÁREA DE PROJECTO 2010-2011

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