Os três surtos de desvalorização da moeda brasileira, em 1999, 2001 e 2002,
possibilitaram um pronunciado ajuste das contas Externas. A balança comercial saltou de um déficit de US$ 6,6 bilhões em 1998 para um superávit de US$ 33,7 bilhões em 2004, permitindo a reversão do saldo em conta corrente de um déficit de US$ 33,4 bilhões para um superávit de US$ 11,7 bilhões. Em 2004, a recuperação dos preços das commodities, que em média subiram 17,5%,e o crescimento de 33,5% das exportações de manufaturados permitiram que o saldo comercial se ampliasse, mesmo com o aumento das importações. As exportações brasileiras atingiram o patamar de US$ 96,5 bilhões com o comércio internacional crescendo 5% em 2003 e 9% em 2004 em termos reais, baixas taxas de inflação e taxas de juros reais próximas de zero ou negativas nos principais países desenvolvidos.
O dinamismo do agronegócio (complexo soja, carnes, madeira e derivados, açúcar e
álcool, papel e celulose etc.) foi um dos fatores que mais contribuiu para o boom exportador, O superávit comercial do agronegócio totalizou US$ 34,1 bilhões em 2004, apresentando um crescimento de 32,1% em relação a 2003. Outro fator relevante foi a modificação das estratégias adotadas pelas empresas estrangeiras no país, seja pela participação direta no comércio exterior em produtos de maior conteúdo tecnológico e em áreas de maior expansão,seja pela associação com ou compra de empresas locais, estimulando, por meio da concorrência, a reação das empresas brasileiras. O investimento estrangeiro direto chegou a atingir US$ 32,8 bilhões em 2000, desempenhando um papel relevante na consolidação das contas externas, sobretudo em momentos de elevada aversão ao risco por parte dos mercados financeiros internacionais. Num primeiro momento as empresas procuraram explorar o potencial de crescimento do mercado interno. Houve apenas algumas estratégias exportadoras que foram além da integração regional — na indústria automobilística, por exemplo —,levando em consideração a formação do Mercosul.
Em suma, o esforço exportador esteve associado à oportunidade de ocupação de
capacidade produtiva ociosa, mas também a economias de escala, aumento da produtividade e algum adensamento tecnológico. Além de ganhos de sinergia, acesso a novos mercados consumidores e aperfeiçoamento dos sistemas de distribuição, as exportações das empresas (estrangeiras e nacionais) têm proporcionado maior receita em moeda estrangeira, representando um mecanismo de hedge capaz de garantir as importações de peças e componentes, assegurar o pagamento das dívidas externas e reduzir o spread em novas captações no exterior, uma vez que contribuem para melhorar a classificação de risco, abrindo linhas de crédito no exterior em condições mais favoráveis.