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Tudo sobre Braços Parafusados e Colados

Por: Dave Hunter / Revista Guitar Player Nº 141

Conversa em uma loja de instrumentos

- Cara, que guitarra é essa?

- Uma Tom Anderson.

- Nunca ouvi falar. De qualquer maneira, não serve para você. Ela tem braço
parafusado. Você precisa de uma guitarra com braço colado.

Esse bate-papo imaginário destaca uma visão equivocada que muitos guitarristas
iniciantes têm: braço parafusado significa fácil e barato; braço colado significa difícil e
caro.

É claro, se você quer o projeto mais simples, funcional e econômico de guitarra, o


braço parafusado é o mais indicado. O que poucos sabem, no entanto, é que também
é mais fácil e barato fazer uma guitarra funcional de braço colado, porém nada
espetacular, do que construir um modelo de braço parafusado realmente notável. Se
bem realizados, esses dois tipos de construção oferecem timbres distintos e
necessitam manutenção diferente.

Pergunta: se você gastar 3.000 reais em uma guitarra de braço parafusado e o mesmo
valor em um modelo de braço colado, qual será o melhor instrumento? Na verdade,
essa é uma pergunta sem propósito. Vamos descobrir por quê.

Hoje em dia, esses dois designs distintos são utilizados por diversos fabricantes, mas
na metade do século passado a situação era diferente: guitarras de braço parafusado
eram feitas pela Fender e guitarras de braço colado eram construídas “pelas fábricas
restantes”, com destaque para a Gibson, Gretsch e Epiphone e outras empresas de
Chicago que entraram no mercado a partir de 1950. Foi nessa época que Leo Fender
lançou a Broadcaster, que não foi somente a primeira guitarra de corpo sólido como
também a primeira a contar com braço parafusado.

Genericamente falando, o braço colado transmite a ressonância entre o braço e o


corpo de madeira mais consistente e instantânea do que o parafusado. O resultado é
um pouco mais de calor e corpo no som desse tipo de instrumento, enquanto modelos
de braço parafusado têm timbres mais estalados e brilhantes.
A menos eficiente e mais lenta transferência de energia acústica nos braços
parafusados produzem mais ataque e um som estalado de cordas – essencialmente,
essa construção separa o som das cordas do braço e do corpo. Por outro lado, a
transferência direta de energia por meio do braço colado proporciona um timbre mais
consistente e suculento. A junção mais precisa do braço colado ao corpo facilita a
vibração das freqüências por todo o instrumento, encorpando a nota – uma qualidade
bem-vinda se você procura um instrumento com som mais parrudo e maior sustain.

Por outro lado, o brilho e o som estalado da guitarrada de braço parafusado enfatizam
a definição da nota, contribuindo para um timbre cortante. Apesar de menor
ressonância no corpo – e conseqüentemente um timbre menos cheio –, o ataque salta
do instrumento com menos influência da madeira, diferentemente do que acontece nos
modelos de braço colado. O corpo da nota aparece apenas após a percepção inicial
da nota, depois que o ataque cortante deixa sua marca. Pense no som clássico do
captador do braço da Stratocaster. Há calor e ressonância ao redor da nota, mas ao
palhetarmos com convicção, surge também um som estalado e definido.

A eficiência – ou a falta dela – da transferência de energia se deve à qualidade da


junção do braço nos modelos parafusados. Há fabricantes que acreditam que um
encaixe parafusado bem executado pode alcançar a vibração e ressonância de um
braço colado.

Porém, nem todos os guitarristas querem que seu instrumento parafusado soe como
um modelo de braço colado, e o som cortante e estalado derivado de ausência de
contato entre braço e corpo – algo inevitável quando não há cola para unir as partes –
é um elemento desejado e positivo para certos estilos musicais. Guitarristas que
procuram um som mais redondo e fluido para solos ou bases mais pesadas e
encorpadas ou timbres aveludados de jazz tendem a procurar instrumentos de braço
colado – mesmo que não haja uma regra universal para cada estilo ou sonoridade.

Assim como há diferenças entre os modelos parafusados, já vários tipos de modelos


colados. A Gibson utilizou diferentes tipos de encaixe ao longo dos anos. A mais
venerada é a junção macho-fêmea do tipo longo – que era aplicada nas primeiras Les
Paul. Esse design tinha um longo encaixe – no final do braço, que era fixado
firmemente e colado ao apoio do corpo. Quando a Gibson mudou sua fábrica de
Kalamazoo, Michigan, para Nashville, no Tennessee, em meados dos anos 1970, os
braços passaram a utilizar um encaixe mais curto. Esse design era também chamado
de “rocker joint”, porque a parte inferior do encaixe era talhada para que obraço fosse
inserido com a angulação certa no apoio do corpo. Isso significa que uma porção
maior da parte posterior do braço não fica colada ao corpo, e assim a superfície de
junção do corpo com o braço diminui. Ninguém discute a qualidade de uma Les Paul
original de 1959 – ou uma reedição construída pela Gibson Custom Shop –, mas
muitas Les Paul de construção de encaixe curto têm som fantástico. A Gibson usou
outros encaixes em diferentes modelos. Por exemplo, a Les Paul Junior de um cutway
apresenta um bloco de junção, que tem largura igual ao braço e se estende até o final
da escala. Outros fabricantes utilizaram uma junção no formato “rabo-de-andorinha”,
com bloco que se encaixa a um berço com laterais anguladas.

Assim como acontece quando confrontamos braços colados e parafusados, a


comparação de os diferentes tipos de junção de braço colado não é uma questão de
melhor ou pior. É claro, muitos outros aspectos de construção influem na dicotomia
clássica “Gibson versus Fender”. O corpo de mogno, braço com headstock angulado
para trás, ponte Tuno-o-matic, escala de 24¾" e captadores humbuckers (ou P-90, em
alguns casos) da Les Paul contribuem para um som mais cheio e aveludado. O corpo
de ash ou alder, braço de maple, ponte flutuante com alavanca (sou semiflutuante, no
caso da ponte de Tele), cordas que atravessam o corpo, escala de 25½" e captadores
single-coil colaboram para o som brilhante e cortante da Stratocaster.

Considerações tonais à parte, os braços parafusados – conforme as intenções


originais de Leo Fender – oferecem uma manutenção mais fácil, algo apreciado por
muitos músicos e técnicos. A angulação está ruim? Tire o braço, coloque um calço e
fixe-o novamente. O braço empenou? Encomende um novo e troque você mesmo.
Esse trabalho necessita de alguma habilidade específica, mas é muito mais fácil de
realizar do que em um braço colado.

Resumindo: se você está procurando uma nova guitarra, é necessário experimentar o


maior número de instrumentos possível, deixando seus dedos e ouvidos tomarem a
decisão por você. Diferentes encaixes de braço contribuem para diferentes
sonoridades nas guitarras, mas o design escolhido deve estar de acordo com o que é
certo para você e para sua música.

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