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Português 12º Ano
1. O fingimento artístico
2. A dor de pensar
Um poeta subjectivo, centrado sobre o “eu” (egotismo); sofrendo a
dor de pensar, a distância entre o sonho e a realidade, a incapacidade de
fruir – vivendo sobretudo pela inteligência e pela imaginação.
3.A fragmentação do eu
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ALBERTO CAEIRO
Sou mesmo o primeiro poeta que se lembrou de que a Natureza existe. Os outros
poetas têm cantado a Natureza subordinando-a a eles, como se fossem Deus; eu
canto a Natureza subordinando-me a ela, visto que ela me inclui, que eu nasço dela.
(…)
Alberto
Caeiro
(…)
A vida de Caeiro não pode narrar-se pois não há nela de que narrar. Seus poemas
são o que viveu. (...)
A obra de Caeiro representa a reconstrução integral do paganismo, na sua
essência absoluta (...). A obra, porém, e o seu paganismo, não foram nem pensados
nem até sentidos: foram vividos com o que quer que seja que é em nós mais
profundo que o sentimento ou a razão. (...)
Ricardo Reis
(...) Ignorante da vida e quasi ignorante das letras, quasi sem convívio nem
cultura, fez Caeiro a sua obra por um progresso imperceptível e profundo (...). Foi um
progresso de sensações, ou, de maneiras de as ter, e uma evolução íntima de
pensamentos derivados de tais sensações progressivas. Por uma intuição sobre-
humana, como aquelas que fundam religiões para sempre, porém a que não assenta
o título de religiosa, por isso que, como o sol e a chuva, repugna toda a religião e
toda a metafísica, este homem descobriu o mundo sem pensar nele, e criou um
conceito de universo que não contém meras interpretações. (...)
Ricardo Reis
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humano, para além daquilo que captamos através dos órgãos dos
sentidos. Recusa do pensamento abstracto (com filosofia não há
árvores, há ideias apenas).
Predomínio da sensação sobre o pensamento (o homem deve
renunciar ao pensamento, pois este implica que se deturpe o
significado das coisas que existem). A única verdade é a sensação;
defesa do sensacionismo – vê o mundo, não porque o compreende,
mas porque o vê e ouve; conhece-o através das sensações.
Interpreta o mundo a partir dos sentidos e das sensações. Capta
apenas o que as sensações lhe oferecem na realidade imediata.
Pensa vendo e ouvindo, porque ver é conhecer e compreender.
B. Características estilísticas
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C. Sonoridades
Ritmo lento (remetendo para a calma aceitação das coisas);
Alternância entre sons nasais e vogais abertas e semiabertas;
Ausência de rima; métrica irregular; utiliza o verso livre.
RICARDO REIS
Ao dar conta da tendência para criar em seu torno, desde criança, um mundo
fictício, Pessoa afirma: “(...) Aí por 1912, salvo erro (...); veio-me à ideia escrever
uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (...) e
abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um
vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu
soubesse, Ricardo Reis)”.
Contudo, é só depois de ter tido necessidade de arranjar discípulos para
Caeiro que vai arrancar Ricardo Reis “do seu falso paganismo”.
Com este heterónimo Pessoa projecta-se na Antiguidade Clássica. E em
termos de semelhanças com o Mestre, estas são visíveis apenas na preferência
pelo mundo exterior, muito embora este não seja por ele comentado e lhe sirva
unicamente de contemplação.
Mas Reis, tal como Caeiro, aconselha a aceitar a ordem das coisas e gozar a
vida pensando o menos possível, um pouco ao jeito das crianças [“Depois
pensemos, crianças adultas, que a vida/Passa e não fica (...)”]. As afinidades
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impulsos dos instintos. Apesar deste prazer que procura e da felicidade que
pretende alcançar, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e
tranquilidade, ou seja, a ataraxia (a tranquilidade se qualquer perturbação). Sente
que tem de viver em conformidade com as leis do Destino, indiferente à dor e ao
desprazer, numa verdadeira ilusão de felicidade, conseguido pelo esforço lúcido e
disciplinado.
➢ Ricardo Reis propõe, pois, uma filosofia moral de acordo com os princípios do
epicurismo e uma filosofia estóica:
“carpe diem” (aproveita o dia); aproveita a vida em cada dia, como caminho
para a felicidade;
Buscar a felicidade com tranquilidade (ataraxia);
Não ceder aos impulsos dos instintos (Estoicismo);
Procurar a calma ou, pelo menos, a sua ilusão;
Seguir o ideal ético da apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade
(sobre esta apenas pesa o Fado).
Temáticas:
➢ Epicurismo e Estoicismo
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➢ Classicismo
Poeta clássico, da serenidade.
Precisão verbal e recurso à mitologia.
Faz dos gregos um modelo de sabedoria, pois souberam aceitar o destino e
fruir o bem da vida.
Apesar deste diálogo com a Antiguidade, há uma angústia ou tristeza
marcadamente modernas, que se reflectem em Pessoa ortónimo e em
Campos.
Privilegia a ode, o epigrama e a elegia.
➢ Neopaganismo
Características estilísticas
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Álvaro de Campos
Perfil Poético
Álvaro de Campos surge quando Fernando Pessoa sente “um impulso para escrever”. O
próprio Pessoa considera que Campos se encontra “no extremo oposto, inteiramente
oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser, como este, um discípulo de Caeiro.
Em oposição a Reis, surge “impetuosamente” um novo indivíduo “branco e moreno,
tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado,
monóculo”, de nome Álvaro de Campos. Teve “uma educação vulgar de liceu, depois foi
mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica, depois naval”.
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Linguagem e Estilo:
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- Adjectivação múltipla;
- Metáforas ousadas, hipérboles, hipálages, anáforas, anástrofes; oximoro; apóstrofe;
- Predominância de formas verbais no presente do indicativo;
- Verso livre e, em geral, muito longo (com transportes);
- Rimas internas
- Construções nominais e infinitivas;
- Onomatopeias; aliterações; jogos de sons;
- Poeta plural (como Pessoa) – não evolui, viaja por três fases / facetas: 1.
Triunfalismo futurista das Odes; 2. Decadentismo de “Opiário”; 3. Cansaço e Angústia
de “Tabacaria” e outros.
- Gosto pela vida, pela cidade, pela civilização moderna, pelo mar.
- Triunfalismo / alegria futurista (com reservas); sensacionismo (“Sentir tudo de todas
as maneiras”).
- Abulia, tédio, cansaço, náusea, decadência.
- Dor de ser lúcido – “Pára, meu coração, não penses / deixa o pensar na cabeça.”
- Ironia, auto-ironia e autodepreciação.
- Pessimismo, inadaptação ao real.
- Nostalgia da infância perdida.
- Busca de soluções: o ópio; o sensacionismo futurista (o sentir tudo de todas as
maneiras); o regresso (impossível) à infância.
- Um ser dividido entre o sonho e a realidade.
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OS LUSIADAS E A MENSAGEM
Os Lusíadas A Mensagem
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- os heróis são homens de carne e sentidos. - os heróis são mitificados. São apresentados
com valores simbólicos.
- Os heróis situam-se no plano da história, - Os heróis, sob a forma de mito são “o nada
com grandezas e fragilidades, próprias de que é tudo”, a transfiguração das
quanto é humano. personagens em símbolos mitificados.
- Canta-se o Portugal que foi, o passado. - Canta-se o Portugal “a haver”, o futuro.
- Camões objectiva as navegações, nomeia as - Pessoa abstrai das viagens, dos padrões e
terras, os povos, os portos e seus itinerários. dos mares a grande significação do navegar
enquanto acto de esforço físico e enquanto
metáfora do espírito rumo ao plano do ideal. A
matéria da Mensagem não é histórica, factual;
não fala dos acontecimentos e dos lugares,
mas de uma essência de Portugal e de uma
missão a cumprir-se.
- Os Lusíadas são a mensagem do Passado. - A Mensagem, Os Lusíadas do Futuro. O
O Portugal criado. Império do Mundo. Portugal criador. V Império do espírito. Exalta
as façanhas do passado, em função de um
apelo para as grandezas futuras.
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O ENCOBERTO
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