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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS.

CULTURA RELIGIOSA I.
PROF: PAULO ANTÔNIO.
OS JOVENS NA SOCIEDADE BRASILEIRA
(Pe. Luiz Roberto Benedetti)

O jovem Edvaldo Gomes Teixeira não era propriamente, aos 20 anos, o que se convencionou chamar de ”baixinho”
desde que a rainha Xuxa invadiu as telas e fantasias de milhões de crianças brasileiras. Na noite da Terça-feira 10, porém,
ele foi vítima de um latrocínio por quase nada, uma situação que tem aterrorizado jovens de todas as idades nas ruas e
escolas do país.
Ao sair da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), onde acabara de
cumprir mais um dia de trabalho como carregador, ele e a namorada foram abordados em um ponto de ônibus por três
rapazes. A cena foi rápida: Os três pediram-lhe a carteira, que Edvaldo concordou em dar. Depois disso ao verem o par de
tênis “New Balance” azul que ele calçava, decidiram ampliar o roubo. Edvaldo reagiu, o tênis, comprado há quatro meses de
um contrabandista na própria Ceagesp, valia quase metade do seu salário e representava, pelo menos no vestuário, que ele
poderia ser igual a qualquer outro jovem de classe média ou alta. De fato, poderia ter acontecido – ou tem acontecido – a
pobres e ricos indiscriminadamente. Edvaldo levou dois tiros e morreu ali mesmo.

Nada retrata tão fielmente a situação da juventude brasileira do que a notícia acima, veiculada pela revista “Isto
é/Senhor”. Por que o “exemplo” do tênis? Porque ele expressa o poder mágico de uma mercadoria. O tênis, mercadoria
torna-se algo sagrado, dotado de um poder maior do que “proteger os pés”. Ele exerce o papel de símbolo que da estrutura, ou
personalidade para o ser jovem. Ele se considera e é considerado uma PESSOA através do tênis que calça. Ele se reconhece
ou é reconhecido socialmente em algo fora dele, um objeto que se tornou “sagrado”.
Este sistema é cruel e reflete uma estrutura social marcada pela concentração de renda e exclusão da maioria da
população dos benefícios da produção.
A perversidade fica ainda mais clara quando, na reportagem citada, um comerciante assinala que as famílias com mais
recursos, quando roubadas, voltam para comprar um tênis inferior.
Quem não muda são os jovens de renda mais baixa, que concentram suas compras nos dias de pagamento, pagam em
três vezes e querem sempre as marcas mais caras. O tênis (assim como o boné, o discmam) é, nas palavras da revista, um
“sagrado” perigoso.

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