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Tratamento e Doenças de
Escravos da Fazenda
1850-1888
Vassouras/2006
Rosilene Maria Mariosa
1850-1888
Vassouras/2006
Folha de Aprovação
1888).
Banca Examinadora
________________________________________________________
Presidente
_______________________________________________________________________________
1º Examinador
_________________________________________________________________
2º Examinador
P. Caldas
À minha querida sobrinha Maria Fernanda que está sempre por perto
onde pesquisei.
do curso.
Aos professores Ana Maria da Silva Moura, Lincoln de Abreu Penna, meus
primeiros incentivadores.
exemplo de vida.
Às amigas Vitória e Maria Cristina que me incentivaram o tempo todo.
meus horários de aula a cada semestre, para que eu não faltasse às aulas.
como vai a pesquisa especialmente a Claudia Cristina Cosma Alves que carregou
Aos colegas de curso pelo incentivo. Aos novos amigos Adriano, Marilda
conhecer.
Ao Senhor Heraldo dono da farmácia mais antiga de Juiz de Fora, que com
seus quase 90 anos, buscou nos fundos de sua farmácia o precioso Chernoviz e
INTRODUÇÃO:......................................................................... 11
Mapa I ................................................................................................................. 62
Mapa II ................................................................................................................ 63
CAPÍTULO: 2 A FARMÁCIA.
3.1 - Enfermarias dos Hospitais dos Escravos das Grandes Fazendas do Vale
do Paraíba Fluminense....................................................................................... 91
3.2- Higiene nas Enfermarias dos Escravos....................................................... 93
7- Bibliografia................................................................................. 130
Anexos............................................................................................ 135
INTRODUÇÃO
mais ilustre foi Manoel Antonio Esteves, que a recebeu como dote após seu
intermediários ele cria uma firma exportadora chamada (Esteves & filhos), para
negociar ele mesmo sua produção, tornando-se a partir daí grande comissário de
proibida”. Nas décadas de 1850-60, essa zona atinge o auge de sua produção. 2
1
Manoel Antônio Esteves nasceu em 27 de setembro de 1813, na freguesia de Merufe, termo de
Monção, Arcebispado de Braga, Portugal. Filho de Lourenço José Esteves e Domingas
Gonçalves. Casa-se em 1850 com Francisca Martins Pimentel e constitui uma família de onze
filhos. Pessoa de alguma instrução e recurso, não era propriamente um imigrante, embora viesse
tentar uma nova vida. Trabalhou e prosperou, tendo sido comerciante de padaria e tecidos em
Vassouras. (Informações obtidas do Instituto de Preservação e Desenvolvimento do Vale do
Paraíba, Instituto Preservale, localizado no Rio de Janeiro).
2
COSTA, Emilia Viotti da. Da senzala a Colônia. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1989, p. 20.
Do ponto de vista social, ela gerou uma nova aristocracia, os barões do café do
precedentes, que modificou a estrutura étnica dessa parte do Brasil assim como
dos senhores em relação a seus escravos passou a ser modificado. Esta data,
brasileira.
3
STEIN, Stanley J. Grandeza e Decadência do Café no Vale do Paraíba.São Paulo: Brasiliense,
1969.
4
STEIN, Stanley J. op. cit. p. 194.
5
Idem, op. cit. p. 193
Depois de dadas as ordens do dia, os escravos seguiam para a cozinha
para tomar café com angu e iniciar o trabalho. Homens, mulheres, velhos e moços
dirigiam-se para o trabalho da carpa que varava o ano, seguidos sempre pelos
cafezal para fiscalizar o trabalho e verificar qual escravo estava fingindo que
trabalhava.
“Tudo ou quase tudo é feito pelo negro: foi ele quem construiu as
casas; fez os tijolos, cerrou tábuas, canalizou a água etc. As estradas
e a maior parte da maquinaria do engenho são assim como as terras
cultivadas, produto do seu trabalho”. 6
serão”, que se prolongava até as dez ou onze horas da noite. Tudo isso com
6
Apud, STEIN. Grandeza e Decadência do Café no Vale do Paraíba. P. 198.
7
KARASCH. op. cit. p. 184.
preparava fervendo mingau de fubá durante vinte e cinco minutos em grandes
fumegante para engrossá-lo. Tão extenuante era esse trabalho que elas eram
vasilhas fumegantes e sobre o lixo espalhado pelo chão. Local onde as crianças
sua vestimenta. Recebiam de seus senhores o tecido necessário para fazer uma
A falta de higiene nas senzalas é citada também por vários autores como
município de Vassouras, Stein descreve algumas doenças que eram comuns aos
8
STEIN. op. cit. p. 220.
9
Idem, p. 208.
10
TEUSCHER, Reinhold. Algumas Observações Sobre a Estatística Sanitária dos Escravos em
Fazendas de Café. Tese apresentada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve e Comp.,1853.
Todos esses apontamentos podem nos dar indícios de como as doenças
Paiol, que também se situa no Vale do Paraíba. O presente trabalho tem então
farmácia que pertencia ao hospital dos escravos e que foi montada pelo
ter sido em 1850 de acordo com a Lei Euzébio de Queiroz coincidindo então com
a biologia.
conhecer o seu acervo, que consta de mobiliário, uma biblioteca, objetos de uso
pessoal da família Esteves bem como alguns instrumentos de uso dos escravos.
De todo este acervo o que despertou grande interesse para uma investigação
depois de mais de um século e meio, sendo por isso considerada uma raridade,
entendimento da relação entre saúde e doença para uma população que foi
nacional bem como o seu proprietário Manoel Antonio Esteves que foi
considerado uma das figuras mais proeminentes do Vale sendo responsável pela
Comenda da Rosa, uma das mais importantes do Império e que levaria ao vale
cafeeira do mundo, nos 30 anos anteriores tudo era mata virgem e ao longo
deste período tudo foi coberto pelas lavouras de café e mais importante, com a
longo de tanto tempo se tornou fator fundamental para a nossa pesquisa, pois esta
11
STEIN. op. cit. P. 09.
através dela pretendo mostrar como a doença era tratada nesta unidade produtiva,
diz respeito à criação da farmácia naquela fazenda coincidir com o fim do tráfico e
aos escravos, pode ter resultado em melhoria da saúde de seu plantel levando a
12
NASCIMENTO, Dilene Raimundo. SILVEIRA, Anny J. Torres da. A Doença Revelando a
História. Uma historiografia das Doenças. In: Uma História das Doenças. Brasília: Paralelo 15,
2004.
uma historicidade nas doenças ligadas a todos os acontecimentos do ser
humano. 13
Saúde atualmente, doença seria a ausência de bem estar físico, mental e social,
social.
que envolve tanto sua natureza biológica como os sentidos que lhe são
13
NASCIMENTO & SILVEIRA. Op.cit.p.13
14
Organização Mundial de saúde- Organização Pan- Americana de Saúde, vinculada ao
Ministério da Saúde - site. www.0pas.org.br/ambiente.
15
Apud. NASCIMENTO. Op.cit. p. 14
16
Idem. p. 14
E para os escravos? O que era estar doente? Buscando o conceito da
organização mundial de saúde que na sua análise afirma que saúde também está
condicionante, como fator principal para a época que estamos estudando, mas
análise tais como: o escravo urbano, o escravo rural, suas relações sócio-
17
SOARES, Márcio de Souza. Cirurgiões Negros: Saberes africanos sobre o corpo e as doenças
nas ruas do Rio de Janeiro durante a primeira metade do século XIX. Lócus, Juiz de Fora, 2002.
entendimento dos fatos do passado através de vários campos de pesquisa, alguns
bastante novos.
alimentação, sua forma de vestir são citados por vários autores em suas obras,
senhores.
tratamento eram diversos da atualidade. Até o século XIX vivíamos a era pré-
causavam as enfermidades.
indivíduo que tinha parte com o demônio ou estava fora do contato com Deus.
18
FALCI, Miridan Britto. História e Cultura Médica: Uma abordagem para o Estudo de Escravos.
Espacialidades, Vassouras, 2004.
Doença para Hipócrates estava ligada a certos males eventuais que
de onde vieram a maioria dos escravos para a província do Rio de Janeiro, estava
19
FALCI, op. cit, p. 230.
20
FREIRE, Gilberto.Casa Grande e Senzala. 21ª ed. José Olimpio, Rio de Janeiro, 1881.p. 264
21
Bouba ou Piã: Moléstia tropical infecciosa produzida pelo Treponema pertenue manifesta-se de
lesão cutânea primária em seguida de lesões granulomatosa levando a destruição da pele e dos
ossos.
22
SOARES, Marcio de Souza.Cirurgiões Negros: saberes africanos sobre o corpo e as doenças
nas ruas do Rio de Janeiro durante a 1 ª metade do Século XIX, Lócus, Juiz de Fora, 2002.
23
COSTA. Op cit. P.277
Religião e superstição confundiam-se. Impregnavam a vida cotidiana do
escravo, que a cada passo e em tudo, divisava artes maléficas: o mau olhado, o
olhado.
Assim o escravo vivia num mundo mágico hostil que procurava dominar à
custa da magia. Daí o prestigio de que gozava o feiticeiro, respeitado e temido por
deles 24.
Sanitária dos Escravos em Fazendas de Café”, afirma que as doenças das quais
Medicina do Rio de Janeiro, também publica sua tese sobre “A Higiene dos
24
Idem. P 277.
25
TEUSCHER. op. cit. P.5
alimentação, vestuário inadequado, uso excessivo de bebidas alcoólicas e a falta
de sono entre outras, seriam as causas mais freqüentes das enfermidades 26.
leigos era a Bouba ou piã, que era endêmica no Brasil, confrontando a afirmação
de Freyre que dizia que a Bouba teria acompanhado os escravos. Para Lycurgo a
Bouba foi perdendo sua importância com o passar do tempo e no século XIX só
atacava os negros.
26
JARDIM, David Gomes. Algumas Considerações Sobre: A Higiene dos Escravos. These
Apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Typografia Universal Lammert, Rio de
Janeiro, 1847.
27
SANTOS FILHO, Lycurgo. Pequena História da Medicina Brasileira.São Paulo: Universidade de
São Paulo, 1966.
28
KARASCH, Mary. C. A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro (1808-1850): tradução Pedro Maia
Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
condições nas quais uma moléstia contagiosa espalhava-se rapidamente pela
população escrava.
Paraíba, dizia que ao contrário do senhor urbano o senhor rural era um déspota,
pois nas fazendas do interior sua vontade prevalecia. Poderia ser um pai para
utilizado pelo feitor que depois do castigo ainda passava uma mistura de
cerebral”. 31
pelos seus senhores que pouca noção tinham de medicina e muitos senhores
abandono.
os muito doentes. 32
29
STEIN. op. cit. p.164.
30
Látego: açoite de correia ou de corda.
31
Apoplexia fulminante: Afecção cerebral que se manifesta de súbito, com privação dos sentidos e
do movimento e congestão cerebral: Afluência anormal de sangue no cérebro.
32
STEIN. op. cit. p 45.
Marta de Almeida afirma que no Brasil uma das maiores preocupações
XIX e início do XX foi sem dúvida à febre amarela, doença fatal em muitos casos
33
ALMEIDA, Marta de. Tempo de Laboratórios Mosquitos e Seres Invisíveis. In: CHALHOUB,
Sidney at. All (Org.) Artes e Ofícios de Curar no Brasil.Campinas SP: Ed. UNICAMP, 2003.
34
ALMEIDA. op. cit. P. 125.
O próprio movimento em torno da suposta cientificidade da doença gerou
da doença no Brasil, para demonstrar como era tratada desde o período colonial
até o século XIX. Assim teríamos uma visão do que era estar doente e as formas
35
Idem, p.127.
fármacos, suas propriedades e terapêutica demonstraremos quais eram os tipos
de enfermidades que os escravos sofriam. Para atingir esta meta utilizei para o
o século XIX. Era considerado um livro guia por todos os fazendeiros da região
incidentes. Utilizei também uma outra fonte importante, que são 36 receitas
através dela ficará claro quais eram a intenção do proprietário com o seu plantel
metade do século XIX, quando a importação de escravos era legal. Nas décadas
Marcos e Resende. 37
imperial Valença não possui ainda um estudo que aborde as relações entre os
36
COSTA, Emilia Viotti da. Da senzala a Colônia. São Paulo, 1989.
37
COSTA. Op. cit. P. 61.
escravos e seus senhores, nas questões referentes ao tratamento e suas
enfermidades.
este cenário.
anos após ter se elevado de vila à categoria de cidade descreveu-a como uma,
que são: Nossa Senhora da Glória, Santo Antonio do Rio Bonito, Santa Isabel do
Ouro Preto, Nossa Senhora da Piedade dos Ipiabas e Santa Teresa. (mapa nº
1).
pequenas causas não excedentes a cinquenta mil réis. Nas contestações e nos
38
RIBEYROLLES, Charles. Brasil Pitoresco. 1º volume, Tomo II, p.192.
39
RIBEYROLLES, Charles. Op.cit. p. 193
litígios, onde havia valor maior, ele tentava a conciliação, independente de
julgamento.
Mantiqueira.
bandeira de Fernão Dias Paes Leme. Supõe-se que este caminho seja o mesmo
40
RUGENDAS, Johann Moritz. Viagem Pitoresca através do Brasil.IN: IORIO, Leoni. Valença de
Ontem de de Hoje. P. 11.
41
Idem. P.12
42
SANT-HILAIRE, Auguste. Viagens pela Província do Brasil. In: IORIO, Leoni. Op. cit. pp. 28-29.
assinalado na carta geográfica de Inácio de Souza Werneck 43, datada de
1808.(mapa Nº 2). Vinham por esse lado viajantes e tropas das zonas mineiras,
para a margem direita do Paraíba, indo ter às vizinhanças do riacho das Mortes,
lhes oferecia o caminho do comércio. A travessia do rio era feita por índios
43
Inácio de Souza Werneck: Filho de Manuel de Azevedo Matos que vivia em Minas era mais
comerciante que garimpeiro. Em viaje ao Rio de Janeiro deixa seu filho no internado do seminário
São José. Perturbações de ordem política dentro do país obrigaram o governo ao preparo de
forças, organizando um batalhão de estudantes ao qual se alistou Werneck. Daí sua carreira
militar, onde teve uma ascensão ao posto de Sargento-mor. Era considerado um desbravador
porque construiu a primeira estrada batida para o sertão de Valença.
44
IORIO, Leoni. Op.cit. pp.13.
45
VENÂNCIO, Renato Pinto. Caminho Novo: a longa duração. Varia História, Belo Horizonte,
V.21,p.181-189.2000.
46
Sesmarias: lote de terra inculta que os reis de Portugal cediam para cultivo. Equivalente a 6.600
metros.
A Sesmaria concedida a Inácio de Souza Werneck data de 1808 47. Cinco
anos após, foi concedida uma sesmaria também a João Soares Pinho, no ano de
1813. Esta sesmaria foi alguns anos mais tarde, vendida a Francisco Martins
Tão grande era a ânsia dos imigrantes de se apossarem das terras, que
em 1814 Valença já contava com 119 fogos e mais de 900 adultos, excluindo os
47
Relação de Sesmarias extraídas do arquivo Nacional In: IORIO, Leoni. Op.cit. pp. 19-20.
48
SAINT-HILAIRE, August. Viagens pela Província do Rio de Janeiro. In: IORIO, Leoni. Op.
cit.P.28
Durante todo o século XIX, com o advento do café ocorreram grandes
pelourinho também existia nas fazendas onde o movimento era grande, e eram
Rio de Janeiro abriu uma subscrição popular para a compra de um edifício que
Cadeia Pública.
gratuitamente. 50
49
Idem, p. 71.
50
Idem, p. 79.
a duas léguas da vila e sua entrada foi triunfal, numa grande homenagem feita
pelo preto Miguel Tomaz, porém a obra não foi finalizada devido a sua morte.
acima do nível do mar 52, por isso era classificada por muitos higienistas como
51
Idem pp.86-87.
52
PINTO, Alfredo Moreira. Dicionário Geográfico, Topográfico e Histórico do Império do Brasil. In:
IORIO, Leoni op. Cit. P. 93.
53
VIANA, Ernesto da Cunha de Araújo. Saneamento de Valença. Rio de Janeiro, 1894.
Quase todas as ruas, num total de 25 eram de largura regular e o tipo de
seus habitantes, pois tanto a água quanto o esgoto eram muito deficientes.
1889.
de Valença, formou em 1894, já no final do século uma comissão para lidar com
Engenheiro Drº Ernesto da Cunha de Araújo Viana para traçar os planos para a
que: Valença até a ano de 1886, nunca havia sido visitada por pyrexias. 55
54
Calçada de Alvenaria: espécie de calçamento conhecido pela denominação pitoresca de Pé-de-
moleque, feito de pedras soltas, quase arredondadas, irregulares e de dimensões diversas.
55
PYREXIAS: Estado febril; febre.
... É deficiente o actual abastecimento de águas potáveis. As que
são captadas e canalisadas não bastam para a população urbana
de Valença. Dous são os mananciais que abastecem a cidade: os
da serra do Mascate e os da Serra de José Alves. Em muitas casas
fazem provisão de água de cisternas, e em outros edifícios, dentro
de chácaras aproveitam lacrymaes ou pequenas fonte”.... 56
em 1906”. 59
56
VIANA, Ernesto da C. de Araújo. Op. cit. p.43
57
Idem. ibdem P. 94
58
Varíola: Pedro Luiz Napoleão Chernoviz, médico Polonês que viveu no Rio de Janeiro durante
muitos anos, em sua obra editada em 1842, apontava a varíola como doença importada da África,
onde era endêmica, permanente, e também da Europa.Trazida por indivíduos contaminados, aqui
se implantou, não mais desaparecendo. Denominada de “bexigas”, ela matou centenas de
milhares de índios brasileiros. Segundo os jesuítas ela chegou na Bahia em 1561, quando matou
30 mil índios. Cobrindo o corpo de pequenas pústulas, sem remédio que a debelasse, ela atingiu
todas as raças e classes, com um coeficiente mortal elevadíssimo. A principal arma contra a
doença que é transmitida por vírus foi, a vacina anunciada por pelo médico inglês Edward Jenner
em 1796. O povo temeroso buscou sempre se esquivar demorando mais tempo para a debelação
da doença sendo possível somente no século XX.
59
IORIO, Leoni. Op.cit. p.297
Em 1855, constituiu-se a primeira comissão sanitária da Vila de Valença,
epidemia de cólera morbus que era também grande ameaça para o município 62.
filho do grande patriarca da medicina Drº Xavier, nascido no Rio de Janeiro, mas
60
Cólera morbus: Infecção intestinal causada pela bactéria Vibrio cholerae.
61
IORIO, Leoni. op. cit. p. 296
62
Idem, p. 298
tradicional Valenciana que atendeu com a população pobre do município durante
branco por volta de 1823, uma capela foi erguida pelos catequizadores, José
Rodrigues da Cruz e padre Manoel Gomes Leal, sobre uma colina recebendo o
nome de Igreja Nossa Senhora da Glória demonstrando que Valença seria uma
63
Idem p. 300
Senhora do Rosário, santa de suas devoções, dando mostras de sua importância
vistosa coroa”. 65 O personagem do rei foi vivido muitos anos por Modesto –
Raimundo.
64
Idem, op. cit. p.349
65
Ferreira, Luiz Damasceno. História de Valença. 1924. In: IORIO, Leoni. Op. cit. P.340.
... a conseqüente caçada de pretos nos portos da África, para
abastecer de braço trabalhador barato a lavoura, trouxe de
várias regiões e núcleos yorubanos e bantús, de Moçambique
ou do congo, de Benguela e outras tribos negras, vários
molecotes que se diziam filhos de reis. Quando o regime do
chicote dos feitores e capatazes façanhudos amorteceu um
pouco, os fazendeiros já abastados, as tulhas cheias e os
cafezais em franca produção, tiveram os negros um pouco de
liberdade para suas danças e sus ritos religiosos. 66
pesquisas que tratam das enfermidades e condições de vida dos escravos para a
quem eram os responsáveis pela saúde pública no Brasil. Faremos uma análise
jesuítica até chegarmos ao século XIX que é o período ao qual se refere a nossa
pesquisa.
66
Idem. Op. cit.p. 348.
Algumas descrições feitas pelos navegadores, dizia-se que os índios eram
sendo perdidas.
Filho 67, esta versão foi logo substituída pela versão oposta.”...No século XVII, a
sobrevivência”. 68
responsáveis por zelar pela saúde da população 70. Esses cargos ficaram muito
tempo sem ocupantes, pois nenhum médico aceitava transferir-se para cá.
67
BERTOLLI FILHO, Cláudio. História da Saúde Publica no Brasil. História e Movimento. São
Paulo: Àtica, 4ªed, 2004.
68
Idem. p. 05
69
Conselho Ultramarino Português: órgão responsável pela administração das colônias.
70
SANTOS FILHO, Lycurgo. Apud. SOARES, Marcio de Souza. Médicos e Mezinheiros na Corte
Imperial. Revista de História, Ciências e Saúde. Vol.VIII(2). Fiocruz. Rio de Janeiro, 2001.
71
BERTOLLI FILHO, Cláudio. op. cit. Pág. 6
De acordo com Tânia Salgado Pimenta 72 a fisicatura centralizava estes
a cirurgiões com carta que queriam receitar remédios para moléstias internas) e
72
PIMENTA, Tânia Salgado. Terapeutas Populares e Instituições Médicas na Primeira metade do
Século XIX. IN: CHALHOUB, Sidney. Artes e Ofícios de Curar no Brasil. São Paulo, 2003.
73
SANTOS FILHO, Lycurgo. Pequena História da Medicina Brasileira. São Paulo, 1966.
• Cirurgiões: Cirurgiões-barbeiros, cirurgiões-aprovados e cirurgiões-
XVI e XVII. Além dos atos operatórios mais comuns, amputar, reduzir luxações,
barbeiro.
prática da medicina.
74
Sarjjar: incisão superficial na pele, para retirar sangue, ou num tumor, para drenar pus.
• O barbeiro: foi o mais humilde dos profissionais da medicina, mas em
não tinha como pagar por uma consulta e também existia o medo de se
75
CHERNOVIZ, op. cit. 40
2.1 A MEDICINA INDÍGENA
Brasileira, diz que os indígenas jaziam no mais baixo grau de civilização. E seus
Para eles, a doença era provocada por uma causa natural, reconhecível
ou visível, a exemplo de uma flechada, ou, então, sobrevinha por uma influência
oculta, sobrenatural, que faria aparecer a dor, ou a febre, ou outro sintoma, como
sobrenaturais” 77.
76
SANTOS FILHO, Lycurgo. Op. Cit. P. 15
77
Idem p. 18
2.2 O INDÍGENA E AS DOENÇAS
relatos de cronistas do século XVI 78 , sacerdotes e leigos citados por Santos Filho
desconhecidas.
78
Idem pp. 21-24
Além das práticas mágicas, o curador indígena valia-se de numerosos
79
SANTOS FILHO, Lycurgo. Op.cit. p.18
universidades européias contaram unicamente com os monges para o ensino da
80
medicina.
jesuíta insinuou-se junto aos nativos e substituiu o pajé até mesmo como curador.
espirituais” 81 .
80
Idem. P.19
81
PIMENTA, op. cit.p. 324.
consistia em fazer passar o mal para um objeto exterior ao corpo, lançá-lo fora e
deixar esse objeto no caminho para que, ao tocá-lo, a doença pudesse atingir o
desafeto. 82
esses amuletos eram conhecidos como minkisi (plural de nkisi). De acordo com
nkisi era o nome dos amuletos pessoais utilizados pelas pessoas para proteger a
Para os bakongos o nkisi tinha vida, e ele era capaz de capturar uma
pessoas. Esta vida poderia ser dada ao nkisi por um ancestral que voltou do
82
SOARES, Márcio de Souza. Cirurgiões Negros: Saberes Africanos sobre o corpo e as Doenças
nas Ruas do Rio de Janeiro Durante a !ª metade do Século XIX. Lócus. Juiz de Fora, 2002.
83
Soares, Márcio de Souza. Op. cit. P.43
84
Idem. Pág. 44
85
Idem p. 45
85
SOARES, op.cit. p.47
sua combinação; o corpo(nitu); o sangue(menga) que era considerado o fluido
vital posto que carregava a alma(mo-oyo) e o duplo que vinha a ser tanto a
escravos.
Souza, os filhos de Santo Inácio aqui permaneceram até 1759, quando foram
87
SANTOS FILHO, Lycurgo. Op. cit. P.21
Com os seus afamados colégios detiveram o monopólio do ensino em toda
escravo africano.
predominou no Brasil do Século XVI até meados do século XVIII, quando foram
88
Arte Hipocrática: arte médica exercida por Hipócrates na Grécia Antiga. É na Grécia Antiga que
a medicina passa a ser considerada uma ciência, pois a doença passa a ser vista como fenômeno
natural. Assim a arte de curar deixa de ser simplesmente um dom dos céus para tornar-se algo
que pode ser transmitido e ensinado.
farmacêuticos), haviam se “degenerado” negando a atender e socorrer os
a saúde pública na Colônia ficava a cargo dos comissários enviados pela Coroa
cura.
saúde sofreu muitas mudanças pela administração pública colonial. Por ser a
capital do império lusitano, o Rio de Janeiro foi alvo de ações sanitárias. “...D.
89
SILVA, Antonio de Moraes. Dicionário da Língua Português. Lisboa: Lithotipografia Fluminense,
1813.
João VI procurou oferecer uma imagem nova da região que os europeus
Nacional.
Também nesta mesma época foi criada a Junta de Higiene Pública, que
se mostrou segundo Bertolli Filho, muito pouco eficaz e não alcançou o seu
Luís Otávio Ferreira 91 afirma que não resta dúvida de que, a implantação do
grande parte do século XIX, a atuação das escolas médicas ficou muito aquém
da expectativa 92.
90
BERTOLLI FILHO, Cláudio, op. cit. p.8
91
FERREIRA, Luiz Otávio.Medicina Impopular. In: CHALHOUB, Sidney. et. all. Artes e Ofícios de
Curar no Brasil. São Paulo, Unicamp. 2003.
92
FERREIRA, Luis Otávio. Op. cit.p.102
revistas dedicadas às ciências, um papel importante como instrumento utilizado
Mas, por outro lado, mesmo com o apoio das autoridades médicas oficiais,
capital, depois disseminados pelos viajantes por todo o país, inclusive entre os
índios da Amazônia.
93
Idem. P.103
94
Idem, p. 104.
95
Febre amarela: Doença infecto–contagiosa causada por um vírus transmitido ao homem pela
picada de mosquito. Caracteriza-se por um começo brutal, com febre de quarenta graus, dores
violentas nas costas e na cabeça e vômitos, podendo levar a morte.
Varíola: Moléstia infecciosa causada pelo micróbio (vírus) chamado Poxvirus variolae,
resultando em febre alta, vômitos dores generalizadas e principalmente no aparecimento de
bolhas, que deixam, cicatrizes pelo corpo. A forma Varíola major é muito grave, matando vinte em
cada cem atingidos.
Cólera: Infecção Intestinal aguda e muito contagiosa causada pelo bacilo Vibrio Cholerae,
presente em águas poluídas. È caracterizada por diarréia abundante, Vômitos e Cãibras, se não
tratada rapidamente, pode levar à morte num período de 12 a 36 horas.
quarentena, onde os passageiros que desembarcavam doentes eram obrigados
enfermidades eram causadas por “miasmas”, isto é, pelo “ar corrompido” que
XIX, fez difundir no Brasil uma polêmica, que já era percebida a nível mundial,
96
ALMEIDA, Marta de. Tempo de Laboratórios, Mosquitos e Seres Invisíveis. In: CHALHOUB,
Sidney. Op. cit. pág.124
97
FERREIRA. Op. cit.pág.120
98
Almeida, Marta de. op. cit.127
Muitas vezes, afirma Marta, os contagionistas e os infeccionistas se
pudesse ser transmitida de uma pessoa adoentada para a outra, embora a causa
microbiológicas.
Segundo Santos Filho, não foi o Rio de Janeiro, então o maior centro médico
do país, mas sim na Bahia, que se realizaram tais estudos, na segunda metade
99
Idem. P,127
100
Idem ,p 126
microscópico, valeram-se dos recursos da anatomia-patológica, o conhecimento
principalmente por Mary C. Karasch, com sua obra A vida dos Escravos no Rio
condições de vida dos escravos no Rio do Janeiro; afirma que além de fatores
cidade do Rio de Janeiro era considerada uma das mais insalubres da época. 103
101
SANTOS FILHO, op.cit. 93
102
Idem, p. 94
103
KARASCH, Mary.C. A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro.São Paulo, Companhia da Letras,
2000.
africanos da zona rural em um ambiente urbano, estranho e insalubre tinha um
Ainda, segundo Karasch, o ambiente do Rio era hostil não somente aos
novos africanos, mas também aos indígenas do interior do Brasil e aos escravos
brasileiros das regiões rurais. Afirma que: o intercâmbio existente entre os novos
grupos vindos da África Central durante o século XIX, misturavam-se aos grupos
de moléstias. Por este motivo, os escravos cariocas tinham que sobreviver a uma
dos escravos tais como Karasch e acrescenta que a alimentação além de muito
em condições pútridas.
104
KARASCH, Mary. C. op. cit. p.207
105
Idem. p. 208
106
KARASCH, op. cit. p.208
107
STEIN, Stanley J. Grandeza e Decadência do Café no Vale do Paraíba.São Paulo ,1961.
e os trabalhadores espalhavam seus excrementos por toda parte. As cascas de
sede.
parte dos fazendeiros, que tachavam, suas queixas de fingimento” 109 quando a
alforriado 110.
Segundo Stein, o mais comum dos males das fazendas era o bicho-de-pé,
tosse comprida eram freqüentes também, mas nada era mais temida do que a
108
STEIN. op.cit. p.221
109
Idem p.222
110
FONSECA, Caetano da. Manual. Apud Stein, p.223
111
STEIN, op. cit. 224.
preservar sua saúde ou resistir aos ataques das doenças. O resultado era
1ª causa-morte Tuberculose
omissão das mais simples leis da higiene e da incerteza das bases do tratamento
escravos no Brasil.
112
KARASCH, op. cit. p. 258.
113
JARDIM, David Gomes. Algumas Considerações Sobre a Higiene dos Escravos. Rio de
Janeiro, 1847.
Uma refeição não variada, e muitas vezes em quantidades insuficientes e
da medicina desde o período colonial até o século XIX, os cuidados com a saúde
diversos segmentos.
científica representada pelos médicos. A saúde dos escravos ficava a cargo dos
114
Azinhavre: veneno chamado quimicamente de hidrocarbonato de cobre. Tem cor verde que se
forma na superfície do cobre ou latão, quando expostos ao ar úmido.
115
JARDIM, op. cit. p.8
Mapa 1
Mapa 2
Mapa 3
Capítulo 2 - A Farmácia
enfermidades sofridas pelos escravos que ali viviam. Nesse sentido, torna-se
que irão nos ajudar a dimensionar o aspecto mais importante da pesquisa que é
o social.
isto iniciamos como suporte para nossa fonte de análise o Formulário e Guia
trabalhadas no capítulo 3.
tempos levaram-nos à sua descoberta. O uso dos fármacos, ainda que na forma
eram mais efetivas que outras e assim a prática da terapia com fármacos remonta
116
ANSEL, Howard C. at all. Farmacotécnica: Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de
Fármacos. Editorial Premier.São Paulo, 2000. p. 03
117
ANSEL, op. cit. p. 01.
promovem a sua constrição. Os fármacos também podem fazer com
que o sangue seja mais coagulável. Os denominados eméticos
induzem o vômito, enquanto que os antieméticos fazem o contrário.
Os diuréticos aumentam o fluxo urinário, os expectorantes aumentam
o volume dos líquidos e os laxantes provocam evacuações. Os
fármacos também são usados para reduzir dor, febre, atividade
tireoidiana, e combater doenças infecciosas. 118
como as que destacaremos no século XIX, puderam ser tratadas e hoje são
medicina e da farmácia. 121 Talvez o mais antigo e famoso desses achados seja
118
Idem .p. 01
119
Idem. P. 01
120
SANTOS FILHO, op. cit. P.59
121
ANSEL. Op.cit.p.06
122
Papirus Ebers: é um rolo contínuo com aproximadamente 18 metros de comprimento e 30
centímetros de largura, datado do século XVI a.c. Esse documento se encontra preservado na
universidade de Leipzig, e recebeu este nome por causa do egiptólogo alemão George Ebers que
o encontrou em uma câmara mortuária de uma múmia e o traduziu durante a 1ª metade do século
XIX.
fármacos ou prescrições e mencionando mais de setecentos fármacos
diferentes.
de origem vegetal como a Acácia, semente de mamona e erva doce, são citadas.
descobertas neste período foram usadas com freqüência durante o século que
estamos estudando.
cientistas que contribuíram com sua criatividade para o avanço das ciências da
saúde.
123
Claudius Galenus nasceu m Pérgamo, em 131 da nossa era. Depois de ter estudado na Grécia
e em Esmirna, veio fixar-se em Roma no Império de Marco Aurélio, que o havia chamado a fim de
compor uma teríaga contra a peste.
Prista destaca o objetivo da Farmácia Galênica, como sendo: ‘’ o de
século XVI e o conceito que o exprimia era mais restrito. Sendo que o termo foi
curativos. 126
Marques afirma que esses “farmacêuticos” que aqui se fixaram nos séculos XVI
124
PRISTA, L Nogueira. at all. Técnica Farmacêutica e Farmácia Galênica. 3ª edição. Volume 1.
Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa ,1973.
125
Caixas de Botica: espécie de arca de madeira onde eram guardados os medicamentos
produzidos nos laboratórios.
126
MARQUES, Vera Regina Beltrão. Os magos da Botica. IN: Nossa História, Editora Vera Cruz,
Ano 2. Nº21. Julho, 2005.
ou de castelhanos, quase todos eram judeus de origem, sendo seus pais
127
também boticários.
127
Idem. Op.cit. p. 20
128
SANTOS FILHO, op. cit. p. 36
129
RIBEIRO, Lourival. Tempo de Médico. Editora Cátedra, Rio de Janeiro, 1979. p. 24
A botica do Colégio da Bahia se distinguiu com 38 receitas, dentre elas se
destacava, a Triaga Brasílica. Pode-se avaliar a importância que lhe foi atribuída,
dos bens dos jesuítas na Bahia, dirigido a um ministro da Corte “para ser
presente ao Rei”. “... fiz a necessária diligência para que me viesse as mãos,
antes que fosse de outrem, vista pelo justo receyo de que se trasladasse ou se
a ser ministrada naquele hospital. No texto deste mesmo decreto à mesma botica
Militar.
130
IDEM, op. cit. P.34
131
IDEM. op. cit. P.38
132
BRAGA, João Áreas. Botica Real Militar. Dicionário Histórico –Biográfico das Ciências da
Saúde no Brasil (1832-1930). Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz. p. 02
133
IDEM. op. cit. P.02
2.4 Farmacêuticos e médicos no Brasil do século XIX
quase nada se fez em química, embora possamos dizer que o período colonial
técnicos precisos, mesmo que de forma empírica. No século XIX, boa parte das
de recursos nacionais não foi a única explicação deste fato. Tiveram também
naturalista. 135
Um deles foi Theodoro Peckolt, 136 chamado para vir ao Brasil pelo médico
Mariolino Fragoso, dando início a partir daí, a várias expedições pelo interior do
e Rio de Janeiro.
134
SANTOS, Nadja Paraense dos at. all. Theodoro Peckolt: Naturalista e Farmacêutico do Brasil
Imperial. Instituto de Química. Química Nova, 21(5). Rio de Janeiro, 1988.
135
Idem op. cit. P. 667
136
Theodoro Peckolt: nasceu em Pecher, na Silésia alemã, em 1822. Sua paixão pela química e
pelas plantas começou muito cedo. Peckolt revelou sua vocação, trabalhando como prático em
farmácias, posteriormente, nas universidades de Rostock e Gottingen e em 1846, começou a
trabalhar no Jardim Botânico de Hamburgo. Induzido por Von Martius a visitar o Brasil, veio em
1847 e permaneceu aqui, durante os 65 anos restantes de sua vida.
Em 1868 mudou-se definitivamente para a Corte e fundou a Farmácia
depois.
desembarcou no Rio de Janeiro em 1840. Defendia uma medicina social que não
escravidão, a única usada pelos escravos, uma vez que tinha uma qualidade
Paterson. 141
137
Idem. op. cit. P. 668.
138
Benoit Jules Mure: Médico francês, veio ao Brasil fundar uma colônia falansteriana na
península do Sahy (entre o Paraná e Santa Catarina).
139
Rosenbaum, Paulo. História de um Visionário. In: A arte de Curar. Nossa História. Ed. Vera
Cruz, Ano 2. nº21, julho,2005
140
Idem op.cit. p .26.
141
Oto Edward Henry Wucherer, de ascendência alemã, porém nascido em Portugal, formou-se
na Alemanha. José Francisco da Silva Lima, natural de Portugal, Formou-se na faculdade de
medicina na Bahia e John Ligertwood Parteson, natural da Escócia. Pelo pioneirismo experimental
destes três pesquisadores na Medicina Brasileira deu-se o nome de Escola Tropicalista Bahiana a
este movimento.
142
SANTOS FILHO, op. cit. P.94-95
Já José Francisco da Silva Lima fez a descrição do “ainhum”, uma afecção
dos dedos dos pés dos africanos. Estudou também a Bouba, o Máculo e a
Dracontíase, mas foi com a Beribéri, que ele desenvolveu um de seus estudos
143
mais completos.
que foi o primeiro a diagnosticar a invasão da febre amarela na Bahia bem como
do “cólera-morbo”.
fato no Rio de Janeiro com o médico Oswaldo Gonçalves Cruz e com seus
demonstrado.
Utilizada como uma das nossas principais fontes de pesquisa, sua obra
século XIX.
143
Ibdem. P. 96
144
Ibdem p. 103
2.5 Chernoviz, o Doutor da Capa Preta.
medicina, pois na Europa existiam divisões entre os dois cursos, logo percebeu
curandeiros. 147
145
FIGUEIREDO, Betânia Gonçalves. A arte de Curar. In: Nossa História. Ano 2, Nº 21. São
Paulo. Vera Cruz, 2005.
146
IDEM, op. cit. p.24
147
Ibdem . p. 24
saberes aprovados pelas instituições médicas oficiais no cotidiano da
população. 148
1842 até 1890 vendeu 3000 exemplares, confirmando o sucesso obtido pelas
suas obras.
ainda “O uso do nitrato de prata nas doenças das vias urinárias”. 149
populações do interior porque poderia ser utilizado por pessoas leigas, pois
e farmacêuticos. 150
148
GUIMARÃES, Maria Regina Cotrim. Chernoviz e os Manuais de Medicina Popular no Império.
In: História, Ciências e Saúde - Manguinhos. V.12. Nº2 Rios de Janeiro, Maio/agosto de 2005.
149
IDEM. op. cit. p. 03
150
Figueiredo, op. cit p..25
3ª - Operações farmacêuticas: descrição das operações farmacêuticas mais
correntes.
xaropes etc.
6ª- Formulário: nesta parte da obra, descrevem-se por ordem alfabética todas
vários cosméticos, preparados para tirar nódoas, etc. Muitas destas composições
151
Remédios de Segredo. Ver: MARQUES, Vera Regina Beltrão. Medicinas Secretas. In:
CHALHOUB, Sidney at all. Artes e Ofícios de Curar no Brasil.Campinas, S.P. Unicamp, 2003.
aparelhos usados na época. Na parte de baixo do armário encontram-se umas
pequenas gavetas com inscrições de algumas plantas que eram utilizadas como
substâncias.
maioria dos frascos apresenta substâncias sólidas com aparência de “sais”. Mas
da coleção.
deteriorada pela ação do tempo e pela ação das próprias substâncias que estão
Placa 1: Este armário e seu conteúdo, pertenceu ao hospital dos escravos da família Esteves,
“Placa 2: Armário da farmácia do hospital dos escravos da Fazenda Santo Antonio do paiol, com
152
CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Formulário e Guia Médico. Tomo I e II. 19ª ed. Paris, 1900.
2.7 Substâncias da Farmácia Santo Antônio do Paiol.
externo desinfetante
18-conserva de peptona interno Moléstia do peito, gastralgia, cachexia,
vômitos e afecções de garganta.
externo desinfetante
37-phenol externo Desinfetante: úlceras, sarna e depois
bobdeulf(phenato de soda) de epidemias de cólera, febre amarela
e tifo.
bem como seu uso e doses utilizadas, estão relacionadas no anexo nº1.
identificadas somente pelo rótulo, mas não foi possível fazer uma descrição mais
Vegetal.
1ª metade do século XIX e análise da morbidade nas Gerais (Vila Rica - 1799-
1801)”. 153
153
Manual de Classificação Estatística Internacional de Doenças, Lesões e Causas de óbito
(baseada nas recomendações da 8ª Conferência de Revisões e adotada pela Organização
Mundial de Saúde). Nomenclatura atualizada de acordo com Santos Filho, Lycurgo. História da
Medicina no Brasil (do século XVI ao século XIX). Costa, Iraci Del Nero. Análise da Morbidade
nas Gerais (Vila Rica 1799-1801). Revista de História. Ano XXVII. V. LIV, São Paulo, 1976.
2.8- Doenças dos escravos da Fazenda Santo Antonio do Paiol.
Grupo II: Doenças do sistema nervoso e Epilepsia – (gota coral) – histerismo – delírio
órgãos do sentido nervoso – insônia- paralisia (paralisia ,
estupor)
Grupo III: Doenças do Aparelho Circulatório Não consta
Grupo VII: Doenças de pele e do tecido celular. Lepra (morféia) – Gangrena- abcessos
gangrenosos – sarna.
Grupo IX: Sintomas e estados mórbidos mal Apoplexia – Cólicas – cólica de chumbo-
definidos. hemorragias de sangue
Fonte: COSTA, Iraci Del Nero. Análise da Morbidade nas Gerais & KARASCH, Mary C. A Vida
aparecem substâncias que poderiam estar sendo utilizadas para qualquer tipo de
De acordo com a autora, este fato poderia ser interpretado pela não
Karasch classifica para o Rio de Janeiro como primeira causa morte entre
doenças que apareceram na análise das substâncias mais que não são citadas
Classificação das doenças dos escravos da Fazenda Santo Antonio do Paiol que
não aparecem no quadro 2 mas que estão de acordo com a Cid-10. 154
154
Ver Cid-10. Classificação Estatística Internacional de Doenças e problemas relacionados a
Saúde. 10ª Revisão. Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo/ organização
Mundial de Saúde/ Organização Pan-Americana de Saúde. A 10ª Revisão da Classificação
Karasch classifica o escorbuto junto com as doenças reumáticas e afirma
deficiência de outras vitaminas como A ,B, D, falta de ferro e sais minerais pois,
alguns frascos.
Doença é resultado de uma série de revisões que se iniciou em 1893. www. datasus.gov.br/cid
10/webhelp/listacateg.htm.
155
Notas de compra pertencente à documentação da Família Esteves, sob a guarda do Museu da
Justiça no Rio de Janeiro. Caixa de nº1546.
Quadro nº 4
-Ipecacunha 12.000(Purgante)
em pó.
-12 pílulas 10.000(anemia)
Blancard.
-1 caixote
21 Setembro /1879 Drogaria - 55.100
Janvrot -RJ
54 0utubro/1880 Drogaria - -
Janvrot -RJ
Fonte: Inventário da família Esteves. Museu da Justiça do Estado do Rio de Janeiro
1879, cujo valor é de 1.627.040 réis de algodão para os escravos, o que pode
expedidas para os escravos durante um ano para verificação das doenças mais
freqüentes.
Capítulo 3 - Enfermidade versus Tratamento na Fazenda Santo
Antonio do Paiol.
família Esteves. Através da análise das mesmas tentaremos traçar um perfil das
plantel considerado por alguns autores já citados nos capítulos anteriores como
era utilizado tanto pela família quanto pela população residente em torno da
proprietário.
informações poderemos chegar mais próximo do real, de como poderia ter sido o
sala, separada por um gradil, estava a farmácia: ao lado, as portas que davam
enfermaria estavam alinhados quatro ou cinco leitos de cada lado, uns apenas
os padrões da época porque possuía mais de cem escravos como descrição feita
156
ANDRADE, Eloy de. O Vale do Paraíba. Rio de janeiro. Real Rio Gráfica e Editora Ldta, 1989.
157
Tulhas : celeiro
158
Médico de Partido: eram médicos contratados pelos grandes fazendeiros para fazer visitas às
fazendas onde existiam os hospitais.
159
ANDRADE. op. cit. p. 225-228.
3.2 - Higiene nas Enfermarias dos Escravos.
vezes por semana, desinfetados com solução de ácido fênico 160 e em dias de
160
Àcido Fênico: usado como desinfetante, durante as epidemias.
161
Variolosos: pessoas infectadas pela varíola: moléstia infecciosa causada pelo micróbio
Poxvirus variolae.
observar os mesmos sintomas em outros pacientes se estes se repetissem
Além dos práticos, prestavam serviços nas farmácias e aos doentes das
Preto 163.
descansar por mais alguns dias deferindo sua alta somente quando o escravo
maioria dos casos os escravos eram tratados quando adoeciam, com muito pouca
atenção, muitas vezes o médico não era chamado, contribuindo para uma
162
ANDRADE, op. cit. p. 226
163
Escola de Farmácia de Ouro Preto: Criada em 04 de abril de 1839, através de Lei Provincial,
abrigou o primeiro curso de farmácia do Brasil, com funcionamento independente das escolas de
medicina. In: Netto Junior, Antonio. O fermento de Pasteur na Escola de Farmácia de Ouro Preto.
Anais do XIV Encontro Regional de História da ANPUH. Juiz de Fora, julho de 2004.
164
Idem p.227
165
JARDIM, David Gomes. A Higiene dos Escravos. These apresentada à Faculdade de medicina
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Typografia Universal de Laemmert, 1847.
166
Jardim, op. cit.p. 15.
A enfermaria do hospital dos escravos da Fazenda Santo Antonio do Paiol
era visitada pelo médico Drº Ernesto Frederico da Cunha que possuía uma clínica
parte mais alta do terreno, próximo da sede, bem diferente das senzalas que
Rio de Janeiro o que pode nos mostrar a análise do documento que se segue:
demonstrou que a prática de internamento dos escravos acontecia, mais não era
Quadro nº 1
caderno ou em pedaços de papel. Esta era uma prática exercida pelo médico
receitas.
eram enviados por ele, atendendo aos vários pedidos solicitados pelo
proprietário da fazenda.
26 de agosto de 1883.
50 gramas de licor.
Peço que me mande pelo trem de 1hora de hoje mais 12 papéis de enxofre e
167
Ver: Almanak Laemmert: Administrativo, Mercantil e industrial do Império do Brasil para 1883.
Fundado por Eduardo Von Laemmert. 40º ano. 3º Volume. Almanak para as províncias do Rio de
Janeiro.
5º pedido: Compra de Medicamentos
Peço-lhe que me mande 2 juntas boas, sendo uma para o lado direito e outra
• Ergotina 10capsulas.
• Tanino
as doenças de pele que foram citadas no capítulo anterior. Já o enxofre, seu uso
recaí sobre umas das doenças citadas por karasch para o Rio de Janeiro, na
também nas doenças de pele. O extrato de cicuta era bastante utilizado para
tratar as doenças do sistema nervoso. O quadro nº 2 abaixo trás uma análise das
receitas médicas comprovando que essas substâncias foram utilizadas durante o
ruibarbo etc. A forma como a receita era escrita seguia alguns padrões pré-
das substâncias era escrito, sempre um abaixo do outro, na ordem em que seriam
misturadas.
em que dose deveriam ser administrados. Para formular uma pomada, uma
Pomada:
168
CHERNOVIZ, op.cit. págs. 42-43
Subcarbonato de potassa 5 gramas(adjuvante)
Água distillada 5 gramas (Excipiente)
Óleo de Amêndoas 5 gramas (Corretivo)
Banha 35gramas (Excipiente)
Pílulas Febrífugas
O quadro nº 2 irá nos mostrar que o Drº Ernesto Frederico da Cunha usava a
Receita Ano Fármacos/ Fórmula Modo de usar Doença Tratada Escravo/ Proprietário
mês medicamentos
1ª 1883 Nitrato de prata 2 lápis - Varíola Dona Maria Esteves
março Doenças
venéreas
Água destilada 200gramas - Moléstia de pele. Augusto
Arseniato de soda 10gramas
2ª 1883 Calomelanus 1decigrs Tomar de uma vez Sífilis Izabel
março Assucar 2 gramas
Podophilina pura 25 miligrs. 1a3 pílulas por dia Icterícia Izabel
Extrato de Rhuibarbo 2 centig. Doenças crônicas
Sabão medicinal 1centigrama do fígado.
3ª 1883 Mistura de Salvia 750grs Tomar a vontade Problemas Dona Maria Esteves
março officinalis Gástricos Januário
4ª 1883 Não Identificado 30gramas Passar na erupção Doença de pele -
Abril
5ª 1883 Gliceróleo de enxofre 30gramas Passar na erupção Doença de pele Sr Antonio Manoel de Menezes
abril (Sarna)
Enxofre Sublimado Centigramas. 2 papéis por dia Catarros crônicos -
Magnésia Bronquite
20grs
Àgua Destilada 300gramas 2 colheres de sopa Doenças de pele Francelina
Arseniato de Soda 10gramas dia
6ª 1883 Citrato de magnésia 250grs Tomar de uma Sistema digestivo -
abril Gliceróleo de 30grs vez.
Bismuto Externo
1883 Enxofre sublimado Centigramas 1papel por dia Catarros crônicos Francelina
abril Magnésia gramas
Receita Ano Fármacos/ Fórmula Modo de usar Doença Tratada Escravo/ Proprietário
mês medicamentos
Enxofre sublimado Centigramas. 2papel por dia Catarros crônicos Para as meninas
Magnésia 25 gramas
17ª 1883 Valerianato de Ferro 10centigrams 3 pílulas por dia Chlorose Sr Menezes
setembro Asa Fétida 5centigramas (anemia)
Extrato de Belladona 0.05 centigrs Asma
Extrato de Noz Vômica - centigrs Coqueluche
Xarope de Lúpulo 250gramas 2c. por dia Escrophula Thereza
Arseniato de soda 5centig.
20ª 1883 Limonada Purgativa de 200gramas Tomar de uma vez Purgante Dona Maria Esteves
Outubro. citrato de magnésia Infecção de
Água Phenicada garganta.
32ª - Água destilada 200gramas xarope Nervosas e Srº Antonio Manoel de Menezes
Iodureto de Potássio 8gramas Sífilis
Bromureto de Potássio 6grams
Tintura de Noz Vômica 2 gramas -
D. Calais Cerupto 30 gramas
33ª - Xarope de Bornies 25gramas 2colheres. ao dia Escroplhula Dona Maria Esteves
Quadro nº 3
Os índices mostrados no quadro acima vêm confirmar mais uma vez que
varíola que não são doenças de pele, mas sim classificadas em outro grupo.
Antonio do Paiol seria uma grande incidência de Sífilis entre os escravos além das
outras enfermidades.
13 de março de 1881
O pharmacêutico J. Parma
o século XIX, que seriam a venda de remédios secretos para a cura de diversas
deparamos com este anúncio que nos confirma também que as doenças de pele
Jornal “O Valenciano”
pode sindicar. Esta pessoa propor-se a curar esta terrível e até hoje incurável
169
Jornal pertencente ao acervo da Família Esteves, proprietária da Fazenda Santo Antonio do
Paiol. Fazem parte do acervo, alguns exemplares dos jornais que circulavam na cidade de
Valença. O Merrimac de 1862, A Phenix do ano de 1867, O Alagoas 1868, O Regenerador de
1871, O Echo-Valenciano, O Porvir de 1876, A Gloria de 1876, O phonógrafo de 1881.
qualquer quantia a vista, e somente a requer quando seus medicamentos terão
para enterro que cobrem o ano de 1875 até 1945, ultrapassando bastante o nosso
nos registros com a condição jurídica definida como escravo é de 5,9 %, os outros
escravos poderiam ser identificados somente pelo nome porque não consta a
algumas relacionadas. O que nos surpreendeu entre esses registros foi à morte
ser considerada como morte natural em quase a maioria dos casos analisados
sepultamento. 170
1ª) Concedo licença para ser sepultado no cemitério da Ex. Srª D. Maria Pimentel
Esteves.
Bernarda de Nação
Idade : 50 anos
Escrava
170
Documentação da fazenda Santo Antonio do Paiol: Série óbitos, Caixa 04 . Ano 1880.
2ª) Ilmº Srº Antonio Manoel de Menezes. 31/10/1888.
S. Manoel.
liberta que morreu ontem, empregada do Srº Jacintho Martins Pimentel que de
171
As autorizações foram transcritas de acordo o documento.
foi montada nos anos iniciais, após seu casamento em 1850, quando foram
1850-1859 O
1860-1869 27
1870-1879 72
1880-1888 56
Total 155
análise: ano de nascimento, nome da mãe, nome do escravo, sexo, nome dos
porém para a nossa análise não utilizamos esses dados pois com dissemos
172
SILVA, Sidney Pereira. As Relações Sócio-Parentais entre Escravos: o batismo de escravos
em Valença, província do Rio de Janeiro (1823-1885). Dissertação de Mestrado. Universidade
Severino Sombra, 2005,.
anteriormente o nosso objetivo foi verificar a quantidade de nascimentos devido a
intercâmbio.
proprietário com o seu plantel que era um dos maiores da região. Somente nesta
unidade produtiva chegou a possuir 320 escravos que foram deixados para os
criação, mas acreditamos que começou a ser montada após 1850 com a proibição
capítulo uma descrição do que era o município de Valença, desde a sua criação
até o século XIX, analisando alguns aspectos fundamentais tais como: social,
sociedade local.
século XIX. Com a análise das substâncias, chegamos as doenças que estavam
conseqüência da sífilis.
escravos. Concluímos que a montagem farmácia pode ter se iniciado com a Lei
quadro nº4. È importante ressaltar que o tratamento dado aos escravos através
substâncias da farmácia.
173
Rosenbaum. Op.cit.p27
5-Fontes Manuscritas:
Misericórdia de Valença.
ANDRADE, Eloy de. O Vale do Paraíba. Rio de Janeiro. Real Rio Gráfica Ltda,
1989.
fora, 1872-76). IN: LOCUS: Revista de História. Juiz de Fora, vol. 2, nº1 1996.p.
99-121.
com a Família e as Solidariedades - Zona da Mata de Minas Gerais, séc. XIX. In:
ALGRANTI, Leila Mezan. Entre a suspeita e a chibata. In: ____ O feitor Ausente:
157-205.
ANTONIL, André João – Cultura e Opulência no Brasil. 2.ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1976.
obra de Gilberto Freyre nos anos 30. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994. Parte 1.
BERTOLLI FILHO, Cláudio. História da Saúde Pública no Brasil. 4.ed. São Paulo:
CARVALHO, JOSÉ Jorge de. O quilombo do Rio das Rãs: Salvador : EDUFBA,
1995.P13-73.
CASTRO, Hebe Maria Mattos de. at. all. Resgate: Uma Janela para o
CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Formulário e Guia Médico. Tomo II, 19ª
COSTA, Emilia Viotti da. Da senzala a Colônia. 3. ed. São Paulo: Brasiliense,
1989.
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COUTY, Louis. Ètude de Biologie Industrielle Sur le Café. Rio de Janeiro, 1883.
Gerias no Final do Século das Luzes. Vária História, nº 23. Belo Horizonte:
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FALCI, Miridan Britto. História e Cultura Médica: Uma abordagem para o Estudo
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1830. In: LEMOS, Maria Tereza et alli. América latina e Caribe: os desafios para
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Editora,1981.
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MARTINS, Roberto Borges. Minas Gerais, séc. XIX: tráfico e apego à escravidão
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MELLO E SOUZA, Marina de. Reis Negros no Brasil Escravista. História da Festa
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PAIVA, Eduardo França. Escravos e libertos nas minas Gerais do séc. XIX:
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______ Lares negros, lugares brancos, histórias da família escrava no séc. XIX.
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VENÂNCIO, Renato Pinto. Caminho Novo: a longa duração. Varia História, Belo
Horizonte, V.21.p.181-189.2000.
Anexos
Anexo Capítulo 2
Medicinais Brasileira.
Uso interno: suores dos tísicos, nas diarréias, nas hemorragias de pulmão, e do
ácido. Usado em lugar do suco de limão nas limonadas. Atua como temperante.
3- Ácido Phenico-Phenol ou ácido carbolico, Acide Phínique, fr. p . 245
por destilação.
injeções etc.
A água sulfurosa artificial pode ser obtida tanto para uso interno, quanto externo.
sulfurosas dos Pyrenes. Pode ser usada para tratamento da pele, nos catarros
Potassa (a potassa caustica pela cal) é um dos cáusticos mais empregados para,
8-Anti-hemorroidarios
Ex: Ratania.
9- Aniz
violento. O emprego deste óleo requer grande prudência, pois com uma gota,
Este sal é branco, inodoro, não se emprega isolado, mas muitas preparações lhe
álcool. Vende-se no comércio ampolas de vidro tendo um gargalo muito fino que
ou intercostais.
É um sal cristalizado em lâminas sem cor, de sabor quase nulo, solúvel em água
a pelo álcool. È branca, pulverulenta de sabor acre. Solúvel em água, que torna
nas emulsões, mais perfeita e mais segura, graças a divisão externa de suas
partículas, com elas, resulta que o efeito desta substância é muito eficaz.
Desinfetante e Antidisfitérico
de prismas, de cor amarela clara, que são pouco solúveis em água fria, mais
do Rio de Janeiro, da Gamelleira, Fícus doliaria, árvore do Brasil cujo leite serve
21-Elixir p.708
carne assada. Tem sabor picante. Forma com a água uma dissolução de cor
morbus, e etc.
extrato de thebaico.
minerais.
Chlorhydratos = ópio
Os laxantes que purgam sem irritar, por assim dizer de modo mecânico, são
teimosa.
planta.
212 graus.
Prepara-se fazendo oxydar a prata por meio do ácido azotico. Pode ser
cristalizado, sem cor, sabor caustico, torna-se negro sofre a influência da luz.
Propriedades e Usos:
prata.
34-Pepsine “ Boudalt”p.1174
que lhe deve as propriedades digestivas. Tal como se obtém pelo modo descrito
Este sal descoberto em 1881, pelo Snr. Maurice Robin, chefe de laboratório dos
marcial.
Nos seus estudos Robin demonstra no seu estudo sobre os ferruginosos, que
nenhum sal férrico é absorvido pela mucosa estomacal; por outro lado o
e na chlorose.
ativos que existem todos principalmente em certos óleos essenciais, ácidos que
eles contêm.
feridas sem inflamação nem supuração (se um corpo estranho não existir
internas.
epidemias.
Planta cultivada nas hortas, cujas folhas são empregadas, quotidiana na arte
culinária.
resolventes.
gramas.
O extrato do mesmo suco é empregado na Alemanha contra febres intermitentes,
centigramas.
44-Tintura de Arnica (Arnica, fr.) p. 395.
crônico.
sem cor, insolúvel em água, muito solúvel no éter fervendo obtém-se destilando
incompletamente os petróleos.
1ª receita:
variólicos.
Para o Augusto:
2ª receita:
3ª Receita –p .1317
4ª receita.
Uso externo:
Uso interno
• Magnésia 20 centigramas
Para a Francellina
6ª receita.
medicamentos.
intertigo.
Dose:1 papel
moléstias cutâneas.
Para as Meninas:
• Magnésia 25 gramas
Moléstia na pele,
7ª receita:
• limonada purgativa.
9ª Receita –p.1244
10ª receita
do alface gigante.
por dia, três vezes ao dia. Aumentando à medida que não se produza
nenhum acidente.
Victorino
Planta que no Brasil se encontra nos estados de São Paulo e Rio Grande do
Preparo:
Iodo 10gramas
Uso interno:
12ª receita:
• Magnésia 1 grama
Uso interno:
narcóticas.
• Glicerina 50 gramas
Para curativos das feridas
Molétias de pele
14ª receita:
15ª receita:
16ºreceita
pele.
17ª receita
• Extrato de Belladona
Para a Thereza
• Xarope de Lúpulo 250 gramas
Xarope: 30 a 60 gramas
• Vaselina 20 gramas
18ª receita:
• Lycopodium Clavatim
• Vaselina 10gramas
È um purgante brando.
• Água phenicada
Firmo monjolo
Uso interno
Portugal.
como emmenagogo.
• Tília- Tília Européia –p.1416. Àrvore da europa, usa-se as flores, que tem
árvore da Índia.
extremamente amargo.
adocicado.
Para o Leopoldo.
Só de ser empregado depois de ter ficado exposto ao ar por dois meses para
Cancro Venéreo.
22ª receita
É sólido, branco, inodoro e de sabor um tanto ácido. Uso externo nesta dose
prisão de ventre.
reumáticas e gottosas.
Dose: Extrato 1 a 5 gramas.
É sólido, branco, inodoro e de sabor um tanto ácido. Uso externo nesta dose é
prisão de ventre.
reumáticas e gottosas.
incompletamente os petróleos.
de vaselina líquida.
• Acetato de alumem:
27ª receita
• Ergotina – p.715
Usos:
um tônico.
gastralgia.
28ªreceita
29ª receita
• Ergotina – p.715
Nome dado a várias substâncias diferentes extraídas da cravagem de centeio
Usos:
gastralgia.
Para Florinda
É sólido, branco, inodoro e de sabor um tanto ácido. Uso externo nesta dose é
prisão de ventre.
reumáticas e gottosas.
incompletamente os petróleos.
de vaselina líquida.
32ª receita:
amargo.
33ª Receita:
34ª receita:
uso externo:
35ª Receita
nas constipações.
Uso externo
• Óleo de Carnaúba
Árvore da família das palmeiras, que produz principalmente cera vegetal. A raiz
Sr. Augusto
Uso interno
• Cloridrato de morphina
Sal, cristalizado em agulhas, branco, amargo, inalterável ao ar. É muito
asthma e nevralgias.
sódio, e fazendo dissolver o gás que se produz na água comum por meio de
aparelho de woulf.
acompanhadas de adynamia.