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Universidade Estadual do Maranhão – UEMA

Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN


Curso de Letras Licenciatura – Habilitação: Português
Atividade de Literatura Brasileira I – Professora: Iranilde Costa
Nomes: Deyse Filgueiras Batista e Klerianne Silva Ribeiro
5º Período – Turma Vespertina

Análise de Poemas Gregório de Matos Guerra

1. Buscando o Cristo Crucificado um Pecador com Verdadeiro Arrependimento


A/ vós/ co/rren/do/ vou/, bra/ços/ sa/gra/dos,
Ne/ssa/ cruz/ sa/cro/ssan/ta/ des/co/ber/tos,
Que/, pa/ra/ re/ce/ber/-me, es/ta/is a/ber/tos,
E/, por/ não/ cas/ti/gar/-me, es/tais/ cra/va/dos.

A/ vós/, di/vi/nos/ o/lhos/, e/clip/sa/dos


De/ tan/to/ san/gue e/ lá/gri/mas/ co/ber/tos,
Po/is/, pa/ra/ per/do/ar/-me, es/tais/ des/per/tos,
E/, por/ não/ con/de/nar/-me, es/tais/ fe/cha/dos.

A/ vós/, pre/ga/dos/ pés/, por/ não/ dei/xar/-me,


A/ vós/, san/gue/ ver/ti/do/, pa/ra un/gir/-me,
A/ vós/, ca/be/ça/ bai/xa/, pra/ cha/mar/-me.

A/ vós/, la/do/ pa/ten/te/, que/ro u/nir/-me,


A/ vós/, cra/vos/ pre/cio/sos/, que/ro a/tar/-me,
Pa/ra/ fi/car/ u/ni/do, a/ta/do e/ fir/me.

Constitui-se de 14 versos: 4 estrofes formadas por 2 quartetos e 2 tercetos,


estruturando um soneto, bem característico do Barroco. As rimas são do tipo
interpolado nos quartetos e, cruzadas nos tercetos: ABBA – ABBA – CDC – DCD; são
ricas nos quartetos (encontro de classes de adjetivo e verbo) e pobres nos tercetos
(encontro de classes de verbo e verbo).
Pelo processo de escansão, percebemos que o poema possui métrica
decassílaba, do tipo heróico. Ou seja, a tonicidade se aplica nas sílabas 6-10 em todos
os versos, marcando o ritmo.
Quanto à linguagem poética, percebemos o uso de várias figuras de linguagem,
como:
• Hipérbato e Anáfora
A vós correndo vou, braços sagrados
E, por não castigar-me, estais cravados
A vós, divinos olhos, eclipsados
E, por não condenar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me
• Antítese
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
• Metonímia (partes de Cristo e da cruz)
A vós correndo vou, braços sagrados
A vós, divinos olhos, eclipsados
A vós, pregados pés, por não deixar-me
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me
• Ambiguidade
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
(abertos para receber o pecador salvo, abertos pela posição na cruz)
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
(olhos fechados, mas que tudo veem)
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.
(cabeça baixa para chamar e dar o perdão ou cabeça baixa por posição na
cruz)
Este poema de Gregório de Matos faz parte de seu momento sacro, em que se
acredita ser do final da sua vida, quando o temor por ter desafiado o poder divino o
domina, por isso esse teor de arrependimento, constatando a fragilidade humana
diante da morte. Basicamente trata o arrependimento do eu-lírico, em que o pecador,
ao visualizar Cristo na cruz preso, em tamanho sofrimento físico para não castigá-lo,
mas para perdoá-lo, sente o peso do remorso, querendo estar ao lado dEle como um
verdadeiro arrependido. Acredita que deve sofrer junto a Ele, sacrificar-se pelas suas
atitudes para poder sentir-se completo e perdoado, para elevar-se espiritualmente.
Conforme a estética do Barroco, ele abusa de figuras de linguagem como
artifícios de versificação, faz uso do estilo cultista e conceptista, através de jogos de
palavras e raciocínios sutis. As contradições, próprias, talvez, de sua personalidade
instável, são uma constante em seus poemas, oscilando entre o sagrado e o profano,
o sublime e o grotesco, o amor e o pecado, a busca de Deus e os apelos terrenos.

2. A N. Senhor Jesus Cristo com atos de arrependimento e suspiros de amor


O/fen/di/-vos/, Meu/ De/us/, bem/ é/ ver/da/de,
É/ ver/da/de/, meu/ De/us/, que/ hei/ de/lin/qui/do,
De/lin/qui/do/ vos/ te/nho/, e/ o/fen/di/do,
O/fen/di/do/ vos/ tem/ mi/nha/ mal/da/de.

Mal/da/de/, que/ en/ca/mi/nha à/ vai/da/de,


Vai/da/de/, que/ to/do/ me/ há/ ven/ci/do;
Ven/ci/do/ que/ro/ ver/-me/, e/ a/rre/pen/di/do,
A/rre/pen/di/do a/ tan/ta e/nor/mi/da/de.

A/rre/pen/di/do/ es/tou/ de/ co/ra/ção,


De/ co/ra/ção/ vos/ bus/co/, dai/-me os/ bra/ços,
A/bra/ços/, que/ me/ ren/dem/ vo/ssa/ luz.

Luz/, que/ cla/ro/ me/ mos/tra a/ sal/va/ção,


A/ sal/va/ção/ per/ten/do em/ ta/is a/bra/ços,
Mi/se/ri/cór/dia, A/mor/, Je/sus/, Je/sus.
Constitui-se de 14 versos: 4 estrofes formadas por 2 quartetos e 2 tercetos,
assim como é formado um soneto. As rimas são do tipo interpolado nos quartetos e,
misturadas nos tercetos: ABBA – ABBA – CDE – CDE; são pobres nos quartetos
(encontro de classes de substantivo com substantivo e verbo com verbo) e nos
tercetos (encontro de classes de substantivo com substantivo).
Pelo processo de escansão, percebemos que o poema possui métrica mista, ora
decassílaba, ora hendecassílaba e ora dodecassílaba. Quando se apresenta de forma
dodecassílaba (versos 2 e 7), são alexandrinos, pelo ritmo marcado nas sílabas 6-12.
A tonicidade se aplica nas sílabas 6-10, 6-11 e 6-12 em uma variação de versos,
marcando um ritmo mesclado.
Quanto à linguagem poética, percebemos o uso de várias figuras de linguagem,
como:
• Metonímia (partes de Cristo)
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que me rendem vossa luz.
• Hipérbato
Ofendido vos tem minha maldade.
Arrependido estou de coração
• Apóstrofe
Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinqüido
• Inversão
Vencido quero ver-me
De coração vos busco
• Repetição e Anadiplose
Ofendi-vos, Meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.
Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que me rendem vossa luz.
Luz, que claro me mostra a salvação,
A salvação pertendo em tais abraços,
Misericórdia, Amor, Jesus, Jesus.

O título longo do poema, assim como no primeiro, é um recurso muito utilizado


no Barroco para informar ao leitor o assunto do texto antes da leitura. Em “A N. Senhor
Jesus Cristo com atos de arrependimento e suspiros de amor” percebemos o uso do
verbo no particípio, o que nos leva a acreditar que o arrependimento já tomou o
pecador, expressados por atos e suspiros, não necessariamente de sentido espiritual.
Seguindo uma mesma temática que visa explorar a sensação do eu-lírico de
arrependimento, Gregório de Matos explora o recurso da invocação para explicitar a
situação que o poema transcreve: trata-se de uma referência ao dia do juízo final, em
que o poeta se coloca de forma que a sua apelação é a última possível. Assim, cria-se
esse clima de confissão, onde os pecados são admitidos diante de Deus e Jesus para
que, assim, o eu-lírico possa ser perdoado, pela divina compaixão que prega a religião
católica, e passar do juízo final para o paraíso.
Essa temática, logo, cria uma semelhança com a sociedade, como se as
pessoas se encontrassem constantemente nessa situação: se arrependem dos
pecados, pedem o perdão divino e voltam a cometer os mesmos atos novamente,
gerando um círculo de atos, uma repetição de atitudes devido essa crença da Igreja
Católica. Essa configuração temática pode ser percebida, inclusive, no uso das figuras
de linguagem – no caso da anadiplose, por exemplo, essa noção de atos cíclicos é
perceptível pela repetição de palavras, que permitem que o poema seja lido de cima
para baixo ou o contrário, fornecendo à escrita de Gregório de Matos uma dinâmica
circular (sempre vai existir o pecado e sempre vai existir a culpa).

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