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Várias teorias foram levantadas acerca do acidente, entretanto, duas se destacaram. Uma em
agosto do mesmo ano, que apontava para falha humana, atribuindo culpa exclusiva aos operadores
da usina e a outra publicada em 1991, que imputa responsabilidade ao projeto do reator RBMH-
1000, com culpabilidade direta das hastes de controle. Hoje muitos especialistas apontam que
nenhuma das teorias estava completamente certa, mas que na realidade aconteceu uma a junção das
duas, sendo que a possibilidade de o reator apresentar defeito foi aumentada pelo erro humano.
Vale salientar que a gerência da instalação era composta na sua maioria por “profissionais”
não qualificados naquele tipo específico de reator e que o fato mais importante é que o engenheiro
chefe responsável pela realização dos testes nos reatores, mesmo sabedor de que aquele modelo de
reator se tornava instável, e consequentemente perigoso quando colocado para funcionar a baixa
potência e ainda ignorando os parâmetros de segurança preconizados no manual de operações,
seguiu intencionalmente com a realização de um teste que implicaria na redução da potência. Este
fato já fundamenta a teoria de falha humana.
O fato é que este somatório de eventos revela ainda hoje novidades, pois muitas informações
foram e ainda são sonegadas sobre o que realmente levou ao desastre de Chernobyl e, sobretudo
sobres às reais conseqüências do mesmo, pois não há dados fidedignos que mostrem com clareza os
números reais do evento. Pelo que pude apreender ao assistir alguns documentários e ler alguns
relatos e artigos, é que as pessoas que foram vitimas diretas e/ou indiretas deste acidente não
souberam e ainda hoje não conhecem a verdade em sua totalidade. No próprio documentário uma
Jornalista ao investigar o caso, o caracteriza como “A mentira de 86”, numa alusão clara, que o
maior mal causado a população, não foi à radiação em si, mas a verdade ocultada durante muit
tempo e a manipulação dos dados feitos pelas autoridades durante todo o processo.
Seguida da provável falha no projeto do reator, seguido das inomináveis falhas humanas, ainda
se teve absurdos na construção da estrutura da usina, onde para se reduzir custos e devido a sua
grande dimensão, o reator foi construído com somente contenção parcial. Este pequeno detalhe
permitiu que os contaminantes radioativos vazassem para a atmosfera. As falhas humanas residem
basicamente no fato de terem sido violadas as normas de segurança preconizadas para o setor. A
seguir está o resumo das regras que foram negligenciadas e que foram determinantes no resultado.
Finalmente, no começo da madrugada do dia 26, os testes são iniciados e o operador fecha a
válvula de admissão para a turbina, que ainda funciona por inércia, de forma que o objetivo do teste
finalmente está quase atingido. As bombas que eram supridas pelo turbo gerador ficam mais lentas,
o volume de água no reator diminui e sob o efeito do calor esta água evapora, o combustível
superaquece e a potência do reator sobe lentamente. O chefe do turno que teve a oportunidade de
parar o teste por varias vezes fica receoso com a subida lenta, mas inesperada e pressiona o botão de
emergência para fazer baixar as barras e assim parar o reator. Porém esta manobra tardia faz com
que as barras fiquem presas no meio do percurso, porque o núcleo já se encontrava deformado pelo
intenso calor. Tenta-se baixar as barras por gravidade para tentar parar o reator, mas não se tem
êxito. Como resultado da reação violenta entre o vapor e o combustível, forma-se então uma
enorme bolha de hidrogênio e ocorre a explosão. Os fragmentos do núcleo, do grafite e do
combustível a altas temperaturas são lançados nas instalações próximas, provocando vários
incêndios, enquanto que toneladas de gás e poeira radioativa são lançadas na atmosfera.
Depois dessa sequência catastrófica de imperícia, imprudência, negligência e etc, posso citar
outras falhas que agravaram o resultado final do evento. Dentre elas:
...
...
Os números da tragédia são altos, a começar pelo tempo necessário para se dar uma resposta
efetiva no socorro e tratamento da situação. Passadas mais de 60 horas d acidente e nenhum
comunicado das autoridades tinha saído da Rússia. O alerta começou a ser dado depois que a Suécia
detectou níveis elevados de radiação sobre seu território, e a partir desta constatação é que se
começou a investigar as causas desta elevação da radiação. Satélites espiões americano constataram
uma elevação significativa da temperatura na região da Ucrânia, mas precisamente na área da usina
de Chernobyl, ficando confirmado que alguma coisa havia ocorrido. A partir de então as
autoridades começaram a liberar algumas notícias sobre o ocorrido, embora que censuradas.
Foram convocadas as maiores autoridades na área da radiação nuclear para tentar sanar ou
diminuir as conseqüências do acidente e nesse processo, muitas vidas foram perdidas. De acordo
com o número oficial a media de mortos ficou em torno dos 4.000, mas relatórios extra-oficiais
relatam um numero muito superior a este. 500.000 mil homens, sendo 100.000 soldados e 400.000
mil civis trabalharam para isolar o reator e evitar uma segunda e mais catastrófica explosão, e
conseguiram. Ao completar 20 anos do acidente, relatórios de entidades que investigaram o
acidente, dão conta de que dos 500.000 liquidadores 1, 20.000 já morreram em conseqüência direta
ou indireta da explosão e exposição à radiação e outros 200.000 estão incapacitados. Os números
oficiais são menores, porque houve manipulação dos parâmetros mínimos de exposição à radiação,
onde este foi elevado para cinco vezes o limite mínimo permitido, deixando de fora das estatísticas
um número muito grande de pessoas que foram expostas.
O fato é que toda essa tragédia uma coisa, o mundo foi agraciado com uma coisa boa, o
inicio do desarmamento nuclear. Parece que em conseqüência de uma serie de erros, mentiras e
1
Nome recebido pelos soldados e civis que trabalharam para liquidar com o incêndio do reator e isolá-lo.
omissões as autoridades soviéticas se deram conta do real poder de destruição da energia nuclear e
da impotência do ser humano diante de um desastre, pois na ocasião a Rússia tinha rol de mísseis
SS88, com poder de destruição equivalente a 27.000 reatores iguais ao que explodiu em Chernobyl.
Hoje ainda buscam-se respostas para perguntas como: quais foram às verdadeiras causas do
acidente? As autoridades fizeram o que realmente deveria ter sido feito na ocasião? O que ainda vai
acontecer com os “filhos de Chernobyl?”, o mundo está preparado para outra(s) Chernobyl? O
poder bélico nuclear disperso pelo mundo está seguro? Algumas perguntas provavelmente ficaram
sem respostas e outras só o tempo nos dará.