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O documento discute as parcerias público-privadas (PPP) em Portugal. Afirma que as PPP tiveram um rápido crescimento no país, mas muitas vezes resultaram em custos desproporcionais para o setor público. Também critica a má gestão financeira de projetos públicos em Portugal, citando como exemplo a Casa da Música, cujo custo final foi três vezes maior do que o estimado inicialmente.
O documento discute as parcerias público-privadas (PPP) em Portugal. Afirma que as PPP tiveram um rápido crescimento no país, mas muitas vezes resultaram em custos desproporcionais para o setor público. Também critica a má gestão financeira de projetos públicos em Portugal, citando como exemplo a Casa da Música, cujo custo final foi três vezes maior do que o estimado inicialmente.
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O documento discute as parcerias público-privadas (PPP) em Portugal. Afirma que as PPP tiveram um rápido crescimento no país, mas muitas vezes resultaram em custos desproporcionais para o setor público. Também critica a má gestão financeira de projetos públicos em Portugal, citando como exemplo a Casa da Música, cujo custo final foi três vezes maior do que o estimado inicialmente.
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CARLOS
MORENO
(1939-‐
):
licenciou-‐se
em
Direito
pela
Universidade
de
Coimbra,
em
1964.
Desempenhou
os
cargos
de
Auditor
Jurídico
da
Inspeção
Geral
de
Crédito
e
Seguros,
Director-‐Geral
do
Tribunal
de
Contas
e
Inpector-‐Geral
de
Finanças.
Foi
o
primeiro
juiz
português
a
integrar
o
Tribunal
de
Contas
Europeu
e,
em
1995,
foi
nomeado
Juiz
Conselheiro
do
Tribunal
de
Contas
de
Portugal
-‐
profissão
que
exerceu
durante
15
anos.
Foi
agraciado
com
a
Grande
Croix
de
Mérite
do
Luxemburgo,
em
1994,
publicando
dezenas
de
livros.
PORTUGAL
É
CAMPEÃO
DAS
PARCERIAS
PÚBLICO-‐PRIVADAS
(PPP)
As
PPP
nasceram
no
Reino
Unido
na
década
de
90
e
surgiram
em
Portugal
em
1992,
com
Ponte
Vasco
da
Gama,
tendo
tido
um
rápido
desenvolvimento
e
expansão
no
nosso
país,
a
ponto
de
o
tornar
líder
europeu
em
PPP.
(...)
Neste
contexto,
(...)
foram
também
assinados
contratos
de
cedência
desequilibrados
para
o
parceiro
público,
com
graves
consequências
para
os
(...)
contribuintes.
[...]
A
crise
financeira
portuguesa
agravada
em
2009
e
2010
já
vinha
de
trás,
e
não
pode
ser
apenas
justificada
com
o
mal
e
as
dores
económico-‐financeiras
mundiais.
Tem
raízes
estruturais
nacionais,
que
agora
se
tornaram
mais
penosas
por
não
terem
sido
assumidas
e
curadas
em
tempo
oportuno.
Entre
elas
aponto
o
descontrolo
do
crescimento
do
endividamento
público,
a
não
redução
duradoura
da
despesa
do
Estado,
o
crescimento
em
flecha
dos
encargos
com
PPP
e
um
anémico
crescimento
da
riqueza
nacional.
(...)
Este
panorama
é
seguramente
incompatível
com
o
estilo
de
vida
de
novo-‐riquismo
ostentado
por
grande
parte
do
sector
público,
e
copiado
por
apreciável
número
de
agentes
económicos
privados.
[...]
Em
Portugal,
a
regra
tem
sido
fazer
um
mau
planeamento
financeiro
e
quase
tudo
o
que
é
orçamento
público
falha
estrondosamente.
As
derrapagens
financeiras
são
uma
constante.
As
previsões
de
custo
de
obras
públicas
chegam
a
derrapar
300%.
Os
contratos
das
PPP,
cada
vez
que
são
renegociados
com
os
privados,
acarretam
mais
e
mais
encargos
para
os
contribuintes.
Nunca
existem
responsáveis
e
nada
acontece.
[...]
Em
Portugal
não
há
obras
públicas
sem
derrapagens.
(...)
Os
custos
destes
erros
para
os
contribuintes
tem
sido
enorme
(...).
Muito
se
tem
dito
sobre
as
causas
dos
sucessivos
erros
cometidos
pelo
Estado
com
as
PPP.
Inclino-‐me
mais
para
a
incompetência,
o
desleixo,
o
facilitismo,
populismo
eleitoral,
etc.
Numa
frase,
no
“deixa
andar”
que
depois
de
vê
e
no
“quem
vier
atrás
de
mim
que
feche
a
porta”,
(...)
é
a
lógica
do
“despachamos
agora
e,
quanto
a
custos,
veremos
isso
mais
tarde.
O
EXEMPLO
CASA
DA
MÚSICA
A
derrapagem
do
custo
da
obra
atingiu
77,2
milhões
de
euros,
isto
é
mais
228%.
Teve
como
previsão
de
custo
o
montante
de
33,9
milhões
de
euros
e
acabou
com
um
custo
efetivo
de
quase
111,1
milhões
de
euros,
ou
seja,
o
triplo.
[...]
O
tempo
gasto
no
empreendimento
foi
de
seis
anos
e
dez
meses.
A
obra
iniciou-‐se
em
Junho
de
1999.
Estava
contratualmente
fixado
estar
pronta
em
Dezembro
de
2001.
Mas,
afinal
só
veio
a
estar
concluída
em
maio
de
2006.
A
razão
invocada
pelo
Estado
para
construir
este
equipamento
tinha
sido,
precisamente,
assinalar
com
ele
o
evento
Porto
–
Capital
Europeia
da
Cultura
com
data
marcada
para
2001.
Ora,
a
Casa
da
Música
só
ficou
concluída
cinco
anos
depois.
Nem
sequer
ficou
pronta
a
tempo
de
outro
evento
internacional,
ocorrido
três
anos
mais
tarde:
o
Euro
2004.
[...]
O
endividamento
bancário
cifrou-‐se
em
96
milhões
de
euros
(...).
[...]
O
atraso
do
projetista
na
apresentação
do
seu
trabalho
não
deu
lugar
à
aplicação
de
multas
previstas
para
o
efeito
no
respetivo
contrato.
Aliás,
até
lhe
foi
atribuído
um
prémio
monetário
pelo
seu
trabalho
nesta
obra,
no
valor
de
quase
1,1
milhões
de
euros.
MORENO,
Carlos
(2010)
Como
o
Estado
Gasta
o
Nosso
Dinheiro.
Lisboa:
Leya.
(Adaptado
por
Joana
Inês
Pontes)