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Resumo:
Esse exercício monográfico visa expor a consciência moral de Sócrates e o poder dela para que ele siga suas
próprias convicções. Este filósofo mantém uma coerência adorável no seu diálogo e na sua prática.
Palavras-chave:
Ética social; consciência moral; pátria; justiça; coerção; ordem social; busca individual.
1
Mab Amália Alencar Sacramento de Souza, estudante do 2 o semestre – 2004.1 – do curso de Psicologia da
Faculdade Ruy Barbosa.
nem abandonar teu posto, e no exército, e diante dos juízes e em todos os lugares obedecer
à pátria ou convencê-la como se deve, considerando que, se é ímpio praticar violência
contra o pai ou a mãe, é muito mais ímpio praticá-la contra a pátria.” [2]
Assim, o homem perfeito para Sócrates não é um homem bom, mas o bom cidadão,
e este tem o dever de obedecer à pátria; seguir suas leis; ter uma conduta correta. Os
comportamentos são modelados pelas condições de vida do indivíduo (família, classe e
grupo social, escola, religião, trabalho, circunstâncias políticas, etc.), e este é formado
pelos costumes da sociedade que educa para que haja respeito e reprodução dos valores
propostos por ela como bons, e, portanto, como obrigações e deveres. Desse modo, valores
e deveres parecem ser naturais: seguindo-os, há recompensa; violando-os, ocorre a punição.
“... aquele que permanecer aqui após concordar com essa nossa maneira de
administrar a justiça, e com a política seguida pela República, será obrigado a obedecer a
tudo a que lhe ordenamos e, se desobedecer, declararemos que é culpado de três modos:
porque desobedece àquelas leis que lhe permitiram nascer, porque perturba aquelas que o
amamentaram e alimentaram e porque, após obrigar-se a obedecer-nos, ofende a fé jurada e
não se esforça em persuadir-nos se lhe parece que existe algo injusto em nós.” [3]
Em adição, o problema central de Platão em toda a sua filosofia é a justiça. “A
questão ‘O que é justiça?’ coincide, portanto, com a questão ‘O que é bom ou o que é
bem?’. Várias tentativas são feitas por Platão em seus diálogos, para responder a esta
questão de modo racional, mas nenhuma delas leva a um resultado definitivo. Tão logo
pareça ter chegado a uma definição, Platão declara imediatamente, pela boca de Sócrates,
que é necessário proceder a mais análises”. [4] Por essa razão, a consciência moral de
Sócrates permite em seu diálogo com Críton convencê-lo de que as coisas de maior valor
são a virtude, a justiça e as leis. Some-se a isto que se ele (Sócrates) não aceitasse a sua
própria morte, estaria trocando a justiça pela injustiça “e causarás danos a muitos que não
esperam isto de ti e a ti mesmo, bem como a nós, a teus amigos e à tua pátria”. [5]
Mas como identificar o que é justo e injusto? Não há uma resposta definitiva para
essa questão, uma vez que a justiça está intimamente ligada a um problema de resoluções
de conflitos de interesses ou de valores, sendo, nesse sentido, relativa. Em outras palavras,
“a justiça é, antes de tudo, uma característica possível, porém não necessária de uma ordem
social. Como virtude do homem, encontra-se em segundo plano, pois um homem é justo
quando seu comportamento corresponde a uma ordem dada como justa”. [6]
Assim, uma ordem social justa significa ajustar o comportamento dos homens de
modo a contentar a todos, e todos encontrar sob ela felicidade. “Platão identifica justiça a
felicidade, quando afirma que só o justo é feliz e o injusto, infeliz”. [7] É evidente que não
pode haver uma ordem justa, isto é, que proporcione felicidade a todos, pois a felicidade de
um pode entrar em conflito com a felicidade de outro.
E, dirigindo-se ao diálogo entre Sócrates e Críton, é claro o conflito sobre essa
felicidade, pois, para Sócrates, a felicidade está em “morrer como cidadão ateniense e
sempre coerente com suas idéias... fugir equivaleria a renegar suas idéias e princípios” [8];
obedecendo às leis ele estaria sendo justo, e para Críton a felicidade está em Sócrates
Notas
[1] Marilena Chauí. Convite à Filosofia. 12ª ed. SP: Editora Ática, 2001. p. 335.
[2] Coleção Os Pensadores: Platão. SP: Editora Nova Cultura Ltda, 2000. p. 110.
[3] Idem [2]. p. 11.
[4] Hans Kelsen. O que é Justiça? 1ª ed. SP: Martins Fontes, 1997. p. 12.
[5] Coleção Os Pensadores: Platão. SP: Editora Nova Cultura Ltda, 2000. p. 113.
[6] Idem [4]. p. 2.
[7] Idem [4]. p. 81.
[8] Danilo Marcondes. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein.
RJ: Jorge Zahar Editor Ltda, 2001. p. 45.
[9] Coleção Grandes Cientistas Sociais: Émile Durkheim. SP: Editora Ática, 1993.
[10] Idem [8]. p. 47.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12ª ed. SP: Editora Ática, 2001.
Coleção Grandes Cientistas Sociais: Émile Durkheim. SP: Editora Ática, 1993.
Coleção Grandes Pensadores: Platão. SP: Editora Nova Cultural Ltda, 2000.
NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 4ª ed. SP: Editora Revista dos Tribunais,
2004.
www.coladaweb.com/filosofia/criton.htm
www.geocites.com/discursus/textos/contratu.html