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SOUZA, Mab Amália Alencar Sacramento1

A Consciência Moral de Sócrates

Resumo:
Esse exercício monográfico visa expor a consciência moral de Sócrates e o poder dela para que ele siga suas
próprias convicções. Este filósofo mantém uma coerência adorável no seu diálogo e na sua prática.

Palavras-chave:
Ética social; consciência moral; pátria; justiça; coerção; ordem social; busca individual.

A conduta humana fundamenta-se nos valores éticos, principalmente, em um valor


mais profundo que diz respeito ao bem ou ao mal. As dúvidas quanto à decisão a tomar
colocam à prova a consciência moral, exigindo decisões, justificativas e responsabilidade
com as possíveis conseqüências. Exatamente neste ponto encontra-se Platão, ao expor em
Críton (ou do Dever) o apego de Sócrates às leis, uma vez que as seguindo se chega à
justiça.
“A consciência moral refere-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício,
integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração, vergonha,
culpa, remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e a decisões que conduzam a
ações com conseqüências para nós e para os outros.” [1]
Dessa forma, Sócrates, ao dialogar com Críton, manifesta sua consciência moral;
justifica-se; exprime sua responsabilidade, sua dívida com a pátria. O interesse fundamental
de Sócrates é pela questão do homem como cidadão, que passa a organizar-se
politicamente.
“... tua sabedoria te faz desconhecer que a pátria é mais digna de respeito e
veneração entre os deuses e os homens que um pai, que uma mãe e que todos os parentes
juntos? Que é preciso honrar a pátria, humilhar-se diante dela e obedecer-lhe mais que é um
pai irado? Que se deve convencê-la por persuasão ou obedecer às suas leis e sofrer sem
refutar tudo aquilo que ela ordena?... este é teu dever; não deves desobedecer, nem fugir,

1
Mab Amália Alencar Sacramento de Souza, estudante do 2 o semestre – 2004.1 – do curso de Psicologia da
Faculdade Ruy Barbosa.
nem abandonar teu posto, e no exército, e diante dos juízes e em todos os lugares obedecer
à pátria ou convencê-la como se deve, considerando que, se é ímpio praticar violência
contra o pai ou a mãe, é muito mais ímpio praticá-la contra a pátria.” [2]
Assim, o homem perfeito para Sócrates não é um homem bom, mas o bom cidadão,
e este tem o dever de obedecer à pátria; seguir suas leis; ter uma conduta correta. Os
comportamentos são modelados pelas condições de vida do indivíduo (família, classe e
grupo social, escola, religião, trabalho, circunstâncias políticas, etc.), e este é formado
pelos costumes da sociedade que educa para que haja respeito e reprodução dos valores
propostos por ela como bons, e, portanto, como obrigações e deveres. Desse modo, valores
e deveres parecem ser naturais: seguindo-os, há recompensa; violando-os, ocorre a punição.
“... aquele que permanecer aqui após concordar com essa nossa maneira de
administrar a justiça, e com a política seguida pela República, será obrigado a obedecer a
tudo a que lhe ordenamos e, se desobedecer, declararemos que é culpado de três modos:
porque desobedece àquelas leis que lhe permitiram nascer, porque perturba aquelas que o
amamentaram e alimentaram e porque, após obrigar-se a obedecer-nos, ofende a fé jurada e
não se esforça em persuadir-nos se lhe parece que existe algo injusto em nós.” [3]
Em adição, o problema central de Platão em toda a sua filosofia é a justiça. “A
questão ‘O que é justiça?’ coincide, portanto, com a questão ‘O que é bom ou o que é
bem?’. Várias tentativas são feitas por Platão em seus diálogos, para responder a esta
questão de modo racional, mas nenhuma delas leva a um resultado definitivo. Tão logo
pareça ter chegado a uma definição, Platão declara imediatamente, pela boca de Sócrates,
que é necessário proceder a mais análises”. [4] Por essa razão, a consciência moral de
Sócrates permite em seu diálogo com Críton convencê-lo de que as coisas de maior valor
são a virtude, a justiça e as leis. Some-se a isto que se ele (Sócrates) não aceitasse a sua
própria morte, estaria trocando a justiça pela injustiça “e causarás danos a muitos que não
esperam isto de ti e a ti mesmo, bem como a nós, a teus amigos e à tua pátria”. [5]
Mas como identificar o que é justo e injusto? Não há uma resposta definitiva para
essa questão, uma vez que a justiça está intimamente ligada a um problema de resoluções
de conflitos de interesses ou de valores, sendo, nesse sentido, relativa. Em outras palavras,
“a justiça é, antes de tudo, uma característica possível, porém não necessária de uma ordem
social. Como virtude do homem, encontra-se em segundo plano, pois um homem é justo
quando seu comportamento corresponde a uma ordem dada como justa”. [6]
Assim, uma ordem social justa significa ajustar o comportamento dos homens de
modo a contentar a todos, e todos encontrar sob ela felicidade. “Platão identifica justiça a
felicidade, quando afirma que só o justo é feliz e o injusto, infeliz”. [7] É evidente que não
pode haver uma ordem justa, isto é, que proporcione felicidade a todos, pois a felicidade de
um pode entrar em conflito com a felicidade de outro.
E, dirigindo-se ao diálogo entre Sócrates e Críton, é claro o conflito sobre essa
felicidade, pois, para Sócrates, a felicidade está em “morrer como cidadão ateniense e
sempre coerente com suas idéias... fugir equivaleria a renegar suas idéias e princípios” [8];
obedecendo às leis ele estaria sendo justo, e para Críton a felicidade está em Sócrates

aceitar fugir; neste caso, fugir da pátria e transgredir as leis.


Por outro, por que se deve cumprir as leis? As leis são regras de direito ditadas por
uma autoridade estatal e tornadas obrigatórias para se manter a ordem, o progresso e a
conduta correta. “Os tipos de condutas e de pensamento não são apenas exteriores ao
indivíduo, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se
lhe impõem, quer queira, quer não. Não há dúvida que esta coerção não se faz sentir, ou é
muito pouco sentida quando com ela me conformo de bom grado, pois então torna-se inútil
... Se experimento violar as leis do direito, estas reagem contra mim de maneira a impedir
meu ato, se ainda é tempo; com fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal, se já
se realizou e é reparável; ou então para que eu o expie, se não há outra possibilidade de
reparação”.[9] Enfim, é fácil constatar os efeitos da coerção em Sócrates, visto ser ele a
própria imagem moldada pela sociedade de sua época, e de fato corajoso por seguir suas
convicções e sua consciência moral.
“É importante notar que, na concepção socrática, a melhor compreensão só pode ser
resultado de um processo de reflexão do próprio indivíduo, que descobrirá, a partir de sua
experiência, o sentido daquilo que busca. Isso se dá através de sucessivos graus de
abstração e do exame do que essa própria experiência envolve, explicitando o que no fundo
já está contido nela. Trata-se de um exercício intelectual em que a razão humana deve
descobrir por si própria aquilo que busca.” [10] Em resumo, Sócrates transforma a maneira
de ver as coisas e permite, por si mesmo (ao interlocutor), o verdadeiro e autêntico
conhecimento.

Notas

[1] Marilena Chauí. Convite à Filosofia. 12ª ed. SP: Editora Ática, 2001. p. 335.
[2] Coleção Os Pensadores: Platão. SP: Editora Nova Cultura Ltda, 2000. p. 110.
[3] Idem [2]. p. 11.
[4] Hans Kelsen. O que é Justiça? 1ª ed. SP: Martins Fontes, 1997. p. 12.
[5] Coleção Os Pensadores: Platão. SP: Editora Nova Cultura Ltda, 2000. p. 113.
[6] Idem [4]. p. 2.
[7] Idem [4]. p. 81.
[8] Danilo Marcondes. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein.
RJ: Jorge Zahar Editor Ltda, 2001. p. 45.
[9] Coleção Grandes Cientistas Sociais: Émile Durkheim. SP: Editora Ática, 1993.
[10] Idem [8]. p. 47.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12ª ed. SP: Editora Ática, 2001.

Coleção Grandes Cientistas Sociais: Émile Durkheim. SP: Editora Ática, 1993.

Coleção Grandes Pensadores: Platão. SP: Editora Nova Cultural Ltda, 2000.

KELSEN, Hans. O que é Justiça? 1ª ed. SP: Martins Fontes, 1997.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a


Wittgenstein. 6ª ed.
RJ: Jorge Zahar Editor Ltda, 2001.

NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 4ª ed. SP: Editora Revista dos Tribunais,
2004.

www.coladaweb.com/filosofia/criton.htm

www.geocites.com/discursus/textos/contratu.html

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