Sie sind auf Seite 1von 22

2008

Direito Previdenciário – AULA 01

DANIEL BELMIRO
CATHEDRA COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
Legislação Previdenciária – Apostila Aula 1
Profº Daniel Belmiro Fontes

Origem da Proteção Social

A proteção social tem como finalidade reduzir os efeitos das adversidades da vida, como fome,
doença, velhice, etc.
Inicialmente, a proteção social vinha da própria família, onde os mais idosos e desprovidos da
capacidade de trabalhar eram auxiliados pelos mais jovens e aptos ao trabalho.
Com o passar do tempo, viu-se a necessidade da proteção social por parte do Estado,
principalmente para as pessoas que não eram dotadas da proteção familiar e, quando esta existia, era
precária. Esse papel era feito pela igreja, através do auxílio voluntário, passando alguma responsabilidade
para o Estado apenas no século XVII, com a edição da famosa Lei dos Pobres (Poor Law – Inglaterra
1601). Anterior a Lei dos Pobres, encontram-se indícios de seguro coletivo no Império Romano, que visa
à garantia de seus participantes, além da preocupação com os necessitados, porém sem uma intervenção
direta do Estado, sendo este apenas um fiscalizador dos interesses gerais da sociedade.
Portanto, nota-se a preocupação inicial do Estado pela assistência dos desprovidos de renda até,
finalmente, a criação de um sistema securitário, coletivo e compulsório, visando à proteção total, ou seja,
a seguridade social.
Hoje, no Brasil, entende-se por seguridade social o conjunto de ações do Estado no sentido de
atender as necessidades básicas de seu povo nas áreas de previdência social, assistência social e saúde,
sendo classificados como direitos sociais pela Constituição Federal no seu Título VIII – Da Ordem Social,
conceituado no art. 193 da CRFB/88:

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o
bem-estar e a justiça sociais. (Primado = Predominância, Primazia, Supremacia.)

Da busca para o atingimento do bem-estar e justiça sociais, decorrem os princípios


constitucionais da Seguridade Social.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Evolução Histórica e Legislativa no Brasil da Seguridade Social

Para entendermos a evolução histórica no Brasil é importante entendermos a evolução histórica


mundial da seguridade social.
A Poor Law, mencionada acima, foi o primeiro ato relativo à assistência social no mundo. Esta
criou uma contribuição obrigatória, arrecadada pelo Estado para fins sociais.
Outro ponto fundamental foi o projeto de seguro de doença (1884), seguro de acidentes de
trabalho (1884) e seguro de invalidez e velhice (1889), todos na Alemanha. Foi a primeira vez em que
havia a proteção garantida pelo Estado, sendo este um arrecadador de contribuições compulsórias dos
participantes do sistema securitário. Podem-se observar duas características dos regimes previdenciários
modernos: organização estatal e compulsoriedade.
As primeiras constituições a surgirem com os denominados direitos sociais foram a Constituição
do México de 1917 e Constituição de Weimar de 1919.
A primeira citação feita à Seguridade Social foi o Social Security Act nos Estados Unidos em
1935.
Outro ponto importante do período da evolução securitária é o relatório Beveridge na Inglaterra
em 1942. Este relatório foi o responsável pela origem da Seguridade Social, onde o Estado passa a ser
responsável não só no seguro social, mas, também, nas áreas de saúde e assistência social.
No Brasil, a seguridade social foi tratada pela primeira vez em 1824, com a criação dos socorros
públicos na Constituição Federal de 1824 (saúde). Já no ano de 1835 foi instituído o MONGERAL
(Montepio Geral dos Servidores do Estado), que tinha o objetivo de beneficiar as famílias dos empregados
públicos que falecessem sem lhes deixar meios de subsistência.
A Constituição Federal de 1891 foi a primeira a estabelecer a aposentadoria, entretanto, esta era
concedida apenas a funcionários públicos e em casos de invalidez a serviço da Nação.
Em 1919, foi estabelecido o precursor para o seguro de acidentes do trabalho, compulsório para
algumas atividades, por meio do Decreto-Legislativo nº. 3.724.
Em 1923, foi editado o Decreto-Legislativo nº. 4.682, denominado Lei Ely Chaves, que é
considerado o marco inicial da previdência social brasileira. A Lei Eloy Chaves criou a Caixa de
Aposentadoria e Pensões (CAP) para os empregados de cada empresa ferroviária.
No decorrer da década de 30, a tendência da organização do sistema previdenciário deixou de ser
por empresa e passou a ser por categoria profissional. Já nos anos de 1933 e 1934, foram criados os

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Institutos de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM), dos Comerciários (IAPC) e dos Bancários
(IAPB).
A Constituição Federal de 1934 foi a primeira a fazer referência à expressão “previdência”,
estabelecendo a forma tríplice de custeio previdenciária, com contribuições do Estado, empregador e
empregado.
A Constituição Federal de 1937 não traz grandes alterações, apenas o uso da palavra “seguro
social” como sinônimo de previdência social.
A Constituição Federal de 1946 foi a primeira a utilizar a expressão “previdência social”.
A Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), nº. 3.807 de 1960, padronizou o sistema
assistencial ampliando os benefícios, instituiu o auxílio-natalidade, o auxílio-funeral, o auxílio-reclusão, e
estendeu a área de assistência social para outras categorias profissionais.
Em 1963, houve a criação do Fundo de Assistência do Trabalhador Rural (FUNRURAL),
instituído pela Lei 4.214, além da criação do salário-família pela Lei 4.266.
A Emenda Constitucional nº. 11, de 1965, criou o princípio da seguridade social, que foi o
princípio da precedência da fonte de custeio, ou seja, nenhuma prestação de serviço de caráter assistencial
ou benefício da previdência social poderia ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte
de custeio total, princípio seguido até os dias atuais.
Os IAP somente foram unificados em 1966, por meio do Decreto-Lei nº. 72, centralizando a
organização previdenciária no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), realmente implementado
em 1967. Ainda em 1966, foi criado o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), por meio da Lei
nº. 5.107.
Em 1967, a Lei nº. 5.316 integrou o seguro de acidentes de trabalho (SAT) ao sistema da
previdência social.
No ano de 1969, o Decreto-Lei nº. 564 estendeu a previdência social ao trabalhador rural,
especialmente ao setor agrário da agroindústria canavieira e das empresas de outras atividades que, pelo
seu nível de organização, possam ser incluídas.
Em 1970, foram instituídos o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Amparo ao
Servidor Público (PASEP) como maneira de integrar o trabalhador na participação dos trabalhadores.
Já em 1971, foi criado o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Pró-Rural), de natureza
assistencial, cujo principal benefício era aposentadoria por velhice, após 65 anos de idade, equivalente a
meio salário-mínimo de maior valor no país. No mesmo ano foi criado o Ministério do Trabalho e
Previdência Social (MTPS).

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Em 1974, a previdência e a assistência social obtiveram um Ministério exclusivo, desvinculado do
Ministério do Trabalho, sendo criado o Ministério da Previdência e Assistência Social.
No ano de 1977 foi instituído o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS),
por meio da Lei nº. 6.439, que tinha como objetivo a reorganização da Previdência Social. O SINPAS
agregava as seguintes instituições:
INPS – Instituto Nacional de Previdência Social
IAPAS – Instituto de Arrecadação da Previdência e Assistência Social
INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
LBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência
FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor
DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social
CEME – Central de Medicamentos

A Constituição Federal de 1988 tratou, pela primeira vez no Brasil, da Seguridade Social,
entendida esta como um conjunto de ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social.
O SINPAS foi extinto em 1990. A Lei nº. 8.029/90 criou o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), autarquia federal, vinculada hoje ao Ministério da Previdência Social (MPS), por meio da fusão
do INPS com o IAPAS. O INAMPS foi extinto, sendo “substituído” pelo SUS. A LBA e a CEME
também foram extintas, restando apenas a DATAPREV, até os dias de hoje.
Em 24 de julho de 1991, entraram em vigor as Leis nº. 8.212 (Plano de Custeio e Organização da
Seguridade Social) e a Lei nº. 8.213 (Plano de Benefícios da Previdência Social), que são as leis relativas
a organização da seguridade social e planos de custeio e benefício.
Essas leis básicas da seguridade social vêm sofrendo inúmeras alterações ao longo do tempo,
como por exemplo, a Lei nº. 10.666/03, a qual, entre outras inovações, criou a alteração da forma de
arrecadação dos contribuintes individuais que prestam serviços às empresas.
Atualmente, o Regulamento da Previdência Social é aprovado pelo Decreto nº. 3.048/99, também
chamado de RPS.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


A Seguridade Social na Constituição Federal

Conceituação da Seguridade Social

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes


Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social (CF/88, art. 194, caput). Portanto, são somente ações nestas áreas específicas que
integram o conceito de Seguridade Social, apesar de outras áreas sociais serem disciplinadas neste título
VIII da CRFB/88, como educação, cultura, etc.

SAÚDE

SEGURIDADE SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL

PREVIDÊNCIA SOCIAL

Organização e Princípios Constitucionais

Além dos princípios gerais estabelecidos pela Constituição Federal, dos quais destacamos
Igualdade, Legalidade, e Direito Adquirido, que se aplicam à seguridade social, o parágrafo único do art.
194 da Constituição Federal menciona alguns dos princípios da seguridade social brasileira. Apesar de o
art. 194 da Constituição mencionar no seu texto “objetivos”, estamos à frente de verdadeiros princípios,
chamados princípios específicos da Seguridade Social, visto que a constituição não determina algo a ser
alcançado, mas sim algo que norteia o funcionamento da seguridade social.

Princípios Específicos:

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Solidariedade (Art. 3º, I, CF/88): busca reduzir as desigualdades sociais, permitindo que alguns
contribuam para o sistema, para que outros, sem condições financeiras, estejam cobertos pela seguridade
social. Este princípio permite que uma pessoa se aposente por invalidez, sem ter qualquer contribuição
para o sistema;
Universalidade de cobertura e atendimento: estabelece que qualquer pessoa pode participar da
proteção social. Para a área de saúde e assistência social, viu-se que qualquer pessoa tem acesso,
independente de contribuição. Entretanto, quanto à previdência social, a pessoa deve contribuir para o
sistema (sistema contributivo), Portanto, para que todas as pessoas possam ter acesso ao sistema foi criada
a figura do segurado facultativo;
Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: busca a não
distinção de valores entre os benefícios pagos às populações urbanas e rurais;
Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços: a seletividade determina que
alguns benefícios são disponíveis apenas para certos segurados, como salário-família e auxílio-reclusão.
Já a distributividade tem por objetivo diminuir as desigualdades sociais, buscando otimizar a distribuição
de renda no país;
Irredutibilidade do valor dos benefícios: busca manter o poder aquisitivo do benefício concedido,
ou seja, atualizar o valor do benefício de acordo com a inflação do período;
Eqüidade na forma de participação no custeio: estabelece que a contribuição para o sistema será
determinada de acordo com a capacidade econômica de cada contribuinte, ou seja, recebendo mais pagará
mais;
Diversidade da base de financiamento: busca garantir a arrecadação de contribuições, de modo que
a base de financiamento da seguridade social seja a mais variada possível;
Caráter democrático e descentralizado da administração: visa a participação da sociedade na
gestão da seguridade social, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores,
empregadores, aposentados e do governo;
Tríplice forma de custeio: determina que a seguridade social será financiada por recursos da
União, das contribuições sociais das empresas e dos trabalhadores; (art.195)
Preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço: busca o equilíbrio atuarial e
financeiro do sistema securitário, ou seja, nenhuma prestação de serviço de caráter assistencial ou
benefício da previdência social pode ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total. (§5º do art. 195)

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Formas de financiamento da Seguridade Social na Constituição Federal de 1988

O art. 195 da CRFB/88 prevê que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
Em relação à alínea “a” do inciso I, a redação anterior trazia interpretação restritiva, como se
transcreve abaixo:
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro
Na vigência da redação anterior, foi considerada inconstitucional a cobrança de contribuições
previdenciárias em relação ao empregador sobre o pagamento a autônomos, administradores e avulsos,
por considerar a expressão folha de salários restritiva a presença do vínculo empregatício. A redação dada
pela EC 20/1998 inclui os segurados contribuintes individuais e avulsos, além dos empregados que já
estavam previstos.

b) a receita ou o faturamento; (estabelece a possibilidade destas contribuições serem criadas por


lei, no caso, foram criadas as contribuições para PIS/COFINS)
c) o lucro; (estabelece a possibilidade destas contribuições serem criadas por lei, no caso, foi
criada a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição
sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art.
201; Importante ressaltar que o dispositivo constitucional prevê que sobre os valores pagos a título de
benefícios da previdência social é retirada a incidência desta contribuição, ou seja, não são considerados
base de cálculo.
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


O inc. XI, art. 167, da CRFB/88, veda a utilização dos recursos provenientes das contribuições do
Inc I, alínea a, e II do art 195, para realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do
Regime Geral de Previdência Social. Desta forma, estas contribuições são chamadas de Contribuições
Previdenciárias, que possuem arrecadação vinculada.

As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos
responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias - LDO, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não
poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I, ou seja, mediante Lei Complementar e com
fato gerador e base de cálculo não existente para nenhum outro tributo, além de ser não
cumulativo. Recentemente verifica-se a utilização da competência residual da União no projeto de
Lei Complementar para criação da Contribuição Social para a Saúde, proposto no Substitutivo ao
Projeto de Lei Complementar 306/08. O artigo 154, inciso I, combinado com o artigo 195,
parágrafo quarto, possibilitam a criação de tributo, para fins de custeio da seguridade social, aí
incluída a saúde, desde que a sua criação ocorra por Lei Complementar, seja não-cumulativo e não
tenha fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição. No texto do
Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar 306/08 não existe a previsão da não-cumulatividade
desta nova contribuição, deixando vulnerável o ataque de inconstitucionalidade em caso concreto
nos tribunais ou controle abstrato no STF.
Em 1996, em julgado referente a CPMF, o STF entendeu que esta não-cumulatividade
poderia ser afastada por Emenda Constitucional, mas não por lei, quer complementar, quer
ordinária. A Corte Suprema, em votação majoritária, entendeu que o Congresso Nacional, por
meio do rito constitucional mais rígido, poderia instituir, mesmo sendo cumulativo, contribuição
voltada para o custeio da saúde, desde que Emenda à Constituição assim o permitisse, havendo
cabal impossibilidade de afastamento da não-cumulatividade mediante aprovação de Lei
Complementar, cujo rito de legislativo é menos rigoroso.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total.
As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto
no art. 150, III, "b". Esta imposição traz no bojo o princípio da anterioridade nonagesimal, mitigada,
especial ou até nonentena. Cabe ressaltar que alteração de prazo de recolhimento do tributo ou mudança
de indexador para incidência de juros e multa não precisam respeitar a anterioridade por não modificar o
tributo.
São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social
que atendam às exigências estabelecidas em lei. Apesar do dispositivo trazer a expressão isenção, trata-se
de verdadeira imunidade constitucional.
O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os
respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. A Constituição
determina que a base de cálculo destes contribuintes é a Receita Bruta decorrente da Produção Rural ou
da Pesca.
As contribuições sociais previstas no inciso I, do art. 195, poderão ter alíquotas ou bases de
cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte
da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de
assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a,
e II deste item, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.
A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma
dos incisos I, b; e IV deste item, serão não-cumulativas.
Aplica-se o disposto no parágrafo anterior inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou
parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, deste item, pela incidente sobre a receita ou o
faturamento.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Saúde

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Ou seja, independente de contribuição, qualquer
pessoa tem direito ao atendimento na rede pública de saúde. Portanto, tem-se que os serviços de saúde não
possuem caráter contributivo.

A saúde é organizada atualmente pelo Ministério da Saúde por meio do Sistema Único de Saúde –
SUS, sendo financiada com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Essas outras fontes estão elencadas na Lei nº.
8.080/90, no seu art. 32 (ajuda, doações, alienações patrimoniais...).
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
Participação da comunidade.
Ações e serviços de saúde são de relevância pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos
da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou
através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Ou seja, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada sendo executadas por profissionais
liberais, legalmente habilitados, e pessoas jurídicas de direito privado.
Entretanto, essa assistência só será prestada de maneira complementar, ou seja, quando o SUS
não tiver disponibilidades suficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma
determinada área, poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.
A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou
convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público, sendo dada preferência às entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Atentem para o fato de que é dada preferência. Ou seja, pessoas jurídicas de direito privado podem
participar da assistência a saúde no país, sempre de forma complementar, ainda que tenha finalidade
lucrativa. Entretanto, é vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às
instituições privadas com fins lucrativos.
É vedada, também, a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. A Lei nº. 8.080/90, nos seu art. 23 determina
o caso de exceção, permitindo doações de organismos internacionais vinculados à Organização das
Nações Unidas - ONU, de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e
serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais sobre:
I - No caso da União, o percentual será estabelecido na forma definida nos termos de lei
complementar que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, e, ainda, os critérios de rateio dos
recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos
Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades
regionais.
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as
parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios. ( ITD, ICMS, IPVA e transferências
constitucionais)
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. ( IPTU, ITBI, ISS
e transferências constitucionais )

Para garantir a aplicação imediata, a EC 29/2000 alterou o Ato das Disposições


Constitucionais Transitórias que passou a vigorar acrescido do seguinte art. 77:

"Art. 77. Até o exercício financeiro de 2004, os recursos mínimos aplicados nas ações e
serviços públicos de saúde serão equivalentes:" (AC)

"I – no caso da União:" (AC)

"a) no ano 2000, o montante empenhado em ações e serviços públicos de saúde no


exercício financeiro de 1999 acrescido de, no mínimo, cinco por cento;" (AC)

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


"b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no ano anterior, corrigido pela variação
nominal do Produto Interno Bruto – PIB;" (AC)

"II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por cento do produto da arrecadação
dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I,
alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; e"
(AC)

"III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quinze por cento do produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159,
inciso I, alínea b e § 3º." (AC)

"§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que apliquem percentuais inferiores


aos fixados nos incisos II e III deverão elevá-los gradualmente, até o exercício financeiro de 2004,
reduzida a diferença à razão de, pelo menos, um quinto por ano, sendo que, a partir de 2000, a
aplicação será de pelo menos sete por cento." (AC)

"§ 2º Dos recursos da União apurados nos termos deste artigo, quinze por cento, no
mínimo, serão aplicados nos Municípios, segundo o critério populacional, em ações e serviços
básicos de saúde, na forma da lei." (AC)

"§ 3º Os recursos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinados às ações e
serviços públicos de saúde e os transferidos pela União para a mesma finalidade serão aplicados
por meio de Fundo de Saúde que será acompanhado e fiscalizado por Conselho de Saúde, sem
prejuízo do disposto no art. 74 da Constituição Federal." (AC)

"§ 4º Na ausência da lei complementar a que se refere o art. 198, § 3º, a partir do exercício
financeiro de 2005, aplicar-se-á à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o
disposto neste artigo." (AC)

Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e
agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação, que devem ter o seu regime
jurídico regulamentado por lei federal. Desta forma a Constituição Federal reconhece essas profissões.

Por fim, compete ao SUS, além de outras atribuições, nos termos da lei:

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e
participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros
insumos;
Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do
trabalhador;
Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem
como bebidas e águas para consumo humano;
Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
A Lei que regulamenta a saúde é a Lei nº. 8.080, de 19/09/1990.

Assistência Social

A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à


seguridade social. Portanto, o único pré-requisito para o auxílio assistencial é a necessidade do assistido e,
assim como a saúde, independe de contribuição.
A assistência social é organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e
tem por princípios:
A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
O amparo às crianças e adolescentes carentes;
A promoção da integração ao mercado de trabalho;
A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração
à vida comunitária;

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,
conforme dispuser a lei.
Apesar de a constituição mencionar no seu texto “objetivos”, estamos a frente de verdadeiros
princípios, visto que a constituição não determina algo a ser alcançado, mas sim algo que norteia o
funcionamento da assistência social.
Atentem para o fato do benefício mensal somente ser pago à pessoa portadora de deficiência ou ao
idoso e desde que não possam se manter. Pessoa idosa é aquela acima de 65 (sessenta e cinco) anos
conforme determina o art. 34 do Estatuto do Idoso – Lei nº. 10.741/03. Idoso pelo próprio estatuto é
aquela pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Apenas para fins de recebimento de
prestação continuada da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei nº. 8.742/93) é que o estatuto do
idoso determina a idade de 65 (sessenta e cinco) anos.
Além da questão da deficiência ou da idade é necessária a comprovação de não possuir meios de
prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. A LOAS vem determinar de uma
maneira objetiva esse conceito, determinando que considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa
portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do
salário mínimo.
Esse benefício, apesar de não ser um benefício previdenciário, é pago pelo INSS, autarquia
especializada, pois já possui a estrutura necessária para o pagamento de benefício de prestação
continuada. Não haveria necessidade do governo criar mais uma estrutura para se pagar esse benefício,
acarretando assim mais um gasto público desnecessário.
Além desse benefício de prestação continuada, existem outros benefícios previstos na LOAS. São
os chamados benefícios eventuais, como é o caso do auxílio-natalidade e auxílio-funeral. A condição
básica para o pagamento desses benefícios é justamente a mesma do benefício de prestação continuada,
ou seja, não possuir meios prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (renda mensal
familiar per capita inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo).
As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento
da seguridade social, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera
federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem
como a entidades beneficentes e de assistência social;
Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas
e no controle das ações em todos os níveis.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção
social até 0,5 % (cinco décimos por cento) de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
recursos no pagamento de:
Despesas com pessoal e encargos sociais;
Serviço da dívida;
Qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
A Lei que regulamenta a assistência social é a Lei nº. 8.742, de 07/12/1993.

Previdência Social

A regulamentação da previdência social foi alterada de forma relevante pela Emenda


Constitucional 20/98, chamada de reforma da previdência.
A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Portanto, cabe
salientar que o objeto do nosso estudo é o Regime Geral de Previdência Social, não sendo objeto de
análise o Regime Próprio de Previdência dos servidores públicos vinculados ao Regime Jurídico Único.
Diferentemente dos demais ramos da Seguridade Social, a previdência social depende de
contribuição, cujo caráter contributivo é sua principal característica.
A previdência social é organizada pelo Ministério da Previdência Social e tem por princípio:
Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
Proteção à maternidade, especialmente à gestante;
Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
A previdência social será o tema de todo o nosso estudo, sendo tecido maiores detalhes
posteriormente.

É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos


beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. Esta norma prevê a possibilidade de
concessão de aposentadoria especial, com regras diferenciadas.
Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do
segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. Nota-se que a previsão refere-se aos benefícios
que substituem a remuneração no trabalhador, portanto, os benefícios que visam apenas complementar o
rendimento não recaem nesta vedação.
Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente
atualizados, na forma da lei. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real.
A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês
de dezembro de cada ano.

É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,


obedecidas as seguintes condições:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em
cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades
em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal
Os requisitos a que se refere o inciso I (tempo de contribuição) do parágrafo anterior serão
reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Nota-se que não há esta
redução de tempo para professor no benefício concedido por idade, apenas por tempo de contribuição.
Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na
administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de
previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.
Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado. Veremos que esta regra se faz presente nos
benefícios concedidos por incapacidade, como auxílio doença e aposentadoria por invalidez.
Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para
efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na
forma da lei. A habitualidade está atrelada à retribuição do trabalho em caráter permanente,
podendo estar ou não ligada à periodicidade dos recebimentos.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Recentemente o texto constitucional foi alterado pela EC 47/2005, que passou a prever
que lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de
baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico
no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes
acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo. Criou a possibilidade de benefício para
dona ou dono de casa. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 do artigo
201 terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de
previdência social. Esta norma é de eficácia limitada, pois ainda não houve lei criando as alíquotas
e carências diferenciadas, aplicando portanto a alíquota e carência do segurado facultativo.

Legislação Previdenciária

Conceito

A expressão Legislação Previdenciária compreende as leis e os atos normativos referentes ao


funcionamento do sistema securitário. Portanto, a legislação previdenciária tem relação com toda a
seguridade social (saúde, assistência social e previdência social), não tratando apenas da matéria
previdenciária. Lembra-se que a Lei nº. 8.212/91 trata da organização e custeio da seguridade social, e
não apenas de previdência social.

Fontes

A legislação previdenciária tem como fontes as leis e a jurisprudência. Neste raciocino, deve-se
entender lei em sentido amplo, ou seja, Constituição Federal, leis ordinárias, leis complementares, leis
delegadas e medidas provisórias, sendo tais diplomas complementados pelos atos administrativos em
geral.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Os atos administrativos visam dirimir as dúvidas em relação à interpretação da lei, ou seja,
permitir com que a lei seja aplicada aos atos concretos, mas sem nunca trazer inovações não previstas em
lei, ainda que em favor do segurado.
Em relação à doutrina, não há consenso quanto à sua condição de fonte de direito, em virtude da
ausência de coercibilidade dos entendimentos doutrinários.
Deve-se, também, reconhecer como fonte do direito previdenciário os demais ramos do direito,
como, por exemplo, o direito tributário, que trata de contribuições sociais.
Como principais fontes formais do direito previdenciário temos a Constituição Federal de 1988, as
Leis nº. 8.212/91 e 8.213/91, além do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº.
3.048/99.

Autonomia

É praticamente pacífica na doutrina e jurisprudência a independência do direito previdenciário


frente aos demais ramos do direito, entre eles, o direito do trabalho e o direito administrativo.
Essa autonomia é conseqüência do conjunto de princípios jurídicos próprios, além do complexo de
normas aplicáveis a este segmento. Pode-se, ainda, encontrar conceitos jurídicos exclusivos do direito
previdenciário, como, por exemplo, salário-de-benefício e salário-de-contribuição.

Aplicação das Normas Previdenciárias: Interpretação, Integração, Vigência e Hierarquia

A interpretação da lei, texto genérico e abstrato, visa determinar o sentido e alcance das normas
jurídicas, de modo que seu aplicador alcance a correta mens legis (finalidade da lei).
Aplicar a lei significa enquadrar um caso concreto à situação prevista em lei.
Ao interpretar um texto legal, o intérprete deve buscar, dentro das opções existentes no texto legal,
aquela que seja a mais compatível com o caso concreto, não se limitando às situações previstas pelo
legislador, quando da elaboração do texto.
Existem diversos processos de interpretação, na busca da interpretação mais adequada, tais como:

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


Gramatical: determina a interpretação somente à luz do próprio dispositivo legal, sendo um
método bastante restritivo;
Histórico ou genético: determina o exame dos elementos, as circunstâncias, as causas que
implicaram a criação da lei sob exame;
Teleológico ou finalístico: determina ser a interpretação da norma feita mediante a apuração da
finalidade objetivada pela mesma;
Lógico-sistemático: determina que todas as regras jurídicas devem ter, entre si, um nexo, pois são
parte de um só sistema jurídico. Devido a isto, deve-se buscar uma interpretação compatível com o
ordenamento jurídico, verificando-se a compatibilidade da lei a ser interpretada com outros diplomas
legais e, principalmente, com os princípios de direito envolvidos;
Autêntica: método executado pelo próprio poder legislativo, mediante a edição de uma nova lei
que interpreta a anterior;
Restritiva/Extensiva: a interpretação restritiva é feita quando o legislador disse mais do que queria,
atingindo situações não previstas. Já a interpretação extensiva é quando o legislador disse menos do que
queria. Em ambas as situações, o intérprete busca a correta mens legis (O espírito da lei. É a finalidade da
lei; o seu objetivo no âmbito social) sem inovar no mundo jurídico. Uma interpretação extensiva que fuja
às possibilidades interpretativas da letra da lei já é, em verdade, integração do direito, e não interpretação.

A integração difere da interpretação na medida em que a integração não visa a mens legis de determinada
norma, mas sim o preenchimento de lacuna do ordenamento jurídico.

As ferramentas para a integração são a analogia, a eqüidade, os costumes e os princípios gerais do


direito.
A analogia consiste na utilização de previsões similares existentes no ordenamento jurídico,
análoga à considerada.
A eqüidade é um meio de humanizar a aplicação da lei, quando o aplicador faz às vezes de
legislador, a fim de completá-la ou dar-lhe maior sentido de justiça.
Os costumes são práticas reiteradas, de longa data, pela sociedade e aceitas como corretas.
Os princípios gerais do direito são aqueles que fornecem as principais diretrizes do ordenamento
jurídico, responsáveis pela fundação de toda a construção jurídica. Comumente a legislação previdenciária
apóia-se em conceitos do Direito Tributário, Direito Civil, Direito Trabalhista, etc. Como exemplo
podemos citar as responsabilidades solidárias e normas societárias, conceito de mandatário e preposto,
verbas indenizatórias para o trabalhador, etc.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


A vigência da lei diz respeito à sua existência jurídica em um determinado momento. É requisito
necessário para a eficácia da lei, sua produção de efeitos.
De acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil – LICC – Decreto-Lei nº. 4.657/42, salvo
disposição de lei em contrário, a lei começa a vigorar em todo o País 45 (quarenta e cinco) dias depois de
oficialmente publicada, não sendo diferente em relação à lei previdenciária.
Todavia, a vigência da lei não implica, por si só, sua eficácia. Isto é, sua aplicabilidade.
No caso das contribuições sociais, o art. 195, parágrafo 6º, CF, diz que as mesmas só poderão ser
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b , CF (princípio da anterioridade ou
anualidade).
Portanto, apesar da lei já estar em vigor após decorridos 45 (quarenta e cinco) dias, as
contribuições sociais somente poderão ser exigidas após decorridos 90 (noventa) dias. É o chamado
princípio da anterioridade previdenciária, mitigada, nonagesimal ou nonentena.
Ainda temos as leis relativas às alterações nos benefícios previdenciários, que estabelecem, com
freqüência, períodos de transição, onde a lei também tem sua eficácia restrita ou reduzida.
A hierarquia das normas é a ordem de graduação entre estas, segundo uma escala decrescente:
normas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos
legislativos e resoluções, decretos regulamentares, normas externas (Instruções Normativas), normas
internas (portarias, despachos, pareceres, etc.) e normas individuais (contratos, sentenças, etc.).
A legislação previdenciária é submetida a esta mesma hierarquia. Entretanto, deve-se atentar para
algumas regras de prevalência em caso de conflitos de normas: norma específica prevalece sobre a
genérica e o in dubio pro misero (aplicar, na dúvida, a regra mais favorável ao trabalhador)

Orientação dos Tribunais Superiores

Os Tribunais Superiores são órgãos colegiados de segundo grau. Com jurisdição em todo o
território nacional, integrantes do Poder Judiciário, como o Supremo Tribunal Federal, o Superior
Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral e o Superior Tribunal
Militar.

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais


A Lei nº. 8.213/91, no seu art. 131, possibilita a desistência ou abstenção de propor ação ou
recurso em processos judiciais sempre que a ação versar matéria sobre a qual haja declaração de
inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal - STF, súmula ou jurisprudência
consolidada do STF ou dos tribunais superiores. Para isso, deve-se ter autorização por parte do ministro
da Previdência Social. No caso das Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal, não há
necessidade de autorização ministerial, pois de acordo com o teor do art. 137-A da Constituição Federal,
que após a sua publicação, a decisão deve ser aplicada de forma imediata pelo Poder Judiciário e órgãos
da Administração Direta e Indireta Federal, Estadual e Municipal. Recentemente houve a publicação da
Súmula Vinculante 08, a primeira em matéria tributária, que será objeto de estudo posterior.

Dúvidas sobre este material serão tiradas através do link disponível ao lado de cada material

Cathedra Competências Profissionais


SCS Q. 8, Edifício Venâncio 2000, Bloco. B-50, 7ª Andar, salas 701 a 717 – Brasília/DF
CEP: 70333-900
Contato: (61) 3323-9310

Prof. Daniel Belmiro – Direito Previdenciário – Cathedra Competências Profissionais

Das könnte Ihnen auch gefallen