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DANIEL BELMIRO
CATHEDRA COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
Legislação Previdenciária – Apostila Aula 1
Profº Daniel Belmiro Fontes
A proteção social tem como finalidade reduzir os efeitos das adversidades da vida, como fome,
doença, velhice, etc.
Inicialmente, a proteção social vinha da própria família, onde os mais idosos e desprovidos da
capacidade de trabalhar eram auxiliados pelos mais jovens e aptos ao trabalho.
Com o passar do tempo, viu-se a necessidade da proteção social por parte do Estado,
principalmente para as pessoas que não eram dotadas da proteção familiar e, quando esta existia, era
precária. Esse papel era feito pela igreja, através do auxílio voluntário, passando alguma responsabilidade
para o Estado apenas no século XVII, com a edição da famosa Lei dos Pobres (Poor Law – Inglaterra
1601). Anterior a Lei dos Pobres, encontram-se indícios de seguro coletivo no Império Romano, que visa
à garantia de seus participantes, além da preocupação com os necessitados, porém sem uma intervenção
direta do Estado, sendo este apenas um fiscalizador dos interesses gerais da sociedade.
Portanto, nota-se a preocupação inicial do Estado pela assistência dos desprovidos de renda até,
finalmente, a criação de um sistema securitário, coletivo e compulsório, visando à proteção total, ou seja,
a seguridade social.
Hoje, no Brasil, entende-se por seguridade social o conjunto de ações do Estado no sentido de
atender as necessidades básicas de seu povo nas áreas de previdência social, assistência social e saúde,
sendo classificados como direitos sociais pela Constituição Federal no seu Título VIII – Da Ordem Social,
conceituado no art. 193 da CRFB/88:
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o
bem-estar e a justiça sociais. (Primado = Predominância, Primazia, Supremacia.)
A Constituição Federal de 1988 tratou, pela primeira vez no Brasil, da Seguridade Social,
entendida esta como um conjunto de ações nas áreas de saúde, previdência e assistência social.
O SINPAS foi extinto em 1990. A Lei nº. 8.029/90 criou o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), autarquia federal, vinculada hoje ao Ministério da Previdência Social (MPS), por meio da fusão
do INPS com o IAPAS. O INAMPS foi extinto, sendo “substituído” pelo SUS. A LBA e a CEME
também foram extintas, restando apenas a DATAPREV, até os dias de hoje.
Em 24 de julho de 1991, entraram em vigor as Leis nº. 8.212 (Plano de Custeio e Organização da
Seguridade Social) e a Lei nº. 8.213 (Plano de Benefícios da Previdência Social), que são as leis relativas
a organização da seguridade social e planos de custeio e benefício.
Essas leis básicas da seguridade social vêm sofrendo inúmeras alterações ao longo do tempo,
como por exemplo, a Lei nº. 10.666/03, a qual, entre outras inovações, criou a alteração da forma de
arrecadação dos contribuintes individuais que prestam serviços às empresas.
Atualmente, o Regulamento da Previdência Social é aprovado pelo Decreto nº. 3.048/99, também
chamado de RPS.
SAÚDE
PREVIDÊNCIA SOCIAL
Além dos princípios gerais estabelecidos pela Constituição Federal, dos quais destacamos
Igualdade, Legalidade, e Direito Adquirido, que se aplicam à seguridade social, o parágrafo único do art.
194 da Constituição Federal menciona alguns dos princípios da seguridade social brasileira. Apesar de o
art. 194 da Constituição mencionar no seu texto “objetivos”, estamos à frente de verdadeiros princípios,
chamados princípios específicos da Seguridade Social, visto que a constituição não determina algo a ser
alcançado, mas sim algo que norteia o funcionamento da seguridade social.
Princípios Específicos:
O art. 195 da CRFB/88 prevê que a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
Em relação à alínea “a” do inciso I, a redação anterior trazia interpretação restritiva, como se
transcreve abaixo:
I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro
Na vigência da redação anterior, foi considerada inconstitucional a cobrança de contribuições
previdenciárias em relação ao empregador sobre o pagamento a autônomos, administradores e avulsos,
por considerar a expressão folha de salários restritiva a presença do vínculo empregatício. A redação dada
pela EC 20/1998 inclui os segurados contribuintes individuais e avulsos, além dos empregados que já
estavam previstos.
As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos
responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias - LDO, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não
poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I, ou seja, mediante Lei Complementar e com
fato gerador e base de cálculo não existente para nenhum outro tributo, além de ser não
cumulativo. Recentemente verifica-se a utilização da competência residual da União no projeto de
Lei Complementar para criação da Contribuição Social para a Saúde, proposto no Substitutivo ao
Projeto de Lei Complementar 306/08. O artigo 154, inciso I, combinado com o artigo 195,
parágrafo quarto, possibilitam a criação de tributo, para fins de custeio da seguridade social, aí
incluída a saúde, desde que a sua criação ocorra por Lei Complementar, seja não-cumulativo e não
tenha fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição. No texto do
Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar 306/08 não existe a previsão da não-cumulatividade
desta nova contribuição, deixando vulnerável o ataque de inconstitucionalidade em caso concreto
nos tribunais ou controle abstrato no STF.
Em 1996, em julgado referente a CPMF, o STF entendeu que esta não-cumulatividade
poderia ser afastada por Emenda Constitucional, mas não por lei, quer complementar, quer
ordinária. A Corte Suprema, em votação majoritária, entendeu que o Congresso Nacional, por
meio do rito constitucional mais rígido, poderia instituir, mesmo sendo cumulativo, contribuição
voltada para o custeio da saúde, desde que Emenda à Constituição assim o permitisse, havendo
cabal impossibilidade de afastamento da não-cumulatividade mediante aprovação de Lei
Complementar, cujo rito de legislativo é menos rigoroso.
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Ou seja, independente de contribuição, qualquer
pessoa tem direito ao atendimento na rede pública de saúde. Portanto, tem-se que os serviços de saúde não
possuem caráter contributivo.
A saúde é organizada atualmente pelo Ministério da Saúde por meio do Sistema Único de Saúde –
SUS, sendo financiada com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Essas outras fontes estão elencadas na Lei nº.
8.080/90, no seu art. 32 (ajuda, doações, alienações patrimoniais...).
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
Participação da comunidade.
Ações e serviços de saúde são de relevância pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos
da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou
através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Ou seja, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada sendo executadas por profissionais
liberais, legalmente habilitados, e pessoas jurídicas de direito privado.
Entretanto, essa assistência só será prestada de maneira complementar, ou seja, quando o SUS
não tiver disponibilidades suficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma
determinada área, poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.
A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou
convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público, sendo dada preferência às entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos.
"Art. 77. Até o exercício financeiro de 2004, os recursos mínimos aplicados nas ações e
serviços públicos de saúde serão equivalentes:" (AC)
"II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por cento do produto da arrecadação
dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I,
alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; e"
(AC)
"III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quinze por cento do produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159,
inciso I, alínea b e § 3º." (AC)
"§ 2º Dos recursos da União apurados nos termos deste artigo, quinze por cento, no
mínimo, serão aplicados nos Municípios, segundo o critério populacional, em ações e serviços
básicos de saúde, na forma da lei." (AC)
"§ 3º Os recursos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinados às ações e
serviços públicos de saúde e os transferidos pela União para a mesma finalidade serão aplicados
por meio de Fundo de Saúde que será acompanhado e fiscalizado por Conselho de Saúde, sem
prejuízo do disposto no art. 74 da Constituição Federal." (AC)
"§ 4º Na ausência da lei complementar a que se refere o art. 198, § 3º, a partir do exercício
financeiro de 2005, aplicar-se-á à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o
disposto neste artigo." (AC)
Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e
agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação, que devem ter o seu regime
jurídico regulamentado por lei federal. Desta forma a Constituição Federal reconhece essas profissões.
Por fim, compete ao SUS, além de outras atribuições, nos termos da lei:
Assistência Social
Previdência Social
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em
cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades
em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal
Os requisitos a que se refere o inciso I (tempo de contribuição) do parágrafo anterior serão
reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Nota-se que não há esta
redução de tempo para professor no benefício concedido por idade, apenas por tempo de contribuição.
Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na
administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de
previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.
Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado. Veremos que esta regra se faz presente nos
benefícios concedidos por incapacidade, como auxílio doença e aposentadoria por invalidez.
Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para
efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na
forma da lei. A habitualidade está atrelada à retribuição do trabalho em caráter permanente,
podendo estar ou não ligada à periodicidade dos recebimentos.
Legislação Previdenciária
Conceito
Fontes
A legislação previdenciária tem como fontes as leis e a jurisprudência. Neste raciocino, deve-se
entender lei em sentido amplo, ou seja, Constituição Federal, leis ordinárias, leis complementares, leis
delegadas e medidas provisórias, sendo tais diplomas complementados pelos atos administrativos em
geral.
Autonomia
A interpretação da lei, texto genérico e abstrato, visa determinar o sentido e alcance das normas
jurídicas, de modo que seu aplicador alcance a correta mens legis (finalidade da lei).
Aplicar a lei significa enquadrar um caso concreto à situação prevista em lei.
Ao interpretar um texto legal, o intérprete deve buscar, dentro das opções existentes no texto legal,
aquela que seja a mais compatível com o caso concreto, não se limitando às situações previstas pelo
legislador, quando da elaboração do texto.
Existem diversos processos de interpretação, na busca da interpretação mais adequada, tais como:
A integração difere da interpretação na medida em que a integração não visa a mens legis de determinada
norma, mas sim o preenchimento de lacuna do ordenamento jurídico.
Os Tribunais Superiores são órgãos colegiados de segundo grau. Com jurisdição em todo o
território nacional, integrantes do Poder Judiciário, como o Supremo Tribunal Federal, o Superior
Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal Superior Eleitoral e o Superior Tribunal
Militar.
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