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DISTINÇÃO ENTRE OBRIGAÇÃO CIVIL E OBRIGAÇÃO NATURAL

A Obrigação civil é aquela que pode se valer do poder judiciário, se


necessário, para que seja exercida. Os elementos que a caracterizam são o
sujeito, objeto e vínculo jurídico. A partir do momento que é cumprida, essa
obrigação civil se extingue e se não for cumprida, o patrimônio do responsável
(devedor) responde por suas obrigações. O credor pode cobrar de forma
coercitiva de acordo com a lei, com a intervenção do poder do Estado.

Para que exista a obrigação é essencial que haja pelo menos dois
sujeitos, um credor que está no pólo ativo e um devedor que ocupará o pólo
passivo. A pretensão do sujeito ativo, na obrigação civil, é de que o devedor
satisfaça, voluntariamente ou coativamente a prestação.

A prestação é o objeto da relação obrigacional, essa constitui-se numa


atividade, numa conduta do devedor. O vínculo jurídico, representa a garantia
do credor, pois sujeita o devedor a determinada prestação em seu favor. Caso
a obrigação não seja satisfeita pelo devedor, seus bens serão sujeitos a
penhora.

Obrigação civil, portanto, é a que encontra respaldo no direito positivo,


podendo o seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação.

Quando falta esse poder de garantia ou a responsabilidade do devedor,


diz-se que a obrigação é natural ou, na técnica dos escritores alemães,
imperfeita. Ao contrário da obrigação civil que é classificada como perfeita, por
possuir todos os elementos constitutivos. A obrigação natural trata-se de uma
obrigação sem garantia, sem sanção, sem ação para se fazer exigível. São
obrigações incompletas. Apresentam como características essenciais as
particularidades de não serem judicialmente exigíveis, mas se forem cumpridas
espontaneamente, será tido por válido o pagamento, que não poderá ser
repetido (há a retenção do pagamento, soluti retentio). A solutio retentio é uma
expressão usada no direito romano, existente em favor do credor.

A grande dificuldade encontrada pelos doutrinadores para explicar a


natureza jurídica da obrigação natural reside nessa aparente contradição
existente entre a carência da ação judicial, por um lado, e o direito de retenção
pelo credor, como pagamento devido, por outro.

A obrigação natural constitui escasso interesse prático no direito


moderno, pois trata-se de uma obrigação despida de sanção, de tutela judicial,
enquanto na obrigação civil, se o devedor ou um terceiro realiza
voluntariamente a prestação, o credor tem a faculdade de retê-lo a título de
pagamento (soluti retentio), caso contrário, judicialmente será exigida a
execução de seu patrimônio.

Apesar de ser inspirada na moral, não é somente moral, pois nessa o


Direito não lhe reconhece qualquer prerrogativa. È apenas uma impulsão de
um estímulo psíquico, interno do agente, embora, por vezes impulsionado por
injunções da sociedade. O cumprimento de impulsão moral constitui, bob o
prisma jurídico, uma simples questão de princípios, sem qualquer juridicidade.
A reprimenda, pelo descumprimento de obrigação desse teor, será somente
social, como no caso de nos recusarmos a retribuir um cumprimento, por
exemplo. Mas não devemos entender que a obrigação natural seja mera
obrigação social. A obrigação natural possui juridicidade limitada, mas situa-se
no campo do Direito. Se situa a meio caminho entre o Direito e a Moral.

No Direito Romano a obrigação natural não era protegida pela actio,


eram fundadas na equidade. O vínculo existente entre credor e devedor era o
chamado vinculum aequitas e não era considerado vínculo de Direito. Desde
então, a obrigação natural liga-se a execução de ação voluntária, ou seja, essa
obrigação pode ser objeto de um pagamento válido (atingidas pela capitis
deminuttio), mas não obrigatório.

O Direito Brasileiro não apresenta disciplina particular das obrigações


naturais. A legislação é quase inteiramente omissa quanto ao regime dessa
classe de obrigação, o que transporta para a doutrina a missão de fixar seus
parâmetros. Poucas situações são estatuídas no Código Civil, pois a lei não
minudencia os casos de obrigação natural, uma das hipóteses mais lembradas
de casos que acontecem, são de dívidas de jogo, a qual não obriga o
pagamento, mas uma vez efetuado, não pode o solvens recobrar o que
voluntariamente foi pago, a não ser, por exceção, no caso de dolo, ou se o
prejudicado for menor ou interdito. Neste sentido o art. 814 do CC:

“As dívidas de jogo, ou aposta, não obrigam o pagamento; mas não se


pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por
dolo, ou se o perdente é menor, ou interdito”.

Jogos e apostas são moralmente condenáveis, por isso a lei não lhes
confere exigibilidade. São contratos aleatórios de mesma natureza. Podem ser
considerados lícitos ou ilícitos. O ilícito é proibido, no qual o ganho ou perda
dependem exclusivamente da sorte (Lei das contravenções Penais, art. 50, 3º,
A). Os jogos lícitos são aqueles em que entram a destreza ou a habilidade
física, como os esportes, ou o intelecto, como o xadrez. Há também os jogos
regulamentados e autorizados pelo próprio Estado, como as loterias oficiais.
Nesse caso é exercitável o direito de ação para cobrar dívida.

A juridicidade da obrigação natural só surge no momento de seu


cumprimento. Antes do cumprimento a obrigação natural encontra-se
dormente, como mero dever moral. No momento de ápice, que é o
cumprimento, é que ressalta a face jurídica da obrigação. Antes disso a
legislação lusa coloca a conceituação da obrigação natural somente como um
dever moral ou social.

Cabe ao magistrado, na análise do caso concreto, determinar o contorno


jurídico da obrigação natural, pois ela está configurada entre as obrigações
gerais pela lógica do sistema, presente onde quer que o dever moral se
materializa juridicamente sob a forma do cumprimento.

O pagamento da obrigação natural deve ser considerado como


verdadeiro e não doação. Também é passível de novação, visto que se trata de
um pacto e de autonomia de vontades. Se as partes concordarem em novar
uma dívida natural por uma dívida civil, não há por que obstar seu desejo pacta
sunt servanda. Mas não se pode constituir penhor, ou outro direito real sobre a
dívida natural, pois essas garantias pressupõem possibilidade de exercitar a
execução para a cobrança, que não existe no instituto ora tratado.
A compensação de obrigação natural com obrigação civil, ou com outra
obrigação natural, não é admitida pela doutrina. Compensação é meio de
extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e
devedor uma da outra. Acarreta a extinção de duas obrigações cujos credores
são, simultaneamente, devedores um do outro (CC, art.368).

A obrigação natural também não comporta fiança, pois esta é de


natureza acessória e segue o destino da principal, não podendo existir sem
uma obrigação válida e exigível.

A execução parcial de obrigação natural não autoriza o credor a


reclamar pagamento do restante. Desse modo, obrigação natural não se
transforma em civil pelo fato de ter havido amortização parcial.

Por fim, a distinção da obrigação natural em relação à obrigação civil,


reside no aspecto de que, embora desprovida de poder coativo, se o devedor
espontaneamente a cumpre, o pagamento considera-se legal e, por essa
razão, não se concede ação no caso de se pretender recobrar o que foi pago.
Por isso dizemos que se trata de uma obrigação imperfeita. Distinguem-se
quanto a exigibilidade de cumprimento. As obrigações civis representam a
grande generalidade, enquanto a obrigação natural constitui figura especial,
com escasso interesse prático no direito moderno.

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