Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Circuitos Trifásicos
Fator de Potência
Sete Lagoas/MG
Dezembro de 2008.
2
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
Circuitos Trifásicos
FatordePotência
Índice Analítico
INTRODUÇÃO 04
1 - CIRCUITOS TRIFÁSICOS
1.1 - Obtenção de Sistemas Polifásicos – Seqüência de Fase 05
1.2 - Operador 06
1.3 - Representação Senoidal 07
1.4 - Representação Fasorial 07
1.5 - Sistemas Trifásicos Simétricos e Equilibrados com Carga Equilibrada - Ligações 09
1.6 - Ligações em Estrela 11
1.7 - Cargas Ligadas em Triângulo 15
1.8 - Potência Trifásica 16
2 - FATOR DE POTÊNCIA
2.1 - Potência Ativa 18
2.2 - Potência Aparente 19
2.3 - Potência Reativa 19
CONCLUSÃO 22
BIBLIOGRAFIA 23
4
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
Introdução
As máquinas elétricas trifásicas tendem a ser mais eficientes pela utilização plena dos
circuitos magnéticos. As linhas de transmissão permitem a ausência do neutro, e o
acoplamento entre as fases reduz significantemente os campos eletromagnéticos. Finalmente,
o sistema trifásico permite a flexibilidade entre dois níveis de tensão.
1 – CIRCUITOS TRIFÁSICOS
1.1 – Obtenção de Sistemas Polifásicos – Seqüência de Fase
Ao longo deste texto iremos apresentar métodos para a solução de circuitos trifásicos
em diversas condições, envolvendo as tensões no início do sistema (nos terminais dos
geradores), as linhas utilizadas para a transmissão da energia até a carga, e a carga conectada
no final da linha. Para tanto, definimos:
(1-a) - Sistema de tensões trifásico simétrico: sistema trifásico em que as tensões nos
2
terminais dos geradores são senoidais, de mesmo valor máximo, e defasadas entre si de
3
rad ou 120° elétricos;
(1-b) - Sistema de tensões trifásico assimétrico: sistema trifásico em que as tensões nos
terminais dos geradores não atendem a pelo menos uma das condições apresentadas em (1-a);
(2-a) - Carga trifásica equilibrada: carga trifásica constituída por 3 impedâncias complexas
iguais, ligadas em estrela ou em triângulo;
(2-b) - Carga trifásica desequilibrada: carga trifásica na qual não se verifica a condição
descrita em (2-a).
Nos terminais de uma bobina que gira com velocidade angular constante, no interior
de um campo magnético uniforme, surge uma tensão senoidal cuja expressão é
e EM cos(t ),
em que representa o ângulo inicial da bobina. Ou melhor, adotando-se a origem dos tempos
coincidente com a direção do vetor indução, representa o ângulo formado pela direção da
bobina com a origem dos tempos no instante t=0.
Assim, é óbvio que, se dispusermos sobre o mesmo eixo três bobinas deslocadas entre
2
si de rad e girarmos o conjunto com velocidade angular constante, no interior de um
3
campo magnético uniforme, obteremos nos seus terminais um sistema de tensões de mesmo
2
valor máximo e defasadas entre si de rad, conforme Fig. 1.
3
6
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
Evidentemente, uma alteração cíclica não altera a seqüência de fase, isto é, a seqüência
A-B-C é a mesma que B-C-A e que C-A-B. À seqüência A-B-C é dado o nome “seqüência
direta” ou “seqüência positiva”, e à seqüência A-C-B, que coincide com C-B-A e B-A-C, dá-
se o nome de “seqüência inversa” ou “seqüência negativa”.
1.2 – Operador
1 3
1 120 j
2 2
1 1 120
3 2 1 120 1 120 1 0
4 3 1 0 1 120 1 120
1 2 1 0 1 120 1 120 0,
Os geradores síncronos são trifásicos e são projetados de forma que as tensões geradas
2
senoidais e simétricas, isto é, tensões de módulos iguais e defasadas entre si radianos.
3
As tensões de fase são referidas a um ponto comum chamado neutro (n), que pode
estar aterrado (potencial zero) ou não. Assim, as tensões de fase podem ser formalizadas pelas
equações que se seguem:
va V p sen(t ) (1)
2
vb V p sen(t ) (2)
3
4
vc V p sen(t ) (3)
3
^ Vp
Va e j 0 V ef 0 (4)
2
^ Vp 2
Vb e j V ef 120 (5)
2 3
8
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
^ Vp 4
Vc e j V ef 240 (6)
2 3
^ ^ ^
(7)
V ab V a V b (V ef 0 V ef 120 ) 3 V ef 30
^ ^ ^
(8)
V bc V b V c (V ef 120 V ef 240 ) 3 V ef 90
^ ^ ^
(9)
V ca V c V a (V ef 240 V ef 0) 3 V ef 210
Nos sistemas trifásicos são utilizadas linhas a três ou quatro fios para a alimentação
das cargas a partir dos geradores. Ora, do eletromagnetismo sabemos que haverá um
acoplamento magnético entre estes fios quando um ou mais forem percorridos por corrente.
Assim, a passagem de corrente senoidal em qualquer um destes fios irá induzir tensões
também senoidais nos demais. Para a resolução de circuitos, em sistemas de potência, este
efeito é representado através da definição de indutâncias mútuas entre os fios. No caso geral,
a resolução de circuitos trifásicos com indutâncias mútuas é relativamente complexa, pois o
sistema pode tornar-se desequilibrado. Para facilitar o entendimento dos métodos de cálculo,
neste texto vamos desconsiderar a existência de indutâncias mútuas, ressaltando que no caso
particular em que tais indutâncias sejam iguais tudo o que se apresentará continua válido, pois
o sistema mantém-se equilibrado.
Observando a rede secundária podemos notar que algumas cargas são alimentadas por
tensão de fase e outras por tensão de linha. Assim sendo, no cômputo geral das cargas,
podemos distinguir dois tipos de ligações: estrela e triângulo (ou delta), como mostra a
Figura 8.
11
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
Suponhamos que sejam alimentadas, a partir dos terminais das três bobinas do item
j
acima, três impedâncias quaisquer, Z e , porém iguais entre si (carga equilibrada). É
evidente que os três circuitos assim constituídos (Fig. 10) formam três circuitos monofásicos,
nos quais circularão as correntes:
va
ia I p sen(t ) (10)
Za
vb 2
ib I p sen(t ) (11)
Zb 3
vc 4
ic I p sen(t ) (12)
Zc 3
^ I p j (13)
Ia e I ef
2
12
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
2
^ I p j( 3 ) (14)
Ib e I ef (120 )
2
4
^ I p j( 3 ) (15)
Ic e I ef ( 240 )
2
Isto é, nos três circuitos circularão correntes de mesmo valor eficaz e defasadas entre
2
si de rad (ou 120°).
3
^ ^ ^
(16)
Ia IbIc 0
O condutor que interliga o gerador até a carga recebe o nome de fio neutro ou quarto
fio. Evidentemente, sendo nula a corrente que o percorre, poderia ser retirado do circuito.
Podemos aqui observar uma das grandes vantagens dos sistemas trifásicos. Para a
transmissão da mesma potência, são utilizados 3 ou 4 fios, enquanto seriam necessários 6 fios
se fossem utilizados 3 circuitos monofásicos (conforme podemos observar na Fig. 10).
Ao esquema de ligação assim obtido é dado o nome de circuito trifásico simétrico com
gerador ligado em "estrela" (Y) e carga "equilibrada em estrela" (Y), dando-se o nome de
"centro-estrela".
13
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
Z a Z b Z c.
ja
Za Zae (16)
jb
Zb Zbe (18)
jc
Zc Zce (19)
^ ^ ^
Neste caso teremos: Z a Z b Z c e a b c e como conseqüência I a I b I c.
Neutro aterrado
Podemos notar que o ponto neutro permanece fixo, o que permite concluir que as
^ ^ ^
quedas de tensão nas cargas (V a V b V c) são equilibradas. O desequilíbrio se manifesta nas
^
correntes, com o aparecimento da corrente de neutro I n .
Neutro isolado
Definimos:
(1) Tensão de fase: tensão medida entre o centro-estrela e qualquer um dos terminais do
gerador ou da carga;
(2) Tensão de linha: tensão medida entre dois terminais (nenhum deles sendo o "centro-
estrela") do gerador ou da carga. Evidentemente, podemos definir a tensão de linha como
sendo a tensão medida entre os condutores que ligam o gerador à carga;
(3) Corrente de fase: corrente que percorre cada uma das bobinas do gerador ou, o que é o
mesmo, corrente que percorre cada uma das impedâncias da carga;
(4) Corrente de linha: corrente que percorre os condutores que interligam o gerador à carga
(exclui-se o neutro).
15
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
Salientamos que as tensões e correntes de linha e de fase num sistema trifásico simétrico e
2
equilibrado têm, em todas as fases, valores eficazes iguais, estando defasadas entre si de
3
rad. Em vista deste fato, é evidente que a determinação desses valores num circuito trifásico
com gerador em Y e carga em Y, resume-se à sua determinação para o caso de um circuito
monofásico constituído por uma das bobinas ligada a uma das impedâncias por um condutor
de linha, lembrando ainda que a intensidade de corrente no fio é nula.
j
Considerando Nos sistemas trifásicos Z ab Z bc Z ca Z e , Figura 15, (carga
equilibrada) as correntes de fase são dadas pelas expressões:
v ab
i ab (21)
Z ab
v bc
i bc (22)
Z bc
v ca
i ca (23)
Z ca
^ I p j( 6 ) (24)
I ab e I ef (30 )
2
^ I p j( 2 ) (25)
I bc e I ef (90 )
2
7
^ I p j( 6 ) (26)
I ca e I ef ( 210 )
2
^ ^ ^
(27)
I a I ab I ac ( I ef (30 ) I ef (210 )) 3 I ef )
^ ^ ^
(28)
I b I bc I ab ( I ef (90 ) I ef (30 )) 3 I ef (120 )
^ ^ ^
(29)
I c I ca I bc ( I ef (210 ) I ef (90 )) 3 I ef (210 )
A potência ativa para ama ligação monofásica pode ser calculada pela fórmula:
(30)
P1 V ef I ef cos
(31)
P 3 P a P b P c
(32)
P 3 3P1 3V ef I ef cos
Ligação Estrela
Vl
Vf (33)
3
e
(34)
I f Il
3V 1
P 3 I l cos (35)
3
ou
(36)
P 3 3 V l I l cos
Ligação Triângulo
(37)
V f Vl
e
Il
If (38)
3
I1
P 3 3V l cos (35)
3
ou
(36)
P 3 3 V l I l cos
18
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
As fórmulas (36) e (40) são iguais. Assim sendo, em ambas as ligações, se as cargas
forem equilibradas, a potência trifásica é calculada da mesma maneira.
2 – FATOR DE POTÊNCIA
O fator de potência (FP) de um sistema elétrico qualquer, que está operando em
corrente alternada (CA), é definido pela razão da potência real ou potência ativa pela
potência total ou potência aparente.
Ondas de tensão (V) e corrente (I) em fase. A carga possui característica resistiva (FP=1).
Ângulo de fase φ=0°
Isto é,
Se não se inclui o termo cosφ que haveria que contemplar, devido ao fato de que a
corrente e a tensão estejam defasados entre si, obtemos o valor do que se denomina potência
aparente ou teórica S que se expressa em volt ampères (VA):
É com base no valor desta potência (ou das correntes respectivas) que se faz o
dimensionamento das cablagens e sistemas de proteção das instalações elétricas. Na
contratação de fornecimento de energia eléctrica é normalmente especificada a taxa de
potência que depende da potência aparente máxima a ser disponibilizada pelo fornecedor.
Existe também em CA outra potência, que é a chamada potência reativa cuja unidade
é var e é igual a:
Numa instalação que apenas possua potência reativa, a potência média tem um valor
nulo, pelo que não é produzido nenhum trabalho útil. Diz-se portanto que a potência reativa é
uma potência devatada (não produz watts ativos).
A integração temporal da potência reativa resulta numa energia reativa, que representa
a energia que circula de forma oscilante nas instalações mas não é consumida por nenhum
receptor. Em casos de consumidores especiais de energia eléctrica (grandes consumidores),
esta energia pode ser contabilizada em var-hora, e faturada adicionalmente à energia ativa
consumida.
Triângulo retângulo que representa a relação entre as potências aparente (S), ativa (P) e
reativa (Q)
O fator de potência é determinado pelo tipo de carga ligada ao sistema elétrico, que pode
ser:
Resistiva
Indutiva
Capacitiva
21
Eletrotécnica II • Circuitos Trifásicos e Fator de Potência
Onda de corrente (I) atrasada em relação à onda de tensão (V). A carga possui característica
indutiva. FP<1 (atrasado)
Onda de corrente (I) adiantada em relação à onda de tensão (V). A carga possui característica
capacitiva. FP<1 (adiantado)
CONCLUSÃO
As cargas ligadas aos sistemas trifásicos podem ser trifásicas ou monofásicas. As
cargas trifásicas normalmente são equilibradas, ou seja, são constituídas por três impedâncias
iguais, ligadas em estrela ou em triângulo. As cargas monofásicas, como por exemplo, as
cargas de instalações residenciais, por sua vez, podem introduzir desequilíbrios no sistema,
resultando em cargas trifásicas equivalentes desequilibradas.
BIBLIOGRAFIA
OLIVEIRA, C.C.B.; SCHMIDT, H.P.; KAGAN, N.; ROBBA, E.J. Introdução a sistemas
elétricos de potência - Componentes simétricas - 2a edição. São Paulo, Edgard Blücher,
1996.
ORSINI, L.Q. Curso de circuitos elétricos. São Paulo, Edgard Blücher, 1993-4, 2v.
Relação de sites: