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Isso acontece porque a criança precisa ouvir muitas vezes uma história
para “acreditar” nela e fazer com que a visão otimista veiculada por ela seja parte de
sua concepção de mundo.
A criança “sente” qual dos contos de fadas é verdadeiro para sua situação
interna no momento (com a qual é incapaz de lidar por conta própria) e também
sente onde a história lhe fornece uma forma de poder enfrentar um problema
difícil (BETTELHEIM, 2000, p.74).
trabalhados por ela já não existem mais, foram substituídos por outros. Por isso, o
melhor a fazer é estar atento às orientações dadas pela própria criança.
Até mesmo quando a criança não pede que um conto seja repetido,
mas o adulto perceber que ela de alguma forma ficou encantada, poderá repeti-lo em
outra ocasião. Isso porque quando o contato entre o conto e a criança se dá apenas
uma vez, elementos importantes para ela podem se perder, elementos esses que
requerem tempo para serem apreendidos e elaborados.
Explicar a uma criança por que um conto de fadas é tão cativante para ela,
destrói, acima de tudo, o encantamento da história, que depende, em grau
considerável, da criança não saber absolutamente por que está maravilhada
(BETTELHEIM, 2000, p.27).
Além disso, por mais certo que o adulto esteja de suas interpretações,
dizê-las à criança seria como privá-la da oportunidade de entender e enfrentar por ela
mesma seus problemas, de sentir que é capaz de, de alguma forma, amenizar seus
anseios. Nós crescemos, encontramos sentido na vida e segurança em nós mesmos
por termos entendido e resolvido problemas pessoais por nossa conta, e não por eles
terem sido explicados por outros (BETTELHEIM, 2000, p.27).
apreender, ou quase apreender sua própria visão da cena, mas cada ouvinte
formará seu próprio quadro que será constituído de todas as montanhas e vales
que já viu, mas especialmente do Vale, da Montanha e do Rio que formaram
para ele a primeira personificação do mundo (Tolkien, apud BETTELHEM, 2000,
p.76).
Alem disso, quando pais contam a seus filhos uma história, sem
dúvidas estamos diante de um momento único de interação e ternura, que por si só já
valeria a pena. Vale lembrar ainda que Lewis Carrol, o autor de “Alice no País das
Maravilhas” chamou os contos de fadas de “presentes de amor”, de forma muito sábia.
Presente esse que deveria ser sempre oferecido às crianças por seus pais e
professores.
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Por outro lado, quando uma criança está em uma situação psíquica
difícil, não pode focar sua energia para as coisas da escola, pois ela estará voltada para
a resolução desses problemas. Muitas crianças, mesmo sem déficit algum de
inteligência, nenhum comprometimento neurológico podem apresentar dificuldades na
escola quando passam, por exemplo, por conflitos familiares, que consomem sua
energia ou a faz regredir ou se fixar em uma fase anterior de desenvolvimento.
volta dos sete anos, com uma maturação neurofuncional própria desta idade e com a
resolução do complexo de Édipo.
Simbolizar é sentir a perda. É olhar e substituir o objeto perdido por outro. Daí a
importância do estudo da função simbólica na psicopedagogia, uma vez que,
para que ocorra a aprendizagem é necessário perder um objeto para então
ganhar e apropriar-se de outro. A vida também é uma troca. Quando
substituímos, simbolizamos e então amadurecemos (LIMA, 2003).
próprios problemas. Isso porque é muito mais fácil e menos perigoso falar de problemas
alheios. Desta maneira, acontece um encontro com sentimentos dolorosos ou
ameaçadores, mas de forma indireta e alternativa (FELDMAN, 1996, p.37). Ela pode
falar de sentimentos que são seus, projetando-os no personagem em questão.
Todo educador deve conhecer muito bem a criança com quem trabalha.
Conhecer seu estágio de desenvolvimento, suas necessidades, seu nível de
pensamento. Essa necessidade é ainda maior para o psicopedagogo. Ele precisa estar
verdadeiramente interagindo com as crianças que atende. Por isso, deve conhecer sua
necessidade de mágica, de fantasia para assegurar-lhe esse direito. É preciso nunca
perder de vista a complexidade e totalidade do ser humano, lembrando-se sempre que
a criança que ali está é corpo, mente, emoção, que é resultado de influências sociais, é
alguém que tem desejos, preferências, medos, angústias, alegrias, como qualquer outro
ser humano.
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