Sie sind auf Seite 1von 22

AULA Nº 12 –

Genética Bacteriana
Os procariotas não se reproduzem sexuadamente e por isso não ocorre fusão
de dois gâmetas e formação de um zigoto, onde coexistam os dois genomas parentais.
Contudo, a variação genética na população procariota não é limitada. As mutações são
demasiadamente raras para servirem de base à variabilidade genética dos organismos
vivos. Para além destas, outros factores que contribuem para as variações genotípicas
são a integração de vírus e o movimento de elementos genéticos para o cromossoma.

A recombinação genética é um processo em que um novo cromossoma


recombinante (com genótipo diferente de cada um dos cromossomas parentais) se forma
por combinação genética do material hereditário dos dois organismos. Como resultado
obtém-se um novo rearranjo de genes (ou parte de genes) e está normalmente
acompanhado de uma alteração fenotípica.
Para usufruir das vantagens da recombinação, as bactérias desenvolveram três
mecanismos diferentes responsáveis pela recombinação genética, são eles:
1- TRANSFORMAÇÃO (captação de fragmentos de DNA do meio ambiente)
2- TRANSDUÇÃO (transporte de DNA bacteriano mediado por bacteriófagos)
3- CONJUGAÇÃO (contacto directo entre bactérias)

Horizontal (or lateral) gene transfer (HGT)


ou
PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA HORIZONTAL DE GENES

A HGT difere da transferência genética vertical (“de pais para filhos”), uma vez
que os genes são transferidos de organismos independentes para outros, criando
normalmente um recombinante estável com características de ambos (dador e receptor).

Os procariotas podem assim trocar de genes, o que condiciona a natureza de uma


comunidade microbiana num determinado habitat. Um exemplo que demonstra a

1
importância da transferência genética é a evolução dos genes resistentes a antibióticos
contra bactérias patogénicas.

A transferência horizontal de genes tem sido importante para a evolução de muitas espécies, não ocorrendo,

Formação e destino dos merozigotos

Nos procariotas a transferência de material genético é parcial, isto é, as trocas


genéticas têm lugar entre porções do DNA. Durante a transferência horizontal de genes
para a célula receptora, esta fica temporariamente diploíde resultando na formação de
um merozigoto.

a)

b)

c)

Figura 12.1 – Produção e destino dos merozigotos

De acordo com a natureza do material genético exógeno, este pode ser um


fragmento de DNA: (figura 12.1)
a) incapaz de auto-replicação, sendo susceptível de ser degradado por nucleases
presentes na bactéria receptora. Ocorre integração quando o material genético
exogéno apresenta uma sequência homóloga com o do endógeno, permitindo a
recombinação. Ex: fragmento de um cromossoma.

2
b) capaz de auto-replicação, sendo resistente ao ataque das endonucleases. Não
necessita de se integrar dentro do cromossoma da célula receptora, mantendo-se
independente do material genético endógeno. Ex: plasmídeo.
c) destruído por nucleases, processo denominado por restrição por endonucleases
(host restriction).

TRANSFORMAÇÃO

A TRANSFORMAÇÃO (figura 12.2) é um


processo de transferência genética que consiste
na captação e introdução de segmentos de
DNA, proveniente de outras células do meio. A
transformação natural de DNA provém de um
dador bacteriano. Este processo é aleatório e
qualquer porção do genoma pode ser transferida
entre bactérias.
Quando ocorre a lise das bactérias, há
libertação de quantidades consideráveis de DNA
para o meio envolvente. Estes fragmentos podem Figura 12.2 – Transformação
bacteriana com fragmentos de DNA
ser relativamente grandes e compostos por vários
genes.

Exemplos de bactérias capazes de transformação natural:


Streptococcus
Bacillus
Haemophilus
Neisseria
Pseudomonas
Acinetobacter

Pelo contrário, as Enterobactérias, como a Escherichia Coli e os Proteus, não


conseguem adquirir o estado de competência naturalmente.

3
Curiosidade: Este processo ocorre no solo e em ecossistemas aquáticos e pode ser
uma via importante de troca genética em biofilmes e noutras comunidades microbianas.

Como foi descoberta a Transformação bacteriana?

Este fenómeno foi observado pela primeira vez por Fred Griffith (em 1928) em
Pneumococcus (figura 12.3). Griffith verificou que o tipo de colónia, lisa ou rugosa,
estava relacionado com a virulência dos Pneumococcus.

Figura 12.3 – Experiência de Griffith


•Bactéria virulenta → Com cápsula
•Bactéria avirulenta → Sem cápsula

12.2 (a) – Griffith injectou bactérias capsuladas (lisas) em ratos e verificou


que estes morriam. Foi possível isolar colónias de bactérias virulentas, isto é, colónias
mucosas.
12.2 (b) – Contudo, quando injectava bactérias não capsuladas (rugosas), os
ratos resistiam e continuavam vivos, ou seja, não apresentavam virulência.
12.2 (c) – Ao aquecer as bactérias capsuladas, verificou que, quando estas
eram injectadas nos ratos, perdiam a virulência.

4
12.2 (d) – Ao aquecer posteriormente um extracto de bactérias lisas
juntamente com bactérias rugosas e ao injectar nos ratos, observou-se que os ratos
morriam.
Griffith isolou o sangue dos ratos mortos e encontrou Pneumococcus
capsulados com virulência. Mas como isto poderia acontecer se as bactérias capsuladas
morriam ao serem expostas ao calor? Griffith concluiu que as bactérias não capsuladas
adquiriam um agente transformante proveniente da estirpe capsulada e tornavam-se
virulentas, pois começavam a produzir cápsula → Transformação de um genótipo
noutro. Diz-se, então, que as bactérias tornaram-se competentes, ou seja, células
capazes de aceitar fragmentos de DNA e transformá-los.
Experiências posteriores a Griffith demonstraram que o agente transformante é
o DNA.

Estado de competência

Nem todas as células da população bacteriana estão preparadas para receber


fragmentos de DNA exógeno. Somente as células que estão num estado fisiológico
particular irão ser transformadas – estado de competência. Caso isso aconteça, o
fragmento de DNA é capaz de se ligar à célula competente e entrar.
A competência é um fenómeno complexo e dependente de várias condições,
como o estado de crescimento de uma bactéria (por exemplo). A espécie Streptococcus
pneumoniae torna-se competente durante a sua fase exponencial, isto é, quando atinge
determinada concentração. Quando a população torna-se competente, bactérias como
Streptococcus pneumoniae secretam factores de competência, pequenas proteínas que
estimulam a produção de 8 a 10 novas proteínas necessárias à transformação.

Como se atinge o estado de competência?

Os seres procariontes também se conseguem diferenciar devido a moléculas


que são secretadas para o meio ambiente e que induzem o estado de competência (Auto-
indução) devido à densidade populacional.
De acordo com a figura 12.4:
1 - Baixa densidade – Não há comunicação entre as células.

5
2 - A quantidade de mediadores (oligopéptidos) produzidos aumenta.
3 - O factor de competência atinge um receptor e emite um sinal para o genoma,
induzindo a transdução de determinados genes, que uma vez transcritos tornam a
bactéria competente, isto é, capaz de captar o DNA.

2
1
3

Figura 12.4 – Estado de Competência

As células competentes podem fixar, de forma irreversível, fragmentos de


DNA num receptor específico da sua parede. Este receptor não discrimina o tipo
de DNA a penetrar.

Mecanismo de TransformaçãoI

Figura 12.5 – Passos necessários para o mecanismo de transformação

I
Para uma melhor compreensão do mecanismo de Transformação poderão ver a seguinte animação:
http://highered.mcgraw-hill.com/sites/0072556781/student_view0/chapter13/animation_quiz_1.html

6
1-Um fragmento de DNA (cadeia dupla) liga-se à superfície da bactéria por
proteínas (DNA binding protein);
2-Ocorre a degradação de uma das cadeias de DNA através de uma endonuclease
extracelular;
3-A cadeia não degradada liga-se a proteínas de competência, movendo-se através
da membrana plasmática;
4-Ocorre a entrada da cadeia simples de DNA para
dentro da célula até ao local onde se encontra a cadeia
complementar no cromossoma. A formação de um
heteroduplex de DNA requer os produtos do gene rec
A (também importante na reparação do genoma) e
este sistema de recombinação da célula apenas
funciona se houver uma homologia
(complementaridade) entre as duas moléculas de
DNA.
Figura 12.6 – Recombinação
geral não recíproca

Como é que, então, o DNA é incorporado no genoma da bactéria receptora


neste processo de transferência genética?

Por recombinação geral não recíproca (figura 12.6.), característica da


transformação de algumas bactérias (embora os seres procariontes usem diferentes
tipos de recombinação). Esta corresponde à forma mais comum de recombinação e
envolve normalmente trocas genéticas entre um par de sequências homólogas de
DNA. Pode ocorrer em qualquer porção do cromossoma e resulta da quebra da cadeia
de DNA e posterior união, conduzindo aos crossing-overs.

Notas:

Os fragmentos de cadeia simples que não encontrarem uma região homóloga
desaparecem ao fim de algumas gerações;
A entrada de DNA faz-se com dispêndio de energia.

7
TRANSDUÇÃO

A transdução é outro dos processos de transferência horizontal de genes. É uma


forma frequente de transferência genética na natureza e é mediada por vírus, mais
concretamente bacteriófagos ou fagos – vírus que infectam bactérias.
Os vírus são estruturalmente simples e normalmente compostos por uma
molécula de ácido nucleico protegida por uma cápsula proteica (cápside). Uma vez que
são incapazes de se replicarem autonomamente, necessitam de infectar outras células de
modo a criarem novas cópias de vírus.

Ciclo lítico ou Vegetativo

Principais etapas do ciclo lítico:

1-Adsorção: Ocorre a fixação de um bacteriófago a um receptor específico de


superfície da bactéria. (Por exemplo: os vírus que atacam a Escherichia coli não são os mesmos
que infectam as Pseudomonas)

2-Penetração: O vírus bacteriano apenas injecta o seu material genético para o


interior da bactéria, permanecendo a cápsula proteica no exterior.

3-Replicação e Maturação: Após a adsorção e penetração, o bacteriófago força a


bactéria a produzir DNA viral e proteínas virais que permitem a formação de várias
partículas fágicas nas quais são incorporadas as partículas virais. Ocorre a maturação
dos fagos récem-formados.

4-Lise e Libertação: Quando a replicação dos novos vírus atinge uma determinada
concentração, estes são libertados por lise da bactéria. Após serem libertados, estes
novos fagos poderão vir a infectar novas bactérias.

8
Estes vírus tomam o nome de bacteriófagos virulentos e o processo é
denominado por ciclo lítico.

Ciclo lisogénico

Existem outros bacteriófagos que não matam imediatamente o seu hospedeiro.


Muitos destes vírus entram na bactéria e incorporam o seu material genético no genoma
bacteriano, dando origem ao DNA profago. O ciclo lisogénico permite a replicação
passiva do genoma viral à medida que o genoma do hospedeiro é replicado.
Este tipo de fagos são chamados bacteriófagos temperados e a relação que
estabelecem com o seu hospedeiro denomina-se lisogenia.
Os fagos temperados podem permanecer dentro da bactéria num estado inactivo
durante várias gerações. Contudo, por acção de estímulos ambientais (por ex.:
exposição a radiações ultravioleta) o ciclo vegetativo dos bacteriógafos é induzido e
deixam o ciclo lisogénico. Quando isto ocorre, a primeira etapa do processo consiste na
excisão do DNA viral a partir do genoma bacteriano que é realizada sobretudo por
proteínas de natureza viral. A célula está pronta para iniciar o ciclo lítico.

É importante realçar que os fagos líticos apenas têm capacidade de fazer


ciclos líticos, enquanto que os fagos lisogénicos podem fazer ambos.

9
Os dois tipos de ciclos referidos anteriormente estão resumidos no seguinte
esquema:

Figura 12.7 – Representação esquemática dos ciclos lítico e lisogénico

Tipos de transdução

Existem essencialmente dois tipos de transdução:

Transdução generalizada;
Transdução restrita.

Transdução GeneralizadaII
QUALQUER GENE PODE SER TRANSFERIDO

A transdução
generalizada ocorre durante
o ciclo lítico dos bacteriófagos
virulentos e de alguns fagos
temperados. Toma a
designação de generalizada

II
Para uma melhor compreensão do mecanismo de Transdução poderão ver a seguinte animação:
http://highered.mcgraw-hill.com/sites/0072556781/student_view0/chapter13/animation_quiz_2.html

10
porque a porção do genoma que entra na bactéria não é conhecida, é uma porção ao
acaso.
A transdução generalizada começa com o ataque de um bacteriófago a uma
célula hospedeira, introduzindo-lhe o seu material genético. Entretanto ocorre a
fragmentação do genoma da
Figura 12.8 – Transdução generalizada em bactérias
célula hospedeira por nucleases
de natureza viral. Esses fragmentos (de tamanho semelhante ao do genoma do
bacteriófago) podem vir a ser encapsulados resultando na formação de partículas
transdutoras (para além da formação de novos fagos maduros a partir do DNA fágico).
A frequência de formação de partículas transdutoras é muito baixa. Em cada 106
partículas virais formadas há apenas uma partícula transdutora (figura 12.8 – partícula
assinalada). Esta partícula ao encontrar uma nova célula sensível irá introduzir o
segmento de DNA. (O fragmento de DNA bacteriano que é transportado por uma
partícula fágica foi apenas seleccionado pelo tamanho e, por consequência, qualquer dos
caracteres da bactéria dadora pode ser transferido.) Uma vez no interior da célula, o
fragmento irá ser conduzido para a região homóloga do genoma onde, após alinhamento
entre sequências homólogas poderá ocorrer recombinação. Por fim a célula multiplica-
se, transportanto o novo material genético.

Notas:

Tal como na transformação, uma vez injectado, o DNA tem de ser incorporado
no cromossoma da célula hospedeira de modo a preservar os genes transferidos. O DNA
permanece em cadeia dupla durante a transferência e ambas as cadeias são incorporadas
no material genético endógeno. Cerca de 70 a 90% do DNA transferido não é
incorporado, mas normalmente é capaz de sobreviver temporariamente e ser expresso.
(Este tipo de bactérias que contêm este “DNA não-incorporado” são chamadas de transdutores abortivos.)

A quantidade de DNA bacteriano existente nos fagos é variável, dependendo


primariamente no tamanho da cápside. O fago P22 (Salmonella enterica) normalmente
transporta cerca de 1% do seu genoma, já o P 1 (Escherichia coli) e uma grande
variedade de bactérias gram negativas transporta cerca de 2 a 2,5% do seu genoma.
Estes dois bacteriófagos são exemplos de vírus que realizam a transdução generalizada.

11
Transdução Restrita
RECOMBINAÇÃO EM ALVO ESPECÍFICA

A transdução restrita ocorre durante o ciclo lisogénico dos bacteriófagos


temperados e toma esta designação visto que apenas são incorporadas porções
específicas do genoma bacteriano. Este tipo de transdução é possível devido a um erro
que ocorre no ciclo de vida lisogénico, onde os fagos introduzem o seu DNA em sítios
específicos do genoma do hospedeiro. Após uma indução na célula lisogenizada, ocorre
a excisão do profago a partir do DNA da célula hospedeira (bactéria). O profago fica
com porções do genoma bacteriano e é a partir deste que ocorre replicação. De seguida,
os fagos formados são libertados da célula hospedeira para infectarem outras células.
Quando as condições do meio são apropriadas, há integração do DNA do bacteriófago
no DNA da bactéria hospedeira – formação de profago.

Figura 12.9 – Transdução especializada por uma


bactéria temperada (a recombinação pode produzir
dois tipos de transdutores)

12
Mecanismo de transdução para o bacteriófago λ

O modelo melhor estudado é o protagonizado pelo bacteriófago λ (figura 12.10),


que apenas transfere os genes bio ou gal para outra bactéria (que se encontram um de
cada lado do local onde o DNA viral se integra).

O ciclo lisogénico do bacteriófago λ


determina a integração do seu DNA num
local específico do genoma da E. coli situado
entre os operões galactose (gal) e biotina
(bio) que corresponde ao sítio de ligação (att
Figura 12.10 – Bacteriófago λ sites).
Este fenómeno denomina-se
recombinação em alvo específico e é mediada por proteínas reguladoras que
funcionam como repressores ou activadores.
Na presença de uma proteína repressora (de natureza fágica) é estabelecido o
ciclo lisogénico, inibindo a ocorrência do ciclo vegetativo, isto é, impedindo a
transcrição de todos os genes que participam no ciclo vegetativo. Deste modo os genes
virais são replicados e transmitidos às novas células como qualquer outro gene
bacteriano.

Sítio de ligação do
bacteriófago λ
Sítio de ligação da bactéria
hospedeira

13
Figura 12.11 – Inserção reversível e excisão do
bacteriófago λ
Uma vez que o ciclo lisogénico é estabelecido, o genoma do fago λ (vírus)
integra-se no cromossoma bacteriano (célula hospedeira). Esta integração é catalizada
por uma enzima integrase e ocorre ao nível do sítio de ligação da bactéria (BB’). Como
os sítios de ligação do bacteriófago e da bactéria hospedeira são semelhantes, podem
complexar um com o outro. Deste modo, como resultado de integração, o genoma
circular do fago λ torna-se uma cadeia linear localizada entre os dois operões gal e bio
(profago). O profago pode permanecer integrado indefinidamente, sendo replicado à
medida que o genoma bacteriano é replicado.

Caso contrário, sob a acção de estímulos ambientais, o ciclo vegetativo do


bacteriófago é induzido. A indução ocorre após a degradação da proteína repressora pelo
produto do gene rec A activado e libertação das proteínas promotoras. Dá-se então
início ao ciclo vegetativo do bacteriófago tendo como resultado a produção de inúmeras
partículas virais e a lise das células. A primeira etapa deste processo consiste na excisão
do DNA viral a partir genoma bacteriano que é realizada especialmente por proteínas de
natureza viral.

CONJUGAÇÃO
EXPERIÊNCIA DE CONJUGAÇÃO BACTERIANA (LEDERBERG E TATUM 1946)

14
Em 1946, Joshua Lederberg e Edward
Tatum executaram uma experiência, que mais
tarde veio a demonstrar o fenómeno de
conjugação bacteriana (figura 12.12).
Num tubo usaram um auxotrófico triplo
(de forma a evitar a possibilidade de ocorrer
processos de reversão), um meio de cultura
mínimo e um agente mutagénico, tendo feito o
mesmo noutro tubo mas com um auxotrófico
Colónias Colónias
diferente. Incubaram e verificaram que não
houve crescimento de colónias. Entretanto
juntaram as duas colónias e após incubação
observaram que houve crescimento de colónias.
Colónias de prototróficos
A partir da experiência conseguiram detectar recombinantes
alguns recombinantes provenientes do contacto
Figura 12.12 – Experiência de
entre duas estirpes bacterianas auxotróficas, conjugação
estirpes com necessidades nutricionais
específicas, utilizando um meio selectivo, contendo como única fonte de carbono a
glucose. Neste meio nenhuma das estirpes parentais poderia crescer por falta de factores
nutricionais. O desenvolvimento das colónias seria revelador de que uma estirpe
prototrófica (isto é, que necessita de factores de crescimento específicos) teria
resultado do contacto directo entre as duas estirpes auxotróficas, ou seja, os dois
auxotróficos transferiam genes entre si o que lhes permitiu conseguir sintetizar as
substâncias que outrora não conseguiam e assim proliferar no meio.
A conjugação é então a transferência de genes por contacto directo.

Desvantagem da técnica: Uniformidade morfológica das células bacterianas.

Cruzamento F+ x F- III

A conjugação mediada pelo factor F é


um dos sistemas de conjugação melhor Célula F-
III
Para uma melhor compreensão do mecanismo de Conjugação poderão ver a seguinte animação:
http://highered.mcgraw-hill.com/sites/0072556781/student_view0/chapter13/animation_quiz_3.html

Célula F+15
Pili sexual
Figura 12.13 – Conjugação de duas E. coli
estudados. O factor F ou factor de fertilidade contém genes responsáveis pela união das
células e pela transferência de plasmídeos entre estirpes bacterianas específicas durante
a conjugação. O factor F também tem variados segmentos que constituem as sequências
de inserção que participam na integração do plasmídeo no cromossoma da célula
hospedeira. Muitos dos quais dirigem a formação de pili sexuais e outros auxiliam a
transferência de DNA. (figura 12.13)
Experiências de cruzamentos entre bactérias revelaram ainda que a transferência
genética nas bactérias é unidireccional (= não recíproca, polar). Os genes são
transferidos de uma bactéria dadora ou fertilizante (F+) para uma bactéria receptora
ou não-fertilizante (F-).

No cruzamento F+ x F-, a bactéria F- é convertida a


F+. Esta como tem os genes, é capaz de formar o pili sexual,
através do qual cede o seu material genético à F-.
Simultaneamente a bactéria F+ produz uma cadeia de DNA
para si, já que ao transferir os seus genes ficaria sem
material genético. A F- ao receber o material genético de F+
torna-se também uma bactéria F+. F+ tem o Factor F
incorporado.
Figura 12.14 – Conjugação F+
x F-

Considerando as duas situações seguintes:

Figura 12.15 – Cruzamento entre F+


pro+,leu+,arg+ x F- pro-,leu-,arg-,strR

16
1ª Situação: Cruzamento entre F+ pro+,leu+,arg+ x F- pro-,leu-,arg-,strR

As células F+, devido ao seu genótipo, crescem em meio mínimo enquanto que
as células F- não. Como apenas as células F- são estreptomicina resistentes (strR), se
adicionarmos ao meio mínimo (com uma mistura destas duas estirpes) estreptomicina,
só crescem as células F- que se tenham recombinado com F+, ou seja, apenas crescem
aquelas que adquirem os genes que lhes permitam viver nesse meio. Contudo, as F+ de
origem morrem por acção de um antibiótico. As novas F+ recombinadas não morreram
porque mantiveram a resistência que já tinham na sua forma F-, isto é, a estirpe F-
adquiriu novos genes (passou a F+), não perdendo os que já possuía. Assim sendo, a
estreptomicina funciona como seleccionador para que apenas cresçam recombinantes
derivados das F-.

2ª Situação:

Se agora voltarmos ao meio mínimo (com as duas estirpes), estreptomicina,


leucina e arginina, obtemos um meio de selecção em que apenas falta prolina à F- para
poder sobreviver. Então neste meio só sobrevivem as pro+ e esse caractér tem de ser
previamente fornecido pelas F+ que depois morreram devido à estreptomicina. Assim é
possível determinar a frequência de passagem da prolina de F+ para F-. Podemos fazer o
mesmo relativamente à leucina, juntando ao meio mínimo estreptomicina, arginina e
prolina, determinando de seguida a frequência da leu+.

Quais as conclusões que se podem deduzir destas experiências?

1ª Situação:

Realizando um cruzamento entre F+ e F- é possível determinar as frequências


dos recombinantes obtidos, isto é, 50% das bactérias F- foram transformadas em F+ . O
factor F propagou-se e é infeccioso para as células F-. Assim, conclui-se que 50% das
bactérias que não tinham capacidade de transferir genes a adquiriram.

17
2ª Situação:

Para qualquer um dos outros caracteres (prolina, leucina e arginina) a frequência


de recombinação era muito menor, da ordem de 1/106.
Destes resultados conclui-se que o factor F não poderia estar ligado aos
caracteres prolina, leucina e arginina, pelo que a frequência de passagem de F não é
igual à frequência de arginina, leucina e prolina. Tal como é lógico, não é possível
encontrar um material genético em que um dos caracteres recombina-se com uma
frequência de 50% e os restantes só se recombinassem com uma frequência de 1/106.
Isto só poderia acontecer se o caracter F não estivesse na mesma molécula que os outros
caracteres. Daqui se concluiu que as características leucina, prolina e arginina
encontram-se codificadas no DNA bacteriano, enquanto que o factor F é um
elemento extracromossómico (plasmídeo).
Desta forma descobriu-se que deveria existir uma forma de material genético
fora do cromossoma, capaz de se mobilizar para outras células (plasmídeos).

Se é o factor F que tem a capacidade de mobilidade para a célula F-, então


como é que, sendo o factor F e o cromossoma bacteriano duas entidades separadas,
se dá a passagem de um gene cromossomal para a célula F-?

Cruzamento HFR x F-

Depois da descoberta do cruzamento F+ x F-, descobriu-se um segundo tipo de


conjugação mediado pelo Factor F → conjugação HFRIV (alta frequência de
recombinantes).
As bactérias HFR são bactérias F+ cujo Factor F (plasmídeo) se encontra
integrado no cromossoma bacteriano, isto é, passa a ser dependente da replicação do
cromossoma. Estas células HFR diferem das F+ porque o plasmídeo raramente é
transferido na conjugação. Enquanto que nas células F+ o plasmídeo é transferido.
Assim sendo, a frequência de recombinação
genética entre HFR e F- é elevada, mas a

IV
Para uma melhor compreensão do mecanismo de Conjugação poderão ver a seguinte animação:
http://highered.mcgraw-hill.com/sites/0072556781/student_view0/chapter13/animation_quiz_4.html

18

Figura 12.16 – Cruzamento HFR x F-


transferência de plasmídeo F é baixa. Esta situação é oposta à que ocorre num
cruzamento entre F+ x F-. Portanto a frequência de recombinação de caracteres passa a
ser muito superior à do cruzamento F+ x F- (que era de 1:106), ou seja, 1:103; 5:104; 2:105
no caso da prolina, leucina e arginina respectivamente. Estes resultados traduzem que:
A frequência de recombinações vai diminuindo à medida que os caracteres se
vão sucedendo uns aos outros;
A transferência do material genético é um processo sequencial (não passam
todos ao mesmo tempo), progressivo e unidireccional (só se faz no sentido da célula
dadora para a receptora).

No cruzamento HFR x F-as células recombinantes não se tornam F+ (náo recebem


Como se explica este fenómeno?
o factor F), embora seja ele o mediador deste processo.

A transferência do DNA é sequencial e inicia-se no sítio


do cromossoma onde está localizado o Factor F (ori T), pois é
aí que actua a endonuclease específica. Assim, a primeira
porção do DNA cromossomal a ser transferida é a primeira
metade do Factor F, seguindo-se a prolina, leucina e arginina
Figura 12.17 – Bactéria
(figura 12.17). O cromossoma vai “rodando”, transferindo F+

cadeias de DNA à célula receptora, dando-se depois a


recombinação genética. Supostamente a última porção a ser transferida seria a outra
metade do Factor F, mas como geralmente a conjugação não ocorre por completo, esta
porção não entra na célula receptora. As células resultantes não têm capacidade de
transmitir os seus genes, pois permanecem F-.

Figura 12.18 – A transferência genética pode ocorrer na direcção dos ponteiros do


relógio ou na direcção oposta dependendo da orientação do factor F integrado.

19
Como ocorre a replicação do DNA no factor F?

Pelo modelo de Replicação em


“rolling-circle”V. É um tipo de mecanismo
de troca genética observado em muitas
ori (origem de replicação) –
bactérias. sítio do plasmídeo onde se
inicia a replicação do DNA
Neste mecanismo, uma das cadeias é
cortada e a terminação livre 3’-OH é
estendida por enzimas de replicação (DNA
polimerase). À medida que a terminação
3’-OH é alongada, o ponto de crescimento
roda em torno do molde circular. A
terminação 5’-P (grupo fosfato) é deslocada
e forma uma cadeia simples (a laranja) que se
estende do molde circular. A cadeia simples
é convertida numa cadeia dupla de DNA
através da síntese de uma cadeia
complementar que a reveste (envolvendo
Figura 12.19 – Replicação em “rolling-circle”
para isso primers de RNA).

O Factor F é um epissoma pois pode existir estando ou não integrado no


cromossoma de uma célula.

V
Para uma melhor compreensão do mecanismo de Conjugação poderão ver a seguinte animação:
http://highered.mcgraw-hill.com/sites/0072556781/student_view0/chapter13/animation_quiz_6.html

20
Mapeamento do genoma

Os três processos de transferência genética anteriormente estudados foram


usados no mapeamento do genoma.
A conjugação HFR é frequentemente usada para mapear a localização relativa
dos genes bacterianos. Durante a conjugação, o cromossoma move-se da célula dadora
para a receptora numa taxa constante. A partir de experiências de co-transdução (fago
P1) e cruzamentos interrompidos entre estirpes HFR e F- foi possível obter o mapa
genético da Escherichia coli. (figura 12.20)
A transferência linear de genes é interrompida através da destruição da ponte de
conjugação que une as duas células de modo a estudar a sequência genética que entra
para a célula receptora. A ordem e o tempo de transferência de genes podem ser
determinadas uma vez que esta estabelece uma relação directa com a ordem pela qual os
genes se localizam no cromossoma bacteriano. Como resultado obtém-se um
cromossoma circular com distâncias expressas em termos dos minutos decorridos desde
que um gene é transferido. Os minutos são uma indicação da distância dos genes do
mapa e não uma medida de
tempo.
Não é possível produzir
um mapa do genoma da E. coli
a partir de uma única estirpe de
HFR devido à complexidade e
tamanho do genoma desta
bactéria. Pelo contrário são
necessárias várias estirpes HFR
(com plasmídeos F
incorporados em zonas
distintas) de modo a criar
mapas sobrepostos uns nos
outros.
Figura 12.20 – Mapa genético circular da E. coli com
genes seleccionados. O círculo interno mostra a origem e
a direcção da transferência de várias estirpes HFR. Todo
o mapa está ajustado para 100 minutos, tempo
necessário para transferir o cromossoma de uma bactéria
HFR para uma F- a 37ºC. 21
Nota:
Apesar da maior parte dos estudos acerca da conjugação tenham sido feitos com
bactérias Gram- como a E. coli, este processo também está presente nas bactérias
Gram+ como os Enterococcus. Contudo nesta classe, a conjugação é menos
compreendida. Pensa-se que envolve a transferência de menos genes provavelmente
pois a transferência não envolve necessariamente o pili sexual. Por exemplo: os
Enterococcus feacallis libertam péptidos que actuam em sinais químicos que activam a
transferência de genes. O dador e o receptor aderem um ao outro através de proteínas
específicas que são produzidas pela célula dadora.
As feromonas produzem sinais que vão fazer com que as bactérias dadoras
produzam uma adenina que rodeia a população (biofilme, por exemplo). Forma-se um
agregado onde vai haver transferência de genes.

Figura 12.21 – Exemplo de transferência gené5tica entre


gram-.

Bibliografia usada para a aula nº12:


Slides das Teóricas
Prescott, Harley, and Klein’s MICROBIOLOGY, de Joanne M. Willey, Linda M.
Sherwood e Christopher J. Woolverton, Edição Internacional – 5ª edição, McGrawHill,
Cap. 11 (pag. 257→ 258); Cap. 13 (pag. 330→ 352); Cap. 17 (pag. 438→ 442)

22

Das könnte Ihnen auch gefallen