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A divisão social do trabalho em Marx, Weber e

Durkheim
Cidiney J. Silva

A sociedade é composta de diferentes indivíduos que desempenham


diversos papéis juntamente a outros indivíduos que dão suporte aos papéis
desempenhados. Quando essa estrutura se agiganta temos a presença das
instituições compondo a sociedade.

Quando se considera que indivíduos desempenham papéis e que há outros


indivíduos dando suporte aos papéis desempenhados, há que se pensar a
respeito de como esses indivíduos se relacionam entre si. Em uma
sociedade dita civilizada/desenvolvida, essas relações seguem algum tipo
de protocolo. Os protocolos são gerados de acordo com alguma necessidade
social. Da mesma forma que a sociedade se agiganta, e os papéis
desempenhados dentro dela, os protocolos assumem formas de processos
formais entre as instituições, donde o aparecimento das estruturas judiciais
e estatais nas sociedades complexas. Um exemplo disso é a necessidade
dos estados de possuir um código penal, dada a necessidade social de
segurança ou de punição.

Ao se perceberem esses níveis de granularidade da sociedade


(indivíduo/instituições; protocolos/estruturas judiciais) , os estudos
subseqüentes podem tomar um foco ou outro. Esses estudos estão nada
mais que analisando as formas de divisão social do(s) trabalho(s) da
sociedade.

Dentre os estudos realizados, destacam-se as análises de Marx, Weber e


Durkheim. Cada um deles procurou analisar os papéis e relacionamentos
entre papéis da sociedade conforme uma ótica particular.

Segundo Marx, a divisão social do trabalho segue todo um arranjo de tal


forma que sempre hajam classes dominantes e classes dominadas, e que
necessariamente essas classes estão em conflito entre si. Marx entende que
as instituições das sociedades são criadas e estabelecidas pelas classes
dominantes, que se legitimam dessa forma. O indivíduo é transparente na
sociedade, importando somente a que classe esse indivíduo pertence e
como essa classe se comporta na sociedade – pelo menos, foi isso que a
Revolução Russa procurou demonstrar, ao subjugar os interesses dos
indivíduos diante dos interesses da coletividade. Diante das péssimas
condições de vida dos trabalhadores de sua época, Marx, cuja sociologia
não se limitava apenas à análise científica mas se estendia à ação de
modificação social, propõe que a classe subjugada (o proletariado) tomasse
a posição de destaque da sociedade. Isso seria feito quando a divisão social
do trabalho fosse modificada, não havendo a propriedade privada dos meios
de produção. Esse arranjo burguês de divisão de trabalho – o da propriedade
privada – seria o motivo da subserviência da classe trabalhadora de então.
Para Weber, a sociedade era composta de partes cuja constituição depende
fundamentalmente do indivíduo. As relações entre esses indivíduos
seguiriam suas quatro formas de ação social (racional orientada a fins,
racional orientada a valores, afetiva, tradicional). Essas relações acabariam
por caracterizar a sociedade como um todo, à medida que fossem
incorporadas à legislação, à constituição, à religiosidade e outras
manifestações culturais, legais, valorativas e administrativas dessa
sociedade. Dessa forma, nas sociedades cujo pano de fundo religioso era o
protestantismo cristão, por exemplo, Weber pôde identificar elementos que
justificassem o desenvolvimento do que ele chamou de espírito do
capitalismo a partir da ética protestante. Essa ética, essencialmente asceta,
levava os indivíduos da sociedade a atuar em seus papéis de trabalho (em
suas divisões de trabalho social) de forma a sempre buscarem a
acumulação e a eficiência e evitarem o desperdício ou a preguiça. Dessa
forma, as sociedades inicialmente protestantes puderam experimentar um
crescimento econômico e mesmo um melhoramento dos níveis sociais,
entre outros fatores.

Para Durkheim, para quem a sociedade era um organismo constituído de


partes identificáveis e com relações bem definidas entre essas partes, a
divisão social do trabalho significava o funcionamento, a princípio
harmônico, desse organismo. Uma divisão sistemática da sociedade e dos
trabalhos que cada divisão desempenharia se traduziria em uma melhor
compreensão da sociedade e portanto, uma forma de melhorá-la como um
todo. O indivíduo não teria importância nesse contexto de análise, já que ele
não constrói a sociedade e suas instituições, mas as herda e deve se
adequar ao contexto que elas proporcionam. Dessa forma, o indivíduo não
influencia na divisão social do trabalho, apesar de executá-la.

Esses pontos de vista, às vezes distoantes, se construíram em situações e


motivações distintas. Marx apregoava que a ciência social deveria modificar
a realidade das pessoas, que atualmente não era boa. Weber focava o
indivíduo e o impacto que as ações do indivíduo – em especial a
religiosidade – trazia à sociedade como um todo; isso em um contexto um
pouco mais favorável ao capitalismo do que o encontrado por Marx.
Durkheim, em sua tentativa de estabelecer a Sociologia como uma ciência
quase que exata, procura identificar os “órgãos” da sociedade. Além disso,
procura as leis que regem a coesão desses órgãos, e dessa forma a divisão
social do trabalho seria a identificação da harmonia existente na operação
desses órgãos em conjunto.

Essa discussão é relevante para que se possa pensar a respeito da


constituição das sociedades atuais. Até que ponto, por exemplo, as mesmas
políticas públicas podem ser aplicadas aos meios rural e urbano, dadas as
atribuições de trabalho social de cada um? Outro questionamento: como se
podem entender as relações entre candidatos e eleitorado? Como as idéias
individuais deste podem influir nas eleições daqueles? Existem outras
questões em aberto. Porém, uma ampla compreensão dos contextos de
papéis e relações entre papéis, quer nos planos individual ou institucional,
pode significar numa melhor adequação das atitudes políticas e sociais a
serem tomadas.

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