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LGRIMAS

Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou

uma vez uma lgrima, uma lgrima de constipao. Sabem como : o pingo no nariz, os olhos a arder, um espirro, outro espirro, e uma lgrima que se solta pelo cantinho do olho e escorrega, bochecha abaixo Era uma vez uma lgrima, uma lgrima de riso. Sabem do que falo: de tanto rir, tudo estala em ns e as lgrimas saltam dos olhos como fogo-de-artifcio, foguetes de lgrimas Eram, pois, duas lgrimas. Encontraram-se, no mesmo leno. Ouvi dizer que tambm h lgrimas de tristeza contou uma. Custa-me a acreditar disse a outra. Era a do riso quem assim falava. 1
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E ra

Mas uma terceira lgrima chegou ao leno. To de gua, to salgada como as outras. E da fonte dos mesmos olhos. Mas esta era diferente. Sou uma lgrima de dor apresentou-se ela. Seria verdade? s outras duas parecia impossvel. Quem a soltara, constipado que estava, ainda h pouco rira at s lgrimas. Como que se pode passar, assim to de repente, da alegria mgoa? O que aconteceu, entretanto? quiseram saber as duas lgrimas mais antigas. Foi um entalo explicou a recm-chegada. Quem me soltou tinha ido buscar um leno dobrado gaveta e, entretido a rir, ao fechar, entalou um dedo. H desgraas piores comentou a lgrima da constipao. Prefiro nem saber suspirou a lgrima do riso. O resto da conversa j no acompanhei, porque eu, o dono das trs lgrimas, desfiz-me do leno molhado para dentro da roupa suja. Lenos no me faltam, brancos ou s cores e para todas as ocasies da vida.

FIM

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