Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Caros alunos, sou bacharel em Direito desde 1995, graduado pelas Faculdades
Integradas de São José do Rio Preto SP e Analista Judiciário – Executante de
Mandados do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo/Mato Grosso do
Sul).
Mas, desafio mesmo são os cursos preparatórios para os concursos da área fiscal,
onde, em sala de aula, nos deparamos com grupos heterogêneos. A dificuldade
reside em, de forma clara, objetiva, e substanciosa (já que as provas são
extremamente difíceis), transmitir aos alunos (de várias formações universitárias,
inclusive, olhem só, aqueles de exatas) matéria técnica como é o Direito Penal.
Entretanto, com experiência e trabalho exaustivo, os resultados têm sido ótimos,
tanto que hoje estou eu aqui.
Em Direito Penal os conceitos são muito próximos, o que exige uma atenção
especial do aluno e torna o estudo desgastante e cansativo. Para minimizar o
problema, passei a adotar em minhas aulas uma sistemática em que os crimes
em espécie (furto, estelionato, concussão, corrupção passiva) são, a todo o
www.pontodosconcursos.com.br 1
A respeito do curso que iniciaremos hoje, devemos ressaltar que o programa leva
em conta os editais anteriores de Fiscal do Trabalho e de Fiscal do ICMS SP.
Vamos tratar dos pontos comuns, isto é, de Aplicação da Lei Penal, Do crime, Dos
Crimes contra administração pública, Dos Crimes contra a ordem tributária (Lei
nº 8.137, de 1990) : praticados por funcionário público.
Nosso trabalho vai se iniciar com o tópico “DO CRIME”, seguido da “APLICAÇÃO
DA LEI PENAL” e, finalmente, vamos tratar dos crimes propriamente ditos. Ao
falarmos DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA e DOS CRIMES CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, o faremos primeiramente de forma isolada,
individualmente, e, ao depois, vamos confrontar os dispositivos penais,
oportunidade em que, principalmente por meio de questões, vamos demonstrar o
que realmente nos interessa para a resolução das provas objetivas.
www.pontodosconcursos.com.br 2
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
JULIO MARQUETI
AULA 0: DO CRIME
Já a Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei nº 3.688, de 1941) traz o rol das
espécies de contravenções. Na Lei das Contravenções Penais temos, por exemplo,
as contravenções relativas à paz pública (artigos 39 a 42); à organização do
trabalho (artigos 47 a 49), à fé pública (artigos 43 a 46). Ali, no artigo 50, está a
mais conhecida contravenção penal: prática de jogo de azar (Exemplo: Jogo do
bicho).
www.pontodosconcursos.com.br 3
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Para o crime, por exemplo, a lei prevê pena de reclusão ou detenção, o que é
mais severo que a pena de prisão simples prevista para os casos de contravenção
penal. A menor severidade da prisão simples está estampada no artigo 6º da Lei
das Contravenções Penais.
Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-
aberto ou aberto.
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos
condenados a pena de reclusão ou de detenção.
Com isso, fica aqui demonstrado que o legislador pátrio adotou o sistema
bipartido, onde crime, em sentido amplo (ou infração penal), é tanto crime, em
sentido estrito, como contravenção penal.
Não podemos nos esquecer também que a expressão delito é utilizada como
sinônimo de infração penal, ou seja, como gênero e, eventualmente, como crime
em sentido estrito.
3.1 – Do conceito.
Em um primeiro momento, ressalto que agora não vamos tratar dos crimes
propriamente ditos (condutas criminosas). Falaremos dos crimes (furto,
estelionato, concussão, corrupção, etc...) no momento próprio.
www.pontodosconcursos.com.br 4
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Por agora, o conceito de que vamos tratar é o conceito aplicável a todos os
crimes. Não nos cabe agora analisar casuisticamente os elementos dos crimes em
espécie.
www.pontodosconcursos.com.br 5
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
da doutrina majoritária, segundo a qual não há sinonímia entre os conceitos
formal e analítico de crime.
Sem embargo do mérito de cada uma das teorias, daremos atenção ao conceito
proposto pela teoria sufragada pelo legislador pátrio, isto é, teoria finalista da
ação.
www.pontodosconcursos.com.br 6
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
1
ANALISTA DO BACEN – 2005 (FCC) PROVA 1 (AREA4).
24 – Adotada a teoria finalista, é possível se a firmar que o dolo e a culpa integram :
a- tipicidade e culpabilidade, respectivamente.
b- culpabilidade.
c- antijuridicidade.
d- culpabilidade e tipicidade, respectivamente.
e- tipicidade.
Gabarito oficial : E
www.pontodosconcursos.com.br 7
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Material
Fato típico
Conceito Antijuridicidade
de crime Formal
Culpabilidade
Teoria Clássica
Analítico
Teoria finalista Fato típico
Antijuridicidade
Nas próxima linhas, vamos tratar de cada um dos elementos que constituem o
conceito analítico de crime proposto pela teoria finalista da ação. Falaremos,
então, de fato típico e de antijuridicidade.
Vimos que, para haver crime, mister que, inicialmente, estejamos diante de um
fato típico. Este, acrescido de um plus, isto é, de antijuridicidade, demonstra a
existência de um crime.
O que é, então, um fato típico?
www.pontodosconcursos.com.br 8
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
forma singela, fato típico é aquele acontecimento (fato concreto) que se
ajusta ao modelo (tipo penal) previsto na lei penal.
Entretanto, o fato típico tem seus elementos, que serão por nós analisados
individual e oportunamente. Ressalta-se, por ora, que, de regra, todos os
elementos do fato concreto devem, para que ele seja considerado típico,
amoldar-se ao modelo (tipo penal) descrito na lei.
Então, diante de um fato concreto (com todos os seus elementos), far-se-á uma
comparação com o fato abstrato (descrito no modelo com todos os seus
elementos) para se saber se aquele (concreto) é um fato típico. Trata-se da
subsunção do fato à norma, que nada mais é que adequar o fato típico, concreto,
ao abstrato, indicado pela norma.
O objeto que efetivamente venha a preencher o espaço da gaveta “A” terá, por
óbvio, a sua forma. Assim ocorre com o fato concreto. Quando ele se amolda ao
modelo (gaveta), diz-se típico. Ao passo que, quando não se amolda, é
atípico.
Resposta : Adotada a teoria finalista da ação, crime existe quando há fato típico
acrescido de antijuridicidade (ilicitude), ou seja, o fato, além de típico, deve ser
antijurídico (ilícito). Observe o nome ANTI – JURÍDICO. O prefixo indica algo que
contraria o ordenamento jurídico, algo que é ilícito. Notamos, então, que o fato
concreto mencionado na questão pode ser lícito (protegido pelo direito). Será ele
lícito, apesar de típico, quando houver uma causa que o legitime, como por
exemplo, a legitima defesa. Caso João, autor dos golpes de faca em Jorge, o
tenha feito tendo em conta uma agressão injusta praticada pela vítima, a sua
conduta, apesar de típica, não é criminosa, já que lícita. Ausente a
www.pontodosconcursos.com.br 9
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
antijuridicidade (a ilicitude). Lembre-se: Crime = Fato típico +
antijuridicidade.
O fato típico tem seus elementos. Para a maioria da doutrina, o fato típico de
regra é composto dos seguintes elementos : 1- Conduta; 2- Resultado; 3-
Nexo causal; 4- Tipicidade.
conduta
Fato típico resultado
Nexo causal
Crime Tipicidade.
Antijurídico
3.2.1- DA CONDUTA :
www.pontodosconcursos.com.br 10
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
teoria clássica, conduta é o golpe de faca dado pelo açougueiro epilético, em
momento de crise, em seu auxiliar.
É certo que o fim buscado pelo agente não se confunde com o conhecimento do
injusto (com o conhecimento de que está se fazendo algo errado). É a simples
manifestação de vontade (ação ou omissão), voluntária e consciente, de alguém
em busca de um fim. O fim buscado pelo agente é que indicará a existência
de DOLO ou CULPA.
Grosso modo, diz-se dolosa a conduta quando o agente busca o resultado; e, por
sua vez, culposa quando tal resultado advém da incúria, falta de cautela, falta de
cuidado do agente.
Observe a conduta de alguém que, com um copo de água na mão, levá-o à boca
e, com sucesso, vem a saciar a sua sede. Pergunto: a conduta foi dolosa ou
culposa? É certo que dolosa, já que dirigida a um fim que foi efetivamente
buscado pelo agente.
Imaginemos, agora, que, ao tentar beber a água do copo, o agente deixa-a, por
falta de cuidado, cair em sua roupa. É obvio que o resultado que adveio da sua
conduta não foi por ele buscado (buscava saciar a sua sede). Houve falta de
2
Crimes omissivos impróprios são aqueles em que o agente por meio de uma abstenção (não fazer) causa um resultado
danoso. Caso clássico é o da mãe que deixa de dar alimento a seu filho, causando-lhe a morte. Praticou homicídio (matou
alguém) por meio de uma omissão.
www.pontodosconcursos.com.br 11
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
cuidado que, por sua vez, deu causa a um resultado não pretendido. A conduta,
portanto, é culposa.
Não há conduta :
1- Nos movimentos reflexos, pois não expressam a vontade do agente.
Ex: golpe de faca dado pelo açougueiro epilético em seu auxiliar no momento de
crise.
Ex: Antonio, dolosamente, empurra a mão de José que segurava uma faca contra
o tórax de Anastácio que vem a sofrer lesão corporal. (José não responde, pois
não praticou qualquer conduta. Antônio, por sua vez, responderá pelo ilícito)
www.pontodosconcursos.com.br 12
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Sobre a culpabilidade trataremos após falarmos da ilicitude.
No que tange ao fazer, a conduta, no âmbito penal, é aquela em que o agente faz
aquilo que a norma proibitiva impõe um não fazer. A conduta aqui é uma ação
(um agir, uma comissão) contra o mandamento proibitivo da norma penal.
(Exemplo: “Crime Concussão” Art. 316 – “Exigir, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa”).
3
Norma penal incriminadora é aquela em que o legislador estabelece a conduta reprovável e
determina a pena (sanção) aplicável àquele que a infringe. São as normas que emergem dos tipos
penais incriminadores.
www.pontodosconcursos.com.br 13
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
É o que ocorre com o crime de omissão de socorro (artigo 135 do CP)4, onde o
simples abster-se leva à existência do ilícito, não havendo necessidade de
qualquer resultado naturalístico (dano à vítima).
Assim, tais crimes (omissivos próprios) são classificados como de mera conduta,
pois a norma penal não descreve qualquer resultado, mas tão só a conduta
(abstenção).
A omissão não vem descrita no tipo penal incriminador (tipo penal que descreve a
conduta criminosa). Este descreve uma conduta ativa (exemplo: artigo 121 –
matar alguém). Todavia, o resultado poderá ser alcançado por meio de uma
abstenção, bastando que o agente esteja em qualquer das situações mencionadas
no artigo 13, parágrafo 2º, do CP6.
4
Art. 135 – “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade pública” Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
5
São as normas penais que não têm origem em tipos penais incriminadores. Tais normas estão previstas em tipos penais não
incriminadores, ou seja, em dispositivos que não descrevem condutas criminosas. São, por exemplo, tipos penais não
incriminadores aqueles que prevêem as hipóteses de legitima defesa (artigo 25 do CP) e estado de necessidade (artigo 24 do
CP), como também o é aquele que estabelece para efeito penal o que é funcionário público (artigo 327 do CP).
6
Artigo 13 do CP : “RELEVÂNCIA DA OMISSÃO”.
www.pontodosconcursos.com.br 14
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
deixando de fazer aquilo que é seu dever, ela mata seu filho; praticando, por
omissão, um crime de homicídio.
A respeito do tema, vamos falar detidamente logo adiante (item 3.4), quando
tratarmos do nexo causal (relação de causalidade).
A conduta pode, ainda, ser dolosa ou culposa. O legislador pátrio adotou como
regra a responsabilidade penal quando o agente age dolosamente e,
excepcionalmente, quando o faz culposamente.
www.pontodosconcursos.com.br 15
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Adotada a teoria finalista da ação, partiremos do pressuposto de que a conduta
não é um simples acontecimento físico, mecânico. Ela tem um plus, que é a
finalidade do agente.
O dolo, por sua vez, pode ser direto, quando o agente quis o resultado, ou
indireto, quando assumiu ele o risco de produzi-lo. O dolo indireto, a seu
turno, pode ser eventual ou alternativo.
Mas o faremos, agora, pressupondo a conduta típica, ou seja, aquela conduta que
se amolda a um tipo penal incriminador (Fato concreto = fato abstrato).
Portanto, não vamos falar da conduta dolosa irrelevante para o direito penal (ex:
beber água), mas daquela que, além de dolosa, é, a princípio, criminosa, pois
constitui um fato típico.
www.pontodosconcursos.com.br 16
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
3.2.1.3 - O DOLO NO CRIME DOLOSO.
De acordo com a literalidade do nosso Código Penal (artigo 18, acima transcrito),
é manifesta a opção do legislador nacional. Para que tenhamos um crime doloso,
mister, primeiramente, que o agente tenha vontade dirigida ao resultado danoso
(teoria da vontade = quis o resultado) ou, quando não, que, ao menos, o
tenha aceitado como possível (teoria do assentimento = assumiu o risco de
produzir o resultado).
Assim, o dolo não traz em si qualquer juízo de valor a respeito do que é certo ou
errado. O dolo é natural e não normativo. Basta que se queira o resultado ou se
tenha assumido o risco de produzi-lo, ou seja, que se tenha uma finalidade.
www.pontodosconcursos.com.br 18
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Mesmo diante dessa possibilidade, entre o fazer e o não fazer, ele age, aceitando
e causando o outro resultado.
Crime doloso, por sua vez, é aquele em que o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo (vide artigo 18 do CP).
8
Na culpa consciente, o agente antevê o resultado, mas não o aceita, não se conforma com ele. Ao agente age na crença de
que não causará o resultado danoso. Exemplo: O atirador (não o substituto) de facas no circo. Ele atira a faca na crença de
que, habilidoso que é, acertará a maça. Mas, ao contrário do que acreditava, ele acerta o rosto da moça.
9
Questão OAB SP (EXAME 119º)
Na culpa consciente, o agente:
(A) prevê o resultado e, conscientemente, assume o risco de produzi-lo.
(B) prevê o resultadO, mas espera, sinceramente, que ele não ocorra.
(C) não tem previsão quanto ao resultado, mas apenas à previsibilidade do mesmo.
(D) não tem previsão quanto ao resultado, mas, consciente-mente, considera-o previsível.
Gabarito oficial : B
10
QUESTÃO - TRIBUNAL DE CONTAS DO PI – (AUDITOR) 2005 – FCC (PROVA TIPO 1).
47- Quando o agente prevê o resultado, mas espera sinceramente que ele não ocorrerá, afirma-se na doutrina que há :
a- culpa imprópria.
b- dolo alternativo.
c- dolo indireto.
d- dolo eventual.
e- culpa consciente.
Gabarito oficial : E
www.pontodosconcursos.com.br 19
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Atenção : Uma coisa é a definição de dolo, outra é a definição de crime
doloso.
Síntese conceitual :
Crime doloso , cuja definição está na lei, é aquele em que o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
Espécies de dolo:
De acordo com o que dispõe o legislador, podemos ter o Dolo direto e o dolo
indireto. Este, como já vimos, pode ser alternativo ou eventual.
3.3. - Do Resultado.
Ao matar alguém, houve um resultado que adveio de minha conduta? É óbvio que
sim. No caso, houve a mudança do mundo (alguém morreu). Quando jogo uma
pedra no lago, de minha conduta houve um resultado? É óbvio que sim. Quando,
por falta de cuidado, eu, imprudentemente, invado a via preferencial e causo um
acidente de trânsito, houve um resultado que adveio de minha conduta? A
resposta também é positiva.
www.pontodosconcursos.com.br 20
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
A relação causa e efeito nos é de grande valia. Mas, devemos analisar o efeito
natural e o efeito jurídico que advém de uma determinada conduta. Para
respondermos àquela primeira questão, devemos tratar, portanto, do resultado
naturalístico e do resultado jurídico.
Resultado jurídico, por sua vez, é a ofensa à norma penal, isto é, ofensa ao
bem tutelado (protegido) pela norma penal. Como toda norma penal
incriminadora objetiva proteger um determinado bem jurídico mediante um
mandamento proibitivo, para que haja resultado jurídico, basta que se pratique a
conduta proibida.
Como de todo crime emana ofensa a uma norma penal, concluímos que todo
crime tem resultado jurídico.
www.pontodosconcursos.com.br 21
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Pergunto: para que exista o crime é necessária a obtenção da vantagem, ou
basta a conduta de exigi-la ? Respondo: o crime de concussão se aperfeiçoa no
momento da exigência, a obtenção ou não da vantagem é irrelevante, é o
denominado exaurimento do crime, também conhecido como “pos factum”
impunível.
11
Jesus – Damásio Evangelista (Direito Penal – volume 4 – editora Saraiva).
www.pontodosconcursos.com.br 22
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
No que se refere ao resultado naturalístico, o legislador se vale de três modos de
atuação na elaboração dos tipos penais incriminadores. Descreve, nos tipos
penais:
www.pontodosconcursos.com.br 23
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Síntese conceitual :
Resultado: é o efeito que advém de uma causa.
Resultado jurídico: é a ofensa à norma penal, ou seja, ao bem tutelado pela
norma penal.
Resultado naturalístico: é a mudança exterior (mudança do mundo) causada
pela conduta.
O nexo causal é um dos elementos do fato típico. Todavia, só existirá como tal
quando estivermos falando de crimes materiais, ou seja, de crimes cujo resultado
naturalístico é necessário para seu aperfeiçoamento, para sua consumação. Não
há nexo causal nos crimes formais e de mera conduta.
Nos crimes formais há resultado na descrição do tipo penal, nas não é ele exigido
para a consumação do ilícito. Portanto, não há que se falar em nexo causal. Já
nos crimes de mera conduta não há resultado nem mesmo como elemento
descritivo do tipo penal.
Causa é todo evento necessário para que o resultado ocorra. Assim, tudo que
antecede o resultado e que foi necessário, que teve relevância para sua
efetivação, é causa.
Não é, ademais, uma simples relação física entre a conduta (causa) e o resultado
que levará à existência do fato típico. Necessário que a conduta seja, ao menos,
culposa, que tenha uma finalidade (teoria finalista da ação).
Caso não fosse assim, poderíamos concluir que o nascimento do Senhor Francisco
de Assis Pereira, o “maníaco do parque”, foi causa dos crimes por ele cometidos,
uma vez que, caso não tivesse nascido, não teria havido os crimes.
www.pontodosconcursos.com.br 24
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Portanto, o nascimento seria causa e a sua mãe, em conluio com seu pai, seria
criminosa. O que é um absurdo. É óbvio que seus pais, ao concebê-lo, não tinham
a finalidade de praticar qualquer ilícito.
Exemplo : Caminhando próximo a um abismo, João nota que José está prestes a
cair, pois está segurando em uma pequena raiz de um arbusto (isso nos lembra
aquelas peripécias do coiote em perseguição ao papaléguas). Diante de tal
situação, João corta a raiz do arbusto e José cai, sobrevindo sua morte. Pergunto:
A conduta de João pode ser considerada causa da morte de José? Eliminando
hipoteticamente a conduta de João do processo causal (pensemos que ele não
tivesse cortado a raiz), José teria caído? Possivelmente sim, mas não no
momento em que caiu. Assim, a conduta de João foi relevante para que o evento
morte viesse a ocorrer no momento em que ocorreu. Portanto, tenho-a como
causa da morte de José.
A causa, assim, tem relevância no processo causal. Sem ela o resultado não teria
ocorrido no momento e do modo que ocorreu.
12
(vide : Capez – Fernando e Bonfim – Edílson M. - Direito Penal Parte Geral – Editora Saraiva – 2ª edição).
www.pontodosconcursos.com.br 25
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
De acordo com a teoria da causalidade adequada, não há entre vários eventos de
um contexto fático relação de dependência. Serão eles considerados
isoladamente. Só haveria uma causa, desprezando-se todo o processo causal.
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
www.pontodosconcursos.com.br 26
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Sabemos que, pela teoria da equivalência causal, todo evento que leva ao
resultado é sua causa. Sabemos, também, que para imputá-lo ao agente é
necessário que este tenha agido ao menos culposamente.
www.pontodosconcursos.com.br 27
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Gabarito : A
2- Sendo a conduta do agente causa absolutamente independente :
a- O resultado não lhe será imputado.
b- O resultado lhe será imputado.
c- O resultado poderá lhe ser imputado.
d- Nda.
Gabarito : B
3- Advindo o resultado de uma causa absolutamente independente, podemos
afirmar que:
a- O resultado não será imputado ao agente.
b- O resultado será imputado ao agente.
c- O resultado poderá ser imputado ao agente.
d- Nda.
Gabarito : A.
Observação: No exemplo do abismo em que João corta a raiz que segurava José,
a causa da morte foi a conduta de João. Pergunto: A conduta de João foi a causa
absolutamente independente de qualquer outra para o evento morte? Sim. Ela,
por si só, tinha (e efetivamente teve) o condão de levar a efeito a morte de José.
Assim, é causa absolutamente independente a conduta de João. Quando,
entretanto, a causa absolutamente independente for outra, João não responde.
Portanto, quando a causa for absolutamente independente da conduta de João,
ele não será responsabilizado.
www.pontodosconcursos.com.br 28
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Neste caso, o que levou à morte foi a parada cardíaca e não a lesão causada pelo
projétil da arma de fogo. Houve, aqui, uma simultaneidade (concomitância) de
eventos. Como no caso anterior, não nos esqueceremos que caso não houvesse o
disparo da arma de fogo não teria ocorrido a parada cardíaca. Assim, há uma
relação de relativa independência entre os eventos.
Portanto, ao seu autor não será imputado resultado morte. Responderá ele,
todavia, por crime de homicídio (se teve vontade de matar) ou lesão corporal
consumada, caso a vontade foi exatamente causar a lesão.
Quadro sinótico :
causa
Preexistente (poderá responder)
relativamente independente concomitante (poderá responder)
superveniente
www.pontodosconcursos.com.br 30
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
3.4.1 - DO NEXO CAUSAL NOS CRIMES OMISSIVOS E OMISSIVOS
IMPROPRIOS.
Quando falamos da conduta, demos atenção aos modos pelos quais ela se
exterioriza (vide item 3.2.1.1.). Sabemos, então, que quando o crime descreve
uma ação como sua forma de conduta é conhecido como crime comissivo. De
outra banda, quando descreve uma omissão como forma de conduta, é conhecido
como crime omissivo.
São, portanto, crimes que podem ser concretizados por meio de uma abstenção,
apesar de a letra da lei descrever uma conduta positiva. Devemos, então,
observar a concreção do ilícito para termos o crime como comissivo por omissão
ou omissivo impróprio.
Pergunto, agora:
www.pontodosconcursos.com.br 31
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Questão : Nos crimes omissivos há nexo causal ?
Resposta : Fisicamente, da abstenção (não fazer) não decorre qualquer
resultado que não seja a própria inação. Ela, por si, não leva a evento algum. “Do
nada, nada surge”. Se da abstenção nada surge, não havendo resultado
naturalístico, concluímos que não há nexo causal quando estivermos diante de
uma abstenção. Mas, ainda, não respondemos à indagação. Quando falamos dos
crimes omissivos próprios, não há qualquer dúvida de que nexo causal não há,
uma vez que, na descrição típica, o legislador não descreve qualquer resultado.
São crimes de mera conduta. Mas, quando tratamos dos crimes omissivos
impróprios (ou comissivos por omissão), o problema surge, pois são crimes em
que, apesar da abstenção, há resultado danoso a ser imputado ao agente. O
liame, o nexo causal, aqui, não é natural, mas normativo, pois fisicamente já
concluímos que “do nada, nada surge”. Há um problema que deve ser
solucionado.
13
O crime de omissão de socorro é exemplo clássico de crime omissivo, observe a descrição típica :
Artigo 135 do CP “Deixar de prestar assistência quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança abandonada ou
extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro a autoridade pública. Pena – detenção de um a seis meses ou multa.
www.pontodosconcursos.com.br 32
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Para tratarmos do assunto, vou, primeiramente, transcrever abaixo um trecho do
que foi falado sobre o dever de agir na oportunidade em que vimos a comissão e
a omissão (3.2.1.1):
A omissão não vem descrita no tipo penal incriminador (tipo penal que descreve a
conduta criminosa). Este descreve uma conduta ativa (exemplo : artigo 121 –
matar alguém). Todavia, o resultado poderá ser alcançado por meio de uma
abstenção, bastando que o agente esteja em qualquer das situações mencionadas
no artigo 13, parágrafo 2º, do CP14.
14
Artigo 13 do CP : “RELEVÂNCIA DA OMISSÃO”.
15
Homicídio simples
Caso o agente esteja em uma das situações mencionadas no artigo 13, parágrafo
2º do CP, tem ele o dever de impedir o resultado e, não o impedindo, responderá
por ele.
O nexo causal entre a abstenção e o resultado é estabelecido pelo dever de agir
imposto ao agente. Com isso, o nexo causal não é natural, mas sim normativo.
Para que alguém responda por crime omissivo impróprio ou comissivo por
omissão é necessário que tenha o dever jurídico de impedir o resultado danoso.
São, de acordo com a lei, casos em que o agente tem o dever jurídico de agir
aquele que:
Neste caso, o dever de agir é imposto pela lei. É o caso, por exemplo, da mãe em
relação a seus filhos; do salva-vidas em relação aos banhistas; do médico em
relação ao ferido.
www.pontodosconcursos.com.br 34
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
Neste caso, a posição de garantidor não decorre da lei, mas de qualquer outra
forma. Exemplo clássico é o dever de cuidado assumido por meio do contrato.
Exemplo: a babá em relação à criança aos seus cuidados; o guia em relação as
pessoas a serem guiadas; o instrutor em relação aos escoteiros.
Atenção : O que se exige é que o agente não se omita. Deve ele agir com intuito
de impedir o resultado. Caso, apesar de ter agido, não tenha conseguido evitar o
resultado, não será ele responsabilizado. A lei não impõe um agir com sucesso,
mas sim um agir em busca do sucesso.
www.pontodosconcursos.com.br 35
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
resultado”, se aplica aos chamados crimes
(A) omissivos próprios.
(B) comissivos por omissão.
(C) comissivos.
(D) de pequeno potencial ofensivo.
www.pontodosconcursos.com.br 36
DIREITO PENAL – CURSO BÁSICO P/ FISCAL DO TRABALHO E ICMS-SP
CURSOS ON-LINE – PROFESSOR JULIO MARQUETI
omissivos espúrios. O tipo penal incriminador descreve uma conduta ativa e
um resultado naturalístico. Este, todavia, pode ser concretizado por meio de
uma abstenção, bastando, para isso, que o agente esteja em uma das
condições previstas no artigo 13, parágrafo 2º do CP. Portanto, o dever de
agir não decorre do próprio tipo penal incriminador, mas de outro que
impõe o dever de o omitente agir. Alternativa C - incorreta: Nos crimes
comissivos não há que se valar em dever de agir, já que a conduta impõe
ao agente um dever de não agir. Portanto, nos comissivos não há omitente.
Alternativa D – incorreta: A potencialidade ofensiva de um ilícito não
guarda qualquer relação com o disposto no artigo 13 do CP. Assim, crime
de pequena potencialidade ofensiva é aquele, comissivo ou omissivo, a que
a lei atribui tal denominação em razão da diminuta resposta jurídico-penal.
www.pontodosconcursos.com.br 37
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
AULA: 1
3.5 - DA TIPICIDADE
Agora, vamos tratar do último dos elementos constitutivos do fato típico, ou seja,
falaremos da tipicidade. Para que possamos fazê-lo, concisa e eficientemente,
necessário que tratemos, detidamente, do tipo penal.
O conceito dado é insuficiente, pois não abrange os tipos penais que não
descrevem condutas. Por ele não são abrangidos, por exemplo, o tipo penal
previsto no artigo 327 do CP1, onde o legislador não descreve conduta, mas
conceitua, para efeito penal, funcionário público.
1
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem,
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Em que pese sua insuficiência, a doutrina tem conceituado tipo penal como o
conjunto dos elementos descritivos do crime contido na lei penal2.
Atenção: Não estamos falando do fato típico (fato concreto), mas sim do fato
abstrato, descrito na norma penal (tipo penal). Devemos observar somente a
norma penal (a letra da lei) e, só após, o fato concreto.
Elementar é o elemento sem o qual o crime não existe. Observe mais uma
vez o crime de furto. A expressão “coisa alheia” é elementar do crime, pois se
não houver a subtração da coisa alheia, mas sim de coisa própria, não há que se
falar em crime de furto.
2
Jesus – Damasio Evangelista (Direito Penal – Parte Geral – Editora Saraiva)
3
(Artigo 155 do CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa.)
4
Furto qualificado
www.pontodosconcursos.com.br 2
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
5
Classificação adotada por Rogério Greco (Curso de Direito Penal-Parte Geral-
Editora Impetus).
6
Para Damasio E. de Jesus (in Direito Penal - Parte Geral – editora Saraiva) os
elementos normativos não são espécies dos elementos objetivos. Têm autonomia
em sua classificação os elementos normativos.
7
Infanticídio
www.pontodosconcursos.com.br 3
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
No crime de seqüestro (artigo 148 do CP)8, o agente não necessita querer nada
além da vontade de privação da liberdade. Já no crime de extorsão mediante
seqüestro (artigo 159)9, além da vontade de privar a liberdade, necessário que
tenha um fim especial, isto é, vontade de obter qualquer vantagem como
condição ou preço do resgate.
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos.
8
Seqüestro e cárcere privado
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere
privado: Pena - reclusão, de um a três anos.
9
Extorsão mediante seqüestro
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
www.pontodosconcursos.com.br 4
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Será direta quando o fato concreto já, à primeira vista, se amoldar ao tipo penal.
A adequação típica será, por sua vez, indireta (ou mediata), quando a conduta,
à primeira vista, não se amolda ao tipo penal. Para solucionar o problema o
legislador lançou mão de dispositivos que permitem tipicidade por extensão.
Assim ocorre nos casos de tentativa e de participação (modalidade de concurso
de pessoas).
Todavia, a norma de extensão inserta no artigo 14, II, do CP10, nos permite
tornar típica determinada conduta que à primeira vista é atípica. A tipicidade se
dá por meio da norma de extensão e não diretamente. A respeito da participação
e da autoria vamos falar mais adiante, quando formos tratar do concurso de
pessoas (item 3.9).
Quadro sinótico :
10
Art. 14 - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
www.pontodosconcursos.com.br 5
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Direta (imediata) = Crime consumado.
Autoria e co-autoria.
É óbvio que, diante de suas peculiaridades, cada tipo penal deve ser analisado
isoladamente para que possamos emitir um juízo de valor acerca de sua
consumação.
Crime tentado: Em primeiro lugar, devemos ressaltar a sapiência com que foi
redigida a norma de extensão contida no inciso II do artigo 14 do CP. O legislador
ao tratar da tentativa, em momento algum fala em resultado. Assim, até mesmo
nos crimes em que não há previsão legal de resultado naturalístico (crimes de
mera conduta), admite-se a tentativa.
Necessário que haja ocorrido ao menos um ato executório, sem que, com isso,
ocorra a consumação. No caso da tentativa, o “iter criminis” (caminho do crime) é
interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente. Este responderá
por tentativa, sendo que a pena a ser aplicada será diminuída, salvo o caso de
expressa disposição em sentido contrário.
Para que ocorra a tipicidade por extensão é necessário que o fato concreto se
amolde ao tipo penal incriminador (ex: artigo 121 do CP) por meio da norma de
extensão.
www.pontodosconcursos.com.br 7
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
No caso da tentativa, a norma de extensão é aquela prevista no artigo 14, inciso
II, do CP. Assim, devemos conhecer os elementos constitutivos tanto da norma
penal incriminadora quando da norma de extensão.
11
Os atos preparatórios serão puníveis quando, por si só, constituírem ilícitos
autônomos. É o que ocorre com o crime de quadrilha ou bando (Artigo - 388 do
CP). O legislador, aqui, prevê como ilícito autônomo a simples reunião
(preparação) de mais de 03 pessoas para a pratica de crimes futuros.
www.pontodosconcursos.com.br 8
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Atenção :
Iter criminis = cogitação + preparação execução + consumação.
IMPUNÍVEL PUNÍVEL
Para que haja a tentativa, necessário que tenha o agente iniciado a execução do
ilícito. Assim, deve o agente ter ultrapassado a linha divisória entre os atos
preparatórios e o início de execução. Para sabermos quando se iniciou a execução
www.pontodosconcursos.com.br 9
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
do crime, necessário que estabeleçamos, casuisticamente, quando houve a
prática do primeiro ato idôneo à consumação do ilícito.
Mas fiquem tranqüilos, já que nos concursos públicos não se exige conhecer o
momento em que ultrapassa a linha demarcatória entre ato preparatório e ato
executório.
Questão interessante :
Pergunto: Admite-se tentativa nos crimes culposos? Respondo: Nos crimes
culposos, o agente dá causa ao resultado sem tê-lo previsto, apesar de previsível.
Assim, não quis e nem mesmo assumiu o risco de produzir o resultado. Não há
como tentar fazer o que não se quer (o que não se busca). Se no crime culposo
não há previsão do resultado, não há como tentar alcançá-lo. Portanto, culpa em
sentido estrito e tentativa são conceitos que não coexistem.
12
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
www.pontodosconcursos.com.br 11
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
lesão (exemplo: feriu a vítima mortalmente, a qual não faleceu em decorrência
de exitosa intervenção médica).
13
TRIBUNAL DE CONTAS DO PI (PROCURADOR) 2005 – FCC.
21 – O critério utilizado pela jurisprudência para fixar o “quantum” da redução no
caso de tentativa leva em conta, essencialmente, a maior ou menor:
a- proximidade da consumação.
b- intensidade de dolo do agente.
c- punibilidade do agente.
d- relevância do bem jurídico protegido.
e- incidência de circunstância agravante ou atenuante.
Gabarito oficial : A
www.pontodosconcursos.com.br 12
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Como causa geral de diminuição que é, permite que a pena final seja fixada
abaixo do mínimo legal. Observe o crime de furto simples (artigo 155 do CP),
onde a pena cominada é de 01 a 04 anos de reclusão e multa. Levando em conta
as circunstâncias judiciais (artigo 59 do CP), o juiz escolherá a pena base (de 01
a 04 anos de reclusão). Pensemos que tenha fixado a pena de 01 ano. Sobre esta
incidirá a causa de diminuição do crime tentado. Se a diminuição for a máxima, a
pena será reduzida de 2/3. O quantum final, assim, ficará abaixo da pena mínima
prevista para o crime de furto que é de 01 ano.
Nosso objetivo não é exaurir o rol dos ilícitos que não admitem tentativa, como
também não é entrar em embate doutrinário a respeito do tema. Vamos arrolar
os ilícitos que a doutrina de forma consensual afirma não ser possível a tentativa.
14
ANALISTA DO BACEN – 2005 (FCC) PROVA 1 (AREA4).
22 – A tentativa :
a- constitui causa geral de diminuição de pena, devendo o respectivo redutor
corresponder à culpabilidade do agente.
b- é impunível nos casos de ineficácia absoluta do meio e de relativa
impropriedade do objeto.
c- exige comportamento doloso do agente.
d- não prescinde da realização de atos de execução, ainda que se trate de
contravenção penal.
e- dispensa o exaurimento da infração, necessário apenas para que se reconheça
a consumação.
Gabarito – C.
www.pontodosconcursos.com.br 13
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
quer. Exemplo: No crime de lesão corporal seguida de aborto15, o resultado
agravador – o aborto, não é buscado pelo agente, decorre de culpa. Caso fosse
querido, o crime seria de aborto (artigo 125 e 127 do CP). Assim, não é possível
falar-se em tentativa de lesão corporal seguida de aborto. É o que também
sucede com a lesão corporal seguida de morte (artigo 129, parágrafo 3º, do CP).
3- Crimes culposos: Nos crimes culposos, por sua vez, o resultado não é
previsto pelo agente, apesar de previsível. Assim, não é possível tentar-se o que
se quer é previsto.
15
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2° Se resulta:
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
16
Curandeirismo
Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer
substância;
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
III - fazendo diagnósticos:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica
também sujeito à multa.
17
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção (Lei das contravenções
penais).
www.pontodosconcursos.com.br 14
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Diz-se tentativa abandonada, uma vez que o agente, iniciada a execução, desiste
ou se arrepende e, com isso, inibe a consumação do ilícito.
Exemplo: João, agindo com “animus necandi” (vontade de matar), desfere três
tiros nos membros inferiores de Antônio. Com este caído ao solo, e tendo na
arma mais três projéteis, João, voluntariamente, desiste de seu intento, apesar
de ter condições para prosseguir.
18
Greco – Rogério (Curso de Direito Penal – Parte Geral – Editora Impetus).
www.pontodosconcursos.com.br 16
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
O arrependimento eficaz só é possível quando estivermos falando de crimes de
resultado, isto é, de crimes em que o legislador descreve na norma penal
incriminadora o resultado naturalístico.
19
51(FCC) - A ação de Cleópatra ao ministrar um antídoto que neutralizou, em
tempo, o veneno dado anteriormente a Marco Antônio, caracteriza:
a- crime impossível.
b- arrependimento posterior.
c- desistência voluntária.
d- arrependimento eficaz.
e- crime tentado.
Gabarito oficial : D
www.pontodosconcursos.com.br 17
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
20
PGE SÃO PAULO (PROCURADOR DO ESTADO) 2002 .
24 – O arrependimento posterior é :
a- causa de extinção da punibilidade.
b- conduta que impede a produção do resultado.
c- circunstância atenuante.
d- causa obrigatória de aumento de pena.
e- causa obrigatória de diminuição de pena.
Gabarito oficial: E
21
ANALISTA DO BACEN – 2005 (FCC) PROVA 1 (AREA4).
23- O arrependimento posterior :
a- permite, como causa geral de diminuição, que se reduza a pena abaixo do
mínimo legal.
b- não permite, como circunstância atenuante, que se reduza a pena abaixo do
mínimo legal.
c- exclui a tipicidade da conduta.
d- não permite, como causa geral de diminuição, que se reduza a pena abaixo do
mínimo legal.
e- permite, como circunstância atenuante, que se reduza a pena abaixo do
mínimo legal.
Gabarito oficial: A
www.pontodosconcursos.com.br 18
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Para que o agente seja beneficiado pela diminuição de pena prevista no artigo 16
do CP, necessário que preencha objetivamente os requisitos exigidos pela lei.
www.pontodosconcursos.com.br 19
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Tratando-se de crime sem violência ou grave ameaça à pessoa ou tratando-se de
crime culposo, mesmo que tenha havido violência contra a pessoa, a concessão
do benefício depende de um evento: reparação do dano ou a restituição da coisa.
A ação penal, pública ou privada, será manejada por seu titular (titular do direito
de agir). A este caberá levar a querela ao Poder Judiciário. Este só se manifestará
se provocado. A provocação, por sua vez, efetivar-se-á por meio do exercício do
direito de ação. Para tanto, isto é, para promover a respectiva ação penal, caberá
aos titulares do direito de agir formularem a DENUNCIA, no caso de ação penal
pública (movida pelo Ministério Público), ou a QUEIXA-CRIME, caso privada a
ação penal (movida pelo ofendido ou por seu representante legal). Assim,
portanto, a DENUNCIA e a QUEIXA-CRIME são as peças inaugurais do processo
penal. A primeira, relativa à ação penal pública e a segunda à ação penal privada.
www.pontodosconcursos.com.br 20
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Peculato
22
PROCURADOR DO BACEN – 2002 – ESAF.
81- No que se refere ao arrependimento posterior
pode-se afirmar que:
a) para que haja a redução da pena, exige-se a completa reparação do dano ou a
restituição da coisa, além da necessidade da voluntariedade do ato realizado pelo
agente.
b) se trata de causa facultativa de diminuição de pena.
c) só é aplicável caso a reparação do dano ou a restituição da coisa ocorra após o
recebimento da denúncia ou da queixa.
d) a redução da pena neste caso atinge todos os crimes, inclusive aqueles
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.
e) a reparação feita por um dos acusados não aproveita aos demais.
Gabarito oficial : A
www.pontodosconcursos.com.br 22
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
A figura do crime impossível está prevista no artigo 17 do CP, cuja letra segue
abaixo. É conhecido, o crime impossível, como tentativa inidônea, tentativa
inadequada ou quase-crime.23
23
Capez – Fernando (Curso de Direito Penal – Parte Geral - editora Saraiva).
www.pontodosconcursos.com.br 23
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Meio é tudo que possibilita a prática do ilícito e que se mostra necessário para
que a consumação se efetive. A utilização de arma de fogo pode ser meio para
causar lesão corporal e levar à morte alguém. O envenenamento também é meio.
O falso é meio para iludir a vítima no estelionato.
Exemplo: João, pretendendo matar Antônio, dispara contra ele vários tiros.
Antônio, que parecia estar dormindo, na realidade já estava morto em razão de
envenenamento.
www.pontodosconcursos.com.br 25
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
que levaria à inexistência do crime impossível, respondendo o punguista por
crime tentado.
Notamos, então, que, no crime impossível, o objeto (coisa ou pessoa) não sofre
sequer perigo de lesão.
A alternativa “B” que trata de hipótese de crime impossível está errada tendo em
conta afirmar ser impunível a tentativa nos casos de ineficácia absoluta do meio e
de relativa impropriedade do objeto. Já sabemos que a impropriedade do objeto,
como também a ineficácia do meio, para que a tentativa seja impunível, deve ser
absoluta. Caso relativa, há tentativa punível. Portanto, a relatividade da
impropriedade do objeto tornou a alternativa equivocada.
www.pontodosconcursos.com.br 26
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Para que ocorra o crime de quadrilha ou bando, necessário que ocorra a reunião
de mais de 03 pessoas com o fim de cometerem crimes. Trata-se, portanto, de
crime de concurso necessário de pessoas.
Há outros crimes (a grande maioria) que podem ser praticados por uma ou mais
pessoas. Estes são os crimes de concurso eventual de pessoas. É o caso, por
exemplo, do furto (artigo 155 do CP), do homicídio (artigo 121 do CP). Estes
crimes são também conhecidos como unissubjetivos.
Aqui, no estudo do concurso de pessoas, vamos nos ocupar dos crimes que
eventualmente podem ser praticados por várias pessoas. Daremos atenção,
entretanto, quando formos falar da participação, aos crimes que, em que pese
exigirem o concurso de várias pessoas para sua existência, admitem a
participação de terceiro.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.
Para que ocorra a incidência da norma inserta no artigo 29 do CP, necessário que
estejam presentes alguns requisitos. São requisitos do concurso de pessoas: 1-
www.pontodosconcursos.com.br 27
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
pluralidade de agentes; 2- relevância causal; 3- liame subjetivo (adesão ao
menos) e 4- identidade de infração.
3.9.1-Pluralidade de agentes.
No caso do concurso de agentes, necessário que o crime tenha sido praticado por
mais de um agente. Assim, a pluralidade de agentes sempre deve ocorrer para
que tenhamos o concurso de agentes.
Mas, aqui, devemos distinguir o autor daquele que é conhecido como partícipe.
Assim, no concurso de agentes, cuja conduta é, de acordo com a letra da lei,
concorrer de qualquer modo para o ilícito, a colaboração poderá ser através da
realização, em conjunto, do verbo contido no tipo penal, oportunidade em que há
concurso de autores e, portanto, co-autoria. Quando, todavia, a colaboração é a
prática de ato que não seja a realização da conduta descrita no verbo do tipo
penal, diz-se participação.
Autor é aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Quando
dois ou mais indivíduos realizam o núcleo (verbo) do tipo penal, há co-autoria.
Necessário, entretanto, que entre eles haja vínculo (liame) subjetivo, ou seja,
vontade de colaborar para a conduta do outro.
Perceba você que o partícipe não realiza a conduta “subtrair” do tipo penal do
furto (artigo 155 do CP). Entretanto, colaborou de qualquer modo para o crime.
Assim, responderá na medida de sua culpabilidade.
Enquanto o autor realiza o núcleo do tipo penal, o partícipe realiza ato acessório.
www.pontodosconcursos.com.br 28
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
tipo penal, aquele que tem o domínio do fato, isto é, aquele que tem o domínio
da ação delituosa. Exemplo: O “chefão” da máfia italiana, cuja notoriedade foi
dada por meio da série de filmes “O PODEROSO CHEFÃO”, de regra não praticava
as condutas delituosas, mas tinha ele o comando das ações. O domínio a ação
leva, para alguns, a autoria e não à participação.
Sabemos o que é autoria e o que é participação. Co-autoria, por sua vez, ocorre
quando dois ou mais agentes, havendo liame subjetivo (vontade de praticar em
conjunto), praticam o núcleo do tipo penal. Exemplo: Dois ou mais indivíduos,
cada qual com sua arma (faca), desferem golpes mortais na vítima.
Síntese conceitual:
Autor: realiza o núcleo do tipo ou, para alguns, apesar de não realizar o núcleo
do tipo, tem o domínio do fato.
Partícipe: é aquele que, sem realizar o núcleo do tipo, colabora de qualquer
modo para que o crime ocorra24.
Co-autoria: ocorre quando dois ou mais agentes realiza o núcleo do tipo penal.
25
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa
de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
www.pontodosconcursos.com.br 29
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe que, quando o agente induz outrem a se suicidar, está realizar o verbo
do tipo penal, isto é, é autor do crime previsto no artigo 122 do CP e não
partícipe.
A conduta de todos aqueles que colaboraram para um crime deve ser uma
conduta relevante. Caso irrelevante, não há que se falar em concurso de agentes.
Observe o caso daquele que cede sua arma a outrem que pretende praticar um
crime de homicídio. Pensemos que, apesar de ter a arma em mãos, o autor
resolve se valer de um pedaço de madeira que está no chão para matar a vítima.
26
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.
www.pontodosconcursos.com.br 30
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
coloca em posição para matar B. Ambos disparam e conseguem o objetivo
comum: matar B.
Pensemos, no exemplo dado que A tenha conseguido alvejar a vítima que veio a
falecer e que, em contrapartida, C tenha errado o alvo. A questão é saber se
houve co-autoria ou não. Se C aderiu à vontade de A é certo que houve co-
autoria, oportunidade em que ambos responderão pelo crime de homicídio
consumado, apesar de C não ter acertado o alvo.
Observe o caso daquele que, com vontade de matar B, combina com outrem
esperar-lo B em determinado local, oportunidade em que cada um dos algozes
dispararia contra ele. No momento e local entabulados, ambos disparam contra B
que é atingido por um único projétil. Como ambos estavam agindo em co-autoria,
responderão pelo mesmo crime, apesar de um deles ter somente tentado.
www.pontodosconcursos.com.br 31
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
É o que ocorre, por exemplo, nos casos de corrupção passiva e ativa.27 Aquele
que oferece vantagem indevida a funcionário público está cometendo corrupção
ativa (artigo 333 do CP), ao passo em que o funcionário ao receber a vantagem
que lhe é oferecida esta cometendo crime de corrupção passiva (artigo 317 do
CP).
A rigor, haveria concurso de agente, já que aquele que oferece a vantagem está,
na realidade, colaborando para a corrupção passiva do funcionário público.
Entretanto, neste caso a lei despreza a teoria unitária (ou monista), segundo a
qual todos responderão pelo mesmo crime, e adota a teoria pluralista.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Neste caso, o legislador possibilita a aplicação de pena menor, isto é, permite ele
que o juiz aplique a pena de acordo com a tonalidade da participação.
27
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
28
PGE SERGIPE (PROCURADOR DO ESTADO) 2005 FCC (PROVA TIPO 1).
95 – a chamada participação de menor importância :
a- circunstância atenuante.
b- causa de exclusão da tipicidade.
c- causa supralegal de exclusão da ilicitude.
d- causa geral de diminuição de pena.
e- causa legal de exclusão da culpabilidade.
Gabarito oficial : D
www.pontodosconcursos.com.br 32
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Assim, quando o agente teve pequena participação, sua pena, obrigatoriamente,
deverá ser aplicada nos moldes do que dispõe o parágrafo 1º do artigo 29 do CP.
Fica, com isso, mantida a regra segundo a qual os que colaboram para o crime
responderão por ele na medida de sua culpabilidade. Aplicada, portanto, a teoria
monista ou unitária. Todos respondem pelo mesmo crime.
É o que ocorre com aquele que fica no carro esperando os seus comparsas que
ingressaram em residência alheia para a pratica de furto. Tendo ficado do lado
externo e, com isso, não tendo praticado o núcleo do tipo, aplicar-se-á a pena
levando-se em conta a participação de menor importância.
Observe o indivíduo que pretende colaborar para o crime de furto. Para tanto fica
do lado de fora da residência esperando que o autor execute o núcleo do tipo, isto
é, subtraia coisa alheia móvel.
Aqui, o legislador quebra a regra segundo a qual todos irão responder pelo
mesmo delito. Como o partícipe pretendeu praticar crime menos grave,
responderá pelo crime pretendido, no caso por furto.
29
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa
www.pontodosconcursos.com.br 33
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
legislador determina que a ele deve ser aplicada a pena do crime menos grave.
Mas, diante da imprevisão do previsível, a pena será aumentada até a metade.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Crimes próprios são aqueles que exigem uma qualidade especial do agente.
Assim, são crimes cujos autores devem tem tal qualidade especial. Hipóteses que
muito nos interessam são dos crimes praticados contra a administração pública
por funcionário público.
Mas o que agora nos ocupa não são propriamente os crimes próprios. Estes, já
sabemos, exigem uma qualidade especial do autor. Interessa-nos, neste
momento, saber se pode praticar crime próprio aquele que não atende a condição
especial do autor exigida pela lei.
O dispositivo acima, isto é, o artigo 30 do CP, nos traz uma proibição e, por via
obliqua, uma permissão. De acordo com a letra da lei não se comunicam as
circunstâncias e as condições de cunho pessoal.
30
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa
31
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
www.pontodosconcursos.com.br 34
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Portanto, no concurso de agentes, as circunstâncias e as condições de cunho
pessoal não se comunicam. Todavia, quando elementares, a comunicação
existirá.
Assim, aquele que de qualquer modo colabora para que o funcionário público
pratique crime de corrupção passiva, apesar de não ser funcionário público,
responderá pelo crime previsto no artigo 317 do CP33, já que a elementar –
funcionário público, a ele se comunicará.
Dica: Nos crimes de mão própria não se comunica a condição pessoal, mesmo
que elementar. É o que ocorre no crime de infanticídio. Trata-se de crime de mão
própria que só pode ser cometido pela mãe, já que só ela pode estar em estado
puerperal. O crime exige uma condição especial do agente: ser mãe. Mas, além
disso, não admite a participação de outrem já que só ela pode estar em estado
puerperal logo após o parto. Mas sobre crime próprio falaremos mais detidamente
quando formos tratar de crimes contra a administração, onde temos alguns
crimes que são de mão própria.
32
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa
33
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
A participação só será punível se o crime tenha pelo menos sido tentado. Quando
falamos da tentativa (item 3.5.2), dissemos que a tentativa só existirá quando
iniciada a execução.
Mas, também, dissemos que, apesar de iniciada a execução, não haverá crime
tentado quando estivermos diante: 1- da desistência voluntária; 2- do
arrependimento eficaz; e 3- do crime impossível.
Quando, por exemplo, cedo minha arma de fogo a outrem para que cometa
homicídio, só serei responsabilizado pelo meu ato (colaborar) se o autor ao
menos tenha iniciado a execução do ilícito.
Assim, impunível a participação quando o crime nem mesmo foi tentado. É o que
estatui o artigo 31 do CP.
Quando falamos da tipicidade (3.5.1), notamos que ela pode ser direta ou
indireta. Como a tipicidade nada mais é que a qualidade que possui o fato
concreto (fato social) de se amoldar, se ajustar, ao tipo penal (tipo abstrato), isto
é, à norma penal, a tipicidade direta dificuldade não nos traz. A indireta, por sua
www.pontodosconcursos.com.br 36
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
vez, já exige um raciocínio mais dinâmico. Observe o caso do crime tentado, onde
o agente pratica conduta que não satisfaz diretamente a norma penal.
Aquele que tentou matar, não matou. Assim, sua conduta não se ajusta
diretamente ao tipo penal do homicídio. Mas, por meio de uma norma de
extensão, típica passa a ser uma conduta que a rigor é atípica.
Na participação, onde o agente não pratica o verbo descrito no tipo, mas colabora
de algum modo para que o crime se concretize, não há tipicidade direta. Mais
uma vez, o legislador se vale de uma norma de extensão, agora aquela incerta no
artigo 29 do CP, para tornar típica uma conduta que a rigor é atípica.
www.pontodosconcursos.com.br 37
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
AULA: 2
Ressalto, desde já, que ao tratar dos crimes culposos o legislador se vale de
técnica peculiar. Ele não descreve com precisão a conduta culposa. Enfaticamente
afirma o legislador que haverá crime culposo quando ao agente der causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia1. No entanto, não define,
casuística e precisamente, o que é uma conduta culposa.
Diz-se, daí, que é necessário um juízo de valor para se saber ter ocorrido
imprudência, imperícia ou negligência por parte do agente. O que faz do tipo
penal que admite a modalidade culposa, um tipo penal aberto2.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
2
Tipo penal aberto é aquele que para sua compreensão depende de um juízo
interpretativo, sem o qual não seria possível afirmar que o fato concreto se
amolda à norma descrita no tipo.
www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Quando tratamos, linhas atrás, da conduta, falamos que, pela teoria finalista da
ação, toda conduta só é considerada conduta relevante para o direito penal
quando dirigida a um fim. No crime culposo a conduta do agente é dirigida a uma
finalidade lícita. Mas, por falta de cuidado, ele dá causa a um resultado danoso
não querido.
É o que ocorre com o motorista de um veículo que pretende ultrapassar uma via
preferencial e, por falta de cautela – imprudência -, dá causa a um acidente de
trânsito, levando outrem à morte.
Nota-se que sua conduta era dirigida a um fim lícito: ultrapassar a via
preferencial. No entanto, por falta de cuidado, ocorreu resultado diverso do
pretendido: acidente de trânsito.
Só será dele exigida uma conduta que, nas mesmas condições, exigir-se-ia de um
homem comum, mediano. Aqui, o paradigma.
www.pontodosconcursos.com.br 2
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
ATENÇÃO:
Ausência de previsibilidade objetiva: Se a qualquer homem, até o mais
diligente, não era possível prever o resultado, a conduta é atípica, já que o
resultado era imprevisível. Diante do imprevisível não há como se exigir
comportamento cuidadoso. Há exclusão da tipicidade.
Ausência de previsibilidade subjetiva: Se ao agente não era possível prever,
diante de suas condições pessoais, o resultado danoso. Não há exclusão da
tipicidade, pois, não previu o previsível. Mas, ausente a culpabilidade
(reprovabilidade da conduta), já que dele não era exigido outro comportamento.
O fato é típico, mas não culpável. Há crime, mas não haverá aplicação de
pena.
Crime culposo:
Conduta + previsibilidade objetiva + imprevisão.
Crime culposo culpável:
Conduta + previsibilidade objetiva + previsibilidade subjetiva + imprevisão.
www.pontodosconcursos.com.br 3
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Crime culposo
Art. 18 - Diz-se o crime :
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
www.pontodosconcursos.com.br 4
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Imaginemos alguém que por falta de cuidado pretendendo levar a sua bolsa,
tenha levado a bolsa alheia. No caso, houve subtração de coisa alheia móvel para
si. Fato que se ajusta ao tipo penal do furto5. Observamos que a conduta não foi
dolosa, pois por falta de cuidado levou a bolsa alheia.
No entanto, não houve crime de furto, pois o legislador não admite furto na
modalidade culposa. Assim, já no primeiro momento notamos que a lei não
admite a modalidade culposa. Portanto, a conduta é atípica.
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
www.pontodosconcursos.com.br 5
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
caso, o legislador admite crime de homicídio culposo (artigo 121, parágrafo 3º,
do CP). Assim, notamos ser possível o crime culposo, já que a lei admite a
modalidade culposa.
Não ocorreu o resultado necessário para que viéssemos ater um crime culposo.
Se eventualmente ocorresse a morte, estar-se-ia diante de crime de homicídio
culposo. Já se viesse a ocorrer a lesão corporal, o crime seria de lesão corporal
culposa.
www.pontodosconcursos.com.br 6
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Culpa inconsciente: É a culpa por excelência, ou seja, é a culpa típica, onde não
há previsão do previsível.
mão no bolso, pretendia pegar uma caneta esferográfica e não sacar uma arma.
Se o erro é inescusável, isto é, superável ou vencível, tendo o agente deixado de
tomar as cautelas necessárias, responderá por crime culposo. Assim, a culpa
imprópria decorre de erro de tipo essencial inescusável.
Como no crime culposo a vontade do agente não é dirigida ao resultado que, por
falta de cuidado, deu causa, não vejo como possível tentar-se o que não se quer.
Até agora tranqüilo, mas o tema fica intrincado quando passamos a tratar das
espécies de culpa onde a previsão do resultado existe. É o caso da culpa
consciente e da culpa imprópria.
www.pontodosconcursos.com.br 8
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
1- autor é aquele que realiza o núcleo do tipo penal, o verbo inserto no tipo
penal.
2- Co-autor é aquele que executa, juntamente com o autor, aderindo a seu
querer, o verbo do tipo penal (autoria em conjunto).
3- Partícipe, por sua vez, é aquele que colabora para o ilícito, sem, todavia,
realizar a conduta descrita no tipo penal.
No crime culposo é possível a autoria colateral, isto é, vários autores sem adesão
de um à vontade do outro. É o que ocorre quando vários motoristas provocam
acidente de trânsito, sendo que todos atuaram de forma incauta, sem cautela.
Mas, não é isso que nos interessa. Aqui, nos interessa saber se é possível a
participação no crime culposo.
www.pontodosconcursos.com.br 9
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
www.pontodosconcursos.com.br 10
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha
o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
dois terços.
No caso da legítima defesa, assim também ocorre. Assim, para que ocorra a
legítima defesa necessário que o agente atue de acordo e com vontade de fazê-lo
de acordo com o que dispõe a lei.
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
www.pontodosconcursos.com.br 11
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe, por exemplo, a situação daquele que pretendendo matar seu desafeto,
encontrá-o e desfere vários tiros, oportunidade em que já morto, descobre-se
que ele portava uma arma e iria matá-lo.
Como não sabia estar em legitima defesa, não será beneficiado, apesar de se
ajustar sua conduta ao tipo penal que a prevê.
Guilherme de Souza Nucci, define em seu Manual de Direito Penal, Editora RT, o
estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito. Para ele,
estrito cumprimento dever legal, é, em síntese, a ação praticada em
cumprimento a um dever imposto por lei e, por sua vez, exercício regular de
direito, é o desempenho de uma atividade ou a prática de uma conduta
autorizada por lei.
www.pontodosconcursos.com.br 12
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
O erro de tipo vem tratado pelo legislador no artigo 20 do CP. O dispositivo legal
nos traz seu conceito e sua conseqüência legal. No entanto, o legislador não
distingue o erro evitável(inescusável) do inevitável (escusável). Então, traremos,
imediatamente abaixo, a letra da lei e discorreremos a respeito do tema.
Elementar é o elemento sem o qual o crime não existe. Observe mais uma vez o
crime de furto. A expressão “coisa alheia” é elementar do crime, pois se não
houver a subtração da coisa alheia, mas sim de coisa própria, não há que se falar
em crime de furto.
www.pontodosconcursos.com.br 13
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Se o erro for, apesar de essencial (pois incide em elementar), evitável, será ele
inescusável, e, com isso, exclui-se o DOLO, mas o agente responde a título de
CULPA. Portanto, no erro de tipo evitável, exclui-se o DOLO, mas não se
exclui a CULPA.
No homicídio, por sua vez, o erro de tipo essencial evitável (inescusável), exclui o
dolo, mas não exclui a CULPA, sendo certo que o agente responderá por crime de
homicídio culposo, já que a modalidade culposa de homicídio existe.
SINTESE CONCEITUAL.
1- Erro de tipo: é o erro que ocorre frente aos elementos constitutivos do tipo
penal. Será essencial quando incidir em suas elementares e acidental quando
incidir em suas circunstâncias.
2- Evitável é aquele que poderia ser evitado pelo agente caso ele tivesse sido
diligente, cuidadoso. Exclui o dolo, mas permite responsabilização a titulo de
culpa, se o crime é daqueles que admite a modalidade culposa.
3- Inevitável é aquele que, por mais diligente que fosse o agente, incidiria no
erro. Exclui o dolo e a culpa. A conduta então é atípica.
4- Culpa imprópria é aquela que advém do erro de tipo essencial vencível,
superável, evitável, inescusável.
www.pontodosconcursos.com.br 14
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Quando o erro recai sobre a pessoa, objeto material do ilícito, ele não leva à
exclusão do dolo ou da culpa. Observe que o agente não errou sobre os
elementos constitutivos do tipo penal. Há, aqui, na realidade um erro acidental.
Se acidental, não gera a atipicidade da conduta. Também não gera a isenção de
pena.
Dê atenção à redação do dispositivo legal (artigo 20, parágrafo 3º, do CP), cuja
literalidade segue abaixo.
www.pontodosconcursos.com.br 15
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
SINTESE CONCEITUAL:
Erro sobre a pessoa: há erro no que tange ao objeto material (pessoa) sobre a
qual recai a conduta delituosa.
Conseqüência jurídica: não há exclusão do dolo ou da culpa e nem mesmo
isenção de pena, já que o erro foi acidental. O agente responderá como se tivesse
praticado o crime contra a pretensa vítima, desprezando-se, assim, as condições
ou qualidades da vitima efetiva.
Quadro sinótico:
Dolo.
Inevitável = exclui
Culpa.
Essencial
www.pontodosconcursos.com.br 16
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Como do próprio texto legal se extrai, o erro de proibição (ou erro sobre a
ilicitude do fato) não se confunde com o desconhecimento da lei. Este é
inescusável. É pressuposto inarredável que todos conhecem a lei. Assim, a
simples alegação de desconhecimento da lei, não escusa o indivíduo de sua
responsabilidade penal.
Então, trataremos do juízo profano sobre o certo ou errado, justo ou injusto. Aqui
está a ilicitude. Quando acredito lícita determinada conduta que é, na realidade
ilícita, houve erro de proibição ou erro sobre a ilicitude do fato.
Erro de proibição ou erro sobre a ilicitude do fato é o erro que incide sobre a
norma de proibição que emana da lei penal. O agente acredita ser lícita conduta
que a rigor é ilícita.
Observe o caso daquele que planta no quintal de sua casa “cannabis sativa L”
(maconha), acreditando que o entorpecente pode ser utilizado para fins
medicinais. Sabe que é substância entorpecente. Mas acredita que é lícito utilizá-
la para fins medicinais.
No parágrafo único do artigo 21 do CP, o legislador define o que entende por erro
evitável. Para ele, será evitável quando o agente atua sem consciência da
ilicitude, quando, pelas circunstâncias, lhe era possível tê-la.
Síntese conceitual:
1- Erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato) é o erro que incide sobre
o justo ou justo, certo ou errado. Não se confunde com o desconhecimento da lei.
2- Evitável (vencível, superável, inescusável) é o erro que poderia ter sido
evitado, já que o agente poderia, diante das circunstância, ter consciência da
ilicitude do fato.
3- Inevitável (invencível, insuperável, escusável) é o erro que, nas
circunstancias em que o agente se encontrava, não poderia ser evitado. Portanto,
não tinha ele condição de possuir consciência da ilicitude, mesmo que
pretendesse tê-la.
Quadro Sinótico:
Exclui a culpabilidade.
www.pontodosconcursos.com.br 18
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe a questão que segue. Note você que a resposta correta será facilmente
obtida por exclusão. Todavia, não podemos deixar de lado que a resposta data
como correta é passível de crítica. No âmbito da questão, entretanto, não há
dúvida que, por exclusão, é a única que satisfaz.
Resolução: Não podemos nos esquecer que o erro sobre a ilicitude também é
conhecido como erro de proibição. A dúvida que paira e saber se o erro sobre a
ilicitude do fato exclui da ilicitude ou se exclui a culpabilidade. Aqui, todavia, a
dúvida é resolvida pela própria questão. Comentemos cada uma das alternativas.
A alternativa A está incorreta, já que o erro quanto a ilicitude do fato, quando
evitável, a própria lei determina que seja reduzida a pena. A alternativa B não
tem melhor sorte, já que a lei quando define o erro evitável, diz que será
considerado evitável o erro quando o agente atua sem consciência da ilicitude do
fato. Assim, incorreta a alternativa B. A alternativa C trata de hipótese de erro de
tipo e não de erro de proibição, pois afirma que o erro incide sobre elemento do
tipo penal, excluído o dolo. Incorreta, portanto, a alternativa C. A alternativa E,
por sua vez, vem a afirmar que o erro sobre a ilicitude do fato é também
conhecido como erro de proibição. Até aqui perfeitamente correta. Mas a
alternativa está incorreta, pois no seu final, afirma que o erro de proibição,
também conhecido como erro sobre a ilicitude do fato, é a mesma coisa que
desconhecimento da lei. O desconhecimento da lei não se confunde com erro de
proibição ou erro sobre a ilicitude do fato. Assim, incorreta a alternativa E. A
alternativa D está correta. Mas ela não exaure todas as possibilidades de erro de
proibição. O erro pode incidir sobre as descriminantes (vide item 3.11.1),
oportunidade em que está tratando das hipóteses de exclusão da ilicitude. Erro
sobre a ilicitude do fato há também em hipóteses que não seja de
descriminantes, oportunidade em que não tratará de exclusão de ilicitude.
Gabarito oficial: D.
Entretanto, é equívoco pensar que elas só existem quando houver erro de tipo.
Aqui, não nos cabe entrar nessa discussão doutrinária. Nosso objetivo é de forma
clara estabelecer o conceito e conseqüência que decorre das descriminantes
putativas.
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que,
se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo.
Observe o caso de Joaquim, desafeto de João, que fora no dia anterior por este
ameaçado de morte. Diante de tal ameaça Joaquim passa a portar arma de fogo.
Estando armado, encontra João que, incontinenti, leva a mão ao bolso. Joaquim,
com isso, saca de seu revolver e mata João, pois acreditava que este iria sacar
igual instrumento para matá-lo. Morto João, descobre-se que ele iria pegar um
maço de cigarros em seu bolso.
www.pontodosconcursos.com.br 20
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Tal erro leva à isenção de pena, caso inevitável. No entanto, se evitável, o agente
responde a título de culpa, caso se admita a modalidade culposa.
Não nos interessa aqui perquirir se o erro foi de proibição ou erro de tipo. Apesar
da imperfeição da redação legislativa. A nós interessa somente saber que,
havendo descriminante putativa, haverá isenção de pena se o erro foi inevitável
e, caso evitável, admitir-se-á a responsabilidade a titulo de culpa.
Quadro Sinótico:
Síntese conceitual:
Descriminantes putativas: Descriminantes são as hipóteses de exclusão da
ilicitude ou da antijuridicidade. Putatividade significa algo imaginário ou que se
apresenta como verdadeiro. Normalmente decorre de engano, equívoco, erro.
Assim, descriminante putativa ocorrerá quando por engano o agente acredita
estar acobertado por uma excludente da ilicitude, quando na realidade não está.
Erro: há erro quando o agente, diante das circunstâncias, agredida em algo que
não existe.
Erro evitável: é aquele que poderia ser evitado, caso houve uma maior
diligência. Exclui dolo, mas admite responsabilização a título de culpa.
Erro inevitável: é aquele que, por mais diligente que seja o agente, não tem ele
condição de superar o equívoco. Isenta de pena.
sim a ele como conduta descrita na lei. Veremos então que alguns crimes
admitem um resultado mais grave, que os qualificam.
7
Roubo qualificado.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de
sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte
a trinta anos, sem prejuízo da multa.
www.pontodosconcursos.com.br 22
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
É o que ocorre com o crime de lesão corporal seguida de morte (artigo 129,
parágrafo 3º, do CP). Observe abaixo que a própria lei exige que o resultado
morte não decorra de dolo do agente.
Caso o evento morte venha a decorrer de dolo, direto ou indireto, não estaremos
diante do crime em tela, mas sim do crime de homicídio. Então, observe que a
vontade do agente é praticar lesão corporal. Mas, por culpa, ele se excede e
causa a morte. Aqui, há lesão corporal seguida de morte.
Caso que adquiriu notoriedade nacional, foi aquele do índio Galdino, onde vários
rapazes, no Distrito Federal, atearam fogo nas vestes do índio que estava
dormindo ao relento.
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
www.pontodosconcursos.com.br 23
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Ressalto, mais uma vez, que crime qualificado pelo resultado é o gênero do qual
decorre o crime preterdosolo.
Crime preterdoloso:
Misto: Dolo + Culpa.
Dolo = ANTECEDENTE (exemplo: Lesão corporal).
Culpa = CONSEQUENTE (exemplo: Morte).
Resultado não querido = culpa.
Ex: Lesão corporal seguida morte ou aborto.
87- Geraldo pratica a conduta X. Sem desejar, porém, assumindo o risco, tendo
mentalmente, antevisto o resultado, danifica o patrimônio de Ciro. A conduta de
Geraldo, no aspecto subjetivo, identifica :
a) dolo direto.
b) dolo eventual.
c) culpa inconsciente.
d) culpa consciente.
e) preterdolo.
www.pontodosconcursos.com.br 25
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
3.16 – DA CULPABILIDADE.
Ao falarmos do conceito analítico de crime (item 3.1.1), oportunidade em que
dispensamos atenção a seus elementos conceituais (fato típico e antijurídico),
dissemos que a culpabilidade, quando adotada a teoria finalista da ação, não é
elemento conceitual de crime. Assim, crime há sem que haja culpabilidade. Esta,
todavia, passa a ser pressuposto para aplicação de pena.
Então, culpabilidade é um juízo de censura que recai sobre o fato e sobre seu
agente. Quando, por exemplo, determinado jogador de futebol erra uma cobrança
de pênalti, diz-se que foi ele o culpado pela derrota de sua equipe.
www.pontodosconcursos.com.br 26
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Para ser imputável o agente deve ter capacidade de: 1- entender o caráter ilícito
do fato (compreensão das coisas) e 2 - determinar-se de acordo com esse
entendimento (capacidade de dirigir sua conduta considerando a compreensão
que anteriormente teve).
www.pontodosconcursos.com.br 27
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Notamos, agora, que além daqueles casos mencionados no artigo 26, o legislador
considera também inimputável o menor de 18 anos de idade. Para o legislador,
aquele que não completou 18 anos de idade tem desenvolvimento mental
9
Capez – Fernando (Curso de Direito Penal – Parte Geral – editora Saraiva).
www.pontodosconcursos.com.br 28
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
incompleto. Trata-se de uma presunção absoluta. Assim, basta ser menor para
ser considerado inimputável.
No entanto, mais adiante, no artigo 28, inciso II, parágrafo 1º, do CP, o legislador
prevê outra hipótese de inimputabilidade. Trata da embriaguez completa que
decorre de força maior ou caso fortuito. Observe a letra da lei.
Artigo 28, II, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
1- Doença mental.
2- Desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
3- A menoridade.
4- A embriaguez completa que decorre do fortuito ou de força maior.
3.16.3.1 – DA MENORIDADE.
www.pontodosconcursos.com.br 29
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Aqui, sob a mesma rubrica, vamos tratar daquele que é doente mental e daquele
que tem desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Não é nosso objetivo
discutir os motivos que levam à patologia ou o desenvolvimento mental
incompleto ou retardado. Mais nos interessa as conseqüências.
10
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial.
www.pontodosconcursos.com.br 30
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Assim, por exemplo, aquele que é doente mental, por si só, não é considerado
inimputável. Será inimputável quando a sua condição biológica peculiar lhe retirar
a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
De acordo com o dispositivo, fica fora de dúvida que pelo legislador o aspecto
biológico não basta. Necessário que a condição biológica dê causa à retirada
completa da capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
Inteira incapacidade de
entender e de
determinar-se.
Doença mental ou
desenvolvimento mental
retardado ou incompleto.
www.pontodosconcursos.com.br 31
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
O nosso legislador, no artigo 28 do CP11, cuja letra segue abaixo, com o objetivo
de espancar qualquer dúvida, afirma de forma peremptória que a emoção e a
paixão, bem como a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos, não excluem a imputabilidade penal.
No entanto, o que nos interessa é o disposto no artigo 28, II, parágrafo 1º do CP,
onde o legislador arrola mais uma hipótese de exclusão a imputabilidade. Em tal
dispositivo que segue exposto, o legislador afirma que a embriaguez completa
que decorra do caso fortuito ou de força maior, exclui a imputabilidade, pois o
agente é isento de pena.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
11
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.
www.pontodosconcursos.com.br 32
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Portanto, mais uma vez, há a conjugação de fator biológico com fato psíquico.
Assim, relevante, para a inimputabilidade, o aspecto biopsciológico ou
biopsiquico.
Inteira incapacidade de
entender e de
determinar-se.
Embriaguez completa que
decorra do fortuito ou da
força maior.
Atenção : Se a embriaguez é completa, mas não decorre do fortuito ou da força
maior, sendo, portanto, voluntária ou culposa, não há a retirada da
imputabilidade. Caso completa e decorra de força maior ou caso fortuito,
12
Grecco – Rogério (curso de Direito Penal – Parte Geral – editora impetus).
www.pontodosconcursos.com.br 33
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
www.pontodosconcursos.com.br 34
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
AULA: 3
3.16.4 – DA SEMI-IMPUTABILIDADE.
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Não tem ele toda a imputabilidade, mas também não é inimputável. Em tais
casos, a reprovabilidade da conduta é diminuída, pois ele não pode ser
considerado imputável. Entretanto, inimputável também não o é.
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o
2
Doença mental; desenvolvimento mental incompleto ou retardado e a
embriaguez completa acidental.
www.pontodosconcursos.com.br 2
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Menoridade.
Doença mental. Incompleto.
Inimputabilidade Desenvolvimento mental
Embriaguez completa Retardado.
www.pontodosconcursos.com.br 4
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Caso, de acordo com o caso concreto, não tinha conhecimento do injusto e nem
mesmo podia tê-lo, mesmo que extremamente diligente, há erro de proibição
inevitável, que exclui a culpabilidade, pois ausente a potencial consciência da
ilicitude. Assim, o agente ficará isento de pena.
Exemplo: “A”, holandês, vindo para o Brasil manuseia durante sua viagem um
jornal de circulação nacional onde aparece estampado um caboclo fumando
cigarro de palha. Acreditando ser maconha, pensa ele que, como em seu país,
aqui, em determinados lugares, é permitido o uso do entorpecente. Ao chegar,
passa a fumar seu cigarro de “maconha”, oportunidade em que é preso.
No caso, não tinha ele atual consciência da ilicitude, pois não sabia do injusto.
Necessário perquirirmos se tinha ele condição de conhecer o injusto. Ao
concluirmos que ele não tinha como conhecer o injusto, ausente a potencial
consciência da ilicitude. Assim, excluída a culpabilidade.
Se, todavia, tinha como saber do injusto, sua culpabilidade será diminuída, já que
não tinha atual consciência da ilicitude, mas possuía a potencial consciência da
ilicitude, oportunidade em que a pena diminuída.
www.pontodosconcursos.com.br 5
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Para melhor compreensão da matéria, sugiro uma releitura do que foi exposto
quando tratamos do erro de proibição ou erro sobre a ilicitude do fato (item
3.13).
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato,
quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência.
Quadro Sinótico:
Exclui a culpabilidade.
Não há atual e nem mesmo a potencial
Consciência da ilicitude.
3.16.4 – DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.
Agora, vamos tratar do último dos elementos da culpabilidade. Para que o fato
seja reprovável, culpável, necessário que do agente seja exigida conduta diversa.
Concluímos, então, que quando exigível dele conduta diferente daquela que ele
tomou, o seu agir é dotado de reprovabilidade. Se reprovável, há culpabilidade.
www.pontodosconcursos.com.br 6
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Em contrapartida, quando inexigível conduta diversa daquela por ele tomada, sua
conduta não é dotada de reprovabilidade. Assim, não há culpabilidade.
Aquele que sofre a coação é o coato. Se, coagido, pratica crime, não há
reprovabilidade de sua conduta, pois dele não é possível se exigir uma conduta
diversa.
3
TC MG – FCC (OUTUBRO 2005) – AUDITOR.
61 – A coação moral irresistível exclui a:
a- conduta.
b- culpabilidade.
c- tipicidade.
d- ilicitude.
e- antijuridicidade.
Gabarito oficial: B
www.pontodosconcursos.com.br 7
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Atenção:
Coação física absoluta = exclui a conduta (gera atipicidade).
Coação moral irresistível = exclui a culpabilidade.
Dos Deveres
Art. 116. São deveres do servidor:
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente
ilegais;
www.pontodosconcursos.com.br 8
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Questão interessante
Pergunto:Quando funcionário público pratica crime em obediência a ordem
ilegal, há exclusão da culpabilidade ou não? Respondo: O que faz excluir a
culpabilidade é o cumprimento de ordem não manifestamente ilegal. Assim, se
ilegal a ordem haverá a exclusão da culpabilidade. Só não ocorrerá a exclusão da
culpabilidade quando a ilegalidade for manifesta.
Se o ato não é ilegal, não teremos crime, já que estaremos agindo em estrito
cumprimento do dever legal. A alternativa “b” está correta, pois em que
pese competente o superior hierárquico a ordem por ele dada é eivada de
ilegalidade não manifesta. Assim, exclui-se a culpabilidade. A letra “c” se
mostra equivocada pois a incompetência da autoridade da superior denota
ilegalidade manifesta ou, quando não, ausência de subordinação, oportunidade
em que não tenho a obediência hierárquica. A alternativa “d” traz em si uma
contradição. Se a autoridade é incompetente, a ordem é ilegal. Mas, para o
reconhecimento da exculpante necessário que a ilegalidade seja manifesta.
Portanto, quando não se exige a ilegalidade, não se fala em exclusão da
culpabilidade. A alternativa “e” padece do mesmo defeito da “a”, ou seja, pois aí
não há ilegalidade, se não há ilegalidade, não há crime. Assim, para se falar em
exclusão da culpabilidade a ordem deve ser ilegal. Caso legal, não há que se falar
em exclusão da culpabilidade.
Vamos tratar de tema muito cobrado em concursos públicos. Portanto, nos impõe
cautela excessiva. Trabalharemos dando atenção especial aos dizeres da lei.
Nossa matéria está especialmente prevista na parte inicial do Código Penal, isto
é, do artigo 1º ao 12 do Código Penal.
Em que pese previsão legal, devemos tratar de princípios e teorias aplicáveis, sob
pena de não compreendermos o tema. Ressalto, ademais, que tais princípios e
teorias são muito cobrados nas provas objetivas.
2.1. DA LEGALIDADE4.
4
PROCURADOR DO BACEN – 2001 - ESAF
81- Indique, nas opções abaixo, dois princípios contidos no art. 1º do Código
Penal:
www.pontodosconcursos.com.br 10
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Tal princípio está inserto tanto na Constituição Federal, como também no Código
Penal. Na Constituição Federal está previsto em seu artigo 5º, inciso XXXIX, e no
Código Penal, no artigo 1º.
Código Penal.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal.
Constituição Federal (artigo 5º).
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA :
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
a) da legalidade e da anterioridade
b) da reserva legal e da culpabilidade
c) da proporcionalidade e da legalidade
d) do duplo grau de jurisdição e da reserva legal
e) da culpabilidade e do devido processo legal
Gabarito oficial: A
www.pontodosconcursos.com.br 11
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Assim, ao se exigir LEI como instrumento para se tratar de Direito Penal, estamos
excluindo a possibilidade de fazê-lo por meio de MEDIDAS PROVISÓRIAS e LEIS
DELEGADAS, já que tais instrumentos, em que pese sua generalidade e
imperatividade (qualidades de lei), não obedecem a processo legislativo previsto
para edição de LEIS.
Quando se reserva à lei matéria de Direito Penal, diz-se que estamos diante do
princípio da RESERVA LEGAL. Então, o princípio da reserva legal seria um
princípio menor, mas não menos importante, que integra o princípio da
legalidade.
www.pontodosconcursos.com.br 12
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
A LEI penal deve anteceder ao fato, pois o fato só pode ser considerado crime se
há lei ANTERIOR que o defina como tal. Se não há lei anterior, não há como
saber criminosa a conduta. Para a satisfação da LEGALIDADE, necessário que a
LEI SEJA ANTERIOR AO FATO.
Necessitamos, então, saber quando foi praticado o crime para se saber qual a lei
anterior, oportunidade em que, conhecendo-a, poderemos verificar se a conduta
nela está prevista como crime.
5
PROCURADOR DO BACEN – 2001 - ESAF
81- Indique, nas opções abaixo, dois princípios contidos no art. 1º do Código
Penal:
a) da legalidade e da anterioridade
b) da reserva legal e da culpabilidade
c) da proporcionalidade e da legalidade
d) do duplo grau de jurisdição e da reserva legal
e) da culpabilidade e do devido processo legal
Gabarito oficial: A
www.pontodosconcursos.com.br 13
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Quadro sinótico:
Legalidade
Anterioridade Excluídas: MP e Leis Delegadas
Há princípios que guardam relação íntima com o princípio da legalidade, mas que
com ele não se confundem. Como a doutrina não é uniforme sobre o tema,
trataremos dos mais interessantes, ou melhor, daquele em que há um certo
consenso entre os doutrinadores.
Portanto, podemos concluir que o Direito penal deve se ocupar daquilo que
realmente é realmente grave. O remanescente, que apesar de nocivo, não é tão
grave, exigirá a intervenção do Estado por outros meios que não seja através do
exercício do direito de punir.
www.pontodosconcursos.com.br 14
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Crítica há, por exemplo, ao crime de gestão temerária previsto no parágrafo único
do artigo 4º, da Lei 7492 de 1986.
Quando se fala em aplicação da lei penal no tempo, não podemos desprezar uma
regra universal, isto é, “TEMPUS REGIT ACTUM”, ou seja, a LEI DO MOMENTO
REGE OS FATOS OCORRIDOS EM SEU TEMPO.
Assim, os fatos serão regidos pela lei que impera naquele momento. Aplicando-se
essa regra, teremos respeitado o princípio da anterioridade. Todavia, para se
aplicar a lei de seu tempo, necessário que saibamos quando ou em que momento
foi praticado o crime.
Pela teoria mista, por sua vez, o crime ocorre tanto no momento da conduta,
como no momento em que ocorre ou deveria ocorrer o resultado.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
66
PGE SÃO PAULO (PROCURADOR DO ESTADO) 2002 FCC.
22- Em matéria de eficácia da lei penal no tempo, adotada a regra geral “tempus
regit actum” (prevalência da lei do tempo do fato), a lei aplicável nos casos de
crimes permanentes será a lei :
a- vigente quando se iniciou a conduta ilícita do agente.
b- mais benéfica, independente de quando se iniciou ou cessou a conduta.
c- vigente quando cessou a conduta ilícita do agente.
d- mais severa, independente de quando se iniciou ou cessou a conduta do
agente.
e- vigente quando da prolação da sentença.
www.pontodosconcursos.com.br 16
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe o caso em que “A”, em Campinas SP, desfere golpes de faca em “B” que,
socorrido, é levado ao Hospital das Clínicas em São Paulo, aonde, depois de um
mês, vem a falecer em decorrência dos ferimentos. Pensemos que entre a
conduta e o resultado surja uma nova lei aplicando ao crime de homicídio pena
mais grave. Neste caso, aplicar-se-á a lei da atividade (da conduta).
Portanto, durante seu império, a lei regerá os atos praticados. Quando revogada,
a lei deixa de regular os fatos futuros, já que fora de seu império. Entretanto,
apesar de revogada, a lei ainda será aplicada a fatos ocorridos sob sua vigência,
uma vez que a lei nova não pode retroagir, sob pena de afronta ao princípio da
anterioridade.
Se, por exemplo, um crime é cometido sob o império da lei A. A qual vem a ser
revogada pela lei B, aplicar-se-á ao fato a lei A, mesmo que o fato só seja
descoberto quando já vigente a lei B.
Gabarito oficial: C
www.pontodosconcursos.com.br 17
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Ultra-atividade.
Extra-atividade
Retroatividade.
A lei penal não tem efeito retroativo. Tal impossibilidade decorre do princípio da
anterioridade. Se, para termos um crime e a respectiva pena é necessário que a
lei anteceda ao fato, concluímos, então, que lei posterior ao fato não será a ele
aplicado, uma vez que haveria afronta ao princípio da anterioridade.
É o que estatui o artigo 5º, inciso XL, da CF: “a lei penal não retroagirá, salvo
para beneficiar o réu”.
O benefício da lei nova pode ser grandioso, ou seja, poderá ela não considerar
mais criminoso fato que sob o império da lei anterior o era. Neste caso, há a
conhecida “abolitio criminis”, ou abolição do crime.
Em outras oportunidades, todavia, o benefício pode não ser tão grandioso, mas,
mesmo assim, a lei nova deve ser aplicada retroativamente. É o que ocorre, por
exemplo, quando a lei nova prevê ao crime pena mais branda que aquela prevista
anteriormente.
www.pontodosconcursos.com.br 18
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Na abolitio criminis, a lei nova deixa de considerar como crime fato que sob o
império da lei anterior era criminoso.
Observe, todavia, que os efeitos civis, como o dever de indenizar, são mantidos
íntegros.
7
AUDITOR DO TRABALHO (FISCAL DO TRABALHO) ESAF – 2003 – Prova 2
26- A entrada em vigor de uma lei posterior que deixa de considerar determinado
fato como criminoso exclui:
a) somente a punibilidade.
b) a ilicitude.
c) a imputabilidade penal.
d) somente a culpabilidade.
e) a ilicitude, a imputabilidade penal e a culpabilidade, conforme o caso.
Gabarito oficial: A
8
CGU – ANALISTA – CORREIÇÃO 2006 (ESAF)
41- A lei penal aplica-se retroativamente quando:
a) a contravenção penal torna-se crime.
b) o crime torna-se contravenção penal.
c) a pena de detenção torna-se de reclusão.
d) a pena de multa torna-se de detenção.
e) ocorrer a prescrição da pretensão punitiva.
Gabarito oficial: B
www.pontodosconcursos.com.br 19
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Quando a nova lei beneficia o agente de qualquer modo sem que, contudo, passe
a desconsiderar o fato como crime, não se tratando, portanto, de uma abolitio
criminis, a sua aplicação retroativa também se impõe.
O benefício aqui é qualquer outro que não seja a abolitio criminis. Há, no caso,
uma nova lei em benefício. É o que ocorre, por exemplo, quando a nova lei prevê
para o crime pena menor.
Mesmo que o fato já tenha sido decidido por sentença condenatória transitada em
julgado, a ele aplicar-se-á a lei nova mais benéfica.
No entanto, só será possível estabelecer qual a lei mais benéfica quando diante
do caso concreto.
Lei posterior, segundo parte da doutrina, é inclusive aquela que, tendo sido
publicada, ainda não entrou em vigência, pois em período de “vacatio”. No
entanto, não deixa de ser considerada lei posterior. Sua aplicação retroativa,
independe da vigência.
Todavia, parece-me equivocada tal postura, pois se ainda não entrou em vigência
não gerou a revogação da lei anterior. Se não há revogação, não posso aplicá-la
retroativamente.
As leis normalmente são feitas para duração por prazo indeterminado. Há,
todavia, casos em que o legislador cria leis com vigência efêmera. São as
denominadas leis intermitentes. Surge no ordenamento jurídico para tratar de
situação anormal e transitória. Com isso, sua vigência é breve.
www.pontodosconcursos.com.br 20
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Será EXCEPCIONAL a lei que tem sua vigência atrelada a uma situação anormal.
No exato instante em que a situação de anormalidade cessa, ocorre a revogação
da lei excepcional.
Como são leis intermitentes, de vigência breve, os fatos cometidos sob seu
império, mesmo depois de revogada, serão por ela regidos.
No caso da temporária, é possível que a situação perdure por mais tempo que o
previsto. Então, após sua revogação, o legislador edita uma nova lei temporária,
www.pontodosconcursos.com.br 21
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe o que ocorre com o crime de prevaricação (artigo 319 do CP), cuja
literalidade segue.
Prevaricação
www.pontodosconcursos.com.br 22
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Trata-se de crime próprio, ou seja, que exige do agente uma qualidade especial,
que, no caso, é ser funcionário público. E, não estando essa qualidade definida no
próprio tipo penal, dependo saber o que é funcionário público, para compreender
a norma penal. Dependo, portanto, do complemento que está previsto no artigo
327 do CP.
Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
A norma que se extraí do tipo penal que prevê o crime de prevaricação é uma
norma penal em branco.
Mas, a peculiaridade do crime de prevaricação não para aí. Observe, ainda, que
para compreender o dispositivo necessito conhecer o que é ato de ofício.
O tipo penal não explica o que é ato de ofício. Para tanto, devo me valer de
conceito estabelecido em regulamentos administrativos. Agora, o complemento
não está em lei penal, mas em instrumento outro.
Notamos, então que os complementos podem ou não estar em lei. Quando não
estão, diz-se que a norma penal em branco é heterogênea; e quando
previsto em lei, a norma penal em branco é conhecida como homogênea.
www.pontodosconcursos.com.br 23
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Por ser oportuno, abaixo segue uma questão da ESAF sobre a menoridade do
agente como causa de exclusão da culpabilidade. Vamos resolvê-la. Veremos,
aqui, que para resolver a questão vamos nos valer das regras atinentes à
aplicação da lei penal no tempo.
www.pontodosconcursos.com.br 25
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Para tornar nosso trabalho facilitado não devemos esquecer que trataremos da
lei penal e não da lei processual penal.
Portanto, quando, por exemplo, a lei penal for aplicada aos fatos ocorridos no
exterior (extraterritorialidade), o processo tramitará aqui no território nacional.
O que será aplicada fora do território nacional é a lei penal e não a lei
processual. A respeito da lei processual não há que se falar em
extraterritorialidade.
De pronto, então, reafirmo que a lei penal poderá ser aplicada fora do território
nacional. Quando a extraterritorialidade ocorrer, o processo tramitará perante o
Poder Judiciário nacional, isto é, no território nacional será aplicada a lei
processual penal.
Tais princípios são aplicados à lei penal brasileira. Portanto, a lei penal nacional
será aplicada a fatos ocorridos no território nacional, como também fora dele.
Portanto, impossível tratar de nosso tema sem que definamos: lugar do crime
e território nacional.
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
www.pontodosconcursos.com.br 3
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
PRÓPRIO
Território nacional
Embarcações e aeronaves
brasileiras: públicas ou a
serviço do Estado (qualquer
lugar do globo) e privadas em
águas ou terras de ninguém
Agora, vamos tratar da aplicação da lei penal no território nacional e fora deles.
Portanto, trataremos da territorialidade e da extraterritorialidade da lei penal.
Para tanto, precisaremos saber se o crime foi cometido dentro ou fora do
território nacional. Já sabemos quando uma situação ou outra ocorre.
2.3.3. DA TERRITORIALIDADE.
Territorialidade
www.pontodosconcursos.com.br 5
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
É o que ocorre quando, por meio de regras de direito internacional, o Brasil abre
mão do direito de punir, oportunidade em que, de regra, aplica-se ao fato lei
alienígena.
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido no território nacional.
www.pontodosconcursos.com.br 6
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
1
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
2
Artigo 27, § 1º, da CF: Será de quatro anos o mandato dos Deputados
Estaduais, aplicando-sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
3
Artigo 29, VIII da CF: inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras
e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.
4
PROCURADOR DO BACEN – 2002 – ESAF.
92- Em relação à imunidade do vereador, é certo afirmar-se:
a) somente pode ele ser submetido a processo penal, nos casos em que não
ocorrer a imunidade material, se houver prévia licença da Câmara dos
Vereadores.
b) é ele inviolável por opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato e na
Circunscrição do Município.
c) a Constituição lhe assegura, de forma ampla e irrestrita, imunidade absoluta,
tal como ocorre com os deputados e senadores.
d) possui ele imunidade parlamentar processual, nos casos em que não ocorrer a
imunidade material.
e) é ele inviolável por opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato e ainda
que fora da Circunscrição do Município. Gabarito oficial:B
www.pontodosconcursos.com.br 7
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
5
"A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF,
art. 53, caput) — que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o
exercício independente do mandato representativo — somente protege o membro
do Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este
exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa
legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem
conexão com o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham
sido proferidas em razão dela (prática propter officium), eis que a superveniente
promulgação da EC 35/2001 não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar
da cláusula da inviolabilidade. A prerrogativa indisponível da imunidade material
— que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não
traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) — não se
estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem
estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula constitucional
da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o
parlamentar, supõe a existência do necessário nexo de implicação recíproca entre
as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício
congressional, de outro. Doutrina. Precedentes. A situação registrada nos
presentes autos indica que a data da suposta prática delituosa ocorreu em
momento no qual o ora denunciado ainda não se encontrava investido na
titularidade de mandato legislativo. Conseqüente inaplicabilidade, a ele, da
garantia da imunidade parlamentar material." (Inq 1.024-QO, Rel. Min. Celso de
Mello, DJ 04/03/05).
www.pontodosconcursos.com.br 8
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
QUESTÃO INTERESSANTE:
Por cautela, o legislador, no parágrafo 2º, artigo 5º, do CP, estabelece que, a fato
ocorrido dentro de aeronaves ou embarcações estrangeiras, de propriedade
privada, que se achem em pouso no território nacional ou sobrevoando o espaço
aéreo respectivo ou, no caso das embarcações, navegando no mar territorial ou
aportadas, será aplicada a lei penal brasileira.
6
“A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa prerrogativa.”
(SÚM STF. 245)
www.pontodosconcursos.com.br 9
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Síntese conceitual:
Território nacional: é o espaço onde determinado Estado exerce com
exclusividade sua soberania
Território próprio: toda a base territorial por nós conhecida (o mapa), acrescida
do mar territorial, que é a extensão de 12 milhas mar à dentro, a contar da baixa
maré.
Território por extensão: Embarcações e aeronaves brasileiras: públicas ou a
serviço do Estado (qualquer lugar do globo) e privadas em águas ou terras de
ninguém
Territorialidade: aplicação da lei penal no território nacional.
Territorialidade absoluta: Impossibilidade de, no território nacional, aplicar-se
outra lei penal, que não a nacional. Só se aplica a lei penal brasileira no território
nacional.
Territorialidade temperada: Adota como regra a aplicação da lei penal
brasileira no território nacional. Entretanto, em determinadas hipóteses, permite
a aplicação de lei penal estrangeira a fatos cometidos no Brasil (artigo 5º do CP).
Imunidade: exclusão da aplicação da lei penal.
Imunidade diplomática e consular: São imunidades previstas em Convenções
Internacionais chanceladas pelo Brasil.
Imunidade parlamentar: Previstas na Constituição Federal aos Membro do
Poder Legislativo.
www.pontodosconcursos.com.br 10
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
EXCEÇÕES:
b- Imunidades parlamentares.
Próprio ou por
extensão Ex:Membros do Congresso Nacional
(artigo 53 da CF).
Deputados Estaduais (artigo 27,
parágrafo 1º, da CF).
Vereadores (artigo 29, VIII da CF).
2.3.4. DA EXTRATERRITORIALIDEADE.
2.3.4.1. INCONDICIONADA
De acordo com o que dispõe o artigo 7º, parágrafo 1º, do CP, aos crimes
cometidos no exterior será aplicada a lei penal brasileira de forma incondicionada,
quando cometidos:
www.pontodosconcursos.com.br 11
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Precisamos, aqui, definir alguns conceitos. Crimes contra o patrimônio são aqueles
arrolados no Código Penal (artigos 155 a 183 do CP). São exemplos: furto,
estelionato, roubo, apropriação indébita, receptação etc...
Crimes contra a fé pública são aqueles que atendam contra a convicção de que os
documentos trazem sim a representação da verdade.
Portanto, fé pública nada mais é que a convicção que nós temos de que os
documentos representam a verdade. Crimes que maculam a fé pública são os
crimes de falsidade arrolados no Título X, do CP. São Exemplos os crimes de
moeda falsa (artigo 289), falsidade ideológica (artigo 299), supressão de
documento (artigo 305).
www.pontodosconcursos.com.br 12
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Assim, se no exterior um indivíduo furta (artigo 155 do CP) bem (veículo oficial)
da embaixada brasileira, será aplicada a lei penal brasileira, incondicionalmente.
Aqui, no entanto, quando se exige que o crime seja praticado por quem está a
serviço da administração pública, está a se exigir que o crime seja funcional.
Mais uma vez adotado, para aplicação da lei penal brasileira no exterior, o
princípio da defesa ou proteção.
2.3.4.2. CONDICIONADA.
www.pontodosconcursos.com.br 13
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
7
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
www.pontodosconcursos.com.br 14
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Cuida o caso de fato ocorrido no exterior, já que não estamos diante de hipótese
de território por extensão. O fato foi cometido dentro de aeronave ou embarcação
brasileira, mercante ou privada, quando dentro do território estrangeiro. Assim,
não se pode falar em território nacional por extensão. Todavia, aplicar-se-á a lei
penal brasileira, desde que concorram as condições previstas em lei.
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.
As condições exigidas para, aos casos previstos no artigo 7º, inciso II, do CP,
aplicar-se a lei penal brasileira estão previstas no seu parágrafo 2º, cuja
literalidade segue.
www.pontodosconcursos.com.br 15
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Antes, todavia, de tratarmos de cada uma delas, devo ressaltar desde de já que
as condições devem coexistir e, portanto, de forma cumulativa. Assim,
ausente uma que seja, não se permitirá a aplicação da lei penal brasileira.
Necessário, então, a coexistência (a simultaneidade) de todas as condições
previstas no artigo 7º, parágrafo 2º, do CP.
Para aplicação da lei penal brasileira, nos casos do inciso II, necessário que o
agente ingresse no território nacional. Não se exige a permanência. Basta,
portanto, a simples passagem, mesmo que ilegal. A entrada no território nacional
pode também ser compulsória (extradição pedida pelo Brasil) ou voluntária.
O fato delituoso deve ser também punível no país onde foi praticado. Se praticado
em país que entende lícita a conduta, a esta, apesar de punível no Brasil, não
será aplicada a lei penal.
www.pontodosconcursos.com.br 16
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
Necessário que o crime praticado no exterior seja daqueles que a lei brasileira
admite a extradição. O Estatuto do Estrangeiro trata das condições de
admissibilidade da extradição.
8
Bigamia
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
www.pontodosconcursos.com.br 17
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
Caso o agente foi absolvido no estrangeiro, não se admite a aplicação da lei penal
brasileira. O mesmo ocorre quando, condenado, lá cumpriu a pena imposta.
Observe que o fato de lá ter sido julgado não impede a aplicação da lei penal
brasileira, quando não houve o cumprimento da pena.
9
Prado – Luiz Regis (Comentários ao Código Penal – Editora RT).
10
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de
opinião;
www.pontodosconcursos.com.br 18
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Caso os fatos tenham sido julgados no exterior, apesar de não ter o agente
cumprido pena, não se admitirá a aplicação da lei penal brasileira.
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
Se o agente foi perdoado no exterior ou, por outro motivo qualquer, estiver
extinta a punibilidade, não se aplicará a lei penal brasileira. Aqui, levar-se-á em
conta a lei mais favorável. Portanto, se extinta a punibilidade, por qualquer
motivo, não se aplicará a lei penal brasileira.
Aqui, para aplicação da lei penal brasileira, necessário que presentes estejam
todas as condições já vistas (Artigo 7º, parágrafo 2º, do CP) acrescidas das
condições especiais arroladas nas alíneas “a” e “b” do parágrafo 3º do artigo 7º.
Síntese conceitual:
Requisição do Ministro da Justiça:
1- Ato político, discricionário.
2- Não vincula o condiciona o Ministério Público.
3- Não respeita prazo decadencial.
11
Em síntese:
A sentença estrangeira poderá ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos
civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
www.pontodosconcursos.com.br 23
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Os prazos penais serão contados de acordo com o que dispõe o artigo 10 do CP.
Assim, o dia do começo inclui-se na contagem do prazo. Aqui, a principal
diferença do prazo penal frente o prazo processual penal. Neste, exclui-se o dia
do começo.
Se, todavia, intimado da sentença hoje, dia útil, o prazo para eventual recurso
será contado a partir do dia útil imediatamente seguinte. Assim, nos dizeres do
legislador, na contagem do prazo processual, o dia do começo não é incluído na
contagem.
12
CGU – ANALISTA – CORREIÇÃO P 3 2006 (ESAF) DIREITO PENAL E
PROCESSUAL PENAL
48- A pratica o crime às 23 horas e 32 minutos do dia 27 de novembro.
O prazo prescricional começa a fluir
a) no dia 27 de novembro.
b) no dia 28 de novembro.
c) no dia da instauração do inquérito policial.
d) no dia do oferecimento da denúncia.
e) no dia do recebimento da denúncia.
Gabarito oficial: A
www.pontodosconcursos.com.br 24
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
As regras gerais do Código Penal devem ser aplicadas às leis especiais quando
estas não tratarem de modo diverso. Assim, as regras gerais do CP têm caráter
subsidiário. Serão elas aplicadas quando a legislação especial não dispuser de
forma diversa.
São regras gerais do Código Penal aquelas estatuídas na sua parte geral (artigo
1º ao 120) bem como nos dispositivos insertos na Parte Especial (artigo 121 a
359 H), desde que não incriminadores, isto é, desde que não definam crime e
estabeleçam a respectiva pena.
www.pontodosconcursos.com.br 25
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
MPDF – 2003.
Com relação à aplicação da lei penal, é correto afirmar-se que
A a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se a fatos
anteriores ainda não decididos por sentença.
B ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução, preservando-se, no entanto, os efeitos
penais da sentença condenatória.
C a lei excepcional ou temporária, decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, perde a sua eficácia, mesmo
com relação aos fatos praticados durante a sua vigência.
D considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.
E ficam sujeito à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes
contra a vida ou a liberdade de governador de Estado brasileiro.
Gabarito oficial: D.
Resolução: A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente será aplicada
ainda que os fatos já tenham sido decididos por sentença penal transitada em
julgado. É o que prevê o artigo 2º, parágrafo único, do CP. Assim, incorreta a
letra A. A alternativa B também está incorreta. Trata ela da abolitio criminis
prevista no artigo 2º, caput, do CP. Sabemos que a abolitio criminis faz cessar a
execução da pena bem como os efeitos penais da sentença penal condenatória. A
alternativa C também está incorreta, já que as leis excepcional ou temporária
continuam a reger os fatos ocorridos sob sua vigência, mesmo depois de
autorevogadas (artigo 3º, do CP). A alternativa E está incorreta, pois aplica-se a
lei penal brasileira, de forma incondicionada, quando praticado o fato no exterior
em detrimento da VIDA ou LIBERDADE do Presidente da República e não do
Governador de Estado. A alternativa D está perfeita, já que, de acordo com o
artigo 4º, do CP, considera-se praticado o crime no momento da conduta
(atividade) independentemente de quando vem a ocorrer o resultado.
www.pontodosconcursos.com.br 26
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
1
(Artigo 155 do CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa.)
2
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Não podemos, ademais, nos esquecer de que uma coisa é a definição legal da
conduta delituosa; outra, bem diferente, é a concreção do fato social tido como
criminoso.
Então, para que não tornemos tormentoso o trato da matéria, devemos analisar
isoladamente cada acontecimento: fato social e fato abstrato (definição legal do
crime).
Observe, no quadro acima, que o fato social (coluna A) tem correspondência com
o fato definido como crime (Coluna B). Portanto, posso dizer que a conduta de
José (subtrair) é um fato típico, pois se ajusta ao modelo (tipo) de conduta
previsto na lei penal.
COLUNA (C)
Fato Social:
José subtrai para si o relógio de
Joaquim, mediante o emprego de
violência.
www.pontodosconcursos.com.br 2
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
der ao fato social uma conotação tal que o torne perfeitamente adequado a outro
fato abstrato, não haverá o crime da coluna B. Mas, outro.
Coluna D.
Fato definido na lei:
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia,
para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de
resistência.
www.pontodosconcursos.com.br 3
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Para, então, iniciarmos nosso trabalho, mister que saibamos os conceitos gerais
dos elementos que em cada crime, de forma específica, nos interessarão. Assim,
no quadro abaixo trago uma explanação ampla de cada um dos elementos que
nos interessará.
Dica importante: Como o direito penal é o que denomino direito das condutas,
necessário que, no trato dos crimes em espécie, dispensemos atenção especial ao
verbo. Este indicará a conduta do agente: comissiva (ação) ou omissiva
(abstenção). Não poucas vezes servirá de subsídio para distinguir um crime do
outro.
www.pontodosconcursos.com.br 4
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Aqui, vamos tratar dos chamados crimes funcionais. São crimes próprios, pois
exigem do sujeito ativo uma qualidade especial: ser funcionário público. Assim,
antes de qualquer coisa, necessário que conceituemos funcionário público para
efeito penal.
Todos os crimes que analisaremos neste item trazem em si uma norma penal
dependente de complementação. Para compreendê-los, necessitamos de
conhecer o conceito de funcionário público, o qual não está inserto em cada tipo
penal.
3
Sobre normas penais em branco, vide o item 2.2.3.
www.pontodosconcursos.com.br 5
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Funcionário público4
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Primeira coisa que aqui nos chama a atenção é a amplitude do conceito. Segundo
dispõe o artigo 327, “caput”, considera-se funcionário público, PARA EFEITOS
PENAIS, quem exerce, transitoriamente ou não, remuneradamente ou não, cargo,
emprego ou função pública.
4
EXAME DA OAB ESPIRITO SANTO 2005 (FCC) – prova 1.
(39)- Equipara-se a funcionário público para efeitos penais:
a- quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada para execução
de atividade típica de administração pública.
b- os que exercem múnus público, em que prevalece o interesse privado, como
nos casos de tutores e curadores dativos.
c- o preso que executa trabalho interno em estabelecimento prisional destinado
a sua reinserção social.
d- os advogados em geral, em razão do alcance social da função técnica que
desenvolvem no exercício de sua função.
Gabarito oficial: A
www.pontodosconcursos.com.br 6
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
www.pontodosconcursos.com.br 7
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
O parágrafo 2º do artigo 327 traz a figura de uma qualificadora que se aplica aos
crimes que veremos adiante. Assim, se o crime é praticado por quem tem cargo
em comissão ou função de confiança, a pena será aumentada de até a terça
parte.
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em
proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe
proporciona a qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime
de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano,
se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
www.pontodosconcursos.com.br 8
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
5
PFN 2006 - ESAF
86- Delúbio, funcionário público, motorista do veículo oficial - Placa OF2/DF,
indevidamente, num final de semana, utiliza-se do carro a fim de viajar com a
família. No domingo, à noite, burlando a vigilância, recolhe o carro na garagem
da Repartição. Delúbio cometeu crime de
a) peculato.
b) apropriação indébita.
c) peculato de uso.
d) peculato-desvio.
e) furto.
Gabarito oficial: D
www.pontodosconcursos.com.br 9
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
6
TC MG 2005 FCC.
62.No peculato, o objeto material do crime pode ser dinheiro, valor ou qualquer
bem:
a- móvel ou imóvel, particular.
b- móvel, sempre público.
c- móvel ou imóvel, público ou particular.
d- móvel ou imóvel, sempre público.
e- móvel, público ou particular.
Gabarito oficial: E
7
Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
www.pontodosconcursos.com.br 10
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
É, entretanto, necessário que o partícipe, para que responda pelo mesmo crime,
tenha conhecimento da condição de funcionário público do autor. Caso contrário,
isto é, caso não conheça a condição de funcionário público, responderá por outro
crime, como, por exemplo, por furto.
8
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime.
www.pontodosconcursos.com.br 11
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Agora, vamos tratar do crime definido no parágrafo 1º do artigo 312 do CP. É ele
conhecido como peculato-furto. Observe a letra da lei.
9
Prado – Luiz Régis Prado (Comentários ao Código Penal – Editora RT – página
637 – 2ª edição).
www.pontodosconcursos.com.br 13
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe que, no exemplo, “A” não tinha a posse do bem. Todavia, tinha
conhecimento, decorrente do seu cargo, de onde seu colega de trabalho guardava
tal numerário.
Imaginemos, agora, que “A” não tivesse subtraído o bem. Mas, passou a “C”,
particular (não funcionário), a facilidade que possuía; e este, agora se valendo da
facilidade, subtraiu a coisa (numerário). Neste caso, “A” responderá por peculato,
pois concorreu para que outrem viesse a subtrair o bem. Necessário, todavia, que
a colaboração seja exatamente passar àquele a facilidade que detinha em razão
do cargo.
QUESTÃO INTERESSANTE:
Pergunto: Quando “A” concorreu para que outrem subtraísse praticou ele crime
de peculato como seu autor ou partícipe? Respondo: Autor é aquele que pratica
a conduta descrita no verbo do tipo penal (ex: matar, no homicídio; e subtrair, no
furto.). Partícipe, por sua vez, é aquele que concorre, colabora, sem realizar a
conduta descrita no tipo penal, para a efetivação do crime. No caso em tela, “A” é
autor, já que o verbo descrito no tipo penal é concorrer para a subtração.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime
de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano,
se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
www.pontodosconcursos.com.br 14
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe, no entanto, que não houve por parte do agente vontade de colaborar
para a subtração. No caso, ele concorreu CULPOSAMENTE para o crime de
outrem. O crime praticado por outrem pode ser o furto, a apropriação ou o
desvio.
www.pontodosconcursos.com.br 15
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
10
AUDITOR DO TRABALHO (FISCAL DO TRABALHO) ESAF – 2003
30- Assinale a opção correta.
José da Silva, funcionário público municipal, encontrava-se em serviço na caixa
de recebimentos de impostos prediais, local próprio para pagamentos de tributos
em atraso. No final do dia, ao invés de depositar todos os valores recebidos na
conta da Fazenda Pública, desviou dois cheques com a ajuda do bancário João,
depositando-os em sua conta particular, pretendendo devolver a importância aos
cofres públicos no prazo de 3 dias.
a) se José da Silva restituir a importância devida aos cofres públicos antes da
sentença, será extinta a sua punibilidade.
b) João responderá em co-autoria por peculato culposo.
c) José da Silva não faz jus à extinção da punibilidade mesmo que restitua a
importância, pois cometeu crime de peculato doloso.
d) João não responderá de modo algum em co-autoria com José de Silva.
e) José da Silva não cometerá qualquer crime se devolver a importância aos
cofres públicos antes do recebimento da denúncia já ofertada pelo Ministério
Público.
Gabarito oficial: C
www.pontodosconcursos.com.br 16
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Sentença penal irrecorrível é aquela que não pode mais ser objeto de recurso.
Houve, no caso, o denominado transito em julgado da sentença. Disso decorre
sua imutabilidade, ou seja, a coisa julgada.
11
TRE AMAPA (JUD) FCC 2006.
47 – Em relação ao crime de peculato culposo, no qual o funcionário, por
negligência, imprudência ou imperícia, permite que haja apropriação ou desvio,
subtração ou concurso para esta, por outrem (artigo 312, parágrafo 2º, do CP)
www.pontodosconcursos.com.br 17
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Exemplo: José é intimado a levar, para perícia, seu relógio até a delegacia de
polícia. Lá chegando, entrega seu bem a João, o porteiro, sendo que o correto
seria entregá-lo ao Delegado de Polícia. No entanto, João, recebe o bem e,
recebendo-o, resolve se apropriar.
Note, no exemplo acima, que João não provocou o erro. A sua conduta foi manter
em erro a vítima e, com isso, se apropriar do bem.
www.pontodosconcursos.com.br 18
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Sujeito ativo: funcionário público. Mas não qualquer funcionário público. Aqui,
para que o crime exista o funcionário deve estar autorizado a fazer as
modificações necessárias no banco de dados.
12
TJ – REGISTROS PÚBLICOS 2002 (VUNESP)
36. O funcionário autorizado que exclui indevidamente dados corretos dos
sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano comete
o crime de
(A) modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações.
(B) falsidade ideológica.
(C) inserção de dados falsos em sistema de informações.
(D) falsificação de documento público.
Gabarito oficial: C
www.pontodosconcursos.com.br 19
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
CONFRONTO.
Note que a vantagem objetivada pelo agente não pode a
ele ter sido oferecida ou prometida. Também não pode
decorrer de sua solicitação. Caso haja interferência externa
(solicitação, promessa ou oferta) estaremos,
eventualmente, diante do crime de corrupção passiva
(artigo 317 do CP). No crime do artigo 313-A, o agente
objetiva vantagem que existe em seu íntimo (interesse
pessoal) e que advirá, normalmente, da própria
administração pública. Exemplo: Os casos de dados falsos
lançados no sistema de informação do INSS, de onde se
extrai vantagem indevida: pagamento de benefícios
previdenciários.
www.pontodosconcursos.com.br 20
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Observe que, aqui, o dano, seja para a Administração Pública seja para o
particular (administrado) não necessita ser objetivado pelo agente. Mas, apesar
de não buscado, havendo o resultado danoso, a pena será aumentada. Trata-se,
então, de uma circunstância que fará com que a pena seja aplicada com maior
severidade.
www.pontodosconcursos.com.br 21
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
www.pontodosconcursos.com.br 22
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
CONFRONTO.
Lei 8137/90 – Capítulo I – DOS CRIMES CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA. Seção II – PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO
PÚBLICO.
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além
dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer
documento, de que tenha a guarda em razão da função;
sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição
social.
Sujeito ativo: Funcionário público que tem competência para dispor de verbas e
rendas públicas.
CONFRONTO:
Caso o agente desvie ou se aproprie de verbas ou rendas, há
crime de peculato e não o crime em tela.
www.pontodosconcursos.com.br 24
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
11.1.8. CONCUSSÃO.
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
13
PROCURADOR DO BACEN – 2002 – ESAF.
89- “A”, funcionário público, que é o responsável por estabelecimento hospitalar
estadual, exige dos segurados pagamento adicional pelos serviços prestados.
Nesta hipótese, “A” responderá por:
a) corrupção ativa.
b) apropriação indébita.
c) corrupção passiva.
d) concussão.
e) extorsão indireta.
Gabarito oficial: D.
www.pontodosconcursos.com.br 25
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
CONFRONTO:
Na lei 8137/90 há crime funcional absolutamente parecido com o
crime de concussão, observe o confronto abaixo.
Lei 8137/90 – Capítulo I – DOS CRIMES CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA. Seção II – PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO
PÚBLICO.
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além
dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940
- Código Penal (Título XI, Capítulo I):
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu
exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar
promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar
tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Conduta: EXIGIR.
www.pontodosconcursos.com.br 26
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Excesso de exação
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido,
emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei
não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
27.12.1990)
www.pontodosconcursos.com.br 27
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Necessário para que exista o crime que, em primeiro lugar, haja a cobrança de
tributo ou contribuição social indevido (indevido, porque a cobrança é inoportuna
ou porque o valor da cobrança excede o valor devido) e, em segundo lugar, que,
apesar de devido, o meio empregado é contra a lei, além de vexatório ou
gravoso.
www.pontodosconcursos.com.br 28
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
www.pontodosconcursos.com.br 29
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Atenção: observe que a atual redação do parágrafo 1º foi determinada pela Lei
8137/90. Assim, não é crime contra a ordem tributária. Mas sim, crime contra a
administração geral.
Questão interessante:
Pergunto: Quando o funcionário público recebe o que cobrara devidamente e
desvia-o em proveito próprio ou alheio, houve crime de excesso de exação?
Respondo: Não houve excesso de exação, já que cobrara o devido. No caso do
desvio do bem, houve crime de peculato.
14
MPE SERGIPE 2002 FCC
9. A concussão e a corrupção passiva, esta na forma de
solicitar, são crimes
(A) formal e material, respectivamente.
(B) materiais.
(C) material e formal, respectivamente.
(D) permanentes.
(E))formais.
Gabarito oficial: E.
www.pontodosconcursos.com.br 30
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a
pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
15
MPE SERGIPE 2002 FCC
9. A concussão e a corrupção passiva, esta na forma de solicitar, são crimes
(A) formal e material, respectivamente.
(B) materiais.
(C) material e formal, respectivamente.
(D) permanentes.
(E))formais.
Gabarito oficial: E.
www.pontodosconcursos.com.br 31
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
16
MPE AMAPÁ 2005 FCC.
12- 38 - Na corrupção passiva é certo afirmar:
(a) O sujeito ativo do crime é o Estado, particularmente, a Administração pública,
posto que é ele o titular do bem jurídico penalmente tutelado.
(b) Para incidência do tipo, mister tenha o agente consciência de que recebe ou
aceita a retribuição por um ato funcional que já praticou ou deve praticar;
(c) O elemento subjetivo do tipo é a culpa, haja vista que o agente só poderá
praticar o crime por negligência;
(d) Trata-se de crime impróprio, unissubjetivo, não instantâneo, informal e de
conteúdo não variado.
Gabarito oficial: b.
17
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL – RN (ANALISTA JUDICIÁRIO = ÁREA
JUDICIÁRIA) 2005 – FCC.
(56) – Também ocorre o crime de corrupção passiva quando o funcionário público
a- recebe, para si, diretamente, ainda que fora da função, mas em razão dela,
vantagem indevida.
b- exige, para outrem, indiretamente, antes de assumir sua função, mas em
razão dela, vantagem indevida.
c- desvia, em proveito próprio, dinheiro ou qualquer valor público de que tem a
posse em razão do cargo.
d- se apodera, em proveito de terceiro, de dinheiro ou valor, embora não tenha a
posse deles, valendo-se de sua função pública.
e- oferece vantagem indevida a outro servidor público para determiná-lo a
praticar ou omitir ato de ofício.
Gabarito oficial: A
www.pontodosconcursos.com.br 32
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
Questão interessante:
Pergunto: O receber, como conduta descrita no tipo, é o receber que decorre de
eventual solicitação feita pelo funcionário público? Respondo: Não. Quando o
funcionário público solicita, o crime já se consumou, sendo que o recebimento
(obtenção) posterior à solicitação é o exaurimento do crime, ou pos factum
impunível. O receber, como conduta típica, é aquele que não decorre de
solicitação. Se não há solicitação, houve uma oferta. Assim, o receber descrito no
tipo penal é aquele que decorre de uma oferta feita ao funcionário e não aquele
que decorre de sua solicitação.
Figura privilegiada: De acordo com o parágrafo 2º, A pena será menor, mas
não deixa de ser corrupção passiva se o agente pratica, deixa de praticar ou
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem.
www.pontodosconcursos.com.br 33
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
CONFRONTO:
18
Crimes contra administração pública – praticados por qualquer pessoa.
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem
ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
dever funcional.
www.pontodosconcursos.com.br 34
CURSOS ON-LINE – DIR. PENAL – CURSO BÁSICO
PROFESSOR JÚLIO MARQUETI
www.pontodosconcursos.com.br 35