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ESCALAPB 2% 5% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 95% 98% PB

100% ESCALACOR 2% 5% 10% 15% 20% 30% 40% 50% 60% 70% COR
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Produto: EST_SUPL1 - INFORMATICA - 10 - 14/07/08


L10 - Cyan Magenta Amarelo Preto

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SEGUNDA-FEIRA, 14 DE JULHO DE 2008


L10 LINK O ESTADO DE S.PAULO

■■■ ‘NomePróprio’,baseadonaobradeClarah Averbuck,falasobreojovemdehoje:ainternet tem culpa ouéa salvação?


FOTOS: DIVULGAÇÃO E ARQUIVO PESSOAL

DOBLOGPARAOCINEMA- Em cenas do filme, a personagem Camila busca a expressão para o blog e toma banho com um dos amores fugidios; acima Leandra e Clarah. que hoje são amigas, em foto de arquivo pessoal

Blogs chegam ao cinema em tom lírico


parainvestigarocomportamen- na praia mesmo. Os atos não por causa da internet.
Cinema to do jovem contemporâneo. sãoprecedidosporqualquerjul- “Camila é muito influenciada
A relação é indiscutível. A in- Diretor se vê como crítico da web gamento.Eaculpadepoissedis- por São Paulo, mas poderia ser
: LUCAS PRETTI ternet fezcom que as angústiase solve em e-mails e posts. de qualquer lugar cosmopolita.
conflitos de pessoas comuns se O diretor de “Nome Próprio”,
●● ● por identidade de seres desampa- “NomePróprio conseguefugir Nova York, Berlim, por exem-
tornassem públicos, diferente- Murilo Salles, se motivou a filmar rados. “É maluco ficar diante de dos temas sociais e de violência plo”, afirma a escritora. Apesar
Cada gole ou tragada de Clarah mente das gerações anteriores, a obra de Clarah Averbuck após um monitor achando que está fa- quetêmpredominadonocinema deseuuniversoestarrepresenta-
rendiam algumas palavras no que podiam até desabafar, mas saber pelos jornais em 2002 que lando com o mundo inteiro, quan- brasileiro”, disse ao Link a atriz do em Nome Próprio, Clarah não
blog.Os desamoresgeravamca- em papéis estáticos, pouco aces- o blog Brazileira!Preta era o oita- do tem uma tela fria ali”, diz. “Vo- Leandra Leal. “Nossa sociedade participou do roteiro e de certa
pítulos inteiros, assim como síveis. A vida de Clarah Averbu- vo diário pessoal mais acessado cê pode dar sentido a isso, mas tem muitos problemas, é rica em formarenegaoresultadodopro-
aventuras sem grana em algum ckfoimuitotransformadapelain- do mundo. “Ali eu disse: ‘Opa, eu não necessariamente existe.” complexidade, e deve ser tema cesso criativo de Murilo Salles.
buraco estranho de São Paulo teraçãocomaspalavrasnainter- quero saber quem é esse ser hu- Por isso a Camila de Salles não é de filme, claro. Mas nós optamos “Faltou na Camila do filme o sar-
ou Londres. As palavras provo- net.OdiretorMuriloSalleslevou mano’.” Ele não nega sua “ori- a mesma de Clarah. Mesmo evitan- por uma solução mais madura.” casmo, uma característica bem
caram, acalmaram, chocaram e a peculiaridade ao extremo e in- gem”: é um homem de 57 anos do preconceitos, o processo criati- Apesar dos recursos para marcante da Camila do livro.”
ganharam vida própria. Mas aí terpretou Camila como uma ga- sugerindo uma visão artística so- vo do diretor resultou numa prota- produção terem somado R$ 1,3 Hoje,Clarahsemantéminde-
já era outra a escriba, Camila, rota que só sobrevive se rodeada bre o universo de uma mulher de gonista mais frágil e vitimizada. milhão, os produtores conside- pendente. Aceitou a idéia da edi-
com uma vida ficcional bem por letras (e por uma conexão). 20 e poucos completamente liga- Salles também procurou fugir da ram Nome Próprio um filme in- toraConradeliberouparadown-
mais interessante. Ela experi- Clarah criou na personagem da à cultura da internet. temática “miserabilista e bárba- dependente. Para divulgação, load gratuito o livro Máquina de
mentou de tudo, polemizou, riu Camilaseualterego.Elaaparece Apesar do risco natural, o filme ra” exigida internacionalmente Salles teve apenas R$ 65 mil, Pinball(www.lojaconrad.com.br/
desimesmaechegouaosjornais em dois romances da escritora, não cai em clichês. Acaba sendo do cinema brasileiro. “Alguma contra, por exemplo, R$ 2,5 mi- download_maquina.asp). Recu-
com dois livros publicados... Máquina de Pinball (Conrad, mais uma reflexão sobre o isola- coisa me dizia que o caminho era lhões de Meu Nome Não é Jo- sou convites de grandes portais
Masnãotinhaumrosto.Foiuma 2002) e Vida de Gato (Planeta, mento contemporâneo, a busca falar de internet.” ● L.P. hnny.Foiobrigadoausarainter- para hospedar seu atual blog, o
terceira mulher, Leandra, que 2004), mas já era desenhada no net e outras formas criativas e AdiósLounge(adioslounge.blogs-
fez Camila ganhar identidade. blog Brazileira!Preta (brazileira- inovadoras para promover o fil- pot.com). Porisso cria a filhade 4
Nome Próprio é o primeiro fil- preta.blogspot.com),hojedesativa- umfilmesilencioso,contemplati- não perde oportunidades. me (veja texto abaixo). anos com alguma dificuldade.
mebrasileiroasebasearemtex- do.Sallescomprouosdireitosso- voedeaçãofirmeecontundente. Em uma das passagens, pre- Clarah Averbuck sabe bem o “Não tem problema fazer as coi-
tos publicados na internet e ter breasobraseoblogedesde2005 O longa conta episódios da sentes no livro e na vida real de que é isso. Antes do Brazileira! sas por dinheiro. Mas não dá pa-
como personagem principal matuta a produção do longa. história de Camila, brasiliense Clarah, ela pede ajuda financei- Preta, em 1999, ficou conhecida ra abrir mão de certas coisas.”
uma blogueira. Clarah Averbu- O diretor carioca de 57 anos recém-chegada a São Paulo que ra para os leitores do blog. Con- nomailzineCardosOnline,quere- Escrever na internet é uma
ck, a autora, é a criadora de Ca- queria saber o que causa a soli- leva a vida de carona no aparta- segue até um lugar para morar velou também os escritores Da- dessas coisas. Arriscar e se di-
mila Jam, vivida na telona pela dão existencial contemporânea mentodeamigos.Bebe,fuma,se antes de ser despejada. Em ou- nielGaleraeDanielPellizzari.Re- vertir exageradamente tam-
atriz LeandraLeal. O filme,diri- e quanto a internet tem de culpa dopa e vive intensamente mes- tra seqüência, ela deseja e pas- cém-chegada em São Paulo após bém. No fim, a idéia é transfor-
gido por Murilo Salles e com es- ousalvaçãonisso.“Éumfilmeso- moamaisfugazdaspaixões.Ca- sa uma noite com o namorado ter nascido e crescido em Porto mar a própria vida em persona-
tréiaprevista emtodo País para brequem viveapósofimdasuto- mila, um recorte da mulher con- de uma amiga. Bêbada, ela na- Alegre(RS),Clarahtransformou gem de blog, livro,filme. E en-
sexta-feira, dia 18, não fala ape- pias,ovaziodenãotermotivopa- temporânea e da geração da in- da nua, se afoga, é salva pelo tal sua vida em ficção e acabou lide- tender que identidade é um tro-
nas de internet. Mas usa a rede ra lutar”, afirma. O resultado foi ternet,não titubeiaaose expor e namorado e acaba transando randoum movimento que existia ço que se ganha na marra. ●

je e que, sim, ainda há ali a

Nofilme,quemvivena obra de Clarah Averbuck.


Se, quando fala, Camila às
vezes não convence, quando
Usuários do MySpace
internetésolitário.Será?
age, ah, aí o espectador se me-
xe incomodado. A persona-
gem não tem limites, quer tu-
têm pré-estréia grátis
do, sempre, e agora. Pula com
DIVULGAÇÃO forçano poçomesmo sabendo
que pode dar com a cabeça no Tambémporcausadaverbaaper- O QUE DISSE A BLOGOSFERA
Crítica fundo.Senãotiverfundo,pron- tada, a produtora de Nome Pró-
to,valeuapena,omergulhofoi priotraçouumaestratégiadelan- Lucia Freitas
: LUCAS PRETTI o melhor que poderia ser. çamento bastante vinculada à in- Blog ladybugbrazil.com
As influências de Clarah ternet.Praticamentetodoomate- “Notei uns defeitos graves de
aparecem nas cenas de ação. rial de divulgação do filme usou fotografia e saí com gosto de
OtextodeClarahAverbuckécor- Quando, por exemplo, Camila, serviços gratuitos da web, além ‘pelo amor de deus, eu preciso
rido. Fala rápida e precisamente bêbada, perdida num hotel depromoveraçõescolaborativas. tomar uma cerveja’.”
de sentimentos. Pausa. Desdiz o trash da avenida São João, de- Oblogdofilme,nomepropriofil-
que foi dito. Exagera. Renega. E cide “dar” para o desconheci- me.blogspot.com,incentivouinter- Fernando Mafra
dá uma fluidez à narrativa típica dodeRibeirãoPreto.Masaíde- nautas a montar o próprio trai- Blog no15.fmafra.com
não apenas da internet, mas do cide não “dar”. Cai bêbada. O ler. Foram disponibilizados tre- “Camila pertence à safra de
mundo que propiciou a existên- garotãoinvestedenovo.Efatu- chose a trilha sonora para down- filhinhos de papai que acham que a
ciadaculturablogueira.Ummun- raumamulherquepoucoesta- load. Além disso, é possível orga- vida tem que ser muito muito louca.
dobarulhento,comosStrokesto- va ligando para ele, queria nizar a pré-estréia em qualquer Tudo é muito, inclusive ser mala.”
candonofundo,ocigarronaboca maisé ser satisfeita, pedepara cidade do Brasil, desde que cem
e trezentos mil amores verdadei- ser dominada só para fugir de internautas se reúnam e façam o Rafael Alves Apocalypse
ros em uma só noite. O texto de ter de cuidar de si mesma. trabalhovoluntáriodeprodução. Blog ideiadigital.org
Clarah é escuro, movimentado, ATORMENTADA - Camila busca ser dominada para fugir de si mesma Isso tem a ver com John As duas principais ações de “Espero, mesmo, que as pessoas
entrecortado por néon e pulsa, Fante,PauloLeminski,Char- marketingdeNomePrópriotam- que assistam ao filme
pulsa,corre,tempressa,avidapo- Masnãoporissomenosincisi- cabeça de Camila há o barulho, o les Bukowski. A personagem bém envolveram a web. Ontem, compreendam que aquilo não é
de acabar antes do post. vo.ACamilaJam enxergada por frenesi, a música alta de Clarah é uma mescla da melancolia um grupo de usuários do MyS- uma representação real e verossímil
Nome Próprio, por incrível Salles é uma mulher em transi- Averbuck. Na tela do computa- deCazuzacomoriscodeHun- pace assistiu de graça à pré-es- da blogosfera e dos blogueiros.”
que pareça, não tem nada disso. ção. Ela só existe nas palavras dor, o filtro, a literatura. ter Thompson. Há um desa- tréia do filme em São Paulo. Era
O filme de Murilo Salles sur- que escreve, o que fica claríssi- Leandra acha que Nome Pró- fio permanente às pessoas e só imprimir o perfil na rede so-
preende pela solução “pacífica”. mo com a opção do diretor e da prioé, principalmente,um filme às situações envolvido em cial para ganhar o ingresso. extremada. Homens sensíveis, e
Com a calma dos diretores ma- redatoraVivianeMosé deescre- sobre processo criativo. Que um não se importar, em um No início de maio, outra pre- portantomaisinteligentes,com-
duros que encaram a loucura da ver textos na tela. Em diversas consegue explorar e investigar mau humor, uma rabugice. mière exibiu Nome Próprio ape- preendemouniversomaismeni-
conexão ininterrupta como, isso passagens,aspalavrassãorepro- como uma escritora contempo- Tudo isso com a necessi- nas para 20 blogueiros selecio- ninha.” A própria Clarah Aver-
mesmo, uma loucura, ele cons- duzidas nas paredes, chão, teto. rânea pare seus escritos. Ele é dade de escrever. Tudo isso nados. A opinião geral foi catas- buck, também blogueira, relati-
trói uma narrativa melancólica Leandra Leal realmente digita isso também, mas tem como te- sófazsentidoseestiverpubli- trófica. A maioria desceu a le- vizou a opinião do público sele-
e reflexiva. Dos três meses de fil- no teclado do computador o que ma latente a condição feminina cado na internet. Tudo isso nha em suas páginas pessoais cionado. “Quem são os bloguei-
magem, dois tiveram apenas a personagem está escrevendo. pós-feminismo. Aqui Murilo só serve para, depois, se tor- (veja trechos acima), acusando o ros? Na boa, é blogueiro quem
LeandraLealnoset.Asolidãoda Em cenas como essa, a atriz pro- Salles erra um pouco a mão. Al- nar ficção e ser consumido filme de ter o “texto ruim”, “de- não é nada.” Apesar da opinião
atriz no palco contribuiu para a va ser grande. Os olhos e as rea- gumas cenas parecem forçada- pelos ávidos internautas. feitos graves de fotografia” e de polêmica, a escritora divulgou
construção da personagem só, ções diante do texto aparecendo mente chocantes, diálogos apa- Murilo Salles quer tanto ser uma “pornochanchada”. um texto em seu blog também
calada, despedaçada, buscando no computador trazem uma fé recem um tanto fora de contex- passaressaidéiaque,no final, OdiretorMuriloSallesdevol- criticando o filme e se eximindo
algo que nem ela sabe o quê. No- cênica apenas encontrada no to apenas para reafirmar quão acaba didático demais. Ape- ve as críticas. “Eles ficaram afe- de “culpa” por “uma adaptação
me Próprio é um filme silencioso. pensamento da atriz. Dentro da descoladassãoas garotasdeho- sar de ter uma certa razão. ● tados com essa personagem tão livre & solta” dos livros. ● L.P.

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