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- ANTECEDENTES
Manaus, no período da República Velha, assim como as demais regiões têm nas
oligarquias, os manipuladores do poder visando seus interesses, através de alianças com
o poder federal. A propriedade da terra, no Amazonas, era mantida com interesse na
exportação da borracha e de outros atrativos produtos. Na década de 1920, há uma crise
no preço da borracha devido a uma queda no mercado internacional. Isso gera
problemas sócio-econômicos em todo o Estado. Com tal crise, o Amazonas estava
marginalizado, empobrecendo cada vez mais as oligarquias que dominavam a região.
Isso provocou divergências entre os grupos e facções, que apenas procuravam
manipular o poder para servir aos interesses particulares. Os jornais “O Tempo”,
“Gazeta da Tarde”, “O Amazonas”, “A Imprensa”, “Jornal do Povo”, dentre outros,
noticiaram tais conflitos.
“... Manaus era uma praça de Guerra desde o Palácio da Justiça, onde estava
reunido superior tribunal de Justiça, até o Palácio Rio Negro, estendiam-se em alas
as forças federais para garantir a investidura de César Rego Monteiro no governo
DO Estado.”
- O LEVANTE DE 23 DE JULHO
Essa situação provocou uma atitude decisiva. Os militares da Guarnição de Manaus, que
estavam se preparando para um levante, decidem iniciá-lo no dia 23 de julho. Na capital
do amazonas, os militares, com essa iniciativa, estavam aderindo aos propósitos dos
rebeldes de São Paulo. Houve, desde o início de julho, boatos, sobre o possível Levante.
Arthur Bernardes informou tais informações ao governador em exercício, Turiano Meira
(Rego Monteiro estava na Europa), contudo, nada foi feito. Os rebeldes, numa operação
militar rápida, conseguiram dominar a situação, pois a força policial não dispunha de
pessoal suficiente para resistir e contra-atacar. Os rebeldes realizam prisões de
autoridades e de pessoas ligadas ao grupo de Rego Monteiro. Eis um relato sobre o
corrido:
“Uma força do 27º Batalhão, descia a Avenida Eduardo Ribeiro, conduzindo a artilharia.
Os soldados marchavam na melhor ordem, em forma, como se •fossem realizar uma
parada. Mas o carro de guerra, que puxavam despertou a inquietação em toda a gente,
•que observava o desfilar da tropa. Dez minutos depois, ouvia-se o ruído da fuzelaria e
alguns disparos de canhão, em rumo ao quartel da polícia.
“Uma força do 27º Batalhão, descia a Avenida Eduardo Ribeiro, conduzindo a artilharia.
Os soldados marchavam na melhor ordem, em forma, como se •fossem realizar uma
parada. Mas o carro de guerra, que puxavam despertou a inquietação em toda a gente,
•que observava o desfilar da tropa. Dez minutos depois, ouvia-se o ruído da fuzelaria e
alguns disparos de canhão, em rumo ao quartel da polícia.
Turiano Meira, que substituía Rego Monteiro, em viagem para a Europa, retira-se
pelos fundos do Palácio Rio Negro, visto que este fora atacado de surpresa, pela
frente. O lº Tenente Alfredo Augusto Ribeiro Junior, faz a ocupação efetiva do
prédio que era a sede governamental.
Os militares isolam Manaus do resto do Brasil por mais de um mês, pois tomam as
estações de Telégrafos e Telefônicas, além de se apropriarem do vapor “Bahia”, que
estava ancorado em Manaus. Eles possuíam críticas aos poderes constituídos da
República brasileira, que estava afastada dos ideais democráticos. Viam-se como
“legítimos mandatários do povo”, assim como os revoltosos de São Paulo. O
governador, em caráter militar, era o primeiro tenente Alfredo A. Ribeiro Junior. Eis um
trecho do seu discurso, o qual fala dos objetivos da revolta, publicado no Jornal do
Povo, na sua primeira edição, no dia 24 de julho:
- A COMUNA DE MANAUS
Tentam avançar para a cidade de Òbidos, que ficava a 780 Km de Belém e 500Km de
Manaus. Com dois fortes, estando em uma ótima posição estratégica, ficava na parte
mais estreita do Rio Amazonas. Era o dia 26 de julho, Conseguem apoio do forte local,
tentam seguir para o Maranhão, Pará e Piauí, mas não conseguem. As decisões eram
tomadas pelos militares, e os civis ocupavam cargos burocráticos, apenas para executar
as ordens dos líderes do levante.
Contando com esse apoio, Ribeiro Junior permaneceu no poder até o dia 28 de agosto,
quando chegaram a Óbidos e Manaus as tropas do Destacamento do Norte,
comandadas pelo general João de Deus M. Barreto. As “rebeliões do norte”, como era
chamado o levante no Amazonas, foram reprimidas após as tropas legalistas terem
atacado e vencido São Paulo e Sergipe.
“O povo compareceu à frente do Palácio Rio Negro, a fim de levar ao tenente Ribeiro
Junior, a sua solidariedade. Elementos civis expressavam-se prestando homenagens.
Falaram Paulinho de Brito, Francisco Pereira e Otelo Marignier. Também a mulher
amazonense se fez representar e operariado urbano.”
Num primeiro momento, essa rebelião pode ser interpretada como uma proposta de
moralização político-administrativa. E no próprio envolvimento de civis e militares
(diferentes de todos os outros levantes ocorridos no mesmo ano, em que só os militares
participaram), vê-se o paradoxo, em alguns momentos, do movimento rebelde: militares
contestando o poder civil estabelecido, buscando uma moralização e encontrava apoio
nos setores do funcionalismo público e nos setores ligados ao comércio e a população
local. A popularidade perante a Comuna vem daí, durante todo o governo, pois atende
aos interesses desses setores socais, os quais se diziam injustiçados. Esse levante foi um
dos poucos a ter êxito, tomam a capital do Amazonas, tenta expandir-se às regiões
vizinhas. Todos os outros (São Paulo, Sergipe, Mato Grosso, Pará, Piauí) não dão
grandes resultados e são, rapidamente, vencidos pelas tropas legalistas.