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1º horário
Continuação de fato típico (elemento do conceito analítico de crime); sujeito passivo;
objeto material
Conflito aparente de norma (critérios para sua resolução)
Elementos anímicos da conduta; teorias da causa; dolo
2º horário
Continuação de dolo
Elementos do fato típico culposo
Culpa própria e culpa imprópria
Culpa imediata e culpa mediata
Resultado
Inter Criminis
Classificação das tentativas
Em alguns casos o sujeito passivo vai se confundir com o prejudicado, que é aquele que suporta a
perda, as conseqüências do ato criminoso. No caso da morte do pai, por exemplo, os prejudicados
são os parentes dessa vítima.
Já o objeto material do crime é aquele sobre o qual recai a conduta criminosa. Em determinados
crimes o sujeito passivo também será o objeto do crime, por exemplo, homicídio.
Tema que ganha importância é a possibilidade de a pessoa jurídica se encontrar nessa categoria
(sujeito passivo). Para alguns crimes é pacífico que a resposta será positiva, já que ela pode ser
vítima de furto e etc. A polêmica fica para os crimes contra a honra. Há correntes que afirmam que
não, porque não é pessoa natural. No entanto, a corrente majoritária já considera que sim, mas
com ponderações em relação aos seguintes tipos penais:
1. Calúnia: não seria possível, porque esse crime consiste em imputação falsa da prática da
de outro crime. E aí voltamos à questão da pessoa jurídica poder praticar crime ou não, já
que se trata de uma ficção jurídica. No entanto, para calúnias envolvendo crimes
ambientais, seria possível por expressa previsão da lei de crimes ambientais.
2. Difamação: atribuição, ainda que verdadeira, de fato que macula a imagem da vítima.
Nesse caso, a pessoa jurídica pode ser vítima, porque suportará os prejuízos dessa
difamação principalmente relacionada com sua credibilidade.
3. Injúria: não pode, porque esse crime se refere à auto-reflexão da vítima desse crime. E,
por ser uma ficção, não tem como realizar essa auto-reflexão. Há exceção prevista na lei
de imprensa, que será tratada em momento adequado.
Há um só tempo pode alguém ser sujeito passivo e ativo? A doutrina majoritária entende que
não. No art. 171, § 2º, V do CPB, é crime contra o patrimônio e o sujeito passivo da conduta é a
seguradora e não o próprio agente. A outra corrente, minoritária, tem como fundamento o crime de
rixa (art. 137 do CPB) no qual ele poderia cumular esses dois estados.
O homem morto pode ser sujeito passivo de alguma conduta? Não, porque o homem morto
não é titular de nada (a personalidade se extingue com a morte). O art. 138, § 2º do CPB, trata da
calúnia contra os mortos. Aqui, os sujeitos passivos (titulares desse direito) serão os parentes do
morto.
É possível uma conduta atrair a incidência de duas ou mais leis ou artigos de leis diversas?
É possível. No entanto, sempre se aplicará um artigo de lei ou somente uma dessas leis. É aqui
que surge o conflito aparente de norma.
a. Obs.: crime progressivo: para se praticar o delito almejado, tem-se que praticar
algum outro crime como meio para se atingir o buscado verdadeiramente pelo
agente: É tranqüila a aplicação do princípio da consunção.
b. Progressão criminosa em sentido estrito: o autor decide praticar um crime, no
entanto, durante a execução do primeiro crime, altera-se o dolo, sendo praticado
crime diverso e mais grave. Aqui também se aplica o princípio da consunção.
Pós-fato impunível: ocorrendo um furto, o autor passa a ter a posse sobre a coisa. Logo, se ele
destrói essa coisa, não cometerá crime de danos, porque ele passa a ter o controle sobre a coisa
que ele furtou como se sua fosse. Diferente será em relação ao homicídio em que, depois de
cometido o crime, vilipendia-se o cadáver. Logo, nesse segundo caso, o pós-fato será punível.
2º HORÁRIO
(continuação)
Dolo natural: é o dolo na consciência, na conduta. É o dolo adotado no ordenamento jurídico
brasileiro.
Dolo normativo: é o dolo da ilicitude da conduta (não é adotado no Brasil). Este vai interessar no
capítulo atinente à culpabilidade.
Dolo de 1º Grau: não prevê a possibilidade de outros serem atingidos. Aqui o agente somente
busca e assume o risco de um resultado. Ex.: tiro à queima roupa em que não se acerta quem
está próximo à vítima.
Dolo de 2º grau: há os efeitos colaterais. Existe o dolo direto em relação à vítima desejada e dolo
indireto quanto a outras possíveis vítimas. Ex.: Matar utilizando granada. Nesse caso, quem está
perto do alvo certamente sofrerá alguma conseqüência.
Dolo de dano: vai haver uma alteração física perceptível. Ex.: lesão corporal.
Dolo de perigo: o ordenamento só prevê o perigo ao bem jurídico. Ex.: art. 130 do CPB.
Dolo geral ou erro sucessivo: o agente escolhe um resultado e o meio para tal. O resultado
ocorre não pelo meio escolhido pelo autor, mas pelos desdobramentos dos atos do autor. Ex.:
querendo matar, dá várias facadas e, pressupondo já ter matado a vítima, o agente atira o corpo
em um rio. No entanto, exame posterior revela que a vítima morreu por afogamento. Assim, ele vai
responder por homicídio simples, porque não teve dolo relacionado ao meio utilizado
(afogamento).
1. Conduta.
2. Falta de cuidado objetivo.
a. Imprudência: age com risco que não era necessário.
b. Negligência: não observa os cuidados necessários. Ex.: manusear arma de fogo
próximo a outrem.
c. Imperícia: pressupõe que o sujeito tem conhecimentos para praticar aquele ato. Este
não observa e nem coloca em prática esses conhecimentos.
3. Previsibilidade objetiva: ser o resultado previsível dentro de um nexo de causalidade com a
conduta do agente.
4. Ausência de previsibilidade subjetiva: o agente não pode ter imaginado aquele resultado,
porque senão ele teria agido, assumindo o risco.
d. Obs.: Culpa pode ser ainda:
i. Consciente: há previsão do resultado. Ou seja, é exceção à regra, porque
aqui o agente atua confiando em suas habilidades. Acredita que realmente
o resultado não irá ocorrer. Esta não se confunde com dolo eventual,
porque aqui (dolo eventual) assume-se o risco de produção do resultado. Já
na culpa consciente, ele não quer produzir o resultado, porque acredita
sinceramente que não irá produzir o resultado.
ii. Inconsciente (sem previsão do resultado): o agente não tem como ter
consciência daquele resultado.
5. Resultado involuntário: o agente não pode querer aquele resultado.
6. Nexo causal: a conduta tem que ser causa direta do resultado.
7. Tipicidade: sempre tem que haver previsão legal. Nesse caso, será sempre tipo penal aberto,
porque não descreve como será a conduta. O legislador transfere essa conduta para o
aplicador do direito. Como já foi dito, o tipo penal aberto pode ser de dois tipos: culposo ou
omissivo impróprio. O artigo 13 do Estatuto do Desarmamento prevê crime culposo.
Culpa própria
O agente pratica a conduta sem os cuidados necessários.
Culpa imprópria
Ocorre quando o agente atua de maneira dolosa, mas será punida a título de culpa. Isso ocorre
quando o agente age em erro de tipo essencial vencível/inescusável (vai ser aprofundado em aula
própria, de erro de tipo). Aqui, a única possibilidade é de tentativa em crime culposo.
É ou não possível a concorrência de culpa? Não. O direito penal não aceita isso. No plano
prático, com a Lei 9.099/95, isso é feito pela renúncia do direito de representação. Não é previsto
no direito penal. Mas é possível a concorrência de culpa no caso em que dois veículos, por
exemplo, avançam o sinal e, devido à colisão, atropelam um pedestre. Os dois respondem pelo
resultado.
O artigo 19 do CPB traz a figura dos crimes qualificados pelo resultado. Nesse caso, o crime se
divide em dois momentos:
1. Momento antecedente – conduta: esse primeiro momento já seria crime.
2. Momento subseqüente ou conseqüente – resultado: vai agravar o crime que inicialmente já
teria ocorrido porque terá um plus.
Resultado
Artigo 14 do CPB
Isso é importante porque às vezes quer-se um resultado, mas não se consegue por vontade
alheia à vontade do agente. Então surge a necessidade de estudar o inter criminis.
Inter Criminis
É o caminho percorrido pelo agente para a prática de uma conduta. Esta tem os seguintes
momentos:
- Cogitação: fase interna, pensamento livre. Essa fase não é punível, em regra. No entanto, no
artigo 286, o que se pune é o que seria cogitação em outro crime; o legislador, no entanto,
estabeleceu tal conduta como crime autônomo.
- Atos preparatórios: são em regra impuníveis. Excepcionalmente, pode haver punição. Ex.: art.
291 do CPB.
- Atos executórios: (art. 14, II, do CPB) aqui o agente já demonstra vontade de chegar ao
próximo estágio, mas não consegue por circunstâncias alheia a sua vontade.
- Consumação: (art. 14, I, do CPB) vai ocorrer quando todos os elementos do tipo penal
estiverem presentes.
O exaurimento
Não integra o inter criminis, porque ocorre numa fase posterior à consumação. Ex.: art. 317.
Quando ele solicita a vantagem, o crime já está consumado. Quando receber o valor, então
surgirá o exaurimento do crime.
Várias teorias surgiram para tentar diferenciar Ato preparatório dos atos executórios:
1. Teoria subjetiva, que considera somente a intenção do agente;
2. A teoria objetiva formal (mais aceita): considera a tentativa a partir do momento em que se
começa a praticar a conduta do verbo do tipo penal. Ex.: o ato executório vai começar quando
começa a “matar”, por exemplo;
3. A terceira teoria é a objetiva material: para a qual a tentativa começa quando o bem começa a
correr perigo;
4. Teoria da hostilidade ao bem jurídico: só prevê atos executórios a partir do momento em que o
bem jurídico está ameaçado concretamente, ou seja, perigo concreto.
No entanto, utiliza-se o critério objetivo-subjetivo. Neste, o agente tem que praticar atos (objetivos)
idôneos ao resultado, com intenção (subjetivo) inequívoca de alcançar a fase dos atos
executórios. Logo, somente mirar uma arma contra uma pessoa é ato preparatório, porque não
praticou ato idôneo. No entanto, no momento em que começa a efetuar o disparo (acionar a tecla
do gatilho) aí já haverá os dois requisitos e, logo, já estará na fase executória.
O art. 14 e seu parágrafo único reconhecem que a pena da tentativa corresponde à pena do crime
consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. Esse índice de redução será aplicado de maneira oposta à
proximidade que o agente tenha chegado da consumação. Logo, quanto mais se aproximar da
consumação, menor será o índice de redução, ou seja, 1/3. Essa escolha mostra que em relação
aos crimes tentados se adotou a teoria objetiva. Ou seja, considera-se o que foi feito e não a
intenção do agente. Há, no entanto, exceção a essa regra nos crimes de atentado, para os quais a
pena da tentativa será a mesma da pena imposta ao crime consumado. Ex.: art. 352 do CPB e
309 do Código eleitoral.