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1º Horário
Legítima defesa
Estado de Necessidade
Estrito Cumprimento do Dever Legal
Exercício Regular do Direito
2º Horário
Culpabilidade: Imputabilidade; Potencial Conhecimento da Ilicitude; Exigibilidade de
Conduta Diversa
1º HORÁRIO
Para invocar legítima defesa são necessários os elementos objetivos previstos no art. 25 e o
elemento subjetivo, ou seja, agir com propósito de se defender.
Requisitos objetivos
1. Repelir agressão a direito → é uma reação, não é provocação. A agressão em regra é feita por
pessoa física e pode ser contra pessoa ou multidão. Admite-se a legítima defesa contra
agressão de pessoa jurídica nos crimes contra honra. A legítima defesa é vista sob a ótica de
quem se defende não de quem ataca. Não se admite legítima defesa contra animais; em vez
disso, considera-se estado de necessidade (reação é sempre dirigida contra a pessoa que
está agredindo; o animal, por sua vez, expõe a pessoa a uma situação de perigo). Para
salvaguardar não apenas a vida de uma pessoa, mas sim um direito (vida, liberdade,
patrimônio etc.), previsto no art. 5º da CR/88, a reação não pode ser desproporcional, caso
contrário haverá um excesso na causa (desproporcionalidade entre o bem defendido protegido
e o bem jurídico sacrificado).
2. Repulsa a agressão injusta (sem amparo na lei, ilícita). Não existe legítima defesa no estado
de necessidade, porque a agressão neste é lícita.
3. Repulsa a agressão atual ou iminente→ não existe legítima defesa para atos pretéritos ou
futuros. Atual é a que está acontecendo, e a iminente é a que está prestes a acontecer.
4. Uso dos meios necessários → uso de meios proporcionais para repelir a agressão, equilíbrio
das forças, e/ou...
5. Moderação no uso dos meios necessários → sem excessos, agir de acordo para conter a
agressão.
Obs.: o excesso punível ou não punível está na não-observância dos meios necessários e/ou da
moderação dos meios. O excesso na causa é diverso do excesso do art. 23 do CP. O excesso na
causa desfigura a legítima defesa na raiz, desproporcionalidade na defesa do bem jurídico
protegido.
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4. Subjetiva → quando o agente, depois de ter exercitado a legítima defesa, continua a exercê-la
por acreditar que ainda está sendo atacado; continua com atos defensivos. Também se abriga
no art. 20, § 1.
5. Sucessiva → quando o agente (agressor no primeiro momento) se defende de um ataque
produzido durante o excesso da legítima defesa.
6. Ofendículos (mecanismos para proteção do patrimônio) → para alguns doutrinadores é
exercício Regular do Direto, mas para maioria é legítima defesa pré-ordenada. É necessário
que os ofendículos estejam legitimados, ou seja, devem estar sinalizados e dentro do Código
de Postura do Município. Para o STF, o excesso é culposo (HC 75666). Só haverá excesso se
a sinalização não for ordinária.
O estado de necessidade tem dois pilares: situação de perigo e a prática de uma ação lesiva.
Requisitos objetivos
1. situação de perigo → art. 24
- A situação de perigo deve ser atual, ou seja, estar acontecendo.
- Essa situação não ter sido voluntariamente (dolosamente) ou eventualmente causada, ou seja,
a conduta não pode ser dolosa (direta ou eventual) para alegar o Estado de necessidade.
- Que essa situação coloque em perigo direito próprio ou de terceiro → quando tratar de bem de
terceiro; se for direito disponível, o terceiro tem que anuir (pedir a ação).
- O agente não pode ter o dever legal de enfrentar o perigo (art. 24, § 1) → se tiver obrigação
não pode alegar estado de necessidade. Ex.: o bombeiro não pode se negar a enfrentar o
fogo.
Obs.: não se pode exigir atos de heroísmo. Parte da doutrina entende que a obrigação legal de
enfrentar o perigo decorre do dever jurídico, ou seja, da lei e do contrato. Porém a banca do
CESPE é legalista, ou seja, a lei só exige o dever legal.
2. ação lesiva
- Indispensável, ou seja, inevitável; não se pode exigir outra ação do agente.
- Fator subjetivo → intenção de estar agindo para salvar seu bem jurídico.
- Inexigibilidade de conduta diversa.
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5. Exculpante → afasta a censura, ou seja, afasta a culpabilidade. Trata-se de um caso extremo.
Ex.: salvar uma relíquia histórica em detrimento de uma vida. Porém, no caso de salvar um
carro BMW em detrimento da vida de um ciclista, haverá redução da pena (art. 24, § 2º), o
critério para redução da pena será de acordo com a desproporcionalidade do bem jurídico
protegido e o bem sacrificado.
6. Justificante → afasta a antijuricidade.
Não possui os elementos objetivos explicitados na lei. Trata-se da exigência da lei para atuar.
Essa excludente foi idealizada para proteger prioritariamente os funcionários públicos. É pacífico o
entendimento de que os particulares poderão ser protegidos por essa excludente; exemplo
jurados.
Dever legal (lei penal ou extrapenal) → regras em sentido amplo, pode ser lei, decreto, portaria.
Admite-se a forma putativa.
Trata-se de uma faculdade do agente em realizar uma conduta porque a lei ou outra fonte do
direito a legitima. Ex.: médico que realiza uma intervenção cirúrgica contra a vontade do paciente;
pai que moderadamente corrige o filho; trotes de faculdade (costumes). Admite a forma putativa.
o dever deriva da lei ou e outro ato normativo de a prerrogativa pode estar apoiada na lei ou
caráter genérico. em outra fonte do direito.
CULPABILIDADE
1. O que é a culpabilidade?
- Em sentido amplo, é o juízo de censura e de reprovação.
- Em sentido estrito diz respeito ao dolo e à culpa. Porém dolo e culpa não devem ser tratados
na culpabilidade, mas sim no fato típico.
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- No autor → a censura recai sobre o agente.
- No fato → a censura deve recair no que se fez, e não no agente (adotamos esta). Trata-se do
direito penal do fato.
Doença Mental (art.26 do CP) → o legislador fez uma opção pelo critério biopsicológico, ou seja,
é necessário que o agente esteja mentalmente enfermo e que essa doença retire sua capacidade
de entender aquilo que está fazendo.
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- Posteriormente ao cometimento do crime → cumpre pena, só que em hospital, art. 41 do CP.
Embriaguez (art. 28, II e § 2º do CP) → embriaguez é o estado que se atinge por ingestão de
álcool ou outras substâncias que produzem efeitos análogos.
Tipos de embriaguez
1. Voluntária − o agente por vontade própria atinge esse estado. Pode ser:
a) Social → adquire o estado dentro de um contexto social, não tem outro interesse.
b) Dolosa → tem apenas o objetivo de beber.
c) Culposa → o sujeito subestima sua capacidade e ingere mais do que o devido.
d) Pré-ordenada → o sujeito adquire o estado com objetivo de praticar o delito, bebe para ter
coragem. Trata-se de uma agravante genérica, conforme o art. 61, II, “e” do CP.
O legislador, conforme o art. 28, II do CP, fez opção pela Teoria actio libera in causa, o sujeito é
livre para embriagar-se, mas responderá pelos seus atos. Temos uma responsabilidade penal
objetiva nesses casos, para proteger a sociedade.
2. Acidental − o agente não quer adquirir o estado de embriaguez, mas o atinge por:
a) caso fortuito → fatos naturais, sem intervenção humana.
b) força maior → intervenção humana superior às forças do agente.
Obs.: se a embriaguez tiver caráter patológico a matéria será tratada conforme o art. 26 do CP.
Obs. 2: a jurisprudência e a doutrina vêm entendendo que, nos crimes proferidos através de
palavras, o sujeito não será responsabilizado caso esteja embriagado, pois seria retirado o caráter
doloso e sua conduta seria atípica. O STF não tem uma posição sobre a questão.
CP, art. 28
Não excluem a punibilidade a emoção e a paixão → estados de viva excitação. A diferença é que
a emoção é transitória e a paixão, duradoura. Em regra, responde pelo fato praticado quem
pratica crime sob influência desses estados; mas se tiver fundo patológico, a matéria deverá ser
tratada conforme o art. 26 do CP. Nesses casos poderemos ter uma atenuante genérica, descrita
no art. 65, III, “c” do CP. A emoção pode configurar homicídio privilegiado, desde que este ocorra
imediatamente e após justa provocação.
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Potencial conhecimento da ilicitude → art. 21 do CP.
Erro de direito ou de proibição → o agente sabe o que faz, mas sabe que é proibido.
Não se pode alegar desconhecimento formal da lei para afastar a culpabilidade, pode quando
muito servir como atenuante genérica do art. 65, II do CP.
Erro de proibição Indireto → o sujeito se equivoca sobre a existência de uma causa de justiça
ou limites da causa de justificação.
Obs.: o erro de proibição pode ter outra dimensão. No caso de contravenção penal em que ocorre
erro de tipo, conforme o art. 8º da lei, o agente pode ter o perdão judicial; não é o caso de
aplicação do art. 21 do CP. Não se trata de isenção de pena, mas sim de perdão judicial.
Autoria mediata → o agente se vale de terceira pessoa impunível para praticar o fato.
O STJ tem entendido que a sociedade pode funcionar como coatora, desde que respeite as
peculiaridades do lugar.
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Causa supralegal → inexigibilidade de conduta diversa.
Co-culpabilidade → sempre que junto com autor dos fatos a sociedade também puder ser
responsabilizada, porque o Estado falhou com seus deveres. Para doutrina, as conseqüências
que podem ocorrer no caso de co-culpabilidade são:
a) descaracterização do crime − afasta a culpabilidade, o agente é isento de pena.
b) atenuante inominada art. 66 do CP − não afasta a culpabilidade, mas atenua a pena.
c) afeta a pena base − art. 59 do CP, leva-se em conta nas circunstâncias judiciais.