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Introdução
O turismo rural é uma atividade em crescimento que vem contribuindo de forma
significativa para o desenvolvimento do espaço rural do Distrito Federal, além de se
destacar como alternativa de recreação e lazer, especialmente para pessoas urbanas.
Exemplos de benefícios do segmento para o campo são a geração de renda para os
produtores rurais, o surgimento de novos postos de trabalho, a valorização e a
conservação do patrimônio natural, dentre outros.
O turismo rural do Distrito Federal tem grande potencial para ser uma atividade
sustentável, aproveitando seus atrativos naturais para aumentar a abrangência de seu
público-alvo e contribuir para a conservação do Cerrado. Entretanto, o despreparo, a
pouca organização e o incipiente planejamento dos empreendimentos de turismo rural
e ecoturismo do DF limitam muito o aproveitamento adequado dos espaços naturais
das propriedades.
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oferta de turística de empreendimentos de turismo rural, resgatar e valorizar o uso
sustentável do Cerrado. O projeto teve o apoio do Sebrae/DF e foi executado pelo
Instituto de Desenvolvimento Ambiental, em parceria com o Sindicato de Turismo
Rural do DF, a Casa Rural e a Métodos Assessoria e Capacitação.
Objetivo
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a implantação de trilhas
interpretativas com foco em dois componentes, o planejamento e a interpretação, a
partir do estudo de caso do Projeto Rota das Árvores.
Metodologia
A metodologia para elaboração deste trabalho pautou-se principalmente em
informações levantadas em documentos do Projeto Rota das Árvores e em
observações direta da autora, que participou do desenvolvimento do projeto. Também
foram de grande valia depoimentos coletados em campo por meio de observação
participativa durante as visitas técnicas e a revisão bibliográfica relacionada à
temática.
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• Realização de visitas técnicas.
De um modo geral, foram realizadas quatro visitas técnicas a cada empreendimento.
A primeira visita foi desenvolvida em conjunto pelas duas equipes de consultores,
em companhia dos proprietários, com o objetivo de conhecer a propriedade e definir
a área onde a trilha interpretativa seria implantada. As outras tiveram o propósito de
identificação florestal e de demarcação do traçado da trilha, de identificação de
intervenções para implantação e manejo e de definição de pontos interpretativos.
Para facilitar a identificação das árvores inventariadas, foi fixada uma plaqueta de
alumínio numerada em cada árvore da rota. O trajeto da trilha foi demarcado com
fitas rosas fluorescentes e com cartões plastificados com identificação de letras
fixados para localizar pontos de interpretação ambiental e os trechos onde seriam
feitas intervenções no terreno para melhor conservação da trilha. A figura 1 ilustra a
identificação das árvores selecionadas para o relatório florestal.
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Marco Conceitual
Planejamento de trilhas
Em áreas rurais e, consequentemente, em ambientes naturais, as trilhas são
caminhos utilizados para deslocamento de pessoas a pé, de animais, para montaria,
com diferentes finalidades. As trilhas interpretativas têm propósito de incentivar a
visitação em áreas naturais, a fim de sensibilizar o ser humano e propiciar uma
experiência recreativa prazerosa. Em geral, são trajetos de curta distância (500 a
3.000 metros), em que a seqüência paisagística determinada pelo seu traçado busca a
integração de valores, aprendizados e vivências com o meio ambiente (GUIMARÃES,
2003). Segundo APN (2004), essas trilhas devem ser projetadas para suportar um uso
repetitivo com o mínimo impacto ao ambiente e a maximização da segurança e do
bem estar do visitante. É fundamental o desenvolvimento de um trabalho sério de
planejamento, construção e manutenção de trilhas para proteger o ambiente e facilitar
o acesso aos atrativos turísticos e propiciar oportunidades de interpretação ambiental.
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As rotas como caminhos para a interpretação ambiental
Trilhas em ambientes naturais podem ser mais do que caminhos para conexão
de diferentes lugares. Especialmente quando estão equipadas e sinalizadas, elas são
instrumentos valiosos para vivências singulares e para a interpretação ambiental. De
acordo com TILDEN1 (apud HAM, 1992, p. 6), interpretação ambiental é “uma
atividade educacional que aspira a revelar os significados e as inter-relações por meio
do uso de objetos originais, através de experiências de primeira mão e por meios
ilustrativos, em lugar de simplesmente comunicar a informação literal”. Para
VASCONCELLOS (1997), a interpretação ambiental é a tradução da linguagem da
natureza para a linguagem comum das pessoas, fazendo com que elas percebam um
mundo novo que, provavelmente, não conheciam antes. Ela é uma forma de
comunicação que provoca e estimula a reflexão sobre determinado tema.
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participativa, criativa, comunitária, voltada à ação, crítica, transformadora,
sensibilizadora e criadora de uma ética ambiental de respeito à vida.
Resultados/ Discussão
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• Relatório Florestal e Diagnóstico das Trilhas
Para cada empreendimento foram elaborados dois documentos de informação
de orientação aos proprietários. O Relatório Florestal apresentou um levantamento
das espécies arbóreas e fez uma caracterização da vegetação local. De acordo
com IDA (2004), para cada espécie arbórea levantada, identificou-se o nome
popular, nome científico, floração, frutificação e outras informações relevantes. O
Diagnóstico das Trilhas contemplou uma caracterização geral da propriedade, a
identificação dos principais atrativos locais, uma análise da situação atual das
trilhas e percursos, a caracterização da trilha do Rota das Árvores, orientações
para implantação e manejo das trilhas, os pontos de interpretação ambiental com
seu detalhamento e o mapa da trilha.
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• Folheto para visita autoguiada às trilhas
Para cada propriedade foi confeccionado um modelo de folder com
informações gerais sobre o empreendimento, os principais atrativos, a descrição
da trilha e das espécies arbóreas de destaque. Este guia foi elaborado para que o
visitante tivesse informações que facilitassem a visita e também para que
divulgasse a propriedade. A figura 3 ilustra o guia da visita de uma das
propriedades participantes da primeira etapa do projeto.
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• O despertar de transformações
Um projeto de implantação de trilhas interpretativas certamente gera muitos
frutos difíceis de serem mensurados, mas que têm valor inestimável. Exemplo
disso foi o que ocorreu na propriedade Recanto Pedra Grande. A dona do
empreendimento desistiu de um projeto paisagístico que “esconderia” o mato que
havia em volta de seu hotel fazenda e passou a enxergar a beleza dos galhos
retorcidos, da textura das folhas e a delicadeza das flores do Cerrado. A
implantação do projeto despertou fortemente a iniciativa de conservação e de
valorização do Cerrado pelos proprietários. A figura 4 mostra o início de uma das
trilhas desta propriedade.
Conclusão
As reflexões finais deste artigo destacam lições aprendidas com a realização do
projeto Rota das Árvores.
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A participação dos proprietários e parceiros do projeto é fundamental.
Valorizar o conhecimento tácito de mateiros, funcionários das propriedades e dos
próprios empreendedores contribuiu muito na definição das rotas. A relação afetiva
das pessoas com as árvores também foi expressa intensamente em alguns casos.
Algumas espécies foram classificadas como árvores destaques de certas propriedades
porque era antigas, cresceram com a história das pessoas e frutificou com aquele
empreendimento. Assim, considera-se essencial a integração entre o viés técnico e os
aspectos humanos e subjetivos dos clientes, visitantes e demais atores interessados
na trilha.
Por fim, considera-se que esta iniciativa piloto pode ser replicada em outros
ambientes e espaços com possibilidades de criação de diferentes tipos de rotas
temáticas que tenham o propósito de integrar o ser humano à natureza e que
promovam a utilização do espaço natural de forma sustentável.
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Bibliografia Citada
IDA. Relatório Final do Projeto Rota das Árvores (etapa 1). Brasília: IDA, 2004.
(Documento técnico)
HAM, S.H. Interpretación ambiental: una guía práctica para gente con grandes
ideas y presupuestos pequeños. Colorado, Estados Unidos: North América Press,
1992. 437p.
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