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É no art. 159 que está tipificado o crime de extorsão mediante seqüestro, vulgarmente
denominado simplesmente seqüestro, que, como se viu, é o crime do art. 148 do Código
Penal. O tipo é: “seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate”. A pena cominada é reclusão, de oito a
quinze anos. É crime hediondo.
Sujeito ativo é qualquer pessoa. Também qualquer pessoa pode ser sujeito passivo,
inclusive os menores, inimputáveis e os com menor ou nenhuma capacidade de resistência,
porque sobre elas há privação de liberdade de locomoção. Pode a privação da liberdade
atingir uma pessoa, buscando o agente a lesão patrimonial em face de outra,
caracterizando dupla subjetividade passiva.
37.2 TIPICIDADE
37.2.1 Conduta
A norma fala em vantagem, não a adjetivando, como faz no tipo da extorsão, do art.
158, por isso há o entendimento de que pode ser qualquer vantagem, material, econômica,
devida ou indevida, isto é, legítima ou não.
Conquanto a norma mencione que a vantagem será a condição para o resgate, deve-
se entender que a vantagem possa ser a realização de algum comportamento do extorquido
ou de outra pessoa, em favor do agente, que possa ser convertida em valor econômico. Por
exemplo, o perdão de uma dívida, mediante a firmatura de um recibo de quitação.
Penso que a vantagem, que constitui a condição ou preço do resgate, deve ser ilícita,
indevida. É que, se o agente tiver direito a receber o preço ou a ver realizada a condição,
não terá havido lesão ou exposição a perigo de lesão do patrimônio alheio, mas sim a
Extorsão Mediante Sequestro - 3
Consuma-se o crime quando a vítima é privada de sua liberdade pessoal por tempo
juridicamente relevante.
Não é necessário, portanto, que o preço seja pago ou a condição seja realizada. O
crime de extorsão mediante seqüestro é de resultado cortado ou de consumação
antecipada.
Trata-se de crime permanente, cuja consumação ocorre no local onde a vítima foi
seqüestrada e se protrai no tempo, enquanto a vítima estiver privada de sua liberdade de
locomoção.
protegido.
Prevê o § 1º do art. 159, com a redação dada pela Lei nº 10.741/2003, três formas
típicas qualificadas, cominando pena de reclusão de 12 a 20 anos.
Assim, para não se incorrer em bis in idem, o aumento determinado pelo art. 9º da
Lei nº 8.072/90 não poderá incidir duas vezes, quando a vítima tiver entre 14 e 18 anos. A
solução, quanto à idade do seqüestrado, só pode ser a seguinte:
a) se tem entre zero e 14 anos a pena será com o acréscimo que incide sobre a pena do
§ 1º, de 18 a 30 anos;
Não basta que tenha sido praticado por quatro ou mais pessoas que se reuniram para
cometê-lo, devendo restar provado que se trata de um grupo de pessoas que tenham-se
Extorsão Mediante Sequestro - 5
O § 2º do art. 159: “se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: pena –
reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos”.
Indispensável, por isso, o nexo causal entre o resultado qualificador e o fato, isto é, o
procedimento típico: conduta e privação da liberdade prolongada no tempo, com todas as
suas características materiais e psicológicas.
Mas não basta o nexo causal entre o fato e o resultado qualificador. É necessário que,
em relação a ele, o agente do crime tenha-se conduzido dolosa ou, pelo menos,
culposamente.
liberdade, vindo a vítima a morrer em virtude de lesões sofridas com a queda de uma
aeronave sobre a casa onde se achava encarcerada – fato absolutamente imprevisível e por
isso inevitável –, não responderá por extorsão de seqüestro qualificada pelo resultado
morte.
c) extorsão mediante seqüestro qualificada pelo resultado lesão corporal grave (art.
159, § 2º): pena – reclusão, de 24 a 30 anos;
d) extorsão mediante seqüestro qualificada pelo resultado morte (art. 159, § 3º):
pena – reclusão, de 30 anos.
É preciso que sua colaboração seja eficaz, isto é, que, com ela, a vítima seja
libertada. Não lhe será concedida a redução da pena se, mesmo tendo prestado
informações, a vítima não é, em razão dela, libertada.
É indispensável que a delação seja relevante para os fins da ação da autoridade que
vise à libertação do seqüestrado.
Não merecerá o prêmio o delator se a vítima consegue libertar-se por seus próprios
meios ou porque os outros concorrentes a libertaram espontaneamente. Também quando é
libertada por força do pagamento do resgate, bem assim quando a ação policial permite,
sem o auxílio do delator, libertar a vítima.
Uma vez pago o resgate, libertada a vítima, não merecerá o prêmio o delator que
contribuir para a prisão de seus concorrentes, porque sua contribuição não terá servido à
libertação do seqüestrado.
ação criminosa; II – a localização da vítima com a sua integridade física preservada; III
– a recuperação total ou parcial do produto do crime.”
Já o art. 14 da mesma Lei nº 9.807 contém outra norma mais ampla do que a do §
4º do art. 159:
De notar que, segundo essa norma, basta que haja colaboração efetiva do concorrente
na identificação dos demais, na localização da vítima com vida e na recuperação, ainda que
parcial, do produto do crime. Se a vítima for localizada com vida, por força da colaboração
do delator, mas vem a morrer no tiroteio desencadeado pela polícia com os demais
seqüestradores, não há razão para que o benefício não lhe seja concedido. É que a norma
do art. 14 não mencionou, como a do § 4º do art. 159, a libertação da vítima, mas sua
localização com vida.