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ÍNDICE
L CIENCIA E RELIGIAO
n. DOGMÁTICA
TV. MORAL
V. HISTORIA DO CRISTIANISMO
VI. LITURGIA
I. CIENCIA E RELIGIÁO
PERITO (Curitiba) :
— 135 —
II. DOGMÁTICA
P. P. (Rio de Janeiro) :
1. Natureza e natural
2. Sobrenatural
— 136 —
em termos positivos: o que está ácima das exigencias
dessa determinada natureza. O sobrenatural, portante, é sem-
pre um dom gratuito, que sobrevém á natureza já constituida.
O sobrenatural divide-se em
— 137 —
ou seja, urna substancia para a qual o sobrenatural simplesmente
dito íósse natural. O sobrenatural simplesmente dito excede as exi
gencias de toda e qualquer criatura; nunca, portante, pode ser
natural a urna criatura.
3. Preternatural
— 138 —
mesmo a do sujeito agraciado. Doutro lado, porém, deve-se
reconhecer que todo milagre é algo de sobrenatural ou, ao
menos,... de preternatural (justamente por derrogar ao curso
normal da natureza é que o milagre chama a atengáo dos
homens).
Estas nocóes já nos fornecem elementos para passarmos
a ulterior questáo.
1. O estado paradisíaco
a) Os dons sobrenaturais
— 139 —
sentam no mundo material que nos cerca ; é a estas que a
inteligencia humana apreende diretamente. Quanto a Deus, o
Ser Infinito, só O apreendemos através das criaturas, por ana-
logia com estas. Tal conhecimento analógico de Daus pode-se
tomar cada vez mais puro e penetrante, proporcionando final
mente ao homem o deleite máximo de que ele seja capaz por
sua própria natureza. Tal é a chamada bem-aventuranca na
tural do homem, que já os filósofos Platáo e Aristóteles pre-
conizaram independentemente da Revelagáo crista.
Observe-se agora o seguinte : Dsus podia ter criado o
homem, destinando-o a conseguir, no curriculo de sua vida
terrestre, a bem-aventuranca natural como fim supremo. O
homem se acharia entáo na ordem natural ou no estado de
natureza pura. Em tal condigáo, ele seria, sem dúvida, afe-
tado das vicissitudes ou enfermidades decorrentes da estru-
tura mesma da natureza humana. O que quer dizer :
— 140 —
o homem nao decairia do seu estado natural, pois o pecado
nao destrói nem diminuí o que é constitutivo da esséncia ou
da natureza das criaturas. •
2) Na verdade, porém, (e é pela Revelacáo Divina que
o sabemos), Deus quis ser estupendamente liberal ao criar o
homem, concedendo-lhe a dignidade máxima que Ele podia
dar a urna criatura intelectual. Sim ; Deus comunicou aos
primeiros país o consorcio da vida divina, fazendo do homem
ofilho adotivo de Deus, mediante um conjunto de dons que
sao chamados sobrenaturais. ... Sobrenaturais, porque, exce-
dendo as exigencias de qualquer natureza criada, habilitavam
o homem a conhecer e amar o Criador nao através do espélho
das criaturas, mas como o próprio Deus conhece e ama a Si.
Os dons sobrenaturais de que gozavam os primeiros pais
no paraíso eram
b) Os dons prcternaturais
— 141 —
E quais seriam ésses dons preternaturais ?
Os teólogos enumeram os cinco seguintes:
1) O dom da retidüo ou da imunidade de concupiscencia; era a
prerrogativa mediante a qual os primeiros pais subord.navam todas
as tendencias da sensibilidade ou da carne ao perfeito dominio da
razáo, razáo que, por sua vez, estava plenamente sujeita ao supremo
imperio de Deus.
Esta prerrogativa é insinuada pelos textos do Génesis (225; 3,7):
aíirmam que, antes do pecado, Adáo e Eva estavam som vestes e nao
sentiam rubor por isto (o que só se explica pelo lato de estarem
isentos de paixáo desregrada, á semelhanca de crlancas inocentes);
depois do pecado, porém. experimentaran! a necessidade de se vestir
(o que só se pode entender por efelto da concupiscencia desordenada
que néles se despertara).
— 142 —
^ S. Agosünho e S. Tomaz julgara que ao dom da ciencia infusa
de Adao estava assoc.ado o dom da imunidade de erro (cf. S Tomaz,
S. Teol. 194,4; De verit. 18,6); e erro é, sim, o mal da inteligencia.
Quanto ao erro de Eva, que se deixou seduzir pelas palavras do
tentador, dizem os teólogos que ele se explica multo bem na hipótese
de que Eva, ao atender ao Maligno, já havia pecado interiormente
por orgulho.
— 143 —
2. «Despojado dos dons gratuitos, ferido em sua natureza»
É com as palavras ácima (inspiradas da parábola do bom sama-
ntano em Le 10,30) que os teólogos exprimem os males de que^ern
soírendo o género humano por efeito do pecado de AdSo. Velamos
XSgnf¿ad°nSÍderand0 ■*■»*»«* — *J"SJ
1. «Despojado dos dons gratuitos». Tendo-se revoltado
contra o Senhor, compreende-se tenha Adáo perdido ¡media
tamente os privilegios que o elevavam ácima de si mesmo,
tornando-o filho adotivo de Deus (privilegios sobrenaturais).
Compreende-se também que haja perdido as prerrogativas
preternaturais, que corroboravam sua natureza como tal, fa-
zendo-a mais seguro suporte da graca. O Criador nao forca
a liberdade do homem ; desde que éste diga «Nao», Deus lhe
retira todas as dádivas acessórias ou gratuitas que caracte-
rizam o «Sim» ou o estado de adesáo ao Senhor. Esta pro-
posigáo é clara ; a que mais atengáo requer, é a que concerne
á natureza humana.
2. «...Ferido em sua natureza». É doutrina comum
entre os teólogos (já atrás mencionada) que o pecado nao
deteriora nem destrói a estrutura ou a esséncia dos seres. Nao
se pode, por conseguinte, dizer que a natureza humana haja
sido diretamente afetada pela culpa dos primeiros pais. O
termo «ferido» ou «chagado», na expressáo ácima, significa
antes o seguinte :
— 144 —
tural, único fim, alias, a que Deus chama suas criaturas; Deus
ainda quer dar-lhe a visáo de Si face a face. É o que faz que
o estado atual, embora pareca natural, seja, ainda a novo
titulo, um estado de desequilibrio e desordem.
— 145 —
apesar de toda a ingratidáo, vise bem menor do que a filiagáo
divina e a contemplaeáo de Deus face a face ; de outro lado,
porém, o Pai decretou dar remedio k incapacidade da natu-
reza humana frente a .táo elevado fim.
Ésse remedio consistiu no envió á Térra, de um segundo
Adáo, Jesús Cristo, que é o próprio Filho de Deus feito homem.
Éste mereceu para todo o género humano, desde Adáo até a
última geragáo, novo acesso á graca santificante, as virtudes
e aos dons sobrenaturais anexos, restituindo assim ao homem
pecador a possibilidade de conseguir o seu fim sobrenatural.
Por Cristo e pela aplicagáo dos méritos de Cristo no Antigo
e no Novo Testamento, os homens estáo de novo adaptados
ao seu fim sobrenatural e positivamente integrados na ordem
sobrenatural.
— 146 —
doencas, ressuscitaram mortos, íalaram linguas novas, predlsseram
o futuro, etc. Trata-se de dons que o Senhor outorga esporádicamefite,
sem que isto possa ser previsto nem provocado; em geral, os santos
nao os pedem nem estao predispostos a crer que o Senhor os ésteja
agraciando désse modo. Nenhum désses fenómenos maravilhosos ou
«paradisiacos» é característico necessário da graca santificante con
cedida aos filhos de Deus.
Acontece também que, por meio de processos hipnóticos e letár
gicos, se déem casos de clarividencia, impassibilidade, etc.; tais resul
tados, porém, obtidos por tal via nada tém de religioso; nao podem
ser relacionados com os dons paradisiacos nem com os milagres
efetuados pelos santos, pois dons paradisiacos e milagres dos santos
sao essencialmente sinais religiosos ou sinais da presenca de Deus
que se digna .responder á fé e ás orac5es dos homens (cf. «P. R.
11/1958, qu. 1).
— 147 —
Alguns comentadores julgam que o pal do jovem se achava ainda
em vida, se bem que gravemente enfermo. O mancebo teria entilo
pedido ao Senhor o prazo mais ou menos longo que decorreria até
a morte e o sepultamento do doente, talvez intencionando esquivar-se
definitivamente ao convite de Jesús. A maioria dos exegetas, porém,
admite que o anciáo já morrera e que o jovem pedia apenas o exiguo
tempo necessário para participar dos funerais. Como quer que seja
em um e outro caso, o pedido parecía muito legítimo: prestar assis-
tencia aos genitores e sepultar os mortos eram obras altamente esti
madas pelos judeus piedosos. Em particular, o sepultamento dos
defuntos era tido como dever táo imperioso que os rabinos dispen-
savam das oracóes usuais e do estudo da Lei os filhos que tivessem
a sepultar pai ou máe (cf. o tratado do Talmud, Berachot 17,2):
ademáis a própna Escritura Sagrada, por sua narrativas muito
parecía recomendar aos filhos o cuidado de sepultarem seus país
(cf. Gen 25,9; 50,5; Tob 1,21; 2,3-7; 4,3). Já que os judeus costumavam
sepultar no día mesmo da morte (cf. At 5,5s), o pedido do jovem nao
implicaría em grande atraso para seguir o Divino Mestre.
000
000 000
000 000 000
Os zeros que se acrescentam aos zeros nada alteram; tudo fica
sendo zero... Mas coloquemos o número Um, urna só unidade, coisa
simplicissima, na serie... Se pusermos o «Um» em último lugar, o
conjunto, por mais longo que seja, ficará valendo muito pouco, será
ninharia. ..Seo colocarmos em penúltimo lugar, já o conjunto valerá
dez, o que ainda é muito pouco... Caso ponhamos a unidade em
terceiro, em quarto, em quinto lugar, a serie irá aumentando de
— 148 —
valor (cem, mil, dez mil...). Finalmente, dado que se coloque o
número Um á frente de cada serie ácima, ter-se-á:
1.000 = mil
1.000.000 = um milhao
1.000.000.000 = um bilhao.
Coisa estupenda! Os zeros tomam imenso valor desde que o
«Um» lhes seja anteposto e os ilumine. Pois bem; Deus é ésse «Um>
sem o qual as criaturas nada sao. Se Deus ficar em último lugar na
vida do homem, esta se apresentará sempre como insípida bagatela,
ninharia vazia... Dado, porém, que se ponha Deus incondicional-
mente em lugar capital, cada bagatela, cada zero da vida, toma valor
imprevistamente grande.
O homem pode acumular mil bens criados no seu tesouro; se
chegarem a empalidecer ou remover a lace de Deus no horizonte
do individuo, ésses bens, por mais numerosos que íórem, equivaleráo
a longa serie de zeros; deixarao o seu possuidor sempre frustrado e
insatisfeito... Dado, porém, que o cristáo ponha Deus á frente de
cada criatura e procure ver tudo sob a perspectiva d'Éle, entáo, e
sómente entáo, tal homem comegará a compreender o valor das
criaturas; comegará a compreender também que seguir o Cristo é
o maior de todos os bens e que a vida, vivida em fidelidade absoluta
ao Senhor, vale, apesar de tudo, a pena de ser vivida !
— 149 —
explica pelo uso dos rabinos, que costumavam considerar
como mortos (em espirito) os individuos que viviam alheios
ao Reino de Deus (alias, um eco bem significativo désse uso
ressoa no texto de Sao Paulo, 1 Tim 5,6 : «A viúva que vive
em prazeres, está morta, embora pareca viva»), Conseqüen-
temente, os mestres de Israel tinham os homens piedosos na
conta de «vivos», mesmo que estes se vissem atribulados e
condenados á morte (cf. 2 Cor 4,7-12).
Por conseguinte, Jesús quer incutir ao discípulo que ele
chama, a preciosa norma : «Deixa o cuidado dos mortos ou,
mais amplamente ainda, o cuidado das coisas mortais ou tem
poral, aos homens que, por desconhecerem mais elevados
valores, se dedicam profissionalments a isso ; tu, porém, que
recebeste a melhor das vocagóes, nao queiras viver como se
nao a tivesses, mas volta-te decididamente para os valores
eternos».
— 150 —
1. O conteúdo de Gen 11,1-9
Visto que o episodio de Babel sup5e, por parte dos homens seus
protagonistas, o uso de tijolos. os comentadores com razáo atribuem
o fato ao período neolítico, ou melhor, ao calcolítico.
— 151 —
povo» significava dndir a sua unidade de mente, ou seja, de
cultura, política e religiáo.
Destas consideragóes se depreende que o autor sagrado
em Gen 11,1 tinha em vista os homens de determinada regiáo
do globo quando se achavam unidos entre si pela mesma
mentalidade, pelos mesmos costumes e, conseqüentemente,
também pelo mesmo idioma.
— 152 —
javam construir obra predominantemente paga ou, mais pre
cisamente, aspiravam a fundar um centro político e cultural
que tivesse dominio universal; seria baseado na pujanga dos
respectivos construtores soberbos; estes divinizariam a si
mesmos e ao seu poderío humano; o símbolo désse poderío
deificado seria a torre muito alta, o templo pagáo que éles
queriam construir. Em suma, pode-sa resumir o empreendi-
mento da populagáo de Sinear nos seguintes termos : homens
que «tinham urna só língua» (unidade e concordia entre si)
resolveram afirmar e corroborar essa unidade e concordia
renegando a Deus e apoiando-se únicamente nos recursos da
soberba apóstata.
E como procedeu ?
Diz o texto que Deus provocou confusáo de línguas, de
sorte que os construtores nao se entendiam mais entre si..
— 153 —
O sentido desta afirmacáo é claro a luz do que dissemos
atrás: o Senhor permitiu primeiramente que os homens orgu-
Ihosos comegassem a divergir entre si quanto á sua mentali-
dade e ao seu modo de pensar; em conseqüéncia, tiveram que
interromper a construcáo da grande torre e foram-se disper
sando em grupos, constituindo tribos e povos estranhos uns
aos outros; essa dispersáo, por sua vez, acarretou natural
mente a diversificagáo de culturas e de idiomas. Como se vé,
esta última foi apenas a conseqüéncia remota de urna divisáo
mais profunda, que é a divisáo das mentalidades ; nao foi o
objetivo primariamente visado por Deus em Sinear ; ter-se-á
produzido conforme o processo natural e lento de evolucáo
das linguas humanas.
— 154 —
fi■ ,a° & P°rtant°. necessário que, na base dessa indicacáo filo
lógica, identifiquemos a ddade de Gen 11 com a capital da Babilonia •
nao se poderla determinar com precisáo onde se deu o episodio descrtb
pelo autor sagrado. Éste atribuiu á malograda ddade de SmeaiTque
era símbolo do orgulho, o nome de Babilonia, pois esta na historia
sagrada se tornou realmente o símbolo do poderío déste mundo qut
se faz grande e insolente contra Deus (tenha-se em vista como no
Apocalipse 18,21-19,5 Babilonia aparece qual símbolo dos imperios
deste mundo que em sua sobarba e arrogancia se levantam contra
o Senhor). Aínda havia outro motivo para que o autor associasse
™ ?^3a!fbrae,^n?usao de líng"as»: durante certo tempo sim!
£?„„£lgüldade- B^onia se tornou o principal centro comercial do
mundo, para onde afluiam negociantes e legados políticos das mais
diversas nacBes (cf. Jer 51,44); daí a.conexSo que os antros iuS
TO"eatnente estabeleciam entre «BabSló&S I ?muM&ao Se
2. Os ensinamentos perenes do episodio de Babel
— 155 —
S¿nfi t „. í para os nindus' significava a uniao do género humano,
med ante aqual os homens se sentiam táo fortes que se quiserani
^iljo Dlvindade: esta- em conseqüéncia, desbaratou os habitantes
Os sumeros, movidos pelos mesmos sentimentos, faziam "entrar
a unidade de lingua na descricáo da passada idade de ouro:
«Naqueles días nao havia serpente, nem escorpiáo, nem'hiena,
Nao havia leao, nem cao selvagem, nem lobo;
O médo e o terror nao existiam;
O homem nao tinha rival.
Naqueles dias Shubur, a tarra da abundancia, dos decretos justos,
Sumer, com a sua linguagem harmonlosa, o grande país dos
Uri, a térra que tinha todo o necessarieT*03 d°S Prin°lpeSl
O país de Martu, que permanecía em seguranca
O universo todo inteiro, o povo unissono,
A Enlil, numa so Iíngua, dava o louvor».
note'se que Enlil era uma d¡vindade sumérica
Conseqüentemente, na literatura bíblica do Antígo Testa
mento a volta dos povos á unidade de uma só familia e de
uma só religiáo faz parte dos bens messiánicos. É o que pro
mete Isaías:
«Naquele día haverá cinco cidades na térra do Eeíto
Que falarao a lingua de Canaá
E que prestaráo juramento ao Senhor dos exércítos».
(Is 1819)
A lingua de Canaa é o hebraico; e, como se depreende do contexto,
a adesáo ao idioma implica adesáo á religiáo de Israel (assim como
a separacao das linguas, conforme o episodio de Gen 11, fdra fomento
de idolatría).
Note-se aínda Sofonias 3,9: «Naquele tempo (messianico) darei
aos povos labios puros, a fim de que Jnvoquem todos o nome do
Senhor e O sirvam de comum acordó».
3. Aos sentimentos dos homens antigos e, em particular,
- de Israel, que viam na cisáo das linguas um instrumento de
discordia entre os homens, Deus se dignou responder na ple-
nitude dos tempos, mandando o Redentor ao mundo. Como se
sabe, a missáo terrestre de Cristo foi consumada por uma
multiplicacáo de linguas devida ao Espirito Santo no dia de
Pentecostés.
O Espirito de Deus multiplicou entáo as linguas dos Apos
tólos, a fim de que o mesmo instrumento — a divisáo dos idio
mas — que no Génesis significava a dispersáo dos homens,
servisse para produzir efeito contrario, ou seja, para congregar
num só reino os povos até entáo divididos e hostis entre si:
em Pentecostés as múltiplas linguas, atingindo cada individuo
— 156 —
com suas particularidades étnicas, geraram unidade de sen-É
timentos nos ouvintes, congregando-os num reino universal,"
que é o Reino de Deus, a Santa Igreja. O novo ánimo dos
homens suscitado pelas linguas de Pentecostés fez que as
barreiras antigás de cultura, idioma e interésses já nao sejam
empecilhos a que todos na Igreja se sintam irmáos, unidos
num só ideal: amar e servir a Deus, o que é realmente reinar.
O Reino de Deus universal na Térra apresenta-se assim
como a resposta do Senhor ao desejo de unidade dos antigos
povos ; é também a realizacáo do ideal que os homens em
Sinear conceberam conforme a aspiraeáo espontánea da sua
natureza, mas que nao souberam executar porque, em vez
de apoiar em Deus o seu intento de unidade, o quiseram atuar
sem Deus, mesmo contra Deus.
IV. MORAL
A. L. (Rio de Janeiro) :
— 157 —
1. Um pouco de historia
— 158 —
acham compendiados os pontos de vista, até hoje válidos da
consdéncia crista a respeito da coeducacáo.
Passemos, pois, a considerar corno se relacionam entre si.
— 159 —
secretas desordens ? As informacóes confidencial que colhemos em
nossa missao á América, auíorizam-nos a afirmar que o perieo é
mais seno do que fingem supor; e, se durante as aulas a calma
paira na fisionomía dos alunos, em muitos déles é apenas o véu de
urna violenta agitacáo moral e física» (Parecer e Projeto de Reforma
do Ensino Primario, 1882, pág. 232s).
Cecil Reddie, criador da Escola Nova da Europa em Abbotsholme
(Inglaterra), considerava a coeducacao «loucura em teoría e imora-
lidade na prática».
— 160 —
como Vives, Comento, Fénelon, Pestalozzi, Overberg e outros exigem
programas que respeitem a natureza e as condicdes de vida do edu
cando, e particularmente da mulher. É entáo que mais se desenvolve-
ráo os traeos, valores e dons da personalidade íeminina, como a
generosidade materna, a nohreza de sentimentos e a entrega total»
(E. Arns, A Coeducacáo ñas Escolas Secundarias, em «Revista Ecle
siástica Brasileira» XVIII [1958] 729).
Será preciso, portante, levar em conta as capacidades didáticas
de cada qual dos dois sexos e tratar a cada um segundo a maneira
própria que lhe convenha.
— 161 —
6. Em tais escolas católicas mistas, tomadas as precaucSes neces-
sárias, a cceducacáo poder-se-á tolerar, mesmo á vista da encíclica
'Divini illius Magistri', pois aos mestres que as regem nao se podem
aplicar aquelas suas palavras que ácima transcrevemos (n* 3)».
(O texto integral do documento se acha na «Revista Eclesiástica
Brasileira» XVIII [1958] 534-537).
3. Dúvidas fináis
— 162 —
— Essa teoría, aplicada sem restrigóes, sacrificaría a
Moral em proveito da economía, o que é absurdo, pois os bens
do espirito prevalecen! sobre os da materia. Verifica-se, po-
rém, que, justamente para atender aos interésses económicos,
a sá consciéncia tolera, dentro de certos limites, a coeducagáo
(naja vista o documento eclesiástico transcrito no parágrafo
anterior). Alias, advertem alguns autores que numa escola
mista sadia a vigilancia necessária exige nao módicas despesas.
4) Verificam-se casos de hedionda perversáo moral nos educan-
darios reservados para um sexo apenas. Ora éste mal seria removido
pela coeducacao.
— 163 —
V. HISTORIA. DO CRISTIANISMO
JOAO (Recife) :
1. A raíz do mal
— 164 —
2) Conhecedor dessa índole natural do homem, o Se-
nhor Dais, querendo entregar as criaturas a sua Palavra de
Verdade .e Vida, houve por bem muní-la de um meio que a
preservarse dos mal-entendidos. Com efeito; instituiu um
magisterio visível, órgáo de interpretagáo auténtica, que, por
assisténcia do próprio Deus, seria capaz de guardar e trans
mitir a todas as geragóes o genuino sentido da Palavra Re
velada. Tal magisterio é o da Santa Igreja de Cristo, a qual
desde os tempos de Jesús até hoje ininterruptamente se faz
ouvir.
— 165 —
Entende-se que, se Lutero atribuía a si o direito de se
emancipar do magisterio da Igreja para se tornar novo «mes-
tre», muitos discípulos seus, nos sáculos subseqüentes, se jul-
garam habilitados a fazer outro tanto em relacáo ao «Refor
mador», de sorte que novos «Luteros» ou novos «Reformado
res»— Reformadores da própría Religiáo reformada foram
surgindo (Wesley, Smith, Helen White...); assim o processo
de reformar o Cristianismo se foi ramificando e ampliando
em ritmo crescente até nossos dias, quando chega a haver
mais de oitocentas seitas, sem que se possa prever o termo
final do afá de «redescubrir» o Evangelho. A causa dessa mul-
tiplicacáo de reformas e seitas é, antes do mais, a renegaeáo
de um magisterio visível, instituido por Deus e independente
do senso subjetivo dos «videntes» (que nao podem deixar de
surgir na historia dos sáculos).
Em conseqüéncia, percebe-se claramente o dilema:
a) ou o cristáo aceita a Escritura Sagrada com a Re-
velagáo oral que a antecedeu e a acompanha e sem a qual
a Escritura nao pode ser mantida ácima dos subjetivismos
humanos,
b) ou o cristáo, consciente ou inconscientemente, chega
a renegar o Cristianismo inteiro, guardando apenas palavras
e rótulos que só encobrem as concepcóes individualistas e
mais ou menos contraditórias de tais ou tais «videntes».
— 166 —
gido senáo através dessa realidade divino-humana que é o
Cristo prolongado em seu Corpo Místico ou a Igreja Esta
enquanto Cristo nela vive, é urna sociedade sobrenatural é
infalível; enquanto, porém, é representada por homens e tem
urna face humana (o misterio da Encarnagáo consistíu jus
tamente em colocar o Divino dentro do humano), é marcada
pelas deficiencias inerentes aos homens ; essas deficiencias
porém, nao contaminam em absoluto sua pureza intrínseca'
nem impedem que a Igreja, por seus ministros, comunique
aos homens a multiforme graca de Deus (como a carne de
Cnsto padecente e mortal nao foi empecilho, mas, ao contrario
fator positivo, para que Deus se entregasse ao género humano).
De resto, o Senhor nao exige que a fé prestada á Igreja
seja urna fé cega. A todo homem toca o direito de examinar
as credenciais da Santa Igreja Católica, antes de professar
adesáo a esta ; fazendo isto, o estudioso verifica que o próprio
Cristo nos Evangelhos dotou a Igreja de um magisterio infa-
hvel (cf. Mt 16,17-19 ; 28,19s ; Le 22,31s) ; verifica outrossim
que a existencia déste magisterio é comprovada pela historia
dos fatos, pois, sempre que os homens quiseram denegar fé
á face humana e visivel da Igreja, para tributá-la apenas a
Cristo e aos Evangelhos, nem sequer guardaram fé no Cristo
e nos Evangelhos, mas retorceram de diversos modos a men-
sagem crista.
— 167 —
pria... É isto, sim, o que acontece quando o homem se guia
pela razáo sem atender ao coragáo ou quando a inteligencia
gera urna especie de intelectualismo frió, unilateral; desen-
cadeia-se entáo a ruptura e forma-se um novo credo entre os
cristáos. Jacques Maritain diz muito acertadamente : «Se, em
vez de fícar no coracáo, a pureza sobe á cabega, ela produz
sectarios e herejes» (Humanisme integral 265).
Nao há dúvida, na origem dos cismas sucessivamente ve
rificados entre os cristáos no decorrer dos sáculos, encontra-se
um núcleo de verdade ou urna intuigáo sadia. O mal, porém,
consistiu em que esta absorveu a atengáo dos respectivos «ilu
minados», a ponto de fazer fermentar os ánimos e violar as
exigencias da caridade, a qual é prudente e paciente.
— 168 —
2. É sobre éste fundo de idéias que, mais oportuna tío
que nunca, ressoa a norma Eecentemente formulada por S. S.
o Papa Joáo XXm ao tratar da planejada uniáo entre os
cristáos :
VI. LITURGIA
U. A. M. (Vila Velha) :
— 169 —
aos criterios de piedade de cada um dos interessados. Con-
tudo tal nao se dá, principalmente pelo motivo de que a S.
Missa é ato esencialmente comunitario, ato em que todos
os fiéis devem ter consciéncia de que desempenham urna fun-
gáo da Comunháo dos Santos. — Sendo assim, consideraremos
abaixo as posigóes que os fiéis poderiam com acertó tomar
durante o rito da S. Missa ; todavía, a fim de fundamentar
melhor a resposta, trataremos previamente do significado que
possa ter o corpo humano na celebragáo do culto em geral.
— 170 —
De modo especial seja mencionado o apérto de mSos: quando
dois adversarios se reconciliam entre si, estendendo a mao um ao
outro, cada um déles aperta mais do que carne e ossos; apalpa por
ff/íí, ^i2er' mediantes a má0 toda a personalidade do outro (amor,
fidelidade, magnammidade, dedicacáo...); tudo que no individuo é
espiritual, se torna concreto e é simbólicamente apreendido no apérto
de maos... A luz desta observacao, entende-se a expressáo: «pedir a
máo de urna donzela» (= pedir o amor, a compreensáo e a dedicacáo
Intimas...).
— 171 —
«Essas atitudes tém valor educativo: a atttude do corpo influí
sobre a da alma. Nossos fiéis multo freqüentemente esquecem que,
para a fé católica, o corpo nao é desprezivel nem indiferente. E o
servo da alma, seu instrumento de ligacáo com as realidades exte
riores, tais como a comunidade crista ou os sacramentos; o corpo
é o intérprete da alma; existe urna oracio do corpo associada a da
alma» (Directoire pour la Pastorale de la Messe 1956, n« 127).
— 172 —
achava sentada aos pés do Senhor, escutando a sua palavra»
(cf. Le 10, 39).
— 173 —
a sua oracáo conforme as diversas fases da acáo, visando urna parti-
cipacáo ativa e comunitaria.
... Podem-se propor as seguintes regras gerais :
A assembléia deve ficar em pé: quando o celebrante chega ao
altar e déle definitivamente se afasta; durante o Evangelho; quando
o sacerdote se dirige aos fiéis («Domtnus vobiscum, Orate íratres,
Ite Missa est...») ou recita em nome de todos a Coleta, o Prefacio,
o «Pater noster». a Postcomunháo.
A assembléia sentar-se-á durante a epístola e os cantos de medi
tado que a seguem (Gradual, Trato, Aleluia); durante os avisos e
o sermáo; durante o Ofertorio, após o «Dominus vobiscum» do cele
brante; pode-se, além disto, ficar sentado entre as abluc.8es fináis e
o «Dominus vobiscum» que precede a Postcomunháo.
Os fiéis estaráo de joelhos durante a Consagracao. Podem perma
necer ajoelhados entre a elevacao e o «Pater noster» e, ñas Missas
nao cantadas, durante as oragSes ao pé do altar» (Diretório já citado,
nn. 131. 133-135).
— 174 —
Como se compreende, a transcrigáo de tais normas nesta
Revista visa apenas ajudar e construir; a aplicagáo das mes-
mas (a qual supóe que os fiéis saibam o que se está realizando
no altar) ficará sempre subordinada ao criterio dos Exmos.
Srs. Bispos e dos Revmos. Párocos.
CORRESPONDENCIA MIÚDA
— 175 —
O. D. F. (Araxá): Com prazer recebemos as perguntas do amigo.
Já que merecem certo desenvolvimento e sao de interésse público, espe
ramos dar-lhes resposta num dos próximos fascículos de "P. R." — Este
jamos certos de que nao há desordem ñas obras de Deus; o Senhor julga
cada um segundo a sua consciéncia ; no dia do juízo, de nenhuma cria
tura exigirá £le o que nao tiver estado ao alcance déla. Se nos temos
o senso da Justina, muito mais Deus o tem.
D. ESTÉVAO BETTENCOUBT O. S. B.
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