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Recomendações 72

ISSN 1415-0891
Técnicas Fevereiro, 2003
Porto Velho, RO

Recuperação e Renovação de Pastagens


Degradadas em Rondônia
1
Claudio Ramalho Townsend
2
Newton de Lucena Costa
3
João Avelar Magalhães
2
José Ribamar da C. Oliveira

Introdução são formadas sem qualquer orientação técnica e


manejadas inadequadamente (altas taxas de
Em Rondônia vem ocorrendo um acentuado processo lotação e sistema de pastejo contínuo), além de
de “pecuarização”, uma vez que no interstício sofrerem altas pressões bióticas, o que tem
compreendido entre os anos de 1985 e 1996 o efetivo contribuído para um rápido e crescente processo
bovino apresentou uma taxa de crescimento de degradação, comprometendo o processo
geométrico próxima a 16% a. a., sendo estimado em produtivo.
mais de 9,4 milhões de cabeças. Neste mesmo
período, a área de pastagens cultivadas teve um Tal tendência vem ocorrendo em estabelecimentos
incremento de aproximadamente 66%, representando de todos os tamanhos e pode ser explicado, entre
hoje, cerca de 4,5 milhões de há, as quais constituem o outros fatores, pela escassez de mão-de-obra,
principal suporte alimentar dos rebanhos. Desta área, descapitalização dos produtores e baixos preços
cerca de 40 % apresenta pastagens em diferentes praticados com relação aos produtos agrícolas.
estágios de degradação, o que torna necessário a
derrubada de grandes áreas para a manutenção dos A degradação de uma pastagem se manifesta pela
rebanhos, resultando numa pecuária itinerante. queda gradual e constante de produtividade das
plantas forrageiras, devido a vários fatores, tais
A pecuária envolvendo as fases de cria e recria são como: a baixa fertilidade dos solos, manejo
desenvolvidas na maior parte dos estabelecimentos inadequado das pastagens (altas cargas animal e
(92%), onde são adotados os sistemas de criação pastejo continuo), ausência de adubações de
extensivo e semi-extensivo, haja visto os índices manutenção, uso indiscriminado do fogo,
zootécnicos obtidos (taxa de natalidade de 56%, compactação do solo e as altas pressões bioticas
mortalidade de bezerros de 8,5%, idade a primeira cria (pragas, com ênfase às cigarrinhas - das -
próxima aos 3,5 anos e de abate aos 4 anos, além da pastagens, e doenças), o que culmina com a
produção média de 2,95 litros de leite/vaca/dia e peso dominância total da área por plantas invasoras,
médio de abate de 390 kg). Como, cerca de 35% dos mais adaptadas as condições ecológicas
estabelecimentos dedicam-se a pecuária leiteira e prevalecentes na região. Deste modo, os métodos
apenas 6% desenvolvem a fase de engorda, pode-se tradicionais de manutenção, como limpeza e
inferir que predomine uma pecuária de caracter misto, queima das pastagens, tornam-se cada vez mais
ou seja, visando a produção de carne e leite, inócuos. Visando substituir o uso indiscriminado da
evidenciando-se nas regiões onde os estabelecimentos queimada no processo de limpeza e manutenção
apresentam área entre 10 e 100 hectares, os quais das pastagens, prática bastante difundida entre os
representam 56,6% do total e 20,5% da área dos produtores de Rondônia, que não tem se mostrado
estabelecimentos, onde concentra-se 46% do efetivo eficiente, além de representar grandes prejuízos
bovino. Via de regra, as pastagens são estabelecidas ambientais, algumas alternativas agronômicas
em área de floresta, após a derrubada podem ser utilizadas para a recuperação ou
e queima da vegetação original, podendo ser ou não renovação de pastagens.
precedida de lavouras. Geralmente, as pastagens

1
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
2
Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa Rondônia
3
Med. Vet., M.Sc., Embrapa Meio Norte, Caixa Postal 341, CEP 64200-000, Parnaíba, Piauí
2 Recuperação e Renovação de Pastagens Degradadas em Rondônia

O processo de intervenção em uma pastagem necessários. A principio deve-se determinar quais os


visando a sua recuperação/renovação depende de fatores que estão contribuindo para sua degradação,
seu estagio de degradação, pois quanto mais e adotar medidas de controle específicas para cada
avançado for, maiores serão os investimentos caso. Genericamente, pode-se recomendar:

CUSTO
ESTÀGIO DE
SINAIS DE DEGRADAÇÃO ESTRATÉGIA DE RECUPERAÇÃO ESTIMADO
DEGRADAÇÃO
(R$/ha)
Plantas invasoras entre 0 a 20% de
Descanso + ajuste de manejo + 250,00
cobertura de solo, gramínea ainda
INICIAL limpeza + adubação (P) + introdução a
vigorosa, capacidade de suporte da
de leguminosas 500,00
pastagem próxima a 1,0 UA/há
Descanso + ajuste de manejo +
plantas invasoras entre 30 a 50% de
limpeza + descompactação parcial do 500,00
cobertura de solo, gramínea com vigor
MÉDIO solo + calagem + adubação (N-P-K) + a
regular, capacidade de suporte da
introdução de leguminosas + 800,00
pastagem entre 0,5 a 0,9 UA/há
introdução de gramínea
limpeza + descompactação do solo +
plantas invasoras + de 60% de
calagem + adubação (N-P-K) +
cobertura de solo, gramínea com 800,00
introdução de leguminosas +
AVANÇADO baixo vigor ou inexistente, capacidade a
introdução de gramíneas / renovação
de suporte da pastagem menor que 1100,00
em associação com culturas anuais +
0,5 UA/ha
ajuste de manejo

Estratégias de Recuperação Subdivisão das pastagens: a divisão racional das


pastagens, em piquetes com área máxima de 25 ha,
Descanso: vedações em épocas estratégicas, como além de facilitar o manejo das pastagens e do
florescimento e frutificação da(s) espécie(s) rebanho, propicia o máximo aproveitamento da
forrageira(s) desejada(s), bem como, na fase de forragem produzida, evitando o desperdício pelo
germinação das sementes e desenvolvimento das subpastejo ou o rebaixamento excessivo das plantas
novas plantas; diferimento de pastagem, através da pelo superpastejo, pois pode-se controlar melhor o
utilização menos intensa ou parcial de alguns sistema planta/animal, a distribuição de bebedouros
piquetes durante os últimos meses do período de e cochos para mistura mineral nos piquetes, deve
chuvas, com vistas a armazenar forragem em pé ser feita de tal maneira que proporcione o
para alimentação do rebanho durante o período deslocamento dos animais por toda sua área.
seco, procurando manter uma disponibilidade
mínima de 1500 kg de MS/ha; No caso de ser adotado sistema de pastejo rotativo,
deve-se considerar que: os ciclos de pastejo deverão
Ajuste de Manejo: quando for detectado o ser regulados a fim de propiciar uma perfeita
superpastejo, reduzir a carga animal, podendo ser recuperação das pastagens e acúmulo de reservas,
ajustada com base na capacidade de suporte dos conciliando a produção e qualidade da forragem; em
pastos no período seco; geral, períodos curtos de descanso propiciam
forragem de melhor qualidade, no entanto, podem
Limpeza: visa o controle de plantas invasoras, pode comprometer a longevidade das pastagens,
ser feita através roçada, arranquio ou herbicida, o principalmente, quando associados a períodos
controle deve ser feito antes do amadurecimento das longos de ocupação.
sementes das invasoras predominantes na
pastagem, levando em consideração a eficiência e Como indicativos podem ser adotados ciclos de
economicidade; pastejo de 1 a 7 dias de utilização e 28 a 36 dias de
descanso, conforme a estação do ano e condições
das pastagens, o número de subdivisões
necessárias, segundo o sistema de pastejo adotado,
serão de:
Recuperação e Renovação de Pastagens Degradadas em Rondônia 3
1
CICLOS DE PASTEJO ROTATIVO (dias) NÚMERO DE SUBDIVISÕES
Utilização Descanso
1 28 29
1 36 37
7 28 5
7 36 6
(1): NÚMERO DE SUBDIVISÕES = (UTILIZAÇÃO / DESCANSO) + 1;
Dimensionar os piquetes, de forma que se poça ter algumas áreas de reserva
para os períodos de escassez de forragem.

O emprego de cerca elétrica, contribui Introdução de Gramíneas: na escolha da espécie


significativamente na redução dos custos de considerar a sua adaptabilidade as condições edafo-
implantação de sistemas de pastejo rotativo, já que climáticas predominantes no local, visando sempre a
representam aproximadamente 40 a 70% dos custos diversificação das pastagens; considerando-se
de construção das cercas convencionais (em torno apenas o nível de fertilidade natural do solo, as
de 698,00 R$/km), sendo uma excelente alternativa espécies de gramíneas forrageiras mais indicadas
para subdivisão dos pastos. são: nas condições de média a alta fertilidade
Panicum maximum cvs. Comum, Colonião,
Calagem e Adubação: serão recomendadas Mombaça, Vencedor, Centenário,Mombaça,
conforme resultados de análise de solo e exigências Tanzânia e Massai, Brachiaria decumbens, B.
nutricionistas da(s) espécie(s) forrageiras humidicola, B. ruziziensis, B. mutica, B. dyctioneura,
existente(s) ou a ser(em) introduzida(s), B. brizantha cv. Marandu, gênero Cynodo; em solos
considerando também, o nível de produtividade a ser de baixa fertilidade B. humidicola, B. ruziziensis e
atingido e sua economicidade, como indicativo de Andropogon gayanus cv. Planaltina, novas
recomendação, pode-se inferir: a calagem para variedades de gramíneas estão prestes a serem
espécies como Brachiaria brizantha (Braquiarão, lançadas pela Embrapa, como: Paspalum atratum
Marandu, Brizantão), B. decumbens e B. ruziziensis cv. Pojuca, recomendado para áreas sujeitas a
(Braquiarinhas), B. humidicola (Quicuio-da- inundação, P. maximum cv. Massai e B. brizantha cv
Amazônia) e Andropogon gayanus (Andropogon) Xaraes;
deve visar a elevação de bases à níveis entre 30 e
40%, já para espécies como Panicum maximum Renovação em Associação com Culturas Anuais:
(Colonião, Tobiatã, Tanzânia, Mombaça), Cynodon tem como principal objetivo, minimizar os custos de
spp. (Estrela Africana, Bermuda, Tifton) e renovação da pastagem, além de propiciar renda
Pennisetum purpureum (Capim-Elefante, Napier, advinda da comercialização de grãos, cultivos
Cameroon) atingir 45 a 50%, dando-se preferência a simultâneos de gramíneas com arroz de sequeiro e
calcário dolomítico; a adubação fosfatada ficará milho, têm obtidos resultados satisfatórios.
entre 50 e 80 kg de P2O5/ha, divididos em ½ fonte de
alta solubilidade e ½ de baixa solubilidade; Considerando-se a necessidade anual de
incremento de 4% e a renovação de 10% da área de
Descompactação do Solo: sendo constatado a pastagem existente em Rondônia, são necessários
existência de camada de impedimento no solo, deve- 180 mil ha para formação e 450 mil ha na
se proceder sua descompactação, que conforme seu recuperação/reforma de pastagens, além do mais,
grau será, superficial através de gradagem ou existem cerca de 2,25 milhões de ha que já se
aração leves, ou profunda através de aração encontram e vias de degradação, necessitando de
profunda ou subsolagem; intervenções visando restabelecer sua capacidade
produtiva. Com a utilização da Tecnologia de
Introdução de Leguminosas: visa fornecer N (a Recuperação/Renovação de Pastagens, espera-se
fixação biológica pode atingir cerca de 100 kg de reduzir significativamente o uso da queimada dos
N/ha/ano) ao sistema e melhorar a qualidade da pastos, minimizando os efeitos adversos sobre o
forragem consumida pelos animais, na escolha da meio ambiente e aumento na capacidade produtiva
espécie considerar a sua adaptabilidade as das pastagens já existentes, consequentemente
condições edafoclimáticas predominantes no local e diminuindo a pressão sobre a derrubada de novas
a compatibilidade à gramínea que esta sendo áreas de floresta.
consorciada, como espécies promissoras pode-se
citar: Pueraria phaseoloides, Desmodim ovalifolium,
Stylosanthes guianensis, Arachis pintoi, Leucaena
leucocephala;
Recomendações Exemplares desta edição podem ser Comitê de Presidente: Newton de Lucena
adquiridos na: Costa
Publicações
Técnicas, 72 Embrapa Rondônia Secretária: Marly Medeiros
Endereço: BR 364, km 5,5 Normalização: Alexandre Marinho
Caixa Postal 406, CEP 78900-970 Membros: Claudio R. Townsend,
Porto Velho, RO Marilia Locatelli, Maria Geralda de
Fone: (69) 222-0014 Souza, José Nilton M. Costa, Júlio
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, Fax: (69) 222-0409 César F. Santos, Vanda Gorete
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
E-mail: sac@cpafro.embrapa.br Rodrigues,

1ª Edição Expediente Supervisor Editorial: Newton de


1ª Impressão 2003 Lucena Costa
Tiragem 100 exemplares Revisão de texto: Ademilde
Andrade Costa
Editoração Eletrônica: Marly
Medeiros

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