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INTRODUÇÃO
1. O PROCESSO DO ADOECER
Se você for procurar no dicionário Aurélio o significado da palavra
doença irá encontrar descrito “falta ou perturbação da saúde, moléstia, mal,
enfermidade” e, no sentido figurativo, “tarefa difícil, laboriosa”. A maior parte do
tempo o indivíduo permanece em seu local de trabalho produzindo de forma
braçal e/ou intelectual. Para o empregador o fruto desta atividade laborativa é
expresso através do lucro que ele tem. Para o empregado esta mesma
atividade laborativa pode se tornar uma fonte de realização pessoal e
profissional ou ao contrário, um fator para desencadear ou agravar
enfermidades.
A OMS – Organização Mundial da Saúde, em conjunto com a OIT –
Organização Internacional do Trabalho, afirmam que a função das áreas
competentes nas empresas (SESMT, CIPA, RH) é a de promover, manter,
prevenir, proteger, adaptar os postos de trabalho ao mais alto grau de bem-
estar físico, mental e social dos trabalhadores de todas as ocupações. Claro
que há atividades laborativas que por si só não contemplam esta prescrição
como os trabalhos confinados ou subterrâneos, que envolvem alta tensão, que
expõe o trabalhador a temperaturas extremas de muito calor ou muito frio, ou
mesmo os que envolvem o atendimento ao público de forma direta ou indireta.
Sendo assim você pode se perguntar: porque algumas pessoas adoecem e
outras não? Esta responsabilidade é maior para o empregador que deve prover
segurança e saúde? Ou compete ao empregado na medida em que usa os
EPIs e participa de treinamentos? Este questionamento é muito complexo e
uma resposta conclusiva é temerosa.
Para França; Rodrigues (1999) o adoecimento apresenta teorias
multicausais que englobam desde a desnutrição, pobreza, más condições de
higiene e habitação decorrentes das desigualdades socioeconômicas até a
exposição a agentes físicos, químicos ou biológicos advindos da insalubridade,
periculosidade e penosidade.
Não se tem registro de ações preventivas durante o período da
Revolução Industrial, século XVIII. Sabe-se que nesta época o trabalho era
árduo em função da sobrecarga da jornada de trabalho (12, 14, 16 horas/dia),
maquinário pesado e ruidoso, subalimentação, esgotamento físico pela falta de
pausas, despreparo técnico e cognitivo para a atividade laborativa, entre outros
fatores. Atualmente, as empresas buscam medidas que supram estes fatores e
muitas já tem implementado a ginástica laboral ou academia de ginástica,
refeições balanceadas, sede recreativa, exames periódicos mais rigorosos...
Dejours (1992) em seus estudos sobre a psicopatologia do trabalho
aponta as condições de trabalho (aspectos ergonômicos ambientais) e a
organização do trabalho como elementos de anulação ou alienação do
trabalhador e, sendo assim, agentes do adoecimento. O mesmo autor (1994, p.
47) ainda afirma que “para penetrar no campo da relação trabalho-saúde será necessário
considerar, antes de tudo, dentro do trabalho, aquilo que especifica como relação social e aí
tentar articular um modelo de funcionamento psíquico, que arranje um lugar teórico específico
2. PSICOSSOMÁTICA
Não seria possível neste capítulo descrever todas as doenças das quais
o trabalhador pode ser acometido ao executar suas atividades. O importante
está em compreender os porquês de seu adoecimento. A psicossomática,
fundamentalmente, busca uma análise holística das relações homem, trabalho,
doença e saúde.
Segundo Rodrigues; Gasparini (1992), o termo psicossomática foi
introduzido na medicina em 1818 por Helmholtz que, naquela ocasião, tinha o
sentido de designar as doenças somáticas que surgiam tendo como fator
etiológico os aspectos mentais. Hoje em dia, este termo contempla um sistema
único que envolve os aspectos do corpo (somático), da mente (psico) e do
social.
O filósofo francês, René Descartes, na modernidade elaborou a teoria
cartesiana que prescrevia a divisão entre a cabeça (res pensante) e o corpo
(res extensa), ou seja, a cabeça teria uma forma de pensar independente do
corpo, como duas estruturas distintas do ser humano. Claro que isso não
acontece. Cabeça e corpo se relacionam de forma integrada, holística, e,
portanto, não se pode considerar o indivíduo como sendo formado por partes
isoladas ou diferenciadas que atuam por conta própria. Ainda para Rodrigues;
Gasparini (1992, p. 76) “ a emoção é um fenômeno que ocorre simultaneamente no nível
do subsistema do corpo e no nível do subsistema dos processos mentais. Aquilo que no nível
dos sentimentos é medo, raiva, tristeza, alegria, fome no corpo, concomitantemente, se
expressa através de modificações no somático, através de modificações das funções motora,
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Ações Programáticas e Estratégicas. Lista de doenças relacionadas ao
trabalho: Portaria nº. 1.339/GM, de 18 de novembro de 1999. 2. ed. Ministério
da Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005.