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1I
A GAlA CI~NCIA LIVRO III

sem mudança, de compreender mal a natureza do homem do conservador da vida, Ante a importância dessa luta, todo o
conhecimento, negar a força dos impulsos no conhecimento e, resto é indiferente: a derradeira questão sobre as condições da
em geral, apreender a razão como atividade inteiramente livre, vida é colocada, e faz-se a primeira tentativa de responder a
de si mesma originada; eles fecharam os olhos para o fato de essa questào com o experimento. Até que ponto a verdade
que também eles haviam chegado a suas propo~ições contra- suporta ser incorporada? - eis a questão, eis o experimento.
dizendo o que era tido por válido, ou ansiando por tranqüili-
dade, posse exclusiva ou dominação. O desenvolvimento mais
sutil da retidão e do ceticismo acabou por impossibilitar tam- 111.
"0
:i! t" bém esses homens; também suas vidas e seus juízos revela-
", ",111 í ram-se dependentes dos antiquíssimos impulsos e erros fun- ~Qrtgem do lógico: - De onde su!:&iu '!. lÓg!9!. !la ment~
humana? Certamente do i~ó~ic~ cttlo domínio deve ter sido \ \
:11111
"II I damentaisde todaexistênciasensível.- Estamaissutilretidão
e atitude cética surgiu sempre que duas proposições opostas enorme no princípio. Mas,inçontável$ outros seres, que infe-
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CJ I pareceram aplicáveisà vida, por serem ambas compatíveis riam de maneira diversa da que agora inferimos, f:lesaparece-{
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,111
\ Lcom os erros fundamentais, isto é, sempre que se pôde discu- ram: e é possível que ela fosse mais verdadeira! Quem, por
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tir o maior ou menor grau de utilidade para a vida; e igualmen- exemplo, não soubesse distinguir com bastante freqüência o
te quando novas proposições não se mostraram úteis, mas "igual';no tocante à alimentação ou aos animais que lhe eram
tampouco prejudiciais à vida, enquanto manifestações de um hostis, isto é, quem subsumisse muito lentamente, fosse dema- 'I
lúdico impulso intelectual, inocentes e felizescomo tudo aqui- 'iiado cauteloso na subsunção, tinha menos probabilidades de ,
lo que é lúdico. Gradualmente o cérebro humano foi preen- 'iobrevivência do que aquele que logo descobrisse igualdad,e. (
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chido por tais juízos e convicções, e nesse novelo produziu-se L'm tudo o que era semelhante. Mas ã tendência predominan-
fermentação, luta e ânsia de poder. Não somente utilidade e IL'de tratar o que é semelhante' como igual - uma tendência
prazer, mas todo gênero de impulsos tomou partido na luta itr>gica,pois nada é realmente igual- foio ql1eçrjQUtQdofun-
pelas "verdades"; a luta intelectual tornou-se ocupação, atrati- d:llnento para a lógica. Do mesmo modo, para que surgisse o
v.o,dever, profissào, dignidade -: o conhecimento e ,a busca I'Onceito de substância, que é indispensável para a lógica,
do verdadeiro finalmente se incluíram, como necessidadG, \ 'mbora,no sentido mais rigoroso,nada lhe corresponda de
entre as necessid.ades.A partir daí, não apenas a fé e a convic.- n'al - por muito tempo foi precisoque o ql!~h,áde mytáveJ
I ção, mas também o escrutínio, a negação, a desconfiança, a nas coisas nã2 fQ§sevisto nel11~el}t!c1Q; os seres que não viam
contradição tornaram-se um podel~ todos os instintos "maus" \ 'xatamente tinham vantagem sobre aqueles que viam tudo

foram subordinados ao conhecimento e postos ao seu serviço, 1'111tluxo':Todo ~Ievado g~u de c,autelaao infe):ir,toda pro-
e ganharam o brilho do que é permitido, útil,honrado e, enfim, 11\'nsào cética, já constitui em si um grande Q~rigQpara a vida.
o olhar e a inocência do que é bom. O conhecimento se tor- Nl'nhum ser vivo teria se conservado, caso a tendência opos-
nou então parte da vida mesma e, enquanto vida, um poder l.1de atlrmar antes que adiar o julgamento, de errar e inventar
em contínuo crescimento: até que os conhecimentos e os anti- II1\L'S
que aguardar, de assentir antes que negar, de julgar antes
quíssimos erros fundamentais acabaram por se chocar, os dois quI' ser justo - não tivesse sido cultivada com extraordinária
sendo vida, os dois sendo poder, os dois no mesmo homem. O Ic)rc,;a.
- O curso dos pensamentos e inferências lógicas, em
pensador: eis agora o ser no qual o impulso para a verdade e "OSSOcérebro atual, corresponde a um processo e uma luta
os erros conservadores da vida travam sua primeira luta, de- 1'11\
rl' impulsos que, tomados separadamente, são todos muito
pois que também o impulso à verdade provou ser um poder 11<Igicos e injustos; habitualmente experimentamos apenas o

[138] [139]
LIVRO 111

A GAlA ClaNCIA

('l'r _ rejeitaria a noção de causa e efeito e neg~ia qualqu~r


resultado da luta: tão rápido e tão oculto opera hoje em nós l'( mdicionalidade.
esse antigo mecanismo.

113.
112. ~j Y ). I 11

4!eoria..49s velW!2S-- Tantas coisas têm de se reunir,para I


,
Causa e efeitol- "Explicação';dizemos; mas é "descrição" que surja um pensamento científico; e cada uma destas forças 'I
o que nos distingue de estágios anteriores do conhecimento e necessárias tem de ser isoladamente inventada, treinada, culti-
I'
~~! da ciência. Nós descrevemos melhor - e explicamos tão vada!Mas no isolamento elas produziam efeito bem diverso do - ,
ii~
" ~.fi, pouco quanto aqueles que nos precedemm. Descobrimos mÚl- que passam a ter no interior do pensamento científico,no qual
:: "'I tiplas sucessões, ali onde o homem e pesquisador ingênuo de se restringem e disciplinam mutuamente: -
elas atuavam \.

culturas anteriores via apenas duas coisas, "causa"e "efeito'; como venenos, por exemplo, o impulso de duvidar, o impulso t. 1
t," :~;
~...
."" como se diz; aperfeiçoamos a imagem do devir,mas não fomos de negar, o de aguardar, o de juntar, de dissolver.Muitas heca- -
tombes humanas ocorreram, até esses impulsos chegarem a ..-\
I'.
~I' ...
além dessa imagem, não vimos o que há por trás dela. Emcada
caso, a série de "causas" se apresenta muito mais completa apreender sua coexistência e a sentir que eram todos funções O
de uma força organizadora dentro de um ser humano! E comõ\ .<
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diante de nós, e podemos inferir: tal e tal coisa têm de suceder
antes, para que venha essa outm - mas nada compreendemos
ainda está longe o tempo em que as forças artísticas e a sabe- I I
com isso. Em todo devir químico, por exemplo, a qualidade daria prática da vida se juntarão ao pensamento científico, em [

aparece como um "milagre';agora como antes, e assim também que se formará um sistema orgânico mais elevado, em relação \ c',~
todo deslocamento; ninguém "explicou"o empurrão. E como ao qual o erudito,o médico,o artistae o legislador,tal como \ \~ .)

poderíamos explicar?Operamos somente com coisas que não agora os conhecemos, pareceriam pobres antiguidades! J
existem, com linhas, superfícies, corpos, átomos, tempos divi-
síveis, espaços divisíveis - como pode ser possível a explica- 114.
I..., ção, se primeiro tomamos tudo imagem, nossa imagem! Basta (
'" considerar a ciência a humanização mai§ fiel possível daSCõi- Até onde vai a eiifgra moral. - Ao vermos uma nova ima- , j
\. .sã!),aprendemos a nos descrever de modo cada vez mais pre- '<J
"

oi ciso, ao descrever as coisas e sua sucessão. Causa e efeito: e~a


gem~mediatamente a construímos com ajuda de todas as
experiências que tivemos, conforme o grau de nossa retidão e J
t
" dualidade não existe provavelmente jamais - na verdad~ '" ,(
eqüidade. Não existem vivências que não sejam morais,
\
.......
temos diante de nó~ um conti nuum. do qual isolamos algum~ mesmo no âmbitoda percepçãosensível. i'-
Rartes; assim como percebemos um movimento apenas coI'!}Q
pontos isolados, isto é, não o v~m()$.propriamente, mas o inf~-
rimos. A forma súbita com que muitos efeitos se destacam nos 115.
".....
confunde; mas é uma subitaneidade que existe apenas para nós.
Neste segu!1dQde sul2itéID~i<1:!de_há um número iofindáyel...de. Os quatro~s.~
I

O homem foi educado por seus erros:


processos que nos esc~pw. Um intelecto que visse caus~~ primeiro, ele sempre se viu apenas de modo incompleto;
êfeito como continuum, e não, à nossa maneira, como arbitrá- segundo, atribuiu-se características inventadas; terceiro, colo..
rio esfdcelamento e divisão, que enxergasse o fluxo do acom..e-
[141]
"
[140]

11
\

A GAlA CI~NCIA LIVRO IV

com o manuseio - e aindamais:todoo ouro dentrodelasterá 1.1\, tem toda a sua energia:aí ele pode voar!Porque tornaria
se transformado em chumbo. Verdadeiramente, vocês enten- c'It. a descer àquelas águas turvas, onde temos que nadar e pati-
dem da arte contrária à alquimia, a desvalorização do que é IIhare perdemosa cor das asas? - Não!Paranós é muitodifí-
valioso! Experimentem outra receita alguma vez,a fim de não 111viver ali: que fazer, se nascemos para o ar, o ar puro, nós, ri-
alcançar o oposto do que procuram, como até hoje sucedeu: \.lis dos raios de luz, e se bem gostaríamos, como eles, de andar
neguem essas boas coisas, retirem-lhes o aplauso do popula- ~I)hre partículas do éter, e não fugindo, mas rumando para o
cho e o curso fácil, façam com que sejam novamente vergo- ..,o\! Mas isso não podemos fazer: - então façamos o que
nhas secretas de almas solitárias,digam que moral é algoproi- ,")mente nós conseguimos: trazer luz à Terra, ser "a luz da
bido! Assim talvez ganhem, para essas coisas, a única espécie li:rra"!E para isso temos nossas asas e nossa rapidez e rigor, por
de homens que importa, quero dizer, os heróicos. Mas então isso somos viris e mesmo terríveis, como o fogo. Que nos
r! deve haver nelas algo para se temer,e não, como até agora, para temam aqueles que não souberem aquecer-se e iluminar-se
;;~"
"
.; ~' se enojar! Não seria tempo de falar,a respeito da moral, como Junto a nós! --
J. mestre Eckhart: "Peço a Deus que me livre de Deus"?

294.
293. I'
çontra os caluniadoresda naturez4 - São para mim de-
o nosso ar.- Nós bem sabemos que, para quem lança um sagradáveis as pessoas nas quais todo pendor natural se trans-
olhar à ciência como que de passagem, à maneira das mulhe- IÓrmaem doença, em algo deformante e ignominioso - elas 11:

res e, infelizmente, de muitos artistas, o rigor que pede o seu nos induziram a crer que os pendores e impulsos do ser huma-
serviço, a inflexibilidade nas pequenas como nas grandes coi- no são maus; elas são a causa de nossa grande injustiça para
r
sas, a rapidez em ponderar, julgar,condenar, têm algo que infun- com nossa natureza, para com toda natureza! Hápessoasbas:-
de temor e dá vertigem.Assusta,particularmente, o fato de aí se lantes que podems~<:ntre~~ seusiJE2ulsoscõl1l graça e c!es- IIII1
)
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requerer o mais difícil e se fazer o melhor possível, sem que preocupação: ma~ não Q fazem11?ormedo jess<ilma@ná,Eia
louvor e distinções sejam ouvidos, mas apenas censuras e "má essência" da natureza! Vem daí que se ache tão pouca
admoestações, como entre soldados - pois o bem-feito é tido no13'reiãentre ós homensiPois a marca desta sempre será não
como norma, o fracasso,como exceção; e a norma, como sem- lemer a si próprio, nada esperar de vergonhoso de si próprio,
pre, guarda silêncio.Com este "rigorda ciência"dá-se o mesmo nào hesitar em voar para onde somos impelidos - nós, pás- ':11

que com a forma e a cortesia da melhor sociedade: - ele saros nascidos livres! Aonde quer que cheguemos, tudo será
assusta os não-iniciados. Mas quem a ele se habitua talvez não livre e ensolarado à nossa volta. i
,li
consiga viversenão nesse ar claro,transparente, vigoroso e bas-
tante elétrico, nesse ar viril. Nenhum outro lugar lhe será sufi-
cientemente puro e arejado: desconfia que neste a sua melhor 295.
arte não seria proveitosa para outros nem prazerosa para si
mesmo, que, em meio a mal-entendidos, boa parte de sua vida Hábitos breves.- Eu amo os hábitos breves e os conside-
lhe escorreria por entre os dedos, que sempre muita cautela, ro o meio inestimável de vir a conhecer muitas coisas e esta-
muita dissimulação e reserva se faria necessária - grandes e dos, até ao fundo do que têm de doce e de amargo; minha
inúteis gastos de energia! Mas nesse elemento claro e severo natureza é inteiramente predisposta para hábitos breves, mes-

[198] [199]

~I1
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A GAlA CI~NCIA L I V R o I, I
)
mo quanto às necessidades de sua saúde física e de modQ sejam. 'i,N"ele
se pode c0nfiar, ele c~ua o meslÍl~'i: - em
geral, até onde posso ver: elo mais baixo ao mais elevado. todas as situações perigosas da soCtade,este é o LIlouvor de II
Acredito sempre que tal coisa me satisfará permanentemente maior significado. A sociedade sen~om satisfação,.~., que tem
- também o hábito breve tem essa crença da paixão, a cren- na virtude desse, na ambição daqu~na reflexão e no fervor
ça na eternidade -, e é de invejar que eu a tenha achado e daquele outro um instrumento confliele sempre di~_sposto-
reconhecido: - então ela me nutre pela manhã e à tarde e ela presta o máximo de honras a eS~latureza de in .~strumen-
espalha um profundo contentamento/" ao seu redor e dentro to, ~~Q..~ _~si mesmo, essa1variabilidade~ nas opi-
de mim, de forma que eu nada mais desejo, sem que tenha de niões, nas aspirações e até nos defe&tUma tal avalL .ação, que
comparar, desprezar ou odiar.- E um dia o seu tempo acabou: em toda parte floresce e floresceu jU~mentecom a : moralida-
a coisa boa separa-se de mim, não como algo que me repug- 'li.,
d~ costumes educa o "caráter:tdijama toda J!"." t.i!Ydança,
na - mas pacificamente e de mim saciada, tal como eu dela, e toda reaprendizagem e transformaçaJdesi.Por maio:r-r que seja,
Jí' como se nos devêssemos gratidão mútua, estendendo-nos a de resto, a vantagem desse modo O:pensar,para ()oO conheci-
;r; mão em despedida. E algo novo já espera na porta, e igualmen-
AJ. mentoele é a mais nociva espécie dplgamento gemal: pois aí
te a minha crença - a indestrutível tola e sábia! - de que esse
é condenada e difamada precisamel'fta disposição.. que tem o
algo novo será o certo, o certo e derradeiro. Assim é com ali- homem do conhecimento para, de 11Io.eira intrépidcs, declarar-
mentos, pessoas, idéias, cidades, poemas, peças musicais,dou-
se a qualquer momento contra a S1.tl~pinião prévia _ e ser des-
trinas, programa do dia, modo de vida.- Por outro lado,odeio
os hábitos duradouros, penso que um tirano se me avizinha e con.fiadoem relação a tudo o gI}~~lló~uer se toornar sóli-
do. A atitude do h0!!lem do conh~ent<2A ao cOr=1tradizer a
que meu ar fica espesso,quando os eventos se configuram de
"reputação sólida'; é vista como ~nrosa, ao pa.a.sso que a
maneira tal que hábitos duradouros parecem necessariamen-
petrificação das opiniões tem o m0llpóliodas hon..ras: - sob
te resultar deles: por exemplo, devido a um emprego, ao trato
o sortilégio(,('detais valores temos q~viverainda ho oje! E é difí-
constante com as mesmas pessoas, a uma morada fixa, uma
cil viver,quando se sente o juízo del)ll1itosmilênicC>s contra si
saúde única. Sim,no mais fundo de minha alma sinto-me gfãtõ
e em volta de si! É provável que o Gnhecimento foosse toma-
atoda a minha doença e desgraça e a tudo imperfeito em mim,
pois tais coisas me deixam muitas portas para escapar aos do de má consciência por muitos I1\lênios,e que t..enha havi-
do muito auto desprezo e oculta mÍYiria na históriar=a dos gran-
hábitos duradouros. - O mais insuportável, sem dúvida, o ver-
des espíritos.
dadeiramente terrível, seria uma vida Sem b~\)ito algum.Luma'
vida que solicitasse continuamente a improvis~ção:-= isto
seria meu degredo e minha Sibéria. - - ~297.
296. Poder contradizer.- Todos sabem,hoje em dia",,-, que poder
tolerar a contradição é um elevadJsinal de cultULira. Alguns
Jfsálida reputa.çã'i"- Uma reputação sólida costumava ser sabem até que o homem superior ~eja e evoca psara si a con-
tradição, a fim de ter uma indicação'$obrea sua pr.-ópria injus-
extremamente útil; e onde quer que a sociedade continue a ser
dominada pelo instinto de rebanho, é ainda muito convenien-
te, para cada indivíduo, fazer com aue seu caráter e sua ocupa-
tiça, que até então desconhecia. ~
ser caDaz de . contrad@,
ter boa consciência ao hostilizar o !J6jtual o tr::Jciki:.ion::J1
P ron-
ção sejam tidos por imutáveis - mesmo que no fundo não o sagrado - isso é mais do que essalduas coisas e ~ é o que há

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