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1. A concepção de Freud
2. A concepção de Lorenz
3. A concepção de Dollard
4. A concepção de Bandura
1.
Hélder Paixão
seja, é sempre uma agressividade regulada pelo que, até a segunda teoria
pulsional,
Freud designa pelos dois princípios de funcionamento mental (princípio do
prazer e
princípio da realidade). Interessa salientar que o ego é fundado em
identificações, as
quais implicam numa condição libidinal. Enfatiza-se assim a tese de uma
agressividade
ética, porque baseada no amor ao outro (notando os processos de
correspondência entre
o outro e o narcisismo) e no controle egóico.
Com a formulação do conceito de pulsão de morte, em “Além do princípio do
prazer” (Freud, 1920/1980), a gênese da agressão está aquém dos
representantes
psíquicos, portanto, aquém da formação do outro, numa localização anterior
à estrutura
egóica (daí não tardar para que Freud designe o id, como lugar desse início
pulsional,
em “O ego e o id” [Freud, 1923/1980]).
E mesmo a agressão sendo organizada na ação recíproca das pulsões de vida e
de morte, é nessa última que está sua gênese. O masoquismo primário é
fundado na
força da pulsão de morte. Sem dúvida, essa afirmação considera que tal
genealogia é
explicada em termos metapsicológicos: trata-se de uma perspectiva lógica, e
não
cronológica.
Esse impulso primordial à destruição está isento de controle psíquico (visto a
ação da pulsão de morte, que desliga as representações psíquicas). De acordo
com essa
perspectiva de Freud, a formação do outro e das relações de afeto que lhe são
inerentes
já são defesas, limitadas (D’Avila Lourenço & Simanke, 2007), contra tal
impulso
destrutivo.
Assim este trabalho entende que, a partir das teses de “Além do princípio do
prazer”(Freud, 1920/1980), a ética deve ser pensada levando-se em conta que
a agressão
ao outro já é uma defesa (limitada) contra uma auto-agressão (masoquismo
primário)
sem possibilidade de representação e, portanto, de regras. Nesse ponto,
importa advertir
que a auto-agressão só ganha contornos psíquicos nas formas secundárias de
masoquismo, nas quais a presença do outro e dos processos de identificação
já estão
estabelecidos. Entretanto, tais formações secundárias do masoquismo, e todas
as
manifestações sádicas, não sobrepujam o masoquismo primário. Este trabalho
entende
Hélder Paixão
que esse masoquismo permanece como algo inexorável. Logo, a ética pensada
sob esses
princípios também deve levar em conta o mal-estar insuperável e
irrepresentável.
Sem dúvida, essa condição de sofrimento é descrita em “O mal-estar na
civilização” (Freud 1929, 1980). Nesse texto, o autor potencializa a força
ética do
sentimento de culpa, justamente porque tal sentimento seria fundado na ação
pulsional
mais primitiva, qual seja, a da pulsão de morte. Nesse texto, a ética do
castigo não mais
funcionaria por uma questão de convivência e organização social (como
acreditava
“Totem e tabu” [Freud, 1912/1980]), mas pela própria economia das pulsões.
Assim, o
sentimento de culpa não é mais totalmente justificado por algum desejo ou
ato proibido,
mas é uma configuração inerente ao jogo pulsional. Esse quadro explicaria a
necessidade da figura do líder nas organizações humanas (ver “Psicologia dos
grupos, e
análise do ego” [Freud, 1921/1980]).
Contudo, “O mal-estar na civilização” (Freud, 1929/1980) não comenta os
destinos da auto-agressão primordial e irrepresentável, característica do
masoquismo
primário, nas relações com os outros. Sobre isso, é interessante notar que
“Análise
terminável e interminável” (Freud, 1937/1980) permite pensar a relação
entre tal
masoquismo primordial e o complexo de castração. Identificando tal complexo
a uma
posição de passividade e, ao mesmo tempo, a um repúdio indestrutível a ela,
nesse
texto, o autor levanta a hipótese de que esse complexo teria um fundo
biológico,
resistente à capacidade psíquica. Ou seja, a posição masoquista, identificada
a esse
complexo, seria irremediável pelas relações sociais. Aliás, essa posição seria
justamente
responsável pelo fato de tais relações serem caracterizadas pela reivindicação
fálica
(conforme D’Avila Lourenço, 2005).
Este trabalho não desconsidera a interpretação que Lacan elabora sobre esse
assunto, especialmente em “A ética da psicanálise” (Lacan, 1991). Nesse
seminário, o
autor enfatiza a anterioridade do gozo (e a prevalência da pulsão de morte e
do
masoquismo), frente ao desejo. E afirma que a ética da psicanálise, distinta
da ética de
Kant e da ética de Sade, consistiria exatamente na sustentação e produção do
desejo,
Hélder Paixão
•2
A concepção de Lorenz (teoria baseada no instinto: a agressão como
libertação)
4.
A concepção de Bandura (teoria da aprendizagem observacional: a agressão
como resultado da aprendizagem – aprendemos a magoar os outros)