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Hélder Paixão

Dossier

Teorias Sobre a Agressividade

1. A concepção de Freud
2. A concepção de Lorenz
3. A concepção de Dollard
4. A concepção de Bandura

1.
Hélder Paixão

Agressividade e ética, segundo Freud

Este trabalho atém-se a apenas um dos recortes possíveis, da forma como a


agressividade é explicada na obra de Freud, e como esse afeto pode ser
pensado em suas
relações com a ética.
Em grande parte da obra freudiana, a agressão é entendida como resultado de
um
processo defensivo. Especificamente, segundo a primeira teoria pulsional (“O
instinto e
suas vicissitudes” [Freud, 1915/1980]), a agressividade seria, em última
instância, uma
formação reativa: o ódio seria manifestação secundária da libido. Sobre isso,
vale ainda
notar que a polaridade entre amor e ódio é entendida como uma organização
da libido,
na fase anal sádica. Ou seja, segundo esse raciocínio, odiar é apenas uma
forma,
necessária, de amar.
O paradigma da atitude agressiva aparece na situação da horda primitiva,
descrita em “Totem e tabu” (Freud, 1912/1980). Nesse caso, trata-se de uma
agressividade que tem como base o amor à mãe (objeto de reivindicação), ao
pai (amor
que causa o remorso) e aos irmãos (que leva à identificação e organização
social). O
amor subjacente ao ódio justificaria a culpa. E a agressividade, transposta em
culpa, já é
organizada (e, ao mesmo tempo, organizadora) pelas relações afetivas. É no
peso dessa
situação primeva, repetida e herdada filogeneticamente, que Freud encontra
o lugar de
uma ética inquestionável, se assim pode ser dito. Inquestionável porque
filogenética, e
sem ela não haveria grupo e sobrevivência da espécie.
Nesse ponto cumpre considerar a ótica evolucionista, que Freud adota: o amor
e
suas manifestações (entre elas a agressão) são fundados nos interesses de
sobrevivência
(o objeto de amor surge sempre da dependência biológica [Freud,
1925/1980]). A
relevância do interesse de sobrevivência leva Freud, inclusive, a não conceber
o
masoquismo, exceto como resultado de uma identificação com o objeto, alvo
de uma
libido sádica (somente após 1920, é que o autor reorganiza a hipótese sobre o
masoquismo, a qual é particularmente descrita em “O problema econômico do
masoquismo” [Freud, 1924,1980]).
A agressividade, explicada dessa maneira, é submetida ao ego desde o início.
Ou
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seja, é sempre uma agressividade regulada pelo que, até a segunda teoria
pulsional,
Freud designa pelos dois princípios de funcionamento mental (princípio do
prazer e
princípio da realidade). Interessa salientar que o ego é fundado em
identificações, as
quais implicam numa condição libidinal. Enfatiza-se assim a tese de uma
agressividade
ética, porque baseada no amor ao outro (notando os processos de
correspondência entre
o outro e o narcisismo) e no controle egóico.
Com a formulação do conceito de pulsão de morte, em “Além do princípio do
prazer” (Freud, 1920/1980), a gênese da agressão está aquém dos
representantes
psíquicos, portanto, aquém da formação do outro, numa localização anterior
à estrutura
egóica (daí não tardar para que Freud designe o id, como lugar desse início
pulsional,
em “O ego e o id” [Freud, 1923/1980]).
E mesmo a agressão sendo organizada na ação recíproca das pulsões de vida e
de morte, é nessa última que está sua gênese. O masoquismo primário é
fundado na
força da pulsão de morte. Sem dúvida, essa afirmação considera que tal
genealogia é
explicada em termos metapsicológicos: trata-se de uma perspectiva lógica, e
não
cronológica.
Esse impulso primordial à destruição está isento de controle psíquico (visto a
ação da pulsão de morte, que desliga as representações psíquicas). De acordo
com essa
perspectiva de Freud, a formação do outro e das relações de afeto que lhe são
inerentes
já são defesas, limitadas (D’Avila Lourenço & Simanke, 2007), contra tal
impulso
destrutivo.
Assim este trabalho entende que, a partir das teses de “Além do princípio do
prazer”(Freud, 1920/1980), a ética deve ser pensada levando-se em conta que
a agressão
ao outro já é uma defesa (limitada) contra uma auto-agressão (masoquismo
primário)
sem possibilidade de representação e, portanto, de regras. Nesse ponto,
importa advertir
que a auto-agressão só ganha contornos psíquicos nas formas secundárias de
masoquismo, nas quais a presença do outro e dos processos de identificação
já estão
estabelecidos. Entretanto, tais formações secundárias do masoquismo, e todas
as
manifestações sádicas, não sobrepujam o masoquismo primário. Este trabalho
entende
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que esse masoquismo permanece como algo inexorável. Logo, a ética pensada
sob esses
princípios também deve levar em conta o mal-estar insuperável e
irrepresentável.
Sem dúvida, essa condição de sofrimento é descrita em “O mal-estar na
civilização” (Freud 1929, 1980). Nesse texto, o autor potencializa a força
ética do
sentimento de culpa, justamente porque tal sentimento seria fundado na ação
pulsional
mais primitiva, qual seja, a da pulsão de morte. Nesse texto, a ética do
castigo não mais
funcionaria por uma questão de convivência e organização social (como
acreditava
“Totem e tabu” [Freud, 1912/1980]), mas pela própria economia das pulsões.
Assim, o
sentimento de culpa não é mais totalmente justificado por algum desejo ou
ato proibido,
mas é uma configuração inerente ao jogo pulsional. Esse quadro explicaria a
necessidade da figura do líder nas organizações humanas (ver “Psicologia dos
grupos, e
análise do ego” [Freud, 1921/1980]).
Contudo, “O mal-estar na civilização” (Freud, 1929/1980) não comenta os
destinos da auto-agressão primordial e irrepresentável, característica do
masoquismo
primário, nas relações com os outros. Sobre isso, é interessante notar que
“Análise
terminável e interminável” (Freud, 1937/1980) permite pensar a relação
entre tal
masoquismo primordial e o complexo de castração. Identificando tal complexo
a uma
posição de passividade e, ao mesmo tempo, a um repúdio indestrutível a ela,
nesse
texto, o autor levanta a hipótese de que esse complexo teria um fundo
biológico,
resistente à capacidade psíquica. Ou seja, a posição masoquista, identificada
a esse
complexo, seria irremediável pelas relações sociais. Aliás, essa posição seria
justamente
responsável pelo fato de tais relações serem caracterizadas pela reivindicação
fálica
(conforme D’Avila Lourenço, 2005).
Este trabalho não desconsidera a interpretação que Lacan elabora sobre esse
assunto, especialmente em “A ética da psicanálise” (Lacan, 1991). Nesse
seminário, o
autor enfatiza a anterioridade do gozo (e a prevalência da pulsão de morte e
do
masoquismo), frente ao desejo. E afirma que a ética da psicanálise, distinta
da ética de
Kant e da ética de Sade, consistiria exatamente na sustentação e produção do
desejo,
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mesmo em face à anterioridade do gozo; com efeito, dessa maneira o desejo


não
remediaria o gozo, mas o conteria (esvaziando-o, para dizer conforme o
autor). Essa
seria uma possibilidade de superação da lógica da culpa e do castigo, descrita
na obra de
Freud. Porém, mesmo não desconsiderando a importância dessa elaboração
lacaniana,
este trabalho enfoca a teoria de Freud; bem como entende que, tais
interpretações de
Lacan só são possíveis porque esse autor fundamenta-se em fontes teóricas
diversas
daquelas adotadas por Freud.

•2
A concepção de Lorenz (teoria baseada no instinto: a agressão como
libertação)

Segundo Lorenz, a agressividade humana estava programada geneticamente,


sendo desencadeada em determinadas situações. O ser humano não teria os
mecanismos reguladores da agressividade como os animais, o que explicaria as
guerras.
Para Lorenz(1966), as pulsões agressivas são o resultado da “pressão da
seleção intra-específica” (p. 253), que fez surgir no homem, há muito tempo
atrás, uma certa quantidade deste comportamento, para o qual ele não
encontra um escape adequado na
sociedade atual.

Na tentativa de se explicar o comportamento agressivo os psicólogos sociais


tem feito referências a três teorias, de amplitude variadas. Trata-se de uma
teoria biológica da agressão, da teoria da aprendizagem social e a teoria da
frustração-agressão.
A primeira destas teorias é eminentemente biológica, sustentando-se
inicialmente na suposição de que existiria uma tendência inata a se comportar
de uma forma agressiva. Tais teorias encontram-se associadas aos antigos
trabalhos de Freud, em que se postula uma pulsão de morte que se
contraporia a uma pulsão de vida, e mais recentemente nos trabalhos do
etólogo Konrad Lorenz, que sustentava a natureza adaptativa e não destrutiva
da agressão. Estes dois modelos se assentavam em uma metáfora energética
onde se supunha que se a energia biológica não fosse descarregada, ela se
deslocaria até um alvo apropriado. É importante observar, no entanto, que ao
contrário das antigas teorias sobre o comportamento agressivo que estavam
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assentadas no conceito de instinto, as modernas explicações sugerem que o


comportamento agressivo não é instintivo, mas sim influenciado
biologicamente.

A concepção de Dollard (teoria da frustração-agressão: a agressão como


reacção à frustração)

Segundo Dollard, a agressão seria provocada pela frustração. Quando o sujeito


não conseguia atingir os objectivos pretendidos, recorria à agressão.
Os estudos de Miller, 1941, Miller e Dollard, 1941 e outros, se concentraram
nesse estudo. Julgam que as respostas agressivas sao resultantes de uma
determinada situacão especifica e nao da evolucão. Acreditam que as
respostas agressivas as frustracões sao uma tentativa que os individuos tem
para veneer os empecilhos para o prazer. Argumentam, ainda, que a agressão
se manifesta como uma forma de atenuar as frustrações, como um
comportamento "catartico", defendido por Freud e seguidores. Essa "teoria
catartica" considera que a expressao fisica de hostilidade sera uma catarse ou
cura ternporarta para os sentimentos agressivos e resultarão num equilibrio
psiquico. Ambas teorias se confudem nesse aspecto.

4.
A concepção de Bandura (teoria da aprendizagem observacional: a agressão
como resultado da aprendizagem – aprendemos a magoar os outros)

Segundo Bandura, o comportamento agressivo era aprendido por observação e


imitação de modelos. A criança, no seu processo de socialização, imitaria o
comportamento dos pais, dos professores e dos seus pares, incluindo os
comportamentos agressivos (aprendizagem social).
Primeiramente, Bandura começou estudando a agressão em crianças.
Juntamente com Dick Walters, fizeram um estudo de campo sobre
antecedentes familiares na agressão, e descobriram que os melhores
precursores eram o estilo de vida que as famílias exemplificavam e
reforçavam. O comportamento que os pais mostravam e as atitudes que eles
exibiam quanto a expressão da agressão, tanto em casa como fora dela,
emergiram como determinantes de importância. Começou, então, a
desenvolver estudos de laboratório e também paradigmas de modelagem,
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para examinar sistematicamente os efeitos da exposição a modelos agressivos


sobre o comportamento das crianças. Os estudos experimentais em que foram
utilizadas metodologias rigorosas, demonstraram que, a curto prazo, a
exposição a modelos agressivos na televisão conduz a comportamentos
agressivos nas crianças expectadoras, o que confirma a posição teórica de
Bandura a respeito do fator modelo na aquisição e manutenção de
comportamentos. Ou seja, o comportamento agressivo se adquiri através do
exemplo, através da experiência direta e também da interação com fatores
estruturais. As pessoas são instigadas à agressão por influências modeladoras,
vendo outros agredirem. E através de experiências adversativas – insultos
pessoais, ataques físicos, oposição ao comportamento dirigido a uma meta,
reduções adversas na qualidade da vida.
A agressão é mantida por vários fatores. É mantida por conseqüências
externas – recompensas materiais, recompensas sociais e status. Ela é
também reforçada quando as pessoas aliviam o tratamento primitivo através
de recursos defensivos. O desempenho da agressão é afetado pelas
recompensas ou punições observadas – reforço substitutivo. Uma das melhores
maneiras de reduzir a agressão é através do fortalecimento de outras
respostas que tenham valor funcional. Por exemplo, verifica-se que pessoas
que recorrem à agressão física para resolver seus conflitos interpessoais
geralmente têm baixa habilidade verbal (daí uma ocorrência maior de
agressão física na classe social baixa). Se aprenderem a resolver verbalmente
este tipo de conflito, o comportamento de agressão decresce. Outra maneira
de modificar o comportamento agressivo é através da apresentação de
modelos que exibam respostas socialmente aceitas (por exemplo,
cooperação). No livro sobre agressão, Bandura destaca quatro formas
diferentes para tentar reduzir a modelagem comercial da violência na
televisão. Uma delas refere-se ao controle pelo Congresso. É através da
proibição daquilo que não tem valor que as mudanças de comportamento são
bem estabelecidas. A segunda abordagem é o autocontrole da produção. Como
o gênero ação-aventura é econômico, os programas violentos tornaram-se
predominantes na televisão. Outra abordagem é o desenvolvimento de um
sistema para monitorar o nível de violência e por último, o desenvolvimento
de uma programação alternativa, fora dos meios comerciais, através da qual
influenciaria a televisão comercial.

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