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O crescimento do número de pessoas com deficiência que ingressa na UFSC não é

acompanhado, na mesma proporção, pelas adaptações na infra-estrutura e pessoal


Educação 13
que deveriam ser feitas para melhor atendê-los Florianópolis, setembro de 2008

Deficientes encontram Estudar à distância tornou-se a


opção para Thiago Evangelista

dificuldades na UFSC
Na edição de julho, o ZERO contou a ta João Evangelista, pai de Thiago. A
história de Thiago Evangelista. O rapaz, família encaminhou para a univer-
que devido a uma paralisia cerebral sidade o histórico escolar do rapaz,
não fala nem escreve, nunca conseguiu que foi aprovado no curso de Agro-
ser aprovado no vestibular da UFSC por nomia no campus de Tubarão.
A falta de programas institucionais de inclusão atrapalha o acesso este não ser plenamente adaptado às Após a aprovação, os pais conver-
suas necessidades especiais. Mesmo as- saram com a coordenadora do curso
e a permanência de alunos com deficiência no ensino superior sim, Evangelista freqüentava as aulas para explicar a situação do Thiago.
do curso de Agronomia em regime de Com a auxílio do Programa de Acessi-
Desde o ano 2000, o número de visado. Às vezes os professores se recusa- Atualmente, o núcleo está desativa- disciplinas isoladas até que, no início bilidade da Unisul, selecionaram uma
deficientes inscritos no vestibular da vam a dar aulas no primeiro andar e os do. O local não é fisicamente seguro. de 2008, teve seu pedido de matrícula bolsista, que depois de aprender a se
Universidade Federal de Santa Cata- meus amigos tinham que me carregar “Há uns dois meses atrás a situação negado, sob o argumento de que já comunicar com o rapaz, passou a au-
rina (UFSC) cresceu sete vezes. Só em até a sala”, conta. ficou insustentável. O teto estava desa- havia ultrapassado o limite de carga xiliá-lo diariamente nos estudos.
2008, foram 14 alunos com deficiência Na falta de programas de auxílio ao bando”, conta Rose Nuñez, coordena- horária. A família encaminhou um pe- Para que não fosse necessário o des-
aprovados, segundo dados da Comissão deficientes, o Núcleo de Investigação do dora do Nucleind. A sede do núcleo es- dido de reconsideração à Pró-Reitoria locamento até Tubarão, por enquanto,
Permanente do Vestibular (Coperve). Desenvolvimento Humano (Nucleind) tava localizada em uma construção de de Ensino e Graduação (PREG) e, até Thiago faz apenas disciplinas à distân-
“Até parece curioso, mas não existe ne- tem sido referência na universidade. Foi madeira doada pela Eletrosul em 1992. hoje, não obteve respostas. cia. O pai ressalta que estudar nesta
nhum tipo de programa institucional dele a iniciativa de promover o vestibu- A orientação era de que ela fosse man- “Um dia passamos por uma pro- modalidade exige responsabilidade e
da UFSC pra deficientes”, diz Cláudia lar para pessoas com deficiência e até tida apenas até 1997. “Agora estamos paganda da Unisul (Universidade organização. “Estamos indo devagar e
Chupel, assistente social da Pró-Reito- hoje ajuda a Coperve a aplicar a prova. esperando a nova ala do prédio do Cen- do Sul de Santa Catarina) que di- sempre. O Thiago está feliz e ocupado.
ria de Assuntos Estudantis (PRAE). Legislação tro de Ciências da Educação (CED) ficar zia ‘processo seletivo simplificado’, e Por enquanto não temos planos de vol-
Apesar de existirem leis que obrigam pronta. Sabe-se lá quando”, lamenta. pensamos: por que não tentar?”, con- tar pra UFSC”, diz. (I.D.)
as universidades a garantir o acesso à
educação de pessoas com deficiência
Decreto nº 5.296 Faltam dados UFSC
em igualdade de condições (ver box), Desde dezembro de 2004, o decre- Até hoje não se sabe exatamente
na Federal de Santa Catarina apenas
ações isoladas foram desenvovidas nes-
to determina que para concessão de
autorização, funcionamento, abertura
quantos deficientes estão matriculados
na UFSC, já que os dados da Coperve
Ações isoladas que visam à inclusão
se campo. A falta de uma política de in- ou renovação de cursos pelo Poder apontam apenas os aprovados. Por volta Ambiente de Educação Inclusiva Além de promover pesquisas e extensão
clusão institucional dificulta, e às vezes Público, o estabelecimento de ensino de 2001, o Departamento de Administra- Atende prioritariamente usuários com acadêmica, serve de campo de investi-
impossibilita, o acesso e a permanência deve comprovar que: ção Escolar (DAE) tentou identificá-los deficiência visual, pessoas cegas e com gação a trabalhos de conclusão de curso
desses alunos no ensino superior. -cumpre as regras de acessibilidade através do cadastro, porém não houve baixa visão. Localizado no piso térreo da ou de pós-graduação.
Denise de Siqueira é estudante na arquitetônica seriedade no preenchimento. “Logo de Biblioteca Central da UFSC, o ambiente
UFSC e precisa de uma cadeira de rodas -disponibiliza técnicas que permitam início vimos que o resultado do número conta com computador com softwares Projeto Sábado no Campus: Esportes
para se locomover. No curso de Letras o acesso às diversas atividades em de pessoas com deficiência era muito de leitura de tela, lupa eletrônica, lupas Adaptados
– Francês, Siqueira dependia dos colegas igualdade de condições mais alto do que o real. Chegava a quase manuais, e scanner. Criado em 1996, o projeto dá a oportunida-
e da boa vontade dos professores para po- -contém normas para reprimir a discri- 10%”, diz Luiz Podestá, diretor do DAE. Os de de pessoas com deficiência vivenciarem
der assistir às aulas. A aluna conseguiu minação em relação aos deficientes. números nunca foram utilizados, e o Nú- Curso de Licenciatura e Bacharelado práticas paradesportivas, como atletismo,
transferência para o curso de Economia. O prazo de ajuste às normas é de 30 cleo de Processamento de Dados da UFSC em Letras Libras natação, goalball e xadrez, e oportuniza
Lá o prédio possuía elevador, que, em meses para edificações de uso publico e (NPD) admite que não são confiáveis. É oferecido na modalidade à distância, o desenvolvimento de pesquisas e proce-
certa ocasião, quebrou por mais de três de 48 meses para de uso coletivo. com duração de quatro anos. O objetivo dimentos para o ensino e treinamento dos
meses. “Sempre foi tudo muito impro- Iana Dias geral do Curso é formar professores para esportes adaptados.
atuar no ensino da língua de sinais bra-

Dinheiro para educação depende de sileira. Tem como público-alvo instrutores


surdos de Libras, surdos fluentes em lín-
gua de sinais – para o curso de Licen-
Programa de Educação Tutorial
(PET) - Arquitetura e Urbanismo
Promove atividades em acessibilidade e

financiamentos de projetos e editais ciatura –, e ouvintes fluentes em língua


de sinais que tenham concluído o ensino
médio – para o curso de Bacharelado.
desenho universal. Já teve como objeto
de pesquisa o campus da Univali, da
UFSC, escolas e hotéis de Florianópolis.
Em 2003, a Pró-Reitoria de Cultu- com deficiência nas Instituições Fede- cessidade da universidade como um Executou projetos de extensão no Colé-
ra e Extensão (PRCE) tomou a inicia- rais de Educação Superior. O atraso na todo e esperamos que a PREG nos Laboratório de Cartografia Tátil gio de Aplicação da UFSC e atualmente
tiva de unir em um grupo pessoas que liberação do dinheiro, R$ 72.430, pela apóie para que ele passe a fazer parte Desenvolve mapas táteis destinados a de- na Fundação de Educação Especial em
trabalhassem com deficientes. Através SESu, e a greve dos Servidores Técnicos da universidade.”, diz Maria Sylvia ficientes visuais e pessoas de baixa visão. São José.
de projetos elaborados por esse grupo, Administrativos, em 2007, atrasaram Carneiro, coordenadora do progra- Thayse Madella

em 2004 e 2005, a UFSC ganhou o edi- as ações do projeto, só concluídas no ma Incluir de 2008 na UFSC.
tal do Programa de Apoio à Extensão começo deste ano. Os recursos foram Um dos pontos importantes da
Universitária (Proext), da Secretaria utilizados na aquisição de materiais institucionalização do núcleo é a des-
de Educação Superior (SESu), criado de consumo para deficientes, o que tinação de recursos. “É complicado
para financiar programas e projetos possibilitou a criação do Ambiente de depender de editais, porque não sa-
de extensão universitária com ênfa- Educação Inclusiva (AEI), na Bibliote- bemos até quando o governo federal
se na inclusão social. O dinheiro foi ca Central da UFSC (ver box). vai continuar com isso e não temos
usado na compra de softwares de tra- No edital deste ano a universida- a garantia de ganhar todo ano” diz
dução, computadores, laptops, lupas de foi novamente beneficiada, dessa Luciano Lazzaris, membro da equipe
eletrônicas, entre outros equipamen- vez com R$ 100 mil. O dinheiro está participante do Incluir de 2006.
tos que foram distribuídos nos setores previsto para ser liberado pelo SESu Para Carneiro, a maior barreira a
que fizeram parte do programa. ainda em setembro. Entre as metas ser superada quando se trata de defi-
Em 2006 a universidade recebeu estabelecidas, está a consolidação do cientes não é física, e sim comporta-
novamente um financiamento, dessa Núcleo em Acessibilidade e Inclusão mental. “As pessoas não entendem que
vez através do programa Incluir, de- preparado para atender necessida- eles também são cidadãos, não enten-
senvolvido em 2005 pelo MEC com o des educacionais de alunos com de- dem a importância de tentar trazê-los
objetivo de promover ações que garan- ficiência. “Pretendemos que a UFSC para dentro da comunidade”, diz a co- Mais de 1,4 mil alunos estudam para serem professores da língua brasileira de sinais
tam o acesso e permanência de pessoas compreenda que o núcleo é uma ne- ordenadora do Incluir de 2008. (I.D.)

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