ESTADO DE MINAS - SEXTA-FEIRA, 22 DE MARÇO DE 2002
GERAIS
❚ SEGURANÇA
CONVÊNIO ACERTADO ENTRE A PREFEITURA E A PM AUMENTARÁ O POLICIAMENTO NAS RUAS
DE BELO HORIZONTE. PLANO DE AÇÃO ESTÁ PREVISTO PARA VIGORAR DENTRO DE 45 DIAS
Policiamento em escolas Ato público pelo
e postos será reforçado fim da intolerância
MARCELO PORTELA
Na tentativa de conter o cres-
cimento da violência em Belo
Horizonte, a Prefeitura e a Polí-
cia Militar acertaram a renova-
ção de um convênio para au-
mentar o policiamento em pos-
tos de saúde e escolas da capital
mineira. Para viabilizar o plano,
o município vai repassar verbas
e funcionários para a PM com o
objetivo de equipar a corpora-
ção e permitir que militares que
trabalham em serviços burocrá-
ticos saiam às ruas para fazer o
serviço para o qual foram trei-
nados e são pagos pelo Estado:
policiamento ostensivo.
Segundo o chefe do Estado
Maior da PM, coronel Severo
Augusto da Silva Neto, para fa-
zer as rondas, os policiais ainda
vão passar por treinamento es-
pecial com assistentes sociais e
educadores. O valor a ser repas-
sado pela Prefeitura à PM, se-
gundo Pimentel, ainda não foi
definido e deve ser estipulado
em nova reunião entre eles
marcada para a próxima segun-
da-feira. A previsão é de que es-
te policiamento entre em opera-
ção dentro de 45 dias.
Em 2000, o prefeito Célio de
Castro e a PM já haviam firma-
do convênio através do qual a
Prefeitura repassou R$ 3,9 mi-
lhões para a compra de viatu-
ras, rádio-comunicadores e ou-
tros equipamentos para a polí-
cia. “Estamos estudando uma
proposta da PM para a renova-
ção do convênio de dois anos
atrás, mas ainda não temos va-
lores definidos”, observou o pre-
feito em exercício Fernando Pi-
mentel (PT), após reunião com
parte do alto comando da PM
realizada ontem, na Prefeitura.
Pela proposta em estudo, o
Combate tem duas frentes Policial civil é preso
A violência entre jovens
vem crescendo em velocidade
alarmante. Em um período de
apenas seis anos, as ocorrên-
cias de tráfico de drogas envol-
vendo crianças e adolescentes
cresceram 440% e as de uso de
entorpecentes 220%. Já as
ocorrências de assassinatos ti-
veram um crescimento de
120% de 1995 a 2001, e o úni-
co dado que poderia represen-
tar um avanço, que é a redu-
ção do número de furtos em
30%, fica ofuscado diante de
um aumento de 34% nos índi-
ces de assalto, que são cometi-
dos com violência.
Os dados são do Juizado da
Infância e da Adolescência e
foram utilizados, ontem, pelo
NA RUA
Militares liberados passarão a fazer rondas exclusivas em pontos estratégicos da capital
município arcaria com a com-
pra de 20 viaturas para a polí-
cia, além da contratação de 55
funcionários terceirizados pa-
ra assumir tarefas burocráti-
cas na corporação, atualmente
exercidas por policiais milita-
res. “Isso é o que podemos pa-
gar”, afirma Pimentel. “Não
vamos colocar essas pessoas
em locais que interfiram no si-
gilo de nossas operações, mas
juiz Tarcísio Martins da Costa,
para ilustrar o motivo pelo
qual ele acredita que apenas o
policiamento ostensivo nas es-
colas não vai resolver o proble-
ma. O juiz também participou
da reunião entre o prefeito
Fernando Pimentel (PT) e par-
te da cúpula da Polícia Militar
para o estudo de uma ronda
REVOLTA
O vendedor Marcelo Ribeiro Costa, de 30 anos, deu
entrada ontem à noite no Hospital de Pronto-Socorro
(HPS) com ferimento no pé esquerdo. Segundo seus
familiares, ele foi atingido durante troca de tiros entre
policiais militares do 5º BPM e um assaltante, em frente à
sua residência, na favela da Ventosa, Oeste da capital.
Familiares acusam os policiais de não ter prestado
socorro ao vendedor “porque ele não estava morrendo”.
elas podem ser usadas como
recepcionistas ou para atender
às chamadas do 190”, acres-
centa o chefe do Estado-Maior
da PM, coronel Severo Augus-
to da Silva Neto.
O coronel afirma que, com
a renovação do convênio, 68
militares devem ser colocados
nas ruas para fazer rondas ex-
clusivas em postos de saúde e
escolas municipais, estaduais
exclusiva para postos de saúde
e escolas e disse que, sem pro-
gramas profissionalizantes e
de lazer para ocupar o tempo
livre das crianças e adolescen-
tes, o tráfico vai continuar le-
vando os jovens para a crimi-
nalidade. “Não existe uma po-
lítica para a juventude. Como
ficam esses jovens depois que
OBITUÁRIO
DIVULGAÇÃO GRATUITA
ANTÔNIO GOMES
53 anos, natural de Belo Horizonte,
filho de José Gomes Amador e Dionízia
Caetana Gomes. Era casado com Maria
da Glória Gomes.
ANTÔNIO FRANCISCO DE LIMA
58 anos, natural de Conceição do Mato
Dentro, filho de Francisco Tenório dos
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EULER JÚNIOR
e particulares da cidade. So-
mente na rede municipal exis-
tem 127 postos de saúde e 179
escolas, mas, apesar da previ-
são de número bem inferior de
policiais, Severo afirma que o
policiamento vai ser suficien-
te. “As rondas são apenas pa-
ra aqueles postos e escolas
que estão em zonas com altos
índices de criminalidade”, sa-
lienta.
a polícia virar as costas?”, in-
daga.
Martins afirma que, sem
combater a exclusão social e
ocupar o tempo ocioso dos
adolescentes, a tendência é se
agravar ainda mais a guerra
existente entre grupos rivais
pelo controle de pontos de co-
mércio de drogas, que impede
até mesmo que alunos fre-
qüentem a escola. “A PM já
constatou essa guerra. Os jo-
vens não podem ir à escola por
causa de intimidações e amea-
ças”, conta. O juiz revela tam-
bém que, dos 67 assassinatos
de crianças e jovens ocorridos
em BH ano passado, 43% es-
tão ligados ao tráfico de entor-
pecentes. (MP)
Santos e Firmiana Francisca de Lima.
Era casado com Maria das Dores Lima.
RUTH HELENA DE ARAÚJO
84 anos, natural de Nova Lima, filha
de José Correia e Maria Malaquias
Barbosa. Era viúva de Henrique de
Araújo Pimenta e deixa os filhos Rui,
Geraldo e Maria Helena.
NATIVA GOMES
37 anos, natural de Teófilo Otoni,
filha de Jacinta Gomes da Silva. Deixa
as filhas Bianca e Stéfhane.
JOSÉ DAS GRAÇAS SOUTO
57 anos, natural de Santa Rita
Euxenita, filho de Arminda Izidoro
dos Santos. Era casado com Maria da
Conceição Martins Souto e deixa os
filhos Evaldo, Everaldo, Ernandes,
Rosemary, Rosilene e Roseli.
❚ NÃO À DISCRIMINAÇÃO
MOVIMENTOS NEGROS COMEMORAM O DIA
INTERNACIONAL DE COMBATE AO RACISMO
DÉA JANUZZI
Protesto na Praça Sete, mas
sem perder o ritmo e a alegria.
Representantes dos movimentos
negros fizeram, ontem, um ato
público para lembrar o Dia Inter-
nacional de Combate ao Racismo,
que incluiu dança afro e shows.
O pedido de Santonne, músico
e luthier (produtor de instrumen-
tos) do grupo Tambolelê, entre-
tanto, vai mais longe: “Eu queria
que a gente refletisse sobre os er-
ros do cotidiano que cometemos
em relação às mulheres, aos ido-
sos, aos portadores de deficiência
e não apenas com os negros”. Ele
quer uma discussão “menos pas-
teurizada e mais profunda sobre
a discriminação, em todas as
suas formas”.
Santonne tenta passar essa re-
flexão no projeto social do Tambo-
lelê, no bairro Novo Glória, região
Noroeste de Belo Horizonte, onde
ORGULHO
Corte de cabelo em plena praça: exaltação à beleza da raça negra
❚ DESMANCHE
dentro de mecânica
LANDERCY HEMERSON
O detetive Geraldo Leandro
Alves Campos, de 36 anos, lota-
do na 12ª Delegacia da Polícia
Civil, foi preso no início da tarde
de ontem, acusado de envolvi-
mento com desmanche de carro
roubado. Ele foi detido no inte-
rior da Auto Mecânica Solar,
que fica no cruzamento das ruas
Volta Redonda com José Ouvídio
Guerra, bairro Cardoso, região
do Barreiro, Sudoeste da capi-
tal. No local, foram apreendidos
quatro veículos que, de acordo
com policiais militares, são rou-
bados.
O detetive foi conduzido para
a Delegacia de Furtos e Roubos
de Veículos, onde negou em de-
poimento qualquer envolvimen-
to com o crime. Além do poli-
❚ COLISÃO
Acidente na BR-381
Pelo menos duas pessoas
morreram numa colisão entre
um ônibus e uma carreta, no
km 311 da rodovia BR-381,
entre os municípios de Nova
União e Nova Era, Vale do Aço.
O acidente aconteceu por volta
das 0h, e envolveu o ônibus
placa GXH 5157, de Patos de
Minas, da empresa Gontijo.
Os dois motoristas, da car-
reta e do coletivo, tiveram
mortes instantâneas. Segundo
150 crianças e jovens conquista-
ram um espaço para discutir não
só o racismo, mas também os con-
flitos familiares e com a polícia, a
própria sexualidade, a violência e
as drogas: “No nosso bairro só
existiam duas formas de entrete-
nimento – o bar, porta aberta para
o álcool e a marginalidade, e os
campos de futebol, construídos
pela mediocridade política, onde a
droga rolava solta”.
Três anos depois, o projeto so-
cial do grupo Tambolelê conseguiu
transformar a realidade dos me-
ninos do bairro, em sua maioria
negros e pobres, por meio das ofi-
cinas de cinema, vídeo, fotografia,
máscaras, cultura popular, canto,
capoeira, música e percussão.
“Nossa casa está aberta 24 horas,
todos os dias, e não apenas para
comemorar uma data. O jovem
tem que refletir sobre si mesmo, a
realidade que o cerca e como dar
o passo seguinte”, ensina.
GUALTER NAVES
cial, o pintor Gerson da Silva, de
35, também foi preso, após ale-
gar que era o proprietário de
um dos carros apreendidos. Os
militares chegaram até a oficina
a partir de denúncia anônima.
Uma pessoa reconheceu o Che-
vette de cor branca, que estava
com a placa fria GWR 7948, co-
mo sendo o de sua amiga, que
foi furtado no dia 12, cuja placa
verdadeira é GPC 7948.
A PM foi acionada e, ao che-
gar no local, deparou ainda com
os veículos Uno cinza, placa
GOS2927 e Opala branco,
JPA2216 e a lataria do Chevette
verde, placa GPG4834, cujo a
placa original é BHR 9367. Vá-
rias peças automotivas foram
apreendidas na oficina. Os car-
ros foram removidos para o pá-
tio do Detran.
os primeiros levantamentos da
Polícia Rodoviária Federal,
quatro passageiros do ônibus
ficaram gravemente feridos e
estavam presos nas ferragens.
Até o fechamento desta edição,
a PRF ainda não tinha o núme-
ro exato de feridos do coletivo,
que vinha de São Paulo em di-
reção ao Nordeste do País. A
PRF também ainda não tinha a
confirmação do nome das víti-
mas. (LH)