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Organização
Governo da Regão Autónon~ada Madeira
Tutela Governamental
José Agostinho Gomes Pereira de Gouveia
Secretário Kegiunal cla Economia e Cooperac;ão Externa
Mandatário do Governo
Cados Lélis
Comissão de Acompanhamento
José Agostirilio Gomes Pereira cle Gouveia - Presidente
Carlos Lélis - Mandatário c10 Governo
Coiiccição Estudaiitr - DR'T
João Hcnrique da Silva - DRAC
Ricardo Bazenga Marque9 - Representante da S W P
Paulo.Jorg-e Gomes da Silva - Representante cla S E S A
Peclio Ventura - Madeira Tecnopolo
Ricarclo Vrlosa - IBTAkI
Constanlino Loprs Palma - IVM
kailcisco Faria Paulino - Eclicartr
Consultores
Elisabctli Nuncs - Chefe de Gabinete do SRECE
Francisco Maçaroco - DGCG
Gestão do Pavilhão
Edicarir
Directora do Pavilhão
P;iul;i hlariso
Coordenadores de Serviço
Siisaiia Silva
Lígia Rasilio
Salonié Relvas
Logotipo e Wlascote
C:atariiia Araújo
Ui~iforincs- Design e Produção
1;;ítirna Lopes
Secretariado
Teresa Lopes
Filipa Portela
\'era Oliveira
Pnula k~lartiiis
Marta Figueira
Selecção de Pessoal
R4tiltiternpo
AGRADECIMENTOS
Helena iiraújo
Conceicão Estiidaiitr Divcfo,v do IVIIISPII
- IJ/1oi~lgr~il>hir~
lficrnlr).
Uivcioro Rqiollnl rlu i i ~ r i s ~ n o
Daiiiila Correia
Jogo Heiiriquc cla Silva lv7ír~ro~diirer~/ógiro
r10 iiyiicrit'
~ i w ~ ~RPgi~llfll
l o r do.$A.tsuii/m (;~i/lliinis
Isabcl hIorg.aclo
I M ~ I SIP~I P~ I I ~ P~l:rri~~ri.rm
Q I I P I.in~im
Teresa Ui.azâo
L)i~f'llJin(10 L ) ~ ~ ~ l ' ~ f l d~
f 7C
l lI lI /~ / ~I I~)tl0
~B ~
haiicisco Cloclc
Diwrlr~rdr SI,~~I~[.II,S
rlo I\.~II.FPII*
Aiiiândio de Sousa
Dilrrlor do i!Jt~cseitQiiiriin riris Crirzci
Concepção do Projecto Expositivo, Audiovisuais
Produqão e Montagem da Exposição AVS
Edicarte Mandala
Kumavítleo
Consiiltores
Luisa Clode Embalagens e Transportes de Peças
Francisco Clode Feirexpo
Amândio Sousa
Teresa Pais Segurança
Rui Carita So~iasa,I\/W
Alberto Virira
Maiiuel Biscoito Seguros
Paulo Rosa Gomes Boilança
Projectos de Engenharia
Pengcst
Construção
Jiz, Lda.
Edição Pa~ilaManso
Edicarte Prclro Clodc
Pliotogr~apliia- R,luscu Viceiites
Coordenaç50 Pcclro Goines
Fraiicisco &ria Paulino Pcrestrellos Pliotograplios
Susana Silva Raimuiiclo Q~tiiital
Rui Cainaclio
Concepção Gráfica Riii Caiita
Celso Caires Rui h/larotc
Duartc Belarcl da Foiisrra Riii Martins
João Rraiiclão SDM
Mafalda Telcs
Pré-Iinpressáo
Fotografia IJiilicor
Ago~iiiilioSpíiiola
i\lfreclo Roclrigties Impressão
CEI-IA Saiitns c Closta, Lcl;~.
Feriiaiitlo Cliaves
João Dclgaclo
João I'aulo Mirtiiis
Jorgc Torres
Latira Castro Caldas 8r. Paulo Ciiitra
Madeira Teciiopolo
Mipel Percsrrclo
A Cxposi(ão hlundial de Lisl>oai um escaparite úiiico rili <111F PortugaI se mostra ao
hl~inclo,espellia a Forca da sua cultura, a clivcrsidade clas suas poiencialiclades ccniióiiiicas
e as realidades do seu desen\~ol\~imeiito.
Esta exposição é um acontecimei~toclc uina importâiicia cxcrpcinnai, cliier pela sua
rcpercussão directa c itidirecta na econoinia do país, quer pela cleiiiorisirat;ão das
capaciclades téciiicas e liialissionais dos portugueses.
A RegiSiiio Autóiioma cla Macieira ao particiliar eiiipctiliadamci~tcna EXPO'98, coiitribui
para o esforço nacional que este enrpreeiicliinento reprcsciiia c polciicia esta oportuniclacle
para divulgar a sua cultiira e o descmpenlio cio seu povo iicsle Iim ele iililénio.
Com esse ol>jectivo,a reprcsentaçrio da 1Zegiáo é coiistituícla por uni Pavillião com três
núcleos rxpositivos, uma reprcsciiiação náiitica ein que sc iiiostrairi embarcações imcli-
cionais restauradas para esta oportuiiidade, uma prograiiiayTio que rcvcla aspectos da
cultura e do desporto insulares e se descrivolve ao loiigo cle toclo o período da EXPO,
urna exposiçso que se iiiaugurará rio navio "Macleirciise" e uin prograiiia cclitorial que
procura diviilgar aspectos tia liistória e da vicia clas Illias.
rVtm das moiiograkas qiic acllii sc aprcseiitain, realizacliis por espc~cinlisiasclos tcnins
tratados, este programa erigloba tainl16iii itm catálogo Iòtogsilico da Regiâo, tini livro
sobre a iilúsica madeirense, com um CD, os iiúnieros especiais das re\iistas "Islciilia" c
"Margein" e o prograiiia das activiclades culilirais e clcsl~nrtivas.
Q~iereiiiosagradecer aos autores dos textos c citas lotogralias ;L sua l)r«iiin colabora~ii~
neste projecto, que toriia possível cleixar da participaqào da RcgGTo Aiitóiioiua cla h,Iaclcira
na EXPO'98, quanclo ela iião for mais tlo cluc iiiiia inciilória clc loclns os qnc n visitarzirii,
uni testemuilho exemplar das realidades regioiiais eiii 1998.
1. Introdução
2. O Viiiho da Madeira. Breve historial
3. O Viiiho e os seus apreciadores
4. A arte e o vinho
5. Um olhar sobre a actualidade: os exportadores de Vinho Madeira
6. Os diversos tipos de Vinho Madeira
7. Da qualidade à tradição
8. Bibliografia
"Perfuma e alegra o solo um vinho histórico, produto de castas primitivas,
sangue de raça a perpetuar na ilha o nome de Portugal. Foi este vinho compa-
nheiro dos colonos na rota da descoberta; postou-se de guarda à porta de suas
casas, de braços abertos, nwna remada acolhedora a parentes, amigos e vizinhos;
dá-lhe vida no trabalho; vibra-lhe na alma em festas de família e todos os anos
se renova no bani1 ou quartola para o aquecer no Inverno, e s w - l h e o passo
nas romarias do Verão, f m promessas, selar contratos, fechar negócios e sex
providencia económica no seu lar."
Pe. Edwrdo & P
I
OtalHaáàoengamu-se, I
não conheceu a parreira;
Não se chama Falemo;
se era bom, era Madeira.
Nicolau Tolentino i
,
21
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rultiira p;irn o I'ono Saiito. qilil. O flxrcerdoi- i< I r ~ r i i i i ~ a r ~ Aiiii>iiio
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Rodi-ivrs \ri<n<i. riii IiR2. li;ir inrcriiyi>r.; q t ~ cclrixott ria <:iniara <Ia Calliri;i
.\lar Iiiclo i ~ t nroi i n i ia". pai? tii$iqi<:inroi capa,. dr rrriiar a "rrl>rr iiricola".
rieni clc coii\,eiiccr o viliciiltor a aliaiiclniiar ;i \inlia, iiiini iiiomeiito ciii clue o
\.iiilio tla ilha tirilia graiide procurii iio ineicaclo iritcriiíicion~~l. hlesiilo Íissiin,
~ ( I L I C O Sera111 os aiios em q ~ i ca rolhcic;i era siificit~ritepara satisfazer a graridc
procura. Por isso, socorria-se tlos ~iiiliosiiircrioies elo iirirte, r at6 niesnio dri
yinlio dos Açores e C:aiiárias, para dessedcriiar o coloiiialist;~eiiropru.
Desde (1 siculo SI'cjue o illikii 1ra)ou a rota iio ni(:rcado iiititriiarioii;ii, Íirom-
p~diaiicloo coloiiialista nas siias cxpedicões e fixacão iia Ásia e i\niiric;i. O
conierciaiitc inglês, aclui iri~~~laiitaclo desclc o séc. XVII, s o ~ i l ~[irar
e partido do
I ~ n d u fazendo-[i
~o cliegar viri cjuaiitidaclcs suficieiitcs às mãos dos seiis coinpa-
triotas, que se Iiaviaiii espalliaclo pelos quatro cantos elo iiiuiido coloriial
europcu.
O ~iioviincntodo coiiiircio CIO vinlio da hilacleira ao loiigo dos sPcs. XVIII e
S I X comproinetc-se cle foriria clirecta iio traqaclo das rotas ii~aiitiiiiascoloiiiais,
~ ~ ~ e t l i i l l i passageiii
aiii obrigatória na illia. A cstas juiitaram-se outras siih-
sicliárias, quase toclas sol) coritrolo i1igl6s: são as rotas da Iilglarerra colonial cluc
fazein do Fiiiiclinl porto clc refi.csco e carga cle vii111o no seu rumo até aos iuer-
cados das Íiiclias Ocidci~taisc Orientais, de nncle regresswam, via i\~orcs,roin
o reclieio coloriial; são os ilavios portugueses da rota d;is Indias ou clo Brasil, que
rscaliii~i;I ilha oiidc r c c c h c ~ io~viiilin qiic co~icliizeinRs pi.;i)as lus~ls;são, ainda,
os n;i\lios iiiglescs cluc se dirigein à R~iacleiiacom iilari~ihctuiase fazciii 0
retorno tocailclo C;il)raltar, Lisl~oa,Porto; e, fiiialiiieiite, os iiorte-ninericanos
clur tixLen1 as f'ariiihas piiríi os inadcireriscs c regressani carregados de viiilio.
Por todas cstas razões, o \iiilio coiicluis~ou,clesdc o séc. XVI, o incrcado
colonial em Afiica,Ásia e América afümando-se até meados do séc. XiX como
a bebida por excelência do colonialista e das tropas coloniais em acção.
Regressado à sua terra de origem, após o surto do movimento indcpendentista,
o coloniaiista levava na bagagem o .&o da ilha e fazia-o ser apreciado pelos
seus pauíciw.
O momento de apogeu da exportação do vinho da ilha para estes mercados
situa-se entre fuiais do séc. X W i e princípios do séc. WL, altura em que as
exportações atingiram uma média de vinte mil pipas. Durante este período,
mais de 213 do vinho exportado seguia para o mercado colonial americano, com
e s p e d destaque para as Antilhas,a
pk,taç3es do sul da América do
Norte e Nova Ioque. A primeira
meiade do séc. XiX é o momento de
alteração na geograíii do mercado do
vinho da Madeira. A partir de 1831, a
Ingiaterra e a Rússia tomam o lugar
A MADEIRA 1
do mercado colonial.
Neste momento, a concorrèncii nos
mercados do Wiho era feroz, desta-
cando-se w de França, Espanha e
Gib.Mais uma vez, o curso da
História atraiçoou-nos. A situação é
hples. O fm das guerras europeias,
c111 princípios do séc. XIX, aliriu as coiilportas do \iiilio eiiropeu iio poiciicial
111erc;rdo coloiiial asiático c aiiiericaiio. h retiriicla do rolo~iialistirclas iírras colo-
nizadas Fez pcrcler o gosto pelo linho cla illia. Os primeiros sintoiiias disto
surge111 a piirtir clc 1814, açravailclo-se clc iiiio piira alio. As colheitas clc 1810 a
1821 niaii~i~leraiii-se estagiiaclas lios arii1az6iis, pelo qiir, ein 1820, viiitc riiil
pipiis aguardavani comprador. O retrato vc~rcladciiocla situiiqào riicoiitrainci-lo
iio voz dcscspcrada clo lioincm cla época: «Estão as casas ricas de viiilio, 11ol)i.c~
cle susteiito e de aliineilto)). Por tudo isto, a rc-.corclat;Gocio peiíotlo que tlrcorrc
entre os aiios de 18.1.0 a 1860 faz-se coin inuita dor c Iáçrinias. Fbi a Epoc;~de
inaior sofiiiiieilto do produtor viiiícolii. i\ íi~iicasolu~ãopossí\rel Ii)i a ciiiigraqão
madcirerisc, incrcc da solicitaqào e aliciaiiiciiio clc iiiglcscs c scus acólitos, qiic
fcz coiii qiie a forc;a clc traballio clo i111611cllcgassc a 1oiigíiiqu;~sparagciis prir;i
çul)stituir os escravos, agora lil~ertados.l3iiti.c 1840-50, o iiiaclcireiisc pcrclcii o
ainoi. à sua terra e foi ao ciicoiitro tle LIIII iiovo paraíso f~iqiz,ciiatl(i liclo iiig1L.s
iias iiiitillias.
Uiiia das caractcrístic2is da viiilio hflaclciia prriitlc-se cojri o processo clr viiiili-
caçiio. I'rimciro foram os iiiglcsrs ii aposi;ir ria s u ; ~alcoolizac;iio, clrpois Liii r)
rctciirso a uiii sistcina parlieular de ciivcliicciiiiciilo atrzi\~Cstio c;iioi; iios 1)ordcs
dos iiavios e clcpois cin cstul:,is. 1Ssta sitiiação rstií clc~i~iiclciiie
clii coiijuiituin ciii
c~ucailliac o com6rcio clo sru viiilio cstivcr;iin ciivol\~iclosa partir clc inraclos
do século XVII.
A Maclcira toriioii-se, a piiiiir clo s6culo XVII, unia passagciii olirig;itóri;i para
os iiavios iiiglcscs que flvziaiii a rota cl;i Íiidia. Esta escala cra aprovritacla p;im
carregar \iiihos com
destino aos portos das
colónias inglesas, mas
também para o
abastecimento das
próprias embar-
I
cacòes. Muito deste
linho fazia o per-
curso de ida e volta:
no porão das emhar-
caçòes, os tonéis de
\iiiho expostos ao
calor dos trópicos e à ,
constante baldeaqào i
I 11. Vindimas
que os da illia eram "bons" e para que não restassem dúvidas reforçava a ideia
apontando-os como "muitis<uno boiis". Oitenta anos passados, outro italiano,
Giulio Landi, rejuhila de novo com o rubinéctar madeirense, comparando-o "ao
grego de Roma". Quanto à malvasia, refere que se fazia mellior vinho que o tão
celebrado de Cgndia.
De entre todos os ingleses, Sliakespeare (1564-1616) foi um dos seus mais
11ot.ados apreciadores. A sua obra assim o testemunlia. Primeiro é-nos dito, na
peça Ricardo IIL que em finais do século XV o Duque de Clarence, prisioneiro
na Torre de Londres, se teria afogado num tonel de inalvasia madeirense. Já na
peça Henriqzie N, o dramaturgo coloca o beberão Jolin Falstaff a negociar a
sua alma com o Diabo por "um copo de Madeira e uma pata de capão". Esta
referência ao vinho Madeira na obra cle Shakespeare é mais uiii testemunho da
importância que elr adquirira no inercaclo lonclrino .
Os mais assíduos elogios são ditados no século XVIII, época nobre para o vinho
Madeira. Em 1687, Haris Sloaiie dá conta da sua exportação para as plantações
clas Íiidias Ociclentais "pois não Iiá nenhuma espécie de vinlio clue se iiiantenlia
tão bem em climas queiltes". A ideia repete-sc em todos, chaniaiido G. Forster,
em 1777, a atenção para o facto cle ter sido o vinlio que deu à ilha "fama e sus-
lento". É um vinlio capaz de resistir às mais bruscas mudanças de temperatura.
Assim o proclama em 1792 J. Barrow: "Este vinlio tcin a fama de possuir muitas
qualidades extraordinárias. Tcnho ouviclo dizcr que se Macleira genitíno for
exposto a temperaturas iiiuito Isaixas até ficar congelado numa massa sólida de
gclo e outra vcz desco~igelaclopelo fogo, se for aquecido até ao ponto de fervura
c clepois clcixaclo arrefecer ou se ficar exposto ao sol
durarite seniaiias seguidas em barris abertos ou colocado
eill ca\w húmiclas não sofierá o míiiimo dano, apesar de
sujeilo a t5o violentas alterações". Foram estas pro-
l~riedaclesque fizeram vi11gar o \inlio Madeira rio
inuiido colonial inglês e o levaram a bater-se de urna
forma privilegiada, face à concorr6ncia dos outros \irilios
europeus ou das ilhas vizinhas dos Açores e Canárias.
A adoraçào pelo hjlacleira foi grande nos Estados Unidos
d a Aiiiérica do Norte. George M1asliington c convivas
regalaram-se com ele na sua boda, em Maio de 1759,
enquaiito Joliii Aclams exclamava, com alegria no seu
diário, que senlpre bel~eu"grande porção de Madeira",
n ã o vcnclo "ne~iliuminconveriiente nisso". Ademais,
segundo constatou este estadista, clc é diferente de todos
os outros, pois mantém-se "salutar c agradável rio calor
dc Verão ou no frio do Iiivcrno". Até mesmo Tliomas
Jcffersoil, em Paris, não prescindia do seu h,ladeira, pois
era "dc superior clualiclade e o melhor". Foi certamente
com a insl~iraçãodo seu aroma que se formou o grande
einpório. Com ele se celebrou a irideperidência, acto que
é ariualmerite recordado da mesma forma. Já ein 1840,
Fitch W. laylor afirrna que a Madeira é conhecida dos
12. Vindiina no Estreito de Cimara de Lobos. 1* metade do século XX.
35
americanos pelos seus vinhos,
que aí chegam pela mão dos
mercadores ingleses.
Os europeus, levados por esta
exaltação dos políticos ameri-
canos, despertaram de novo para
o vinho Madeira. Em 1795, o
Dr. Wright exclamava: "Se
Homero o tivesse bebido, afir-
maria que o Olimpo renascia.
apesar de os deuses estarem já
fora de moda". O mesmo
recomenda o seu uso aos seus
pacientes idosos, pois é "uma das
bebidas mais úteis e eficazes para
as pessoas de idade, a quem as
funções físicas começam a
faihar". Daí o epíteto de "leite
dos velhos". Diz-se até que a
longevidade do Conde de
Canavial terá resultado do
Madeira que bebia todos os dias
em jejum.
O iiiilio da .\ladeira não roi aprnas companheiro dos ~randermornenrnc fcr
t i m r r de riihria, pais ramhérn se postou dr p a r d a nas dificiildader r solidão,
como ~urcdeiicom Napaleãa Bonaparri. Quando da rua parsigern pclo Funchal,
37
ein Agosto clc 1815, o clcposto iinperaclor recebeu clas mãos do
côiisul britânico unia pipa clc Maclcira. Esta foi sua companlieira
até 21 inorte, no exíiio de Santa Helena. O gcileral nunca provou
o viiiho e, i data cla sua morte, em 1820, o côi~sulsolicitou a sua
clevolução, o clue ocorreu passaclos clois anos. C0111 este vinlio da
volta rez-se uina iinportante garrafeira, para gáuclio dos colec-
cio~iaclores,sob o título clc "Uattle or\iVatcrloo". Winsto11
Churchill, cluanclo fez Férias na Madeira, em 1950, teve oportu-
niclacle de apreciar estc vinho ~ L I CNapoleão nunca bebeu.
Na ilha, são poucos os elogios ao vinho Madeira. AtC parece que
os literatos e poetas o ignorarain, talvez porque nunca tiverain o
atreviinento de o provar. Uispoinos, todavia, de três testeinunlios,
raros é certo, inas que corrol~orainaté ti saciedacle aquilo que
haviam escrito os estrangeiros. Ein 1891,J. A. Marliris, um
forasteiro coiitiilc~ital,caso raro nesta situação, declarava ~ L I C"as
mullieres coino os viilhos sabcin enlcvilr o espírito fazeilclo pal-
pitar os corac;õcs", para depois concluir clue "o viiillo rião é uina
siinples coinl~iiiaçãoq~~íinica; E ui11 problcina de gosto, é uin ali-
inciito c um agci-itc tcral~êuticocle priiileira ordein".
Para os inacleirci~ses,a cxiiltaçiio do viiiho assenta na sua
presença nas mcsas ilol~rcsc, por isso, ele é o einbaixador capi-
toso cla ilha. Eduardo Nuiies recorda clue o viillio h4adeira
"correu inuilclo - singrou poi4toclos os inares e rompeu todas
10. L."i\.i rom ,,,".i l,,i...,r, . <.iirrlri,i h L.,
Henrique & Henriques: Empresa criada eni 1850 por João Joaquim Gonqalves
Henriques, com base nas propriedades de família em Belérn (Câmara de Lobos).
Em 1913, surgiu a actual empresa, resultando da sua fusão a Casa de Virilios da
Macieira Lda., Belérn's Madeira Lda., Carrno Viillios Lda. e Aritóriio Eduardo
Benriques Sucrs. Lda. Mais tarde, em 1960, foi a vez de Freitas Wlartins
Caldeira & Cia. A firina está hoje em mãos clos sócios A. N.Jardim,
'l \'i, i . I>ii.i.i. tii % , , i , II ,,.,
\i.,,,, i,.l,, .,,,,.;,
i..,,,
I8
Justino Henriques Filhos Lda: A firina foi estabelecida ern 1870 c mailténi-se
na act~ialidadecomo uma sociedade constituída por Sigfredo Costa Caml3os e a
empresa fsanccsa La hlartinknais. Tein seclc na zona industrial da Cancela.
Madeira Wine Association: Ern 1913, I-Iarry Hiiitori entra no rnercado vitiviní-
cola juntanclo-se à Blaiidy fvlacleira Ltd. (1811)\Vclsli Sr Curllia e Heilriqt~esOt
Cârnara, a clrie aderiu clepois a Doiialclsori e Krohn Brotliers. Passados doze
arios surgem outras casas conlerciais que se associaram a esta sociedacle:
Abuclarham & Filhos, Luís Gomes cla Concei~ão& Filhos (1863),Miles Madeira
Lda, F.F. Ferraz Pr Cia, T. T. da Câmara Loinelino (1820). Cossart Gordon &
Co Ltd. (1745) foi o último a juntar-se ao grupo em 1953. A partir cle 31 de
Dezembro de 1981, a firma alterou a sua desig-ilaqão para &ladeira \jVine
Company. Dispõc de Iristalações à Rua dos Ferreiros e uma adega e museu à
Rua de S. Frarai~cisco.
Pereira D'Oliveira (Vinhos) Lda: A firma coinec;ou ein 1820 corn João Pereira
$Oliveira a qiic se juntaram, ein 1975, outras cluas (Joaquim Camaclio e Júlio
A L I ~ L ICunha
S ~ O Sucrs.) e, depois, a de Vasco Luís Pereira. Sucrs.
Silva Vinhos Lda: É a rnais recente casa de vi~iliosda Macleira, com secle i10
Estreito cle Ciimara de Lobos, oricle dispõe clrsde 1990, de modernas adegas de
\iriifica~ão.A empresa foi co~istituídaem 1989 pelos irmãos JosC Olavo c João
Alexandre Rodrigucs da Silva.
Vinhos Barbcito
(Madeira) Lda:
Caia fundada em
1946 por Mário
Barheito de
Varconcelos. Ficou
instalada num antigo
engenho de
aguardente. A sua loja
de vcndas no Funchal
está aaociada a uma
hihlioicca cvoeativa
do navegador
Cristóvào Cdomho.
Os diversos tipos de vinho Madeira
Reis Gomes,Joãi) clos, 1937, O 71iizlior11 i\Iorleirer. Coi~rusrjlipl,nra i1111 nérlcii; Fuiicli~.
Vieira, Allicrto, 1900 ( I * ed,), 1991, Bm~idtiocln l'iriha e (10 I'inliu da iblarl~ira,Poiiia Ddgdd;i.
- lL193 Histúrin elo viiihu d c ~n/lntlrirci. LJc~riiinentusc f~xlas,
Funcli;il.
FOTOGRAFIAS
WIuseu de Photograpliia Vicentcs fiç. 14, 17, 22, 23, 24, 27.
A REGIAO AUTÓNÓMA DA MADEIRA NA E X P 0 ' 9 8
Monografias
,, . i:>.
+.:~::s,J.i.
I,. _ ' ;
:j:.,-::~':,':s: - 1998.