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INTRODUÇÃO
Este texto tem como objetivo apresentar, de forma direta, os princípios básicos que regem a construção de redes
de drenagens pluviais com tubos de concreto enterrados (foto 1). Indica os conceitos para projeto, bem como
recomendações de instalação, para facilitar o entendimento sobre o comportamento em uso dessas redes. Para o bom
desempenho de uma rede de drenagem é fundamental que vários itens sejam atendidos. Vejamos.
Levantamento de dados:
Estudo minucioso dos fatores que irão contribuir para a alimentação da rede, como áreas, permeabilidade destas,
população, índices pluviométricos, características do solo de escavação e assentamento, entre outros.
Concepção da rede:
Deve considerar fatores como urbanização, topografia, pontos de descarga ou interligação com outras redes. Essa
etapa é fundamental e exige muita experiência dos engenheiros e técnicos envolvidos. A má concepção pode gerar uma
significativa alteração no custo final e eventualmente até da performance técnica da rede.
No projeto hidráulico são tomadas as decisões necessárias à garantia do bom desempenho funcional do condutor,
com a definição de suas características geométricas (secção de vazão, locação em planta e corte, etc.), medidas de
proteção contra a erosão, entupimentos, riscos de inundação, etc., levando-se em conta as ações hidráulicas capazes
de agir sobre a estrutura.
Os tubos de concreto são classificados como canais uniformes e retilíneos, com seção transversal, rugosidade das
paredes e declividades constantes em cada trecho a ser dimensionado por regime de escoamento permanente e livre.
Para a determinação de vazão de pequenas áreas, utiliza-se a equação do Método Racional e para o
dimensionamento hidráulico dos tubos, as equações de Chézy ou a de Manning ou a Fórmula Universal.
Q = C x I x A onde:
Q = vazão, em L/s;
C = coeficiente de escoamento superficial, adimensional;
I = intensidade de precipitação, em L/s.ha;
A = área da bacia, em há.
Obs: Recomenda-se limitar a velocidade média no máximo 5,0 m/seg, assim garantindo a integridade das paredes,
evitando-se erosões e no mínimo em 0,5m/seg para evitar o acúmulo de partículas sólidas eventualmente carregadas
pelos líquidos.
Projeto Estrutural
O projeto estrutural de uma tubulação enterrada deve merecer o mesmo cuidado de um projeto de estrutura,
embora, pela particularidade de “ficar escondida“, às vezes se dá menos atenção a obras desse tipo.
A seguir, serão apresentados alguns conceitos envolvidos no cálculo estrutural de tubos de concreto, abordando
o aspecto dos dois principais tipos de cargas atuantes sobre as tubulações, e determinando a classe de resistência
das tubulações rígidas, utilizando-se a norma brasileira.
Os métodos mais utilizados são as teorias de Marston – Spangler, aplicadas ao dimensionamento nas
condições (figura 1):
? Valas ou trincheiras;
? Aterros
P = Cv x ? x B x B onde:
A pressão resultante no solo pode ser calculada através da integração de Newmark para a formula de
Boussinesq:
Onde:
P = Carga concentrada (por exemplo, a roda do veículo) aplicada na superfície do solo segundo a vertical
do centro do tubo.
q = Carga uniformemente distribuída.
L = comprimento do tubo.
De = diâmetro externo da tubulação.
Ct = coeficiente de Marston que depende de m = L/2h e n = De/2h
F = Coeficiente de impacto, sendo: F = 1,50 para rodovias
F = 1,75 para ferrovias
F = 1,00 à 1,50 para aeroportos
Este procedimento determina a escolha do tipo de base para assentamento das tubulações, podendo ser
diretamente sobre o solo local; diretamente sobre o solo local, mas com a acomodação da bolsa ou sobre base
de rachão (brita 3 e 4); sobre brita graduada ou material granular, e até mesmo sobre berço de concreto, onde o
fator de equivalência (FE) será respectivamente 1,1; 1,5; 1,9; 2,25 a 3,4.
Com a determinação da carga total (somatória das cargas de terra e das cargas móveis) e do fator de
equivalência, determinamos a carga que efetivamente atua sobre os tubos e conseqüentemente podemos
especificar a classe de resistência do tubo comparando este valor aos especificados pela NBR8890/2003.
Onde:
FE – Fator de Equivalência
Nota: As classes de resistência previstos na NBR 8890/03 para tubos de concreto destinados a condução de
águas pluviais, são:
PS1 e PS2 – para tubos de concreto simples (diâmetro de 200 a 600 mm)
PA1, PA2, PA3 e PA4 – para tubos de concreto armado (diâmetro de 300 a 2000 mm).
Execução das Obras
As redes de tubos de concreto para drenagem pluvial podem ser executadas em valas ou aterros, devendo em
qualquer caso ter a preocupação de apoiar uniformemente todo o corpo cilíndrico do tubo, criando nichos para
acomodação das bolsas, evitando-se a concentração de tensões nas tubulações.
3 – EXECUÇÃO DE OBRAS
As obras de execução de redes de drenagem de água pluvial, devem obedecer rigorosamente as normas técnicas
pertinentes
Antes de se iniciar as obras, é necessário a determinação ou locação das coordenadas de projeto, assim como
medidas de proteção e sinalização, quando necesárias. Posteriormente, inicia-se a execução da obra, sendo:
Quando os tubos forem assentados em valas, estas deverão ter dimensões compatíveis com seu diâmetro
permitindo a montagem, rejuntamento no caso de junta rígida e reaterro compactado da vala.
As valas deverão ser abertas sempre de jusante para montante (foto 2), com acompanhamento topográfico e
seguindo as cotas, alinhamentos e perfis longitudinais estipulados em projeto.
Estudos geotécnicos irão determinar a necessidade ou não de escoramentos em função da estabilidade do solo e
profundidade da vala, que poderão ser contínuos ou localizados, executados em madeira, perfis metálicos ou um misto
(perfis metálicos e madeira). Lembrando que é obrigatório o escoramento para valas com profundidade superior a 1,25
m, conforme Portaria no. 18 do Ministério do Trabalho.
Também, cuidados especiais deverão ser tomados nos casos em que for necessária a realização de rebaixamento
do lençol freático.
Apesar das empresas fabricantes de tubos virem se aprimorando ano a ano, é importante que o contratante faça o
controle de qualidade, a fim de garantir o perfeito atendimento as especificações exigidas no projeto e na normalização.
Devem ser realizados os ensaios de controle de qualidade para o recebimento dos tubos na obra, estão previstos
na NBR 8890/03, sendo os seguintes:
Atualmente, os fabricantes estão incorporando juntas elásticas aos tubos de concreto (foto 4), a fim de garantir a
estanqueidade do sistema e a rapidez das obras.
Foto 4 – Tubo de concreto com junta elástica Foto 5 – Assentamento dos tubos de concreto
Deverá seguir paralelamente à abertura da vala, de jusante para montante, com a bolsa voltada para montante.
A decida dos tubos na vala deve ser feita cuidadosamente, manualmente ou com o auxílio de equipamentos
mecânicos (equipamentos mecânicos). Os tubos devem estar limpos internamente e sem defeitos.
Cuidado especial deve ser tomado principalmente com as bolsas e pontas dos tubos, contra possíveis danos na
utilização de cabos e/ou tesouras.
No momento do acoplamento os tubos devem ser suspensos por cabos de aço ou cinta, sempre pelo diâmetro
externo, verificando-se o alinhamento dos extremos a serem acoplados.
Quando a rede tiver junta elástica, devemos observar se os anéis de borracha estão posicionados corretamente e
após o acoplamento, não há a necessidade de realizar o rejuntamento.
Caso os tubos tenham de junta rígida, após o acoplamento, deve-se executar o rejuntamento dos tubos pelo lado
externo com a utilização de argamassa de areia e cimento. Para tubos com diâmetro nominal interno de 800 mm em
diante, recomenda-se também o rejuntamento interno.
Cuidados especiais deverão ser tomados com o reaterro inicial ao lado dos tubos, pois normalmente o local é de
difícil acesso, dificultando a compactação do solo.
O material do reaterro deverá ser lançado em camadas de no máximo 20 cm, com umidade próxima da ótima e
compactado com equipamento manual tipo “sapo-mecânico”, até uma altura mínima de 80 cm sobre a geratriz superior
do tubo, quando poderá ser compactado com equipamento autopropelido.
Antes de iniciar a compactação mecânica do reaterro com equipamento de grande porte (foto 6), é importante que
o engenheiro responsável verifique se o tubo foi dimensionado para aquela determinada solicitação de carga.
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Nota: A ABTC, visando facilitar o dimensionamento hidráulico e estrutural desenvolveu um software que está
disponível no site (www.abtc.com.br). O software aborda simplesmente os casos mais comuns de dimensionamento, em
caso de projetos específicos, deve-se procurar literaturas especializadas.
Autores:
Obs.: Texto publicado originalmente na revista Techne (Editora Pini), edição 93 (dezembro 2004).