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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SAO PAULO


ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
ACÓRDÃO REGISTRADO(A) SOB N°

Vistos, relatados' e discutidos estes autos de

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO n° 571.768-4/0-01, da Comarca de SÃO

PAULO, em . que é embargante COOPERATIVA HABITACIONAL DOS

BANCÁRIOS DE SÃO PAULO '- BAMCÕOP sendo embargada ASSOCIAÇÃO

DOS ADQUIRENTES DE IMÓVEIS DO EMPREENDIMENTO VILLAS DA PENHA:

- ACORDAM,- em Nona Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça do Estado - de São Paulo, proferir á

seguinte decisão: "REJEITARAM " OS EMBARGOS, V:U.", de

conformidade com- o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a • - participação dos

Desembargadores "JOÃO CARLOS GARCIA (Presidente), ANTÔNIO

VILENILSON.

São Paulo-, 03 de março de 2009.

DACIO TADEU VIVIANI NICOLAU


\
Relator

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PODER JUDICIÁRIO
SAO PAULO

VOTO N° : 2908
EMB. DECL. N°: 571.768.4/0-01
COMARCA : SÃO PAULO
EMBTE. : COOPERATIVA HABITACIONAL DOS
BANCÁRIOS DE SÃO PAULO - BANCOOP
EMBDO. : ASSOCIAÇÃO DOS ADQUIRENTES DE
IMÓVEIS DO EMPREENDIMENTO
V1LLAS DA PENHA

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - Omissão


não caracterizada - Via inadequada para o
atendimento de insatisfação - Desnecessidade
deste recurso para fim de prequestionamento -
Embargos rejeitados".

I - Cuida-se de embargos de
declaração opostos por BANCOOP - Cooperativa
Habitacional dos Bancários de São Paulo (fls. 343/348), em
face do acórdão de fls. 332/338, que deu provimento ao agravo
de instrumento interposto pela embargada, cuja ementa ficou
assim redigida: "AGRAVO DE INSTRUMENTO - Ação Civil
Pública julgada parcialmente procedente - Decisão que
recebeu a apelação em seu duplo efeito - Inconformismo -
Deficiência na formação do agravo que não inviabiliza o seu
conhecimento - Pretensão da associação autora de
recebimento do recurso somente no efeito devolutivo —
Possibilidade - O artigo 14, da Lei 7.347/85 dispõe que o juiz
poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar
dano irreparável à parte — Decisão que não fundamentou a
concessão do efeito suspensivo - Inexistência de demonstração
do dano irreparável - Obras atrasadas, há anos, gerando
prejuízo aos adquirentes — Decisão reformada, afim de que o
recurso de apelação seja recebido apenas no efeito
devolutivo- Recurso provido".
PODER JUDICIÁRIO
SAO PAULO

Os embargos apontam a ocorrência de


omissão ""ao não se pronunciar sobre as razões da
Embargante que demonstram a necessidade de se receber a
apelação interposta também no efeito suspensivo ante o risco
de dano irreparável à Embargante no recebimento da
apelação no efeito meramente devolutivo" (fls. 344). Aduza
embargante que, na ação civil pública, o apelo foi recebido no
duplo efeito, com fulcro no artigo 14 da Lei 7.347/85,
justamente ao fundamento de se evitar dano irreparável.
Sustentam ter ficado demonstrado que a paralisação ocorrida
nas obras - um dos argumentos ponderados no v. acórdão
embargado - ocorreu de maneira legítima, acrescentando que a
destituição da embargante da administração do
empreendimento imobiliário inviabilizará a continuidade deste
sob o regime cooperativo. Argumenta que, mantido o v.
acórdão, nenhuma outra construtora se comprometeria a dar
continuidade às obras, já que o futuro do empreendimento
restaria incerto, na dependência dos resultados do julgamento
da apelação pendente. Afirma que o repasse da administração
do empreendimento põe em risco os negócios jurídicos
necessários para a continuidade das obras, com evidente
encarecimento da construção. Lembra que a apelação discute a
legitimidade da aplicação do regime legal das incorporadoras
às cooperativas habitacionais e que a embargante demonstrou a
existência de déficit nas obras do empreendimento. Alega, por
derradeiro, que embora o órgão jurisdicional não necessite
enfrentar todos os argumentos coligidos a fim de decidir, o
exame da argumentação delineada pela embargante levaria à
modificação do julgado. Aduzem violação, assim, aos artigos
5 o , inciso XXXV e 93, inciso IX, ambos da Constituição
Federal.
Recurso tempestivo (fls. 339 e 343),
beneficiado pela suspensão dos prazos processuais determinada
pelo Provimento n.° 1589/2008, do E. Conselho Superior da
Magistratura.

É O RELATÓRIO. t /

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II - Estes embargos tem caráter


infringente e revelam inconfonnismo com o teor do V.
Acórdão.
Inexiste qualquer omissão a ser
sanada.
NELSON NERY JÚNIOR ensina
que: "A omissão que enseja complementação por meio de
embargos de declaração é a que incorreu o juízo ou tribunal,
sobre ponto que deveria haver-se pronunciado, quer porque a
parte expressamente o requereu, quer porque a matéria era de
ordem pública e o juízo tinha de decidi-la ex officio."Código
de Processo Civil Comentado, Editora Revista dos Tribunais,
2006, pág. 787).
O acórdão foi expresso ao afirmar
que: "As sentenças proferidas em ação civil pública se
sujeitam a recurso de apelação, recebido, em regra, em seu
efeito devolutivo. O artigo 14 da Lei n° 7.347/85 dispõe que:
"O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para
evitar dano irreparável à parte". Em regra, é defeso ao
Magistrado dar efeito suspensivo a apelação que, pela lei, não
o teria. No entanto, no sistema da Lei de Ação Civil Pública, o
Juiz pode conferir efeito suspensivo ao recurso que,
originariamente, não o tem. No caso concreto, a concessão de
efeito suspensivo não foi fundamentada. Essa exceção não se
aplica à hipótese dos autos, pois milita em desfavor da
agravada a sentença monocrática que julgou pela procedência
parcial da ação. Ademais, denota-se que se houve prejuízo,
esse foi dos associados, em virtude da paralisação das obras
há mais de três anos. Não logrou a agravada demonstrar a
necessidade da concessão do efeito suspensivo, para evitar
dano irreparável. A Douta Procuradoria Geral de Justiça, em
seu parecer, opinou pelo provimento do recurso e bem
analisou a questão: "E isto primeiramente porque a regra nas
ações civis públicas, como se infere do art. 14, da Lei 7347/85, /
é o recebimento do recurso no efeito meramente devolutivo. /
Isto significa que só em casos excepcionalíssimos deve-se dar /

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o efeito suspensivo, ao lado do devolutivo, à apelação da


sentença que julgou a ação procedente. Como anotam Nelson
Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery: "Regra Geral:
recursos têm efeito meramente devolutivo. Embora as ações propostas
com base na LACP devam submeter-se ao regime recursal do CPC, a
regra geral desta lei quanto aos efeitos dos recursos deve ser extraída "a
contrariu sensu" da norma sob comentário Como a norma estabelece
poder o juiz conceder efeito suspensivo aos recursos, significa que "a
contrariu sensu" que os recursos no sistema da LACP têm, sempre, o
efeito meramente devolutivo como regra geral. O sistema é assemelhado
ap da UE43.(...) Postas estas premissas, fato é que na verdade
não se verifica, "data máxima vênia", rigorosamente nenhum
dos requisitos reclamados para a concessão do efeito
suspensivo, sempre levando-se em consideração que o motivo
para o recebimento do recurso sem efeito suspensivo é a
expressa disposição legal, que em verdade é por si só condição
suficiente para o provimento do agravo e reforma da r.
decisão agravada. Aliás, o deferimento do efeito suspensivo à
apelação, está sim, é que se mostra decisão em caráter
excepcional, cuja validade está condicionada à fundamentação
(que não teve), e não o reverso. E só porque a lei reclama.
Além disso, é notório — não fossem os dados coletados nestes
autos, que compõe o instrumento, bem como a sentença de
procedência — que a Bancoop não entregou o que prometia a
grande parte de seus cooperados. São inúmeras as ações
contra Cooperativa em questão por motivos assemelhados, a
ponto de várias decisões terem lhe retirado a condição de
cooperativa, uma vez que a submetem ao Código de Defesa ao
Consumidor, o que à princípio, se cooperativa, não haveria
como opor-se aos cooperados dentro da perspectiva
consumerista. "(fls. 324/329). Desse modo, viável o
recebimento da apelação somente no efeito devolutivo,
possibilitando a execução provisória da sentença, a fim de
destituir a agravada da administração da obra, com a
retomada da construção pelos próprios adquirentes."

O acórdão ora embargado reconheceu


o prejuízo sofrido pelos associados e sustentou que a
Cooperativa não logrou demonstrar a existência de dano
irreparável. Baseou-se, inclusive, no bem elaborado parecer da

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Douta Procuradoria Geral de Justiça, da lavra de seu ilustre


representante, Rossini Lopes Jota (fls. 324/329). Observou,
ainda, que a concessão do efeito suspensivo, embora de caráter
excepcional, não havia sido fundamentada.
Este não é o remédio recursal
adequado para o atendimento de insatisfação ou para o fim de
prequestionamento, pois: "Mesmo nos embargos de declaração
com fim de prequestionamento, devem-se observar os lindes
traçados no art. 535 do Código de Processo Civil (obscuridade,
dúvida, contradição, omissão e, por construção pretoriana
integrativa, a hipótese de erro material). Esse recurso não é
meio hábil ao reexame da causa" (Resp 11.465-0-SP, Superior
Tribunal de Justiça, Ia Turma, Relator Ministro
DEMÓCRITO REINALDO , v.u. DJU 15/02/93, p. 1665).
Por fim, o eminente Desembargador
SÉRGIO GOMES, em precedente desta Câmara, bem
analisou a questão: "E entendimento assente de nossa
jurisprudência que o órgão judicial, para expressar a sua
convicção, não precisa aduzir comentários sobre todos os
argumentos levantados pelas partes. Sua fundamentação pode
ser sucinta, pronunciando-se acerca do motivo, que por si só,
achou suficiente para a composição do litígio" (I a Turma do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça, v.u., no Al n° 169.073 -
SP - AgRg, relator Ministro JOSÉ DELGADO, citado "in"
THEOTONIO NEGRÃO, Código de Processo Civil e
legislação processual em vigor, 31 a edição, nota 17a ao artigo
535). Neste sentido, vide também REsp n. 280.810 - STJ e
embargos de declaração n. 277.687.4/7-01 desta Colenda
Câmara. E ainda: "o juiz não está obrigado a responder a todas
as alegações das partes, quando já tenha encontrado motivo
suficiente para fundar a decisão, nem se obriga a ater-se aos
fundamentos indicados por elas e tampouco a responder um a
um todos os seus argumentos" (RJTJESP 115/207). Da mesma
forma, não está obrigado a citar dispositivos legais em suas
decisões, embora lance mão dos seus regramentos (RJTJESP
265/455)" (Embargos de Declaração n° 378.949.4/0-01).

EMB DECL N° 571 768 4/0-01 - SÃO PAULO - VOTO 2908 - DV« 5
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Inviável a pretensão de abordagem,


no âmbito restrito do agravo de instrumento, de temas
relacionados ao mérito da ação.
Eventuais problemas decorrentes do
prosseguimento da obra, se existentes e não resolvidos pelas
partes, terão de ser submetidos ao Poder Judiciário.
III - Ante o exposto, rejeitam-se os
embargos. ^^~~

Vm^NÍNLCOLAU
(^ Relator

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