Sie sind auf Seite 1von 3

ADVENTO:

Deus veio, vem e virá!

Com quatro semanas antecedendo o Natal, o Advento inicia um tempo novo na Igreja, um
novo ano litúrgico. Este tempo nos prepara para acolher o Senhor que sempre vem,
manifestando-se a nós. Essa manifestação se dá em dois aspectos: a manifestação em
nossa carne ao nascer, que constitui sua primeira vinda, e sua manifestação gloriosa, no
fim dos tempos, sua segunda vinda. Este duplo sentido determina a organização do
Advento: o Advento escatológico, que vai do primeiro domingo do Advento ao dia 16 de
Dezembro; o Advento natalício, como preparação mais imediata para a festa do Natal, do
dia 17 ao dia 24 de Dezembro.
Nesse período, entramos em ritmo mais intenso de espera e esperança, de cuidadosa
vigilância, como uma noiva que se enfeita, ansiosa e feliz, para a chegada de seu amado,
como um incansável vigia anseia pelo amanhecer, como a terra seca deseja ardentemente
a chuva benfazeja para o germinar das sementes. Aguardamos hoje a chegada do Senhor,
aguçando nossa sensibilidade para perceber os inúmeros sinais que revelam a
transparência de Deus em nosso tempo, ainda tão conturbado, e em nossa realidade
humana, ainda tão desumana, violenta e sofrida: sinais evidentes de distanciamento do
projecto de vida para o qual fomos criados.
Abrindo-nos à contemplação do mistério da encarnação, a liturgia vem ao encontro de
nossa busca fundamental. Somos seres de desejo, inacabados, com sonhos de ser sempre
mais, grávidos da utopia do Reino. O conjunto das celebrações nos mantém acordados e
vigilantes, buscando a perfeição, para que as múltiplas vindas do Senhor hoje nos
encontrem irrepreensíveis e repletos dos frutos da justiça.
Os textos bíblicos de Isaías e Mateus alimentam nosso sonho de um mundo de paz e
reconciliação, pela esperança da “justiça que vem de Deus”, e não do jogo oportunista do
poder humano. Como em Maria, o Espírito nos engravida da Palavra, fazendo crescer em
nós uma atitude de humilde espera, de fé comprometida com a força escondida da vida
que, continuamente, está para nascer, na certeza de um novo parto da salvação de Deus
em nosso tempo, tão marcado por decepções, desesperanças e incertezas.
A mística do Advento nos move também a cultivar uma atitude nova diante da realidade
humana e cósmica, intensifica nosso desejo de felicidade plena, de relações fraternas
verdadeiras e duradouras, e fortalece nossa vocação de testemunhas da esperança,
superando todo o pessimismo e desencanto que nos possam abater. Um acúmulo de
desejos fará apressar a vinda do Reino, com nosso engajamento solidário nas lutas pela
transformação do mundo, em que todos sejamos igualitariamente livres e felizes.
Neste tempo, somos convidados a proclamar profeticamente que o Senhor está chegando
como libertador e seus sinais se manifestam diariamente, nas lutas dos pobres e de todos
os que com eles se fazem solidários na busca de melhores condições de vida, de
dignidade humana, de paz universal e de preservação da natureza.
Não só nós, cristãos, mas toda a humanidade e a criação inteira estão em clima de
Advento, de ansiosa espera, aguardando a manifestação cada vez mais visível do Reino
de Deus em que “justiça e paz se abracem”, todos os povos e culturas desabrochem
felizes e reconciliados e toda “a terra se abra ao amor”.
Toda a celebração cristã é uma contínua vinda do Senhor a nossa vida pessoal, a nossa
comunidade e a nossa história. Ele vem ao nosso encontro no presente e no futuro, como
veio no passado. Ele é caminheiro fiel na grande peregrinação que fazemos rumo à casa
do Pai. Ele é o Emanuel, o Deus-connosco com quem descobrimos sempre de novo quem
somos, o que queremos e para onde vamos.
Alguns símbolos, gestos e acções simbólico-rituais expressam mais intensamente a
verdade dessa espera, ajudando-nos a vivê-la em nossas celebrações:
1. O símbolo principal é a eucaristia, o sacramento da espera: “até que ele venha”.
2. A Palavra (o VERBO!). Advento é tempo especial de escuta, de atenção, de
“gravidez” da Palavra: que o Verbo se faça carne em nós! É importante dar
destaque especial a todo o rito da Palavra. Enfeitar a Bíblia ou o Lecionário com
fitas coloridas e levá-la em procissão, aclamá-la, beijá-la, incensá-la... Cuidar de
preparar bem a proclamação dos vários textos bíblicos, tornando-os vivos e bem
compreendidos pela comunidade. E mais: fazer da proclamação um ato
sacramental, pelo qual o próprio Deus fale, apresentando seu projecto a seu povo
reunido. Deixar sempre uns instantes de silêncio após cada leitura, após o canto
do salmo e também após a homilia, para “guardar no coração” a boa notícia e o
apelo amoroso de Deus.
3. A comunidade reunida para a oração, para a escuta da Palavra e para a acção de
graças é sinal sacramental da espera e da chegada do Senhor. Onde dois ou três
estiverem reunidos, o Senhor está presente (cf. Mt 18,20)! Dar especial atenção
aos ritos iniciais, constituindo a assembleia, o corpo vivo do Senhor. Fazer uma
acolhida bem afectuosa às pessoas, reconhecendo em cada uma delas a presença
do Senhor que chega entre nós. O Advento é tempo oportuno de aprofundar e
melhorar nossas relações e nossa convivência na família, na comunidade, na
vizinhança, como sinal visível da chegada do Reino entre nós. A esperança se
reacende quando relações novas e fraternas se estabelecem entre as pessoas.
4. Os cantos e as músicas têm papel importante, evocando os temas bíblicos
aprofundados, as experiências vividas, os sentimentos de espera, de expectativa
pela vinda do Reino. O salmo que segue a primeira leitura e a aclamação ao
evangelho acompanham o sentido das leituras. Cantamos o Advento! O Hinário
Litúrgico I e o Ofício Divino das Comunidades oferecem uma selecção valiosa
de cantos para as celebrações deste tempo. O canto do Glória, antigo hino
natalino é omitido, ficando reservado para o tempo do Natal.
5. A cor rósea na mesa da Palavra, nas vestes e no altar traz aos olhos o sentido de
uma alegre espera.
6. A coroa do Advento, feita com ramos verdes, com as quatro velas que
progressivamente se acendem, retomando o costume judaico de celebrar a vinda
da luz à humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais, expressa nossa
prontidão e abertura ao Senhor que vem e quer nos encontrar acordados e com
nossas lâmpadas acesas. Nos ritos iniciais faz-se a bênção e o acendimento da
coroa com breve oração, seguida de um refrão como: “Vem vindo a libertação,
ergam a cabeça e levantem do chão!” (ou outro).
7. Entre os textos eucológicos (orações, prefácio...) deste tempo, a aclamação
litúrgica “Vem, Senhor Jesus!” torna-se a grande súplica, o forte clamor das
comunidades, em preces, refrãos e antífonas.
8. Nas comunidades onde houver celebração da Palavra, fazer um momento de
louvor e acção de graças, após a liturgia da Palavra. O Hinário Litúrgico I, p. 73,
propõe uma louvação do Advento no estilo dos benditos populares.
9. A bênção final própria do Advento encontra-se no Missal Romano, p. 519.
10. Significativo será montar o presépio, usando troncos secos com brotos, e fazê-lo
aos poucos, durante todo o Advento ou então a partir do dia 15 de Dezembro
(início da novena de Natal). Que a cada domingo, a comunidade visualize sinais
da aproximação da chegada do Senhor, também por meio da arrumação do
presépio.
11. A novena de Natal, feita em grupos, é uma maneira de intensificar a espera e
alimentar a esperança da libertação com cantos, orações, meditação da Palavra,
gestos de solidariedade e compromisso com os mais pobres, montagem do
presépio e momentos de confraternização.
12. Nessa dinâmica de preparação, muitas comunidades gostam de celebrar também
a reconciliação, o perdão e a penitência, como sinal de conversão e retomada do
projecto de Jesus. É sempre necessário que uma equipa prepare com carinho
essas celebrações, levando em conta o tempo litúrgico do Advento para a escolha
dos textos bíblicos, cantos, orações e símbolos.

Das könnte Ihnen auch gefallen