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Durante dois anos, de 2006 a 2008, a química Ana Maria Graciano Figueiredo,
pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), coletou e
analisou amostras de solos urbanos dos seguintes parques da capital paulista: Luz,
Buenos Aires e Trianon, na região central; Vila dos Remédios, Cidade de Toronto e
Rodrigo Gáspari (zona Norte); Ibirapuera e Guarapiranga (zona Sul); Carmo, Raul
Seixas e Chico Mendes (zona Leste); Raposo Tavares e Alfredo Volpi (zona Oeste).
A amostra foi definida pela abrangência de várias regiões da cidade e pela localização. A
ideia foi estudar parques em pontos com diferentes densidades de tráfego de veículos,
uma vez que estudos em cidades como Madri, Palermo, Hong Kong e Paris associaram o
aumento na concentração de metais em solos urbanos à elevação da poluição por
metais no meio ambiente, como os originados pela deposição atmosférica de partículas
geradas pelo tráfego de automóveis.
Ana Maria explica que metais são naturalmente encontrados em solos. “Porém, em altas
concentrações, qualquer um dos elementos encontrados na amostra pode oferecer
riscos à saúde, até mesmo o zinco, que é essencial à saúde. Os valores de referência
da Cetesb são equivalentes a um solo considerado limpo, ou seja, cuja concentração
está dentro de padrões naturais”, acrescentou.
Tanto o Parque Buenos Aires como o da Luz têm concentração de cobre de até 382
mg/kg e 324mg/kg, respectivamente, quantidade superior ao VI, definido em 200
mg/kg e acima dos parâmetros internacionais (190 mg/kg). Já o Trianon, com 106
mg/kg de cobre está acima do Valor de Prevenção (VP) da Cetesb, que define a
concentração de determinada substância, acima da qual podem ocorrer alterações
prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea. Para o cobre, o VP é 60 mg/kg.
“Com exceção dos parques Alfredo Volpi, Raul Seixas, Carmo e Guarapiranga, todos os
demais estão com concentração de zinco acima do Valor de Referência de Qualidade
(VRQ), definido pela Cetesb como parâmetro para solo limpo ou para qualidade da água
subterrânea”, disse Ana Maria.
Para cromo, o VRQ é 60 mg/kg. Vale destacar que o Parque Buenos Aires tem
concentração de cromo de 423 mg/kg, o que supera o parâmetro de prevenção da
Cetesb, que é de 300 mg/kg.
Os valores de bário encontrados nos parques Toronto (875 mg/kg) e Rodrigo de Gáspari
(936 mg/kg) excedem os valores de referência da Holanda, onde possivelmente seria
recomendada uma investigação.
Guarapiranga, Vila dos Remédios, Luz, Trianon e Aclimação estão com concentração de
bário acima do Valor de Intervenção sugerido pela Cetesb. O antimônio é outro metal
presente em quantidade acima do VI (5mg/kg), especialmente nos parques da Luz
(11,5 mg/kg) e Buenos Aires (12 mg/kg).
“Os parâmetros da Cetesb são os únicos disponíveis para solos do Estado de São Paulo.
Porém, os valores da companhia se baseiam em resultados de análises realizadas com
auxílio de ácidos, enquanto as técnicas de ativação de nêutrons instrumental e
fluorescência de raios X são valores totais, uma vez que não há dissolução do material,
o que pode ocasionar diferenças nos resultados”, ressaltou Ana Maria.
Riscos à saúde