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Introdução
Dr. Sergio Fajardo
Professor Adjunto do Departamento de Geografia – UNICENTRO (Guarapuava-PR)
Doutor em Geografia pela FCT/UNESP
e-mail: sergiofajardo@hotmail.com
É fato que a ideologia, em suas várias formas, está presente em todos os campos
da sociedade. Nas ciências humanas e/ou sociais nota-se com freqüência a reprodução de
discursos ideológicos nas teorias e nos métodos. Proponho aqui, brevemente, apresentar
algumas reflexões em torno das diversas possibilidades de manifestações ideológicas
quando se analisa ou se conceitua o espaço geográfico.
O significado de ideologia
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grupo) – idéias expressadas pelo indivíduo ou grupo são encaradas como funções da sua
existência; (FUNCIONALIDADE DAS IDÉIAS). Opiniões, declarações, proposições não
são tomados por seu valor aparente, mas à luz da situação de vida de quem os expressa.
(PESSOALIDADE DAS IDÉIAS).
Enquanto a concepção particular designa ideologias apenas uma parte do enunciado
do opositor e referente ao seu conteúdo, a concepção total põe em questão a visão total do
opositor e todo seu aparato conceitual. A concepção particular realiza análises ao nível
puramente psicológico e a concepção total opera ao nível teórico. Por exemplo, se
acusamos o outro de mentir, admitimos que há critérios comuns em relação ao que é a
verdade. E por outro lado, se atribuímos o ponto de vista do outro a submissão do mesmo a
períodos históricos ou estratos sociais de um outro “mundo intelectual”, o que descarta
a existência do “caso isolado”, estamos lidando com modos de experiência e
interpretação totalmente distintos, sistemas de pensamento opostos (Mannhein,
1972). Na ciência isso se realizaria epistemologicamente na formulação de métodos
de abordagem que tem como fundamento correntes de pensamento.
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com a área, o campo e especialidade. Para Spósito (2004) o método serve como “porta de
entrada” para a leitura da realidade. Mas essa leitura, justamente devido ao fundamento de
cada método, que se constitui também um olhar específico, é carregada de doutrina e
ideologia, segundo a corrente adotada.
O espaço geográfico como produto social, teria uma visão ideologizada? Se
afirmarmos que o espaço equivale à sociedade, expomos uma controvérsia em relação ao
objeto principal da Geografia. Controvérsia essa presente na dicotomia Geografia Física x
Humana (MENDONÇA, 1998). A Geografia Crítica assumiu a postura política militante,
contestadora, com base, sobretudo, marxista, as noções de espaço geográfico atribuídas a
essa corrente resultaram ideológicas.
Como a orientação dos geógrafos físicos não adota, em geral, o materialismo
histórico como método explicativo o entendimento do que seria espaço geográfico por estes,
vai ser direcionado segundo a acepção de seus respectivos métodos. Essa observação é
interessante quando considerados os métodos mais utilizados na Geografia (SPOSITO, 2004).
Resta pensar se é inevitável no fazer científico em geral, e em especial nas análises
geográficas, haverá sempre um uso ideológico. A ideologia existirá como componente
consciente das fundamentações, argumentações, posicionamentos dentro do pensamento
geográfico? Não temos a resposta, mas podemos sinalizar a partir da produção geográfica
brasileira recente (CARLOS, 2002), que a ideologização da Geografia parece distante de
terminar. A principal dúvida que se apresenta é que, apesar de inegável que o conteúdo
geográfico (social, político, econômico, cultural e ambiental) possua uma carga ideológica,
será que as análises científicas também, necessariamente, devem possuir ideologia?
Reeferências:
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GUHUR, Jean Vincent Marie. Ciência e ideologia. Apontamentos. Maringá, mar. 1993, p.1-
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MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos (terceiro manuscrito). São Paulo:
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SPOSITO, Eliseu Savério. Geografia e filosofia: contribuição para o ensino do
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