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Hachbart
Excelentíssimos Senhores,
Vimos, por meio desta, solicitar que olhem com atenção a questão fundiária do povo indígena
Pankararu, que habita as T.Is. Pankararu e Entre Serras, localizadas no sertão de Pernambucano,
entre os municípios de Jatobá, Petrolândia e Tacaratu.
A T.I. Pankararu foi demarcada e homologada em 1987 com 8100 ha, e na década de 1990 foi
iniciado o seu processo de desintrusão. Porém, o processo de desíntrusão foi paralisado sem
quaisquer justificativas.
A T.I. Entre Serras foi demarcada e homologada em 2007 com extensão de 6.194 ha, seu
processo de desintrusão foi iniciado, mas ainda tem a presença de muitos posseiros.
Embora a T.I. Pankararu tenha sido demarcada e homologada em 1987, sempre somos deixados
para trás. A nossa comunidade está crescendo e hoje não temos nem mesmo onde construir casas
para nossos jovens que se casam, muito menos áreas livres para fazer nossas roças, pois somos
impedidos devido à morosidade da FUNAI e do Incra que em vez de agilizar a retirada dos
posseiros ficam sempre protelando.
Temos ainda mais um agravante, pois aqueles posseiros que foram indenizados na década de
1990 estão voltando para a T.I. Pankararu, construindo novas casas e fazendo novos roçados.
Enquanto isso, o nosso povo sofre e já começa a desmaiar as serras para fazer roças, pois não
temos alternativas para cultivar a terra. Muitos de nossos parentes seguem migrando para São
Paulo em busca de trabalho, onde sofrem discriminação, além dos problemas do desemprego e da
violência urbana.
É necessário resolver a questão da T.I. Pankararu com urgência, inclusive vários posseiros,
detentores de benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé, estão pedindo o pagamento da
indenização e querem sair da nossa terra, sendo que alguns já se dirigiram até o posto da FUNAI
levando seus documentos e estão dispostos a negociar.
Ocorre que a União, a FUNAI e o INCRA não enxergam a questão Pankararu como uma
prioridade, mesmo diante das decisões judiciais favoráveis à demarcação da T.I. Pankararu e à
desintrusão da área por ocupantes não-indígenas. A omissão do Estado configura violência
institucional contra o nosso povo.
Hoje já temos a causa decidida a nosso favor pelo poder judiciário, uma vez que em 1992 o
Ministério Público Federal ajuizou a Ação Civil Pública (Processo n° 93.002772-7) em face dos
posseiros, da União, FUNAI e INCRA perante a Seção Judiciária da Justiça Federal de Pernambuco,
que proferiu sentença determinando a retirada dos posseiros. A União e o INCRA interpuseram uma
apelação, mas o Tribunal Regional Federal decidiu a nosso favor, confirmando a decisão do juízo de
Io grau.
Só precisamos de um olhar com atenção das autoridades para termos as nossas terras de voltí*.
Atenciosamente,